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Apostila Canais - Tipos de Escoamemntos PDF
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ENGENHARIA CIVIL
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Nestas equações, tem-se:
Q = vazão, em m3/s;
A = área, em m2;
U = velocidade média, em m/s;
R = força resultante, em N;
ρ = massa específica, em kg/m3;
β = coeficiente de Boussiesq;
z = cota do fundo, em m;
y = profundidade, em m;
α = coeficiente de Coriolis;
g = aceleração da gravidade, em m/s2;
∆h = perda de carga, em m;
Exemplo 1.1
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2. Variação da velocidade
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De forma geral, no sentido horizontal as velocidades em uma seção vão de
valores nulos, junto às margens, a valores máximos nas proximidades do centro do
escoamento, conforme pode ser visto nas Figuras 2.1 e 2.2. Já em uma vertical, o perfil
de distribuição das velocidades é aproximadamente logarítmico, conforme ilustrado na
Figura 2.3, indo de um valor nulo, junto ao fundo, até um valor máximo logo abaixo da
superfície, entre 5% e 25% da profundidade. O valor da velocidade média, designada
U, corresponde, aproximadamente, à média aritmética das velocidades medidas a 20%
e 80% da profundidade, podendo também ser considerado aproximadamente igual à
velocidade observada a 60% da profundidade.
Tendo em vista o exposto pode-se afirmar que a distribuição das velocidades
em uma seção é bastante complexa, implicando na necessidade de um tratamento
matemático tridimensional para sua adequada descrição. Estas condições
acarretariam, evidentemente, dificuldades operacionais relativas aos cálculos práticos
em Engenharia Hidráulica.
β = 1 + ε2 (2.1)
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Nestas expressões ε pode ser calculado pela seguinte expressão:
ε = Vmax – 1 (2.3)
U
Exemplo 2.1
Solução
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movimento são utilizadas, freqüentemente, para efetuar balanço entre seções não
muito diferentes geometricamente e, portanto, com valores de α e β próximos. Cabe
ressaltar, no entanto, a necessidade de ter sempre em mente a possibilidade de tratar
situações com valores de parâmetros significativamente variáveis, o que força a
utilização de valores diferentes da unidade.
3. Variação da pressão
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Nestas condições pode-se assumir que:
P=γh (3.1)
Onde:
P = pressão;
γ = peso específico do líquido;
h = profundidade do ponto considerado.
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Deve-se então introduzir correções nos valores da pressão hidrostática através da
seguinte expressão (Graf, 1993):
P`=P+∆P
Onde:
∆P= γh U2
g r
sendo:
P´:pressão resultante, devidamente corrigida;
P: pressão hidrostática;
γ : peso específico;
h : profundidade;
g : aceleração da gravidade;
U : velocidade média;
r : raio de curvatura do fundo, considerado positivo para fundos côncavos e
negativos para fundos convexos.
Um outro aspecto que deve ser considerado aqui diz respeito ao efeito de
declividade na distribuição das pressões. Com efeito, para canais com declividades, a
distribuição de pressões afasta-se da hidrostática, como pode ser visto na Figura 3.3,
relativa a um canal de inclinação θ, em condições de escoamento uniforme.
P´b=γy cos2 θ
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tornando a diferença mais significativa. Em canais com declividades inferiores a 0,1
m/m, a diferença seria menor do que 1%, tornando, portanto, realista desprezar-se
essa correção no desenvolvimento de cálculos práticos em Hidráulica. Pode-se
introduzir um critério de declividade para distinguir dois tipos de canais e,
conseqüentemente, as simplificações passíveis de serem consideradas:
• canais com declividade reduzida (I<10%), onde pode ser considerada a
distribuição hidrostática de pressões;
• canais com grandes declividades (I>10%), para os quais é necessário
considerar-se a distribuição pseudo-hidrostática de pressões.
A figura 3.4, apresentada a seguir, ilustra a distribuição de pressões no
escoamento em um vertedor, evidenciando zonas de subpressão (crista), sobpressão
(pé), bem como a distribuição pseudo-hidrostática ao longo da sua calha.
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Exemplo 7.3
Solução
4. Tipos de escoamento
UNIFORME
(Seção uniforme profundidade e velocidade
constantes)
PERMANENTE
(Numa determinada
seção a vazão
permanece constante) Gradualmente
VARIADO
ESCOAMENTO (Acelerado ou
retardado)
Bruscamente
NÃO PERMANENTE
(Vazão variável)
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Se ao longo do tempo o vetor velocidade não se alterar em grandeza e direção,
em qualquer ponto determinado de um líquido em movimento o escoamento é
qualificado como permanente. Nesse caso as características hidráulicas em cada
seção independem do tempo (essas características podem, no entanto, variar de uma
seção para outra, ao longo do canal: se elas não variarem de seção para seção ao
longo do canal o movimento será uniforme).
Considerando-se agora um trecho de canal, para que o movimento seja
permanente no trecho, é necessário que a quantidade de líquido que entra e que sai
mantenha-se constante.
Consideremos um canal longo, de forma geométrica única, com uma certa
rugosidade homogênea e com uma pequena declividade, com uma certa velocidade e
profundidade. Com essa velocidade ficam balanceadas a força que move o líquido e a
resistência oferecida pelos atritos internos e externo (este decorrente da rugosidade
das paredes).
Aumentando-se a declividade, a velocidade aumentará, reduzindo-se a
profundidade e aumentando os atritos (resistência), sempre de maneira a manter o
exato balanço das forças que atuam no sistema.
Não havendo novas entradas e nem saídas de líquido, a vazão será sempre a
mesma e o movimento será permanente (com permanência da vazão). Se a
profundidade e a velocidade forem constantes (para isso a seção de escoamento não
pode ser alterada), o movimento será uniforme e o canal também será chamado
uniforme desde que a natureza das suas paredes seja sempre a mesma.
Nesse caso a linha d’água será paralela ao fundo do canal.
4.2) Quanto à trajetória das partículas: Laminar e Turbulento
4.3) Quanto às linhas de corrente: Paralelo e Não Paralelo.
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• Perímetro Molhado (P): comprimento relativo ao contato do líquido com o
conduto;
• Largura Superficial (B): largura da superfície em contato com a atmosfera;
• Profundidade (y): altura do líquido acima do fundo do canal;
• Profundidade hidráulica (yh): razão entre a Área Molhada e Largura Superficial:
yh = A / B (5.1)
• Raio hidráulico: (Rh): razão entre a Área Molhada e o Perímetro Molhado:
Rh = A / P (5.2)
Este último parâmetro constitui a dimensão hidráulica característica, utilizada
para o cálculo do número de Reynolds.
A profundidade y muitas vezes é assimilada a uma altura de escoamento
perpendicular ao fundo do canal, designada por “h”. Nas condições usuais de
declividades reduzidas, como será visto ulteriormente, pode-se freqüentemente tomar
as duas grandezas como equivalentes.
Para algumas seções, de forma geométrica definida, esses elementos podem
ser analiticamente expressos em função da profundidade da água, conforme Quadro
5.1 onde são apresentadas às características geométricas fundamentais das seções
mais comumente usadas na hidráulica dos canais abertos.
Quadro 5.1 – Parâmetros característicos de algumas seções usuais:
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Exemplo 5.1
Solução
6. Energia específica
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Adotando α = 1 e substituindo a velocidade média pela vazão através da
equação da continuidade, pode-se escrever:
E = y + Q2 (6.3)
2
2gA
Sendo:
E1 = y
E2 = Q2
2 gf (y)2
A partir da Figura 6.1 pode-se constatar que a energia específica não é uma
função monótona crescente com y; existe um valor mínimo de energia, que
corresponde a uma certa profundidade, denominada Profundidade Crítica – yc . A
energia corresponde a yc é chamada de energia crítica – Ec.
Assim, para um dado valor de energia, superior a Ec existem dois valores de
profundidade, yf e yt’ denominadas Profundidades Alternadas. Pode-se então dizer que
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existem dois regimes de escoamento, denominados Regimes Recíprocos. O
escoamento que ocorre com yf denomina-se escoamento Superior, Tranqüilo, Fluvial
ou ainda Subcrítico. O escoamento correspondente a yt é denominado Inferior, Rápido,
Torrencial ou Supercrítico. O escoamento que ocorre com y = yc é denominado Crítico.
A expressão de energia específica (6.3) conduz a uma equação de terceiro
grau. Assim, para um dado valor de energia, duas das raízes que satisfazem a
equação correspondem às profundidades subcrítica e supercrítica já vistas. A terceira
raiz apresenta valor negativo, não possuindo, portanto, significado físico.
Da mesma forma pode-se também introduzir o conceito de Declividade Crítica.
Com efeito, pode-se supor, inicialmente, uma vazão constante escoando em um canal
prismático com uma profundidade superior à crítica. Ao aumentar a declividade do
canal constata-se um aumento da velocidade de escoamento. De fato, pela equação
da continuidade, a esse aumento de velocidade corresponde a uma redução da seção
molhada, ou seja, uma redução da profundidade do escoamento, podendo-se chegar a
um ponto em que a profundidade atinge o valor crítico. Tem-se então, nesta situação, a
Declividade Crítica – Ic. A declividade crítica, portanto, é aquela que conduz à
profundidade crítica. Declividades superiores a essa serão declividades supercríticas,
pois conduzem a profundidades de escoamento inferiores à crítica, y < yc. O mesmo
raciocínio leva à conclusão de que declividades inferiores à crítica, conduzindo a
profundidades elevadas, serão subcríticas.
De forma análoga pode-se ainda introduzir o conceito de Velocidade Crítica,
sendo esta também associada às condições críticas de escoamento.
Cabe ainda ressaltar que cada valor de vazão escoando por um canal
determina uma curva de energia específica. Assim, para um determinado canal, tem-se
uma família de uma família de curvas de energia específica, justapostas e de forma
semelhante, dada uma correspondendo a uma vazão, como pode ser visto na Figura
6.1.
Desta forma, uma determinada profundidade de escoamento no canal pode ser
subcrítica ou supercrítica, de acordo com a vazão em trânsito. Pode-se chegar, assim,
ao conceito de Vazão Crítica, que seria aquela que conduz à condição crítica em um
dado canal. Assim, um canal pode funcionar ora em escoamento subcrítico, ora em
escoamento supercrítico, de acordo com a vazão em transito. Com efeito, o
crescimento da vazão em um canal leva ao aumento da profundidade de escoamento,
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bem como da profundidade crítica. De acordo com a relação entre as duas
profundidades pode ocorrer uma mudança de regime de escoamento.
A presença de singularidades nos canais pode também conduzir a mudanças
de regime de acordo com a vazão, conforme pode ser visto na Figura 6.2, onde no
ponto A, por exemplo, tem-se um escoamento supercrítico para a vazão Q1 e
escoamento subcrítico para as vazões Q2 a Q4’ em função do deslocamento de um
ressalto hidráulico.
7. O número de Froude
Fr = U (7.1)
1/2
(gyh)
Exemplo 7.1
18
Solução
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• Velocidade de escoamento inferior à Celeridade:
⇒ U < C ⇒ Fr < 1 ⇒ Escoamento Subcrítico
• Velocidade de escoamento igual à Celeridade:
⇒ U = C ⇒ Fr = 1 ⇒ Escoamento Crítico
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8. Escoamento crítico
Q2 B = gA3 (8.1)
⇒ Q2 B = g(Byc)3 ⇒ yc = Q2 1/3
(8.2)
B2g
Fr2 = q2 (8.4)
gy3
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A expressão (8.4) é bastante utilizada para análise e cálculo das seções
retangulares, incluindo as seções retangulares largas, definidas no capítulo anterior.
Em condições de escoamento crítico pode-se definir ainda a partir da equação
(6.3):
Ec = yc + q2 (8.5)
2gyc2
Exemplo 8.1
Solução
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8.4 Ocorrência do regime crítico – controle hidráulico
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artificial qualquer, que de alguma forma controla o escoamento. Assim, as seções do
controle podem ser divididas em três tipos distintos : “controle crítico”, “controle
artificial” e “controle de canal”.
O controle crítico é aquele associado à ocorrência da profundidade critica,
separando, portanto, um trecho de escoamento supercrítico de outro de escoamento
subcrítico. Em geral ocorre na passagem do escoamento subcrítico a supercrítico,
como na crista de um vertedor de barragem, por exemplo. A passagem do escoamento
supercrítico para o escoamento subcrítico ocorre através do ressalto, não sendo
possível definir-se a seção de ocorrência do regime crítico, ou seja, a seco de controle.
O controle artificial ocorre sempre associado a uma situação na qual a
profundidade do fluxo é condicionada por uma situação distinta da ocorrência do
regime crítico,seja através de um dispositivo artificial de controle de vazão ou através
do nível d’água de um corpo de água. Assim, a ocorrência de um controle artificial
pode ser associada ao nível de um reservatório, um curso d’água, ou uma estrutura
hidráulica, como uma comporta, por exemplo.
O controle de canal ocorre quando a profundidade de escoamento é
determinada pelas características de atrito ao longo do canal, ou seja, quando houver a
ocorrência do escoamento uniforme.
A aplicação desta noção de controle hidráulico conduz à identificação de duas
possibilidades distintas, associadas aos regimes de escoamento nos trechos em
análise. Com efeito, nos trechos de escoamento supercrítico, quando a influência de
obstáculos a jusante não pode afetar o escoamento a montante pois apenas o nível
d’água a montante controla o escoamento pode-se definir o controle como sendo de
montante. Por outro lado, o controle é dito de jusante com referência ao escoamento
subcrítico, ou seja, a profundidade jusante pode afetar, pode controlar o escoamento a
montante.
Pode-se assim perceber que as seções de controle desempenham papel
extremamente importante na análise e nos cálculos hidráulicos para determinação do
perfil do nível d’água. Esta importância é devida tanto ao fato de conhecermos a
profundidade de escoamento na seção como também pela sua implicação com o
regime de escoamento, condicionando as características do fluxo. De fato, as seções
de controle constituem-se nos pontos de início para o cálculo e o traçado dos perfis de
linha d’água.
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A figura 8.2 ilustra os diferentes tipos de seção de controle que ocorrem com
um perfil hipotético de linha d’água.
9. Escoamento uniforme
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9.1 Resistência ao escoamento – fórmula de Manning
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sendo:
Q: vazão, em m3/s;
A: área, em m2;
Rh: raio hidráulico em m;
I: declividade, em m/m;
n: coeficiente de rugosidade de Manning.
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funções da profundidade normal, yn). Neste caso pode-se efetuar o cálculo para
qualquer uma das outras variáveis envolvidas na equação (Q, n, I), de forma direta e
imediata a partir da equação (9.3).
As características geométricas de algumas seções, em função da
profundidade, foram apresentadas no Quadro 5.1. Estas informações facilitam bastante
o cálculo do escoamento uniforme com a Fórmula de Manning, como pode ser
constatado através do exemplo 9.1.
Exemplo 9.1
Solução
28
Exemplo 9.2
Solução
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De fato, os exemplos 9.1 e 9.2 correspondem, na realidade, a situações
simples, em que a profundidade normal é fixada ou conhecida, bem como as relações
desta com as outras variáveis. Em muitos casos, o problema pode apresentar-se de
forma mais complexa, tornando necessário o uso de curvas auxiliares de cálculo.
Com efeito, pode-se escrever, a partir da fórmula de Manning:
Qn = ARh2/3 (9.4)
I1/2
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Exemplo 9.3
Solução
9.3 Canais
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Em função do seu objetivo, conforme os materiais e equipamentos disponíveis
para a sua construção e de acordo com as condições geológicas, topográficas e
ambientais do local de sua implantação, os canais podem ser projetados e construídos
segundo uma grande diversidade de alternativas tecnológicas, escapando do escopo
deste texto o tratamento exaustivo de todas as suas particularidades. Assim, procura-
se discutir aqui apenas indicações básicas a serem seguidas nos projetos dos canais,
bem como contemplar algumas soluções clássicas, mais freqüentes na Engenharia
Hidráulica.
O dimensionamento hidráulico dos canais é efetuado usualmente na hipótese
de regime uniforme de escoamento, com a utilização da fórmula de Manning
combinada com a equação da continuidade:
Q = 1 ARh2/3 I1/2
n
onde:
Q: vazão, em m3/s;
A: área da seção transversal, em m2;
Rh: raio hidráulico em m;
I: declividade, em m/m;
n: coeficiente de rugosidade de Manning.
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9.3.1 Dimensionamento de canais revestidos – seções de máxima eficiência hidráulica
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Exemplo 9.1
Solução
Assim, o canal terá uma base de 5,40 m, sendo que o fluxo atingirá uma altura
de 2,70 m na condição de vazão de projeto.
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Bibliografia Consultada Para Elaboração Da Apostila
CREDER, Hélio
Instalações Hidráulicas e Sanitárias – 5º Edição – Rio de Janeiro –
Livros Técnicos e Científicos Editora, 1991.
BAPTISTA, Márcio e Lara, Márcia
Fundamentos de Engenharia Hidráulica – 2º Edição – Belo Horizonte –
Editora UFMG, 2003.
COELHO, Ronaldo Sérgio de Araújo
Instalações Hidráulicas Domiciliares – Rio de Janeiro – Antenna
Edições Técnicas Ltda, 2000.
MATTOS, Edson Ezequiel de
Bombas Industriais – Rio de Janeiro – Interciência, 1998.
NETTO, Azevedo, et al
Manual de Hidráulica – São Paulo – Editora Edgard Blücher Ltda,
2000.
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