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SEMINÁRIO PRESBITERIANO BRASIL CENTRAL

APOLOGÉTICA

ALEX FALCÃO RIBEIRO

FRANCIS SCHAEFFER
O APOLOGISTA DO HOMEM MODERNO.

Trabalho da matéria de
Apologética do curso de Teologia
no Seminário Presbiteriano Brasil
Central, como parte de avaliação
parcial sob a orientação do
professor Rev. Guilherme Bispo
de Souza Junior.

Goiânia,13 de março de 2020.


2

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................... 3

1 VIDA E OBRA DE FRANCIS SCHAEFFER................................................... 3


2 QUAL O MODELO APOLOGÉTICO DE SCHAEFER ................................... 5
3 OS PRINCIAPAIS TEMAS APOLOGÉTICOS DE FRANCIS SCHAEFFER... 7

CONCLUSÃO..................................................................................................... 9

BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 10
3

INTRODUÇÃO

A fé cristã esteve sob diversos ataques durante toda a sua história e o


século XX e XXI não estão fora com muitos dos seus ataques de uma sociedade
denominada como pós-moderna e pós-cristã. Por isso, a apologética configura-
se como uma importante disciplina da teologia que busca apresentar as defesas
da fé cristã para as questões que são apontadas na tentativa de se opor aos
dogmas da fé cristã. Com isso toma-se como base, neste trabalho monográfico,
a definição de apologética cristã exposta por John Frame em Apologética para a
glória de Deus (2010, p.13) que define como a disciplina que ensina os cristãos
a dar uma razão para a sua esperança. Essa definição toma por base o texto de
1 Pe. 3.15-16 no qual Pedro exorta os crentes a estarem preparados para dar
razão da fé. Sendo assim, busca-se apresentar neste trabalho a vida, obra e
apologética de um dos principais autores cristãos do séc. XX – Francis Schaeffer,
que é apelidado como o profeta do séc. XX e XXI por compreender as questões
de uma sociedade pós-cristã. Apresenta-se nesta obra: a vida e obra de
Schaeffer, os principais temas apologéticos abordados, qual o modelo de
apologética e uma conclusão.

1 VIDA E OBRA DE FRANCIS SCHAEFFER

Francis August Schaeffer nasceu em 30 de outubro de 1912 em


Germantown, Pennsylvania, num lar completamente secularizado, mas se
converteu em 1930 após ler durante seis meses a Bíblia. Foi casado com Edith
Sevilha Schaeffer. Estudou no Seminário Teológico Westminster, ligado à igreja
presbiteriana ortodoxa, mas concluiu sua graduação no Seminário Teológico
Faith, seminário que ele ajudou a fundar após a divisão do seminário de
Westminster em decorrência da briga entre fundamentalistas e liberais. Ele foi
profundamente influenciado por J. Gresham Machen, Cornélius Van Til, Herman
Dooyeweerd e Hans Rookmaaker.1

1 A maioria das informações biográficas de Schaeffer foram extraídas do site do L’Abri.


FERREIRA, Franklin. Francis Schaeffer: "Levando Cativo todo o Pensamento". Lagoa
Santa/MG: L‘ Abri, [2019?]. Disponível em: https://www.labri.org.br/francis-schaffer. Acesso em:
12 mar. 2020.
4

Nos Estados Unidos, Schaeffer pastoreou pela Igreja Presbiteriana Bíblica


durante 10 anos (1938-1948) e obteve o título de doutor. O ano de 1951 mudou
a vida de Francis Schaeffer e toda sua perspectiva sobre a fé, após ele ter
dificuldades de relacionar suas crenças coma vida prática. De acordo com
Franklin Ferreira (2019?) foi a partir da resolução desse conflito que “ele emergiu
dessa experiência — que chamou de "um pequeno vislumbre da glória de Deus"
— com uma nova certeza sobre sua fé, uma nova ênfase na santificação e na
obra do Espírito Santo, e uma nova direção para sua vida, que se desdobraria
durante os próximos quatro anos. Em 1955, se mudou com a sua família para os
alpes suíços com o propósito de evangelizar na Europa. Foi nesse período que
Schaeffer cria o L’Abri (O Abrigo) que tinha o propósito de abrigar pessoas dos
mais variados tipos com a intenção de oferecer respostas para os dilemas de
sua vida. Daí surge um dos lemas que deram base para a apologética de
Schaeffer: “respostas honestas para perguntas honestas”.2

Durante seu trabalho no L’Abri, Schaeffer pode aprimorar seus trabalhos


acadêmicos e desenvolver de maneira prática a sua apologética. Ao todo, ele
escreveu 23 livros das mais diversos temas, desde comentários a temas sobre
espiritualidade. Contudo, a apologética está sempre presente dentro de suas
obras. Schaeffer morreu em 15 de maio de 1984 deixando um grande legado
para a fé cristã, desde seus livros que permanecem sendo bastante atuais até a
sua missão, o L”Abri, que serve em vários locais do mundo como um abrigo para
as pessoas que buscam respostas para suas questões.

Dentre as 23 obras de Schaeffer, podemos destacar como as principais


as seguintes:); A Morte da Razão (1968); O Deus que Intervém (1968);
Verdadeira Espiritualidade (1971) e Como Vivermos (1976).

A Morte da Razão é um ensaio, onde Schaeffer discorre sobre temas


filosóficos e da arte de um modo geral. Nesta ele chega ao seu objetivo de
esclarecer o conceito de “homem moderno e seu desespero”. Em o Deus que
Intervém, a intenção do autor é mostrar como o cristianismo é relevante como
uma alternativa razoável para o homem moderno preso em seu desespero. “Sua
intenção é expor o vazio do pensamento secular e da moderna teologia, mas,

2. SCHAEFFER, Francis A. Verdadeira Espiritualidade. p.8


5

muito mais que isso, oferecer uma esperança bem fundamentada de que o
homem encontre de novo sua verdadeira personalidade e propósito, se apenas
voltar-se à Palavra vivificadora que Deus nos comunicou nos documentos das
Escrituras.”3 Em Verdadeira Espiritualidade, Francis Schaeffer publica um
material usado nas suas palestras durante os anos feitas durante os anos de
1953-54. Seu objetivo com essa obra é buscar a natureza de uma verdadeira
espiritualidade. É uma reflexão da teologia bíblica, porém com uma ênfase sobre
alguns aspectos que são relevantes para a problemática do homem moderno.
Como Viveremos é uma obra que busca apresentar a formação do pensamento
ocidental no séc.XX através do desenvolvimento cultural, que perpassa desde o
período medieval até a pós-modernidade. Segundo o próprio autor, “este livro
não tem a pretensão de apresentar uma cronologia completa da cultura
ocidental. A simples possibilidade de uma obra assim ser escrita é questionável.
Mas este livro faz uma análise de momentos históricos importantes que
contribuíram para a formação dos dias atuais e o pensamento daqueles que os
geraram.”4

Estes livros supracitados, todos eles têm o objetivo de fazer uma


apologética diante do mundo moderno. Este configura o principal campo de
trabalho de Francis Artur Schaeffer, que será explorado com mais detalhes nos
capítulos seguintes.

2 QUAL O MODELO APOLOGÉTICO DE SCHAEFFER?

Antes de traçar os temas da apologética schaefferiana é necessário


encaixar o perfil apologético que se encaixa esse autor. Para isso será utilizado
a distinção que John Frame (2010, p.13-14) fez entre os tipos de apologética
cristã: apologética como prova; apologética como defesa e apologética como
defesa. Esse modelo auxiliará na compreensão do estilo apologético de
Scaeffer.

3 SCHAEFFER; Francis A.; O Deus que intervém. Sinopse do Livro, 1981


4
SCHAEFFER; Francis A.; Como Vivermos. Nota do autor, 2003.
6

Frame define esses modelos de se fazer apologética da seguinte forma5:


1) Apologética como prova é a tentativa de provar o cristianismo como verdadeiro
por meio de uma base racional para fé. Serve tanto para crentes quanto para
descrentes em mostrar elementos da racionalidade da fé. 2) Apologética como
defesa tem o intuito primário de responder diretamente objeções dos descrentes
acerca da fé cristã. 3) Apologética como ofensiva é o inverso da apologética
como defesa, pois ela parte do crente levantando questionamentos para o
descrente acerca da sua cosmovisão.

Antes de definir em qual modelo o autor aqui exposto se encaixa é


necessário dizer como ele via a apologética. De acordo com Franklin Ferreira:

Tanto para Van Til como para Schaeffer, a apologética começa no


momento em que (sic) o incrédulo levanta objeções e dúvidas à
palavra pregada. O apologista deve responder e refutar as
objeções com amor e erudição, primeiro para dar respostas
honestas às dúvidas do incrédulo, e, segundo, para evitar que elas
atrapalhem a fé dos cristãos. Contanto que as dúvidas do incrédulo
sejam sinceras e honestas, deve-se responder. Os dois usavam a
apologética para mostrar ao incrédulo que a sua vida sem Cristo é
irracional e sem sentido e que ele deve entregar-se a Jesus.6
Com base nisso, podemos dizer que Schaeffer apropria-se do modelo
pressuposicionalista de Van Til, ou seja, Schaeffer afirma concorda que no final
todas as questões estão pautadas na maneira pela qual guiamos as evidências
e essa maneira é guiada por nossos pressupostos básicos. Em Como
Viveremos, fica claro o posicionamento pressuposicionalista de Schaeffer (2003,
p.10) quando ele diz que todos temos pressupostos, vamos viver de maneira
mais coerente possível com eles, mesmo que de maneira inconsciente. Para ele
a cosmovisão flui entre os seus dedos ou através da sua língua em direção ao
mundo.

Diante disso, percebemos em Schaeffer a utilização do modelo


apologético como defesa, pois na maioria de seus livros ele aborda a questões
com intuito de promover respostas as questões levantadas por não crentes.

5FRAME, John; Apologética para a glória de Deus. P.13-14


6 FERREIRA, Franklin. Francis Schaeffer: "Levando Cativo todo o Pensamento". Lagoa
Santa/MG: L‘ Abri, [2019?]. Disponível em: https://www.labri.org.br/francis-schaffer. Acesso em:
12 mar. 2020.
7

Contudo, ele faz bastante uso da apologética ofensiva, pois por seu um
pressuposicionalista, ele muitas vezes irá combater as incongruências dos
descrentes por meio de questionamentos que vão abalar as bases de suas
crenças. Isso fica claro em Deus que se revela quando ele aponta os problemas
das cosmovisões que tratam o homem como um ser impessoal, pois não há
como o um ser impessoal gerar outro pessoal.7 Essa forma de pensar é bastante
forte em pessoas com bases naturalistas de pensamento.

Fica bastante claro que Schaeffer trabalha combatendo os pressupostos


do homem moderno. Esse será o objetivo de sua apologética, ou seja, é o
indivíduo que vive sob a influência e implicações do sistema de pensamento
moderno, sendo que esse se caracteriza principalmente pela nova forma de
abordar à verdade, não vendo esta sob a categoria do absoluto e sim do relativo.8

Vale ressaltar que Schaeffer não irá incentivar uma apologética feita com
base na agressividade, antes ele defende que essa deve ser feita em amor e
apontar para o amor de Cristo. Conforme afirma John Tweeddale (2016)
Schaeffer defender que “se visível, o amor como o de Cristo é a apologética final.
Se falarmos nas línguas dos homens e apologistas, mas não tivermos amor,
nossas igrejas vão soar como gongos barulhentos e címbalos que retinem
(1Coríntios 13.1). Sem o amor de Cristo, por que o mundo ouviria o testemunho
da igreja?”9

3 OS PRINCIAPAIS TEMAS APOLOGÉTICOS DE FRANCIS


SCHAEFFER

Apresentado o modelo apologético de Schaeffer, passa-se a expor os


temas abordados por esse autor. Como mencionado anteriormente o objetivo da
apologética de Schaeffer era trabalhar com os temas do homem moderno, diante

7SCHAEFFER; Francis A.; O Deus que se revela. P.61ss


8Ibid. p.15
9 TWEEDDALE, John W. Francis Schaeffer: "Levando Cativo todo o Pensamento". In:

TWEEDDALE, John W. Francis Schaeffer: "Levando Cativo todo o Pensamento". [S. l.]:
Tabletalk Magazine, 2016. Disponível em: https://www.ligonier.org/learn/articles/the-church/.
Acesso em: 12 mar. 2020.
8

disso ele expõe as seguintes temáticas: a imanência de Deus, a fuga da razão e


a importância das escrituras em um mundo moderno que a despreza.

Ao trabalhar sobre a imanência de Deus em um mundo que não crê nessa


presença de Deus na história humana Kappleman afirma que Schaeffer defende
que a base do Cristianismo é a convicção que Deus está lá e que o homem pode
se comunicar com Ele.10 Se isto não é verdade, então nós estamos sem
fundamento. Schaeffer apresenta a importância das pessoas pararem de olhar
para Deus enfocando apenas seu aspecto de transcendência.

Quanto a Fuga da Razão, Schaeffer disse que os homens na tradição


filosófica Ocidental em grande parte optaram para existência irracional e
escaparam as exigências da razão. Consequentemente os cristãos têm que
voltar para as Escrituras sua habilidade em responder questões filosóficas e que
nós temos constantemente que mostrar nossa fé ao mundo.11

Por fim, Schaeffer sempre recorre que o problema maior do mundo


moderno é o de desprezar as escrituras. Ele aponta isso fortemente quando trata
das questões de moralidade. Ele acredita que os homens precisam de padrões
morais que sejam transcendentes, mas de ordem pessoal. Em o Deus que se
revela ele diz:

O homem possui um dilema: Como saber o que é certo e errado?


E a resposta para esse dilema não pode ser encontrada se uma
concepção da origem humana for impessoal, pois se for impessoal,
necessariamente é preciso admitir que a noção de certo e errado
nasce no próprio homem e isso levará o homem ao relativismo
moral. Portanto, a resposta para esse dilema tem sua gênese na
concepção correta de que o homem tem uma origem pessoal, ele
foi criado por um Deus infinito e pessoal, que também forneceu ao
homem uma moral. O homem pecou, se rebelou contra Deus, mas
isso não anula a verdade de que a noção de certo e errado que o
homem possui e (deve buscar) e externa a ele e é absoluta.12

10 KAPPELMAN, Todd. Francis Schaeffer. In: KAPPELMAN, Todd. Francis Schaeffer. [S. l.]:
Monergismo, 1999. Disponível em:
http://www.monergismo.com/textos/biografias/Todd_Kappelman_Francis_Schaeffer.pdf. Acesso
em: 12 mar. 2020.
11 Ibid. p.4
12 SCHAEFFER; Francis A.; O Deus que se revela. P.74ss
9

CONCLUSÃO

Concluindo, é bom falar que o método apologético de Francis Schaeffer é


pertinente à nossa época. Seu legado para a comunidade cristã é inegável.
Schaeffer compreendeu as questões levantas e foi um instrumento de Deus em
uma época de volta ao paganismo. Além disso, ensinou e ensina os crentes a
dialogarem com o mundo. Seu método e conteúdo são úteis e eficaz. Sua
Comunidade L’Abri é a prova maior de que seus esforços, como disse Paulo,
não foram em vão. Porém, uma nota aqui deve ser feita, de nada vale toda esta
metodologia apologética, se o Espírito Santo de Deus não se utilizar deste meio
para tocar no coração do homem moderno ou pós-moderno. A apologética é
necessária sim, embora não é a eficiência e eficácia desta que irá trazer os frutos
e resultados. O legado de permanece hoje na vida da Igreja e deve ser
aproveitado para aplicarmos aos dilemas apologéticos do séc. XXI.
10

BIBLIOGRAFIA

FERREIRA, Franklin. Francis Schaeffer: "Levando Cativo todo o


Pensamento". Lagoa Santa/MG: L‘ Abri, [2019?]. Disponível em:
https://www.labri.org.br/francis-schaffer. Acesso em: 12 mar. 2020

FRAME, John. Apologética para a glória de Deus. São Paulo: Cultura Cristã,
2010.

KAPPELMAN, Todd. Francis Schaeffer. In: KAPPELMAN, Todd. Francis


Schaeffer. [S. l.]: Monergismo, 1999. Disponível em:
http://www.monergismo.com/textos/biografias/Todd_Kappelman_Francis_Scha
effer.pdf. Acesso em: 12 mar. 2020.

SCHAEFFER; Francis A.; Como Vivermos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.

_______________. O Deus que intervém. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.

_______________. O Deus que se revela. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.

__________________, Verdadeira Espiritualidade. São Paulo: Cultura


Cristã,1999.

TWEEDDALE, John W. Francis Schaeffer: "Levando Cativo todo o


Pensamento". In: TWEEDDALE, John W. Francis Schaeffer: "Levando Cativo
todo o Pensamento". [S. l.]: Tabletalk Magazine, 2016. Disponível em:
https://www.ligonier.org/learn/articles/the-church/. Acesso em: 12 mar. 2020.

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