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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE VETERINÁRIA
Colegiado de Pós-Graduação

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE E DA ESTABILIDADE


DE GGT URINÁRIO DE CÃES HÍGIDOS

Wagner Lima Araújo

Dissertação apresentada na Universidade Federal de Minas


Gerais como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Ciência Animal
Área: Medicina e Cirurgia Veterinárias
Orientador: Prof. Dr. Júlio César Cambraia Veado

Belo Horizonte
UFMG – Escola de Veterinária
2014

1
Ficha Catolográfica

2
3
AGRADECIMENTOS

Agradecimento a Deus pela saúde, oportunidades e iluminação para possibilitar trilhar esse caminho
em busca de conhecimento.

A minha família, minha mãe Marilda Inês Lima Araújo, meu pai Hamilton José de Araújo, pela
educação e oportunidades que proporcionaram alcançar vôos mais altos. Agradecimento e em especial
a minha amada vovó Amélia Leite, com sua simplicidade, carinho e sabedoria que sempre transmitia
ensinamentos fantásticos em nossas longas conversas.

A Daniela Barros Caus, minha esposa, companheira, amiga que acompanhou toda trajetória do
desenvolvimento do projeto, execução e conclusão. Ajudando diretamente na execução do experimento
e me dando forças para não desistir dos meus sonhos. Muito obrigado! Sua ajuda e carinho foram
determinantes para chegar até aqui.

A Rejane Aparecida Gomes de Oliveira, minha segunda mãe, que com seu imenso coração sempre me
incentivou nos meus estudos e na minha evolução como pessoa e profissional. Seu apoio sempre foi
mega importante.

A Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, pela oportunidade de proporcionar a


realização desse projeto. A Prof.ª Fabíola de Oliveira Paes Leme que ajudou com as idéias que foram a
base do meu projeto. A Luzete Ornelas Queiroz pela paciência, esclarecimentos e ajuda nas questões
burocráticas da pós-graduação.

Ao amigo Warley Gomes do Santos, que teve sua participação importantíssima na fase final desse
trabalho, ajudando nos fins de semana e nas suas folgas, possibilitando concluir esse trabalho no prazo.
Obrigado de coração!

Ao Prof. Júlio César Cambraia por ter depositado a confiança de me ter como orientado, entre tantos
candidatos.

Ao Prof. Marcos Xavier com sua tranquilidade e precisão nas palavras que muitas vezes em momentos
de conversa informal me ajudou a resolver problemas sérios através de soluções simples.

A empresa Bioclin pelo patrocínio com todos os kits necessários para a realização das análises
bioquímicas e hematológicas necessárias nesse projeto.

E a todos aqueles que diretamente ou indiretamente possibilitaram a conclusão desse trabalho.

4
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................................... 6
LISTA DE ANEXOS............................................................................................... 6
LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................ 6
RESUMO................................................................................................................. 7
ABSTRACT............................................................................................................. 8
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 9
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 9
2.1. Definição de insuficiência renal aguda....................................................................... 9
2.1.1. Injúria renal aguda pré-renal....................................................................................... 10
2.1.2. Injúria renal aguda intrínseca..................................................................................... 12
2.1.3. Injúria renal aguda pós-renal...................................................................................... 12
2.2.1. Injúrias Renais........................................................................................................... 12
2.2. Biomarcadores convencionais para detecção da insuficiência renal aguda............... 12
2.2.1. Creatinina.................................................................................................................. 12
2.2.2. Taxa de filtração glomerular...................................................................................... 13
2.2.3. Glicose.................................................................................................................. 13
2.3. Biomarcadores precoces da insuficiência renal aguda............................................... 13
2.3.1. Gama Glutamil Transferase................................................................................. 13
2.3.2. N-Acetil-β-D-lucosaminidase.................................................................................... 14
2.3.3. Cistatina C ................................................................................................................ 14
2.3.4. KIM-1................................................................................................................ 15
2.3.4. Interleucina-18.......................................................................................................... 15
2.3.5. Lipocaína Associada a GelatinaseNeutrofílica........................................................... 16
2.4. Métodos de mensuração da atividade de GGT urinário............................................. 17
3. OBJETIVOS.......................................................................................................... 17
4. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 18
4.1. Seleção dos animais e formação dos grupos experimentais....................................... 18
4.2. Realização de exames, coleta de material e envio para análises................................ 19
4.3. Análise das amostras de sangue................................................................................. 19
4.4. Análise das amostras de urina................................................................................... 20
5. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISE ESTATÍSTICA............... 21
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 21
6.1. Importância dos valores de normalidade da atividade do GGT urinário na rotina 21
clínica..................................................................................................................
6.2. Interferências nos níveis de atividade do GGT urinário............................................ 21
6.3. Resultado da atividade do GGT urinário de 60 cães hígidos..................................... 22
6.4. Resultados dos 3 métodos de conservação das amostras de urina.............................. 27
6.4.1 Resultados da atividade do GGT urinário utilizando o armazenamento em 27
temperatura de 20-30º C. ..........................................................................................
6.4.2. Resultados da atividade do GGT urinário utilizando o armazenamento em 28
temperatura de 2-8º C. .............................................................................................
6.4.3. Análise da atividade do GGT urinário utilizando o armazenamento em 30
temperatura de -20º C. .......................................................................................
7. CONCLUSÕES........................................................................................................ 32
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 32

5
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fluxograma de todas as etapas executadas no experimento................................. 11


Figura 2. Valores da atividade do GGT urinário sem o uso da fórmula de correção para
densidade 1,025 ............................................................................................. 18
Figura 3. Média e desvio padrão de valores da atividade do GGT urinário de 60 cães
hígidos de diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, sem o uso da 23
fórmula de correção para densidade 1,025............................................................
Figura 4. Média e desvio padrão de valores da atividade do GGT urinário de 60 cães 24
hígidos de diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, com o uso da
fórmula de correção para densidade 1,025........................................................
Figura 5. Correlação da densidade urinária com a atividade do GGT urinário de 60 cães
hígidos de diferentes idades, raças, pesos e ambos os 25
sexos...............................................................................................................
Figura 6. Distribuição dos valores de atividade de GGT urinário de acordo com o número
de amostras de 60 cães hígidos de diferentes idades, raças, pesos e ambos os 25
sexos, sem a correção para densidade 1,025......................................................
Figura 7. Distribuição dos valores de atividade de GGT urinário de acordo com o número
de amostras de 60 cães hígidos de diferentes idades, raças, pesos e ambos os 25
sexos, com a correção para densidade 1,025 ....................................................
Figura 8. Gráfico com a distribuição da atividade do GGT urinário em relação a densidade
urinária.. ................................................................................................... 26
Figura 9. Média e desvio padrão de valores da atividade do GGT urinário de 60 cães
hígidos de diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, das amostras 29
armazenadas em temperatura de 20-30ºC.
.......................................................................................................................
Figura 10. Média e desvio padrão de valores da atividade do GGT urinário de 60 cães
hígidos de diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, das amostras 30
armazenadas em temperatura de 2-8º C. .................................................
..............................................................................................................................
Figura 11 Média e desvio padrão de valores da atividade do GGT urinário de 60 cães
hígidos de diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, das amostras 31
armazenadas em temperatura de -20º C

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido......................................................... 36


Anexo 2. Ficha de Identificação, Anamnese e Exame Clínico................................................ 38
LISTA DE ABREVIATURAS

GGT Gama GlutamilTransferase NTA Necrose tubular aguda


IRA Injúria real aguda NGAL Lipocaína Associada à Gelatinase Neutrofílica
TFG Taxa de filtração glomerular DRC Doença renal crônica
NAG N-Acetil-β-d-glucosaminidase ELISA Enzyme-Linked Immunosorbent Assay
IL-18 Interleucina 18
6
RESUMO

Foram analisadas amostras de urina de 60 cães hígidos macho e fêmeas de diversas raças e pesos. Foram
mensurados os níveis de atividade de GGT urinário em amostras processadas em até 6 horas após a coleta,
para determinação de níveis de normalidade em cães hígidos, e estatisticamente concluiu-se que é mais
preciso a utilização desses valores encontrados corrigidos pela fórmula de correção para densidade urinária
1,025. Concomitamente foram avaliados três métodos de conservação de urina em temperaturas de -20º C,
2-8º C e 20-30º C, com tempos de armazenamento de 24, 48, 72 horas e 7 dias. Concluiu-se que o método
de armazenamento das amostras de urina em temperatura de 2-8º C é um método confiável de
armazenamento por até 7 dias, sem que haja alterações estatísticas nos valores encontrados nas análises das
amostras. Os métodos de conservação em temperaturas de -20º C e em temperaturas de 20-30º C
demonstraram-se inadequados para conservar amostras de urina para posterior mensuração de GGT urinário
devido as diferenças estatísticas nas médias ao longo do tempo.

Palavras-Chave: GGT urinário, marcador precoce de injúria renal, conservação amostra urina,
enzimúria.

7
ABSTRACT

Urine samples from 60 healthy male and female dogs of various breeds and weights were analyzed .
Activity levels of GGT in urine samples processed within 6 hours after collection , to determine normal
levels in healthy dogs were measured and statistically it was concluded that it is more accurate to use
these corrected values found by the formula of correction for density 1.025 . Concomitamente three
methods of preserving urine from -20 ° C , 2-8 ° C and 20-30 ° C , with storage times of 24 , 48, 72
hours and 7 days were evaluated . It was concluded that the method of storage of urine samples at 2-8
° C is a reliable method of storage for up to 7 days , with no statistical changes in the values found in
the analyzes of the samples . Preservation methods at temperatures of -20 ° C and at temperatures of
20-30 ° C proved inadequate to preserve urine samples for subsequent measurement of urinary GGT
due to statistics in the mean differences over time .

Keywords: Urinary GGT, an early marker of renal injury, urine sample conservation, enzymuria.

8
1. INTRODUÇÃO Palácio et al., 1997; Nelson e Couto, 2001;
Heiene et al., 2001; Veado et. al., 2003).
Devido à limitada sensibilidade dos
métodos disponíveis para o controle e Inúmeros trabalhos vêm sendo publicados
detecção dos danos renais agudos, as quanto a conservação e ao armazenamento
enzimas urinárias, como Gama Glutamil de amostras de soro (Magnusson e Holst,
Transferase (GGT), fosfatase alcalina, 1998). De acordo com alguns autores os
aminopeptidases e antígenos epiteliais dos mesmos analitos podem ter diferente
túbulos renais, vêm sendo estudados e estabilidade, quando se compara diferentes
avaliados como marcadores precoces da espécies animais e diferentes métodos de
nefrotoxicidade. As enzimas urinárias armazenamento (Lehninger, 1995).
podem dar informações sobre a progressão
da lesão renal, devido à variação de sua Mesmo que o ideal seja submeter amostras
atividade no curso da doença renal (Clemo, ao laboratório de análises dentro do prazo
1998; Melchert, 2007). máximo de 12 horas, isto nem sempre é
possível (Wittwer et al., 1986). Portanto, é
A GGT foi isolada e caracterizada por importante informar, tanto a melhor forma
Hanes e colaboradores no início da década de conservação da amostra, bem como o
de 50. Trata-se de uma glicoproteína de tempo até o seu processamento, sem
peso molecular que varia de 90 a 120 KDa, interferência nos resultados (Paes Leme et
e ocorre abundantemente nos órgãos de alta al., 2011).
capacidade de secreção ou absorção, como
fígado, pâncreas, intestino e rins, sendo que Estabelecer valores bioquímicos de
a sua maior atividade ocorre nas referência em amostras orgânicas, permite
microvilosidades das células do túbulo identificação de alterações funcionais do
proximal e alça de Henle, nos rins (Jung e indivíduo, contribuindo com o clínico para
Burchardt, 1992). diminuir suas incertezas, propiciando
conduta mais adequada de tratamento e
Concentrações elevadas em amostras de predição de prognóstico (Wallach et al.,
urina indicam lesões de células tubulares, o 2000).
que reflete tanto a sua maior liberação
quanto uma incapacidade de sua 2. REVISÃO DE LITERATURA
reabsorção. Essa informação é de grande
valia visto que, a sinalização de lesões do 2.1. Definição de insuficiência renal
parênquima renal, pode alterar a conduta do aguda
profissional, evitando a instalação de
insuficiência funcional renal. O que se Existem na literatura mais de 30 definições
observa normalmente é a elevação das de insuficiência renal aguda (IRA). A
concentrações de GGT, sem que as utilização de diferentes definições dificulta
concentrações de uréia e creatinina, a comparação de estudos, a análise da
importantes marcadores de função, estejam evolução desses pacientes, bem como, a
alteradas. Portanto, GGT urinário pode ser comparação de diferentes estratégias
um marcador útil na monitoração da terapêuticas e de tratamentos dialíticos.
descontinuidade de agressões e/ou das Recentemente uma rede internacional de
possíveis causas de lesões irreversíveis. A especialistas propôs uma nova definição e
GGT, junto a outras enzimas celulares, tem classificação de IRA, a fim de uniformizar
mostrado ser importante arma na prevenção este conceito para efeitos de estudos
de doenças crônicas irreversíveis de alguns clínicos e principalmente, prevenir e
órgãos (Uechi et al., 1994; Osborne, 1995; facilitar o diagnóstico desta síndrome, na

9
tentativa de diminuir a alta morbidade e sobrevida. A avaliação da função renal é a
mortalidade ainda encontrada nos dias chave para o diagnóstico, monitorização e
atuais (Yu et al., 2007). manejo das doenças renais, bem como para
o cálculo adequado de doses dos fármacos
A IRA é uma síndrome caracterizada por que são excretadas pelos rins (Stevens et
aumento abrupto da concentração sérica de al., 2006).
creatinina e uréia para valores acima do
normal (azotemia). Também pode estar 2.1.1. Injúria renal aguda pré-renal
associada a regulação anormal do equilíbrio
eletrolítico, acido básico e hídrico. Pode ser A IRA pré renal ocorre devido a queda da
muito prejudicial para a função renal ou taxa de filtração glomerular (TFG) devido a
sobrevivência do paciente se a resolução redução da perfusão renal, em que não
não ocorrer dentro de um curto período de tenha havido nenhum dano estrutural renal.
tempo. É consequência de alguma O sedimento urinário é tipicamente normal.
alteração, e de acordo com a origem, a IRA Nessa condição podem ocorrer diversos
pode ser classificada em pré-renal, renal (ou quadros:
intrínseca) ou pós-renal. O reconhecimento - Depleção de volume intravascular total,
precoce é crucial, pois ela é reversível em que pode ser secundário a:
pacientes onde o tratamento é instituído no - Hemorragia;
início. Sua persistência pode acarretar na - Perda renal de líquidos:
instalação de um quadro irreversível, que Diurese excessiva
pode gerar doença renal crônica, ou mesmo, Diurese osmótica
em muitos pacientes pode ser grave o Hipoaldesteronismo
suficiente para causar o óbito (Chew et al., Nefrite perdedora de sódio
2011). Diabetes insipidus
- Perda gastrointestinal de líquidos
Os mecanismos de IRA envolvem fatores Vômito
vasculares e tubulares, sendo que um Diarréia
insulto isquêmico ao rim será em geral o Drenagem por sonda
fator causador da IRA aqui discutidos. A nasogástrica
diminuição do fluxo sanguíneo renal com a - Perda de líquidos pela pele
diminuição do fornecimento de oxigênio e Queimaduras
de substrato para as células dos túbulos é - Perda de líquidos para 3º. Espaço
um importante fator que leva a disfunções e Peritonite
morte de células endoteliais e tubulares. Pancreatite
Deve-se lembrar que um aumento relativo Hipoalbuminemia
na demanda de oxigênio pelas células acentuada
tubulares também é um fator de isquemia (Schrier, 2008).
renal (Robert et al., 2004).

O estabelecimento de um diagnóstico
precoce é primordial para a instituição de
medidas que auxiliem na recuperação do
órgão, antes que o organismo desempenhe
mecanismos metabólicos adaptativos e
compensatórios, que culminem na
impossibilidade de reverter o quadro
patológico, comprometendo a qualidade de
vida do animal com redução da sua

10
Figura 1. Fluxograma das causas da injúria renal aguda pré-renal
Adaptado de Chew et al., 2011
LEC = Líquido Extra Circulatório

11
2.1.2. Insuficiência renal aguda renal ou alterações nos seus valores quando a
intrínseca insuficiência já está instalada, considerado
portanto, um marcador tardio. As elevações das
A IRA de origem renal refere-se à lesão no concentrações séricas e diminuição das
parênquima (glomérulos, túbulos ou interstício) concentrações urinárias demoram cerca de 4
do órgão, suficiente para causar significativa dias após o processo inicial da injúria. Além
diminuição da taxa de filtração glomerular, disto, não permite a diferenciação de injúria
com consequente aumento dos produtos glomerular ou injúria tubular (Barrak e
nitrogenados no sangue (Senior, 2005; Scott e Pressler, 2013).
Stockham, 2012). As causas mais comuns são
necrose tubular aguda, glomerulonefrite, lesão Atualmente a creatinina é utilizada como
arteriolar, nefrite intersticial aguda induzida por marcador sorológico padrão utilizado para
medicamentos, deposição intra-renal de detectar IRA. Sua análise é muito barata e a
sedimentos, embolização pelo colesterol, molécula mostra boa estabilidade química na
hemoglobinúria e mioglobinúria (Motta, 2009). rotina. No entanto, demonstra marcantes
limitações (Peres et al., 2013).
2.1.3. Insuficiência renal aguda pós-renal
A creatinina sérica, em geral, como parâmetro
Na insuficiência renal aguda pós-renal a causa de referência para avaliar a função renal, deve
inicial está distal aos néfrons, como processos ser considerada com cautela. Primeiramente,
obstrutivos do trato urinário, tais como pelo fato de que às concentrações de creatinina
urolitíase, cistite idiopátia e intersticial felina, variam amplamente conforme o sexo, idade,
neoplasia, hiperplasia prostática benigna e massa muscular, metabolismo muscular, peso
ruptura da bexiga (Scott e Stockham, 2012). corporal, situação nutricional e estado de
hidratação. Em segundo lugar, as concentrações
2.1.4. Injúrias renais séricas de creatinina não se alteram, até que
uma quantidade significativa da função renal já
Qualquer condição que cause uma agressão tenha sido perdida, quando já ocorreu lesão
glomerular, tubular ou do interstício renal é renal com redução de pelo menos 30% da TFG,
considerada uma injúria renal. As injúrias o que significa que a lesão renal já estava
podem ser discretas e não causarem qualquer presente ou ocorreu antes que a creatinina
dano ao parênquima renal. Entretanto, muitas sérica estivesse elevada. Em terceiro lugar, com
delas são a causa da instalação dos quadros de baixas taxas de filtração glomerular, a
insuficiência funcional. Quando detectada e quantidade da secreção tubular de creatinina
avaliado o grau da agressão, pode-se resulta em superestimação da função renal. Por
determinar a continuação de uma ação ou sua último, a capacidade dos rins para excretar a
interrupção. Identificar injúrias de forma creatinina é pouco previsível em cada
precoce é uma medida preventiva de alto valor indivíduo; também depende de alguns
clínico, considerada uma atitude de medicamentos interferindo no transporte da
renoproteção, procedimento muito desejado na creatinina tubular, como a cimetidina e
nefrologia moderna (Freitas et al., 2014). trimetoprim. Finalmente, durante a fase aguda,
com marcantes alterações na filtração
2.2. Biomarcadores convencionais para glomerular, a creatinina sérica não representa
detecção de insuficiência renal aguda precisamente a função renal até que um estado
de equilíbrio tenha sido alcançado, o que pode
2.2.1. Creatinina acontecer em vários dias. Em curto prazo, uréia
e creatinina sérica mostram baixa sensibilidade
A creatinina é um marcador de função renal e especificidade para a detecção de lesão renal
que identifica alteração de função excretora. (Sirota et. al., 2011; Urbschat et al., 2011).
Tem como característica identificar alteração
quando a quantidade de néfrons funcionais está
abaixo de 33 a 25%. Sendo assim, apresenta
12
2.2.2. Taxa de filtração glomerular 2.3.1. Gama Glutamil Transferase

Vários métodos para determinação da TFG A Gama Glutamil Transferase (GGT) foi
foram validados em cães. Métodos que isolada e caracterizada nos rins de humanos e
consistem na aplicação intravenosa de animais. É uma glicoproteína de peso
substâncias exógenas, seguidas de mensuração molecular de 90 a 120kDa, dependendo da
sérica dessas substâncias, após determinado técnica de isolamento utilizada. A molécula
intervalo de tempo, permitem avaliar a taxa em isolada de vários tecidos do organismo possue a
que os rins eliminam uma determinada mesma massa e mesma atividade catalisadora,
substância. Para utilizar este método as diferenciando-se apenas pelos pontos
substâncias devem possuir excreção isoelétricos. Nos rins é onde ocorre com maior
exclusivamente por filtração glomerular, sem atividade e está localizada nas microvilosidades
que haja qualquer reabsorção tubular. Métodos do túbulo proximal e alça de Henle onde é
que avaliam a depuração plasmática em relação liberada na urina através da desintegração
a depuração urinária são mais complicados de fisiológica ou patológica das células tubulares
realizar por exigir coleta de toda urina (Jung e Burchardt, 1992).
produzida em um período de 24 horas. Em
humanos a TFG pode ser estimada através de Os rins excretam enzimas urinárias que podem
fórmulas a partir da creatinina sérica, mas não se tornar importantes marcadores de injúria e se
são precisas para o uso com cães devido ao mostram sinalizadores sensíveis e precoces
maior número de variações individuais como a para a mensuração da integridade das células
de raça e peso (Pressler, 2013). tubulares renais. A detecção de enzimas
liberadas durante a lesão tem sido estudada
2.2.3 Glicose para avaliar a lesão aguda em muitos estudos
clínicos e experimentais. Como a maior parte
Toda a glicose é reabsorvida nos túbulos do GGT de origem renal está localizada nas
proximais por co-transporte de glicose com microvilosidades do epitélio do túbulo
sódio. Quando a concentração sanguínea proximal, o aumento da concentração destas
excede a capacidade de reabsorção dos túbulos enzimas na urina indica lesão epitelial tubular
proximais (180mg/dl), a glicose é excretada na (Melo et al., 2006).
urina (Freitas et al., 2014).
A GGT, devido o seu peso molecular, é uma
Alterações dos túbulos proximais, como enzima grande o suficiente para não ser filtrada
necrose tubular aguda (NTA), pielonefrite, através do glomérulo, e portanto sua presença
síndrome de Fanconi ou glicosúria renal na urina reflete a eliminação a partir das
primária podem levar à glicosúria microvilosidades das células tubulares do
normoglicêmica (Reine e Langston, 2005; túbulo proximal (Waldrop, 2008).
Freitas et al., 2014)
Em estudos conduzidos com cães expostos a
2.3. Biomarcadores precoces da insuficiência várias drogas potencialmente nefrotóxicas, foi
renal aguda possível realizar a correlação entre excreção de
GGT na urina e manifestações morfológicas de
Os biomarcadores precoces da IRA são na injúria renal. Nas fotos de microscopia
verdade indicadores precoces de injúria renal, eletrônica tiradas de biópsias renais dos cães
já que possibilitam a detecção de agressões aos estudados foi possível verificar a perda das
rins antes mesmo da ocorrência de alterações microvilosidades na célula do túbulo proximal
funcionais de filtração, excreção e reabsorção (Jung e Burchardt, 1992).
de solutos (Freitas et al., 2014).
Monitorando os valores de atividade urinária do
GGT pode-se identificar de maneira precoce,
uma IRA, que pode ocorrer 4 dias depois de

13
significativas alterações nos valores da O aumento da excreção urinária de NAG foi
atividade dessa enzima (Melo et al., 2006). relatado na doença renal aguda de várias
etiologias, induzida por agentes tóxicos, após a
Em mulheres grávidas foi observado que a cirurgia cardíaca e após o transplante renal
atividade de algumas enzimas urinárias como o (Melnikov et al., 2001).
N-acetyl-beta-D-glucosaminidase (NAG) e
alanina aminopeptidase (AAP), podem sofrer No entanto, a utilização de NAG permanece
alterações significativas durante a gestação, limitada pelo fato de que a excreção urinária da
sendo que a NAG pode sofrer variações de enzima é também elevada em doenças tais
atividade durante o dia, o que os tornam menos como nefropatia diabética, hipertireoidismo e
confiáveis para detecção de IRA em mulheres doenças reumáticas (Melnikov et al.,
grávidas. A GGT urinária não apresenta 2001;Katagiri et al., 2012; Peres et al., 2013).
variações estatísticas na sua atividade quando
mensurada em amostras de mulheres grávidas 2.3.3. Cistatina C
hígidas (Jacob e Balasubramaniam, 2006).
A cistatina C é um inibidor de protease de
Assim como ocorre com outras enzimas e cisteína, sintetizada por todas as células
solutos da urina, recomenda-se que seja nucleadas no corpo. É filtrada livremente pelo
utilizado uma proporção de GGT urinária em glomérulo, reabsorvida completamente e
relação a creatinina urinária (Waldrop, 2008). portanto em condições de normalidade não é
secretada. A excreção urinária da proteína
Pode-se também utilizar a correção da atividade cistatina C de baixo peso molecular, que é um
de GGT urinária utilizando-se o cálculo que marcador endógeno de disfunção renal, se
utiliza a densidade urinária 1,025 como fator correlaciona com a gravidade da lesão tubular
de correção para o fluxo urinário de uma única aguda. Como os níveis sanguíneos de cistatina
amostra, tal que X = Y.25/Z, em que X é C não são significativamente afetados pela
atividade da GGT urinária calculada; Y é a idade, sexo, raça, ou massa muscular geral, é
atividade da GGT urinária da amostra e Z um marcador para a estimativa da função
corresponde aos últimos dois dígitos da glomerular em pacientes caquéticos ou no
densidade urinária da amostra (DESCHEPPER início da IRA, em que a creatinina sérica
et al.,1989 e FONSECA et al., 2012). poderia subestimar a verdadeira função renal.
No entanto, a cistatina C é mais um marcador
2.3.2. N-Acetil-β-D-Glucosaminidase da TFG, em vez de um biomarcador de injúria
renal aguda primária (Herget-Rosenthal et al.,
A N-Acetil-β-d-glucosaminidase (NAG) é uma 2004; Urbschat et al., 2011).
enzima lisossômica encontrada
predominantemente em túbulos proximais, Estudos prospectivos demonstram que o
sendo que o aumento da atividade desta enzima aumento da cistatina C precede
na urina sugere lesão de células tubulares e, significativamente o aumento dos níveis de
portanto, pode servir como um marcador creatinina em um ou dois dias. Diversos
urinário específico para essas células tubulares. estudos demonstraram a superioridade da
Devido a seu elevado peso molecular, a cistatina C em comparação com a creatinina
filtração da enzima é impedida nos glomérulos. sérica, principalmente para detectar pequenas
No decurso da doença renal ativa, níveis de alterações na redução da TFG. Os custos para a
NAG permanecem persistentemente elevados. análise ainda são considerados elevados, o que
O aumento na atividade urinária da NAG indica limita o seu uso na prática clínica, e alguns
danos nas células tubulares, embora também fatores como disfunções tireoidianas,
possa refletir o aumento da atividade lisossomal obesidade, uso de corticosteróides e
sem danos celulares (Katagiri et al., 2012; inflamação, podem interferir nos seus níveis
Peres et al., 2013). séricos (Peres et al., 2012).

14
2.3.4. KIM-1 liberação desta citocina ativa e pró-
inflamatória, a chamada pró-IL-18, o P2X7, e a
A KIM-1 é uma glicoproteína transmembrana cisteína protease intracelular caspase-1, a qual
do tipo um, com um domínio de converte a pró-forma da IL-18 na sua forma
imunoglobulina e mucina que não é detectável ativa, o que, em seguida, sai da célula tubular
em tecido renal normal ou urina, mas é para o lúmen e aumenta seus níveis urinários na
expresso em níveis muito elevados em células IRA (Uchino et al., 2005).
diferenciadas do epitélio tubular proximal renal
após lesão isquêmica ou tóxica. O KIM-1 foi Em um estudo em seres humanos com várias
encontrado marcadamente aumentado após 24- doenças renais, os níveis urinários de IL-18
48h no túbulo proximal do rim pós-isquêmico foram significativamente maiores e tinham uma
do rato. Uma forma solúvel de KIM-1 humana sensibilidade e especificidade elevadas para o
pode ser detectada na urina de pacientes com diagnóstico de necrose tubular aguda, em
necrose tubular aguda e pode servir como um comparação com infecção urinária, doença
biomarcador útil na lesão tubular proximal renal crônica (DRC) e função renal normal
renal, facilitando o diagnóstico precoce da entre indivíduos saudáveis e indivíduos
doença e servindo como um diagnóstico controle. A IL-18 pode servir como um
diferencial da lesão renal (Ichimura et al., marcador para lesão tubular proximal em
2008). necrose tubular aguda (NTA). Além disso,
estava significativamente elevada antes do
Além disso, alta expressão urinária de KIM-1 aumento da creatinina sérica em pacientes com
foi avaliada prospectivamente em uma amostra insuficiência respiratória aguda/síndrome da
de 201 pacientes humanos hospitalizados com angústia respiratória que desenvolveram IRA,
lesão renal aguda e também foi associada com prevendo mortalidade no período de ventilação
o resultado clínico adverso (morte e mecânica (Ichimura et al., 2008).
necessidade de diálise) em pacientes com lesão
renal aguda. Embora o gene KIM-1 ou a Concentrações precoces de IL-18 na urina
expressão da proteína seja indetectável no rim correlacionam-se com a gravidade da lesão
normal, após lesão o ácido ribonucléico renal aguda, bem como com a mortalidade. No
mensageiro KIM-1 é rapidamente sintetizado e entanto, em análise prospectiva, a IL-18 não
a proteína gerada é localizada em altos níveis demonstrou capacidade de prever o posterior
na membrana apical do túbulo proximal. Em desenvolvimento da IRA. Considerando-se a
humanos com IRA isquêmica e tóxica, a IL-18 ser uma citocina pró-inflamatória que
proteína KIM-1 é encontrada em todos os três desempenha um papel importante na sepse,
segmentos do túbulo proximal. Há um número concentrações de IL-18 podem também ser
de características que poderiam torná-lo um influenciadas por um número de variáveis
atraente biomarcador de lesão renal, tais como: coexistentes, tais como endotoxemia, doenças
ausência de expressão KIM-1 no rim normal, a inflamatórias e doenças autoimunes. Níveis de
sua marcada expressão aumentada e a inserção IL-18 aumentam em vários estados
na membrana apical do túbulo proximal e a sua fisiopatológicos como artrite inflamatória,
persistência na célula epitelial até que a célula doenças inflamatórias do intestino, lúpus
se recupere completamente (Sirota et al., 2011; eritematoso sistêmico, psoríase, hepatite e
Urbschat et al., 2011). esclerose múltipla. Assim, esta citocina parece
ser um biomarcador candidato na definição de
2.3.5. Interleucina-18 IRA, mas suas propriedades pró-inflamatórias e
seus níveis elevados na doença inflamatória
A interleucina-18 (IL-18) é uma citocina pró- podem limitar a sua aplicação em termos de
inflamatória que é constitutivamente expressa sensibilidade e especificidade (Urbschat et al.,
nas células intercaladas do túbulo contorcido 2011).
distal e do túbulo coletor no rim humano
saudável. Além disso, essas células contêm três
componentes principais necessários para a
15
2.3.6. Lipocaína Associada a Gelatinase entanto, uma gama de valores preditivos da
Neutrofílica NGAL para doenças renais agudas têm sido
relatados por meio de estudos de coorte
A Lipocaína Associada à Gelatinase observacionais. Os estudos de revisão
Neutrofílica (NGAL) é uma glicoproteína da sistemática e meta-análise para esclarecer o
família lipocalina, de 25 Kdaltons e é composta valor preditivo da NGAL para o diagnóstico
de oito cadeias beta que formam um β-barril precoce de lesão renal aguda envolveram dados
fechado num cálice. É expressa em baixos gerais e uma variedade de subgrupos de
níveis em vários tecidos humanos, incluindo pacientes com IRA. Também foi investigado o
pulmão, estômago, cólon e células epiteliais valor preditivo da NGAL no plasma/soro e na
localizadas no túbulo proximal. Foi identificada urina, aplicado tanto em crianças quanto em
como uma das mais rápidas proteínas formadas adultos. O desempenho da NGAL foi melhor
por expressão aumentada de genes na fase quando a padronização laboratorial foi
precoce do rim pós-isquêmico em modelo realizada com uma concentração de NGAL >
animal utilizando ratos, sendo detectada na 150 ng/ mL, considerada como anormal.
primeira amostra de urina dentro de 2h após Finalmente, o nível de NGAL tem valor
isquemia e exibe níveis aumentados prognóstico para os desfechos clínicos, tais
correlacionados com a duração da isquemia. como início da terapia de substituição renal e
Além disso, foi detectável na urina de ratos mortalidade. Na literatura, diferentes definições
com nefrotoxicidade induzida pela cisplatina. de IRA e vários horários de medição da NGAL
Uma meta-análise de dados de 19 estudos, têm sido utilizados para avaliar o real valor
incluindo 2500 pacientes de estudos preditivo na injúria renal (Cullen et al., 2012).
observacionais, foi realizada para estimar o
diagnóstico e prognóstico preciso da NGAL e O desempenho de biomarcadores para IRA é
seu valor na IRA. A população, que incluía modificado pelos métodos de determinação
adultos e crianças foi estudada em uma utilizados e pelas características da população
variedade de condições. A IRA mais de pacientes estudados. A maioria dos
frequentemente investigada foi após cirurgia resultados da NGAL descrita na literatura, têm
cardíaca, seguida por IRA em pacientes sido obtidos por meio de pesquisas baseadas
criticamente doentes e depois expostos aos em ensaios com o método de ELISA, as quais
meios de contraste para angiografia coronariana não são práticos no ambiente clínico. A
(Haase et al., 2009). implantação global da padronização de valores
laboratoriais é altamente promissora para uma
A NGAL foi encontrada como um preditor útil interpretação mais uniforme dos resultados. De
na fase precoce da IRA, que funcionou bem fato, diferentes níveis de corte para NGAL
com amostras de urina ou plasma. Além disso, urinária foram descritos (mais de 10 µg, mais
o nível de NGAL teve valor prognóstico para de 60 µg, e mais de 100 µg) para identificar
desfechos clínicos, como a necessidade de pacientes que irão potencialmente desenvolver
diálise e na mortalidade. Infelizmente, a grande IRA (Schiffl et al., 2012).
produção extra-renal em resposta ao estresse
sistêmico pode aumentar a sua excreção Existem algumas limitações para o valor da
urinária na ausência de IRA, bem como, pode NGAL como um preditor de doença renal
aumentar na DRC e não apenas na aguda, o que aguda e sua gravidade. Os níveis de NGAL
pode confundir sua interpretação (Urbschat et parecem ser mais sensíveis e específicos na
al., 2011). previsão de IRA em estudos de pacientes
homogêneos, com uma única doença aguda,
Dos vários novos biomarcadores renais facilmente identificável e com previsíveis
recentemente caracterizados, a NGAL recebeu insultos nefrotóxicos, tais como a circulação
o maior interesse. Esse interesse tem extracorpórea ou contraste intravenoso. A
aumentado com o advento de rápidas centrais NGAL parece ser menos sensível e específica
de laboratórios e de técnicas de medição da em estudos com causas multifatoriais para IRA.
NGAL padronizadas na prática clínica. No Também não está claro se níveis da NGAL
16
podem diferenciar causas potencialmente 2.4. Métodos de mensuração da atividade de
reversíveis de IRA, por exemplo, diferenciar GGT urinário
uma azotemia pré-renal de uma lesão mais
grave nos rins. Os níveis da NGAL parecem A coleta de urina para exames laboratoriais e o
prever IRA em crianças com melhor precisão método simples de análise laboratorial para
do que em adultos, que compõem a grande mensuração da atividade do GGT urinário,
maioria dos pacientes com IRA. Os níveis aliados a um custo relativamente pequeno,
plasmáticos de NGAL também são maiores em tornam esse método uma boa escolha de
pacientes com DRC subjacente e, na maioria diagnóstico precoce da IRA (Jacob e
das pesquisas clínicas, a NGAL exclui os Balasubramaniam, 2006).
pacientes com DRC da análise. Esta exclusão é
uma questão de confusão, porque DRC é um Amostras de urina armazenadas em
importante fator de risco para IRA, temperatura de 4 oC. na ausência de
particularmente no ambiente de cuidados contaminação bacteriana, mantiveram estáveis
intensivos. Em estudo prospectivo de mais de os níveis de atividade de GGT por 2 semanas
25.000 pacientes com lesão renal aguda, mais mas foi observado ligeira queda na atividade de
de 30% tinham DRC subjacente (Uchino et al., 2-3 UI/L durante as primeiras 24 horas (Beck e
2005; Shemin et al., 2011). Sammons, 1975; Veado, 2003; Paes Leme et
al., (2011).
Os níveis basais de NGAL plasmática são
maiores em pacientes com neoplasias malignas Em temperaturas ambiente as amostras de urina
e infecções bacterianas sistêmicas e estes mantiveram a atividade do GGT estáveis, mas
podem ser fatores de confusão. Os níveis da houve a diminuição da atividade quando
NGAL urinária podem também estar elevados congelado (Kramer e Hoffmann, 1997, Veado,
em infecções do trato urinário, em modelos 2003; Paes Leme, 2011).
utilizando a NGAL para diagnosticar infecções
precoces do trato urinário, na ausência de IRA. 3 – OBJETIVO
Finalmente, a maioria dos estudos com a
NGAL fez uso de pesquisas laboratoriais • Avaliar o intervalo dos valores de
baseadas em ensaios imunoenzimáticos normalidade do GGT na urina de cães hígidos;
(ELISA) com tempo de resposta variável e
potencialmente longa (Shemin et al., 2011). • Avaliar a estabilidade de amostras de urina
em 3 diferentes temperaturas e em diferentes
NGAL é agora reconhecido como um tempos de armazenamento de 24, 48, 72 horas e
biomarcador útil e precisa de lesão renal aguda 7 dias, avaliando a atividade do GGT urinário
em seres humanos (Sirota et al. , 2011 e em cada uma das condições.
Urbschat et al. , 2011).
• Avaliar o efeito e importânciada fórmula de
correção da atividade do GGT urinário para
Também tem se mostrado altamente preciso
densidade urinária 1,025.
para detectar a IRA e inflamação em modelos
animais (Ichino et al., 2009).

Recentemente, NGAL demonstrou ser um


biomarcador sensível na detecção da IRA em
cães submetidos a diferentes tipos de cirurgias
e experimentalmente num modelo canino
submetido a nefrotoxicidade com gentamicina
(Lee et al., 2012 e Kai et al., 2013).

17
4 – MATERIAL E MÉTODOS castrados, com pesos de 2,8 Kg a 47 Kg,
provenientes de tutores particulares e de grupos
4.1. Seleção dos animais e formação dos de apoio a cães abandonados da região
grupos experimentais metropolitana de Belo Horizonte (Figura 2).

Foram selecionados 60 cães hígidos (Canis


familiaris) com idade de 3 meses há 15 anos de
idade, clinicamente saudáveis, de diferentes
raças, machos e fêmeas, castrados ou não

Figura 2. Fluxograma de todas as etapas executadas no experimento

Os 60 cães incluídos no estudo preencheram


todos os pré-requisitos estabelecidos, a partir de Os critérios para inclusão dos animais foram:
um questionário de anamnese (Anexo 2) e
realização de exames clínicos e laboratoriais. • Residir na região metropolitana de Belo
Os responsáveis pelos cães assinaram, após a Horizonte.
devida orientação um termo de consentimento
Livre e Esclarecidos (Anexo 1) • Não estar gestante ou lactante.

18
• Estar clinicamente hígido no momento 25x0,7 mm1, realizado a flebotomia na veia
do exame clínico e coleta de amostras jugular, após a antissepsia prévia com álcool
de sangue e urina. 70%. Os animais estavam com jejum alimentar
de 8 horas e as amostras foram acondicionadas
• Não ter sido submetido ao uso de em tubos contendo EDTA2 e tubo sem
medicações potencialmente anticoagulante3.
nefrotóxicas como anfotericina B e
aminoglicosídeos ou a contrastes Foram realizados exames séricos de
radiológicos intravenosos nos últimos 4 hemograma, proteína total, albumina, uréia,
meses. creatinina, fósforo, GGT.

• Ter concentrações séricas de uréia, As amostras de sangue foram identificadas logo


creatinina, GGT, fósforo, proteínas após a coleta e os tubos contendo EDTA foram
totais e frações e potássio dentro dos refrigerados imediatamente (entre 2 a 8 graus
intervalos de referência. C.) após a coleta, e amostras sem
anticoagulante foram refrigeradas após
• Não apresentar alterações sofrerem coagulação e retração do coágulo,
hematológicas classificadas como juntamente com as demais amostras. As
patológicas. mesmas foram analisadas em até 6 horas após a
coleta.
• Não apresentar alterações no exame de
urina rotina classificadas como A coleta de urina para exames se deu por
patológicas. cistocentese (guiado por ultrassom4) utilizando-
se seringa de 10ml com agulha 25x0,7mm5,
• Apresentar relação proteína/creatinina após prévia antissepsia com álcool 70% e
urinária menor ou igual a 0,25. acondicionados em frasco coletor6 identificado
e refrigerado imediatamente após a coleta (2 a 8
Os animais que não atenderam a todos os o
C) e analisadas no laboratório em prazo
requisitos necessários foram excluídos do máximo de até 6 horas após a coleta.
projeto.
Utilizou-se um transdutor linear na frequência
4.2. Realização de exames, coleta de material de 9 Mhz no equipamento de ultrassom que
e envio para análises auxiliou no procedimento de cistocentese.

Após a realização de anamnese para triagem, os 4.3. Análise das amostras de sangue
cães do experimento foram submetidos a exame
físico completo. As amostras de sangue em tubo contendo
EDTA foram homogenizadas durante 15
No exame físico foram mensurados a minutos e analisados no equipamento de
temperatura retal, frequência respiratória, citometria de fluxo7 com contagem diferencial
pulso, tempo de preenchimento capilar, turgor em esfregaço sanguíneo corado com panótico8.
cutâneo, avaliação de coloração de mucosas
gengivais e conjuntivais, tamanho de Amostras dos tubos sem anticoagulante foram
linfonodos examináveis, palpação abdominal, submetidas a centrifugação a 3800 rpm durante
inspeção geral da pele e ausculta cardíaca e 10 minutos e logo após separado o soro que foi
pulmonar (Stephen e Sherding, 1998). acondicionado individualmente em eppendorf
devidamente identificados.
Após todos os exames físicos os animais foram
pesados e preparados para coleta de material Os exames bioquímicos foram realizados no
para exames laboratoriais. analisador bioquímico semi-automático9
utilizando-se os reagentes para semi-
As amostras de sangue foram coletadas automação10.
utilizando-se seringa de 5 ml com agulha de
19
1
SeringaPlastipak 5ml com agulha, BD de tempo fixo e para determinação de proteínas
2
TuboVac EDTA 2ml, Labor Import totais urinárias utilizou-se Bioprot U/LCR
3
4
Tubo Vac Ativador de Coágulo 4ml, Labor Import K108 16 método colorimétrico “vermelho de
Ultrassom Toshiba Powervision 6000 (SSA-370), pirogalol”.
Toshiba Medical Systems Corporation
5
SeringaPlastipak 10ml com agulha, BD
6 11
Frasco coletor de urina, Plast Labor Refratômetro manual, Biobrix
7 12
Analizador hematológico Bioclin 2800Vet, Fitas para uroanáliseCombur Test, Roche
BioclinQuibasa 13
8
Centrifuga Excelsa 206, Fanem
Kit corante panótico rápido InstantProv, Newprov 14
Reagente bioquímico Bioclin, Quibasa
9
Analizadorbioquímico semi-automático BA-88, 15
Reagente bioquímico Bioclin, Quibasa
BioclinQuibasa 16
Reagente bioquímico Bioclin, Quibasa
10
Reagentes para bioquímica Bioclin Quibasa
Durante as análises bioquímicas, todas as
amostras foram homogenizadas após adicionar
o reagente para o teste bioquímico durante 5
segundos imediatamente antes de serem
analisadas no equipamento de bioquímica semi-
automático.

4.4. Análise das amostras de urina

As amostras de urina foram homogenizadas e


logo em seguida mensurada a densidade
urinária em equipamento de refratometria11 e
realizado o teste com fitas reagentes para
uroanálise12. Os volumes restantes das amostras
foram centrifugados em centrífuga de
macrotubos13 durante 10 minutos a 2850 PRM,
em tubos cônicos, onde separou-se o
sobrenadante ficando o sedimento com
quantidade aproximada de 0,3 mL. Para o
exame microscópico foram utilizadas alíquotas
de 10µL do sedimento, entre lâmina
microscópica e lamínula de 20 x 20 mm, com
contagem média de cinco campos aleatórios,
sem o emprego de corantes específicos para
identificação dos elementos figurados da urina.
O sobrenadante foi utilizado para as
determinações bioquímicas no equipamento de
semi-automação.

Para determinação dos valores da atividade do


GGT urinário utilizou-se o reagente Gama GT
Cinético K080 14, para equipamento de
bioquímica, que utiliza o método cinético
(Szasz Modificado) com linearidade de até 400
mg/dl em comprimento de onda 405 nm.

Para determinação dos valores de creatinina


urinária utilizou-se o reagente Creatinina
Cinética K067 15 método colorimétrico cinético

20
4.5. Delineamento Experimental e Análise mercado, é uma importante ferramenta para
Estatística utilização na rotina clínica na clínica
veterinária.
Os dados de mensuração dos níveis de
atividade do GGT urinário foram analisados Segundo Wallach et al. (2000), para ser
pela análise de variância (ANOVA), com teste utilizado como método de detecção precoce da
pós-ANOVA, utilizando teste de Tukey (p < injúria renal é necessário estabelecer valores de
0,05) para pareamento. referência bioquímicos, pois eles servirão como
parâmetros para avaliar as alterações funcionais
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO do indivíduo, e com isso contribuir com o
clínico diminuindo suas incertezas e
5.1. Importância dos valores de normalidade propiciando a conduta mais adequada de
da atividade do GGT urinário na rotina tratamento e predição de prognóstico. Mas na
clínica avaliação dos trabalhos previamente publicados
em que pesquisadores estudaram os níveis
Trabalhos recentes confirmam a importância do basais de GGT urinário em cães, houve uma
diagnóstico precoce da IRA e início do variedade de resultados obtidos o que motivou
tratamento, pois são vitais, uma vez que 50% a realização desse trabalho.
dos pacientes acometidos por essa condição
podem vir a óbito, além de ser a principal causa Segundo Deschepper (1989) o intervalo de
de insuficiência renal crônica (Freitas et al., normalidade do GGT urinário são de 13-92
2014). Mais relevante ainda são as avaliações UI/L os resultados encontrados nos trabalhos
que identificam de forma precoce uma agressão realizados por Matsuoka (1995) foram de ıX
ao parênquima renal, com potencial para 19,4 UI/L ± 10,3.
ocasionarem insuficiência funcional.
5.2. Interferências na atividade do GGT
Os exames séricos adequados para a detecção urinário
inicial da IRA são uréia e creatinina, entretanto,
suas concentrações séricas mantém-se na faixa A mensuração da atividade do GGT urinário
de normalidade até que mais de 66% dos pode sofrer diversas interferências nos seus
néfrons passem a ter suas funções resultados, por isso é de extrema importância a
comprometidas, ou seja, trata-se de um eliminação desses fatores que podem causar
marcador específico, mas de baixa alterações importantes nos resultados.
sensibilidade para diagnóstico da IRA,
caracterizando como marcador tardio (Freitas et Observou-se que presença de atividade
al., 2014). bacteriana na amostra de urina é um importante
interferente nos valores da atividade da enzima
Segundo Jung e Burchardt (1992), em estudos estudada, segundo Beck e Sammons (1975), a
conduzidos com cães expostos a várias drogas presença dessa atividade bacteriana pode causar
potencialmente nefrotóxicas, foi possível a diminuição da atividade do GGT na amostra
realizar a correlação entre excreção de GGT na de urina analisada. Para evitar esse tipo de
urina e manifestações morfológicas de injúria interferência no experimento desse trabalho,
renal. Nas fotos de microscopia eletrônica todas as amostras de urina foram centrifugadas
tiradas de biópsias renais dos cães estudados é e logo em seguida tiveram os seus respectivos
possível verificar a perda das microvilosidades sedimentos analisados em microscopia ótica
na célula do túbulo proximal. para excluir a presença de contaminação
bacteriana, que poderia ser decorrente de uma
Corroborando Melo (2006), sendo a infecção do trato urinário do animal estudado
mensuração da atividade do GGT urinário um ou durante a coleta. Como cuidado adicional
método não invasivo, de fácil coleta de optou-se pela coleta das amostras por
amostras para análise e com kits para cistocentese para diminuir a contaminação da
mensuração disponíveis a custo acessível no flora que está presente nos órgãos genitais e
21
uretra, o que poderia acontecer nas coletas 5.3. Resultado da atividade do GGT urinário
realizadas por micção natural ou por coleta com de 60 cães hígidos
sonda uretral.
Os resultados das análises da atividade do GGT
A densidade urinária é um importante fator que urinário de 60 cães hígidos foram processadas
pode alterar os valores do GGT urinário, pois em até 6 horas após a coleta e os resultados
conforme Scott e Stockham (2012), a densidade obtidos sofreram análises estatísticas e
urinária é uma estimativa precisa da aplicação da fórmula de correção para
concentração de solutos na urina, portanto a sua densidade urinária 1,025.
variação é acompanhada de alteração na
concentração de todos os solutos diluídos na A fórmula utilizada define a densidade urinária
urina, tendo por consequência a influência 1,025 como fator de correção para o fluxo
direta nos valores de atividade do GGT urinário de uma única amostra, X = Y . 25 /
urinário. Z conforme Deschepper et al. (1989) e Fonseca
et al. (2012).
O método empregado para corrigir a
interferência dos valores de densidade urinária Foi observado que os valores da atividade do
nesse trabalho foi a utilização da fórmula GGT urinário das amostras obtidas sem o uso
proposta por Deschepper (1989). A fórmula da fórmula de correção pela densidade urinária
utilizada define a densidade urinária 1,025 diferem estatisticamente do GGT corrigido por
como fator de correção para o fluxo urinário de essa mesma fórmula, com p<0,01 pelo teste T.
uma única amostra, padronizando assim os
resultados de todas as amostras do Os valores médios e desvio padrão das
experimento. mensurações dos valores de GGT urinário sem
correção Xı 29,93UI/L ± 7,99 e valores da
Uma das condições para que as cadelas ı 20,22
atividade do GGT urinário corrigido X
participassem desse experimento era não UI/L ± 5,87.
estarem gestantes, pois segundo Jung e
Burchardt (1992) a gestação é um importante Os resultados encontrados sem o uso da
fator que pode interferir nos resultados dos fórmula de correção para densidade urinária
níveis de atividade do GGT na urina. Essa 1,025 são próximos dos valores encontrados
variação fisiológica se deve a hipertrofia e ou por Matsuoka (1995) que foram de ıX 19,4 ±
hiperplasia dos néfrons, que variam para se 10,3 UI/L e por Sobreira et al. (2011) que
adaptar a condição da gestação, voltando a sua obteve valores médios e desvio padrão de X ı
normalidade após a gestação sem 25,03 UI/L ± 9,25, mas diferem dos resultados
complicações. obtidos por Deschepper (1989) que descreve o
intervalo de normalidade da atividade do GGT
Conforme Heiene (2001) existem alterações urinário com valores entre 13-92 UI/L.
nos valores da atividade do GGT urinário ao
longo do dia, mas não são estatisticamente Observa-se que quando aplicada a fórmula de
significativas, mas para efeito de padronização correção os desvios padrão dos valores de
e facilitar a rotina laboratorial, as amostras de atividade do GGT urinário são menores se
urina do experimento foram coletadas sempre comparados com os valores obtidos nas
entre as 8:00 e 12:00 horas. mesmas amostras estudadas, mas sem a
aplicação da fórmula de correção da densidade
Nesse trabalho através de análises estatísticas urinária para 1,025, conforme demonstrado nas
observou-se que o peso, idade ou sexo não figuras 3 e 4.
influenciaram nos resultados da atividade do
GGT urinário, o que pode ser observado na
distribuição uniforme dos resultados.

22
Figura 3. Média e desvio padrão de valores da atividade do GGT urinário de 60 cães hígidos de
diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, sem o uso da fórmula de correção para densidade
1,025.

Figura 4. Média e desvio padrão de valores da atividade do GGT urinário de 60 cães hígidos de
diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, com o uso da fórmula de correção para densidade
1,025.
23
Existem outros métodos para corrigir os valores do reflexo acurado da concentração de soluto
de atividade da GGT urinária, mas neste na urina. A osmolalidade pode ser expressa em
experimento optou-se pelo uso da fórmula de osmol de partículas do soluto por quilograma
correção para densidade 1,025 já que além de do solvente (osmol/kg) ou em mol de soluto
ser uma alternativa confiável ela é mais simples por quilograma de solvente (mol/kg), enquanto
de ser aplicada, pois envolve apenas correção que a densidade urinária é uma relação sem
matemática enquanto o método utilizando a unidade.
relação entre o GGT urinário e creatinina
urinária exige uma análise bioquímica Após tratamento dos dados desse experimento,
adicional, influenciando no tempo de observa-se uma correlação positiva entre a
determinação e custo. atividade da GGT urinária das amostras com a
densidade urinária com p < 0,01 pelo teste de
Nas descrições de Scott e Stockham (2012), nas correlação de Pearson (r=0,51), demonstrada na
amostras urinárias estudadas há uma adequada figura 5 o que confirma as afirmações de Scott
correlação linear entre osmolalidade e e Stockham (2012).
densidade urinária, sendo esta uma estimativa

Figura 5. Correlação da densidade urinária com a atividade do GGT urinário de 60 cães hígidos de
diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos.

24
A distribuição dos valores de atividade de GGT GGT urinário conforme as figuras 6 e 7, o que
urinário conforme os histogramas demonstram demonstra que os valores de atividade do GGT
que aplicando a fórmula de correção para urinário corrigido padroniza em um intervalo
densidade 1,025 nas amostras, temos uma menor de valores grande parte dos resultados
maior concentração dos valores da atividade do analisados.

Figura 6. Distribuição dos valores de atividade de GGT urinário de acordo com o número de amostras
de 60 cães hígidos de diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, sem a correção para densidade
1,025.

Figura 7. Distribuição dos valores de atividade de GGT urinário de acordo com o número de amostras
de 60 cães hígidos de diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, com a correção para densidade
1,025.
25
Os animais do experimento apresentaram os ı 1,038 ±
obtiveram média e desvio padrão X
valores de densidade urinária dentro do padrão 0,012, demonstrado na figura 8.
estabelecido para cães de 1,025 a 1,050 e

Figura 8. Gráfico com a distribuição da atividade do GGT urinário em relação a densidade urinária.

26
4.4. Resultado dos 3 métodos de conservação procedimentos especiais, de modo a facilitar a
das amostras de urina sua aplicação na rotina clínica.

No presente trabalho os resultados da atividade 4.4.1 Resultados da atividade do GGT


do GGT urinário foram obtidos em até 6 horas urinário utilizando o armazenamento em
após a coleta, mas na rotina clínica nem sempre temperatura de 20-30º C.
é possível submeter as amostras ao laboratório
de análises dentro do prazo máximo de 12 Para este procedimento respeitou-se o
horas, como é recomendado por Wittwer et al. protocolo de armazenar as amostras sem
(1986), portanto é imprescindível predizer a temperatura que variava de 20-30º C, ao abrigo
melhor forma de conservação da amostra até o de luz solar, acondicionadas em recipientes
seu processamento sem interferência nos individualizados, no total de 4 para cada
resultados conforme recomenda Paes Leme et amostra,e realização das análises bioquímicas
al., (2011). nos tempos de 24, 48, 72 horas e 7 dias. Os
valores encontrados foram analisados
Existem vários métodos descritos para estatisticamente e observou-se que houve uma
conservação das amostras de urina, mas grande instabilidade nos valores mínimos e máximos
parte deles envolvem o uso de soluções ao logo dos dias, aumento no desvio padrão e
conservantes e procedimentos de diálise em gel diminuição dos valores médios encontrados,
que dificultam o seu emprego, além de terem conforme figura 9.
um grande risco de serem fatores que possam
interferir nos resultados das análises Essas alterações são justificadas por Jung e
bioquímicas posteriormente devido alguma Grützmann (1992), já que as amostras de urina
imperícia por parte do profissional que venha a destinadas a análise da atividade do GGT não
coletar e processar a amostra de urina para uma devem ficar mais do que 3 horas a temperatura
melhor conservação. De posse dessas de 20-30º C após a coleta, sob pena de perda da
informações os métodos de conservação estabilidade do GGT, ocasionando diminuição
utilizados nesse experimento foram os que dos valores encontrados, como ocorreu nas
utilizam apenas a conservação em diferentes amostras analisadas que foram armazenadas
temperaturas, sem uso de aditivos e ou nesse método.

27
Figura 9. Média e desvio padrão de valores da atividade do GGT urinário de 60 cães hígidos de
diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, das amostras armazenadas em temperatura de 20-
30ºC.

Foram encontradas diferenças estatísticas entre armazenamento até 7 dias, conforme a figura
as médias avaliadas pelo ANOVA seguido de 10.
teste de Tukey demonstradas na figura 10.

Sendo a diferença mais significativa a que


ocorreu entre a primeira mensuração,
considerada o valor de controle e o valor da
mensuração em 24 horas de armazenamento.

4.4.2. Resultados da atividade do GGT


urinário utilizando o armazenamento em
temperatura de 2-8º C.

Para este procedimento respeitou-se o


protocolo de armazenar as amostras em
temperatura que variava de 2-8º C.,
acondicionadas em recipientes
individualizados, no total de 4 para cada
amostra, e realização das análises bioquímicas
nos tempos de 24, 48, 72 horas e 7 dias. Os
valores encontrados foram analisados
estatisticamente e observou-se que não houve
alteração nos valores da atividade do GGT
urinário conforme aumentava o tempo de
28
.
Figura 10. Média e desvio padrão de valores da atividade do GGT urinário de 60 cães hígidos de
diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, das amostras armazenadas em temperatura de 2-8º C.

29
Não foram encontradas diferenças estatísticas 4.4.3. A análise da atividade do GGT
entre as médias da atividade do GGT urinário urinário utilizando o armazenamento em
de amostras armazenadas em temperatura de 2- temperatura de -20º C.
8º C. avaliadas pelo ANOVA seguido de teste
de Tukey . A análise estatística dos resultados das
amostras conservadas na temperatura de -20º C.
O estudo realizado por Heiene et al. (2001) demonstra que houve uma diminuição dos
encontrou resultados contraditórios com os valores da atividade do GGT urinário conforme
observados nesse trabalho. Heiene descreve que aumentava o tempo de armazenamento
houve a diminuição de 5-15 UI/L da atividade conforme a figura 11.
do GGT urinário armazenado em condições
semelhantes, mas faz a observação que as Na literatura vários autores como Paes Leme et
amostras de urina estavam sob a posse dos al. (2011), Heiene (2001) e Jung et al.(1992)
proprietários dos animais estudados e portanto foram unânimes ao afirmar que em seus
poderia haver diferenças de temperatura de experimentos que observaram uma diminuição
armazenamento, devido as amostras estarem significativa da atividade do GGT urinário nas
armazenadas em ambiente menos controlado, o amostras armazenadas a -20º C.
que pode justificar os resultados contraditórios
com esse trabalho.A informação de que as Esse método de conservação pode ser adequado
amostras conservadas em temperatura de 2 a desde que a amostra seja preparada
8oC apresentavam estabilidade por um período previamente por meio de filtração em gel com
igual a 10 dias, já havia sido descrita em um adição de albumina, ou etileno-glicol, podendo
ensaio realizado por Veado et al. (2003). permanecer estável por até um período de 12
Segundo Paes Leme et al. (2011) em seu estudo meses, conforme descrito por Jung et al.
com amostras provenientes de 30 cães, (1992).
observou-se resultados semelhantes aos desse
trabalho, onde as amostras armazenadas sob Na ausência da preparação prévia da amostra
refrigeração de 2-8ºC. mantiveram-se estáveis de urina para o armazenamento na temperatura
por 7 dias sem alterações de suas médias de -20ºC. ocorre a desestabilização do GGT
conforme análise estatísticas. durante o processo de descongelamento
momentos antes da realização da análise
Esta importante informação permite que o bioquímica, o que justifica a diminuição
clínico possa realizar este exame, mesmo que, a acentuada dos valores de atividade nas
análise não possa ser realizada em momento amostras armazenadas por esse método
próximo da coleta, como em finais de semana conforme descrito por Beck e Sammons (1975).
onde os laboratórios de análise, normalmente,
não funcionam, permitindo resultados Foram encontradas diferenças estatísticas entre
confiáveis desde seja observado o as médias avaliadas pelo ANOVA seguido de
armazenamento adequado em temperaturas de teste de Tukey.
2-8ºC. até que a amostra possa ser processada .

30
Figura 11. Média e desvio padrão de valores da atividade do GGT urinário de 60 cães hígidos de
diferentes idades, raças, pesos e ambos os sexos, das amostras armazenadas em temperatura de -20º C.

31
5. CONCLUSÕES Glutamil Transfenferase Urinária Como
Meio Auxiliar de Diagnóstico e Prognóstico
Com base nos resultados obtidos da análise de Nefropatias. CONGRESSO
do gama glutamil transferase (GGT) urinário BRASILEIRO DE MEDICINA
de 60 cães hígidos de diferentes idades, raças VETERINÁRIA, 38, Florianápolis, 2011.
e sexos, pode-se concluir que: Disponível em: <
http://www.sovergs.com.br/site/38conbravet/r
• os valores de normalidade, com valor médio esumos/977.pdf>. Acesso em: 8 de abril de
e desvio padrão, da atividade do GGT 2014
urinário de cães hígidos com a correção para
densidade 1,025 é de Xı 20,22 UI/L ± 5,87 CULLEN M. R.; MURRAY P. T.;
FITZGIBBON M. C. Establishment of a
• a utilização da fórmula de correção da reference interval for urinary neutrophil
densidade urinária para 1,025, diminui a gelatinaseassociated lipocalin. Annals of
interferência da variação da densidade Clinical Biochemistry, v.3, p.49-190, 2012.
urinária da amostra avaliada.
DESCHEPPER J.; DECOCK, I.; CAPIAU E.
• há correlação positiva entre a densidade Urinary gamma-glutamyl transferase and the
urinária e a atividade do GGT urinário: degree of renal dysfunction in 75 bitches with
quanto maior o valor da densidade maior o pyometra. Research in Veterinary Science,
valor do resultado da análise do GGT. v.46, n. 3, p. 396-400, 1989.

DHARNIDHARKA V. R.; KWON C.;


• o método de conservação utilizando a STEVENS G. Serum cystatin C is superior to
temperatura de 2-8º C. demonstrou-se serum creatinine as a marker of kidney
adequado para conservação da amostra até 7 function: A meta-analysis. American Journal
dias, sem que haja diferenças estatísticas nos of Kidney Diseases, v. 40.n. 2, p.221-226.
valores da atividade do GGT urinário nas 2002.
amostras conservadas por esse método.
FONSECA L. A., TON A., COSTA F. S. et
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6. REFERÊNCIAS Ciência Animal Brasileira, v.13, n.3, 2012.
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Diretriz: Insuficiência Renal Aguda. Jornal
Brasileiro de Nefrologia, v.29, diretriz 1,
número 0, 2007.

35
ANEXO 1

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Título do Projeto:
“Avaliação dos valores de normalidade dos níveis de GGT urinário em cães hígidos e avaliação da
conservação da amostra de urina armazenados em temperatura ambiente, a 2 a 8º C. e a -20 C., para
posterior análise dos níveis de GGT urinário”
Nome do (a) Professor (a) Responsável:
Prof. Dr. Júlio César Cambraia Veado.
Nome dos (as) demais participantes:
Mestrando Wagner Lima Araújo (CRMV-MG 7212).
Descrição do Projeto:
Serão selecionados 60 cães com peso de 1 a 40 Kg, idade de 2 meses a 15 anos, de raças variadas,
oriundos de canis e atendimento clínico do médico veterinário Wagner Lima Araújo – CRMV-MG
7212.

Os proprietários serão orientados pessoalmente que serão apenas coletadas amostras de sangue e
urina nos cães, não havendo acompanhamento clínico posterior, vinculado com a autorização da
coleta de amostras para exames.
Que a coleta das amostras não causam alterações clínicas e ou laboratoriais nos animais, já que
serão coletadas com técnicas assépticas e em volume adequado.

As amostras serão analisadas inicialmente para verificar se existem alterações laboratoriais que
impeçam que os cães sejam incluídos no experimento.
Aqueles que tiverem a condição de hígidos, terão as amostras de urina avaliadas para mensurar o
GGT urinário, o que após análise estatística poderá se determinar um intervalo de valores de
normalidade para esse enzima urinária.
Aleatóriamente dentro da amostra dos 60 cães considerados hígidos, serão selecionados amostras de
10 cães que terão as amostras de urina analisadas com 3 métodos de conservação diferentes,
refrigeração de 2 a 8 oC., congelamento a -20 oC. e a temperatura de 20-30º C. com mensuração da
atividade do GGT urinário nos tempos, 24, 48, 72 horas e 7 dias de armazenamento..
Após análises estatísticas serão avaliados entre os três métodos de conservação o mais adequado
para a amostra estudada, e os valores de normalidade da atividade do GGT urinário em cães hígidos

Aquiescência/Consentimento livre e esclarecido

Eu Sr (Sra)______________________, portador(a) do RG:__________________,


CPF:_______________ ___, residente e domiciliado(a) na___________________, Bairro:
________________, Cidade:_________________, MG, CEP: ______________, neste ato oferto a
participação de meu (s) animal (is)da espécie canina de nome ____________raça____________,
sexo________, idade___________, para participar(rem) deste projeto.

36
De acordo com o que me foi esclarecido, minha participação neste projeto é voluntária, não
havendo nenhum custo a mim conferido, portanto, não existe remuneração ou vínculo
empregatício, e poderei me recusar a participar e retirar meu animal do estudo sem prejuízo ou
justificativa a qualquer momento.
Fui informado que não existe risco associado ao tratamento, sendo que qualquer enfermidade
ocorrida durante a pesquisa não é de responsabilidade da equipe, uma vez que os procedimentos
adotados não estão associados a qualquer dano a saúde. Assim a equipe de trabalho fica isenta da
obrigação de tratamento de enfermidade no (s) animal (is) durante o estudo.
Ao participar deste estudo permitirei que o (a) médico (a) veterinário (a) colete sangue, urina,
realize exame de imagem (ultrassonografia abdominal) e faça avaliação clínica, ficando os
resultados dos exames obtidos à minha disposição. Também fico ciente que serão coletados dados
sobre meu animal e a sua criação.
A participação neste projeto não traz complicações legais. Os procedimentos adotados neste
projeto obedecem aos Princípios Éticos na Experimentação Animal segundo o Colégio Brasileiro
de Experimentação Animal (COBEA) e à Lei Federal 11794, de 08 de outubro de 2008.
Todas as informações coletadas neste estudo serão utilizadas apenas para fins acadêmicos.

____________________________________________
Assinatura do (a) Proprietário (a)

____________________________________________
Wagner Lima Araújo (Mestrando)

____________________________________________
Júlio César Cambraia Veado (Orientador)

Belo Horizonte, _____de_____________de 2013.

37
ANEXO 2

Ficha de Identificação, Anamnese e Exame Clínico

Data:

Dados do(a) Proprietário(a)

Nome:
Rua/Avenida: Bairro:
Cidade: Estado: CEP:
Telefones:
E-mail:

Dados do Animal

Nome:
Sexo: ( ) Macho ( ) Fêmea
Raça: Pelagem:
Data de Nascimento: Peso:

Tipo de moradia: ( ) Casa ( ) Apartamento ( ) Abrigo ( ) Sítio


Tem contactantes: ( ) Não ( ) Sim - Quantos? ___
Apetite: ( ) Normal ( ) Mais do que o normal ( ) Diminuído ( ) Não Come ( ) Não Sabe
Está comendo por vontade própria? ( ) Sim ( ) Não sabe ( ) Não
Tipo de alimentação: ( ) Ração seca ( ) Ração Úmida ( ) Comida Caseira
Ingestão de Água: ( ) Normal ( ) Mais do que o normal ( ) Não Sabe ( ) Não ingere
Vômito: ( ) Não ( ) Sim ( ) Esporádico ( ) Diariamente ( ) Várias vezes ao dia
Micção: ( ) 1 a 2 vezes ao dia ( ) 3 ou mais vezes ao dia ( ) Pouca quantidade várias vezes
Urina: ( ) Amarela ( ) Transparente ( ) Vermelha ( ) Marrom ( ) Não sabe
Coloração das fezes: ( ) Normal ( )Não Sabe ( ) Escurecida
Consistência das fezes: ( ) Normal ( ) Muito Secas ( ) Pastosa ( ) Líquida

38
Data das últimas vacinações: Óctupla __/__/__
Antirábica __/__/__
Contra Leishmaniose __/__/__
Contra Traqueobronquite __/__/__
Data da última vermifugação: __/__/__
Data do último laudo de exame de Leishmaniose __/__/__ ( ) Positivo ( ) Negativo
Outras informações que julgue importante:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

Hidratação:( ) Normal ( ) Desidratação <5% ( ) Desidratação 5-10% ( ) Desidratação > 10%


Mucosas: ( )Normal ( ) Hipocorada ( ) Ictérica ( ) Cianótica ( ) Hiperêmica
Linfonodos: ( ) Normais ( ) Aumentados Quais: __________________________
Frequência respiratória: ( ) Normal ( ) Taquipnéia ( ) Bradipnéia
Ausculta cardíaca: ( ) Normal ( ) Sopro / Grau: ______
Pressão arterial sistólica: _____ mm/Hg Pressão arterial diastólica: _____
Auscultatoráxica: ( ) Normal ( ) Estertor Descrever: ______________
Narinas: ( ) Normais ( ) Secreção ( ) Ressecadas
Olhos: ( ) Normais ( ) Secreção ocular ( ) Secreções ( ) Úlceras ( ) Outros: _________
Boca:( ) Normais ( ) Alterações Quais: _____________________
Ouvidos:( ) Normais ( ) Alterações Quais: _____________________
Pele:( ) Normais ( ) Alterações Quais: _____________________
Abdômem:( ) Normais ( ) Alterações Quais: _____________________
Genito-urinário: ( ) Normais ( ) Alterações Quais: _____________________
Mamas: ( ) Normais ( ) Tumor Quais: __________________________
Membros: ( ) Normais ( ) Alterações Quais: _____________________
SNC: ( ) Normal ( ) Alterações Quais: _________________________

39

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