Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Capítulo I. Conceitos
mecânico-quânticos
De facto, é habitual dizer-se que a luz proveniente do Sol é luz branca. Contudo, no
século XVII, Isaac Newton observou que esta luz branca resulta da combinação de
diferentes cores.
seguida são as cores anil, azul, verde, amarela, alaranjada e vermelha. As cores que
formam uma luz branca são chamadas de espectro da luz.
Newton também verificou que colocando o prisma invertido, era possível obter luz
policromática a partir de luzes monocromáticas de uma só cor.
Desta forma, Newton conseguiu explicar um fenómeno natural que há muito deixava as
pessoas intrigadas – o arco-íris.
O arco-íris forma-se quando um raio de luz branca atravessa uma gota de água,
deixando ver todas as cores que o constituem. As cores presentes num raio de luz
branca são as indicadas em seguida:
Pode-se notar que não há intervalos entre as cores, mas sim variações de tonalidade
até que apareça a “nova” cor definida. Por este motivo, o espectro da luz branca é dito
contínuo ou discreto.
Das cores apresentadas na figura 4, há três que são fundamentais e que combinadas
permitem obter todas as outras. São elas o Vermelho, o Verde e o Azul. Tal como é
possível ver no esquema abaixo.
A cor de um objecto resulta da cor da luz que este consegue reflectir. A luz que o
objecto é capaz de reflectir depende: (a) do material de que é feito o objecto; (b) da cor
da luz que ilumina o objecto.
Por exemplo, uma rosa vermelha consegue absorver todas as cores excepto o
vermelho, que reflecte. Quando olhamos para a rosa a luz captada pelos nossos olhos
é vermelha pois é a única que a rosa está a reflectir. Para objectos de outras cores, a
conclusão é semelhante.
Os objectos brancos não absorvem nenhuma cor, reflectem todas as cores - o branco
resulta de uma mistura de todas as cores. Os objectos pretos absorvem todas as cores,
não reflectem nenhuma - o preto é a ausência de cor.
Os objectos brancos reenviam todas as cores Os objectos pretos não reenviam nenhuma
da luz branca. das cores da luz branca.
Quando um composto metálico é aquecido numa chama, arde, dando a esta uma cor
particular e específica para cada substância. A radiação emitida durante o teste da
chama é apenas parte do processo. O átomo emite uma vasta gama de radiações
diferentes, quando é aquecido, mas só algumas são visíveis. As outras frequências de
radiação são detectadas por um espectroscópio (ao ser colocado diante das chamas
coloridas) que regista o espectro de emissão atómica. É a impressão digital de um
átomo.
Estudos experimentais com soluções aquosas de (a) sulfato de cobre, (b) dicromato de
potássio e (c) clorofila permitiram a obtenção dos seguintes resultados:
vermelho, laranja,
amarelo, verde
Clorofila verde
vermelho, laranja,
amarelo, verde,
Luz Solar branco azul, anil, violeta.
Quadro 1.1. Cores do espectro absorvido pelas soluções de CuSO4, K2Cr2O7 e de clorofila em
comparação ao espectro da luz solar.
NaCl
amarelo
amarelo
(cloreto de intenso
sódio)
PbNO3
azul - verde, azul, anil,
(Nitrato de branco violeta
Chumbo)
Fe vermelho, laranja,
faíscas
verde, azul, anil,
laranja
(Ferro em Pó) violeta
Gás Propano
vermelho, laranja,
(chama do azul verde, azul, anil e
bico de violeta
Bunsen)
vermelho, laranja,
Lâmpada
branco amarelo, verde,
Incandescente
azul, anil, violeta.
Quadro 1.2. Cores do espectro emitido pelas substâncias: cloreto de sódio, nitrato de chumbo, ferro em
pó, sulfato de cobre, gás propano e uma lâmpada incandescente em comparação ao espectro da luz
solar.
- Nos espectros de absorção, é a sobreposição das cores não absorvidas que confere
a cor das soluções;
- Nos espectros de emissão, é a sobreposição das cores emitidas que confere a cor
das chamas;
A teoria da luz como onda electromagnética foi proposta em 1970 pelo físico James
Clerk Maxwell. Nesta teoria a electricidade, o magnetismo e a luz regem-se pelas
mesmas leis e estão associados a campos electromagnéticos, cuja intensidade varia
periodicamente no tempo e no espaço.
Fig. 1.9. Difracção e interferência (fenómenos que caracterizam a luz como onda)
Então ele observou na tela C uma figura de interferência formada por franjas brilhantes
coloridas (interferência construtiva) alternadas por franjas escuras (interferência
destrutiva). O padrão de faixas de faixas de luz projectado na tela é chamado franjas
de interferência.
-O tamanho das fendas está relacionado com a definição das franjas. Quando as
fendas aumentam temos franjas menos definidas e quando diminuem, mais definidas.
- Período (T) é intervalo de tempo que é necessário para que um ponto vibrante
percorra um ciclo completo, que é o mesmo tempo que um ponto qualquer da onda
demora para oscilação (vai e vem) completa e que é o mesmo tempo que a fonte
demora para gerar uma onda completa.
Se o período T estiver em segundos (s) a freqüência estará em hertz (Hz), que significa
ciclos por segundo, ou seja:
1
(1.1)
T
Exemplo: Se a frequência de uma onda for de 60Hz, isto significa que a fonte ou
qualquer ponto desta onda oscila 60 vezes em cada segundo.
. c (1.2)
É comum se referir à zona visível do espectro, pois é nela que se incluem as radiações
para as quais o olho humano possui a capacidade de traduzir a sua recepção por
sensações específicas a que chama cores.
Pela teoria electromagnética da luz seria de esperar que a troca de energia entre a luz
e a matéria se fizesse por gamas contínuas de valores de energia, uma vez que a luz
mostra uma gama contínua de radiações electromagnéticas. Mas a natureza mostra
que não é assim. Um fenómeno concreto em que tal não acontece é a emissão de
radiação pelo chamado “corpo negro”.
Um “corpo negro” é um corpo que absorve toda a radiação que nele incide – daí essa
denominação – e que, quando aquecido emite integralmente a energia anteriormente
recebida sob a forma de luz. É, portanto, um emissor perfeito.
Sendo um emissor perfeito, seria de esperar que o seu espectro de emissão fosse
contínuo. Mas não é isso o que acontece. No espectro de emissão do “corpo negro”
faltam radiações: ele emite toda a energia recebida mas só sob a forma de radiações
electromagnéticas de determinadas frequências.
Para explicar este comportamento do “corpo negro” o físico alemão Max Planck, em
1900, avançou a ideia de que a radiação electromagnética (e, portanto, a luz)
quando interage com a matéria troca com esta quantidades de energia ou
pacotes de energia bem quantificados a que ele chamou quanta.
Planck verificou ainda que essas quantidades de energia radiadas pelo “corpo negro”
eram directamente proporcionais às frequências das radiações emitidas e estabeleceu
a seguinte equação:
E h. (1.3)
Em 1905, portanto há cem anos atrás, Einstein publicou cinco artigos bastante
revolucionários, dentre estes, um explicando a natureza da luz com o título “Sobre um
ponto de vista heurístico a respeito da produção e transformação da luz”. Neste artigo
ele se apossa do conceito de quanta, proposto por Planck, e diz:
“...na propagação de um raio de luz emitido por uma fonte puntiforme, a energia não é
continuamente distribuída sobre volumes cada vez maiores de espaço, mas consiste
em um número finito de quanta de energia, localizados em pontos do espaço que se
movem sem se dividir e que podem ser absorvidos ou gerados somente como
unidades integrais”.
Em decorrência deste trabalho ele ganhou o prêmio Nobel de 1921 e, a partir de 1926,
esses quanta passaram a ser denominados de fotões.
Onde: E fotão h
Eremoção h o em que o - frequência limiar ou frequência mínima para
remoção do electrão
Ecinética 2 meve em que: me - massa do electrão e; ve - velocidade do electrão
1 2
450 a.C. - DEMÓCRITO, filósofo grego, afirma ser toda a matéria constituída de
partículas denominadas átomos (sentido dado a este termo: indivisível).
1678 - CHRISTIAN HUYGENS postula que a luz se move, agindo como as ondas na
água.
1684 - Sir ISAAC NEWTON define a matéria como sendo formada por "partículas
sólidas, maciças e impenetráveis", com tamanhos definidos, as quais combinam-se de
diferentes maneiras para formar as substâncias.
1687 - SIR ISAAC NEWTON desenvolve a "teoria corpuscular da luz". A luz, então,
seria o resultado de "corpúsculos luminosos", ou "partículas, que produzem ondas".
Estas são vistas como luz.
1873 - CLERK MAXWEL argumenta a favor da "existência de fortes razões para que se
conclua que a luz, em si, é uma manifestação eletromagnética".
1885 - J. J. BALMER descobre uma relação regular entre as frequências das linhas do
hidrogénio atómico na região visível do espectro. Os números de onda são dados
por
12 12
2 n1
Onde 109677,681cm 1 é a constante de Rydberg e n 3,4,5,... .
Outras séries do hidrogénio (Lyman, Balmer, Prashen, Brackett e Pfund) foram
descobertas posteriormente e obedeciam à fórmula mais geral:
12 12 (1.5)
n2 n1
1905 - ALBERT EINSTEIN, em sua explanação sobre o efeito fotoelétrico, propõe que
a luz teria, ao mesmo tempo, propriedades de partícula e de onda.
1907 - ARTHUR CONWAY propôs que um único electrão produz uma única linha
espectral por vez. Sugeriu que apenas um electrão em um átomo está num “estado
anormal” pode produzir vibrações de frequência específica.
valores dos termos de Ritz, porém falhou ao não compreender a ideia de Conway, de
que apenas um electrão estivesse envolvido.
Estavam assim criadas as condições para que em 1913 Niels Bohr apresentasse o
modelo que explicaria os espectros atómicos.
5. O momento angular é L n( h ) n
2 , onde é um número inteiro.
nh
mvr (1.7)
2
O inteiro n é chamado número quântico principal.
O electrão é mantido na sua órbita pela força electrostática que o atrai para o núcleo.
Ze2
Tendo o núcleo uma carga Ze , essa força é de acordo com a Lei de Coulomb.
4 o r 2
mv 2
Para um estado estacionário, ela deve ser compensada pela força centrífuga .
r
Desta forma:
Ze2 mv 2 Ze2
r (1.8)
4 o r 2 r 4 o mv 2
Então, da equação (1.6)
n h2 2
r o (1.9)
me2 Z
No caso do hidrogénio, Z=1 e a menor órbita seria aquela com n=1, que deveria ter um
raio
h2
ao o 5,292 1011 m 0,05292nm
me2
Esse ao é chamado raio da primeira órbita de Bohr. Com a equação (1.9) Bohr pôde
demonstrar que a série de Balmer provinha de transições entre uma órbita com n=2 e
órbitas externas. E assim também se demonstraram as outras (veja-se Fig. 1.17).
Os níveis de energia são calculados tendo em conta que a energia total em qualquer
estado é a soma das energias cinética e potencial.
mv 2 Ze2
E Ek E p
2 4 o r
Da equação (1.8)
Ze2 Ze2 Ze2
E
4 o r 8 o r 8 o r
Notar que a energia potencial é o dobro da energia cinética e de sinal contrário. Esse
resultado será verdadeiro no equilíbrio, para qualquer sistema de forças centrais, isto é,
dependentes somente da distância entre dois centros. Assim, da equação (1.9):
me4 Z 2
E (1.10)
8 2 h 2 n 2
o
Substituindo os valores das constantes universais obtém-se:
Z2
E 2,179 1018. Joules
n2
Energia nula ∞
8,60 1020 J
O
19
1,36 10 J N
2,42 1019 J M
5,45 1019 J
L
2,18 1018 J K
Fig. 1.18. Valores de energia associados aos diferentes níveis do átomo
de hidrogénio
energia suficiente para se separar do núcleo (ou seja, que leva o electrão até ao nível
infinito onde a energia é nula) e o átomo fica ionizado.
Os físicos tiveram que aceitar a dualidade das ondas luminosas, considerando-as, sob
determinadas condições, como fotões de energia E h e quantidade de movimento
hv
linear p (c = velocidade da luz). Agora pode-se perguntar: seria possível que o
c
oposto fosse correto? ou seja que as partículas se comportassem como ondas?
p mv (1.11)
hv
Porém, sabe-se que a quantidade de movimento linear de um fotão é dada por p
c
e também que: . c ; portanto:
h
p (1.12)
De Broglie estabelecia que a equação (1.12) era geral e podia aplicar-se tanto a
partículas (electrões) como a fotões. Logo de (1.11) e (1.12) deduz-se que:
h
(1.13)
mv
mo
na qual m e a massa relativística: m
1 ( vc ) 2
Heisenberg ilustrou este princípio com uma “experiência ideal” para estudar o
movimento de uma partícula. Imaginou que fosse possível utilizar um equipamento
capaz de disparar um único electrão numa câmara completamente evacuada (vácuo
perfeito, sem uma única molécula de ar) e utilizar uma fonte luminosa capaz de emitir
fotões de qualquer comprimento de onda e em qualquer número, inclusive emitir um
único fotão.
h
x.v (1.14)
m
x.p h (1.15)
Nesta leitura não cabe tratar em detalhe da solução da equação de Schrödinger, e por
isso simplesmente se faz a apresentação da sua forma independente do tempo que
mais utilidade tem para os químicos, pelo facto de esta equação e suas soluções
darem a máxima informação que pode ser obtida de um sistema atômico.
2 2 2 8 2 m
(E U ) 0 (1. 16)
x 2 y 2 z 2 2
h
8 2 m
2
(E U ) 0 (1. 17)
h2
Hˆ E (1. 18)
2
P( x) ( x) dx (1. 19)
continuidade é útil pois impõe que não lugares em que não haja probabilidade de se
encontrar o electrão.
A fechar:
As ideias de De Broglie, seguidas por Heisenberg, Schrödinger, Born Jordan, Dirac
etc., abrem caminho para uma compreensão do mundo do átomo.
Com efeito, o objetivo básico da mecânica quântica é utilizar as ideias ondulatória e
corpuscular de forma tal que se possa estudar quantitativamente os fenômenos
atômicos, evitando utilizar modelos específicos para estes fenómenos.
Cabe pensar, então, que devem ser estabelecidas diferenças entre a física do mundo
macroscópico (Física Clássica) e a física do mundo microscópico (Física quântica)?
Obviamente, isto não é correto: a Física é uma só e a mecânica quântica é o
instrumento mais adequado para perscrutar os mistérios da natureza, a mecânica de
Newton, de acordo com Beiser, "não é senão uma versão aproximada da mecânica
quântica". Outros, não concordam com tal afirmação.
1.5.Exercícios
1. Faz-se incidir sucessivamente sobre um alvo que é de cor vermelha quando
iluminado por luz branca, feixes de luz na seguinte sequência: vermelha, verde e
amarela.
1.1. Que cor apresenta o alvo para cada uma das situações referidas?
1.2. Se se fizer incidir no mesmo alvo um feixe de luz de cor magenta, com que
cor o veremos?
2. Dispões de um alvo branco, uma fonte de luz branca e três filtros coloridos de cores,
respectivamente, iguais a: amarelo, ciano e magenta. Que cor se pode observar no
alvo, quando se interpõem sucessivamente entre a fonte e o alvo os seguintes filtros:
2.1. Amarelo e ciano 2.3. Magenta e amarelo
2.2. Ciano e Magenta 2.4. Amarelo, ciano e magenta
3. Que cores são reflectidas por uma solução de cloreto de titânio III, sabendo que esta
solução absorve principalmente as radiações azuis, verdes e amarelas do espectro
da luz visível?
4.3. A clorofila quando iluminada pela luz solar emite radiações nas zonas do verde
e do IV e absorve radiações na zona do vermelho e do azul. Será que o satélite
S.P.O.T. pode ser utilizado em agronomia? Se sim, como?
5. Uma radiação emitida por uma lâmpada de vapor de lítio tem um período de
2,236 1015 s .
5.1. Determine o c.d.o. desta radiação.
5.2. Se esta radiação se propagar no vidro os valores da sua frequência e c.d.o.
mantêm-se constantes? E o que acontece à cor da radiação? Justifique.
6. Um laser de He-Ne emite uma luz monocromática de frequência igual a 4,74 1014 Hz
6.1. Calcule o c.d.o. desta radiação.
6.2. Qual é a cor da luz emitida.
6.3. Qual o efeito de um filtro vermelho interposto no trajecto deste feixe de luz? E
de um filtro azul?
8. Uma lâmpada monocromática de 100W de potência emite cerca de 2,83 1020 fotões
durante um segundo. Descubra a cor da luz emitida por essa lâmpada.
9. Uma radiação de c.d.o. igual a 58,4nm incide numa amostra de crípton, provocando
a ejecção de electrões com uma energia cinética igual a 1,15 1018 J .
9.1. Determine a energia do fotão incidente.
9.2. Qual o valor de energia mínima de remoção de electrões do crípton?
9.3. Calcule a frequência mínima de radiação capaz de provocar efeito fotoeléctrico.
9.4. Qual a energia necessária para remover uma mole de electrões sem velocidade
inicial a uma mole de átomos de crípton?
11. Construa o diagrama de energia com 6 nível para o átomo hidrogenóide Ca 19 .
12. Compare os efeitos que fotões de energias iguais a 4,09 1019 J e 3,03 1019 J ,
respectivamente, sobre o átomo de hidrogénio e sobre o átomo indicado no
exercício 11.