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EXPERIÊNCIA 10

CALIBRAÇÃO DE TERMÍSTOR

Fernanda J. Dellajustina
Disciplina: Fı́sica experimental 3 – FEX3001

Turma: F

Abel A. C. Recco
Professor

4 de dezembro de 2012, 15:32h


Sumário

1 Introdução teórica 2

2 Tratamento dos dados 4

3 Conclusão 12

1
Capı́tulo 1

Introdução teórica

Termistores são semicondutores sensı́veis à variações de temperatura. Existem basicamente dois


tipos de termı́stores:

Termı́stores do tipo NTC, do inglês Negative Temperature Coefficient, são termı́stores cujo coefi-
ciente de variação de resistência com a temperatura é negativo, ou seja, a resistência diminui com
o aumento da temperatura.

E também termı́stores do tipo PTC, do inglês Positive Temperature Coefficient, que são termı́stores
cujo coeficiente de variação de resistência com a temperatura é positivo, ou seja, a resistência au-
menta com o aumento da temperatura.

Conforme a curva caracterı́stica do termı́stor, o seu valor de resistência pode diminuir ou aumentar
em maior ou menor grau em uma determinada faixa de temperatura.Assim alguns podem servir de
proteção contra sobreaquecimento, limitando a corrente eléctrica quando determinada temperatura
é ultrapassada.

Outra aplicação corrente, no caso a nı́vel industrial, é a medição de temperatura (em motores por
exemplo), pois podemos com o termı́stor obter uma variação de uma grandeza elétrica em função
da temperatura a que este se encontra.

A resistência elétrica de um termı́stor pode ser utilizada como uma propriedade termométrica.
Estes dispositivos são muito fáceis de ser utilizados, de grande adaptação a diferentes situações e
de grande precisão em intervalos amplos de temperatura.

A variação da resistência elétrica R de um termistor em relação a temperatura é dada por uma

2
expressão do tipo
R = Ae(B/T ) (1.1)

onde T é a temperatura termodinâmica, em Kelvin (K), e A e B são constantes caracterı́sticas do


termistor. A equação (1.1) possui também a constante de Boltzmann no argumento da exponen-
cial, relacionado com o seu caráter semicondutor.

O coeficiente de temperatura de um termistor, α, é definido pela equação,

1 dR
α= , (1.2)
R dT

e caracteriza a sensibilidade do termistor em medir a temperatura. Esta sensibilidade esta rela-


cionada com a variação mı́nima na propriedade termométrica que lhe permite atribuir diferentes
temperaturas.
Capı́tulo 2

Tratamento dos dados

Na tabela 2.1 temos as medidas experimentais do aquecimento, através de uma lâmpada de 250W ,
de um certo volume de aguá. Nesta tabela as medidas experimentais são as da temperatura na
escala Celsius e da resistência elétrica na água medida em Ohm (Ω). A temperatura em Kelvin
foi calculada através da relação,

T = TC + (273, 16 ◦ C) . (2.1)

A medida do aquecimento da água foi feito com um termômetro na escala Celsius, cujo erro na
medida devido ao termômetro é de ∆T = 0, 5 ◦ C e também usando um multı́metro que media a
resistência na água quando a temperatura variava, cujo erro devido ao multı́metro é de ∆R = 1 Ω.

4
A partir dos dados da tabela 2.1 plotamos um gráfico em papel milimetrado da resistência em
função da temperatura, este gráfico encontra-se em anexo. Este mesmo gráfico foi feito também
com o software gnuplot e pode ser visto na Figura 2.1. Nesta figura temos os pontos experimentais
no papel milimetrado, bem como a reta que melhor se ajusta aos pontos experimentais, obtida
pelo método dos mı́nimos quadrados.

700

600

500
R (Ω)

400

300

200

290 300 310 320 330 340


T (K)

Figura 2.1: Gráfico feito no gnuplot de R em função de T I.

A equação que relaciona T e R é,

Eg
 
R(T ) = R0 exp (2.2)
2kB T

para linearizarmos esta equação aplicamos o ln, de ondet temos a seguinte equação,

Eg
  
lnR = ln R0 exp (2.3)
2kB T
usando a propriedade que ln de uma multiplicação é a soma de ln temos,

Eg
lnR = lnR0 + (2.4)
2kB T

partir desta equação e por comparação com a equação da reta temos,

y ′ = lnR (2.5)

Eg
a′ = (2.6)
2kB
1
x′ = (2.7)
T
b′ = lnR0 (2.8)

Com esta linearização percebemos que o gráfico de R em função de T em papel mono − log
resultará numa reta. Plotamos este gráfico que se encontra em anexo e também plotamos com o
gnuplot que pode ser visto na Figura 2.2.

Escolhemos dois pontos do gráfico linearizado, que se encontra em anexo, destacando-os com um
triângulo, para determinar o coeficiente angular da reta. Sendo P1 (3, 034 × 10−3 K −1 ; ln(200, 0) Ω)
e P2 (3, 348 × 10−3 K −1 ; ln(720) Ω) o coeficiente angular da reta obtido através da seguinte
equação
∆y
a′ = (2.9)
∆x
e substituindo os pontos P1 e P2 na equação (2.9) temos,

ln((720 Ω)/(200, 0 Ω)) 1, 28


a′ = = = 4, 08 KK (2.10)
((3, 348 × 10−3 ) − (3, 034 × 10−3 )) K −1 0, 000314 K −1
sendo o coeficiente angular da reta dado pela equação (2.6) e sabendo que kB = 0, 0862 meV /K
temos,
Eg = 2a′ kB (2.11)

substituindo os valores numéricos de a′ e kB temos,

Eg = 2(4, 08 KK)(0, 0862 meV /K) = 0, 703 eV (2.12)

O valor teórico de Eg , para um semicondutor de silı́cio, é 1, 10 eV de forma que o erro percentual


na medida é dado por,
|Eg − Ēg |
E% = × 100% (2.13)
Ēg
1000
900
800
700
600
500

400
R (Ω)

300

200

100
0.0030 0.0031 0.0032 0.0033 0.0034
-1
1/T (K )

Figura 2.2: Gráfico feito no gnuplot de R em função de T em papel mono-log.

então o erro percentual será,

|(0, 703 eV ) − (1, 10 eV )| 0, 40 eV


E% = · 100% = · 100% = 36% (2.14)
1, 10 eV 1, 10 eV

A incerteza associada ao multı́metro é da ordem de ∆R = 1 Ω e do termômetro é da ordem de


∆T = 0, 5 K.

Usando a fórmula em anexo para o erro propagado no valor de Eg e usando os pontos P1 e P2


temos,

(0, 003348 0, 003034) K 1Ω 1Ω


 
∆Eg = 2(1, 38 × 10−23 J/K) + +
(0, 003348 − 0, 003034) K 240 Ω 720 Ω
!!
−19 0, 5 K 0, 5 K
+(1, 13 × 10 J) 2
+
(0, 003034 K) (0, 003348 K)2
de onde temos,
∆Eg = 3, 61 × 10−16 J (2.15)

O erro associado a medida de Eg estatisticamente é obtido através da medida de σ. Conforme a


formula demostrada em anexo com relação ao erro propagado são escolhidos apenas dois pontos
dos quais não geram uma estatı́stica suficiente para que possamos afirmar com certeza acerca do
erro na medida.

Contudo o grande matemático e fı́sico Gauss nos deixou de herança seus vários estudos que servem
para estimar o erro em medidas experimentais. Com base nisso montamos a tabela 2.2 com os
valores de Eg em cada medida, a partir da fórmula,

Eg = 2kB ln(R/R0 )T (2.16)

sendo que o valor esperado, ou valor médio, é Eg = 1, 99 × 10−19 J. Temos também na tabela o
valor do erro ∆Eg , dados por,
∂Eg ∂Eg
∆Eg = ∆R + ∆T (2.17)
∂R ∂T
cujo resultado a partir da equação (2.16) é

R T ∆R
   
∆Eg = 2kB ln ∆T + (2.18)
R0 R

sendo que o valor esperado é ∆Eg = 3, 01 × 10−21 J.

Com base na medida de ∆Eg , calcularemos o erro percentual na medida através da equação,

∆Eg
∆Eg% = 100%; . (2.19)
Ēg

Na tabela 2.2 também calculamos o desvio quadrático, (Eg − Ēg )2 , para que possamos calcular σ
dado por, sP
N
i=1 (Eg − Ēg )2
σ= (2.20)
N
e finalmente o erro absoluto, erro Eg , dado por,

σ
erro Eg = . (2.21)
N

A soma dos desvios quadrático é 1, 97 × 10−38 , como foram feitas no total 33 medidas obtemos σ
através da equação (2.20) sendo,
sP s
N
i=1 (Eg − Ēg )2 1, 97 × 10−38 J 2
σ= = = 2, 44 × 10−20 J (2.22)
N 33
e o erro absoluto é,

σ 2, 44 × 10−20 J
erro Eg = = √ = 4, 25 × 10−21 J (2.23)
N 33
e finalmente o erro percentual é,

erro Eg 4, 25 × 10−21 J
E% = 100% = 100% = 2, 14% (2.24)
Ēg 1, 99 × 10−19 J
T (◦ C) T (K) T −1 (×10−3 K −1 ) R(Ω)
27 300 3,33 700
28 301 3,32 685
29 302 3,31 654
31 304 3,29 606
32 305 3,28 584
33 306 3,27 559
34 307 3,26 531
35 308 3,25 503
36 309 3,23 497
37 310 3,22 480
38 311 3,21 460
39 312 3,20 441
40 313 3,19 425
41 314 3,18 410
42 315 3,17 394
43 316 3,16 377
44 317 3,15 368
45 318 3,14 355
46 319 3,13 341
47 320 3,12 331
48 321 3,11 316
49 322 3,10 307
50 323 3,09 298
51 324 3,08 287
52 325 3,08 277
53 326 3,07 267
54 327 3,06 256
55 328 3,05 247
56 329 3,04 243
57 330 3,03 238
58 331 3,02 227
59 332 3,01 219
60 333 3,00 211

Tabela 2.1: Tabela com os dados experimentais obtidos no laboratório de FEX3001


Eg (×10−20 J) (Eg − Ēg )2 (×10−39 J) ∆Eg (×10−20 J)
9,94 9,86 4,97
9,96 9,83 4,98
9,95 9,84 4,98
9,99 9,77 4,99
9,95 9,84 4,98
9,95 9,84 4,98
9,95 9,85 4,98
9,94 9,87 4,97
9,93 9,90 4,96
9,95 9,85 4,98
9,95 9,85 4,98
9,95 9,86 4,97
9,94 9,87 4,97
9,94 9,87 4,97
9,94 9,86 4,97
9,94 9,87 4,97
9,93 9,88 4,97
9,94 9,86 4,97
9,94 9,86 4,97
9,94 9,87 4,97
9,94 9,86 4,97
9,93 9,88 4,97
9,94 9,87 4,97
9,94 9,86 4,97
9,94 9,87 4,97
9,94 9,87 4,97
9,93 9,88 4,97
9,93 9,89 4,97
9,93 9,90 4,97
9,94 9,87 4,97
9,95 9,84 4,98
9,94 9,87 4,97
9,94 9,87 4,97
9,93 9,88 4,97

Tabela 2.2: Tabela com as estatı́sticas dos erros na medida.


Capı́tulo 3

Conclusão

Observamos uma grande concordância entre os resultados teóricos e experimentais sobre a relação
da resistência no termı́stor e da temperatura no termômetro, os dados do modelo teórico fornece-
ram assertivamente a previsão que dos valores de R, em relação a T , sendo possı́vel determinar
com precisão o valor da constante Eg , encontramos um erro de 36% que esta associado princi-
palmente a montagem do gráfico já que ele ocupou apenas uma década reduzindo a reta a um
pequeno quadrado que por fatores geométricos e pelo próprio papel aumenta significativamente
o erro para qualquer pequeno desvio em relação a melhor reta. A reta obtida para modelar a
dependência da resistência pela temperatura não apresenta pontos que fuja de forma discrepante
do valor esperado.

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Referências Bibliográficas

[1] MARTINS, Luciano C. - Fı́sica Experimental . Joinville-SC 2010. Apostila de Fı́sica experi-
mental revisada.

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