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2.

REQUISITOS DE DESEMPENHO E CRITÉRIOS DE CONFORMIDADE

 O EC8 estabelece dois requisitos fundamentais, a não ocorrência de colapso (local ou global) e a
limitação de danos.

 A acção sísmica de cálculo recomendada no EC8 para a prevenção do colapso local em edifícios
correntes, tem uma probabilidade de ser excedida de 10% em 50 anos, o que corresponde a um período
de retorno médio de 475 anos.

 A acção sísmica de cálculo recomendada no EC8 para a limitação de danos em edifícios correntes, tem
uma probabilidade de ser excedida de 10% em 50 anos, o que corresponde a um período de retorno
médio de 95 anos.

 A fiabilidade da acção sísmica de referência considerada no EC8, deverá ser ajustada através da
aplicação de um factor de importância i a atribuir a cada classe de edifícios, o que corresponderá a um
valor mais alto ou mais baixo do período médio de retorno em relação ao período de referência
considerado no EC8.

 Para evitar o colapso de estruturas de edifícios, devem-se verificar os estados limites últimos. Para esse
fim, o EC8 considera o equilíbrio entre a resistência e a capacidade de dissipação de energia de
sistemas estruturais, através da utilização de coeficientes de comportamento q e das classes de
ductilidade a eles associados.

 Para o estado limite da limitação de danos, o sistema estrutural deverá resistir a sismos relativamente
frequentes, sem danos significativos ou perda de operacionalidade. Os danos são esperados apenas em
elementos não estruturais e dependem das deformações impostas pela estrutura em resposta aos
sismos. O mesmo é válido para a perda de operacionalidade de sistemas e redes.

 De modo a assegurar um comportamento global dissipativo e dúctil, devem ser evitadas roturas frágeis
ou a formação prematura de mecanismos instáveis. Para tal, o EC8 preconiza o método de cálculo pela
capacidade real, que considera a hierarquia da resistência dos vários componentes estruturais e dos
modos de colapso.

 Na análise dos sistemas estruturais, deve ter-se em conta a eventual influência dos efeitos de segunda
ordem nos valores dos esforços, a influência da deformabilidade do terreno e dos elementos não
estruturais, e da presença de estruturas contíguas.

 Tanto quanto possível, as estruturas deverão ter formas simples e regulares, tanto em planta como em
altura. Se necessário, divide-se a estrutura através de juntas em unidades dinamicamente
independentes.

 Em geral, só se deverá utilizar um único tipo de fundação numa mesma estrutura, a não ser que esta
seja constituída por unidades dinamicamente independentes.

3. CONDIÇÕES DO TERRENO E ACÇÃO SÍSMICA

3.1 Condições do Terreno

 Devem ser realizados estudos de caracterização geotécnica necessários à classificação do tipo de


terreno (poderão ser dispensados para edifícios pertencentes às classes de importância I ou II, desde
que cumpram os todas as condições de NA-3.1.1(4)). Estes estudos visam a classificação de um perfil
de solo para definição do movimento do terreno apropriado para o local da construção, e identificar um
comportamento de solo negativo para a resposta da estrutura durante a ocorrência de um sismo.

 A possibilidade do terreno apresentar riscos de rotura, de instabilização de taludes e assentamentos


permanentes provocados por liquefacção ou aumento da compacidade do solo no caso de ocorrência de
um sismo; deve ser investigada de acordo com a secção 4 da parte 5 do EC8.

 O terreno de fundação de um edifício deverá ser classificado segundo um dos sete tipos do Quadro 3.1

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 O terreno deverá ser classificado de acordo com o valor da velocidade média das ondas de corte (s,30),
se disponível. Caso contrário, deverá utilizar-se o valor de NSPT. O parâmetro cu do quadro 3.1 é a
coesão não drenada.

 A velocidade média das ondas de corte s,30 deverá ser calculada de acordo com a seguinte expressão:

Em que hi e i representam a espessura (em metros) e a velocidade das ondas de corte (para distorção
igual ou inferior a 10-5) da i-ésima formação ou camada, num total de N existente nos 30 m superiores.

 Para os terrenos do tipo S1 e S2 são necessários estudos especiais para a definição da acção sísmica.

3.2 Acção Sísmica

 Para os fins do EC8, o território nacional é dividido em zonas sísmicas dependendo da sismicidade dos
locais, isto é, do valor de referência da aceleração máxima na base num terreno do tipo A, agR (único
parâmetro considerado para a quantificação da sismicidade). Ver Quadro NA.I para os valores de agR
para os dois tipos de acção sísmica e para as várias zonas sísmicas de Portugal (ver anexo nacional
para representações gráficas do zonamento sísmico em Portugal).

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 Nos casos de baixa sismicidade, poderão utilizar-se métodos expeditos ou simplificados de cálculo
sísmico para certos tipos ou categorias de estruturas. Em Portugal, as situações em que ag.S  0,98 m/s2
para ambos os tipos de acção sísmica, serão consideradas de baixa sismicidade.

 Em casos de muito baixa sismicidade, não é necessário respeitar as disposições do EC8. São
considerados como tal, os casos em que ag.S  0,49 m/s2.

 No âmbito do EC8, o movimento sísmico num dado ponto da superfície do terreno é representado por
um espectro de resposta elástica da aceleração à superfície do terreno.

 O espectro de resposta representa a resposta máxima (deslocamento, velocidade ou aceleração) de


uma estrutura com apenas um grau de liberdade, em relação a um sismo particular e em função do
período natural e do quociente de amortecimento da estrutura.

 A forma do espectro de resposta é considerada igual quer para o requisito de não ocorrência de colapso
(estado limite último – acção sísmica de cálculo), quer para o requisito de limitação de danos.

 A acção sísmica horizontal é descrita por duas componentes ortogonais consideradas independentes e
representadas pelo mesmo espectro de resposta. Para a componente vertical da acção sísmica, poderá
adoptar-se um espectro de resposta diferente, em função da fonte sísmica e da sua magnitude.

 No dimensionamento das estruturas em Portugal Continental devem ser consideradas a Acção Sísmica
Tipo 1 e a Acção Sísmica Tipo 2. No arquipélago da Madeira deve ser considerada apenas a Acção
Sísmica Tipo 1. No arquipélago dos Açores deve ser considerada apenas a Acção Sísmica Tipo 2.

 Para as componentes horizontais da acção sísmica, o espectro de resposta elástica Se(T) é definido
pelas seguintes expressões (ver Figura 3.1):

Se(T) espectro de resposta elástica de aceleração;


T período de vibração de um sistema linear com um grau de liberdade;
ag valor de cálculo da aceleração à superfície para um terreno do tipo A (ag = I.agR);
TB limite inferior do período no patamar de aceleração espectral constante;
TC limite superior do período no patamar de aceleração espectral constante;
TD valor que define no espectro o início do ramo de deslocamento constante;
S coeficiente de solo;
 coeficiente de correcção do amortecimento, com o valor de referência  = 1 para 5% de
Amortecimento viscoso.

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 Em Portugal, para a definição dos espectros de resposta elásticos, o valor do parâmetro S deve ser
determinado através de:

 Em Portugal, para a definição dos espectros de resposta elásticos para a Acção Sísmica Tipo 1, devem
adoptar-se os valores do Quadro NA-3.2

 Em Portugal, para a definição dos espectros de resposta elásticos para a Acção Sísmica Tipo 2, devem
adoptar-se os valores do Quadro NA-3.3

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 Para a definição dos tipos de terreno apropriados aos Açores deve seguir-se o indicado nas
informações complementares do Anexo Nacional.

 O valor do coeficiente de correcção do amortecimento n poderá ser determinado pela expressão:

Em que  é o amortecimento viscoso da estrutura, expresso em percentagem.

 O espectro de resposta elástica de deslocamento, SDe(T), deve ser obtido por transformação directa do
espectro de resposta elástica de aceleração, Se(T), utilizando a seguinte expressão:

 A expressão de SDe(T) deverá ser aplicada para períodos de vibração não superiores a 4,0 s.

 A componente vertical da acção sísmica deve ser representada por um espectro de resposta elástica
Sve(T), determinado utilizando as seguintes expressões:

 Em Portugal, para a definição dos espectros de resposta elásticos verticais para a Acção Sísmica Tipo 1
e a Acção Sísmica Tipo 2, devem adoptar-se os valores do Quadro NA-3.4

 O valor de cálculo do deslocamento à superfície do terreno dg, corresponde ao valor de cálculo da


aceleração à superfície do terreno, poderá ser estimado pela seguinte expressão:

3.2.2.5 Espectro de cálculo para a análise elástica

 A capacidade dos sistemas estruturais de resistir às acções sísmicas no domínio não linear permite,
em geral, efectuar o seu cálculo para resistirem a forças sísmicas inferiores às que corresponderiam a
uma resposta elástica linear.

 A fim de evitar uma análise estrutural não elástica explícita, a capacidade de dissipação de energia da
estrutura, obtida principalmente pelo comportamento dúctil dos seus elementos e/ou de outros
mecanismos, é tida em conta, efectuando-se uma análise elástica baseada num espectro de resposta

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reduzido em relação ao de resposta elástica – espectro de resposta de cálculo. Esta redução é
efectuada introduzindo o coeficiente de comportamento q.

 O coeficiente de comportamento q, é uma aproximação da razão entre as forças sísmicas a que a


estrutura ficaria sujeita se a sua resposta fosse completamente elástica, com 5% de amortecimento
viscoso, e as forças sísmicas que poderão ser adoptadas no projecto, com um modelo de análise
elástica convencional, que continuem a assegurar uma resposta satisfatória da estrutura.

 O valor do coeficiente q poderá ser diferente em diferentes direcções horizontais da estrutura, embora
a classe de ductilidade deva ser a mesma em todas as direcções.

 Para as componentes horizontais da acção sísmica, o espectro de cálculo, Sd(T), é definido pelas
seguintes expressões:

ag, S, TC e TD conforme parâmetros definidos para os espectros de resposta elástica de aceleração;


Sd(T) espectro de cálculo;
q coeficiente de comportamento;
 coeficiente correspondente ao limite inferior do espectro de cálculo horizontal,
recomendado igual a 0,2

 As expressões para a definição de Sd(T) não incluem o coeficiente para a correcção do


amortecimento (), pois tal já está considerado no coeficiente de comportamento.

 Para a componente vertical da acção sísmica, o espectro de cálculo é obtido a partir das expressões
para as componentes horizontais, com o valor de cálculo da aceleração à superfície do terreno na
direcção vertical, avg, substituindo ag, S tomado com valor igual a 1 e os outros parâmetros conforme
definidos para o espectro de resposta elástica vertical.

 Para a componente vertical da acção sísmica, deverá em geral, adoptar-se para todos os materiais e
para todos os sistemas estruturais, um coeficiente de comportamento q não superior a 1,5

3.2.4 Combinações da acção sísmica com outras acções

 O valor de cálculo Ed dos esforços na situação de projecto sísmica, deve ser determinado de acordo com
as combinações de acções definidas por (ver secção 6.4.3.4 do EC0):

 Os efeitos de inércia da acção sísmica de cálculo devem ser avaliados tendo em conta a presença das
massas associadas a todas as forças gravíticas que surgem na seguinte combinação de acções:

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E,i coeficiente de combinação para a acção variável i, E,i = .2,i
Os valores de  são dados no Quadro 4.2
Os valores de 2,i são apresentados no Anexo A1 do EC0

 Os coeficientes de combinação E,i têm em conta a possibilidade de as cargas Qk,i não estarem
presentes em toda a estrutura durante o sismo. Estes coeficientes também poderão cobrir o efeito de
uma participação reduzida das massas no movimento da estrutura, devida à ligação não rígida entre
elas.

4. PROJECTO DE EDIFÍCIOS

4.2 Características dos Edifícios Resistentes aos Sismos

 Os princípios básicos da concepção de edifícios em zonas sísmicas são: simplicidade estrutural,


uniformidade, simetria, redundância da estrutura, resistência e rigidez nas duas direcções, resistência e
rigidez à torção, acção de diafragma ao nível dos pisos e fundação adequada.

 Poderá escolher-se um certo número de elementos estruturais (vigas, pilares, paredes) como elementos
sísmicos secundários, isto é, que não fazem parte do sistema do edifício resistente às acções sísmicas.
A resistência e a rigidez desses elementos às acções sísmicas deve ser desprezada. No entanto, esses
elementos e as suas ligações devem ser dimensionados e pormenorizados de modo a manter a função
de suporte das forças gravíticas quando sujeitos aos deslocamentos devidos à situação de projecto
sísmica mais desfavorável. No cálculo desses elementos deverão ter-se em consideração os efeitos de
segunda ordem.

 A contribuição para a rigidez lateral de todos os elementos sísmicos secundários não deverá ser superior
a 15% da de todos os elementos sísmicos primários.

 Todos os elementos estruturais não escolhidos como elementos sísmicos secundários, são considerados
como elementos sísmicos primários. Considera-se que fazem parte do sistema resistente às forças
laterais.

 Para efeitos do projecto sismo-resistente, as estruturas são classificadas em regulares e não regulares.
Esta distinção tem implicações no modelo de análise, no tipo de análise elástica linear e no coeficiente
de comportamento a considerar.

 Uma vez que os critérios de verificação da regularidade de um edifício em planta são de difícil aplicação
e conservativamente, consideram-se os edifícios a projectar como não regulares em planta;
optando por uma análise elástica linear modal aplicada a um modelo espacial e um coeficiente de
comportamento (de referência ou reduzido) dependente da regularidade dos edifícios em altura.

 Os valores de referência do coeficiente de comportamento q são indicados na secção 5.

 Para os edifícios não regulares em altura, os valores reduzidos do coeficiente de comportamento q,


deverão ser obtidos multiplicando os valores de referência por 0,8
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4.2.3.3 Critérios de regularidade em altura

 Um edifício é classificado como regular em altura se satisfizer todas as condições que se seguem.

 Todos os sistemas resistentes a acções laterais, tais como núcleos, paredes estruturais ou pórticos,
são contínuos desde a fundação até ao topo do edifício ou, se existirem andares recuados a
diferentes alturas, até ao topo das zonas recuadas do edifício.

 A rigidez lateral e a massa de cada piso permanecem constantes ou apresentam uma redução
gradual, sem alterações bruscas, desde a base até ao topo do edifício considerado. O “EC8 Manual
(ISE/AFPS 2009)” recomenda que edifícios onde a massa ou rigidez de qualquer piso é menos de
70% da do piso acima ou menos de 80% da média dos três pisos acima, deve ser classificada como
irregular em altura.

 Nos edifícios com estrutura porticada, a relação entre a resistência real do piso e a resistência
requerida pelo cálculo não deverá variar desproporcionadamente entre pisos adjacentes. O “EC8
Manual (ISE/AFPS 2009)” recomenda que edifícios em que a resistência de qualquer piso é menos
que 80% da do piso acima, sejam classificados como irregulares em altura.

 Quando o edifício apresenta recuos, aplicam-se as seguintes condições adicionais da Figura 4.1

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4.2.5 Classes e coeficientes de importância

 Os edifícios são classificados em 4 classes de importância com respectivos coeficientes de importância


I, em função das consequências do colapso em termos de vidas humanas, da sua importância para a
segurança pública e para a protecção civil imediatamente após o sismo e das consequências sociais e
económicas do colapso.

 Em Portugal, os coeficientes de importância a considerar são os seguintes:

Acção Acção Sísmica Tipo 2


Classe de
Edifícios Sísmica
Importância
Tipo 1 Continente Açores
Edifícios de importância menor para a segurança pública,
I 0,65 0,75 0,85
como por exemplo edifícios agrícolas, etc
Edifícios correntes, não pertencentes às outras
II 1,00 1,00 1,00
categorias
Edifícios cuja resistência sísmica é importante tendo em
vista as consequências associadas ao colapso, como por
III 1,45 1,25 1,15
exemplo escolas, salas de reunião, instituições culturais,
etc

Edifícios cuja integridade em caso de sismo é de


importância vital para a protecção civil, como por
IV 1,95 1,50 1,35
exemplo hospitais, quartéis de bombeiros, centrais
eléctricas, etc

4.3 Análise Estrutural

 Em geral, poderá considerar-se que a estrutura é constituída por um conjunto de sistemas resistentes às
cargas verticais e laterais, ligados por diafragmas horizontais.

 Em edifícios de betão, mistos e de alvenaria, a rigidez dos elementos resistentes deverá, em geral, ser
avaliada tendo em conta o efeito da fendilhação. Essa rigidez deverá corresponder ao início da cedência
da armadura; o que à falta de uma análise mais rigorosa, poderá considerar-se que as propriedades de
rigidez elástica de flexão e de esforço transverso, são iguais a metade da rigidez correspondente dos
elementos não fendilhados.

 Deverão ser tidas em conta as paredes de enchimento que contribuam significativamente para a rigidez
e resistência lateral do edifício.

 No modelo, a deformabilidade da fundação deve ser tida em conta sempre que possa ter uma influência
desfavorável global na resposta estrutural.

 Os efeitos sísmicos e os efeitos das outras acções incluídas na situação de projecto sísmica, poderão
ser determinados com base no comportamento elástico linear da estrutura. O método de referência deve
ser o da análise modal por espectro de resposta, utilizando o espectro de cálculo definido na secção
3.2.2.5

4.3.3.3 Análise modal por espectro de resposta

 Devem ser consideradas as respostas de todos os modos de vibração que contribuam


significativamente para a resposta global da estrutura.

 A soma das massas modais efectivas deverá ser pelo menos 90% da massa total da estrutura (em
ambas as direcções).

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 Devem ser considerados todos os modos com massas modais efectivas superiores a 5% da massa
total da estrutura (em ambas as direcções).

 A massa modal efectiva mk, correspondente a um modo k, é determinada de forma a que a força de
corte na base Fbk, actuando na direcção de aplicação da acção sísmica, possa ser expressa por
Fbk=Sd(Tk).mk. Pode demonstrar-se que a soma das massas modais efectiva (para todos os modos e
para uma dada direcção) é igual à massa da estrutura.

 Caso os requisitos anteriores não possam ser satisfeitos, deverá considerar-se um número mínimo de
modos k na análise espacial que satisfaçam as duas condições seguintes:

k ≥ 3.√ n e Ti  0,20 s

em que n é o número de pisos acima da fundação ou do nível superior de uma cave rígida e Ti é o
período de vibração do modo i.

 Deverá ser usada a combinação quadrática completa (CQC) para a combinação dos efeitos dos
vários modos de vibração.

 Na análise espacial deverão ser considerados efeitos acidentais de torção, para ter em conta a
incerteza na localização das massas e na variação espacial do movimento sísmico. Estes efeitos
poderão ser determinados como a envolvente dos efeitos resultantes da aplicação de cargas
estáticas, constituídas por conjuntos de momentos torsores Mai de eixo vertical localizado no centro
de massa de cada piso i:
zi . mi
Mai =  0,05.Li.Fi com F i = Fb . e Fb = Sd(T1).m.
∑ zj. mj
Li Dimensão do piso na direcção perpendicular à direcção da acção sísmica;
Fi Força horizontal actuando no piso i para todas as direcções relevantes;
Fb Força de corte sísmica na base;
mi, mj Massas dos pisos;
zi, zj Alturas das massas mi e mj acima do nível de aplicação da acção sísmica (fundação ou nível
superior de uma cave rígida);
Sd(T1) Ordenada do espectro de cálculo para o período T1;
T1 Período de vibração fundamental do edifício para o movimento lateral na direcção
considerada;
m Massa total do edifício, acima da fundação ou acima do nível superior de uma cave rígida;
 Factor de correcção igual a 0,85 se T1  2.TC e o edifício tiver mais de dois pisos, ou 1,0
nos restantes casos.

4.3.3.5 Combinação dos efeitos das componentes da acção sísmica

 Deve considerar-se que as componentes horizontais da acção sísmica actuam simultaneamente e


utilizar-se o critério da raiz quadrada do somatório dos quadrados (SRSS), para combinar os efeitos
de ambas as componentes. Em alternativa ao anterior, poderá considerar-se que uma componente
horizontal do sismo actua em simultâneo com 30% da outra componente horizontal; devendo-se
adicionar o módulo dos resultados das duas componentes para obter o resultado final do efeito
pretendido. Se necessário, proceder de forma semelhante para a componente vertical da acção
sísmica.

 Se avg for superior a 0,25.g (2,5 m/s2), deverá considerar-se a componente vertical da acção sísmica
nos casos indicados a seguir:

 Elementos estruturais horizontais ou quase horizontais com vãos iguais ou superiores a 20 m;


 Elementos horizontais ou quase horizontais em consola com mais de 5 m de comprimento;
 Vigas que suportam pilares;
 Estruturas com isolamento de base.

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 O EC8 não refere como deverão ser combinados os efeitos acidentais de torção com os resultados
dos espectros de resposta de cálculo. Uma opção é adicionar a envolvente dos quatro conjuntos de
momentos torsores, aos resultados dos espectros de resposta de cálculo combinados através do
critério SRSS.

4.3.4 Cálculo dos deslocamentos

 Para análises lineares em que a acção sísmica foi considerada através de espectros de resposta de
cálculo, os deslocamentos finais a considerar devem ser obtidos multiplicando os deslocamentos dados
por essas análises pelo coeficiente de comportamento em deslocamento qd, que é igual a q se o período
fundamental da estrutura for superior a T C. Caso o anterior não se verifique, ver anexo B do EC8 para o
valor a considerar para qd.

 Na determinação dos deslocamentos finais a considerar deve também ter-se em conta os efeitos da
torção acidental devido à acção sísmica.

4.4 Verificações de Segurança

4.4.2 Estado limite último

 Considera-se satisfeito o requisito de não ocorrência de colapso – estado limite último – na situação
sísmica de cálculo, quando são cumpridas as condições relativas à resistência, ductilidade, equilíbrio,
estabilidade das fundações e juntas sísmicas.

 Não é necessário considerar os efeitos de segunda ordem se a seguinte condição é satisfeita em todos
os pisos:

 Não é necessário verificar a resistência à fadiga na situação de projecto sísmica.

 As regras de cálculo pela capacidade real destinam-se a estabelecer uma hierarquia de resistência dos
vários componentes estruturais, necessária para garantir a localização pretendida para as rótulas
plásticas e para evitar modos de rotura frágil. Estas regras são indicadas na secção 5.

 O sistema de fundações deve obedecer à parte 5 do EC8 e à parte 1 do EC7.

4.4.2.7 Condição de junta sísmica

 Para um edifício ou corpo estrutural não pertencente à mesma propriedade, a junta deverá ser igual
ou superior ao máximo deslocamento obtido devido à acção sísmica.

 Para edifícios ou corpos estruturais pertencentes à mesma propriedade, a junta deverá ser igual ou
superior ao valor obtido utilizando o critério SRSS, para combinar os deslocamentos máximos dos
edifícios ou corpos estruturais adjacentes devidos à acção sísmica.
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 Se os níveis dos pisos dos edifícios ou corpos estruturais adjacentes forem os mesmos, a largura da
junta requerida acima pode ser reduzida aplicando um factor de 0,7

4.4.3 Limitação de danos

 Considera-se satisfeito o requisito de limitação de danos se, sob uma acção sísmica com uma
probabilidade de ocorrência maior do que a acção sísmica de cálculo correspondente ao requisito de não
ocorrência de colapso, os deslocamentos entre pisos forem limitados de acordo com as condições
seguintes:

 Para edifícios com elementos não estruturais frágeis fixos à estrutura , o deslocamento entre pisos dr
deverá respeitar a condição dr.ν ≤ 0,005.h (em que h é a altura entre pisos e ν é 0,4 para a Acção
Sísmica Tipo 1 e 0,55 para a Acção Sísmica Tipo 2);

 Para edifícios com elementos não estruturais dúcteis , o deslocamento entre pisos dr deverá respeitar
a condição dr.ν ≤ 0,0075.h

 Para edifícios com elementos não estruturais fixos de forma a não interferir com as deformações
estruturais ou sem elementos não estruturais, o deslocamento entre pisos dr deverá respeitar a
condição dr.ν ≤ 0,01.h

5. REGRAS ESPECÍFICAS PARA EDIFÍCIOS DE BETÃO

5.2.1 Capacidade de dissipação de energia e classes de ductilidade

 O projecto dos edifícios de betão resistentes aos sismos deve assegurar à estrutura, uma adequada
capacidade de dissipação de energia sem redução substancial da sua resistência global às acções
horizontais e verticais.

 É assegurado um comportamento dúctil global se o requisito de ductilidade envolver, globalmente, um


grande volume da estrutura e se se distribuir por diferentes elementos e localizações em todos os seus
pisos. Para este efeito, os modos dúcteis de rotura (por exemplo, por flexão) deverão preceder, com
suficiente fiabilidade, os modos de rotura frágil (por exemplo, por esforço transverso ou normal). Os
edifícios de betão assim projectados são classificados em duas classes de ductilidade, DCM (média) e
DCH (alta), em função da sua capacidade de dissipação histerética.

 Em alternativa, os edifícios de betão poderão ser projectados para uma capacidade de dissipação e uma
ductilidade baixas, aplicando apenas as regras de EC2 para a situação de projecto sísmica e ignorando
as disposições específicas da secção 5 do EC8, desde que se verifiquem os requisitos da secção 5.3 do
EC8. O projecto com base nesta alternativa corresponde a uma classe de ductilidade DCL (baixa) e é
unicamente recomendado para os casos de baixa sismicidade.

5.2.2.1 Tipos de estrutura

 Sistema porticado – pórticos espaciais cuja resistência à força de corte na base do edifício é superior
a 65% da força total actuante.

 Sistema misto – a resistência às acções laterais é assegurada em parte pelo sistema porticado e em
parte por paredes estruturais (acopladas ou não). O sistema misto será equivalente a porticado se a
força de corte na base dos pórticos for superior a 50% e inferior a 65%. Caso contrário, será um
sistema misto equivalente a paredes.

 Sistema de paredes acopladas – paredes resistentes acopladas (duas ou mais paredes ligadas por
vigas de ductilidade adequada, capazes de reduzir em pelo menos 25% a soma dos momentos
flectores na base de cada parede sem o acoplamento), cuja resistência à força de corte na base do
edifício é superior a 65% da força total actuante.

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 Sistema de paredes não acopladas – paredes resistentes não acopladas (sem acoplamento ou que
este não cumpre o requisito de redução dos momentos flectores na base das paredes), cuja
resistência à força de corte na base do edifício é superior a 65% da força total actuante.

 Sistema torsionalmente flexível – sistema porticado, misto ou de paredes que não tenha uma rigidez
de torção mínima.

 Sistema de pêndulo invertido – 50% ou mais da massa do edifício localiza-se no terço superior da
altura da estrutura.

 Com excepção dos sistemas torsionalmente flexíveis, os edifícios de betão poderão ser classificados
numa direcção horizontal segundo um tipo de sistema estrutural e segundo outro tipo na outra
direcção.

 Para os sistemas porticado ou de paredes cujos elementos verticais estejam bem distribuídos em
planta, poderá considerar-se que esses sistemas possuem uma rigidez de torção mínima.

5.2.2.2 Coeficientes de comportamento para as acções sísmicas horizontais

 O coeficiente de comportamento a calcular para cada direcção horizontal é dado pela equação
q=q0.kw ≥ 1,5

 O valor básico do coeficiente de comportamento (q0) para edifícios regulares em altura é obtido a
partir do quadro seguinte:

 Para os edifícios não regulares em altura, o valor q0 de deverá ser reduzido de 20%.

 O factor de majoração αu/ α1 para edifícios regulares em planta pode ser considerado como:

 αu/ α1=1,3; para edifícios de vários pisos com pórticos ou sistemas mistos equivalentes a pórticos
(cuja resistência à força de corte na base do edifício é superior a 50% da força total actuante) com
vários tramos;

 αu/ α1=1,1; para sistemas de paredes não acopladas;

 αu/ α1=1,2; para sistemas de paredes acopladas ou sistemas mistos equivalentes a paredes (cuja
resistência à força de corte na base do edifício é superior a 50% da força total actuante).

 Para edifícios não regulares em planta, o valor aproximado de αu/ α1 deve ser tomado igual à média
entre 1,0 e o valor para edifícios regulares em planta.

 kw é um coeficiente que reflecte o modo de rotura predominante nos sistemas estruturais de paredes
e pode ser considerado como:

 kw = 1,0; para sistemas porticado ou sistemas mistos equivalentes a pórticos;

 kw = (1 + α0)/3 ≤ 1; mas não inferior a 0,5 para sistemas de paredes, sistemas equivalentes a
paredes e sistemas torsionalmente flexíveis;

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 α0 é a esbelteza predominante das paredes do sistema estrutural e caso não difira
significativamente pode ser tomada como ∑ hwi / ∑ lwi (hwi é a altura total da parede i e l wi é o
comprimento da secção da parede i).

5.2.3.3 Regra de cálculo pela capacidade real

 Deve impedir-se a formação de mecanismos de rotura frágil ou de outros mecanismos de rotura


indesejáveis. Para o efeito, as regras do EC8 visam:

 A obtenção de forças de corte em membros de betão a partir da sua capacidade de flexão em


zonas críticas;

 Impor a hierarquia pilares fortes/vigas fracas em estruturas porticadas, obtendo os momentos nos
pilares em função da capacidade das vigas que neles confluem.

 Quer para estruturas da classe DCM quer para estruturas da classe DCH, procura-se dotar as zonas
críticas dessas estruturas de sobrerresistências.

5.2.3.4 Condição de ductilidade local

 Por forma a garantir a redução na resposta global das estruturas com base no coeficiente de
comportamento q, o EC8 requer uma maior disponibilidade de ductilidade local nas zonas críticas de
membros sísmicos primários. Para o efeito, as regras de dimensionamento e pormenorização dessas
zonas críticas visam garantir: suficiente ductilidade em curvatura e prevenir a encurvadura local das
armaduras comprimidas.

 A ductilidade local é satisfeita através de regras especiais para o confinamento de zonas críticas na
base de pilares, em nós vigas/pilares e nos elementos de extremidade de paredes dúcteis; que
dependem do factor de ductilidade local em curvatura μθ, que está relacionado com q da seguinte
forma:

q0 Valor básico do coeficiente de comportamento no plano vertical em que ocorre a flexão


T1 Período fundamental do edifício no plano vertical em que ocorre a flexão

TC Período limite do espectro

Nas zonas críticas dos elementos sísmicos primários com armadura longitudinal de aço da
classe B (ver quadro C.1 do EC2), μθ deverá ser pelo menos igual a 1,5 vezes o valor obtido
pelas expressões anteriores.

5.3 Projecto de Acordo Com o EC2 (para a classe DCL)

 É apenas recomendado para o caso de edifícios em zonas de baixa sismicidade (a g.S  0,98 m/s2, para
ambos os tipos de acção sísmica).

 Nos elementos sísmicos primários, deve utilizar-se aço de armaduras para betão armado da classe B ou
C (ver quadro C.1 do EC2).

 Na determinação das acções sísmicas poderá utilizar-se um coeficiente de comportamento q até 1,5,
independentemente do sistema estrutural e da regularidade em altura.

14
5.4 Projecto Para a Classe DCM

5.4.1.1 Requisitos relativos aos materiais

 Em elementos sísmicos primários, deve ser utilizado betão da classe C16/20 ou superior, aço
nervurado em armaduras (com excepção de estribos e cintas) das classes B e C (ver Quadro C.1
do EC2).

5.4.1.2 Restrições geométricas

5.4.1.2.1 Vigas

 A largura das vigas sísmicas primárias bw deve satisfazer min {bc + h; 2.bc}, em que h é a altura
da viga e bc é a dimensão da secção transversal do pilar perpendicular ao eixo longitudinal da
viga.

 A excentricidade do eixo da viga sísmica primária em relação ao eixo do pilar com o qual forma um
nó, não deve exceder bc/4.

5.4.1.2.2 Pilares

 Nos casos em que θ > 0,1, a dimensão mínima da secção transversal de pilares sísmicos
primários não deve ser inferior a 1/10 da maior distância entre o ponto de inflexão e as
extremidades do pilar (para a flexão num plano paralelo à dimensão considerada do pilar).

5.4.1.2.3 Paredes dúcteis

 Definem-se como paredes dúcteis de betão armado, elementos verticais em que a espessura é
pelo menos quatro vezes a largura e onde a resistência à flexão advém de elementos confinados
nas suas extremidades (a alma resiste essencialmente ao corte). A associação de paredes que se
intersectam dá origem a um elemento tridimensional que deve ser analisado como uma unidade
integral.

 A espessura das paredes não deve ser inferior a 0,15 m e a hs/20 (hs é a altura livre do piso em
m).

5.4.1.2.5 Regras específicas relativas a vigas de suporte de elementos verticais descontínuos

 Paredes estruturais não devem ser apoiadas por vigas ou lajes.

 Para uma viga sísmica primária que suporte pilares, não deve haver excentricidade do eixo dos
pilares em relação ao eixo da viga e deve ser suportada por apoios directos (pilares ou paredes).

5.4.2 Esforços de cálculo

 Os esforços de cálculo para o projecto sísmico de vigas e pilares sísmicos primários, de sistemas
estruturais porticados e mistos equivalentes a pórticos, deverão ser obtidos a partir da capacidade real
dos elementos e tendo em conta os efeitos de segunda ordem aplicáveis.

 Para edifícios e dada o elevado número de nós estruturais onde é necessário verificar os requisitos do
EC8, para as secções transversais de vigas e pilares sísmicos primários que confluem nesses nós, deve
ser utilizado um programa de cálculo automático (SAP2000, ETABS, etc.).

15
5.4.2.4 Disposições especiais para paredes dúcteis

 Devem ser tidas em conta as incertezas de análise e dos efeitos dinâmicos pós-elásticos, através das
regras seguintes para a determinação de envolventes de cálculo para os momentos flectores, assim
como dos coeficientes de majoração para os esforços transversos.

 O diagrama dos valores de cálculo dos momentos flectores ao longo da altura da parede, deverá ser
determinado por uma envolvente do diagrama dos momentos flectores obtido da análise e deslocado
verticalmente (“tension shift”). Poderá admitir-se que a envolvente é linear se a estrutura não
apresentar descontinuidades significativas de massa, de rigidez ou de resistência ao longo da sua
altura. Ver Figura 5.3

 Deve considerar-se a possibilidade de um aumento dos esforços transversos após a plastificação na


base de paredes sísmicas primárias. Para o efeito deve-se aumentar os valores de cálculo dos
esforços transversos em 50%, relativamente aos esforços transversos obtidos na análise da estrutura.

 Para ter em conta as incertezas relacionadas com os efeitos dos modos mais elevados nos sistemas
mistos contendo paredes esbeltas, deverá utilizar-se uma envolvente de cálculo dos esforços
transversos de acordo com a figura seguinte:

16
5.4.3 Verificações em relação ao estado limite último e disposições construtivas

5.4.3.1 Vigas

 Devem considerar-se como zonas críticas de uma viga sísmica primária, as zonas com uma extensão
de lcr = hw (hw é a altura da viga), a partir da secção transversal onde a viga se encontra ligada a um
nó viga-pilar.

 Nas vigas sísmicas primárias que suportem pilares, deve-se considerar como zonas críticas uma
extensão de 2.hw de cada lado dos pilares.

 Para satisfazer o requisito de ductilidade local nas zonas críticas de vigas sísmicas primárias, ambas
as condições seguintes deverão ser cumpridas para os dois banzos das vigas:

 Na zona comprimida é colocada uma armadura de secção não inferior a metade da secção da
armadura da zona traccionada, adicional a qualquer outra que seja necessária à verificação da
viga em relação ao estado limite último na situação de projecto sísmica;

 A taxa de armadura na zona traccionada não deve exceder ρmax, em que

sendo ρ' a taxa de armadura da zona comprimida (A’s/(b.d)

 Ao longo de todo o comprimento de uma viga sísmica primária, a taxa de armadura da zona
traccionada ρ não deve ser inferior a ρmin = 0,5.(fctm/fyk)

 Nas zonas críticas de vigas sísmicas primárias devem ser colocadas armaduras transversais de
diâmetro não inferior a 6 mm, com um espaçamento máximo (em mm) de:

s = min {h/4; 24.Φest; 225; 8.Φlong}

O primeiro estribo deve ser colocado a não mais de 50 mm da face do apoio.

5.4.3.2 Pilares

 Nos pilares sísmicos primários, o valor do esforço normal reduzido de cálculo νd = NEd/(Ac.fcd) não deve
ser superior a 0,65

 A taxa total de armadura longitudinal ρl não deve ser inferior a 0.01 nem superior a 0.04. Nas secções
transversais simétricas deverão adoptar-se armaduras simétricas.

 Deve ser colocado ao longo de cada face do pilar pelo menos um varão intermédio entre os varões de
canto, de forma a assegurar a integridade dos nós viga-pilar.

 As zonas numa extensão lcr a partir das duas secções de extremidade de um pilar sísmico primário
devem ser consideradas como zonas críticas com:

 Se lcl/hc < 3, a altura total do pilar sísmico primário deve ser considerada como zona crítica e deve ser
armada como tal.

 A seguinte expressão deverá ser cumprida para a ductilidade das zonas críticas na base de pilares
sísmicos primários:
17
α.ωwd ≥ 30.μφ.νd.εsy,d.(bc/b0) – 0,035

ωwd taxa mecânica volumétrica de cintas nas zonas críticas (mínimo de 0,08 na base de pilares)
μφ factor de ductilidade em curvatura, ver 5.2.3.4
νd esforço normal reduzido de cálculo [NEd/(Ac.fcd)]
εsy,d valor de cálculo da extensão de cedência à tracção do aço (f syd/Es)
hc altura bruta da secção transversal (paralela à direcção horizontal em que se aplica μφ)
h0 altura do núcleo confinado (medida ao eixo das cintas)
bc largura bruta da secção transversal
b0 largura do núcleo confinado (em relação ao eixo das cintas)
α coeficiente de eficácia do confinamento, igual a α = αn.αs, com:

 As cintas nas zonas críticas de pilares sísmicos primários deverão respeitar as seguintes condições:

 O espaçamento s das cintas (em mm) não é superior a s = min {b0/2; 175; 8.dbl};

 A distância entre varões longitudinais consecutivos abraçados por cintas não é superior a 200 mm.

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5.4.3.3 Nós viga-pilar

 A armadura de confinamento horizontal nos nós das vigas sísmicas primárias com pilares, não deverá
ser inferior à requerida para as zonas críticas dos pilares; excepto quando existem vigas nos quatro
lados do nó com uma largura de pelo menos ¾ do lado do nó, onde o espaçamento da armadura de
confinamento horizontal poderá ser aumentado para o dobro do requerido nas zonas críticas dos
pilares mas com o máximo de 150 mm.

5.4.3.4 Paredes dúcteis

 As resistências à flexão e ao esforço transverso devem ser calculadas de acordo com o EC2.

 A armadura longitudinal de flexão deve ser concentrada nas extremidades das secções transversais
de paredes, isto é, em elementos de extremidade.

 Nas paredes sísmicas primárias, o valor do esforço normal reduzido de cálculo νd = NEd/(Ac.fcd) não
deve ser superior a 0,40

 A armadura vertical da alma deve ser considerada no cálculo da resistência à flexão das secções de
parede;

 As secções de paredes mistas constituídas por troços rectangulares unidos entre si ou que se
intersectam (secções em L, T, U, I ou semelhantes) deverão ser consideradas como secções únicas.
Para o cálculo da resistência à flexão, deverá considerar-se que a largura efectiva do banzo, de um e
outro lado da alma, se estende para além da face da alma no mínimo de:

 O comprimento real do banzo;


 Metade da distância a uma alma adjacente da parede;
 25% da altura total da parede acima do nível considerado.

 A ductilidade necessária de paredes de secção rectangular é obtida através do confinamento dos


elementos de extremidade.

 A altura crítica hcr dos elementos de extremidade acima da base da parede poderá ser calculada
como:

em que hs é a altura livre do piso e em que a base é definida como o nível de fundação ou o nível
superior dos pisos em cave com diafragmas rígidos e paredes periféricas.

 O comprimento dos elementos de extremidade confinados lc (medido a partir do eixo das cintas junto
da fibra mais comprimida), deve abranger toda a área das extremidades das paredes onde a
extensão última à compressão do betão não confinado εcu2 é superior a 0.0035. Para paredes de
secção rectangular têm-se:

lc = xu. (1 - εcu2/ εcu2,c)

xu é a profundidade da linha neutra e εcu2,c é a extensão última à compressão do betão confinado,


dados por:

xu = (νd + ωv).lw.bc / b0 e εcu2,c = 0,0035 + 0,1.α.ωwd

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f yd, v
ωv é a taxa mecânica das armaduras verticais da alma, com ωv =ρv.
f cd

νd é o esforço normal reduzido de cálculo, com νd = NEd/(Ac.fcd)


Asv é a área total das armaduras verticais da alma
lw é o comprimento da secção transversal da parede
bc é a largura da alma
b0 é a largura dos elementos de extremidade (medida pêlos eixos dos ramos das cintas)

A armadura transversal por extremidade confinada deverá satisfazer a seguinte expressão:

Ver secção dos pilares para significado dos parâmetros anteriores de ωwd, que não deverá ser
inferior a 0.08. No cálculo de μφ, o valor básico do coeficiente de comportamento q0, deve ser
substituído pelo produto de q0 pelo valor máximo da relação M Ed/MRd na base da parede para a
situação de projecto sísmica (MEd é o valor de cálculo do momento flector obtido da análise e M Rd é o
valor de cálculo do momento resistente).

 A armadura de confinamento nas extremidades das paredes deverá ser colocada na altura crítica hcr
e, horizontalmente, ao longo do comprimento lc. Como condição mínima, o comprimento lc do
elemento de extremidade confinado não deverá ser inferior a 0,15.l w ou a 1,5.bw. Ver figura seguinte:

 Paredes com abas ou banzos, ou de secção constituída por várias partes rectangulares (secções em
T, L, I , U, etc.), podem ser tratadas como secções rectangulares com uma largura de parede bc igual
à aba ou banzo, desde que toda a zona de compressão se localize na aba ou banzo. Para estes
casos, o esforço normal NEd e a área total da armadura vertical da alma A sv, devem ser normalizados
por hc.bc.fcd (hc é a maior dimensão da alma), levando a:

A sv f yd
νd = NEd/(hc.bc.fcd) e ωv = .
hc . b c f cd
Para estes casos, b0 será a largura do núcleo confinado da aba ou do banzo.

Caso a zona de compressão exceda a aba ou banzo, pode-se:

 Aumentar a espessura da aba ou banzo de modo a que toda a zona de compressão se localize na
aba ou banzo;

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 Caso a largura da aba ou flange não seja muito diferente da espessura da alma, considerar toda a
secção como rectangular e com a espessura da alma, confinando a aba ou flange de forma
semelhante à alma;
 Verificar se a ductilidade em curvatura excede a necessária através de uma análise não-linear da
secção, incluindo o efeito do confinamento após detalhe completo da secção.

Nos casos de núcleos com vários segmentos de paredes rectangulares, partes da secção que
funcionam como almas sob flexão num plano, actuam como flanges sob flexão noutro plano. Para
estes casos e para a ductilidade, é possível que a totalidade do núcleo tenha de ser tratado como
elementos de extremidade.

 Não é necessário um elemento de extremidade confinado nos banzos de uma parede com uma
espessura bf≥ hs/15 e uma largura lf ≥ hs/5, sendo hs a altura livre do piso (ver Figura 5.9). No entanto
poderão ser necessários elementos de extremidade confinados nas extremidades desses banzos
devido à flexão fora do plano.

 A taxa de armadura longitudinal nos elementos de extremidade não deverá ser inferior a 0,005

 Deverão prolongar-se as armaduras de confinamento e sobrepô-las de modo que todos os varões


longitudinais dos elementos de extremidade das paredes, sejam abraçados por uma cinta ou por um
gancho.

 A espessura bw das partes confinadas da secção da parede (elementos de extremidade) não deverá
ser inferior a 200 mm e respeitar as condições da figura seguinte:

 Na altura de parede acima da zona crítica aplicam-se apenas as regras relevantes de EC2, contudo,
deverá ser adoptar-se uma taxa mínima de armadura vertical igual a 0,005

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5.6 Disposições Relativas a Amarrações e Emendas

 Aplica-se o disposto na secção 8 do EC2 com as regras adicionais seguintes.

 Para cintas utilizadas como armaduras transversais em vigas, pilares ou paredes, devem utilizar-se
estribos fechados com ganchos dobrados a 135 e comprimentos de amarração de 10.dbw

5.6.2 Amarração de armaduras

5.6.2.1 Pilares

 No cálculo do comprimento de amarração dos varões principais dos pilares em zonas críticas, o
comprimento básico não deverá ser reduzido pelo factor As,req/As,prov

 Se numa situação de projecto sísmica, o esforço normal num pilar for de tracção, os comprimentos de
amarração devem ser aumentados de 50% em relação aos valores que satisfazem o EC2.

5.6.2.2 Vigas

 Para impedir uma rotura de aderência, o diâmetro dos varões longitudinais das vigas dbl que
atravessam os nós viga-pilar, deve ser limitado de acordo com as seguintes expressões (não se
aplica a varões diagonais que atravessam os nós):

 Para nós viga-pilar interiores

 Para nós viga-pilar exteriores

 Os varões superiores ou inferiores que atravessam os nós interiores, devem terminar nos elementos
ligados ao nó a uma distância superior a l cr (comprimento da zona crítica dos elementos), contada a
partir da face do nó.

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