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SERGIO PERINE
SÃO PAULO
2017
UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO
SERGIO PERINE
SÃO PAULO
2017
PERINE, Sergio
Aprovado em 25/08/2017
Banca Examinadora
Julgamento:________________________ Assinatura:______________________________
Julgamento:________________________ Assinatura:______________________________
Julgamento:________________________ Assinatura:______________________________
DEDICATÓRIA
Agradeço a Nosso Pai Olorum, aos Amados Orixás e aos guias que me
amparam e protegem, pois sem a força e proteção deles, talvez eu não tivesse
chegado até aqui.
À minha esposa Regiane e aos meus filhos Renan e Iris, pela paciência e
persistência e por me suportarem durante todo esse período, me dando forças e
incentivo para continuar, pois, sem eles, nada disso seria possível.
This work aims to demystify the main African religions and how this subject
can be utilized for the teaching of mathematics. We have the legal report 003/2004
and the law 10639, that state the teaching of African culture and the necessity of
practical use of geometry taught in schools, as our students are more uninterested as
they do not have the interest of learning these subjects.
Fig. 3.14 – No primeiro andar desse prédio na década de 1930, funcionou a Tenda
Espírita Nossa Senhora da Conceição.......................................................................65
Introdução ................................................................................................................. 14
Capítulo 1 .................................................................................................................. 19
Símbolos e Geometria ............................................................................................... 19
Símbolos ................................................................................................................ 19
1.2 Significados dos símbolos ................................................................................ 25
1.2.1 Régua ........................................................................................................ 26
1.2.2 Compasso .................................................................................................. 26
1.2.3 Ponto ......................................................................................................... 27
1.2.4 Círculo ....................................................................................................... 27
1.2.5 Triângulo .................................................................................................... 28
1.2.6 Quadrado ................................................................................................... 28
1.2.7 Cruz ........................................................................................................... 29
1.2.8 Espiral ........................................................................................................ 31
1.2.9 Linhas em zigue-zague .............................................................................. 32
1.2.10 Pentagrama ............................................................................................. 33
1.2.11 Hexagrama .............................................................................................. 34
1.3 Geometria ........................................................................................................ 34
1.3.1 Breve relato sobre a geometria .................................................................. 34
1.4 Os símbolos e geometria na África .................................................................. 39
Capítulo 2 .................................................................................................................. 47
Etnomatemática ........................................................................................................ 47
Capítulo 3 .................................................................................................................. 54
A história da Umbanda .............................................................................................. 54
3.1 Descrições dos Orixás e seus símbolos .......................................................... 67
3.1.1 Oxalá ......................................................................................................... 67
3.1.2 Logunan (Oya) ........................................................................................... 68
3.1.3 Oxum ......................................................................................................... 69
3.1.4 Oxumaré .................................................................................................... 69
3.1.5 Oxóssi ........................................................................................................ 70
3.1.6 Obá ............................................................................................................ 71
3.1.7 Xangô ........................................................................................................ 71
3.1.8 Egunitá (Oro Iná) ....................................................................................... 72
3.1.9 Ogum ......................................................................................................... 72
3.1.10 Iansã ........................................................................................................ 73
3.1.11 Obaluaiê .................................................................................................. 74
3.1.12 Nanã ........................................................................................................ 74
3.1.13 Yemanjá ................................................................................................... 75
3.1.14 Omulú ...................................................................................................... 75
3.1.15 Exú........................................................................................................... 76
Capítulo 4 .................................................................................................................. 79
Construções geométricas .......................................................................................... 79
4.1 Forma espiralada ............................................................................................. 80
4.2 Estrela de cinco pontas .................................................................................... 81
Considerações finais ................................................................................................. 84
Referências ............................................................................................................... 86
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Introdução
Para dar início a essa dissertação, será necessário salientar alguns caminhos,
passos e determinações que fiz nesses anos.
Em 1985, formei-me em licenciatura da Matemática, sem a pretensão de um
dia lecionar. A decisão era apenas cursar Matemática por ser uma matéria que me
identificava desde o tempo da escola primária.
No entanto, em 1989, fui convidado a ministrar aulas em um supletivo, fato
que me assustoupor ser novo e um pouco inseguro. Mas a juventude inspira
desafios e então, aceitei. Constatei que ensinar é apaixonante.
Ver a felicidade, o brilho da descoberta nos olhos dos alunos ao aprenderem
a Matemática só solidificou a certeza de que este era o caminho a seguir. A partir
daí não parei mais.
Infelizmente não pude dar continuidade aos meus estudos logo após o
término de minha graduação. Retornei apenas em 2008para a especialização em
educação matemática e minha monografia foi elaborada sobre os jogos matemáticos
ou a falta deles no Ensino Médio. Escolhi este tema porque analisei que nos livros
do Ensino Fundamental I havia muitos jogos para ensinar Matemática, enquanto no
Ensino Fundamental II, essa quantidade de jogos diminuía muito e, no Ensino
Médio,quase nula. Digo quase nula, porque encontrei um único livro que direcionava
o ensino através de jogos.
Desde então, comecei a ensinar Matemática de maneira mais atrativa e tenho
percebido que os alunos participam com mais prazer e o aprendizado tem sido mais
proveitoso tornando as aulas mais agradáveis. Isso vem me provando o quanto
podemos fazer pelo ensino da Matemática, desmistificando a 14 TML 14 do
complicado e difícil.
Continuando minha jornada, em 2012, ingressei na Universidade Anhanguera,
ministrando aulas na graduação para os cursos tecnológicos, além de Administração
e Ciências Contábeis.
Em 2013, em uma conversa com o diretor da unidade da qual faço parte,
questionou o porquê não havia feito o mestrado. A oportunidade estava ali. Então
decidi que era o momento. Portanto, em 2014, participei do processo seletivo para
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nos basear em Luc Benoist, Joseph Campbell e MirceaEliade, três autores que
tratam os símbolos, seus mitos e suas utilizações, na visão filosófica e sociológica.
Ainda nesse capítulo, falamos sobre os significados míticos e religiosos de
vários símbolos, que analisamos ser necessário para a interpretação das
representações dos simbolizados pelos símbolos aqui tratados.Utilizamos para isso
Jean Chevalier, Luc Benoist, Brenda Mallon e Mark O’Connel, grandes estudiosos
dos símbolos, seus significados e suas utilizações.Isso para mostrar aos alunos que
os desenhos que serão feitos, em sala de aula, não são simplesmente desenhos,
mas tem todo uma representatividade e um significado escondidoneles.
Continuando esse capítulo, contamos a história da geometria e sua ligação
com a geometria sagrada, desde os tempos mais remotos, além da utilização dos
símbolos pelas religiões na antiguidade, baseados em Nigel Pennick, Robert Lawlor
e Carl Benjamin Boyer, autores estudiosos de simbologias, geometria, geometria
sagrada e história da matemática, uma vez que, para o aluno,a utilização da história
e a aplicabilidade das matérias ensinadas tornam o aprendizado mais
agradável.Assim, modificar nossa maneira de ensinar como propõe D’Ambrosio;
“A alternativa que proponho é orientar o currículo
matemático para a criatividade, para a curiosidade e para crítica e
questionamento permanentes, contribuindo para a formação de um
cidadão na sua plenitude e não para ser um instrumento do
interesse, da vontade e das necessidades das classes dominantes. A
invenção matemática é acessível a todo indivíduo e a importância
dessa invenção depende do contexto social, político, econômico e
ideológico.”(D’AMBROSIO 2012, p. 175)
Para finalizarmos este capítulo, falamos sobre o conhecimento da geometria
e da simbologia na África, devido à colonização desse continente, muito da cultura e
do conhecimento ficou relegado à transmissão oral, mas segundo pesquisadores
como PaulusGerdese outros esse conhecimento passou a ser escrito.
Como estamos utilizando religião e cultura, não podemos deixar de citar a
etnomatemática, utilizando Ubiratan D’Ambrosio.Para tanto, usamos o capítulo 2,
que deixa clara a necessidade de utilizar outras culturas e outros métodos para
ensinar matemática. Essa utilização é benéfica tanto para o aprendizado como para
a quebra de paradigmas e preconceitos existentes para com as religiões de matriz
africana, e com a cultura africana já que os alunos, que praticam essas religiões,
ficam envergonhados e até com receio de se declararem seguidores de tais e
sofrerem preconceito.Isso pode ser mudado se mostrarmos que essas religiões não
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são diferentes das outras.Todas têm um único objetivo, religar-se a Deus.Por isso se
chama religião, que vem do grego religare, e pode nos levar a ter uma sociedade
mais justa e humana, como mostra D’Ambrosio.
“A proposta pedagógica da etnomatemática é fazer da
matemática algo vivo, lidando com situações reais no tempo [agora]
e no espaço [aqui].E, através da crítica, questionar o aqui e agora.
Ao fazer isso, mergulhamos nas raízes culturais e praticamos
dinâmica cultural. Estamos , efetivamente, reconhecendo na
educação a importância das várias culturas e tradições na formação
de uma civilização, transcultural e transdisciplinar.” (D’AMBROSIO,
2011, p.46-47)
Como na Umbanda cultuamos os Orixás Africanos, e esses são
representados por símbolos,então, porque não utilizarmos o ensino da geometria,
fazendo uso dos símbolos, que representam os Orixás, para falar da cultura
africana, e desmistificar as religiões de matriz africana, e a cultura africana
conforme propõe o parecer 003/2004.
“Para tanto, os sistemas de ensino e os estabelecimentos de
Educação Básica, nos níveis de Educação Infantil, Educação
Fundamental, Educação Média, Educação de Jovens e Adultos,
Educação Superior, precisarão providenciar:
Inclusão, respeitada a autonomia dos estabelecimentos do
Ensino Superior, nos conteúdos de disciplinas e em atividades
curriculares dos cursos que ministra, de Educação das Relações
Étnico-Raciais, de conhecimentos de matriz africana e/ou que dizem
respeito à população negra. Por exemplo: em Medicina, entre outras
questões, estudo da anemia falciforme, da problemática da pressão
alta; em Matemática, contribuições de raiz africana, identificadas e
descritas pela Etno-Matemática; em Filosofia, estudo da filosofia
tradicional africana e de contribuições de filósofos africanos e
afrodescendentes da atualidade.” (PARECER 003/2004 p.13 – 14)
Esse parecer, baseia-se na lei 10639/2003, que altera a Lei 9394/96 de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e em seu texto diz:“Art. 26-A. Nos
estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.” (LEI 10639/2003)
No capítulo 3, mostramos a mescla de religiões que fez surgir a Umbanda,
além dos motivos que fizeram essa nova religião começasse a ser aceita e progredir
em uma época cheia de preconceitos e discriminações, com isso houve o
reconhecimento das classes e raças que eram discriminadas, como os índios e os
negros.
Contamos também a trajetória dos negros, desde a África até sua chegada ao
Brasil, onde, misturando sua cultura e religião em todas as regiões do país,
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Capítulo 1
Símbolos e Geometria
Símbolos
“Seria pouco dizer que vivemos num mundo de símbolos –
um mundo de símbolos vive em nós.”(CHEVALIER, 2012, Introdução
XII)
Para começarmos a falar em símbolo, vamos a sua definição no dicionário
Houaiss (2009):
“símbolo s.m. (sXIV) 1. Aquilo que, por convenção ou por
princípio de analogia formal ou de outra natureza, substitui ou sugere
algo (o caduceu é o s. da medicina) 1.1emblema, 19TML19éia ... 3
palavra ou imagem que designa outro objeto ou qualidade por ter
com estes uma relação de semelhança; alegoria, comparação,
metáfora … 5 LING SEMIO signo que apresenta relação arbitrária,
baseada apenas em convenção, com o objeto ou a 19TML19 que
representa (p.ex., certas bandeiras de alguns países, os sinais de
trânsito não figurativos etc., os sinais de escrita não pictográficos,
como as letras, algarismos etc.); signo arbitrário [...]” (Houaiss ,
2009, p. 1745)
Os símbolos são utilizados pela humanidade desde os primórdios dos
tempos, nas pinturas rupestres onde os homens das cavernas as utilizavam para
representar a caça e seus rituais, como cita O’Connell(2010).
A partir do momento em que o homem deixou de ser nômade, pois começou
a trabalhar a terra, criando meios agrícolas para seu sustento, começou a utilizar
seus símbolos de outras formas, como aconteceu na Mesopotâmia,
aproximadamente em 5000 a.C., dando origem às primeiras civilizações, nas quais
“As pessoas começaram a inventar linguagens, construir templos, palácios,
moradias e a criar sociedades complexas nas quais os signos e símbolos se
misturavam com a estrutura da vida diária.” (O’CONNELL, 2010, p. 12).
No antigo Egito,utilizavam-se vários símbolos sagrados como o Ankh (cruz
ansata ou cruz da vida), além de símbolos que representavam seus deuses,
conforme O’Connell.
Na Grécia, além dos símbolos sagrados, eram utilizados aqueles que são
representativos até os dias de hoje, como a tocha que acende a pira olímpica, que
era utilizada nas corridas de revezamento, realizadas no período noturnonas quais a
equipe vencedora acendia fogueiras nos altares dedicados a Zeus ou Atena, além
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das coroas de louro, consagradas a Apolo, que eram entregues aos ganhadores
como símbolo de vitória, segundo O’Connell.
Os símbolos também foram muito utilizados em Roma, na Europa pagã, com
os celtas, os anglo-saxões e os vikings. No Oriente Médio, com os persas e os
beduínos; e na África, Ásia, Oceania, Américas e, em todo o mundo, conforme
O’Connell.
Para analisarmos os símbolos, utilizamos dentre outros, no referencial teórico,
é o filósofo Mário Ferreira dos Santos, através de seu livro Tratado de Simbólica.
Segundo Santos,
“a palavra símbolo, symbolon, neutro, vêm de symbolê, que
significa aproximação, ajustamento, encaixamento, cuja origem
etimológica é indicada pelo prefixo syn, com, e bolê, donde vem o
nosso termo bola, roda, círculo.”(SANTOS, 2007, p. 49).
Uma vez que eram utilizadas moedas partidas ao meio para, quando se
reencontrassem, seriam identificadas como pares ou objetos que também eram
partidos com a mesma finalidade de reconhecimento após longos períodos de
separação entre pais e filhos como sinal de amizade entre amigos.
Quando falamos em símbolo sagrado, Santos nos lembra que “Todos os
grandes fundadores de religião foram amados, compreendidos, porque falaram em
símbolos, eterna linguagem criadora.”(SANTOS, 2007, p. 45), pois, com os
símbolos, podemos representar o irrepresentável, transmitir o intransmissível,
assim como o nosso inconsciente faz com nossos ímpetos, desejos e temores, além
de utilizá-los para burlar nossa censura e inibições.
Santos justifica a criação da simbólica, assim:
“Falam-nos em símbolos a religião e a filosofia, a arte e a
ciência, as coisas brutas e os seres vivos, os astros e os átomos,
toda a gama universal do acontecer. Tudo indica, tudo aponta, tudo
se refere a algo, que escapa aos nossos corações.O símbolo é a
linguagem universal do acontecer cósmico.”(SANTOS, 2007, p. 46)
A simbólica estuda o nascimento, o desenvolvimento, a vida e a morte dos
símbolos.
Santos define simbólica como “uma simbologia, e como disciplina filosófica, que
procura significabilidade dos símbolos referindo-se aos simbolizados, bem como seu
nexo e razão de ser.”(SANTOS, 2007, p. 48).
O autor diferencia símbolo de sinal; para ele, todo símbolo é um sinal, mas
nem todo o sinal é símbolo, uma vez que o símbolo é muito mais complexo que sinal
21
que é apenas aquilo que representa algo de forma natural, como por exemplo, o
gemido que é sinal natural de dor ou arbitrária, atribuída pelo homem.Outro exemplo
seria o dedo polegar apontando para cima: é sinal arbitrário de que está tudo bem.
O símbolo é muito mais complexo, e tem algumas características, segundo
Santos, tais como:
Polissignificabilidade: um mesmo símbolo pode representar vários
simbolizados, por exemplo, a cruz, que pode representar Cristo nas religiões cristãs,
assim como os quatro pontos cardeais;
Polissimbolizabilidade: um simbolizado pode ter vários símbolos que o
representam, como por exemplo, a solidão, que pode ser representada por qualquer
objeto isolado, como uma só árvore em uma grande planície vazia ou um pequeno
barco em um grande lago;
Gradatividade: um símbolo pode representar melhor um simbolizado do que
outro;
Fusionalidade: capacidade de símbolo e simbolizado fundirem-se, como
acontece frequentemente nas religiões;que mostramos detalhadamente no próximo
subtítulo.
Singularidade: quando um símbolo representa um único simbolizado; neste
caso, acontece a fusionalidade;
Substituibilidade: quando há a polissimbolizabilidade e os símbolos permitem
mútua substituição;
Universalidade: “todas as coisas são símbolos da ordem a que pertencem.
Todos os factos são símbolos do conceito, que é um esquema abstrato. Dessa
forma o símbolo é universal”(SANTOS, 2007, p. 52); mas não se pode concluir que
um símbolo tenha mais valor que o simbolizado quanto a sua existencialidade: ele
apenas se refere ao simbolizado;
Função simbólica: o símbolo tem uma função analógica de forma dual, como
afirma Santos:
“1) uma analogia de atribuição intrínseca, que revela, afinal,
um ponto de identificação com o simbolizado, e
2) uma parte ficcional quanto ao simbolizado.”(SANTOS 2007,
p. 53)
O símbolo começa a ser percebido, tem sua formação na infância, através do
ludus simbólico, no qual a criança sempre encontra um elemento de imitação.Essa
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1.2.1 Régua
Fig 1.1 Régua
Fonte: wellpromo.com
1.2.2 Compasso
Fig. 1.2 Compasso
Fonte: galileugalileinorenascimento.blogspot.com.br
1.2.3 Ponto
●
Segundo Chevalier, o ponto simboliza a falta de dimensões de volume, a origem e o
retorno. “Ele designa o poder criativo e o fim de todas as coisas.”(CHEVALIER,
2012, p. 730).Na cabala judaica, manifesta a letra iod; na Índia e no Tibete o ponto é
chamado de bindú que representa um círculo minúsculo. Ele “é o princípio
rigorosamente informe dos seres do mundo”(CHEVALIER, 2012, p. 731).
Chevalier cita Liebniz, quando fala sobre o ponto, “Liebniz distingue o ponto
metafísico (unidade de princípio) do ponto matemático, determinação espacial do
precedente, ponto com uma posição.”(CHEVALIER, 2012, p. 730)
1.2.4 Círculo
1.2.5 Triângulo
1.2.7 Cruz
Fig. 1.3 Cruzes
Fonte: canstockphoto.com
Mallon define a cruz de ansata, ou Ankh, que é uma cruz egípcia, formada
pela cruz Tau, encimada por um laço, e simboliza a vida eterna, tanto a humana,
quanto a divina. A cruz celta foi utilizada pelos cristãos também;é uma cruz simples
com um círculo envolvendo a intersecção das barras.
Mallon também cita a cruz invertida, que é a cruz de São Pedro, símbolo de
humildade, uma vez que Pedro pediu para ser crucificado de cabeça para baixo,
pois não era merecedor de ser crucificado como seu mestre Jesus e, como os papas
são descendentes espirituais de Cristo, essa cruz é encontrada em tronos,
vestimentas e tumbas dos papas.
Fig. 1.4 Cruz invertida.
Fonte: marcos-patricio.blogspot.com.br
1.2.8 Espiral
Fig. 1.5 Forma espiralada
Fonte: pixabay.com
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Mallon cita esse tipo de linha, pois, apesar de ser “uma forma geométrica
primária tem numerosos significados simbólicos.”(MALLON, 2009, p. 267).
Para os antigos babilônios, simbolizava o raio, o fogo do relâmpago e era
associado aos deuses da tempestade. Já os egípcios usavam essesímbolo para
1
Um monumento do período neolítico, de forma circular ou poligonal formado por duas ou mais pedras verticais
e, onde assenta uma grande pedra.
33
1.2.10 Pentagrama
Fig 1.6Pentagrama
Fonte: br.freepik.com
2
uma religião xamânica moderna baseada em rituais pagãos antigos
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1.2.11 Hexagrama
Fig. 1.7Hexagrama
Fonte: significados.com.br
Fonte: 36TML://matematicacinco.blogspot.com.br
Fonte: Lawlor
químicas,pelas estruturas das plantas, dos animais, cristais até a estrutura de todo o
universo.
A geometria e o sagrado foram representados em diversas épocas, em
quadros e gravuras que podemos ver a seguir.Segundo Lawlor, Jesus, utilizando um
compasso, símbolo da geometria, para criar o universo, a partir do caos primordial.
Fonte: Wikipedia
O conceito de simetria pode ser visto nas tatuagens dos makonde do norte de
Moçambique, como podemos ver na figura a seguir.
Fonte:www.flogao.com.br/czeiger/126294186
Fig. 1.22PanosKente
Fonte: 44TM.estiloblack.com.br/2017/01/kente-os-tecidos-dos-reis-africanos.html
quatro triângulos sobrepostos, formando uma estrela de oito pontas, como mostra a
figura a seguir.
Fig. 1.23 Representação dos 9 universos kassanjes
Fig 1.24SímbolosAdinkras
Fonte: http://mary-xanxere.blogspot.com.br/2015/05/simbolos-adinkra.html
Capítulo 2
Etnomatemática
Para entendemos melhor a Etnomatemática, vamos à definição de Ubiratan
D’Ambrosio sobre o programa Etnomatemática:
“Indivíduos e povos têm, ao longo de suas existências e ao
longo da história, criado e desenvolvido instrumentos de reflexão, de
observação, instrumentos materiais e intelectuais [que chamo de
ticas] para explicar, entender, conhecer, aprender para saber e fazer
[que chamo de matema]como resposta a necessidade de
sobrevivência e de transcendência em diferentes ambientes naturais,
sociais e culturais [que chamo de etnos]. Daí chamar o exposto
acima de Programa Etnomatemática.”(D’AMBROSIO 2011, p. 60).
Como podemos falar em símbolos, religião, geometria e educação
matemática, sem falar em etnomatemática, que vai nos mostrar a interação entre
essa “tica” que é a simbologia, essa “matema” que é a geometria e, essa “etno” que
é a religião.
Fonte: D’Ambrosio
Isso nos faz lembrar uma aula de D’Ambrosio, em 2016, quando ele foi visitar
uma aldeia em Mali, percebeu que o culto a natureza, que era a “religião” desse
povo, havia sido substituído pelo Islamismo e até uma mesquita havia sido
construída, no vilarejo. Porém, quando da construção da abóbada da mesquita, que
foi feita de barro, as estruturas feitas de galhos, ficaram com partes à mostra e o
povo não as cortou, para simbolizar uma árvore sagrada, cultuada por eles,
chamada de Baobá. Existe uma lenda muito interessante do povo africano, que diz:
“o Baobá foi a primeira árvore que Deus criou, Ele fez o
Baobá e do lado fez um lago.
Deus então criou outras árvores de outras espécies, quando o
Baobá olhava este lago, que funcionava como um espelho ele olhava
para as outras árvores e perguntava:
- Porque aquela árvore tem as folhas amarelas e eu não
tenho?
E Deus respondia:
- Baobá, você foi o primeiro que eu fiz você é o meu mais
querido, coloquei em você tudo o que eu tinha de bom, mas depois
eu fui me aprimorando.
- Ah, entendi. Mas porque a outra tem flor rosa e eu não tenho
– Perguntou Baobá.
Toda hora Baobá reclamava porque as outras tinham alguma
coisa que ele não tinha.
Deus então foi se enfurecendo e pegou o Baobá e virou ele
de cabeça para baixo. E o que ficou para cima foram as raízes e a
cabeça do Baobá ficou enterrada.
As pessoas até hoje ficam embaixo da árvore de Baobá na
África, elas escutam os conselhos da árvore, pois a boca do Baobá
50
D’Ambrosio (1993), afirma também que a matemática tem seu valor estético e
esse valor deve ser utilizado, para que seu ensino seja “parte da educação geral”,
pois os alunos aprendem com sensibilidade e emoção e isso pode ser feito “através
de estudos de disciplinas como geometria do sagrado, astronomia e aritmética e
geometrias místicas, talvez associados ou com referência a estudos de história da
arte e de religião”(D’AMBROSIO, 1993, p. 19).
Por isso, trabalhamos com a geometria dos símbolos sagrados de Umbanda,
porque podemos estudar a história da matemática; por exemplo, como a geometria
era utilizada pelos faraós na medição das terras após a cheia do Nilo, informado que
essas medições não tinham apenas o intuito de recolocar as cercas, mas sim, de
medir as terras produtivas, para a cobrança dos impostos. Podemos, ainda,
trabalhar com a história das religiões, dos símbolos.
Podemos trabalhar juntamente com os professores de história, geografia e
sociologia, provocando, assim, a interdisciplinaridade, tão almejada por D’Ambrosio,
quando diz que devemos sair das “gaiolas” para transformar a escola e o mundo
para os alunos, como ele cita:
“Um mergulho necessariamente transdisciplinar nas tradições
do passado e do presente talvez permita encontrar os elementos
para propor uma nova conceituação de ciência, e temos certeza de
que o potencial criativo da espécie nos permitirá atingir uma
existência mais digna, num mundo mais justo, mais feliz e
impregnado de amor.”(D’AMBROSIO, 1993, p. 46).
Podemos trabalhar também com professores de arte, utilizando a proposta de
Costa (2008), na qualutiliza com os tecidos de Gana, que não deixa de ser uma arte
geométrica, como pudemos ver no capítulo anterior,nas fotos dos panos Kente.
Fonte: D’Ambrosio
Capítulo 3
A história da Umbanda
Como podemos ver na figura a seguir, que mostra a diáspora dos negros
vindos da África.
Fonte:slideshare.netmarialuzineterugendas-e-debret-retratos-da-escravido-no-brasil
55
Silva enfatiza ainda que esses escravos foram capturados em suas aldeias,
por europeus ou por tribos inimigas e trazidos ao Brasil; enfatizamos que, na África,
tinham suas religiões ligadas a famílias e a clãs, como cita Bastide:
chegada ao Brasil, levando, assim, aos negros, mais adaptações nas suas religiões,
uma vez que, desde então, eles não poderiam cultuar suas entidades. A partir desse
fato, desenvolveu-se o sincretismo entre os santos católicos e as entidades
africanas. Porém, um sincretismo entre as entidades africanas já se fazia presente
na África, conforme Silva “semelhanças existentes entre os conceitos de Orixás dos
iorubás, de vodum do jejes e de inquice dos bantos” (SILVA, 1994, p. 69)
Fig. 3.2 Mapa político 1572 Fig. 3.3 Mapa político 1709
Fig 3.4 Mapa político 1789 Fig. 3.5 mapa político 1823
3
Povos vindos da África
4
Povos vindos da África
59
No atual Rio Grande do Sul, foram criados os Batuques, sendo que essa
religião é muito parecida com o Candomblé da Bahia, todavia mais simplificada em
seu ritual com relação a iniciações, sacrifícios e hierarquias, segundo Bastide.
que, um dia, foi acometido por uma paralisia parcial e os médicos não conseguiam
descobrir a causa dessa patologia. Numa outra ocasião, repentinamente, levantou-
se e disse “amanh; estarei curado”, no dia seguinte, voltou a andar normalmente,
conforme Trindade.
Foi então que seu pai, apesar de ser católico e de não frequentar centros
espíritas (kardecistas), atendeu à solicitação de um amigo e levou Zélio à Federação
Espírita do Rio de Janeiro, na qual foi conduzido à mesa para participar dos
trabalhos. Neles, desrespeitando uma regra da casa, levantou-se junto à mesa,
dizendo “aqui está faltando uma flor”.Saiu da sala, foi ao jardim e voltou com uma
rosa branca que colocou no centro da mesa, atitude que foi outra regra
descumprida, pois sobre a mesa só devia haver um jarro com água. Por isso, foi
chamada a sua atenção, mas, em seguida, incorporou o espírito do Caboclo das
Sete Encruzilhadas, entidade considerada atrasada e, após algumas indagações por
parte do dirigente dos trabalhos, o espírito disse “venho trazer a Umbanda que
harmonizará as famílias e há de perdurar até o fim dos tempos”(TRINDADE, 2014,
P. 122). Outra frase do caboclo foi “Amanhã estarei na casa deste aparelho
(médium), simbolizando a humildade e a igualdade que deve existir entre todos os
irmãos, encarnados e desencarnados.” (CUMINO, 2010, p. 125) essas frases foram
proferidas, segundo CUMINO (2010), em 15 de novembro de 1908, em Niteroi, Rio
de Janeiro, data “simbólica” da criação da Umbanda.
Trindade esclarece que no dia seguinte na casa de Zélio, havia uma fila
enorme de pessoas para serem atendidas, desde enfermas até com problemas
psicológicos, e na maioria, foram detectados como problemas mediúnicos. Nesse
dia, foi criada a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
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Estas tendas foram abertas por médiuns, que trabalhavam na tenda Nossa
Senhora da Piedade.
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3.1.1 Oxalá
Para Saraceni (2000), Oxalá é um Trono Natural de Deus que irradia a Fé,
atuando na religiosidade das pessoas, seu mistério, característica de energia que
manipula, é cristalino; sua cor é o branco e seu sincretismo na Umbanda é Jesus
Cristo, conforme Cumino (2004).
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
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3.1.3 Oxum
Para Verger (1981), “Oxum é a divindade do rio de mesmo nome que corre
na Nigéria”(VERGER, 1981, P. 174),e essa Orixá cuida da fecundidade das
mulheres; sua cor é amarelo-ouro e o dia da semana é sábado quando ela é
cultuada. É sincretizada, no Candomblé, por Nossa Senhora das Candeias, na
Bahia, e por Nossa Senhora dos Prazeres, no Recife.
Para Saraceni (2000), Oxum é o Trono Natural de Deus que irradia o Amor
Divino e atua na concepção da vida, nos sentimentos de amor, fraternidade e união,
além de irradiar o fator agregador, aglutinando a tudo e a todos na criação; sua cor é
o rosa e seu sincretismo na Umbanda é Nossa Senhora da Conceição, segundo
Cumino (2004).
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
3.1.4 Oxumaré
Para Verger (1981), Oxumaré é Orixá, é a mobilidade e a atividade;
simboliza a continuidade e a permanência. É representado por uma cobra que
morde o próprio rabo ou pelo arco-íris; sua cor, amarelo e verde; o dia da semana no
qual ele é cultuado é terça-feira; seu sincretismo, no Candomblé, é São Bartolomeu.
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
3.1.5 Oxóssi
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
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3.1.6 Obá
Para Saraceni (2000), Obá é o Trono Natural de Deus que atua juntamente
com Oxóssi na linha do conhecimento, atuando de forma a esgotar os
conhecimentos desvirtuados, tendo com atributo a terra vegetal ou as raízes dos
vegetais; sua cor é o magenta; seu sincretismo, na Umbanda, é Santa Joana D’Arc,
conforme Cumino (2004).
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
3.1.7 Xangô
Para Verger (1981), Xangô “é um Orixá viril e atrevido, violento e justiceiro:
castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores.” (VERGER, 1981, p.135). esse
Orixá é muito popular no Brasil, tendo, em Recife, um culto africano com seu nome;
suas cores são o vermelho e o branco; o dia da semana no qual ele é cultuado é a
quarta-feira; seu sincretismo, no Candomblé, é São Jerônimo.
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
3.1.9 Ogum
Para Verger (1981), Ogum é o Orixá do ferro e protetor de todas as
profissões que trabalham com esse metal, tais como agricultores, açougueiros,
barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores, mecânicos e outros. Também é um
Orixá guerreiro; suas cores são azul escuro e, às vezes o verde; o dia da semana
que ele é cultuado é a terça-feira; seu sincretismo, no Candomblé da Bahia, é Santo
Antônio de Pádua e no Rio de Janeiro é sincretizado com São Jorge.
Para Saraceni (2000), Ogum é o Trono Natural de Deus que irradia Lei,
atuando na linha divisória entre a razão e a emoção, ordenando a tudo e a todos;
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seu atributo é o ar; suas cores são o azul escuro e o vermelho; seu sincretismo, na
Umbanda, é São Jorge, conforme Cumino (2004).
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
3.1.10 Iansã
Para Verger (1981), Iansã é conhecida como Oiá-Iansã, a divindade das
tempestades e dos ventos; suas cores são o vermelho e o grená; o dia da semana
no qual ela é cultuada é quarta-feira; seu sincretismo, no Candomble, é Santa
Bárbara.
Para Saraceni (2000), Iansã é o mistério do Trono Natural da Lei que aplica
a Lei na vida dos seres emocionados pelos vícios. Atua, principalmente, esgotando o
emocional dos seres e redirecionando-os para novos caminhos na evolução; sua cor
é o amarelo; e seu sincretismo, na Umbanda, é Santa Bárbara, segundo Cumino
(2004).
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
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3.1.11 Obaluaiê
Para Verger (1981), Obaluaiê é o “deus da varíola e das doenças
contagiosas” (VERGER, 1981, P. 212) e o punidor dos insolentes e dos malfeitores;
sua cor é marrom e preto; o dia da semana no qual ele é cultuado é a segunda-feira;
seu sincretismo, no Candomblé na Bahia, com São Lázaro e São Roque, no Recife
e Rio de Janeiro, com São Sebastião.
Para Saraceni (2000), é o Trono Natural de Deus que atua na evolução dos
seres, cuidando também da transição de um nível vibratório para outro ou estágio da
vida; ele também é considerado um Orixá da cura, pois transmuta o ser do estado
doentio para o estado sadio; sua cor é o violeta; seu sincretismo, na Umbanda, é
São Lázaro, segundo Cumino (2004).
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
3.1.12 Nanã
Para Verger (1981), Nanã é uma Orixá antiga, sendo considerada mãe de
ObaluaIê, suas cores são o branco e o azul; o dia da semana no qual ela é cultuada
é a segunda-feira, mas alguns adeptos do Candomblé consideram seu dia sagrado
como o sábado; seu sincretismo, no Candomblé, é Sant’Ana.
Para Saraceni (2000), ela faz parte do Trono Natural de Deus que atua
sobre a maturidade e na evolução dos seres de forma que, quando se
desequilibram, ela paralisa suas evoluções até que todo o desequilíbrio se decante;
sua cor é o lilás; e seu sincretismo, na Umbanda, é Santa Ana.
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Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
3.1.13 Yemanjá
Para Verger (1981), Yemanjáé uma divindade muito popular no Brasil, sendo
reverenciada no mar; sua cor é o azul claro; o dia da semana no qual ela é cultuada
é o sábado, seu sincretismo, no Candomblé, é Nossa Senhora da Imaculada
Conceição.
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
3.1.14 Omulú
Para Verger (1981), o Orixá Omulú é o mesmo que Obaluaiê que já foi
descrito anteriormente.
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Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
3.1.15 Exú
Trata-se de um Orixá, assim como o que definiremos a seguir, que está por
fora do panteão dos quatorze que representam, em pares, os sete Tronos Divinos, e
seus fatores. Estar por fora significa trabalhar ao redor, como escudo de proteção,
como primeira instância. Para Verger (1981), o orixá Exú tem aspectos
contraditórios: ele tanto pode provocar calamidades e destruição como também
pode ajudar as pessoas de forma prestativa.Devido a esse lado negativo, foi
comparado com o diabo; suas cores são o vermelho e preto ou somente o preto.
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
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3.1.16 Pombagira
Essa Orixá não é citada por Verger, talvez por ser considerada, por muitos,
como um Exú feminino, mas Saraceni (2008) desmistifica esse mistério de Deus
como sendo quem cuida do interior dos seres e de seus desejos, em todos os
sentidos da vida, estimulando os desejos positivos e desestimulando os desejos
negativos.
Seu símbolo é:
Fonte: Saraceni
Capítulo 4
Construções geométricas
Após a explanação sobre os símbolos, a geometria e a geometria sagrada e a
história da Umbanda, vamos passar à construção dos símbolos sagrados utilizados
na Umbanda Sagrada, que é o objeto dessa pesquisa.
Não iremos demonstrar as construções de todos os símbolos, pois com
apenas algumas podemos atingir nosso propósito e deixaremos para as crianças
com sua criatividade produzir as outras construções.
Essas construções podem ser ensinadas aos alunos, enfatizando sua
utilização nas religiões, mostrando que a geometria não é apenas desenho e sim
que esses desenhos têm utilidade e propósito dentro das religiões.
Antes das demonstrações das construções geométricas, vale lembrar que não
é possível dividir uma circunferência em tantas partes quanto desejamos, utilizando
apenas régua não graduada e compasso. Para Teixeira basta dividir a circunferência
em n partes iguais e depois traçar as mediatrizes e temos a divisão por 2n lados.
Partindo desse princípio, podemos dizer que P(n) = n . 2m , m ∈ N, então, traçando o
diâmetro da circunferência, podemos dividi-la em 2 partes e, continuando a divisão,
temos a circunferência dividida em 4, 8, 16, …, o mesmo vale para o n = 3, n = 5,
n=7.
Mas não é para qualquer valor de “n” que isso é válido, como podemos ver no
teorema de Gauss–Wantzel, o qual afirma que um polígono regular de n lados é
construtível com régua e compasso, se, e somente se, n pode ser escrito como uma
potência de 2 (n = 2r) ou como o produto de uma potência de 2 por números de
seguinte maneira, n = 2r. p1 ... pk,onde r ∈ N e p1,...,pk são distintos primos ímpares
Considerações finais
Sendo que os alunos que cultuam as religiões de matriz africana (no nosso
caso da Umbanda, com o culto aos Orixás), sofrem preconceito e até discriminação
por parte dos outros alunos, uma vez que há total desconhecimento sobre essas
religiões. Com este trabalho mostrei o que realmente são os orixás e as religiões
que os cultuam. Com isso, propus trazer mais paz e humanismo para dentro da sala
de aula, sem preconceito e discriminação.
para tornar o aprendizado por parte do aluno mais interessante através dessas
histórias, envolvendo os símbolos e aguçando a curiosidade do estudante, além de
trazer utilização prática para a matéria a ser aprendida.
Deixei assim aberto este tema para pesquisas futuras, pois outros
pesquisadores podem trabalhar com alunos em sala de aula e verificar se esse tipo
de abordagem é satisfatória na aprendizagem, além de podermos utilizar a
geometria analítica e descritiva, colocando os cálculos dos valores dos segmentos
que dividem a circunferência e mostrar os erros causados na construção de
polígonos que não se encaixam no teorema de Gauss-Wantzel.
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Referências
BENOIST, Luc. Signos, símbolos e mitos. tradução Anna Maria Viegas, Belo
Horizonte: Interlivros, 1975
BROWN, Diana. e outros. Umbanda & Política. 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora
Marco Zero, 1985.
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. Joseph Campbell, com Bill Moyers ; org. por
Betty Sue Flowers ; tradução de Carlos Felipe Moisés, São Paulo: Palas Athena,
1990.
CONCONE, Maria Helena Vilas Boas. Umbanda uma religião brasileira. 19ª ed, São
Paulo: FFLCH/USP - CER, 1987 (Coleção Religião e Sociedade Brasileira, 4)
NASCIMENTO, Elisa Larkin. GÁ, Luiz Carlos, org., Adinkra: sabedoria em símbolos
africanos. Rio de Janeiro: Pallas, 2009.
O’CONNELL, Mark. AIREY, Raje. O grande livro dos signos & símbolos. Vol. I,
tradução: Débora Ginza, 1ª ed., São Paulo: Escala, 2010.
TEIXEIRA, José Luiz. COSTA, Deise Maria Bertholdi. SIQUEIRA, Paulo Henrique.
SOUZA, Luiza Vidal de. Elementos da Geometria: Geometria plana e espacial. 3ª
ed., Curitiba, UFPR - Setor de ciências exatas - Departamento de expressão gráfica,
2012