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Orientações gerais 3
Considerações finais 16
Autores:
Colaboração:
Considerando que o perfil dos pacientes na pediatria foi modificando-se com os anos,
tornando-se cada vez mais frequente a necessidade de assistência a crianças vivendo
com doenças crônicas graves e/ou ameaçadoras da vida, os Cuidados Paliativos
Pediátricos (CPP) surgiram como a forma de assistência integral a esses pacientes e suas
famílias.
Os CPP têm papel primordial durante todo o curso de uma doença progressiva ou
ameaçadora da vida, pois aliviam e tratam os sinais e sintomas físicos, mas também
consideram diversos aspectos, tanto psicológicos como espirituais. CPP tem
importante papel em auxiliar o paciente e sua família a ressignificar a vida, frente ao
adoecimento e as novas condições por ele impostas, melhorando a sua qualidade
de vida e o enfrentamento à doença. O trabalho em equipe multidisciplinar
proporciona um cuidado centrado na criança e sua família, aumentando a rede de
apoio e desenvolvendo estratégias para o tratamento hospitalar e em domicílio.
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Guia geral sobre COVID-19 e Cuidados Paliativos Pediátricos
Parte importante do trabalho é auxiliar no cuidado de fim de vida de crianças com doenças
incuráveis, para que o processo de morte (visto como uma inversão da ordem biológica em
pediatria) ocorra da maneira mais natural possível, não antecipando ou prolongando-o.
Entende-se que a atenção paliativa diminui a incidência de luto complicado, porém fazer o
acompanhamento adequado é fundamental.
Considerando o momento atual em relação ao COVID-19, faz-se necessário garantir o
cuidado desses pacientes e de suas famílias com diretrizes e adaptações pertinentes ao
meio em que estamos inseridos. Ressalta-se que se trata de uma doença nova, ainda
pouco sabendo-se sobre o seu curso clínico e epidemiológico.
Segundo estudos recentes, os sinais e sintomas mais frequentes foram: tosse, febre,
fadiga, sinais gripais (como hiperemia de nasofaringe e congestão nasal), taquicardia,
taquipneia e sintomas gastrointestinais (como vômitos e diarreia). A pneumonia é a forma
mais grave de manifestação em crianças, e, apesar de aparentarem manifestação clínica
menos graves que os adultos, crianças pequenas e bebês são mais vulneráveis a
infecções em geral.
É importante salientar que dados da literatura mostram que alguns pacientes
pediátricos internados em estado grave tinham outras doenças associadas, como
hidronefrose e leucemia, o que deve orientar atenção aos pacientes em Cuidados
Paliativos Pediátricos.
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Orientações gerais
Sobre orientações básicas, medidas de isolamento domiciliar são importantes nesta fase,
especialmente porque as crianças são vetores em potencial.
Deve-se estimular a alimentação saudável e adequada para a faixa etária, assim como
ingestão de líquidos, considerando sua doença de base, já que muitos pacientes em CPP
são cardiopatas ou sofrem de nefropatias graves, por exemplo.
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Orientações gerais
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Orientações gerais
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Orientações gerais
Em CPP, o plano de cuidados é base para um cuidado integral, devendo ser assegurado
que esteja sendo prestado atendimento a todas as esferas, seja física, social, emocional
ou espiritual. O plano de cuidados deve ser revisto a cada intercorrência ou curso da
doença, atendendo-se também aos problemas econômicos da família em questão e a
atenção ao luto.
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Cuidados Paliativos Pediátricos e doenças crônicas complexas
Os Cuidados Paliativos Pediátricos se diferem dos de adulto por diversos tópicos, entre
eles estão o número de crianças tratadas serem menores, mas, concomitantemente, o
número de doenças ser imensamente maior, sendo que várias dessas patologias são
raras e de grande complexidade.
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Cuidados Paliativos Pediátricos e doenças crônicas complexas
As medicações de uso Recomenda‐se que seja feita a Deve-se atentar às Neste momento, deve-se sempre
contínuo devem ser mantidas; vacinação contra a influenza comorbidades, pois podem avaliar riscos das doenças de
de forma prioritária aos grupos acontecer descompensações base, pois podem trazer maiores
de risco; das doenças de base; chances de infecção ou
descompensação aguda, como
linfopenia, comorbidades
pulmonares e cardíacas;
Exames eletivos devem ter sua Restrição de acompanhantes e Suporte psicológico deve ser
necessidade avaliada e, quando visitas devem ser feitas também dado em contínuo, com atenção
necessário e possível, avaliar a para cuidado domiciliar; especial aos irmãos também. Se
coleta em ambiente domiciliar. necessário, utilizar recursos da
Caso necessitem idas à hospitais telemedicina.
ou clínicas, avaliar os riscos
comparando com o benefício que
o exame trará ao tratamento;
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Cuidados Paliativos em Oncologia Pediátrica
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Cuidados Paliativos em Oncologia Pediátrica
Manter o tratamento oncológico nos Centros Especializados – não atrasando os ciclos ou substituindo quimioterápicos. ESTAS MEDIDAS NÃO SÃO ACEITAS COMO
PREVENÇÃO DE FORMAS GRAVES DE COVID-19 EM GRANDES CENTROS ONDE O SUPORTE PODE SER GARANTIDO. Em centros onde não possa ser
garantido o suporte clínico pós quimioterapia intensa (inexistência de vagas em UTI ou hemoderivados), é recomendação da Sociedade Brasileira de Oncologia
Pediátrica/SOBOPE que medidas para postergar ou diminuir a intensidade da quimioterapia sejam consideradas
Organizar agendas ambulatoriais Atentar para o abastecimento de Conhecendo o potencial de Reagende consultas de crianças
de forma a evitar a aglomeração hemoderivados no período da toxicidade do quimioterápico em controle (ATENÇÃO PARA O
na sala de espera para as epidemia quando os bancos de prescrito, devemos ter atenção PRIMEIRO ANO DE CONTROLE
consultas. sangue podem ser especial sobre vagas em E PARA O DIAGNÓSTICO –
desabastecidos. Unidades de Terapia Intensiva AVALIANDO AS POSSÍVEIS
(UTI) para suporte. CHANCES DE RECAÍDA
PRECOCE).
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Cuidados Paliativos em Oncologia Pediátrica
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Cuidados Paliativos em Oncologia Pediátrica
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Cuidados Paliativos Neonatais e Perinatais
Nos casos de gestantes infectadas pelo SARS Cov2, foram relatados dois casos de
bebês que testaram positivo, sem ser possível definir se a infecção ocorreu após o
nascimento, do contato do ambiente, com pessoas infectadas ou se poderia ter
ocorrido durante o trabalho de parto, bem como não é possível afirmar ou negar se
poderia haver transmissão vertical. Nos casos relatados, um dos bebês apresentou
sintomas de desconforto respiratório e alteração de enzimas hepáticas, mas sem
ocorrência de gravidade ou óbito.
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Cuidados Paliativos Neonatais e Perinatais
Um outro artigo, recentemente publicado, fez um contraponto entre estudo anterior que
mostrava nove crianças de mães infectadas pelo SARS Cov2, onde não havia detecção do
vírus pela PCR. No novo estudo foram testadas PCR e também sorologias IgM e IgG em
dois laboratórios, com alta sensibilidade e especificidade em ambos, de seis gestantes
com sintomas leves de COVID 19. Todos os bebês nasceram com bom escore de Apgar e
sem sinais de gravidade e com PCR negativas no swab de orofaringe. Dos seis RNs, cinco
apresentaram IgG positiva para SARS Cov2, enquanto dois apresentaram IgM detectável,
sem, contudo, haver condições de precisar o momento da contaminação. O grande ponto
é a fragilidade metodológica, por se tratar de estudo retrospectivo, com pequeno número
de pacientes e sem dados completos dos bebês, o que demonstra a importância de
continuar estudando na busca de se entender o comportamento perinatal do SARS Cov2.
A pobreza de informação ampla e confiável do ponto de vista científico, que permita
inferir um comportamento epidemiológico, ainda é uma limitação para que se tenha
clareza se teremos casos graves ou que necessitem discussões de elegibilidade
para cuidados paliativos nestes bebês. No entanto, é importante estar atento e com
a equipe preparada para prestar a devida assistência aos pais e/ou familiares, caso
algum bebê evolua de forma desfavorável, seja relacionada à SARS ou a
comorbidades do período neonatal, como a prematuridade por exemplo, com alto
risco de morte ou até mesmo lesões crônicas e sequelas decorrentes de alterações
advindas do período intraútero ou neonatal.
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Cuidados Paliativos Neonatais e Perinatais
Não discutiremos aqui aspectos técnicos relativos aos cuidados assistenciais com a mãe e com o bebê do ponto de vista infeccioso, mas os
que têm relação com a possibilidade da oferta de cuidados paliativos.
Nestes casos, recomendamos que a equipe trabalhe dentro da ótica do CP Perinatal, que orienta:
A abordagem paliativa deve começar Garantir uma discussão honesta, Preocupar-se em preparar as equipes
o mais precocemente possível, clara e empática com pais e da sala de parto e da unidade
inclusive ainda durante o período familiares para que se possa neonatal para receber um bebê que,
intrauterino, de modo que pais e desenhar um plano de cuidados para possivelmente, precisará de um
familiares se preparem para os o parto, proporcional à necessidade rigoroso controle de sintomas e com
possíveis desfechos para o bebê; do bebê e de sua família; possível desfecho para a morte;
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Considerações finais
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Referências:
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