O que é realmente um calendário? Calendário deriva de uma palavra
em latim que signifca “livro de contas”. O primeiro dia de cada mês no calendário Juliano, o antecessor do Gregoriano, era chamado “calendas”. Era nas calendas que se pagava as contas e as dividas. É familiar para ti? Leva-nos de volta ao tema do tempo é dinheiro. Não admira que o tempo é dinheiro esteja impregnado na nossa consciência e cultura. E esse parece ser o principal propósito do calendário que usamos. Para manter um controlo das nossas contas, pagar as despesas, e marcar as nossas reuniões. Talvez não pensemos nisto desta forma, mas o calendário que usamos programa-nos para usá-lo da forma que usamos. Mas serão todos os calendários assim, nada mais que um programa arbitrário para tomar conta dos negócios. E o Sol, a Lua e as estrelas? OK. Vamos guardar este assunto em mente. O calendário é um instrumento de programação. Programa a cultura, as pessoas, a sociedade que o usa. Cria um laço de “feedback” entre a mente do usuário e o seu programa. A natureza do calendário determina a natureza da sociedade. O calendário Gregoriano é arbitrário e irregular. Raramente pensas em factores naturais quando usas este calendário. 1 de Janeiro não corresponde a nenhum solstício ou equinócio ou alguma coisa natural. Com um programa destes, claro que não vais pensar nas estações ou na lua quando usas este calendário. É quase como este calendário está a manter-te fora da fase com a natureza. Talvez perguntes, o que é que um calendário deverá fazer? Um calendário deve ser um instrumento de medida que de alguma maneira te põe a ti e o teu planeta numa relação de harmonia com a lua, o sol, e talvez também as estrelas na galáxia. O calendário Gregoriano pretende ser um instrumento de medida da orbita solar da terra. É o que realmente signifca um ano – o tempo que leva a terra a dar uma volta ao sol. O calendário Gregoriano tem sim uma medida de 365 dias, o número de dias nessa orbita. Mas as suas unidades de medida, os meses, não correspondem uns com os outros. Não são na verdade uma norma de medida. Nem as subunidades de medida, os 7 dias da semana, correspondem aos meses. Os meses e as semanas muito raramente se sincronizam mas correm de uma maneira acidental em relação uns aos outros. Muitas pessoas dizem: que diferença é que isso faz? É muito fácil não notar numa desigualdade ou irregularidade na medida do tempo porque não se pode tocar ou ver o tempo. Mas, será que deixávamos passar uma tal desigualdade numa régua? E se fossemos em frente e construíssemos coisas com uma régua irregular, não sairiam defeituosas ou desleixadas? Talvez passado um tempo diríamos: “Está ok assim, baixámos o nosso nível para acomodar estas construções desleixadas“. Mas, fcarias bem com estas sub normas de medida de objectos e formas no espaço? Sim, baixamos a cabeça a estas sub normas e irregulares medidas do tempo. Pensando que não importa, que talvez seja já um efeito de aceitação por tanto tempo desta medida irregular. Se o espaço afecta os nossos sentidos, o tempo afecta a nossa mente. Portanto os efeitos de um tempo desonesto na nossa mente talvez seja muito subtil, mas muito pior, do que os efeitos de um espaço desonesto nos nossos sentidos. Podemos todos desenvolver uma mente desonesta sem darmos por isso. Uma mente desonesta, não veria o mundo desonesto e criaria problemas para si própria sem saber? Não apenas isto, mas pensaria que todos os seus problemas vêm de algum lugar fora de nós próprios. Estaríamos sempre a olhar para os problemas lá fora, em algum lugar. Não indo à raiz, nunca teríamos as verdadeiras soluções. Não interessa a quantidade de leis que criaríamos para controlar os problemas, estas leis mesmo assim não lidariam com o problema de raiz. Isto porque uma mente desonesta está a criar problemas, e a mente desonesta é uma função do calendário desonesto. Mas este calendário é um dogma, e toda a gente diz, e depois? Não será esta uma daquelas situações “catch-22”(1) ? Isto é só olhando para os efeitos que o calendário tem como norma de medida irregular. Predispõe a mente para aceitar as desonestidades do dia-a-dia. Não interessa quais sejam as unidades de medida – o calendário lunar tem meses alternos de 29 e 30 dias, por exemplo – um calendário é também um instrumento de programação. É como um registo fonográfco da mente que toca no ano longas sequências. O que quer isto dizer? Por exemplo no registo fonográfco do Gregoriano, 1 de Janeiro é uma parte do programa. O que dá no 1 de Janeiro? Bom, neste país, muito se passa no futebol “jogos da taça”. Depois, no fnal de Janeiro, nunca sabendo quando exactamente, é a super-taça. Fevereiro programa-te o dia de S. Valentino e o dia do Presidente. Julho – dia 4 de Julho. Outubro para a festa Halloween. Dezembro, o Natal e a Passagem de Ano, etc. Agora o 11 de Setembro é parte do programa também. Estes são os exemplos mais óbvios de como o registo fonográfco toca durante uma volta – um ano. Sempre que uma destas datas se aproxima, todo um segmento de população responde de uma maneira pré-estabelecida. Há mais programas que o calendário tem. Os começos e fns das guerras. Dia dos Veteranos. “Memorial Day”. 1 de Abril (dia das mentiras). Dia do trabalhador. As memórias destes eventos são acumuladas de acordo com as datas em que ocorrem. E depois, toda a gente, tem as suas datas pessoais que despoletam as suas emoções e memórias. Como por exemplo o dia que nasceste. Ou o dia que o teu flho morreu. Ou quando casaste. Já reparaste que algumas destas datas são fxas – como o 25 de Dezembro – e outras nem por isso – como a Páscoa? Porquê? É por algum motivo ou rima, ou simplesmente é como o calendário, arbitrário e irregular? Pensas que não tens qualquer controlo sobre isto, mas talvez até tenhas. Imagina só, um mundo sem Abril, Junho ou Novembro – consegues imaginar? Se consegues, então há alguma coisa que podes fazer acerca do tempo. Podes mudá-lo mudando o calendário. Se mudares o calendário, mudarás o programa da mente colectiva. Não é isto, poder?