Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GLT/29
CONTRIBUIÇÕES PARA UMA EXPRESSÃO ANALÍTICA PARA O ‘FATOR COMBINADO DE VENTO’ GT, EM
TORRES ESTAIADAS E AUTOPORTANTES DE LTS.
RUY CARLOS RAMOS DE MENEZES (1); MARÍA ALICIA ARÉVALOS BURRÓ (2); ACIR MÉRCIO LOREDO-
SOUZA (3)
ENGELÍNEAS CONSULTORIA E PROJETOS LTDA. (1); FACULTAD DE INGENIERÍA, UNIVERSIDAD
NACIONAL DE ASUNCIÓN (2); UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (3)
RESUMO
O dimensionamento de torres de LTs (p.ex.: IEC 60826) segue a metodologia de “carregamentos estáticos
equivalentes", usando-se o ‘fator combinado de vento’ Gt. Tal metodologia foi desenvolvida inicialmente para torres
autoportantes e com limitações de altura (60m). A contribuição deste IT é propor uma solução analítica simples
para se obter um fator de amplificação dinâmico da força estática de carregamentos devidos ao vento (‘fator
combinado de vento’ Gt‘), em função de diferentes parâmetros de entrada (como, por exemplo, a forma modal).
Assim, chega-se a uma expressão válida tanto para torres autoportantes como torres estaiadas, levando-se em
conta suas inerentes características.
PALAVRAS-CHAVE: Torre autoportante – Torre estaiada – Carregamentos devidos ao vento – Análise dinâmica
1.0 INTRODUÇÃO
Neste cenário, os autores desenvolveram um projeto de pesquisa aplicado, através de uma tese de doutorado,
onde todos os conceitos foram ‘revisitados’ numa abordagem analítica e numérica. A pesquisa também contemplou
a aplicação e exemplificação em casos reais de torres estaiadas do tipo monomastro para 500kV, assim como para
torres autoportantes equivalentes (isto é, com mesma aplicação).
A contribuição da presente investigação aplicada, relatada no informe técnico proposto, é propor uma solução
analítica simples do método estático equivalente em função de diferentes parâmetros de entrada (como, por
exemplo, a forma modal), sem ter que questionar a hipótese assumida do método simplificado. A presente
contribuição certamente será levada como adição nas futuras revisões das normas internacionais e nacionais.
diretoria@engelineas.com.br
2
No desenvolvimento da pesquisa, são feitas comparações entre os fatores de resposta a rajadas obtidos através da
análise dinâmica por meio da teoria de processos aleatórios e a metodologia analítica aqui proposta. Além disso, os
resultados são também comparados com o fator de resposta a rajadas de Davenport de torres de linhas de
transmissão, que é a inspiração para as atuais normas de projeto.
Figura 1. Comparação entre condições de contorno de uma torre autoportante e uma estaiada com um dos seus
modos típicos de vibração livre
Como resultado, chega-se a uma expressão analítica para obter se um fator de amplificação dinâmico da força
estática equivalente de carregamentos, devidos ao vento (o ‘fator combinado de vento’ Gt‘) em torres estaiadas e
torres autoportantes, levando-se em conta suas inerentes características.
O fator combinado de vento Gt na IEC-60826 considera 3 variáveis multiplicadas dadas pela Equação (1):
(1)
O fator leva em consideração a altura do elemento atingido pelo vento, está relacionada à turbulência do
vento e à resposta dinâmica do elemento ao vento.
(2)
(3)
Figura 2. Fator de resposta dinâmica para torres dependendo do comprimento de rugosidade e altura acima do solo
(CIGRE, 1999)
3
(4)
(5)
onde é a pressão média no centro de pressões do vento na linha de transmissão, é o desvio standard da
componente flutuante do vento, e é a força modal da estrutura para o modo de vibração considerado. A
contribuição da parcela ressonante é representada pela letra conforme se apresenta na Equação (6):
(6)
As funções e , conhecidas como Joint Acceptance Functions, para a componente de fundo e ressonante
respectivamente, estão dadas por:
(7)
Considerando a função de correlação cruzada proposta por Davenport (1979) seguindo a Equação (8):
(8)
onde é a escala transversal integral da turbulência, é a frequência natural da estrutura associada ao modo
de vibração considerado, denota a velocidade do vento no centro de pressão do vento teórico na linha de
transmissão e o coeficiente . A função tanto para a resposta de fundo como para a ressonante fica com a
forma de Equação (9):
(9)
Os modos de vibração das torres autoportante e estaiada podem variar conforme mencionado na seção anterior.
Por tanto, as integrais para dois modos de vibração diferentes serão diferentes. Porém, para obter expressões
analíticas da função no presente trabalho, as formas modais foram substituídas por funções genéricas seno e
coseno aproximadas da forma que se observa na Figura 3. Para expressar a forma modal deve ser escolhida
convenientemente a frequência circular de cada uma das funções. A forma modal denominada aqui
faz referência à forma semelhante a uma viga apoiada na base e com outro apoio flexível na conexão com os
cabos de estais (evitando deslocamento horizontal), e a forma modal àquela semelhante a uma viga engastada-
livre.
Para a forma modal define-se a expressão da forma modal como onde a frequência
circular é , onde o período pode ser calculado usando a Figura 3 (esquerda) para qualquer torre com
essa forma modal. Por sua vez, para a forma modal define-se a expressão da forma modal como
4
Finalmente, para a forma modal , a função para o componente de fundo ou ressonante da resposta pode então
ser calculada por
(10)
(11)
(12)
(13)
Um exemplo é dado ilustrando o uso do procedimento deste método analisando uma torre estaiada específica e
uma torre autoportante para uma linha de 500kV AC. A geometria das torres foi fornecida por um utilitário que
contribui no fórum CIGRE. As geometrias consideradas (Figura 4) para esta tarefa foram adaptadas para que todos
os elementos das torres pudessem ser discretizados como elementos treliçados. Apenas o carregamento
transversal é considerado aqui. A forma modal transversal é apresentada na Figura 5 a fim de adaptar essas torres
ao método analítico.
5
Determinando os valores das frequências dos modos de vibração utilizando o período T da Figura
3, e aplicando as equações de , podem ser obtidos os valores de para as duas torres utilizando como dado de
entrada as formas modais. A modo de exemplificar a utilidade do método, assumindo como constantes as
propriedades dinâmicas intrínsecas das torres, obtiveram-se duas famílias de curvas dos valores de , uma para
a torre autoportante, e outra para a torre estaiada, conforme se observa na Figura 6.
Figura. 5. Comparação da forma modal do primeiro modo de vibração transversal das torres
Figura 7. Valores do coeficiente para a torre autoportante (esquerda) e estaiada (direita) assumindo
características dinâmicas das torres apresentadas no exemplo
Figura 8. Valores do coeficiente para a torre autoportante (esquerda) e estaiada (direita) assumindo
características dinâmicas das torres apresentadas no exemplo comparadas com as curvas equivalentes da IEC-
60826
Embora a prática atual proponha valores de Gt, o presente trabalho propôs uma metodologia simples diferenciando
torres autoportantes e torres estaiadas em função de suas formas modais. As expressões do método estatístico
foram transformadas em equações analíticas, de modo que qualquer dado de entrada fornecesse um valor preciso
do Fator de Resposta à Rajada.
Como a variedade de torres de transmissão é extensa, as estruturas não têm uma seção transversal típica e
constante nem condições de contorno iguais, a nova solução para o projeto de torres de transmissão é introduzir a
forma modal e a frequência natural de qualquer torre nas equações analíticas fornecidas aqui e ter a certeza de ter
um fator de resposta de rajada preciso sem a preocupação do que são as hipóteses simplificadas do método
estatístico. Assim, uma metodologia atualizada pode ser sugerida para a prática internacional com base nos
resultados analíticos atuais.
É importante destacar que a presente abordagem aproximada funciona razoavelmente bem apenas para estruturas
onde o acoplamento cruzado entre os modos pode ser desprezado, caso os modos de vibração considerados não
sejam torcionais e se as frequências naturais da estrutura não mudarem significativamente da frequência natural
incluindo um estado pré-tendido dos cabos estaiados.(INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION
PRACTICE, 2017)
5.0 BIBLIOGRAFIA
DAVENPORT, A. G. Gust response factors for transmission line loading. . Em: PROCEEDINGS OF THE
FIFTH INTERNATIONAL CONFERENCE. Colorado, USA: J. E. Cermak, 1979.
DADOS BIOGRÁFICOS