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Nível de renda e ritmo de crescimento na segunda

metade do século XIX


O Setor exportador (dinâmico da economia)

➢ Explica o processo de alto crescimento econômico observado no


período (crescimento de 214% no quantum de exportação (1840-
1890), e de 46% nos preços médios dos exportados)
➢ Em contrapartida, redução de 8% nos preços dos importados
➢ Incremento de 396% da renda real gerada pelo setor exportado, e
em 5 vezes da economia do setor mais dinâmico

Renda do conjunto da economia


➢ Crescimento desigual pelo território (diferença nas variações dos
preços e quantidades dos produtos exportados)
➢ Três zonas principais: Economia do açúcar e do algodão, e a vasta
zona de economia de subsistência ligada a ela; Economia de
subsistência do sul; A economia cafeeira
Zona 1 Zona 2 Zona 3
- 1/3 da população total do país e - Beneficiada indiretamente pelo - Crescimento populacional
crescimento populacional no aumento das exportações intermediário
mesmo ritmo (capacidade de absorção externa - Movimentos migratórios
- Migração do sistema do excedente) internos (deslocamento de m.d.o
exportador para a subsistência - Expansão do fluxo monetário da subsistência para o setor
- Estabilidade da renda per capita das atividades produtivas exportador)
na subsistência e queda no - No interior: Divisão do tempo - Crescimento da renda real per
sistema exportador (no geral entre subsistência e exportação capita no conjunto da economia
queda devido a baixa - Na faixa litorânea: benefício a da região
produtividade do setor de partir da expansão urbana
subsistência) mediante o desenvolvimento das
- Impossibilidade da melhora de exportações
produtividade no setor de - Pecuária direcionada para o mercado
subsistência dada a pressão interno e exportações
- Reintegração à economia nacional
demográfica sobre as terras de - Diversificação produtiva (vinhos,
melhor aproveitamento agricola banha de porco) e aumento da
produtividade da economia criatória
Tendência da renda per capita no conjunto do país

➢ Taxa de crescimento anual da renda real de 3,5%


➢ Taxa de crescimento anual da renda per capita de 1,5%
➢ Crescimento da renda real equivalente aos dos EUA (mas
em termos per capita maior)
➢ Diferença que os EUA mantiveram um ritmo de
crescimento que vinha desde o final do século XVIII, e o
Brasil estava crescendo após 75 anos de estagnação/retrocesso
da renda per capita

Importante leitura dos dois últimos parágrafos**


Em termos regionais
Região % da Pop. Do Tx. Tx. De
País Crescimento Crescimento
da Pop. da Rendapc
Nordeste 35 1,2 -0,6
Bahia 13 1,5 0,0
Sul 9 3,0 1,0
Centro 40 2,2 2,3
Amazônia 3 2,6 6,2
Total 100 2,0 1,5
Fluxo de renda na economia de trabalho
assalariado
1) Questões Gerais

Fator de maior importância no último quarto do século XIX


(Aumento relativo do setor assalariado)

Anteriormente: expansão econômica pelo crescimento do setor


escravista ou multiplicação dos núcleos de subsistência
➢ Restrição dos fluxos de renda
➢ Contatos externos direcionados para o âmbito internacional (na
economia escravista) e limitados em pequenas unidades populacionais
(na economia de subsistência)

A expansão nesse período se baseia no trabalho assalariado


➢ Com mecanismos diferenciados da economia de subsistência
➢ Importante para se compreender a formação de uma economia de
mercado interno na primeira metade do séc. XX
2) Semelhanças e diferenças da nova com a antiga economia

Semelhança
➢ Constituída por uma multiplicidade de unidades produtoras
ligadas às correntes de comércio exterior

Diferenças
➢ Valor da venda de exportação (renda) deve cobrir a depreciação
do capital e remunerar a totalidade dos fatores utilizados na
produção**
➢ Dois grupos de renda: Renda dos assalariados e Renda dos
proprietários
➢ Renda dos assalariados -> gastos de consumo
➢ Renda dos proprietários -> consumo e investimento
3) O Fluxo de renda criado pelas exportações na nova economia

Gastos de consumo (alimentos, roupas, serviços)


➢ Vem a constituir a renda dos pequenos produtores e comerciantes
➢ Esses também transformam parte de sua própria renda em gastos
de consumo
➢ A soma de todos esses gastos excede a renda monetária criada pela
atividade exportadora
➢ Um aumento do impulso externo, faz crescer a massa de salários
pagos, que aumenta a demanda por artigos de consumo
➢ Parte dos artigos de consumo tem facilidade de expansão dada a
existência de m.d.o e de terras subutilizadas (subsistência)
Assim...

➢ A massa de salários pagos no setor exportador vem a ser o núcleo


de uma economia de mercado interno
➢ A convergir determinados fatores, o mercado interno pode crescer
de maneira mais intensa que a economia de exportação

O Impulso Externo de Crescimento


➢ Se apresenta inicialmente sob a forma de elevação nos preços dos
produtos exportados (e consequentemente maior lucro)
➢ Maiores lucros são reinvestidos em expansão da produção
(possibilitada pela elasticidade da oferta da m.d.o e da terra)
4) M.d.o e salários

➢ Estabilidade do salário real no setor cafeeiro durante a etapa de


expansão (embora não estabilidade para o conjunto da economia)
➢ Bastava (1) um pagamento mais elevado do que nos demais
setores e (2) a expansão da produção para ocorrer o deslocamento da
m.d.o
➢ Importância fundamental da massa de m.d.o amorfa que foi se
formando no período anterior
➢ Em caso de dependência exclusiva da m.d.o imigrante, os salários
seriam mais elevados
➢ O direcionamento da m.d.o. interna para ser utilizada em obras de
desflorestamento, construções e outras tarefas auxiliares pressionava
permanentemente o nível médio de salários
4) M.d.o e salários

➢ Crescimento dos salários no setor de subsistência a partir da


atração de fatores para fora desse setor
➢ Em caso de elevação dos salários junto a elevação dos preços:
Pressão para redução do nível de reinvestimento e da expansão do
setor exportador
➢ E consequentemente (1) uma menor absorção de fatores do setor
de subsistência, e (2) aumento da diferença entre salários pagos no
setor exportador e no de subsistência
Os aumentos de produtividade da economia cafeeira
➢ Eram reflexo principalmente de melhorias ocasionais de preços
(altas cíclicas)
4) M.d.o e salários

Dois argumentos em termos do movimento de mão de obra e


comportamento dos salários

Argumento1 - Se houvesse a transferência, para os assalariados, de parte


dos frutos decorrentes dos aumentos/redução ocasionais de
produtividade, resultaria em acentuada expansão/contração cíclicas da
massa total de salários
Argumento 2 - Os salários oferecem mais resistência à compressão do que
os lucros, e com isso a economia estaria em melhores condições de se
defender na baixa cíclica caso se transferisse os frutos do aumento da
produtividade para os salários no período de elevação dos preços

A questão é como os empresários conseguiam transferir a pressão da


queda cíclica dos preços***
A Tendência ao desequilíbrio externo
Problemas do novo sistema econômico

1) Adaptação ao padrão-ouro

➢ A que preço poderia se aplicar as regras do padrão ouro em um


sistema econômico como o brasileiro (agrário exportador e de elevado
coeficiente de importação)
➢ Para uma economia de elevado coeficiente de importação, o
desequilíbrio brusco no balanço de pagamentos (queda de preços dos
bens primários no mercado mundial) exigia uma redução de grandes
proporções no meio circulante
➢ Da mesma forma em termos das finanças públicas (imposto sobre
importações como principal fonte de renda do governo central)
Até então
➢ No âmbito da economia escravista pura, se desconheceu o
desequilíbrio externo
➢ A demanda por moeda equivalia as exportações, e logo toda essa
demanda poderia se transformar em importações sem que surgisse
qualquer desequilíbrio
O desajuste ocorre a partir do assalariamento, em que a demanda por
moeda excede as exportações
1) Cresce a renda criada pelas exportações
2) Cresce a massa total de pagamentos a fatores
3) A Renda tende a multiplicar-se em termos monetários e em termos
reais (com a existência de fatores subocupados)
4) Aumento da renda: primeiro pelo crescimento das exportações;
segundo, pelo efeito multiplicador interno
5) Parte desse aumento da renda tem de ser satisfeito com importações
A questão
➢ No momento de crise nos centros industriais, há queda brusca nos
preços dos produtos primários
➢ E isso reduz de imediato a entrada de divisas no país exportador
desses produtos vis-à-vis a propagação lenta dos aumentos anteriores
do valor e do volume de exportações
Há, portanto, um ponto intermediário: aumento da demanda por
importações vis-à-vis com a queda na oferta de divisas
➢ E é nesse ponto que se deve mobilizar as reservas metálicas (de
grandes proporções para valer o mecanismo do padrão ouro)
➢ E isso pelo elevado nível de participação e as flutuações na
capacidade de importação
➢ E pelas pressões na conta capital nos momentos de crise
Natureza dos fenômenos cíclicos em economias dependentes
As crises são expressadas em termos de desequilíbrios da balança de
pagamentos e de inflação
Em síntese, o ciclo ocorre da seguinte maneira
i) Queda no valor das exportações (redução no valor e no volume
unitário das exportações)
ii) Há um delay entre a contração das exportações e o efeito sobre as
importações
iii) E uma diferença na velocidade da queda dos preços (i) dos produtos
manufaturados importados x (ii) produtos primários exportados
iv) Soma-se a rigidez do serviço dos capitais estrangeiros e a redução na
entrada desses capitais (pressão no BP)
E por fim, nessas condições

i) Há exigência de vultuosas reservas metálicas para o pleno


funcionamento do padrão-ouro
ii) E isso torna mais difícil o funcionamento do sistema monetário
iii) Considerando uma economia no apogeu do café e de crescente
substituição do trabalho escravo pela m.d.o assalariada

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