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MANUAL:

COMO FAZER UM JORNAL

REALIZAÇÃO:

APOIO E PATROCÍNIO:
Capítulo 3
Gêneros textuais de imprensa

Antes de produzir o jornal, é importante conhecer quais são as


características dos gêneros textuais que preenchem suas páginas.

Gêneros informativos
É o registro puro dos fatos, sem opinião.
A exatidão é o elemento-chave da notícia.

noticia Fatores objetivos determinam a publicação


de uma notícia: o caráter inédito; o impac-
to que exerce sobre as pessoas e sobre sua
vida; a curiosidade que desperta; os efeitos
e as consequências do fato.
Tem o objetivo de narrar fatos diários,
de forma objetiva e imparcial. É a matéria-
prima do jornalismo.

Fonte: Jornal Joca. Edição 99, 2ª quinzena de agosto/2017.

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Pode ser considerada a própria essência
de um jornal e difere da notícia pelo
reportagem conteúdo, extensão e profundidade. A
notícia, de modo geral, descreve o fato e,
no máximo, seus efeitos e consequências.
A reportagem busca mais: partindo da
própria notícia, desenvolve uma sequência
investigativa que não cabe na notícia. Assim, apura não somente as
origens do fato, mas suas razões e efeitos. Abre o debate sobre o
acontecimento, desdobra-o em seus aspectos mais importantes. [...]
A notícia não esgota o fato; a reportagem pretende fazê-lo.

[...] Embora preze pela objetividade, característica


importante dos gêneros jornalísticos, a reportagem
invariavelmente apresenta um retrato do assunto a partir
de um ângulo pessoal, por isso, ao contrário da notícia,
muitas vezes é assinada pelo repórter. Nesse gênero é
comum encontrar também citações de falas de especialistas
no tema abordado.
Fonte: MARTINS, Eduardo – Manual de Redação e Estilo de
O Estado de S. Paulo; São Paulo: 1977 e PEREZ, Luana Castro
Alves. “Reportagem”; Brasil Escola. Disponível em <http://
brasilescola.uol.com.br/redacao/a-reportagem.htm>. Acesso
em: 25 ago. 2017. (Textos adaptados.)

Apesar das diferenças apontadas, há quatro características da


reportagem muito parecidas com as da notícia. São elas:
1. Abertura do texto atraente, para prender o leitor.
2. Texto com começo, meio e fim bem marcados, para o leitor
acompanhá-lo sem esforço e não desistir de sua leitura na metade.
3. Fatos ordenados e agrupados em blocos, que guardam relação
entre si.
4. Depoimentos de pessoas envolvidas no fato noticiado e/ou de
especialistas no assunto.

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Porém, para escrever uma reportagem que pretenda “esgotar o
fato” e garantir que o leitor seja plenamente informado sobre suas
origens, razões e efeitos, há para o jornalista uma etapa anterior ao
momento da escrita.

Fonte: O Estado de S. Paulo - 21/julho/2017.

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Fonte: Folha de S.Paulo - 13/setembro/2015.

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É a matéria-prima da maioria das
notícias publicadas no jornal, embora nem
sempre pareça assim. A finalidade de utilizar
entrevista entrevistas é permitir que o leitor conheça
opiniões, ideias, pensamentos e observações
do personagem da notícia ou de pessoas que
têm algo relevante a dizer sobre o assunto
em questão. [...] Ela pode tanto ser a própria
reportagem como apenas parte dela. Quando a entrevista é feita para
coleta de informações, ou para ser utilizada como complemento de
uma matéria, é apresentada no relato do jornalista e por meio de
citações. Quando constitui a própria reportagem, é redigida sob a
forma de perguntas e respostas curtas, realizadas com rapidez, e
conhecida por entrevista “pingue-pongue”.

Como complemento de uma matéria: O repórter busca informações


por meio do contato pessoal com uma ou mais pessoas (conhecidas no
meio jornalístico como “fontes”). Ao escrever a matéria, relata as pergun-
tas e respostas trocadas na conversa com um especialista, ou com pesso-
as envolvidas no acontecimento, e utiliza citações. A entrevista constitui
uma das principais fontes de informação de um jornal e está presente,
direta ou veladamente, na maioria das matérias que ele publica.
“Pingue-pongue”: Essa forma é utilizada em geral quando o
entrevistado está em evidência especial ou fornece informações de
importância particular. Exige texto introdutório contendo a informação
de mais impacto, breve perfil do entrevistado e outras informações,
como local, data e duração da entrevista e resumo do tema abordado.
Eventualmente, algumas dessas informações podem ser editadas em texto
à parte. O trecho com perguntas e respostas deve ser uma transcrição fiel,
mas nem sempre completa, da entrevista. Selecione as melhores partes.
Fonte: MARTINS, Eduardo – Manual de Redação e Estilo de O Estado de
S.Paulo; São Paulo: 1977 e Círculo Folha; Folhaonline. Disponível em <http://
www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_producao>. (Textos adaptados.)

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Faça a entrevista em cinco passos:

1. Prepare-se: o primeiro passo é pesquisar e estudar o assunto


sobre o qual irá escrever. É preciso conhecer o que será relatado.

2. Escreva as perguntas: liste as perguntas que irá fazer para cada


fonte. Na hora da entrevista, guie-se por elas.

3. Fique atento: evite perguntas cujas respostas são “sim” ou “não”.


Faça perguntas que gerem uma conversa.

4. Guie a conversa: se o entrevistado começar a fugir muito do tema,


você deve trazer a conversa para o caminho que quer.
5. Observe o entrevistado: que palavras ele
usa? Como se veste? Como gesticula?
Esteja atento para descrever gestos e
detalhes que revelam informações sobre esteja
o entrevistado. atento

Meio para entrevistar


E-mail, telefone e skype (ligação com vídeo) são recursos
tecnológicos possíveis e que agilizam a apuração. O meio mais
recomendado, porém, é que seja feita presencialmente. Uma
entrevista cara a cara pode relatar observações que só são possíveis
de serem captadas pessoalmente.

Tipos de entrevista
• Individual: o entrevistado fala apenas com um repórter. É chamada
de entrevista exclusiva.

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KleykonohoFulnl 6ttml2..,..tf., pant do povolndigef\J flAno 6....,. troboquevivOcmAguosBtl0$,l't<
n.arnbuco. Su• pr1nc11),11 � dt ..,-ct,
t rnostfJ( aoshorntnsbtltlCOS• IMPQf't�Ci.a e a rtqutZ\! � <ukutli
indigcna. Confi,a aenut'vistit QUf � deu ao Joco.

que SM!m da atdet.a, Qut s.\G casados com brancos e p«dem o contato c:om a
O seu nome !em algum ,igniticado?
Ungua materna.
Na alM!a, todos os lndt0s tern o see nome-
,ndigena e onome da aldeia, que e como se
rcsseum sobrenome. Meu nome e t<leykeniho
Como os costumes sio aplicado, no dia a dia?
Fu:lni·O. Kltytceniho s.ignifica filho da On(;a� na minha N6s vivtnci.amos o m.iXJtnO que podcmos de nossa cultu<.t no cohd1ano. Faze·
lingua, oi.ite'. fulnHl t min ha mos nossos ca,..tos e-m ca� ou em grupo, cantamos pa,•
agradKer a chuva que
mbe, calu do ctu, fttamos noss , trncua materna, f azemos nos.sos •rt,wn.ntos, t0moo
arco t lled�. o court o bodoque, q,uc C' um a,co queato p('dr,s, t-nueouuas
pr.lt1cas. Opai1 ttm 1obJ1C.tt;�o de cnslnar tudo oq� wbe aofilho, e • m.lc tern
�mo e a aldel1 onde voei viw? a obr1ga.;.io de tns.nar cudo o que sabc i filha. O pat ens..n• tknic..as de ca(a,
AIUllrntnte, h' enrre 7.SOO e a mil tndtOS. N6s temes
pesca, ervas med1CIRl�. lmgu.1 materna, costumes ,�giososeoutros- J& a
duH i1ldtlas: a ou1icuri, qut f um�,_. rtligto50, ondc m�e ens11\a a 11.ngu. mattrn.a, ervas medic,nas, artes.tnato e muito ma,s.
nos fk,mos de sctcmbro J nowmbfo e ao qoal SO
os
tndtOS fulni-6 tern ecesso; eaoutr11, no pov�do, C> Voees .empre momam nas terras em que vivem
onde
passamos os outr0$ nove meses do ano e o homem bra.nco pode entrar, Nesta
aMlmente?
Antes da che,gad.a dos. bfancos ao Brasil, o indtO ja vivia ali. O povo fulni-6 e
aldeia n6s trabalhamos. es-tudamos e viwnciamos nossacuttura.
ori·
gin.irio de cinco etnaas. Todasviviam nessa me�a regtaO. Ao entrar em contato
C<>rnO voees �ram a e.itrar em contato C0111 o ho,rie,n com os b,ancos, � come<(.a,am a contrair doen�as que quas.e Mlerminaram
essas c.omullidAdH As11m, etas se 1untaram e ctiatam o pcwo fulni·6. Como as
btanco? 1radi�6e1 das ttni.u Him muito s.emclhantes, fize,•m isM> p,t<• que a cultur1
NOS ti Yemos qut tf\U¥cmcontatocom o homem br,nco po, ColUSi d.tsd•ficul· nJo H
dades d.t •limtnt�"° � fu�.o d� seca no Ncrdeste. Agu..s Bt-t.s e t0nstde·
'"'"'°•do
rada I tcua do m1lho, mas,t'm ralio das <oni�H s«.as, nOs n,o
conse1u1mos m.,1s pt,nt,, nNlhum dos dols. lsso JJ 1<onteu h.i mu1to tt'mPo.
perdnw.

Por is.so, mu11os ll'ld-os p,ftiu,am t'Sll.Jdar pMa ter tmP,tcO, constgu,r SO· Como mas term foram dadu a voch?
brevi�,. Mumo alllm, gr.andt perte da tnbo viw da <u4tu,.a, do
.arteunato.
NOS vamos para <tdldesde- todo o 6ras,I para l�ar es nossos <onhttimenlos,
Os lrld1os fuln•·O p.,rt<,p.ar-iim da Guerra do Par,1gua1 (ll&A 1870) 66 indios fo-
ram para a guerra. Oestes, s6 um retornou. Na epoca, os 1nd10S ped1ram que,
mostrar a noua lingu.1, nosso artesanato. Queremos que � pnson pelo sangue denamado. aquele ,oc:al Mo fosse tirado detes, ea pnncesa Isabel
s.1ibam
que no Nordeste ha indios quetem muita cultura.

(1846-1921) dtu a garantia das terras aos indt0s. E&fs ja enm donos, e isso foi

·-
O que es fndios podem en,inar, por exemplo? <Hfirmado.. Porem, c.omo o brnnc.o ti"ha um podet M fogo muito
Por mals que o 1ndto t� contato com o branco hofe, PARAIIA " rNtOr, c�u .J to mar essn tern,s. Com tSso. a Pohcia Federal,
a ptd,do do,. Kld•os e do presidentt da fu�• Fund� NKiona1
a
tcnha acesso tKnok>cli, ecs melos de transpon,, ele do fndio', fez um1 dtmarc�ao e constatou que e,ssas terras
alnda ttm as� cultu,a. NOS s,1mos da aldela mosu1n rtalmentc
do como t posSNfi tff mars ft'SpMo pcla naturea,
cu1 e,1m dos •ndios fulni-6. Mas 01ndJ temos lut,s const_a"tts para quc
•aua e ensin.ndocomo t1etralmos mnt�rtll ·pnma,
dar d.a -:,- osa,an.dei pt0p<1t'tfrios tntendam ,sso
como ,1 palha NOS tambf m tt'mos um grande conheci AlAOOA "'I
mento de erv.as mt<hctn.Jrs, que usJmos em nosso di.a a $lltG1Pl
Voci faz muilos trabalhos em e,colas. 0 que os alunos
dia. Explicamos sobreaservas medicinas do sertlo. Mui· podem e,perar desses enconlros?
tas pessoas ..c:ham qi.It' la nAo ha ervas medic1na1s, mas f: muito impon.ante ir �s es.colas para most.I-it� branco brasitciro

isso ni\o e ...erdade. usamos as ervas pa<a faze,chis que curam indisposi(;io, como ea cuttura incligena, que muitas vezes nao est.ai no seu dia a dia. Ha uma
dor de cabf(a, dOf de- bMriga, febre e varies outros tipos ck-��-'· Q\Jando lei b,asil,eira que obng:a 1odas as escolas a vivenci.ar a <Ultura inchgena. Como
nao conhecemosuma dof'n(.J, nos usamos .J medic.in.a do brainco. mu1tos professotes MO tfm mu11os conhe<,mentos sobte a lfadl(.k>
ind1gena. os prOprios ,nchos 11u1m como prnfessores, levando � cuttur.1 para
alunos de
Todo mundo qut mora na aldeia fala a lfngua todOOPill
mattma? S
Eu dlr11 Qut 30'>. '°"'d,s peuo,s Qut vlvem na ,� 5"° filanttt. Oent,o
da aldc1, h� escOUs bit neun, quc.! cnslnom Portu&uh t .1 nosu hngua, par,
retor.;aresse cont.ato com a lingua materna, para que n.k> s.e pet'U. H.I indios

Fonte: Jornal Joca, Edição 93, 21ª quinzena de abril/2017.

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• Coletiva: jornalistas de diversos veículos são convidados a
participar de uma entrevista em que geralmente é comunicado
um fato novo. Após o anúncio, os jornalistas podem fazer suas
perguntas. É chamada de coletiva de imprensa e é muito comum
no futebol, por exemplo, quando um jogador famoso troca de
time.

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texto Neles, as falas do(s) entrevistado(s)
aparecem entre aspas, no meio do texto.
corrido

Fonte: Jornal Joca, Edição 87, 2ª quinzena de novembro/2016.

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