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23 de Setembro, 1818

A viagem ao Peru foi excepcional, como eu esperava que fosse. As construções Incas são realmente fabulosas.
Muros, pontes e templos construídos em justaposição milimétrica.
O exímio manuseio de blocos de pedra colossais é prova óbvia que esses povos dominavam com maestria,
tecnologias que a civilização ignorante da atualidade sequer sonha em arranhar seu conteúdo.

Pude confirmar minha ideia de que os incas partilhavam de antigo conhecimento comum as variadas tradições
passadas. Seus símbolos, hieróglifos e mesmo os mitos e historias talhadas na pedra mostram semelhança parenta
com aqueles da Sabedoria Antiga.

20 de Março, 1818
Escavando os conhecimentos da cidade, acabei comprando um antigo tomo que me instigou a curiosidade.
Percorrendo seus textos, encontrei a promessa a quem o estudar conseguirá a oportunidade de conversar com um
ser incrivelmente poderoso e sábio que não é deste mundo. Enquanto me mantenho apreensivo a esta
possibilidade, eu preciso saber quais segredos estão contidos neste volume há muito esquecido.

[alguns símbolos, textos, elementos descrevendo parte de


algum ritual para contactar ALGUMA ENTIDADE]

2 de Junho, 1818
Foram 3 meses de profundo aprendizado e reflexão. No entanto, agora vejo que o verdadeiro motivo que me levou a
essa jornada. Aquilo que só um tolo poderia pensar ser mera casualidade.
Ao visitar aquela livraria em Lima ELE me encontrou. Uma força magnética me trouxe a ele e tão logo o tomei, de
entre fileiras de outros livros antigos, senti o calor penetrar meu corpo, me enchendo de vigor.
Escrito em Latim, com mais de 300 páginas, não creio que o dono da livraria sequer imaginava do que se tratava.

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Suas páginas detém conhecimento inigualável. Nada daquilo que já havia lido antes se comparava a grandiosidade
de seu poder e sabedoria.
Imerso em suas palavras, minha mente vaga e quando deito exausto pela leitura sonho com conhecimentos e
lugares fantásticos.
Sonhos de poder e imortalidade. De paisagens como nunca houve ou haverá nesta terra.

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Comecei a estudá-lo já no Peru, mas é agora quando terei condições de me dedicar totalmente a ele.
A linguagem é hermética, alegórica. É como se um poder nos desafiasse e testasse a cada instante, SEMPRE.
Nos instiga a ousar ir mais longe, só para testar-nos novamente. Então é quando caímos no VAZIO. Caio, Caio, até
que cessa.
E como é maravilhosa a sensação. Sinto que a inspiração é a musa que detém as chaves do conhecimento, capaz de
abrir as portas dos jardins e dos infernos.
Como o CAOS a nutrir toda a ORDEM.
Quero ser capaz de viver estas verdades que sorriem para mim, ocultas e livres nesse tomo. Serei o merecedor de
suas PROMESSAS de viver e P O D E R.

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19 de Janeiro, 1819
A fascinação é uma forma de amarração que vem do ESPÍRITO do agente. Atravessa os olhos daquele que é
enfeitiçado e entra em seu coração.
O instrumento do fascínio é o espírito, ou seja, um certo valor puro, lúcido, sutil, gerado do sangue mais puro pelo
calor do coração.
Ele sempre emite através dos olhos, raios como ele mesmo. Esses raios emanados levam com ego um vapor
espiritual, então vaga no sangue com se em olhos vermelhos, turvos, cujos raios são emitidos para os olhos de quem
encara. Olhe direto para eles e carregue o vapor do sangue corrente e por meio do contágio, infecta os olhos do
observar com a mesma doença. Assim o olho aberto e fixado em alguém com forte imaginação solta teus raios, que
são o veículo do espírito, nos olhos daquele que estiver de fronte e o delicado espírito toda nos olhos do enfeitiçado,
daquele que se abala pelo perder do coração e o peito do enfeitiçado fere lhe o coração e infecta lhe o espírito.
5 de Fevereiro, 1819
Dominare Dominixiare "Dominium"
O corpo é atingido e a mente ferida. As flechas da vontade cegam e submete todas as partes feridas. As feridas
sabem, mas sabem que o sangue surge naquela que o golpe recebeu.

[desenhos de ''instrução'' da magia]

9 de Março, 1819
Com que prazer me dedica aos estudos de meu AMADO! Seu estado de conservação e páginas incompletas dificulta
a compreensão, mas tudo é como deve ser. Tenho praticado com a vida seus ensinamentos e exercícios. Minha força
de vontade tem se desenvolvido em avidez, tal crescem as raízes do carvalho. As práticas respiratórias e meditativas
prometem poder, sabedoria e imortalidade.

Por vezes, imerso, sinto meu senso de mim se esvanecer, sinto-me como uma brisa, uma sombra, um vapor de mim
mesmo. Outras vezes sonho que o meu ser está imerso nos mais diversos animais. Sou preenchido pelas forças
instintivas e me deleito nos desejos mais básicos de caçar, comer, fugir, lutar e copular.

"acharáhk erlo nyont oep"


12 de Março, 1819
Os transes se sucedem das mais variadas formas e são em sua maioria indescritível.
Quando recobro a consciência limitada normal, tenho apenas algumas reminiscências e uma paradoxal sensação de
exaustão e plenitude. As lacunas até então obscuras tornam-se compreensíveis.

15 de Março, 1819
É gratificante minha evolução na arte da fascinação e dominação.
Está claro para mim que a maestria dessas habilidades encontra-se na força da minha vontade. Ela é o agente capaz
de levar o cerne dos meus desejos a minha vítima. É possível estender o meu domínio sobre algumas mentes com
tamanha precisão e controle que alguns podem ser levados a executar atos e ações que lhes repugnaria em toda sua
alma.
Tão certo quanto minha vontade é Forte, quanto mais fraca for a mente mais sujeita ao meu domínio ela estará. No
entanto, tenho que me ater ao conhecimento que o elemento primordial dessa equação é a mente do dominador,
sua força de vontade. Se esta se mantiver forte e poderosa, dificilmente encontrarei algo que obstrua meus intentos.
23 de Março, 1819
Conclui que a utilização dos olhos em "Dominium", meus ou dos outros, é um mero instrumento da força de
vontade. Os olhos são perfeitamente dispensáveis para aquele que tenha uma vontade inquebrantável e
estabelecida na rocha. Assim como o minerador precisa da picareta para alcançar o minério, e o pescador precisa da
vara para obter o peixe, o dominador pode se valer dos olhos para subjugar seu alvo. No entanto, se tivesse o
minerador mãos duras como o diamante e afiadas como navalhas, não alcançaria ele o ouro?

A liberdade pela é a máxima obediência. Submete-se e te libertarás.


Assim seja feito segundo a vontade.

7 de Março, 1819
Toda virtude natural realizará feitos extraordinários quando for composta, não só de uma proporção natural, mas
também informada por uma observação meticulosa dos celestes apropriadas. Submetendo-se os inferiores com
boas fêmeas fecundadas pelos machos.
Também em todo trabalho deverá ser observados a situação, o movimento e o aspecto das estrelas e planetas,
alinhamentos, em sinais e graus, e o modo como estes se colocam em referência ao comprimento e à latitude do
clima. Por meio disso, variam as qualidades dos ângulos descritos pelos raios dos celestes, incidindo sobre a figura de
algo, de acordo com o que as virtudes celestiais são infundidas.

12 de Abril, 1819
Quando se trabalhar com qualquer coisa que pertença a algum planeta, deve-se colocá-la em suas dignidades,
afortunadas e poderosas, em regência naquele dia, hora e figura do céu.

NADA DEVERÁ SER FEITO SEM A ASSISTÊNCIA DA LUA.

06 de Maio, 1819
Se houver vários padrões na obra, deve-se buscar observá-los quando estiverem mais poderosos, interagindo uns
com os outros em aspecto amistoso. Se não puder usufruir de tais aspectos é conveniente observar ao menos ao
angulo do momento.
É importante também observar mercúrio, pois ele é um mensageiro dos celestes e dos infernais.

13 de Julho, 1819
Tenho sentido que não estou sozinho. Em meus estudos e meditações, sinto que sou guiado o tempo todo por algo,
um poder superior. Não consigo precisar com exatidão, mas sempre o sinto comigo, guiando meus pensamentos.
Que força será essa?
Acaso não deseja se manifestar? Não quer se expor para que eu a conheça em forma e nome?
Será que sou apenas eu que não consigo enxergá-la? pode ser, não sei mais...
Talvez minha mente, olhos e ouvidos que não estejam capacitados para uma comunicação mais precisa... mais
intima.

23 de Julho, 1819
Olhando para trás, vejo que esteve comigo desde quando pousei os olhos em meu amado tomo. Talvez até mesmo
antes disso. A guiar-me os passos para que eu encontrasse essa sagrada nascente de poder e sabedoria. Será que
sente que não sou merecedor de lhe vislumbrar? Ou de ouvir sua voz?

11 de Agosto, 1819
O que preciso fazer para me tornar merecedor?
Tenho me dedicado em meus estudos com mais afinco do que jamais imagines ser capaz. Tenho meditado com
profundidade digna dos grandes magos de Atlântida. O que será que seja de mim? como posso conhecer seus
desígnios? São perguntas com as quais amanheço e durmo, mas não tenho sequer um relance das respostas. Só me
resta seguir dedicado as práticas e ao estudo, na esperança de que em algum momento me torne merecedor ou
capaz de contatar esse poder oculto, essa força que me inspira a todo instante.

Rogo para que essa presença se descortine a mim e para que eu possa compreender seus propósitos

09 de Setembro, 1819
O tempo esta chegando, aproxima-se o momento exato. Meses gastos decifrando os significados e as complexidades
daquelas páginas esquecidas finalmente irão mostrar seu valor.

20 de Setembro, 1819
A última noite irá ficar gravada para sempre em minha mente. À última badalada da meia noite, meus amigos mais
próximos e eu fomos felizes em contatar aquilo que irei referenciar como o "Homem Negro". O Ritual requeria o
sangue de 3 indivíduos de livre vontade, derramados pela mesma lâmina. Ainda, até o momento, não fui capaz de
remover a mancha de nosso sacrifício compartilhada desta lâmina.
Depois de recitar as palavras escritas no tomo que descobri meses atrás, fui confrontado com uma enorme sensação
de pavor. Presumi que meus colegas tivessem receios semelhantes, mas não ousei falar.
No centro do nosso círculo, o Homem Negro apareceu de sombras coagulantes. Sua mera presença fez com que
Amelie Hooper, esposa de Benjamin, soltasse um grito. Em outras circunstâncias, eu a lembraria o quão inadequado
é esse comportamento entre a sociedade, mas devo admitir que eu estivesse bastante assustado. Tão rapidamente
quanto o Homem Negro chegou, ele desapareceu de volta ao escuro vazio do qual ele apareceu.
Eu devo contatá-lo novamente.

22 de Setembro, 1819
Nós enterramos os corpos no chão sob o porão, onde eles poderão descansar eternamente. Eu também espero que
possa descansar desse sentimento constante de arrependimento.

13 de Outubro, 1819
Meus pensamentos estão consumidos pela visita do Homem Negro. Nos fomos bem sucedidos em realizar o ritual,
mas então por que me sinto tão vazio. Eu tinha esperança que nosso encontro iria nos deixar com um resultado mais
satisfatório.

05 de Novembro, 1819
Inacreditável! Ontem a noite em meus sonhos, eu fui contatado pelo Homem Negro! Primeiro eu pensei que era
apenas um sonho, mas então em me encontrei de posse de conhecimento que antes não possuía. Eu irei manter isso
em segredo por enquanto.
Quando a hora certa chegar, irei informar meus Irmãos e Irmãs.

16 de Novembro, 1819
Os trechos do livro que tratam do caminho para a imortalidade permanecem absolutamente lacrados ao meu
entendimento. O pouco que consigo compreender parecem ensinamentos sobre práticas respiratórias e meditativas.
Há partes que parecem sobre alimentos capazes de trazer vigor ao corpo e promover a longevidade. Entretanto a
linguagem hermética permanece indecifrável para mim e não consigo estabelecer a sequência integral e correta dos
exercícios e nem traduzir quais são os alimentos e as formas de preparo representado pelos símbolos.
É interessante que, apesar de incompreensíveis símbolos e diagramas parecem falar de um círculo que pode ter seu
diâmetro expandido sem fim e que pode ter o sentido de sua circunferência revertido.
Pergunto-me se esses ensinamentos detém não só o segredo da imortalidade, mas também o segredo da
decadência.
Será?

14 de Dezembro, 1824
Finalmente decidi, depois de todos esses anos, informar meus colegas das visitas que recebi do Homem Negro.
Agora eles me veem como seu profeta. Eu os guiarei na adoração ao Nosso Senhor Mantenedor dos Segredos, como
nós chamamos agora o Homem Negro. Se o público soubesse desse tomo ou nossas cerimônias semanais, eles
certamente tentariam matar a todos nós. Precisamos manter nosso conhecimento em segredo por enquanto.

22 de Fevereiro, 1832
Nosso Senhor Mantenedor dos Segredos, revelou-me o processo para se tornar um espírito puro, aparentemente
ainda se movendo livremente através do espaço-tempo. Com isso, eu irei possuir poder além da imaginação. Eu me
tornarei tanto imortal quanto comandarei meus próprios súditos leais. Sinto isso, este é o meu destino!

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