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Iluminação

Eficiente
Iniciativas da Eletrobras
Procel e Parceiros

Organizadores
Luiz Eduardo Menandro de Vasconcellos
Marcos Alexandre Couto Limberger
Iluminação
Eficiente
Iniciativas da Eletrobras
Procel e Parceiros

Organizadores
Luiz Eduardo Menandro de Vasconcellos
Marcos Alexandre Couto Limberger

Eletrobras Procel
Rio de Janeiro - 2013
Copyright @ by Eletrobras Procel
Direitos Reservados em 2013 por Eletrobras Procel

Organização
Luiz Eduardo Menandro de Vasconcellos – Eletrobras Procel
Marcos Alexandre Couto Limberger – Eletrobras Procel

Revisão Técnica: Eletrobras Procel


Ana Lúcia dos Prazeres Costa
Emerson Salvador
George Camargo dos Santos
José Luiz Grünewald Miglievich Leduc
Marcelo José dos Santos
Rafael David Meirelles
Rudney Espírito Santo

Edição e Consultoria editorial


Júlio Santos - Ambiente Energia

Revisão de Textos
Joselaine Andrade

Padronização de Textos
Fábbio Lobo - Ambiente Energia

Ficha Catalográfica
Fernanda Maria Lobo da Fonseca - Ambiente Energia

Programação Visual e Produção Gráfica


Ana Beatriz Leta - Girasoli Soluções

Capa
Ana Beatriz Leta, sobre foto de Jorge Coelho
Enseada de Botafogo a partir do bairro da Urca, no Rio de Janeiro

Apoio Gráfico
Raphaël Paulo de Souza – Assessoria de Comunicação – Eletrobras

Impressão
Zit Gráfica

E393 Eletrobras Procel.


Iluminação Eficiente: Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros / Organi-
zadores: Luiz Eduardo Menandro de Vasconcellos e Marcos Alexandre Couto Limber-
ger. – Rio de Janeiro : Eletrobras/ Procel, 2013.
266 p. : il. color

ISBN 978-85-87083-36-4

1. Iluminação – Brasil. 2. Eficiência Energética – Brasil. 3 Conservação de
Energia. I. Eletrobras. II. Procel. III. Vasconcellos, Luiz Eduardo Menandro de (Org.).
II. Limberger, Marcos Alexandre Couto (Org.). II. Título.

CDU 621.3

Eletrobras – Centrais Elétricas Brasileiras S/A


Avenida Presidente Vargas, 409 - 13o andar - Centro - Rio de Janeiro, RJ
CEP: 20071-003 - Tel.: (21) 2514-5151

Procel – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica


Avenida Rio Branco, 53 - 13o andar - Centro - Rio de Janeiro, RJ
CEP: 20090-004 - Tel.: (21) 2514-4697 - Fax: (21) 2514-4521
www.procelinfo.com.br/procel@eletrobras.com
Na maior parte das ações de eficiência energética
em iluminação que realizou, a Eletrobras contou com a
lúcida contribuição, o apoio e o estímulo do engenheiro
Isac Roizenblatt, profundo conhecedor da visão da
indústria, e do engenheiro Ricardo Ficara, que possui
pleno domínio da perspectiva dos laboratórios.
Este livro é dedicado a eles.
Prefácio
Um dos vários desafios com o qual a humanidade se defrontou foi dotar as mo-
radias com luz artificial. Na pré-história, o fogo, originado da queima da madeira,
era utilizado pelo homem com os objetivos de afugentar seus predadores e aquecê-
-lo, porém, já cumpria indiretamente o propósito de iluminar o ambiente a sua volta.
Com o tempo, as técnicas de manutenção da chama se multiplicaram, passando
pela utilização de graxa animal e a criação de lamparinas de pedra, o que melhorou
consideravelmente a iluminação dos ambientes. O controle da chama foi evoluindo,
e, assim, conceberam-se velas, tochas, lampiões, porém, com a luz sempre originada
da queima arcaica de combustíveis sólidos e líquidos.
Somente séculos mais tarde passou-se a utilizar amplamente o gás e o petróleo,
considerados, na época, paradigmas também na iluminação. Contudo, em meados
do século XIX, com os estudos da eletricidade, um marco na ciência trouxe grande
avanço na qualidade de vida das pessoas. Dois cientistas, o inglês Joseph Swan e o
americano Thomas Edison, apresentaram ao mundo seus protótipos de dispositivos
para gerar luz a partir da energia elétrica: nasceu a lâmpada incandescente.
Mais de um século se passou e o modelo de Swan e Edison continua presente e
amplamente conhecido. O formato dessa lâmpada é tão marcante, que nos remete à
ideia nova, criatividade e solução.
Nos dias de hoje, a indústria da iluminação desempenha um papel importantís-
simo na economia mundial, envolvendo milhões de pessoas e movimentando recur-
sos extraordinários. Uma plêiade de pesquisadores trabalha e desenvolve produtos a
todo instante, a partir de materiais e ideias inovadoras. É uma área em que surge uma
luz nova a cada momento, um campo que não se esgota, buscando continuamente
transpor novas barreiras de qualidade, custo e eficiência.
No Brasil, há mais de 27 anos, o Programa Nacional de Conservação de Energia
Elétrica (Procel), executado pela Eletrobras, sob a coordenação do Ministério de Mi-
nas e Energia (MME), vem celebrando parcerias com órgãos reguladores, centros de
pesquisas, laboratórios, universidades, indústrias e associações de classe, permitindo
que novas opções de equipamentos, mais eficientes, sejam disponibilizadas à so-
ciedade brasileira. Como contrapartida, característica de toda relação ganha-ganha,

6 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


esses parceiros se beneficiam da visão direcionada do Programa para definir suas
estratégias e ter suas marcas reconhecidas como promotoras da eficiência energética.
Como exemplo de ações em infraestrutura, podemos citar os investimentos fei-
tos em laboratórios de última geração para testes em lâmpadas e luminárias, como
é o caso do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), onde foi instalado um
goniofotômetro – equipamento utilizado para medir a distribuição espacial da luz
emitida por sistemas de iluminação –, no valor de R$ 3,8 milhões.
Laboratórios desse tipo dão apoio também ao nosso Programa de Eficiência Energé-
tica em Iluminação Pública, o Procel Reluz. Realizado em parceria com concessionárias
e prefeituras de todas as regiões do Brasil, o Reluz já proporcionou uma melhoria consi-
derável da qualidade de vida, além de economias expressivas por meio da substituição de
mais de 2,5 milhões de pontos de iluminação por outros mais eficientes.
Outras atividades, como estudos para criação e atualização de normas técnicas,
participação em comitês de desenvolvimento e ampliação dos índices mínimos de
eficiência energética, ações de cunho educacional, entre muitas já realizadas ou em
curso, estão reunidas nesta publicação para que seus ensinamentos e resultados fi-
quem disponíveis a todos os interessados pelo tema.
Ao longo dos artigos aqui contemplados, são perceptíveis os avanços conquis-
tados na eficientização da iluminação no País, mas os desafios ainda são grandes. A
utilização de produtos eficientes nessa área foi responsável, na última década, pela
redução do consumo de cerca de 14.500 GWh – 40% dos resultados do Procel nesse
período. Entretanto, estudos do Programa apontam um potencial considerável de
economia de energia nessa área. Para ampliar esses ganhos, novas tecnologias pre-
cisam ser desenvolvidas e agregadas ao Selo Procel Eletrobras, enquanto aquelas já
conhecidas precisam ser continuamente aprimoradas.
Por fim, destacamos e agradecemos a participação dos parceiros, autores e co-
autores nesta publicação, os quais, com suas diferentes visões, contribuíram para
alavancar mais essa iniciativa. Esperamos que este esforço possa inspirar novos tra-
balhos e estudos, para que muitas ações como estas reunidas sejam replicadas e
compartilhadas.

José da Costa Carvalho Neto


Presidente da Eletrobras

Prefácio 7
Apresentação

A presente obra foi elaborada com o objetivo de agrupar e deixar regis-


trado o conhecimento desenvolvido nos últimos anos pela Eletrobras Procel e
seus Parceiros na área da iluminação residencial, comercial e pública.
A obra foi concebida a várias mãos, sendo que para a elaboração de cada
capítulo, participantes dos respectivos projetos ou especialistas nos assuntos
foram convidados a compartilharem seus conhecimentos, relatando-os nos ar-
tigos que seguem.
Nos primeiros textos é dada uma introdução ao leitor sobre o tema iluminação
eficiente, sendo o Capítulo 1 responsável por contextualizar e apresentar alguns
conceitos de forma geral. De forma mais particular, em 1.1 é destacada a ilumi-
nação pública (IP), por meio de um histórico mundial e nacional e ao final são
salientadas as principais regulamentações aplicadas no Brasil. Tratando sobre
iluminação predial, que contempla edifícios residenciais, comerciais, de serviços
e públicos, 1.2 aborda a eficiência energética nesses projetos, tomando por base
a metodologia do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) de Edificações.
Na sequência, 1.3 destaca os resultados da pesquisa realizada pela Ele-
trobras Procel que visou quantificar a posse e qualificar a tipologia e o hábito
de uso dos equipamentos elétricos, eletrônicos e eletrodomésticos na classe
residencial. Um estudo, realizado pela Coordenação dos Programas de Pós-
-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-
-UFRJ), é apresentado em 1.4, tratando do potencial de conservação de energia
elétrica para a classe residencial até 2030, levando em consideração diferentes
cenários teóricos e práticos, com destaque à participação da iluminação.
Os artigos subsequentes são voltados à vertente tecnológica, sendo o Ca-
pítulo 2 responsável por apresentar o mercado de equipamentos de iluminação
no Brasil e os programas governamentais de avaliação da conformidade. Ao
final há uma breve introdução às lâmpadas do tipo LED (light emitting diode) –

8 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


a tecnologia “da vez” na iluminação. Após essa visão do mercado nacional, 2.1
introduz os equipamentos e tecnologias utilizadas na iluminação residencial
e comercial, enquanto 2.2 trata daqueles empregados na iluminação pública.
Seguindo o teor tecnológico, 2.3 destaca a regulamentação da Lei de Efici-
ência Energética para as lâmpadas incandescentes de uso comum, que objetiva
sua retirada gradual do mercado devido a sua ineficiência energética em rela-
ção a outras tecnologias existentes e já difundidas. Por fim, em 2.4 é exposto
um problema comum para a sociedade: o descarte de equipamentos, neste caso,
de lâmpadas com conteúdo de mercúrio. São apresentadas algumas iniciativas
do governo e da indústria para remediar tal inconveniente.
O Capítulo 3 sintetiza os esforços realizados pela Eletrobras Procel,
Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e laborató-
rios para que sejam disponibilizados equipamentos eficientes de iluminação no
mercado. É dado destaque ao Selo Procel Eletrobras de Economia de Energia,
sendo apresentado um histórico do programa e a evolução de seus resultados,
além de um breve relato das ações de capacitação laboratorial para ensaiar
equipamentos e de apoio à área de normalização do setor.
Tais ações, adotadas para a realização da capacitação laboratorial, são por-
menorizadas em 3.1, detalhando-se o processo desenvolvido e a forma como
se executa o acompanhamento. Ainda contemplando os esforços para fornecer
equipamentos eficientes ao mercado, é apresentada em 3.2 a metodologia de
avaliação dos impactos energéticos do Selo Procel Eletrobras em lâmpadas
fluorescentes compactas.
Outro subprograma da Eletrobras Procel também atua no setor de ilumi-
nação, o Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização Semafórica
Eficientes, comumente chamado Procel Reluz. Suas informações gerais, dados
históricos, seus resultados mensurados e benefícios percebidos estão descritos
no Capítulo 4.
Os dois textos ulteriores tratam de estudos realizados na área de IP, frutos
de parcerias entre a Eletrobras Procel com outros agentes. O primeiro, 4.1,
descreve as atividades e resultados do projeto para avaliação dos sistemas de
IP implementados no âmbito do Procel Reluz, e o segundo, 4.2, é referente à
avaliação do desempenho de relés fotocontroladores nesses sistemas.

Apresentação 9
O Capítulo 5 trata sobre o extenso e minucioso trabalho em andamento
de revisão e criação de normas no segmento de IP. De forma geral, o trabalho
busca a melhoria da qualidade dos equipamentos, a redução dos custos com
desperdícios, a uniformização da produção, meios de restringir e regular o
mercado importador, entre outros benefícios comumente obtidos com a vigên-
cia de normas atualizadas e abrangentes.
O Capítulo 6 apresenta o Programa de Eficiência Energética (PEE), re-
gulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que obriga as con-
cessionárias a executarem projetos de eficiência energética em suas áreas de
concessão/permissão.
A última parte do livro, reunida a partir do Capítulo 7, apresenta algu-
mas iniciativas de capacitação, formação acadêmica e disseminação na área de
iluminação eficiente. Após uma breve introdução, 7.1 provê informações dos
trabalhos realizados pelo Centro de Excelência em Iluminação Pública (CEIP),
criado em 2008, no Rio Grande do Sul; e 7.2 expõe as ações dos chamados
Centros de Demonstração, destinados a disseminar informações relacionadas
à eficiência energética por meio do uso de técnicas e equipamentos eficientes.
São eles: Centro de Aplicação de Tecnologias Eficientes (Cate), localizado
no Rio de Janeiro, com instalações no Cepel na Ilha do Fundão, desde 1997;
a Casa Eficiente, situada em Florianópolis (SC), desde 2006; e a Casa Genial,
criada em 2008, em Porto Alegre (RS).
Referente à formação acadêmica, o artigo 7.3 tem como foco o ensino em
sala de aula, destacando, por exemplo, como matérias e conteúdos devem ser
abrangidos nos cursos e a forma como deve se repassar as informações aos
alunos. Nessa mesma vertente, o 7.4 descreve as atividades de laboratório e
pesquisa, com ênfase na eficiência energética.
Encerrando a obra, são realizadas as Considerações finais e perspecti-
vas da iluminação nas quais se faz um apanhado da publicação, da evolução
do mercado e das tendências tecnológicas, principalmente em se tratando da
tecnologia LED.
Por fim, cabe ressaltar que todo esse material só está aqui disponível gra-
ças ao comprometimento de todos os autores e parceiros envolvidos que, quan-
do solicitados, compreenderam a importância deste projeto e dispuseram de

10 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


seu tempo, de forma gratuita, para registrarem suas experiências e conheci-
mento. É devido, ainda, um agradecimento ao apoio da Cooperação Alemã
para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für
Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH na edição desta obra.

Apresentação 11
Sumário
1 Panorama e conceitos sobre iluminação residencial, comercial e pública.............. 14
Gilberto José Correa Costa Testtech Laboratórios - consultor
Isac Roizenblatt Abilux
Marcel da Costa Siqueira Eletrobras Procel
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel

1.1 Iluminação pública no Brasil – histórico, conceituação e regulamentação..... 26


Luciano Haas Rosito Cobei-ABNT - participante
Marcel da Costa Siqueira Eletrobras Procel
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel
Sérgio Lucas de Meneses Blaso Cemig

1.2 Sistemas de iluminação predial e a eficiência energética............................... 40


Estefânia Neiva de Mello Eletrobras Procel
Roberto Lamberts Labeee-UFSC
Veridiana Atanasio Scalco Labeee-UFSC

1.3 Uso da iluminação na classe residencial............................................................ 50


Emerson Salvador Eletrobras Procel
Reinaldo Castro Souza PUC-Rio

1.4 O potencial de conservação de energia elétrica na iluminação...................... 58


Claude Cohen UFRJ/UFF
Gustavo Malaguti Coppe-UFRJ
Mariana Weiss UFF
Vanderlei Martins Coppe-UFRJ

2 Introdução ao mercado de equipamentos de iluminação no Brasil........................ 67


Daniel Delgado Bouts Eletrobras Procel

2.1 Tecnologias aplicadas em iluminação pública................................................... 76


Isac Roizenblatt Abilux
Sérgio Lucas de Meneses Blaso Cemig

2.2 Tecnologias utilizadas na iluminação residencial e comercial ....................... 86


Alexandre Cricci Abilumi
Rubens Rosado Guimarães Teixeira Abilumi

2.3 Regulamentações da Lei de Eficiência Energética


para equipamentos de iluminação............................................................................ 96
Felipe Carlos Bastos Eletrobras Procel
Jamil Haddad Unifei-Excen
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel

2.4 Descarte de lâmpadas contendo mercúrio no Brasil......................................108


Isac Roizenblatt Abilux
William Mendes de Farias Eletrobras Procel
Zilda Maria Faria Veloso MMA

3 Iluminação no Brasil: contribuições do Selo Procel Eletrobras e da ENCE..............117


Alexandre Paes Leme Inmetro
Daniel Delgado Bouts Eletrobras Procel
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel

3.1 Capacitação de laboratórios de iluminação.....................................................126


Daniel Delgado Bouts Eletrobras Procel
Ricardo Ficara Cepel
William Mendes de Farias Eletrobras Procel

12 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


3.2 Metodologia de avaliação do Selo Procel Eletrobras
em sistemas de iluminação......................................................................................134
Luiz Augusto Horta Nogueira Unifei-Excen
Moises Antônio dos Santos Eletrobras Procel
Rafael Balbino Cardoso Unifei-Itabira
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel

4 Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização


Semafórica Eficientes - Reluz ........................................................................................146
Marcel da Costa Siqueira Eletrobras Procel
Moisés Antônio dos Santos Eletrobras Procel

4.1 Avaliação de sistema de iluminação pública do Procel Reluz.......................155


Álvaro Medeiros de Farias Theisen Testtech Laboratórios
Luciano de Barros Giovaneli Eletrobras Procel
Luciano Haas Rosito Cobei-ABNT-participante
Moises Antônio dos Santos Eletrobras Procel

4.2 Estudo sobre relés fotocontroladores...............................................................170


Álvaro Medeiros de Farias Theisen Testtech Laboratórios
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel

5 Normas aplicáveis à iluminação pública...................................................................177


Álvaro Medeiros de Farias Theisen Testtech Laboratórios
Isac Roizenblatt Abilux
Luciano Haas Rosito Cobei-ABNT-participante

6 Contribuições do PEE para a difusão de


tecnologias e práticas eficientes de iluminação..........................................................184
Máximo Luiz Pompermayer Aneel

7 Capacitação, formação e disseminação da iluminação...........................................202


Daniel Delgado Bouts Eletrobras Procel

7.1 O Centro de Excelência em Iluminação Pública...............................................204


Cássio Alexandre Pereira de Souza Labelo-PUCRS
Domingos Francisco Malaguez Alves Labelo-PUCRS
Luciano Haas Rosito Cobei-ABNT-participante
Mauricio Wahast Avila Labelo-PUCRS

7.2 Centros de Demonstração..................................................................................214


Ary Vaz Pinto Junior Cepel
Clóvis Nicoleit Carvalho Eletrobras Eletrosul
João Carlos Aguiar Cepel
Jorge Luis Alves Eletrobras Eletrosul
Luis Marcos Scolari PUCRS
Roberto Lamberts Labeee-UFSC

7.3 O ensino da iluminação.....................................................................................224


Gilberto José Correa Costa Testtech Laboratórios - consultor

7.4 Experiência do laboratório da UFJF em casos aplicados.................................232


Danilo Pereira Pinto UFJF
Henrique Antonio Carvalho Braga UFJF
Marcel da Costa Siqueira Eletrobras Procel

Considerações finais e perspectivas..............................................................................250


Minicurrículos dos autores..............................................................................................256

Sumário 13
1 Panorama e conceitos sobre iluminação
residencial, comercial e pública

Gilberto José Correa Costa Testtech Laboratórios - consultor


Isac Roizenblat Abilux
Marcel da Costa Siqueira Eletrobras Procel
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel

O capítulo traça um breve quadro da evolução da iluminação


nos setores residencial, comercial e de iluminação pública,
destacando pontos como o surgimento das associações téc-
nicas e o desenvolvimento tecnológico, hoje marcado pela
forte entrada no mercado de soluções de alto patamar de
eficiência energética com os LEDs (light emitting diode –
diodo emissor de luz) e mais futuramente dos OLEDs (or-
ganic light emitting diode – diodo orgânico emissor de luz).
Também destaca iniciativas como o programa Procel Reluz
da Eletrobras.

14 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

Em 1973, houve um marco para o mundo na questão da gestão energética.


Foi o momento em que surgiu a primeira crise do petróleo de forma inesperada,
intensa e impactante para todos os países, visto que dependiam principalmente da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) como fonte energética
principal para as suas atividades econômicas. Os reflexos no Brasil vieram de for-
ma lenta e gradual, pois suas fontes geradoras de energia eram e são, na maioria,
de origem hidráulica. Entretanto, tornou-se indispensável, passados alguns anos,
estabelecer novas regras tarifárias, bem como regulamentar os novos preços. A
consequência foi inevitável para todos os consumidores, que, quando começaram a
viver a inflação controlada, puderam avaliar os reflexos no seu balanço financeiro.
No meio desse processo de conscientização surge o Programa Nacional de Con-
servação de Energia Elétrica (Procel), em 1985, como um programa do Governo Fe-
deral, executado pela Eletrobras, atendendo às diretrizes estratégicas do Ministério de
Minas e Energia (MME).
Deve ser entendido que conservar energia elétrica em iluminação significa com-
bater o desperdício, que pode ocorrer por um processo tecnológico, pela melhoria da
eficiência em sistemas existentes, ou pela mudança de hábitos de uso. É importante
lembrar que ao conservar energia está se ajudando a preservar o meio ambiente e a
reduzir os gastos com o consumo de energia elétrica.
Como forma de apoio à eficiência energética, geralmente utilizam-se estudos
de luminotécnica, que é a ciência de aproveitar a luz do dia, bem como de produzir
e utilizar a luz artificial, otimizando quantidade, qualidade, adequação e emoção à
finalidade da visão.

A necessidade de competitividade

Controlada a inflação, em meados dos anos 1990, tornou-se indispensável pensar


em como as matrizes financeiras de investimentos e de custos tornar-se-iam competitivas
nos mercados interno e internacional. Criou-se assim uma nova mentalidade comercial.
Fruto destas ações de um lado exógenas ao país, mas também de natureza interna, a ilu-
minação começou a mostrar uma melhoria nos seus produtos até então existentes.

Panorama e conceitos sobre iluminação residencial, comercial e pública 15


Particularmente, os fabricantes de lâmpadas situados no hemisfério norte co-
meçaram a buscar um melhor rendimento para as lâmpadas existentes, mediante o uso
de pós fluorescentes a base de terras raras, denominados trifósforos, que passaram a
ter um custo de produção competitivo devido às revisões de aumentos tarifários a nível
mundial. Surgem então as lâmpadas fluorescentes T8 e T5, com rendimentos elevados
expressos em lúmens por watt (lm/W). O uso das tradicionais T10 e T12 diminuiu,
chegando até a serem proibidas em alguns países. As lâmpadas a vapor de mercúrio e
o modelo “frankstein” das de luz mista perderam a expressão. A indústria desenvolveu
novos modelos de lâmpadas de multivapores metálicos usando tubos de arco cerâmi-
cos – tecnologia já conhecida nas a vapor de sódio de alta pressão.
Finalmente, no final do século passado, aconteceu uma evolução tecnológica: a
iluminação por estado sólido (SSL – solid state lighting), que trouxe uma nova forma
de produção de luz, por meio da eletroluminescência (até então só eram usadas a
incandescência e a descarga por meio dos gases). Uma análise do Departamento de
Energia Norte Americano (DOE, na sigla em inglês) verificou que as lâmpadas fluo-
rescentes tubulares e mesmo as compactas tendem a obter no máximo uma eficiência
adicional da ordem de 5%. Dessa maneira, o mercado dos LEDs de luz “branca” – e
no futuro dos OLEDs – passou a ter uma consideração muito importante.
Todas essas ações foram mais reforçadas pelo fato de que a iluminação incan-
descente passou a ter seus dias contados, segundo um cronograma implantado pela
Comunidade Econômica Europeia (CEE), que tem como objetivo principal o desen-
volvimento dos LEDs. Gavin Weightman (2011) comentou que “a morte da lâmpada
de filamento é sem dúvida uma das primeiras mudanças que serão feitas no uso da ele-
tricidade. É inconcebível que fontes de potência usando mercúrio permaneçam como
parte essencial do nosso mundo”.

A iluminação e as associações técnicas

No arcabouço desse renascimento, é bom não esquecer que o primeiro texto


referente ao estudo e medição da luz surgiu a partir de 1560. Dessa maneira, es-
poradicamente outros textos apareceram, dos quais se destacou a obra em latim de
Johann Heinrich Lambert (1760) “Phtometria sine de Mesura et Gradibus Luminis,
Color et Umbræ”, traduzida para o inglês pelo professor David DiLaura (2006),

16 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


que assim se pronuncia no seu prefácio: “Ele foi aquele que identificou com pre-
cisão a maioria dos conceitos fotométricos, reunindo-os num sistema coerente de
quantidades fotométricas, definindo-as com precisão suficientemente matemática”
(Lambert, 2001). Comenta ainda que “é o livro texto que está presente na literatura
técnica, honrado por todos, colecionado por alguns e lido por ninguém”, até então.
A evolução dos estudos de iluminação passou também pela criação de associações
particulares em cada país, mas que hoje podem ser simplificadas por duas principais. A
Sociedade de Engenharia de Iluminação (IES), criada em 1906 e atuando na América do
Norte; e a Comissão Internacional de Iluminação (CIE), criada em 1913, com a participa-
ção inicial de países da Europa e atualmente disseminada pelo mundo. Ambas se dedicam a
formular normas e procedimentos relativos à iluminação, desenvolvendo trabalhos parale-
los, mediante o intercâmbio de informações técnicas. A meta final dos trabalhos é a mesma,
mas os estudos teóricos seguem seus próprios caminhos para atingir os mesmos objetivos.
Quem pode ganhar? Naturalmente o Brasil, via a Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas (ABNT), pois a característica do pesquisador brasileiro e da indústria
associada é buscar conhecimento com base no passado, melhorando-o para conquistar
mercados internacionais. Há ainda as normas referentes à qualidade, denominadas ISO
(International Standard Organization) e o Código de Defesa do Consumidor, hoje com
ampla aceitação.
Como a iluminação artificial está condicionada ao uso da eletricidade, é ne-
cessário incluir mais uma organização que nada tem a ver com a luz propriamente,
mas com a segurança e os ensaios dos produtos que a emitem (lâmpadas, luminárias
e acessórios). Trata-se da Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC, na sigla em
inglês), também utilizada como referência pela ABNT. Outras instituições impor-
tantes se agregam a esse perfil. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tec-
nologia (Inmetro) que por meio da certificação de produtos passa a exigir qualidade e
o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), administrado pela
Eletrobras, que promove a eficiência energética, por meio do Selo Procel Eletrobras.

O sistema de unidades fotométrico fotópico

A definição das unidades fotométricas foi realizada ao longo do tempo pelo


Sistema Internacional de Unidades (SI). Ela decorreu do fato de que havia uma ne-

Panorama e conceitos sobre iluminação residencial, comercial e pública 17


cessidade urgente, caracterizada pelo professor Thompson, na Inglaterra, em 1909,
de comparar fontes e sistemas de iluminação de forma numérica, mais precisa e
objetiva do que a expressão: “bem ou mal iluminado”.
A CIE, em 1931, aprovou a curva de visibilidade, conhecida como V(l) ou Efi-
cácia Normalizada Luminosa Espectral Fotópica, complementada com os valores dos
tristímulos (correspondente à sensibilidade da retina relativa aos cones: azul, verde
e vermelho) para comparação de cores e também com os valores escotópicos V’(l)
(correspondente ao limiar da sensibilidade da retina para o escuro). Recentemente sur-
giram os valores intermediários ou mesópicos, cujo uso final ainda é objeto de estudos.
A definição do olho padrão, em 1931, permitiu formular a interligação das di-
ferentes unidades de iluminação, apresentadas na figura 1.1 do sistema fotométrico,
lembrando que apesar da unidade básica de intensidade luminosa ser candelas (cd),
ela deriva do fluxo luminoso (lúmens). Esta caracterização é semelhante à formula-
ção entre intensidade de corrente elétrica (ampères) e tensão elétrica (volts) – ambas
unidades básicas têm medições indiretas. Uma análise pormenorizada da figura per-
mitirá facilmente verificar os elos entre cada uma dessas grandezas.
SPD RLE
X
W/nm V( )

FLUXO LUMINOSO K = 683


X
Light (W) lm/W

ÂNGULO SÓLIDO FLUXO LUMINOSO ÁREA


÷ ÷
sr lúmen m

ÁREA INTENSIDADE
PROJETADA LUMINOSA
÷ chegando saindo
m candela

LUMINÂNCIA
ILUMINÂNCIA EXITÂNCIA

candela/(m .sr) lux lúmen/m

SPD – Distribuição Espectral de Potência


RLE – Eficácia Normalizada Luminosa Espectral

Figura 1.1 • Diagrama de relação das unidades de iluminação

18 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Os métodos de cálculo

É interessante, antes de comentar este item, mencionar que o arquiteto Man-


sart, ao conceber a Galeria dos Espelhos no Palácio de Versailles (1687), localizou-
-a de forma tal que sua orientação segue transversalmente a trajetória solar. Com
um comprimento de 75 metros e uma largura de 10 metros, a galeria recebe uma
iluminação natural através de 17 grandes janelas (com visão para os jardins do pa-
lácio), em oposição a 17 conjuntos de espelhos. Imagine agora a obra de criação do
grande arquiteto que, no momento do pôr do sol, cuja luz é amarelo-avermelhada,
vislumbrou a entrada dessa luz integrada ao ambiente com candelabros munidos
de velas, a qual também é amarelada, e às atividades dos membros da corte. Assim,
as metodologias de cálculo são importantes, mas é a emoção que faz da iluminação
uma possível obra de arte.
Uma vez definido o olho humano padrão (a técnica trabalha com padrões), ou-
tros procedimentos para projetos passaram a ser considerados. Sendo o método de
cálculo ponto por ponto trabalhoso, era necessário disseminar um processo mais
simples, com resultados mais rápidos, imediatos e ao mesmo tempo eficazes.
Em 1953, surge o Método dos Lumens que parte de estudos práticos realizados
por meio da consideração teórica do fluxo luminoso direto, adicionados aos ganhos
das interreflexões da radiação luminosa devido ao teto, às paredes e ao piso. A meta
final desse método é obter o “fator de utilização” (Fu) que representa a eficiência
luminosa do conjunto lâmpada, luminária e recinto; logo, é função de três infor-
mações: dados técnicos da lâmpada e da luminária que estão sendo empregadas;
geometria do local (comprimento, largura e altura); e textura ou cor do teto, paredes
e piso (refletâncias).
O Método dos Lumens se aplica praticamente em todas as situações (ilumina-
ção residencial, comercial, industrial e serviço público), fornecendo a quantidade
de luminárias necessárias para iluminar um ambiente, a partir de um valor de ilumi-
nância. Na iluminação pública (IP), permite inferir, com base em uma moda de vãos
de posteação (comprimento de vãos ou entre postes de maior frequência em uma
distribuição) e no tipo de superfície da via, a iluminância estimada sobre o plano.
Somente apresenta um resultado parcial na iluminação esportiva, pois avalia a quan-
tidade de projetores sem definir a sua orientação sobre o campo ou a quadra. Neste

Panorama e conceitos sobre iluminação residencial, comercial e pública 19


caso é necessário empregar o método ponto por ponto que também é aplicável na
iluminação dirigida a objetos.

Iluminação residencial e comercial

O objetivo da iluminação residencial visa atender às necessidades dos ambien-


tes segundo a sua função. De forma muito simplificada, uma residência se compõe
de três conjuntos funcionais, podendo ter cada um deles mais de um ambiente. Os
ambientes nobres de natureza social (vestíbulo, sala de estar etc), os íntimos (dor-
mitórios, banheiros etc) e os ambientes de serviço (como cozinhas, lavanderias, ga-
ragens etc). Tanto as residências como os edifícios têm áreas comuns destinadas às
ligações entre os ambientes. Os sistemas de iluminação são em geral constituídos por
lustres nas áreas sociais e íntimas e por luminárias nas áreas de serviço.
Paulatinamente, a iluminação incandescente vem sendo substituída pelas lâm-
padas fluorescentes compactas, já disponíveis no mercado, que apresentam maior
eficiência e durabilidade.
O mesmo deverá acontecer com as lâmpadas incandescentes halógenas com re-
fletor dicróico, comumente denominadas lâmpadas dicróicas. Desta forma, em mé-
dio prazo, o futuro estará reservado sem sombra de dúvida aos LEDs, cuja eficácia
energética (lúmens por watt) cresce segundo a Lei de Moore1.
A iluminação comercial deve atender ao propósito do estabelecimento. Usual-
mente empregam-se luminárias fluorescentes tubulares lineares para a iluminação
geral. A iluminação de realce pode empregar lâmpadas de descarga de multivapo-
res metálicos com tubo de arco cerâmico, através de projetores ou de sistemas que
incorporam o projetor. O sistema é variável segundo o tipo de comércio, mas tem
sempre o mesmo objetivo: transformar o estoque das mercadorias em vendas. Sua
substituição aguarda o desenvolvimento dos OLEDs que não estão no mesmo nível
dos LEDs, apresentando ainda incertezas tecnológicas.

1 Até meados de 1965 não havia nenhuma previsão real sobre o futuro do hardware, quando o então presidente da
Intel, Gordon E. Moore fez sua profecia, na qual o número de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo
mesmo custo, a cada período de 18 meses. Essa profecia tornou-se realidade e acabou ganhando o nome de Lei de
Moore.

20 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Iluminação pública

A iluminação pública é um caso particular de iluminação externa que pode ser
classificada como rodoviária, urbana e monumental. A iluminação rodoviária tem
aplicações para o caso de estradas, já a iluminação urbana é empregada na ilumina-
ção de ruas (vias urbanas). Com relação a isso, para o Dr. Peter Boyce, engenheiro
reconhecido como uma autoridade na questão da percepção visual e na iluminação
de vias públicas, as densidades de tráfego e de velocidade são as fontes de informa-
ção mais comumente encontradas em normas, mas as fontes possíveis de distração
para os motoristas são usualmente negligenciadas (um exemplo são os painéis de
propaganda) e há os casos das placas de sinalização que nem sempre são tão visíveis
à noite (Boyce, 2009).
A iluminação monumental, que adquiriu um destaque maior nos últimos tem-
pos, trata da iluminação de monumentos, fachadas de prédios ou obras civis con-
sideradas como sendo de arte (tais como pontes). A iluminação de túneis é muito
particular e leva em consideração os aspectos específicos de cada túnel.
É interessante notar que a IP surgiu para o combate ao crime em Londres (1415)
por solicitação de comerciantes. Em 1665, a polícia francesa, nas ruas de Paris, ficou
encarregada da IP (Loe, 2009). Já na cidade de Colônia, na Alemanha, a iluminação
pública foi proibida por motivos religiosos, pois os cristãos alegavam que “Deus
havia criado a noite para ser escura”.
Waldram, um pesquisador inglês, pode ser considerado como um pioneiro no
estudo da iluminação pública, pois estabeleceu alguns pontos importantes. Primeiro,
definiu que o alcance da visão dos motoristas estava situada entre 60 e 100 m (valor
usado hoje nas normas); em seguida, verificou que a iluminação mudava segundo o
tipo de pavimentação da via (é muito importante a consideração desse critério pelas
normas); e por terceiro, percebeu que em distâncias pequenas o motorista usava a
visão apenas para detalhes (Waldram, 1951).
No Brasil, a cidade do Rio de Janeiro, em meados do século XVI e no início do
século XVII, era dotada de fraca iluminação noturna, percebida somente através das
janelas, vindas de candeeiros, lamparinas ou velas voltadas para o interior das cons-
truções. Nas vias públicas, a única iluminação que se tinha era de cunho religioso,
nos oratórios.

Panorama e conceitos sobre iluminação residencial, comercial e pública 21


“Em 1763, quando o Rio de Janeiro passou a ser capital do Brasil (...) a cidade
era iluminada apenas e muito precariamente, por meio de lampiões e candeeiros ali-
mentados a óleo de peixe (...) A iluminação pública era assim precaríssima em ruas
estreitas e não calçadas, o que fazia o povo recolher-se cedo, fechar as portas e evitar
saídas noturnas.” (Memória, 2004)
Em 1794, foram instalados, aí então pelo governo, cem lampiões e candeeiros
de azeite afixados em postes pelas ruas da cidade. Os lampiões eram custeados pelo
poder público e pelos particulares. As casas eram iluminadas por meio de pequenos
cilindros coloridos de vidro, enchidos com cera e com um pavio no centro.
Em 1808, a família real se transferiu para o Brasil e D. João VI instituiu a Inten-
dência Nacional de Polícia para cuidar da segurança e policiamento. A Intendência
de Polícia providenciou a instalação de iluminação em diversas ruas da cidade para
evitar a escuridão, tida como propícia à proliferação de marginais. Foram instalados,
a cada 100 passos de distância, lampiões sobre colunas de pedra e cal no trajeto do
coche de D. João em direção à Quinta da Boa Vista. Esta estrada ficaria conhecida
como Caminho das Lanternas e, posteriormente, Caminho do Aterrado, traçado so-
bre área aterrada sobre alagadiços então existentes (Fróes da Silva, 2006).
A iluminação pública era realizada com utilização de óleos, chamados de azei-
tes, extraídos, sobretudo da baleia, do lobo-marinho, do coco e da mamona. Acende-
dores de lampiões, em geral trabalhadores escravos, realizavam diariamente a tarefa
de acendimento (figura 1.2).

Figura 1.2 • Iluminação a azeite


Tela: Coleta de esmolas para irmandade, Jean Baptista Debret (1820)

22 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Na atual legislação (2012), sua competência é municipal tendo como respon-
sabilidades básicas: a gestão, o projeto, a implantação, a expansão, a operação e a
manutenção. Para custear esse serviço é cobrada uma taxa mensal dos usuários em
suas faturas de energia elétrica. Cabe, portanto, às prefeituras zelarem por uma polí-
tica que atenda aos padrões técnicos previstos em normas.
As prefeituras, associadas com a empresa de distribuição de energia elétrica de
sua região, podem contar com a Eletrobras Procel, por meio do programa Procel Re-
luz que vem assegurando ótimos resultados não só sob o ponto de vista da economi-
cidade energética, como também sob o aspecto econômico-financeiro dos projetos.
De 2000 a 2011, o Procel Reluz já substituiu mais de 2,5 milhões de pontos de
iluminação pública em todo o país (Eletrobras Procel, 2011), beneficiando e melho-
rando desta forma a qualidade de vida da população.
Apesar do significativo avanço, ainda existem algumas situações técnicas que
necessitam de normas mais rígidas que precisam ser trabalhadas nesse segmento,
como por exemplo as fotocélulas, conhecidas como relés crepusculares, que neces-
sitam melhorar a sua qualidade para que ocorra um efetivo ganho em eficiência
energética.
Para finalizar, deixa-se registrado que atualmente já existem ruas iluminadas
com luminárias usando conjuntos de LEDs, apesar de seu custo inicial ainda ser
elevado e algumas incertezas práticas estarem sendo estudadas.

Considerações finais

Um projeto de iluminação exige um conhecimento detalhado da tarefa visual,


visto que é ela que permite o estabelecimento dos aspectos ligados à quantidade e
qualidade de luz, economicidade energética e emoção. Sua ordem de prioridade está
profundamente alicerçada no exame atento e cuidadoso do que é realizado no local,
por exemplo, no teatro a emoção tende a vir em primeiro lugar e depois as seguintes.
O aspecto econômico será atendido quando forem usados produtos de última gera-
ção, visto que esse é o ponto principal no desenvolvimento de novos componentes,
sejam lâmpadas, luminárias ou acessórios (Costa, 2006).
Vale ainda comentar que um projeto de iluminação começa na sua concepção
(Kother, 2006). Essa concepção será tanto mais demorada, quanto maior for a sua

Panorama e conceitos sobre iluminação residencial, comercial e pública 23


particularidade. Um projeto de uma butique é bem mais estudado do que o de uma
sala comercial, mas a sala de um diretor ou presidente se reveste de um caráter mais
individualizado, segundo os desejos da administração e a importância que a empresa
considera nesse caso. Assim, a concepção faz parte do início de todo e qualquer pro-
jeto, implicando em maior ou menor “suor” dedicado ao seu estudo.
Em relação aos tipos de lâmpadas utilizadas, elas se dividem em três grandes
grupos: incandescentes (comuns, halógenas e halógenas com refletor dicróico), de des-
carga (fluorescentes e de alta intensidade de alta pressão – vapor de mercúrio, multi-
vapor metálico e vapor de sódio) e as eletroluminescentes (LEDs). As luminárias, por
sua vez, estão condicionadas à escolha da lâmpada. Sua qualidade está, entre outros
aspectos, ligada à possibilidade de ofuscamento direto. O emprego dos reatores está
diretamente vinculado a sua qualidade. Reatores eletrônicos exigem qualidade, sob
pena de que o efeito devido à presença de harmônicas cause graves problemas na rede
elétrica e de transmissão de dados. O mesmo é válido para o fator de crista do reator
que pode diminuir a vida da lâmpada e deve ser inferior a 1,7.
O conhecimento das grandezas e unidades é absolutamente imprescindível, vis-
to que todos os cálculos e metodologias de projeto são decorrentes. Há grandezas
que expressam quantidade (intensidade luminosa, fluxo luminoso e iluminância),
qualidade (distribuição espectral, temperatura da cor, índice de reprodução de cor
e luminância) e economia (eficácia luminosa e parâmetros como fator de utilização
e refletâncias do teto, paredes e piso). A emoção, por sua vez, é função da subjeti-
vidade e de quanto a iluminação deverá fazer parte do ambiente, atuando sobre o
comportamento dos indivíduos (Costa, 2008).

Referências

ARIK, Mehmet; SETLUR, Anant. Environmental and economical impact of LED


lighting systems and effect of thermal management. Int. J. Energy Res., New York,
v. 34, p.1195-1204, 2010.
BENYA, James; LEBAN, Donna. Lighting retrofit and relighting. New York:
Wiley, 2011.

24 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


BOYCE, Peter R. Lighting for driving: roads, vehicles, signs, and signals. London:
CRC Press, 2009. p.1.
COSTA, Gilberto José Corrêa da. Iluminação econômica: cálculo e avaliação. 4ª
ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.
_________________. Iluminação em arquitetura. Porto Alegre: Faculdade de
Arquitetura/PUCRS, 2008. Notas de Aula.
DiLAURA, David L. Photometry: light’s and measure. In: ______________. A
history of light and lighting. New York: IESNA, 2006. Cap.10.
ELETROBRAS PROCEL. Reluz: iluminação pública eficiente. Rio de Janeiro:
Eletrobras/IBAM, 2004. Guia Técnico Procel.
_________________. Relatório de resultados do Procel 2011, ano base 2010.
Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.procelinfo.com.br/ >. Acesso em:
09 mar.2012.
FRÓES DA SILVA, Lourenço Lustosa. Dissertação: Iluminação Pública no
Brasil: Aspectos Energéticos e Institucionais. Rio de Janeiro: Coppe/UFRJ, 2006.
KOTHER, Maria Beatriz Medeiros et al. Arquitetura e Urbanismo : posturas,
tendências & reflexões. In: COSTA, Gilberto. Engenharia de iluminação,
urbanismo e arquitetura. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006. p.100-110.
LAMBERT, Johann Heinrich. Photometry or on the measure and gradations of
light, colors and shade. Trad. David DiLaura. New York: IESNA, 2001.
LOE, David; McINTOSH, Rosemary. Reflections on the last one hundred years
of lighting in Great Britain. London: The Society of Light and Lighting, 2009.
p.12-3.
MEMÓRIA da Eletricidade. Reflexos da Cidade: A Iluminação Pública no Rio de
Janeiro – Centro da Memória da Eletricidade no Brasil, 2ª. ed., Rio de Janeiro, 164p.,
2004.
WALDRAM, J. M. Street lighting. London: Edward Arnold, 1951.
WEIGHTMAN, Gavin. Children of light: how electricity changed Britain forever.
London: Atlantic Books, 2011.

Panorama e conceitos sobre iluminação residencial, comercial e pública 25


1.1 Iluminação pública no Brasil – histórico,
conceituação e regulamentação

Luciano Haas Rosito Cobei-ABNT-participante


Marcel da Costa Siqueira Eletrobras Procel
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel
Sérgio Lucas de Meneses Blaso Cemig

O histórico da iluminação pública no Brasil, das suas ori-


gens até os dias de hoje, é o foco aqui. O texto trata ainda
da forma como essa atividade é gerida e regulada, desta-
cando e analisando algumas normas e regulamentos. Por
fim, são realizadas algumas considerações, por meio de um
apanhado do que foi exposto ao longo do texto e algumas
conclusões a respeito da importância dessa atividade para
a sociedade.

26 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

Desde a pré-história a evolução está ligada à utilização da iluminação natural e


artificial. O desenvolvimento do cérebro, desde as formas de vida mais primitivas
até a espécie humana, está relacionado às funções de visão, tendo a iluminação papel
fundamental. Ao longo da história da humanidade, até os dias de hoje, um dos fato-
res de avaliação do grau de desenvolvimento de uma sociedade é o nível de ilumina-
ção disponível, em especial na iluminação pública, dando a dimensão do ambiente
no qual essa sociedade se encontra.
Nos povos antigos já havia indícios da utilização da iluminação artificial. As
lâmpadas de óleo na Mesopotâmia datam de 8000 a.C. Velas foram empregadas pela
primeira vez no Egito antigo. Séculos mais tarde a utilização de óleo de baleia esteve
presente em diversos países.
A iluminação pública (IP) tem como uma provável origem a Inglaterra em 1415,
por solicitação de comerciantes para o combate ao crime. Também há registro que Pa-
ris foi a primeira cidade a ter um serviço público de iluminação (luminárias a azeite e
velas de cera) a partir de 1662. Com esta iluminação percebeu-se o aumento do núme-
ro de pessoas andando nas ruas e o incremento das atividades comerciais até horários
mais adiantados, propiciados pela sensação de segurança não existente anteriormente.
As lâmpadas a gás foram utilizadas em larga escala durante o século XIX e
início do século XX, quando começaram a ser substituídas pelas lâmpadas elétricas.
Percebe-se em vários momentos da história, e até hoje, que a iluminação pú-
blica está associada aos conceitos de segurança, conforto e bem estar da população,
permitindo a identificação de objetos, obstáculos, pessoas, bem como de espaços
públicos e de sua utilização no período noturno. Dessa forma, é possível afirmar que
as possibilidades que a IP gerou a partir de sua utilização em larga escala, dentro de
níveis adequados, transformaram os hábitos da sociedade e seu modo de vida.

Evolução da iluminação pública

No Brasil, os primórdios da iluminação pública nos remetem ao século XVIII,


quando em 1794, no Rio de Janeiro, foram instaladas 100 luminárias a óleo de azeite
pelos postes da cidade.

Iluminação pública no Brasil – histórico, conceituação e regulamentação 27


Em Porto Alegre, há registro fotográfico dos acendedores de lampiões no início
do século XX (figura 1.1.1).

Figura 1.1.1 • Acendedores de Lampião, C.1900 – 1910, Porto Alegre


Fotografia, 18x24 cm - Acervo Museu Afro Brasil (Virgílio Calegari)

Ainda em Porto Alegre, no ano de 1874, com a inauguração da usina do gasô-


metro, a Praça da Matriz recebeu postes de iluminação pública a gás no entorno do
chafariz central (figura 1.1.2).

Figura 1.1.2 • Iluminação a gás em Porto Alegre, 1874

Em 1879, há o registro da iluminação da Estação Central da Estrada de Ferro


Dom Pedro II (Central do Brasil – Rio de Janeiro), sendo a primeira instalação per-
manente no Brasil. Em 1883, há a inauguração, na cidade de Campos, no Rio de
Janeiro, de um serviço público de iluminação elétrica.
Em Fortaleza, no Ceará, as casas eram iluminadas por velas, candeeiros e lam-
parinas. De 1866 a 1935, consolidou-se um sistema de iluminação pública com lam-
piões a gás. Em 1912, iniciou-se o uso da energia elétrica nessa cidade (figura 1.1.3).

28 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Figura 1.1.3 • Iluminação Pública de Fortaleza
(Museu do Ceará)

Em 1887, uma usina elétrica começou a operar em Porto Alegre, no Rio Grande
do Sul, criando-se um serviço municipal de iluminação elétrica, que depois foi repli-
cado em diversas outras cidades. Dois anos depois, foi inaugurada em Juiz de Fora,
Minas Gerais, a Usina de Marmelos, primeira usina hidroelétrica de grande porte da
América do Sul (figura 1.1.4).

Figura 1.1.4 • Usina hidroelétrica de Marmelo, Juiz de Fora-MG (1889)


(imagem da internet)

No início do século XX, intensificou-se a evolução da geração de energia no


Brasil. Destacam-se a entrada em operação de usinas hidroelétricas como a de Par-
naíba (atual Edgard de Souza) em São Paulo, em 1901; de Fontes, no Rio de Janeiro,
em 1907; e a usina hidroelétrica Pedra (atual Delmiro Gouveia), em Alagoas, em
1913 (cachoeira de Paulo Afonso, no rio São Francisco). Com a maior oferta de
geração elétrica, a iluminação pública consequentemente passou a ser mais
disseminada.

Iluminação pública no Brasil – histórico, conceituação e regulamentação 29


Em 1931, foi inventada a lâmpada a vapor de mercúrio. De sua invenção
até sua utilização comercial em larga escala se passaram alguns anos. Esse
intervalo de tempo entre a invenção e a utilização comercial também ocorreu
com as lâmpadas a vapor de sódio e a vapor metálico – com o surgimento de
novas tecnologias este tempo tende a ser cada vez menor.
A utilização das lâmpadas de descarga e a melhoria da eficiência e da eficácia
dos equipamentos resultaram em melhores níveis de iluminação.
Um fato a ser destacado na história da iluminação ocorreu em 12 de outu-
bro de 1931, no Rio de Janeiro, quando o Marquês Guglielmo Marconi, físico
italiano, pretendia iluminar a estátua do Cristo Redentor no Corcovado, a partir
de ondas de rádio geradas em Nápoles, na Itália. Até hoje há controvérsia se
o sinal realmente foi emitido da Itália por Marconi e o Papa, ou se devido às
condições meteorológicas, a iluminação foi acionada de forma direta no local.
Cidades como o Rio de Janeiro apresentavam uma evolução de 10.000 pontos
por década, na primeira metade do século XX. Essa evolução, que ocorreu nas gran-
des cidades, foi acompanhada de planos de expansão.
A cidade de São Paulo, na década de 1930, iluminava seus logradouros públicos
com lâmpadas incandescentes. Na década de 1950, houve a substituição dessas por
lâmpadas fluorescentes. A partir da década de 1960, iniciou-se a utilização em larga
escala das lâmpadas de descarga. Em 1962, foi inventada a lâmpada a vapor de sódio
a alta pressão e, em 1964, a lâmpada a vapor metálico.
Em 1965, foi registrada a instalação de lâmpadas de vapor de mercúrio com
potência de 1000 W no aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Na década de 1970,
esse mesmo tipo de instalação, com postes de 45 metros de altura, foi realizada no
parque Marinha do Brasil na cidade de Porto Alegre.
Em 1977, ocorreu a instalação de lâmpadas a vapor de sódio na via An-
chieta, em São Paulo. Nas décadas de 1970 e 1980, em função da evolução
tecnológica, foram utilizadas lâmpadas a vapor de mercúrio e a vapor de sódio
– a racionalização na utilização dos recursos naturais ainda não era uma preo-
cupação. Podia-se encontrar luminárias que abrigavam mais de uma lâmpada,
com grandes dimensões e grande quantidade de material (alumínio e vidro).
Vivíamos uma época de matéria-prima abundante para consumo e de necessi-
dade de utilização da tecnologia disponível.

30 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Gestão da iluminação pública

Com o crescimento das cidades e a consequente expansão da IP da metade


para o final do século XX, intensificou-se a necessidade de seu gerenciamento
e manutenção. Iniciou-se a criação dos departamentos e divisões de iluminação
pública, geralmente geridos pelas prefeituras municipais ou por setores respon-
sáveis pela IP dentro das concessionárias de energia elétrica que passaram a
cuidar da organização do setor, da implantação de técnicas e da aplicação de
tecnologias disponíveis.
Desde 1988, a Constituição Brasileira define a iluminação pública como servi-
ço público de interesse local, sendo responsabilidade do município gerir ou delegar
a terceiros sua gestão. O Brasil, em 2012, contava com 5565 municípios (IBGE,
2010); dessa forma tem-se a noção da dimensão do desafio de realizar essa gestão de
forma eficiente, levando-se em conta a especificidade de cada cidade, suas dificul-
dades, deficiências e as diferentes formas de lidar com esse tema.

Eficiência na IP

Um marco importante para a iluminação pública eficiente foi a criação,


pelo Governo Federal, do Programa Nacional de Conservação de Energia Elé-
trica (Procel) no ano de 1985, que possui, dentre suas áreas de atuação, a de IP
por meio do programa Procel Reluz, que apesar de seu pouco tempo de exis-
tência (em torno de uma década), já faz parte da história devido a sua impor-
tância no remodelamento dos sistemas e nos ganhos energéticos, econômicos e
sociais obtidos através de sua aplicação.
Por este programa os municípios do Brasil têm a oportunidade de tornar eficien-
tes seus pontos de iluminação pública, gerando uma melhor iluminação e economia
de energia elétrica. Há também diversas linhas de projetos que podem ser apresen-
tados além dos de melhoria, tais como iluminação especial, iluminação de destaque,
de espaços públicos esportivos, projetos de expansão etc.
Estima-se que existam hoje no Brasil em torno de 14,7 milhões de pontos
de IP (Eletrobras Procel, 2011), estando grande parte, mais de 60%, já con-
vertidos para tecnologia de lâmpadas de descarga a vapor de sódio, muitos

Iluminação pública no Brasil – histórico, conceituação e regulamentação 31


desses graças à atuação do Programa Procel Reluz. Entretanto, ainda há mais
de 30% de lâmpadas a vapor de mercúrio e outro tanto de lâmpadas mistas,
fluorescentes e incandescentes utilizadas na IP.
Sabe-se que a iluminação pública não deve ser tratada separadamente, desmem-
brada em instalação, compra do material, equipamentos e manutenção do sistema
(que não se resume apenas na troca das lâmpadas e no cadastramento dos pontos
instalados). É fundamental a gestão integrada das atividades, que leve em conta a
utilização de um sistema específico, empregando um modelo que considere os cri-
térios de qualidade.
Pode-se dizer que em cada estado do Brasil há uma realidade na gestão da
iluminação pública, devido a fatores históricos e culturais. Em diversos deles a
concessionária historicamente foi a responsável e vem mantendo essa situação,
adequando-se às mudanças na legislação. Em outros, há pelo menos 35 anos, a
responsabilidade da iluminação é da prefeitura. Ainda em outros houve o inte-
resse em delegar a responsabilidade para empresas especializadas. As resoluções
da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que tratam desse tema estão em
fase de assimilação e aplicação e podem gerar novas mudanças na forma de tratar
a iluminação pública no Brasil.
Independente do modelo adotado, a responsabilidade pela iluminação é
do município e deve ser tratada de forma técnica, profissional e sistematiza-
da, pois os recursos utilizados têm origem nos impostos e contribuições que
são pagos por toda população. Em última análise somos todos provedores dos
recursos utilizados para este fim e consumidores do produto final que deve
ser uma iluminação adequada, com bom nível de luminosidade e baixo índice
de falhas.

Regulamentação do serviço

A Constituição
Como já citado, a Constituição Federal de 1988 reforçou o papel institucional
do município com relação aos serviços de iluminação pública. Segundo o seu Artigo
30, compete aos municípios “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de con-
cessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local.”

32 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Essa mesma Constituição prevê, através de seu Artigo 149-A (Emenda Cons-
titucional nº. 39, de 2002), que os municípios poderão instituir a cobrança de con-
tribuições para o custeio do serviço de iluminação pública (Cosip) – facultada, na
fatura de energia elétrica.

O DNAEE e a Aneel
O Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE) foi o órgão
regulador e fiscalizador dos serviços de energia elétrica até a sua extinção com a
criação da Aneel.
As Portarias do DNAEE 158/1989 e 466/1997 que regulamentavam o for-
necimento de energia elétrica para iluminação pública ficaram vigentes até a pu-
blicação da Resolução 456/2000 (atual 414/2010) da Aneel que trouxe diversas
modificações.

Análise da norma quanto à IP


Nessa resolução, definiu-se o ponto de entrega e a quantidade de horas cobradas
diariamente. A iluminação pública foi enquadrada no Subgrupo B4.
A seguir alguns tópicos da resolução que devem ser observados quanto
à IP:

• Aplicação
“Fornecimento para iluminação de ruas, praças, avenidas, túneis, pas-
sagens subterrâneas, jardins, vias, estradas, passarelas, abrigos de usuários
de transportes coletivos, e outros logradouros de domínio público, de uso
comum e livre acesso, de responsabilidade de pessoa jurídica de direito pú-
blico ou por esta delegada mediante concessão ou autorização, incluído o
fornecimento destinado à iluminação de monumentos, fachadas, fontes lu-
minosas e obras de arte de valor histórico, cultural ou ambiental, localizadas
em áreas públicas e definidas por meio de legislação específica, excluído o
fornecimento de energia elétrica que tenha por objetivo qualquer forma de
propaganda ou publicidade.”
O conhecimento dessa conceituação e aplicação da IP é fundamental para o
correto projeto, enquadramento tarifário e responsabilidade sobre o sistema.

Iluminação pública no Brasil – histórico, conceituação e regulamentação 33


• Contratos e tarifas - Tarifas B4a e B4b
A tarifação aplicada ao fornecimento de energia elétrica para iluminação públi-
ca é estruturada de acordo com a localização do ponto de entrega:
I – Tarifa B4a: aplicável quando o ponto de entrega for a conexão do sistema de
distribuição do concessionário com as instalações de iluminação pública;
II – Tarifa B4b: aplicável quando o ponto de entrega for o bulbo da lâmpada;
Em relação aos contratos, diz a resolução que: “deverá ser firmado con-
trato tendo por objeto ajustar as condições de prestação do serviço, o qual,
além das cláusulas referidas no artigo 23, deve também disciplinar as seguintes
condições”:
I - propriedade das instalações, forma e condições para prestação dos
serviços de operação e manutenção, procedimentos para alteração de carga
e cadastro, para revisão dos consumos de energia elétrica ativa vinculados à
utilização de equipamentos automáticos de controle de carga, tarifas e impos-
tos aplicáveis; condições de faturamento, incluindo critérios para contemplar
falhas no funcionamento do sistema; condições de faturamento das perdas re-
feridas, condições e procedimentos para o uso de postes e da rede de distri-
buição; datas de leitura dos medidores, quando houver, de apresentação e de
vencimento das faturas.
Há contratos padrões, elaborados por associações, consultores etc, mas que aci-
ma de tudo devem ser cuidadosamente analisados para que haja um equilíbrio entre
as partes, sendo obedecidos os requisitos estabelecidos na resolução.

• Medição
Segundo a resolução, a concessionária não é obrigada a instalar equipamentos
de medição quando o fornecimento for destinado para iluminação pública, semáfo-
ros ou assemelhados. Entretanto, no caso de fornecimento destinado para iluminação
pública, efetuado a partir de circuito exclusivo, a concessionária deverá instalar os
respectivos equipamentos de medição sempre que julgar necessário ou quando soli-
citados pelo consumidor.
Poucas prefeituras se valem deste artigo da resolução, e certamente a sua aplica-
ção tornaria mais justo e real o valor cobrado pela energia.

34 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


• Faturamento
“Para fins de faturamento de energia elétrica destinada à iluminação pública ou
iluminação de vias internas de condomínios fechados, será de 360 (trezentos e ses-
senta) o número de horas a ser considerado como tempo de consumo mensal, ressal-
vado o caso de logradouros públicos que necessitem de iluminação permanente, em
que o tempo será de 24 (vinte e quatro) horas por dia do período de fornecimento.”
Ainda há um ponto que gera muitas dúvidas e controvérsias que diz respeito à
quantidade de horas a ser tarifada na iluminação pública. Diz a resolução que: “a
concessionária deverá ajustar com o consumidor o número de horas mensais para
fins de faturamento quando, por meio de estudos realizados pelas partes, for consta-
tado um número de horas diferente do estabelecido neste artigo.”
Mas qual o número correto de horas a ser tarifado a cada dia? Há influência de
diversos fatores, tais como: arborização, qualidade do relé fotoelétrico (que pode va-
riar o nível de acionamento ao longo do tempo normatizado), características climáti-
cas, entre outros. Busca-se a forma mais justa de cobrança e também o acionamento
correto da iluminação somente quando é necessária.
Diz a resolução que: “o cálculo da energia consumida pelos equipamentos au-
xiliares de iluminação pública deverá ser fixado com base em critérios das normas
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em dados do fabricante dos
equipamentos ou em ensaios realizados em laboratórios credenciados, devendo as
condições pactuadas constarem do contrato”, ou seja, o responsável pela IP que uti-
lizar equipamentos mais eficientes, com perdas elétricas menores, terá seu custo com
energia elétrica tanto menor quanto for sua eficiência e preocupação com a redução
das perdas.
A resolução estabelece que: “caso sejam instalados equipamentos automáticos
de controle de carga, que reduzam o consumo de energia elétrica do sistema de ilu-
minação pública, a concessionária deverá proceder a revisão da estimativa de consu-
mo e considerar a redução proporcionada por tais equipamentos.”
Esta é uma grande oportunidade da aplicação de equipamentos de redução de
consumo de energia, principalmente em horários de redução de fluxo de veículos e
pedestres, que é pouco utilizada no Brasil devido a problemas com a manutenção da
sensação de segurança da população.

Iluminação pública no Brasil – histórico, conceituação e regulamentação 35


• Das especificidades da iluminação pública
“A responsabilidade pelos serviços de elaboração de projeto, implantação, ex-
pansão, operação e manutenção das instalações de IP é de pessoa jurídica de direito
público ou por esta delegada mediante concessão ou autorização, podendo a conces-
sionária prestar esses serviços por meio de celebração de contrato específico para tal
fim, ficando o consumidor responsável pelas despesas.”
“Parágrafo único: Quando o sistema de iluminação pública for de propriedade
da concessionária, esta será responsável pela execução e custeio dos respectivos
serviços de operação e manutenção.”
A diferença entre o valor das tarifas B4a e B4b fica em torno de 9%, ou seja,
com essa diferença percentual, a concessionária deve alocar recursos para prestação
de serviços de IP às prefeituras.
No artigo 115: “Nos casos em que o Poder Público necessite acessar o sistema
elétrico de distribuição para a realização de serviços de operação e manutenção das
instalações de iluminação pública, deverão ser observados os procedimentos de rede
da concessionária local”.
Mais uma vez é necessária a troca de informações e o estabelecimento de uma
boa relação entre a concessionária e a prefeitura através de seus representantes. A
elaboração e validação de um manual de procedimentos para instalação e manuten-
ção de IP pode ser o instrumento a ser utilizado e seguido pela prefeitura ou empre-
sas que para ela prestem serviços.

Resolução 505/2001 da Aneel

A Resolução 505 (Aneel, 2001) estabelece as disposições relativas à conformi-


dade dos níveis de tensão de energia elétrica em regime permanente (níveis de tensão
mínimos e máximos admissíveis que devem ser levados em conta para o projeto e
especificação de materiais de iluminação pública).
Aspectos como a classificação da tensão de atendimento, indicadores individu-
ais de tensão, registros de medições, prazos para regularização dos níveis de tensão
etc são estabelecidos nessa resolução.
A confiabilidade do sistema de iluminação está diretamente ligada às condições
de fornecimento de energia elétrica e aos adequados níveis de tensão. Por outro lado,

36 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


a interferência que os equipamentos de iluminação pública podem ter na qualidade
dessa energia e os impactos resultantes na rede de distribuição devem ser discutidos
e as normas e regulamentos devem levar isto em consideração.

Resolução 414/2010 da Aneel

A Resolução da Aneel nº. 414, de 7 de setembro de 2010, reforçou que a res-


ponsabilidade pelos serviços de elaboração de projeto, implantação, expansão, ope-
ração e manutenção das instalações de iluminação pública é de pessoa jurídica de
direito público ou por esta delegada mediante concessão ou autorização. Reforçou
ainda que é permitido à distribuidora de energia prestar esses serviços mediante ce-
lebração de contrato específico para tal.
Nessa resolução também foi estabelecido um cronograma de transferência para
que, nos casos em que o sistema de iluminação pública for de propriedade da dis-
tribuidora, esta transfira os respectivos ativos às prefeituras no prazo máximo de 24
meses, que venceu em setembro de 2012. Desta forma, os municípios passam a deter
os ativos, mas podem, caso tenham interesse, prestar contrato de manutenção do
sistema de iluminação pública com as distribuidoras.

Considerações finais

Da lâmpada incandescente, passando pela vapor de mercúrio, vapor de só-


dio, multivapores metálicos, lâmpadas de indução, até os LEDs (lighting emit-
ting diode), houve uma transformação radical nos conceitos de iluminação, da
mesma forma que as transformações da sociedade ditaram mudanças no modo de
vida e na organização social.
A iluminação pública teve, e tem, papel fundamental na melhoria da quali-
dade de vida da população, na ocupação noturna de espaços com atividades líci-
tas, na imagem das cidades, no incremento do comércio, turismo e na segurança
pública. É impossível, hoje em dia, imaginar qualquer município sem iluminação
pública – os que ainda possuem iluminação inadequada ou ineficiente já têm a
consciência dos benefícios que sua melhora pode ocasionar.

Iluminação pública no Brasil – histórico, conceituação e regulamentação 37


Existem no Brasil aproximadamente 15 milhões de pontos de iluminação pú-
blica, a maioria já eficientizado, graças ao apoio do Programa Procel Reluz. Outro
ponto a ser destacado é o arcabouço legal robusto que evoluiu consideravelmente ao
longo dos anos.
Os desafios históricos da IP nos dias de hoje impõem-se através da utilização
de novas tecnologias como os sistemas LED, que já oferecem grande economia no
consumo de energia e melhoria da qualidade da iluminação das cidades. A médio e
longo prazos esta tecnologia irá garantir ganhos para a população, tanto no aumento
da segurança quanto na diminuição dos gastos públicos.
Também estão em pauta as discussões entre municípios e concessionárias de
energia sobre o processo de transferência dos respectivos ativos de IP às prefeituras,
bem como o processo de manutenção destes.
Encerrando as conclusões, que pontuam as vantagens de uma IP eficiente, sua
situação atual no Brasil e os desafios para os próximos anos, há duas frases que re-
tratam a importância da iluminação para a sociedade: “Com a invenção da lâmpada
elétrica, um salto na iluminação foi possível”, e “Do desenvolvimento das antigas
lanternas a óleo até os LEDs, o desenvolvimento da humanidade se confunde com a
evolução da iluminação”.

Referências

ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica (Brasil). Resolução nº. 414, de 9 de


setembro de 2010. Disponível em: < www.aneel.gov.br/cedoc/ren2010414.pdf >.
Acesso em: 20 out. 2012.
_________________. Agência Nacional de Energia Elétrica (Brasil). Resolução
nº. 505, de 26 de novembro de 2001. Disponível em: < www.aneel.gov.br/cedoc/
res2001505 >. Acesso em: 20 out. 2012.
DNAEE. Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica. Portaria nº. 158,
de 17 de outubro de 1989. Disponível em: < http://www.aneel.gov.br/cedoc/
prt1989158.pdf > Acesso em: 12 set. 2012.
_________________. Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica. Portaria
nº. 466, de 12 de novembro de 1997. Disponível em: < http://www.aneel.gov.br/
cedoc/prt1997466.pdf >. Acesso em: 12 set. 2012.

38 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


ELETROBRAS PROCEL. Relatório de resultados do Procel 2012: ano base 2011.
Rio de Janeiro, 2012. Disponível em:<www.procelinfo.com.br>. Acesso em: 21 set.
2012.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010.
Disponível em: < http://www.censo2010.ibge.gov.br/ >. Acesso em: 10 ago. 2012.

Iluminação pública no Brasil – histórico, conceituação e regulamentação 39


1.2 Sistemas de iluminação predial
e a eficiência energética

Estefânia Neiva de Mello Eletrobras Procel


Roberto Lamberts Labeee - UFSC
Veridiana Atanasio Scalco Labeee - UFSC

O artigo aborda os aspectos de projeto que influenciam na


eficiência energética dos sistemas de iluminação artificiais
aplicados a edifícios residenciais, comerciais, de serviços e
públicos, tendo como base o Programa Brasileiro de Etique-
tagem (PBE) de Edificações do Instituto Nacional de Metro-
logia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), em parceria com
a Eletrobras Procel, que propõe uma metodologia para a
classificação do nível de eficiência energética de edificações
brasileiras.

40 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

As edificações são responsáveis por quase 45% do consumo faturado de energia


elétrica no Brasil (EPE, 2011). Do total consumido, estima-se que 4% ocorram em
edifícios públicos, 15% em edifícios comerciais e 23,8% em edifícios residenciais. A
maior parte desta energia é gasta para atender às condições de conforto do usuário e
habitabilidade do espaço construído, quer seja no controle do conforto térmico e da
qualidade do ar, quer seja na garantia do conforto acústico e visual.
Cabe à arquitetura amenizar os climas severos ou proporcionar ambientes tão
confortáveis quanto o ambiente externo em climas amenos. Portanto, um bom pro-
jeto arquitetônico pode minimizar a necessidade de utilização de sistemas artificiais
para garantia do conforto, notadamente para climatização e iluminação, fazendo uso
das condicionantes climáticas locais.
De maneira geral, os principais usos finais da energia elétrica nos edifícios são
os equipamentos e eletrodomésticos, os sistemas de climatização – ar condicionado,
aquecedores, ventiladores e exaustores – os sistemas de aquecimento de água e os
sistemas de iluminação, que representam, em média, 14% do consumo energético re-
sidencial, variando de 8% na região Sul a 19% na região Sudeste. No setor comercial
alimentado por alta tensão, o consumo dos sistemas de iluminação representa 22%
de seu consumo total, enquanto no setor de público, 23% do consumo é destinado a
esse fim (Eletrobras, 2007).

Eficiência energética dos sistemas de iluminação

Em 2009, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inme-


tro), em parceria com a Eletrobras Procel Edifica, publicou os requisitos técnicos do
Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações (PBE Edificações), importante
iniciativa do Governo Brasileiro em prol da eficiência energética dos edifícios cons-
truídos no País. O PBE Edificações regulamentou a Lei de Eficiência Energética –
Lei n.º 10.295/2001 (Brasil, 2001) – que relacionava os edifícios entre os produtos
que deveriam possuir regulamentação específica para definição de índices mínimos
de eficiência ou máximos de consumo. O Programa Brasileiro de Etiquetagem, exe-
cutado pelo Inmetro desde 1984, foi o caminho encontrado para tal regulamentação.

Sistemas de iluminação predial e a eficiência energética 41


Por meio da etiquetagem avalia-se o nível de eficiência energética dos edifícios e in-
forma-se o consumidor sobre o desempenho do imóvel que ele irá adquirir, que pode
variar de A, mais eficiente, a E, menos eficiente. A partir da classificação da etiqueta
é possível estabelecer uma linha de base sobre a eficiência energética dos edifícios
e, finalmente, estipular os índices mínimos de eficiência que eles deverão cumprir.
Tendo em vista a variação do consumo de energia nas diferentes tipologias cons-
trutivas, foram elaboradas duas metodologias para etiquetagem dos edifícios: uma
aplicada aos edifícios comerciais, de serviços e públicos, e outra destinada aos edi-
fícios residenciais. A primeira mede o desempenho energético do edifício por meio
da avaliação de sua envoltória – conjunto de fachadas e cobertura –, do sistema de
iluminação e do sistema de climatização (figura 1.2.1), enquanto a segunda avalia o
desempenho da envoltória para verão e inverno e do sistema de aquecimento de água
(figura 1.2.2). Apesar da grande importância da iluminação no consumo global do
setor residencial, esse sistema não pode ser contemplado nesta etiquetagem específica
devido às práticas de mercado, que deixam a cargo do morador a definição do sistema.

Figura 1.2.1 • Etiqueta Nacional de Conservação de Energia para Edifícios


Comerciais, de Serviços e Públicos
(Brasil, 2010)

42 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Figura 1.2.2 • Etiqueta Nacional de Conservação de Energia para Edifícios Residenciais (ENCE)
(Brasil, 2012)

Apesar do grande impacto no desempenho energético do sistema de iluminação,


a eficiência das luminárias ainda não é avaliada pelo PBE e, por isso, não pode ser
incluída na metodologia de etiquetagem de edifícios. Os requisitos do sistema de
iluminação que influenciam na eficiência dos edifícios comerciais, de serviços e
públicos e que constam no programa de etiquetagem são:
• A densidade de potência de iluminação instalada (W/m²) de acordo com o
uso do ambiente e os valores de iluminância média mínima de cada atividade es-
tabelecidos pela NBR 54131 (ABNT, 1992) – Iluminância de interiores. Para cada
nível de eficiência é estabelecida uma densidade de potência de iluminação limite.
Na primeira versão dos Requisitos Técnicos da Qualidade do Nível de Eficiência
Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C), que compõe o
PBE-Edificações, essa densidade era medida na unidade W/m²/100 lux, método que
não punia os superdimesionamentos dos sistemas de iluminação. Na versão de 2009,
na qual a densidade de potência é medida em W/m², é possível penalizar os excessos

1 ABNT, NBR 5413/1992: iluminância de interiores. Esta norma será atualizada pela ISO 8995:2002 - CIE S 008/E, -
Comissão de Estudo para Aplicações Luminotécnicas e Medições Fotométricas da ABNT/CB-03 – Comitê Brasileiro
de Eletricidade.

Sistemas de iluminação predial e a eficiência energética 43


do sistema de iluminação, reduzindo a classificação do seu nível de eficiência. A
potência é calculada pela soma das potências das lâmpadas e das perdas dos reatores
instalados, e a densidade é obtida em relação à área de cada ambiente iluminado.
• A existência de pelo menos um dispositivo de controle manual para o aciona-
mento independente da iluminação interna de cada ambiente fechado por paredes ou
divisórias até o teto. Cada controle manual deve ser facilmente acessível e localizado
de tal forma que seja possível ver todo o sistema de iluminação que está sendo con-
trolado, evitando que algum sistema permaneça ligado sem necessidade. Por ques-
tões de segurança, ambientes de uso público poderão ter o controle manual em local
de acesso exclusivo a funcionários. Esta exigência é aplicada a todos os ambientes
que almejem obter níveis A, B ou C de eficiência.
• A previsão de uso da luz natural em ambientes com aberturas voltadas para o
exterior e que contenham mais de uma fileira de luminárias paralelas às aberturas.
Neste caso, para que sejam eficientes e obtenham os níveis A e B da etiqueta o sis-
tema de iluminação deve possuir um controle instalado, manual ou automático, para
o acionamento independente da fileira de luminárias mais próxima às aberturas, de
forma a propiciar o aproveitamento da luz natural disponível. Unidades de edifica-
ções de meios de hospedagem são exceções a este pré-requisito.
• A existência de dispositivo de controle automático para desligamento da ilu-
minação interna de ambientes com área superior a 250 m2. Este dispositivo deve
funcionar através de um sistema automático com desligamento da iluminação em
um horário pré-determinado; um sensor de presença que desligue a iluminação 30
minutos após a saída de todos ocupantes; ou um sinal de outro controle ou sistema de
alarme que indique que a área está desocupada. Esta exigência é aplicada a todos os
ambientes que almejem obter o nível A de eficiência, exceto ambientes que devem
propositalmente funcionar durante 24 horas, onde existe tratamento ou repouso de
pacientes, ou ainda onde o desligamento automático da iluminação pode comprova-
damente oferecer riscos à integridade física dos usuários.
Nas edificações residenciais, a eficiência energética avaliada pela etiquetagem
está diretamente relacionada aos sistemas passivos de condicionamento ambiental,
ou seja, que utilizam iluminação e ventilação naturais para garantia do conforto. Ao
contrário dos edifícios comerciais, nos quais a climatização e a iluminação prove-
nientes de sistemas ativos são estratégias amplamente empregadas, nas residências

44 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


brasileiras, em grande parte das horas ocupadas, é possível dispensar o uso de tais
sistemas, desde que o projeto arquitetônico seja bem dimensionado.
Nesse caso, para que o sistema de iluminação seja eficiente, ele precisa conjugar
o emprego da luz natural com sistemas artificiais eficientes. Segundo a metodologia
de etiquetagem do Inmetro, uma residência com iluminação eficiente deve garantir o
acesso à luz natural em todos os ambientes de permanência prolongada - salas e dor-
mitórios - por uma ou mais aberturas para o exterior. A soma das áreas de aberturas
para iluminação natural de cada um desses ambientes deve corresponder a no mínimo
12,5% da sua área útil. As áreas de aberturas para iluminação natural variam de acordo
com a esquadria especificada, seus sistemas e tipos de caixilho. Ambientes que alme-
jem os níveis A e B de eficiência precisam atender a esta exigência. Nos dormitórios
com área superior a 15 m2, o percentual mínimo de área de abertura para iluminação
deve estar relacionado até o limite de 15m², não sendo necessário contabilizar a área
restante. Também não entram no cálculo as áreas de circulação.
Ambientes que vão além deste mínimo podem obter pontos extras de bonifica-
ção e ter seu nível de eficiência elevado. Para tal deve-se investir na limitação de sua
profundidade em relação à entrada de luz natural, evitando zonas escuras no fundo
dos ambientes. Como referência básica utilizada internacionalmente exige-se que a
maioria dos ambientes de permanência prolongada, cozinha e área de serviço/lavan-
deria tenham profundidade máxima igual a 2,4 vezes a altura das esquadrias voltadas
para o exterior (Reinhart e Loverso, 2010).
Outro aspecto importante é a refletância do teto do ambiente, que representa o quo-
ciente da taxa de radiação luminosa refletida pela taxa de radiação luminosa que incide
sobre ele. Para ser eficiente, a refletância mínima dos tetos dos ambientes de permanên-
cia prolongada, cozinha e área de serviço/lavanderia deve ser acima de 0,6.
Permite-se também a comprovação do uso da luz natural nas residências por
meio de simulações computacionais feitas em softwares específicos capazes de exe-
cutar uma simulação dinâmica de iluminação natural, utilizando arquivo climático
com 8.760 horas em formato adequado. Alguns dos programas computacionais de
simulação sugeridos são DaySim, Apolux e Troplux. Para a simulação do ambiente
deve ser feita uma malha na altura do plano de trabalho, com no mínimo 25 pontos
de avaliação, e deve ser modelado o entorno do ambiente simulado.

Sistemas de iluminação predial e a eficiência energética 45


Nesse caso, para comprovação da eficiência, a maioria dos ambientes de per-
manência prolongada, cozinha e área de serviço/lavanderia, cujas aberturas para o
exterior sejam desprovidas de proteção solar, deve-se comprovar a obtenção de 60
lux de iluminância em 70% do ambiente, durante 70% das horas do ano, fazendo uso
apenas da luz natural. Quando há proteções solares nas aberturas desses ambientes,
deve-se comprovar a obtenção de 60 lux de iluminância em 50% do ambiente, du-
rante 70% das horas do ano.
Com relação ao sistema de iluminação artificial, caso seja eficiente, a residência
também pode obter pontos extras de bonificação e elevar seu nível de eficiência.
Para obter 0,05 ponto de bônus, as residências devem possuir metade das fontes de
iluminação artificial com eficiência superior a 75 lm/W ou com Selo Procel Eletro-
bras em todos os ambientes. Já para ganhar 0,10 ponto de bônus, todas as fontes de
iluminação artificial da residência devem possuir tal eficiência. Para obtenção deste
dado é preciso considerar a última versão das Tabelas do PBE para lâmpadas, publi-
cadas pelo Inmetro em sua página eletrônica (http://www.inmetro.gov.br/consumi-
dor/tabelas.asp). Para os tipos de lâmpada que não fazem parte do PBE, a eficiência
luminosa deve ser medida ou fornecida pelo fabricante.
Da mesma forma, as áreas de uso comum de edifícios multifamiliares ou de
condomínios precisam ter iluminação eficiente, sejam elas áreas de uso frequente
ou eventual. A sua avaliação, segundo a etiquetagem, é feita através da ponde-
ração da eficiência dos sistemas por suas potências. A eficiência do sistema de
iluminação é feita de acordo com a fonte luminosa, o tipo de reator e a existência
de automação, conforme a tabela 1.2.1. Para ser eficiente (nível A) é preciso, por
exemplo, instalar sistema de automação em iluminação intermitente, tais como,
sensor de presença ou minuterias. Neste caso, podem ser utilizadas outras fontes
que não sejam as descritas acima. Este requisito não se aplica à iluminação de
áreas de uso eventual. Além disso, as lâmpadas incandescentes e incandescentes
halógenas têm classificação nível E.

46 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Tabela 1.2.1 • Critérios para classificação da iluminação artificial de áreas comuns de uso frequente de
acordo com o nível pretendido
Dispositivo Nível A Nível B Nível C Nível D
Fluorescentes η* ≥ 84lm/W 75 ≤ η < 84 lm/W 70 ≤ η < 75 lm/W 60 ≤ η < 70 lm/W
tubulares

Reatores para Eletrônicos com Fator de potência Fator de potência


fluorescentes Selo Procel ___ ≥ 0,95 < 0,95
tubulares Eletrobras

Fluorescentes Selo Procel ENCE B ENCE C ENCE D


compactas Eletrobras

LED** η ≥ 75 lm/W 50 ≤ η < 75 lm/W 30 ≤ η < 50lm/W η < 30 lm/W

Lâmpadas de Selo Procel ENCE B ENCE C ENCE D


vapor de sódio Eletrobras

Reatores para Eletromagnéticos Fator de potência Fator de potência


lâmpadas de com Selo Procel ___ ≥ 0,90 < 0,90
vapor de sódio Eletrobras

Automação
na iluminação Sim ___ Não ___
intermitente

* η: Eficiência luminosa ** Light Emitting Diode (diodo emissor de luz) - (Brasil, 2012)

Para os níveis A e B, a iluminação artificial de áreas comuns externas como


jardins, estacionamentos externos, acessos de veículos e pedestres, que não for pro-
jetada para funcionar durante todo o dia, deve possuir uma programação de controle
por horário ou um foto sensor capaz de desligar automaticamente esse sistema quan-
do houver luz natural suficiente ou quando a iluminação externa não for necessária.
Exceção é feita à iluminação de entrada ou saída de pessoas e de veículos que exijam
segurança ou vigilância.
A iluminação natural nas áreas de uso comum, caso haja, contribui para efici-
ência e, por isso, também é computada na etiqueta como bonificação. Para garantir
pontos extras, as garagens internas e mais de 75% dos ambientes internos das áreas
comuns de uso frequente devem apresentar dispositivos de iluminação natural, como
janelas e iluminação zenital, com área de no mínimo 1/10 da área do ambiente. Tam-
bém é possível obter bonificação quando o teto desses ambientes tem refletância
mínima de 0,6.
A relação entre a iluminação natural e a eficiência do sistema de iluminação
predial ainda é pouco mensurada, bem como seu impacto na redução do consumo
de energia. Como ela varia conforme as condições de céu de cada local, um amplo

Sistemas de iluminação predial e a eficiência energética 47


estudo aplicado à realidade brasileira será desenvolvido nos próximos anos no âm-
bito de um convênio firmado entre a Eletrobras e o CIE (Commission Internationale
de L’Eclairage) Brasil, através da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Espera-se que essa iniciativa possa alavancar o grande potencial de emprego da ilu-
minação natural como estratégia de eficiência nos edifícios.

Considerações finais

Avaliar a eficiência energética de sistemas de iluminação prediais é tarefa com-


plexa, pois envolve uma avaliação da eficiência da fonte de luz, do dimensionamen-
to e das características do projeto luminotécnico, incluindo sistemas de controle, e da
qualidade da instalação de todo o sistema. Ainda assim, a avaliação se atém apenas
ao potencial de eficiência. A quantidade de energia de fato economizada dependerá
diretamente do uso adequado do sistema instalado. O usuário, portanto, tem papel
fundamental na realização da eficiência projetada.

Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5413:1992 – Iluminância


de interiores. Abril, 1992.

BRASIL. Lei n.º 10.295, de 17 de outubro de 2001. Dispõe sobre a Política Nacional
de Conservação e Uso Racional de Energia e dá outras providências. Brasília, DF,
2001.

_________________. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio


Exterior. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Portaria n.º
372, de 17 de setembro de 2010. Publica os requisitos técnicos da qualidade para
o nível de eficiência energética de edifícios comerciais, de serviços e públicos.
Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC001599.
pdf>. Acesso em: 19 abr. 2012.

_________________. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio


Exterior. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Portaria nº
18, de 16 de janeiro de 2012. Publica o Regulamento Técnico da Qualidade para o

48 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais. Disponível em: <http://
www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/RTAC001787.pdf.>. Acesso em: 2 jan.
2012.

ELETROBRAS PROCEL. Pesquisa de posse de equipamentos e hábitos de uso,


ano base 2005 classe residencial: relatório Brasil. Rio de Janeiro, 2007. Sumário
Executivo.

EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço energético nacional 2011: ano base
2010. Rio de Janeiro: EPE, 2011.

REINHART, C. F.; LOVERSO, V. L. M. A. Rules of thumb based design sequence


for diffuse daylight. Lighting Research and Technology.  v.42, n.1, p. 7-32, 2010.
Leon Gaster Award.

Sistemas de iluminação predial e a eficiência energética 49


1.3 Uso da iluminação na
classe residencial

Emerson Salvador Eletrobras Procel


Reinaldo Castro Souza PUC-Rio

O objetivo deste artigo é apresentar o panorama sobre


iluminação da classe residencial no Brasil, incluindo as
tecnologias utilizadas para este fim. O texto é fundamen-
tado nos resultados da Pesquisa de Posse de Equipamen-
tos e Hábitos de Uso (PPH), realizada pela Eletrobras Pro-
cel, que traz dados sobre os equipamentos e tecnologias
empregadas.

50 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) foi criado


em dezembro de 1985 pelo Governo Brasileiro, e a Eletrobras, empresa estatal de ge-
ração, transmissão e distribuição de energia elétrica, que atua em todo território na-
cional, foi escolhida como a responsável pela sua implementação, sob a coordenação
do Ministério de Minas e Energia (MME). Seu objetivo é promover o uso eficiente
da energia elétrica a fim de eliminar desperdícios e reduzir os custos e postergar os
investimentos setoriais.
A Eletrobras Procel desenvolve diversas atividades visando fomentar o uso efi-
ciente de energia elétrica, atuando por meio de subprogramas. Seus subprogramas
são direcionados para os segmentos residencial, comercial, industrial, educação,
saneamento, iluminação pública, entre outros. Essas ações são estruturadas tendo
como uma das referências as Pesquisas de Posse de Equipamentos e Hábitos de Uso
(PPH) realizadas em 1987, 1997 e 2005.
Os resultados dessas pesquisas, além de subsidiarem o planejamento do setor
elétrico brasileiro, permitem definir as linhas de atuação prioritárias do Programa,
estimar os respectivos resultados e fornecer, em última instância, informações estra-
tégias aos fabricantes a respeito da evolução da tendência das posses dos equipamen-
tos presentes nos lares brasileiros.
Pela importância citada e a possibilidade de se obterem estimativas dessas ten-
dências e monitorar o crescimento do mercado de usos finais, a Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou a exigência de realização de PPHs às con-
cessionárias de energia elétrica a cada duas revisões tarifárias (periodicidade de oito
anos). Com isso, espera-se que essa atividade entre na rotina das empresas distribui-
doras de energia elétrica.
A PPH mais recente, realizada em 2005 (Eletrobras Procel, 2007), faz parte do
Projeto de Eficiência Energética (PEE), fruto do contrato assinado entre a Eletrobras
e o Banco Mundial, este funcionando como instituição de repasse dos recursos doa-
dos pelo Global Environment Facility (GEF) ao Governo Brasileiro. A pesquisa, no
caso residencial, foi realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janei-
ro (PUC-Rio), sob a coordenação da Eletrobras Procel. Foi admitido para as estima-
tivas populacionais do total do Brasil um erro máximo de ±1,5% para um intervalo

Uso da iluminação na classe residencial 51


de confiança de 95%. Foram pesquisadas 9.847 residências em 21 concessionárias
de energia elétrica. A pesquisa realizada em cada área de concessão das distribui-
doras de energia apresentou um erro máximo de ±4% a ±5%, sendo que esses erros
variaram de ±2% a ±3% para os agregados das regiões geográficas.

Números da PPH

Com base nos resultados da PPH foi possível estimar em 14% a participação das
lâmpadas no consumo total de energia elétrica na classe residencial. Isso evidencia
que a iluminação elétrica é o quarto maior consumidor de energia nas residências do
país. No gráfico 1.3.1, pode ser visto qual a participação dos eletrodomésticos mais
importantes no consumo médio domiciliar brasileiro.

Som, 3%
Ferro, 3%
Freezer, 5%

TV, 9% Chuveiro, 24%

Lâmpadas, 14%

Geladeira, 22%

Condicionamneto
ambiental, 20%

Gráfico 1.3.1 • Consumo final residencial


(Eletrobras Procel, 2007)

Observando o gráfico 1.3.2, da curva de carga diária média residencial dos prin-
cipais usos finais, constata-se que as lâmpadas são usadas praticamente em todos os
horários, porém é no horário de ponta do sistema, geralmente entre 19 e 23 horas,
que se observa um maior uso desses dispositivos.

52 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


500
450
400
350
300
Watt-hora

250
200
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas

TV Lava Roupa Ferro Som


Chuveiro Ar Condicionado Microondas Lampadas
Freezer Geladeira

Gráfico 1.3.2 • Curva de carga média residencial


(ONS, 2006)

As pesquisas de campo relativas à posse de equipamentos elétricos e hábitos


de uso, coordenadas pela Eletrobras Procel, têm como objetivos quantificar a ti-
pologia da posse e obter a declaração do consumidor final quanto à utilização de
equipamentos domésticos, mediante aplicação do instrumento de coleta de dados,
que audita não só a posse e hábito de uso de todos os equipamentos do cliente, como
também as características de seu habitat. Dessa forma são levantadas, por exemplo,
as condições de moradia e dados socioeconômicos, qualidade do fornecimento da
energia elétrica, aquisição de eletrodomésticos, entre outros dados, segundo critérios
padronizados adotados por outros institutos de pesquisa, possibilitando a realização
de algumas comparações.
O gráfico 1.3.3 apresenta as posses médias de lâmpadas utilizadas para ilumina-
ção nas residências brasileiras, de acordo com a PPH de 2005. A pesquisa demons-
trou que as posses eram iguais tanto para fluorescentes quanto para incandescentes,
sendo que existiam em média, aproximadamente, quatro lâmpadas de cada tecno-
logia por residência. Convém destacar que a posse de lâmpadas para uso eventual
era em média maior que aquelas consideradas de uso habitual em ambos os tipos de
equipamentos.

Uso da iluminação na classe residencial 53


6

4,01 4,01

3 2,43
2,2
1,8
1,59

0
Incandescente Incandescente Incandescente Fluorescente Fluorescente Fluorescente
Posse média Uso eventual Uso habitual Posse média Uso eventual Uso habitual

Gráfico 1.3.3 • Posse média e uso de lâmpadas nos domicílios brasileiros


(Eletrobras Procel, 2007)

Analisando o gráfico 1.3.4, que apresenta a posse média por região, observou-se
que as maiores quantidades de lâmpadas por residência foram verificadas na região
Sudeste, com destaque para a maior posse de incandescentes: 5,36. Apenas a região
Centro-Oeste também possui posse de incandescentes superior a fluorescentes. Já a
maior proporção de posse de lâmpadas fluorescentes, as mais eficientes energetica-
mente, está na região Sul.

6
5,36 5,31
4,98
4,55
4,30
4,01 4,01 4,08
4
3,35
3,08
2,78

1,91
2

0
BR - F BR - I N-F N-I NE - F NE - I CO - F CO - I SE - F SE - I S-F S-I

I = lâmpada incandescente
F = lâmpada fluorescente

Gráfico 1.3.4 • Comparação entre a posse média de lâmpadas do Brasil e por regiões
(Eletrobras Procel, 2007)

54 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


O gráfico 1.3.5 apresenta a distribuição percentual por tipo e potência de lâm-
padas nas residências. Observa-se que as lâmpadas mais comuns na época de rea-
lização da pesquisa eram as incandescentes de 60 W, seguidas pelas fluorescentes
compactas maiores de 15 W de potência.
40 37,07%
35
30
25
20 17,41%
14,53%
15
9,31%
10 5,95%
4,88% 6,35%
5 1,28% 1,69% 0,77% 0,52%
0,26%
0
25W Inc. 40W Inc. 60W Inc. 100W 150W 20W 40W Fluor. Fluor. Fluor Dicróica Outro
Inc. Inc. Fluor. Fluor. Comp. Comp. Circular
Tubular Tubular até 15W >15W
Tipos de Lâmpadas

Gráfico 1.3.5 • Distribuição por tipo e potência de lâmpadas nos domicílios


(Souza, 2007)

Comparando as três PPHs realizadas, apresentadas nos gráficos 1.3.6 e 1.3.7,


percebeu-se que a população brasileira começou a substituir a tecnologia de lâm-
padas incandescentes por lâmpadas fluorescentes. Grande parte dessa mudança de
atitude pode ser creditada tanto ao Selo Procel Eletrobras, que incentiva o uso de
lâmpadas mais eficientes (figura 1.3.1), quanto ao Procel Educação, que apoia, desde
o ensino fundamental, a divulgação de conceitos sobre o uso eficiente da energia no
currículo escolar.
9,2 1988 1997 2005
8,3
7,8 7,8 7,9

6,4
6
5,7
5,4
4,8 5
4,3
4 3,9
3,4
3,1
2,8
1,9

Brasil Sudeste Sul Nordeste Norte Centro-Oeste

Gráfico 1.3.6 • Posse de lâmpadas incandescentes em 1987, 1997 e 2005


(Eletrobras Procel, 1988, 1997 e 2007)

1988Uso da iluminação
1997 2005 na classe residencial 55
5,1 5
4,6
4,1
1988 1997 2005
5,1 5
4,6
4 4,1

3,3
2,7

2
1,8
1,3
1,1 1 0,9
0,7 0,6 0,7 0,7
0,5

Brasil Sudeste Sul Nordeste Norte Centro-Oeste

Gráfico 1.3.7 • Posse de lâmpadas fluorescentes em 1987, 1997 e 2005


(Eletrobras Procel, 1988, 1997 e 2007)

Figura 1.3.1 • Lâmpada fluorescente compacta (Selo Procel Eletrobras


geralmente inserido na embalagem)

Considerações finais

A eletricidade é o principal insumo para iluminação em um modo geral, garan-


tindo o conforto, o bem estar e a segurança tanto nas vias públicas como em ambien-
tes fechados.
Conforme verificado, o consumo de energia elétrica das lâmpadas presentes nos
lares brasileiros representa 14% de toda energia elétrica utilizada na classe residen-
cial, o que nos dias de hoje corresponde a algo em torno de 15 mil GWh/ano (EPE,
2011). Além disso, essa demanda de energia é mais significativa no horário de ponta
do sistema elétrico. Como medida para reduzir esse impacto, anualmente é realizado
o horário de verão em algumas regiões do Brasil, como forma de aproveitar por mais
tempo a iluminação natural, reduzindo o tempo de utilização da artificial.
O uso das lâmpadas fluorescentes compactas vem crescendo no país, principal-
mente após a restrição no abastecimento de energia ocorrida em 2001, período no

56 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


qual a sociedade passou a preocupar-se mais intensamente com a eficiência energé-
tica e o desperdício de energia elétrica.
É importante destacar que as lâmpadas incandescentes comuns serão banidas do
mercado gradativamente até 2016. A medida é fruto de um longo processo de negocia-
ção com setores da sociedade, por meio de consulta pública. A Portaria Interministerial
n.º 1.007, de 31 de dezembro de 2010, do Ministério de Minas e Energia, Ciência e
Tecnologia e Indústria e Comércio, regulamentou a retirada progressiva desse tipo de
produto do mercado. A finalidade é que elas sejam totalmente substituídas por modelos
mais econômicos, a não ser que surjam novas tecnologias, permitindo que se tornem
mais eficientes.
Nesse sentido, cabe à Eletrobras Procel incentivar a substituição dos modelos de
lâmpadas ineficientes pelos mais eficientes, com Selo Procel Eletrobras, que, além
de proporcionarem um menor consumo de energia, garantem níveis iguais ou supe-
riores de eficiência luminosa, além de uma maior vida útil.

Referências

ELETROBRAS PROCEL. Avaliação do mercado de eficiência energética no


Brasil: pesquisa de posse de equipamentos e hábitos de uso da classe residencial
no ano base 1987. Rio de Janeiro, 1988.
_________________. Avaliação do mercado de eficiência energética no Brasil:
pesquisa de posse de equipamentos e hábitos de uso da classe residencial no ano
base 2005. Rio de Janeiro, 2007.
_________________. Avaliação do Mercado de Eficiência Energética no Brasil:
pesquisa de posse de equipamentos e hábitos de uso da classe residencial, ano
base 1997. Rio de Janeiro, 1997.
SOUZA, R. Pesquisa de mercado em eficiência energética: apresentação dos
resultados. Rio de Janeiro, abr. 2007.
ONS. Operador Nacional do Sistema Elétrico (Brasil). Curva de Carga, 2006.
Disponível em: <http://www.ons.org.br>. Acesso em: 17 set. 2007.
EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Resenha do mercado de energia elétrica:
nov. 2011. Disponível em: <www.epe.gov.br/mercado>. Acesso em: 24 jan. 2012.

Uso da iluminação na classe residencial 57


1.4 O potencial de conservação
de energia elétrica na iluminação

Claude Cohen UFRJ/UFF


Gustavo Malaguti Coppe-UFRJ
Mariana Weiss UFF
Vanderlei Martins Coppe-UFRJ

Após apresentar de forma breve algumas soluções para


economia de energia, o texto mostra quatro cenários que
permitem avaliar o potencial de conservação na área de ilu-
minação. O artigo compara os cenários: técnico, econômico,
de mercado e o sem conservação, estimados para 2030.
Como será visto, na maioria dos cenários em 2030, o uso de
equipamentos de iluminação tem o maior potencial.

58 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

Em 2001, com a restrição no abastecimento de energia elétrica, o setor ener-


gético brasileiro despertou de forma mais intensa a preocupação com a con-
servação e o uso eficiente da energia elétrica. Para suprir o déficit energético
ocasionado pela diferença entre a taxa de crescimento da oferta e a da deman-
da, foram criadas metas de economia de energia elétrica, responsáveis por
uma redução de 24% no consumo energético nacional (Bardelin, 2004). Essas
medidas contribuíram para mudar o padrão do consumo residencial brasilei-
ro, resultando em retorno financeiro na conta de energia elétrica da população
com a aquisição de equipamentos mais eficientes.
Nesse sentido, as políticas de incentivo à eficiência energética têm como
objetivo diminuir o consumo de energia primária necessária na produção de
determinado serviço, mantendo o nível de bem-estar social. Eficiência na ge-
ração e consumo de energia e sustentabilidade, que contempla as três dimen-
sões: ambiental, social e econômica, que são aspectos que estão diretamente
associados, no que diz respeito à preservação do planeta sem comprometer as
gerações futuras, por meio do combate ao desperdício e da redução dos im-
pactos das fontes geradoras de energia. Segundo Schaeffer (2011), nenhuma
fonte de energia é totalmente limpa, somente a eficiência energética, mas in-
felizmente esse processo se torna difícil, principalmente pelo padrão de con-
sumo e uso da sociedade.

Iluminação

Com relação ao padrão de uso e consumo da iluminação residencial, a


lâmpada incandescente foi um dos primeiros itens a ser substituído, devido à
sua baixa eficiência luminosa e energética em comparação às outras tecnolo-
gias disponíveis. Quanto maior a quantidade de luz produzida com o mesmo
consumo, maior a eficiência luminosa de determinada lâmpada. Dessa for-
ma, as lâmpadas fluorescentes compactas e a tecnologia LED (light emitting
diode) vêm substituindo as incandescentes pelas suas inúmeras vantagens:
consumo de energia em média 80% menor; durabilidade aproximadamente

O potencial de conservação de energia elétrica na iluminação 59


10 vezes maior; menor aquecimento do ambiente, diminuindo a necessidade
de condicionamento térmico; a utilização da tecnologia de pó trifósforo, que
permite a obtenção de tonalidades de cor adequadas para cada ambiente (Ro-
drigues, 2002).
Além do tipo de lâmpada, outro aspecto relevante são as características
das luminárias, no que diz respeito ao seu formato, ao material utilizado na
sua construção e ao grau de refletância da sua superfície, sendo peças chaves
para aperfeiçoar o desempenho do sistema de iluminação artificial. A lumi-
nária também pode absorver parte da luz emitida pelas lâmpadas e, assim,
reduzir a eficiência luminosa do sistema (Rodrigues, 2002).
Adicionalmente, há diversas alternativas que colaboram para o uso mais
eficiente da iluminação. Dentre elas podem ser citados os sensores de pre-
sença que evitam que as lâmpadas fiquem acesas por tempo desnecessário;
os equipamentos que promovem o controle da potência fornecida à lâmpada
por meio do circuito elétrico, como o dimmer manual; e o sistema fotoelétri-
co, acionado automaticamente por sensores identificadores da presença de
luz natural, assim, quanto maior a quantidade de luz natural disponível no
ambiente, menor será a potência elétrica fornecida às lâmpadas e vice-versa
(Rodrigues, 2002).
Além das tecnologias já citadas, há outra que não gera custos para o consumi-
dor: a iluminação natural. Nesse caso, o Brasil por ser país de clima tropical e ter
como ponto forte a incidência solar durante todo o ano, torna viável a construção
de edifícios e residências mais sustentáveis e menos dependentes da iluminação ar-
tificial. Todavia, a utilização da luz natural requer algumas avaliações antes da sua
viabilização, principalmente no que diz respeito ao ponto ótimo entre iluminação na-
tural e artificial, tendo em vista que a falta da primeira pode levar ao uso demasiado
da segunda, aumentado a temperatura do ambiente e os gastos na conta de luz com
condicionamento térmico (Rodrigues, 2002).
No mesmo sentido, outra forma de aproveitar melhor a luz solar pode se dar
por meio do horário de verão. No Brasil, essa prática foi regulamentada como per-
manente pelo decreto n.º 6558, de 8 de setembro de 2008 (Brasil, 2008). De acordo
com o ONS (2011), a medida passou a ser essencial para a segurança do sistema
elétrico nacional, proporcionando a diminuição do carregamento das instalações de

60 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


transmissão e maior flexibilidade no controle da tensão, reduzindo a possibilidade de
cortes de carga. Há também uma grande economia financeira, já que isto gera uma
redução média de até 5% da demanda de energia elétrica na ponta para as localidades
do Sudeste, Centro-Oeste, Sul e o estado da Bahia (ONS, 2011).

Potencial de conservação de energia elétrica

No Brasil, uma estimativa do potencial de conservação de eletricidade pelo lado


da demanda foi realizada pelo Modelo de Estimativa de Potencial de Conservação de
Energia Elétrica (EPOCA), por meio de cenários de evolução do consumo elétrico
específico (Schaeffer et alii., 2007). A redução efetiva no consumo de eletricidade1
depende da participação da alternativa eficiente no consumo de energia (PC), da
melhoria de eficiência (ME) e da penetração da alternativa no mercado (PM). Estes
parâmetros foram definidos em função de quatro diferentes cenários: técnico, econô-
mico, de mercado e sem conservação, definidos da seguinte forma:
• cenário técnico tem como resultado o total de energia elétrica economizada
com a melhor escolha de alternativas eficientes no uso de energia, disponíveis em
um ano base. Caracteriza-se pelo melhor desempenho possível em termos de efici-
ência elétrica do ponto de vista físico, ou seja, os valores de PM(t) e ME(t) são os
máximos atingíveis com as tecnologias disponíveis;
• cenário econômico é determinado pelas restrições de viabilidade econômica
das alternativas de maior eficiência elétrica, envolvendo variáveis tais como vida útil
e depreciação do aparelho. Assim, os valores PM(t) e ME(t) apenas são considerados
a partir do ano em que a razão benefício/custo supera a unidade;
• cenário de mercado incorporam-se o custo de oportunidade dos recursos fi-
nanceiros disponíveis e usam-se os seguintes critérios de análise de investimento:
valor presente líquido (VPL), tempo de retorno (payback) e razão custo/benefício.
Os valores de PM(t) e ME(t) também são considerados somente a partir do ano em
que a avaliação econômica da alternativa satisfaz o critério predeterminado; e

1 A redução efetiva no consumo de eletricidade é dada pela fórmula: RCE(t) = PC x PM(t) x ME(t), sendo: PC: partici-
pação da alternativa eficiente no consumo específico no ano de início do programa; PM(t): penetração da alternativa
eficiente no mercado em um ano t e; ME(t): melhoria de eficiência obtida com a introdução da alternativa eficiente em
um ano t.

O potencial de conservação de energia elétrica na iluminação 61


• cenário sem conservação não são projetados ganhos de eficiência em função
da introdução de equipamentos ou processos no sistema. Considera-se apenas um
crescimento do consumo específico de energia elétrica em função do maior uso dos
equipamentos (Schaeffer et alii, 2007).
Como se pode perceber pelo gráfico 1.4.1 - a,b,c, o uso de equipamentos de
iluminação (lâmpadas) apresenta o maior potencial de conservação de energia elé-
trica na maioria dos cenários em 2030, seguido de aquecimento de água (chuveiro),
condicionamento térmico (ar condicionado) e refrigeração (refrigerador e freezer).

a) Brasil - Cenário Técnico - 2030 b) Brasil - Cenário Econômico - 2030

Freezer; Refrigerador;
1,78% Refrigerador; Ar condicionado;
4,50% 1,43% 4,23%
Ar condicionado;
3,60%
Iluminação;
34,86%

Chuveiro;
Iluminação; 38,41%
55,9%

Chuveiro;
55,26%
c) Brasil - Cenário Mercado - 2030
Ar condicionado;
Refrigerador; 1,24%
0,77%
Chuveiro;
6,53%

Iluminação;
91,46%

Gráfico 1.4.1 • Potenciais de conservação de energia elétrica para os cenários: a) técnico,


b) econômico e c) de mercado - Brasil 2030
(Schaeffer et alii., 2007)

62 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Schaeffer et alii (2007) verificaram ademais que em todas as regiões considera-
das no estudo o cenário técnico e de mercado apresentaram na faixa de renda mais
2

baixa, independente da localidade, o maior potencial de conservação da energia elé-


trica. De certa forma, esses resultados podem ser confirmados graças a uma pesquisa
realizada para 10 comunidades de baixa renda no estado do Rio de Janeiro3, como
mostra o gráfico 1.4.2.

497,70
kWh/mês

89,53
51,43 51,90

Consumo Redução Redução Redução


Específico Técnico Econômico Mercado

Gráfico 1.4.2 • Média do consumo específico para 10 comunidades de baixa renda


e a redução no consumo para diferentes cenários em 2030
(Schaeffer et alii, 2008)

Estima-se que o consumo médio específico para essas comunidades alcance


aproximadamente 497,7 kW/mês em 2030, utilizando-se as mesmas hipóteses dos
cenários de Schaeffer et alii (2007). Dessa forma, espera-se uma redução aproxima-
da de 89,5 kW/mês (cerca de 18% do consumo específico), no cenário técnico; 51,4
kW/mês (10,3%), no cenário econômico; e 51,90 kW/mês (10,4%), no cenário de
mercado (Schaeffer, 2008). Além disso, verificou-se um grande potencial de con-
servação do uso iluminação em todas as comunidades analisadas e para todos os
cenários utilizados no modelo.

2 As regiões foram divididas em quatro classes de consumo pelo critério da média mensal de kWh/mês/residência. O
Grupo I corresponde de 0-100 kWh/mês/residência; o Grupo II, de 101-200 kWh/mês/residência; o Grupo III, de 201-
300 kWh/mês/residência; e, o Grupo IV, consumo superior a 300 kWh/mês/residência.
3 No caso do estudo com as comunidades no estado do Rio de Janeiro, foi utilizado o Critério Brasil para desagregar
as comunidades estudadas em classes. A construção desse critério se baseia em duas tarefas independentes: uma
que busca desenvolver um sistema de pontuação, de modo que o número de pontos de um domicílio por este sistema
esteja fortemente associado à capacidade de seu consumo; e após a atribuição de pontos, uma outra que estabelece
pontos de corte para segmentação em classes (Schaeffer, 2008, p. 35).

O potencial de conservação de energia elétrica na iluminação 63


Demanda na ponta

Tendo em vista o potencial de redução no consumo de energia elétrica nos cená-


rios técnico, econômico e de mercado até 2030, destaca-se a importância do Progra-
ma Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), da Eletrobras. De acordo
com o relatório de resultados do Programa (Eletrobras Procel, 2012), estimou-se
uma economia de energia elétrica de aproximadamente 6,696 bilhões de kWh, em
2011, que, se convertida em termos de emissões de CO2 corresponde à emissão evi-
tada de 196 mil tCO2 equivalentes. Esse resultado equivale a 1,56% do consumo
total de energia elétrica do Brasil no período, e também pode ser comparado ao con-
sumo anual de 3,6 milhões de residências no País, contribuindo para uma redução da
demanda na ponta de 2.619 MW.
Como previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel, 2005), a de-
manda por energia elétrica no horário de ponta ocorre no período compreendido
entre 18h e 21h e entre 19h e 22h no horário de verão. A adoção de medidas de uso
racional de energia nesse horário tornam-se relevantes tendo em vista uma maior
concentração de pessoas nas residências e o aumento no uso e na posse de equi-
pamentos, ocasionados principalmente pelo aumento da renda da população e por
facilidades comerciais na aquisição de novos produtos que antes não faziam parte da
rotina de muitas famílias.
Em função do aumento da demanda neste período, as usinas termoelétricas,
muitas vezes a base de combustíveis fósseis e com custo operacional e ambiental
mais elevado, entram em operação. Logo, o uso dessa alternativa energética nesse
horário onera a conta de energia para o consumidor. Considerando esse fato, al-
guns comportamentos, por parte da população, podem contribuir para a economia
de energia, tais como a manutenção das geladeiras e freezers4 que são responsáveis
em média por 22% do consumo de energia domiciliar; a instalação de sistemas de
aquecimento de água a gás, à energia solar, ou pelo menos de forma híbrida com o
chuveiro; a utilização de equipamentos com Selo Procel Eletrobras, que possuem os
melhores níveis de eficiência energética do mercado.

4 Como, por exemplo, verificar se a borracha de vedação está conservada e funcionando.

64 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações finais

Segundo Szylo & Tomalsquim (2003), podem-se vislumbrar também novas al-
ternativas de otimização das redes de energia elétrica, como as redes inteligentes
- smart grids. Automatizadas com medidores de qualidade que exibem o consumo
de energia elétrica em tempo real, essas redes permitem a cada domicílio optar pela
autogeração de energia com custos inferiores aos praticados pelas concessionárias,
com o objetivo de atender a sua necessidade e ainda revender o excedente não con-
sumido, o que estimula a eficiência energética principalmente no horário de ponta.
Essas medidas contribuem para postergar ou diminuir a necessidade de constru-
ção de novas usinas e, consequentemente, reduzir os impactos ambientais. Segundo
a Eletrobras Procel (2012), em 2011 o Programa evitou a construção de uma usina
hidrelétrica com capacidade de 1.606 MW, graças ao estímulo para aquisição de
equipamentos mais eficientes pelo consumidor final.
Em outras palavras, a conservação da energia elétrica conduz a uma exploração
mais eficiente dos recursos naturais. Assim, conservar energia elétrica ou combater
o seu desperdício é, na realidade, a fonte de produção mais barata e mais limpa que
existe.

Referências

ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Tarifas de fornecimento de


energia elétrica. Cadernos Temáticos da ANEEL. Brasília: ANEEL, n. 4, 2005.
Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/caderno4capa.pdf>. Acesso
em: 24 jan. 2012.
BARDELIN, Cesar Endrigo Alves. Os efeitos do racionamento de energia
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elétrica. 2004. 112 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. Disponível em: <http://www.teses.
usp.br/teses/disponiveis/3/3143/tde-23062005-084739/pt-br.php>. Acesso em: 24
jan. 2012.
BRASIL. Decreto nº 6558, de 8 de setembro de 2008. Institui a hora de verão em
parte do território nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2008/decreto/d6558.htm>. Acesso em: 24 jan. 2012.

O potencial de conservação de energia elétrica na iluminação 65


CHAVES, Cristiane Padilha. Inserção dos consumidores livres no setor elétrico brasileiro:
desafios e oportunidades. 2010. Dissertação (Mestrado em Planejamento Energético) –
Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE).
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.
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implantação do horário de verão 2011/2012. Disponível em: <http://www.ons.org.br/
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SCHAEFFER, Roberto et al. Avaliação do mercado de eficiência energética no
Brasil (BRA/01/001): projeto GEF/BIRD/PNUD/ELETROBRAS/PUC/ECOLUZ,
2007. (Relatório Técnico).
_________________. Belo Monte: perguntas e respostas sobre a obra mais
polêmica do país. O Globo, Rio de Janeiro, 01 dez. 2011. Entrevista a Agostinho
Vieira. Disponível em: <http://www.abrace.org.br/port/noticias/setor.
asp?id=150#noticia23003>. Acesso em: 24 jan. 2012.
_________________. Elaboração de ferramenta computacional para estimar o
potencial de conservação de energia elétrica em comunidades de baixo poder
aquisitivo (P-15): projeto COPPE-UFRJ-PUC-UFF e LIGHT, 2008. (Relatório
Técnico).
SZKLO, A. S.; TOLMASQUIM, M.T. Analysis of Brazil’s cogeneration legal
framework. Energy Conversion and Management. Pergamon Press, v. 44, n. 3, p.
369-380, fev. 2003.

66 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Introdução ao mercado de
equipamentos de iluminação no Brasil 2
Daniel Delgado Bouts Eletrobras Procel

O propósito deste capítulo é apresentar a evolução do mer-


cado de equipamentos de iluminação no Brasil e sua im-
portância no desenvolvimento do País, destacando a par-
ticipação dos programas governamentais de avaliação da
conformidade dos diversos equipamentos que compõem
os sistemas de iluminação. Além de abordar a importância
para a valorização do espaço arquitetônico e urbano, desta-
ca também o crescimento da eletrônica na iluminação por
meio das novas tecnologias.

Introdução ao mercado de equipamentos de iluminação no Brasil 67


Considerações iniciais

No Brasil, o uso da eletricidade na iluminação teve início no final do século


XIX, representando um grande avanço tecnológico, tendo em vista uma época em
que as cidades brasileiras eram iluminadas à base de óleo de baleia e, mais tardia-
mente, pelos lampiões a gás na iluminação pública e a querosene, no interior das
edificações. Rapidamente, a energia elétrica suplantou todas as demais fontes de
energia, popularizando o acesso a uma iluminação de qualidade, contribuindo para a
modernização, o embelezamento e a segurança nas cidades.
Ao longo do século XX, grandes avanços tecnológicos impulsionaram a indústria
da iluminação mundial, gerando uma infinidade de novas soluções, nas mais diferentes
aplicações: comercial, residencial/decorativa, industrial, pública, arquitetural etc.
A partir dos anos 1960, iniciou-se no Brasil a prática dos projetos de ilu-
minação, caracterizados até então pela quantificação dos pontos de luz pelos
projetistas e a especificação das luminárias por arquitetos, cenógrafos, deco-
radores, projetistas elétricos e engenheiros. Somente a partir dos anos 1980,
profissionais oriundos das grandes empresas de iluminação deram início às
atividades em seus próprios escritórios, trazendo novas ferramentas e técnicas
voltadas para a valorização do espaço arquitetônico, harmonizando técnica,
estética, economia e conforto (Ferreira, 2009).
O uso da luz artificial evoluiu muito nos últimos 15 anos. Aquilo que era a con-
quista de alguns, passou a ser necessidade para a maioria das obras, principalmente
para o setor de lojas, que tem no apelo visual sua garantia de sucesso. Houve também
grande evolução da tecnologia, da própria luminotécnica. O próprio interesse pela
renovação visual, para hotéis ou para lojas, e a necessidade de economia no uso de
energia nos edifícios institucionais e comerciais levaram a uma enorme ampliação
do mercado (Stiller,2002).
Atualmente, uma nova revolução tecnológica promovida pela eletrônica está em
curso. As tecnologias ditas “tradicionais” tendem a serem substituídas pelos LEDs
(light emitting diode), o que já é uma realidade de mercado em diversas aplicações.
Uma segunda fase desse processo ocorrerá com a produção em escala comercial
dos OLEDs (organic light-emitting diode), abrindo um leque de novas soluções e
possibilidades.

68 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


O mercado da iluminação no Brasil

Segundo pesquisa de mercado realizada pela Associação Brasileira da Indústria de


Iluminação (Abilux, 2005), a indústria brasileira de iluminação era composta de 604 em-
presas (gráfico 2.1), sendo que 58% estavam localizadas na grande São Paulo e 17% no
interior do estado. As demais indústrias (25%) estavam distribuídas nos estados do Rio
Faturamento bruto médio anual da indústria de iluminação
Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Pernambu-
co. Ainda segundo a Abilux, o setor de iluminação faturou R$ 3,7 bilhões em 2011, sen-
do que as importações representaram 80% do que é consumido no País (Abilux, 2012).

não respondeu
17%

micro e pequenas
empresas
38%

grandes empresas
18%

médias empresas
27%
Gráfico 2.1 • Perfil das empresas que trabalham com iluminação no Brasil
(Abilux, 2005)

O gráfico 2.2 apresenta a distribuição dos sistemas de iluminação por setor,


enquanto a tabela 2.1 relaciona
Distribuiçãoos
porprincipais sistemas
setor dos sistema de iluminação, distribuídos de
de iluminação

acordo com o uso final.

publicitária
cênica 4%
4%
lâmpadas
5%
iluminação residencial
29%
componentes e outros
8%

iluminação pública,
luminotécnica e
reatores
10%

iluminação industrial iluminação comercial


17% 23%

Gráfico 2.2 • Distribuição dos sistemas de iluminação por setor no Brasil


(Abilux, 2005)

Introdução ao mercado de equipamentos de iluminação no Brasil 69


Tabela 2.1 • Sistemas de iluminação por uso final
Usos
Comercial Residencial Industrial Emergência Pública Arquitetural
Equipamento
Incandescente X X X X

Halógena X X X
Fluorescente
tubular e X X X X
circular
Lâmpadas Fluorescente X X X
compacta
Descarga de X X X
alta pressão
LED X X X X X X

Mista X X X

Luminárias X X X X X X

Projetores X X X X

Reatores X X X X X

Segundo estimativa realizada pela Abilux, o consumo anual de lâmpadas no


Brasil é apresentado na tabela 2.2:

Tabela 2.2 • Total de lâmpadas utilizadas anualmente nas residências


Tipo de lâmpada Total
Incandescente 250 milhões
Fluorescente compacta 200 milhões
Fluorescente tubular 90 milhões
Halógenas 20 milhões
LED 250 mil

Ainda segundo a Abilux, as vendas das lâmpadas incandescentes comuns estão


em queda gradual, sendo substituídas aos poucos pelas fluorescentes, halógenas e
LEDs, seguindo uma tendência mundial. Esse processo irá se acelerar com a entrada
em vigor dos novos índices de eficiência instituídos pela Regulamentação Específica
de Lâmpadas Incandescentes, aprovada pela Portaria Interministerial nº. 1.007, de
31 de dezembro de 2010 (Brasil, 2010).

70 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Programas de Avaliação da Conformidade

No Brasil, a evolução da eficiência energética dos equipamentos eletroeletrô-


nicos se confunde com a criação e a parceria de mais de 26 anos entre os dois prin-
cipais programas de Avaliação da Conformidade em Equipamentos: O Programa
Brasileiro de Etiquetagem (PBE), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade
e Tecnologia (Inmetro) - figura 2.1, e o Selo Procel Eletrobras (figura 2.2), sub-
programa do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), da
Eletrobras. Enquanto o PBE tem o objetivo de prover o consumidor de informações
sobre o desempenho energético dos equipamentos eletroeletrônicos, por meio da
Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), o Selo Procel Eletrobras
objetiva destacar para o consumidor os equipamentos mais eficientes do mercado e,
indiretamente, incentivar o desenvolvimento tecnológico dos produtos.

Figura 2.1 • Logomarca do PBE

Figura 2.2 • Logomarca do Selo Procel Eletrobras

Introdução ao mercado de equipamentos de iluminação no Brasil 71


No setor da iluminação pública, destaca-se o Programa Nacional de Ilumi-
nação Pública e Sinalização Semafórica Eficiente (Reluz), também inserido na
Eletrobras Procel, que foi responsável por tornar eficientes cinco milhões de
pontos de iluminação pública e instalar mais um milhão no País. Essa iniciativa
visou estimular a introdução de tecnologias mais eficientes, como as lâmpadas
a vapor de sódio, e mais recentemente das luminárias a LED.

LEDs e OLEDs

Nos últimos anos, a indústria mundial da iluminação vem realizando grandes


investimentos em pesquisa e desenvolvimento em eletrônica, mais especificamente
no aprimoramento dos LEDs e no desenvolvimento dos OLEDs, bem como em lu-
minárias e seus equipamentos auxiliares.
Os LEDs (figura 2.3), que desde a década de 1980 todos conhecíamos como
aquela pequena luz verde ou vermelha que indicava o status de operação dos equipa-
mentos eletroeletrônicos, passaram a ser fabricados com tamanhos muito menores,
mais confiáveis e eficientes, sendo utilizados como fonte luminosa para os mais
diversos equipamentos de iluminação.

Figura.2.3 • LED

Enquanto uma lâmpada incandescente de uso comum de 60 W tem uma eficiên-


cia média de 13 lm/W - extremamente ineficiente energeticamente, pois somente 5%
da energia consumida é convertida em luz visível – já são encontradas no mercado
fontes de luz LED equivalente, com uma temperatura de cor de 2700 K, 11 W de
potência e uma eficiência acima de 60 lm/W (AIE, 2010).

72 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Todos os grandes fabricantes já disponibilizam em seus catálogos di-
versas linhas de produtos e soluções utilizando essa nova tecnologia. Entre
os setores contemplados, destacam-se a iluminação pública (figura 2.4), em
substituição às luminárias com lâmpadas convencionais de descarga e aos
semáforos de trânsito (figura 2.5). Além de serem mais econômicos, os LEDs
produzem luzes muito mais brilhantes, cuja visibilidade não é prejudicada
pelo sol.

Figura 2.4 • Luminária a LED utilizada em iluminação pública

Figura 2.5 • Modelo de semáforo que utiliza lâmpadas a LED

Uma segunda revolução é esperada com a introdução no mercado dos LEDs or-
gânicos – OLEDs (figura 2.6). Essa tecnologia usa compostos orgânicos de carbono,
permitindo produzir superfícies luminosas flexíveis, muito finas, com uma infinida-
de de cores. Da mesma forma que os LEDs, os OLEDs irão revolucionar o mercado

Introdução ao mercado de equipamentos de iluminação no Brasil 73


de equipamentos de iluminação, assim como em diversos outros segmentos, espe-
cialmente de displays, monitores e televisores. Segundo estimativas da fabricante
Philips, o mercado mundial da iluminação movimentará mais de 80 bilhões de euros
em 2015 (Philips, 2010).

Figura 2.6 • A evolução da iluminação a LED: os OLEDs

Considerações finais

Até a primeira metade do século XX, o mercado de iluminação no Brasil es-


tava intimamente ligado aos grandes fabricantes que lideravam o conhecimento na
área de projetos, especificação e fabricação dos sistemas de iluminação. A partir da
década de 1970, com o surgimento dos escritórios de projeto em iluminação e dos
profissionais de lighting design, o mercado experimentou um grande crescimento,
especialmente em função da enorme demanda do setor da construção civil por solu-
ções inovadoras que trouxessem um diferencial aos empreendimentos.
Os programas governamentais de avaliação da conformidade têm contribuído
qualitativa e quantitativamente no crescimento do mercado de equipamentos, com
destaque para os sistemas de iluminação. Vale citar o caso da concessão do Selo Pro-
cel Eletrobras para lâmpadas fluorescentes compactas, cujas vendas foram impulsio-
nadas durante o período de restrição no abastecimento de energia elétrica ocorrido
em 2001.
No atual contexto, o mercado de sistemas de iluminação brasileiro encontra-se
alinhado com os grandes mercados mundiais em termos de inovação e eficiência,
com destaque para o crescimento das tecnologias à LED.

74 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Referências

ABILUX. Associação Brasileira da Indústria da Iluminação. São Paulo: Abilux, 2005.


Disponível em: <http://www.abilux.com.br/portal/conjuntura.aspx?id=1/>.
Acesso em: 19 out. 2012.
_________________. Associação Brasileira da Indústria da Iluminação São Paulo:
Abilux, 2012. Disponível em: <http://metalica.com.br/setor-de-iluminacao-
faturou-r-3-7-bilhoes-em-2011-e-deve-crescer-ate-7-este-ano/>. Acesso em: 20
fev. 2012.
AIE. Agência Internacional de Energia. Phase out of incandescent lamps:
implications for international supply and demand for regulatory compliant lamps.
Paris: AIE, 2010.
BRASIL. Portaria Interministerial n.º 1.007, de 31 de dezembro de 2010.
Regulamentação específica de lâmpadas incandescentes. Brasília, DF, 2010.
FERREIRA, Milton Martins. A evolução da iluminação na cidade do Rio de
Janeiro: contribuições tecnológicas. Rio de Janeiro: Synergia; Light, 2009.
PHILIPS quer aproveitar onda ecológica com sistemas LED de luz. Disponível em:
<http://br.reuters.com/article/idBRSPE6170C620100208>. Acesso em: 20 fev.
2010.
STILLER, Esther. A luz natural é muito importante, mas a iluminação artificial é
mágica, misteriosa. Texto adaptado. Disponível em: <http://www.arcoweb.com.
br/entrevista/esther-stiller-a-luz-13-09-2002.html>. Acesso em: 20 fev. 2010.

Introdução ao mercado de equipamentos de iluminação no Brasil 75


2.1 Tecnologias aplicadas
em iluminação pública

Isac Roizenblatt Abilux


Sérgio Lucas de Meneses Blaso Cemig

Este artigo mostra um breve relato da evolução tecnológica


dos equipamentos e de alguns conceitos aplicados na ilu-
minação pública no Brasil. O texto, figuras e fotos permitem
compreender as transformações tecnológicas pelas quais
os materiais e equipamentos passaram na busca por uma
maior eficiência energética.

76 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

Os sistemas de iluminação pública são compostos basicamente por uma fotocé-


lula, pela(s) lâmpada(s) e por uma luminária, sendo essa responsável pela proteção
do conjunto e pelo bom direcionamento da luz gerada pela lâmpada, entre outros
aspectos.
Desde os primeiros sistemas de iluminação pública, os seus componentes vêm,
ao longo dos últimos anos, evoluindo e trazendo novas soluções técnicas e estéticas,
com maior eficiência e eficácia da iluminação.
Mais recentemente, com o desenvolvimento da tecnologia LED (light emitting
diode), surge um novo conceito em sistema de iluminação, em que os seus com-
ponentes básicos – lâmpada e luminária – se fundem, formando um corpo único,
eficiente e indissociável.
O capítulo a seguir tem o propósito de apresentar de forma superficial os equi-
pamentos utilizados na iluminação pública e um pouco de seu histórico de evolução
tecnológica.

Equipamentos de iluminação pública

Lâmpadas
A iluminação pública (IP) no Brasil pode assim ser considerada a partir da uti-
lização da energia elétrica em 1912. Utilizou-se inicialmente lâmpadas incandescen-
tes especiais com filamento reforçado ligadas em circuitos em série.
A partir da década de 1930, com a invenção das lâmpadas de descarga a vapor
de mercúrio, o sistema de iluminação pública, que nesta época já se encontrava insta-
lado principalmente nas redes das concessionárias de distribuição de energia, come-
çou a migrar para essa nova tecnologia. Diversas potências foram então avaliadas,
desde 80 W até 1.000 W, todavia o mercado trabalhava basicamente com potências
de 80, 125, 250 e 400 W.
Ao final dos anos 1980, em função da melhor eficiência luminosa, iniciou-
-se a utilização das lâmpadas a vapor de sódio. Nessa época, já estavam em pleno
funcionamento os grupos técnicos do Comitê de Distribuição (CODI), coordenado
pelas concessionárias distribuidoras de energia, dando origem à atual Associação

Tecnologias aplicadas em iluminação pública 77


Brasileira das Empresas Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), responsável
pela uniformização dos padrões e procedimentos das concessionárias de distribuição
de energia, e com intensa participação na elaboração e revisão de normas relativas
à iluminação pública da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Por
meio do Comitê Brasileiro de Eletricidade, ABNT/CB-03, diversos testes de campo,
conduzidos entre concessionárias, ABNT e os fabricantes, foram definidas em 1985
como padrão brasileiro as lâmpadas a vapor de sódio com potências de 70, 150, 250
e 400 W e, posteriormente, a partir do ano 2000 foram incluídas as lâmpadas a vapor
de sódio de 100 W. As citadas lâmpadas podem ser vistas na figura 2.1.1 a seguir.

a)

b)

c)

Figura 2.1.1 • Esquemático das lâmpadas de descarga: a) vapor de mercúrio,


b) vapor metálico e c) vapor de sódio
(imagens da internet)

78 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Luminárias
A evolução das luminárias para iluminação pública no Brasil se deu juntamente com
a evolução das lâmpadas. Para as lâmpadas incandescentes eram utilizadas luminárias
abertas, em chapa de aço, com acabamento branco esmaltado (figura 2.1.2 - a e 2.1.2 - b).
a) b)

Figura 2.1.2 - a,b • a) Desenho esquemático de uma luminária aberta e b) sua aplicação em um poste
(Arquivo Cemig Distribuição)

As primeiras luminárias desenvolvidas especificamente para vias públicas sur-


giram a partir dos anos 1940, com a tecnologia das lâmpadas a vapor de mercúrio.
Como inovação essas luminárias possuíam refletores em alumínio e refratores em
vidro prismático (figuras 2.1.3 - a e 2.1.3 - b). Contudo, em função do modelo ovóide
difuso do bulbo característico, as lâmpadas a vapor de mercúrio ocupavam quase que
inteiramente o interior dos refletores.

a) b)

Figura 2.1.3 - a.b • a) Detalhe de luminária para lâmpada a vapor de mercúrio e b) sua aplicação com
um braço longo curvo em um poste
(Arquivo Cemig Distribuição)

Tecnologias aplicadas em iluminação pública 79


Na época, a norma brasileira de luminárias fechadas para iluminação pública
NBR-10672 (ABNT, 1989), substituída pela NBR 15129/2004 (ABNT, 2004) e pos-
teriormente pela versão de 2012 (ABNT, 2012), admitia um rendimento mínimo de
50% para esses equipamentos. Essa associação de fatores teve como consequência
a comercialização, até a década de 1980, de equipamentos caracterizados por lumi-
nárias grandes com até seis lâmpadas e que não apresentavam um bom rendimento
luminoso do conjunto lâmpada x luminária. Esse conceito se manteve no início da
utilização das lâmpadas a vapor de sódio, pois a fim de reduzir o investimento inicial
e viabilizar a nova tecnologia, o modelo ovóide difuso foi mantido.
Contudo, devido à baixa qualidade das luminárias, o sistema permaneceu ine-
ficiente, apesar de utilizar lâmpadas mais modernas, como pode ser observado nas
figuras 2.1.4 - a e 2.1.4 - b, que apresentam uma via pública inicialmente com ilu-
minação feita por lâmpadas a vapor de mercúrio e posteriormente substituída por
lâmpadas a vapor de sódio, com reaproveitamento das luminárias.
Observa-se que a má distribuição luminosa da luminária é mantida apesar do
aumento do nível de iluminância.

a) b)

Figura 2.1. 4 - a,b • a) Via inicialmente iluminada com lâmpadas a vapor de mercúrio e b) o resultado
da substituição por lâmpadas a vapor de sódio com o reaproveitamento das luminárias
(Arquivo Cemig Distribuição)

80 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


A tecnologia de luminárias com baixa eficiência se manteve sem inovação até
o início dos anos 1990, quando o mercado nacional começou a receber fabricantes
dos EUA, Espanha e Bélgica, que trouxeram novos conceitos, tais como rendimen-
to, selagem da anodização1 entre outros. Essa saudável competição motivou a mo-
dernização das fábricas locais e dos projetos das luminárias, que então passaram a
desenvolver produtos para lâmpadas a vapor de sódio tubular, como a utilização de
refletores de alto rendimento, um maior grau de proteção contra água e impacto e
equipamentos incorporados. A diferença tecnológica entre as luminárias pode ser
melhor ilustrada nas figuras 2.1.5 - a e 2.1.5 - b.

a) b)

Figura 2.1.5 - a.b • a) Luminária para lâmpadas a vapor de sódio antes das melhorias tecnológicas e b)
luminária de mesma finalidade com as melhorias citadas
(Arquivo Cemig Distribuição)

A melhoria da iluminação obtida com a utilização das novas luminárias pode ser
verificada nas figuras 2.1.6 - a e 2.1.6 - b. A substituição permitiu a adequação do
nível de iluminância médio aos parâmetros ideais previstos para a via e a melhoria
da uniformidade da iluminação, tornando-a de melhor qualidade, além da redução de
75% no consumo de energia elétrica (3.520W para 880W) por poste.

1 A selagem é um tratamento químico adicional que veda a microrugosidade que ocorre no processo de anodização
(que é o polimento químico para o brilho da chapa de alumínio) e tem como vantagem a duração maior do brilho do
refletor sem a depreciação por sujeira.

Tecnologias aplicadas em iluminação pública 81


a) b)

Figura 2.1.6 - a,b • a) Via com iluminação a vapor de sódio com luminárias de tecnologia de baixa
eficiência. b) Mesma via após a substituição por luminárias de maior
eficiência e redução da quantidade de lâmpadas por poste.
(Arquivo Cemig Distribuição)

Relés fotoelétricos
Diversos conceitos e equipamentos são utilizados para ligar e desligar a ilumi-
nação pública, que, dependendo da especificidade da instalação, pode ter o aciona-
mento individual ou em grupo. Contudo, entre o acionamento horário e o definido
pela variação da luminosidade, o mais utilizado no mundo é o segundo, principal-
mente por meio de relé fotoelétrico individual.
O relé fotoelétrico foi mais utilizado a partir dos anos 1940 basicamente
com dois projetos construtivos, sendo um térmico (acionamento através de ter-
mopar) e outro magnético (acionamento através de bobina). Este equipamento
evoluiu lentamente no Brasil, sendo que diversas melhorias somente foram
implementadas por meio de programas de qualificação técnica de materiais da
Eletrobras, o Programa de Qualificação dos Materiais (PROQUIP). O objetivo
era avaliar o desempenho dos equipamentos disponibilizados no mercado con-
forme as normas da NBR disponíveis e propor adequações aos fabricantes que
fossem reprovados nos ensaios.

82 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Ao final dos anos 1990 surgiram no mercado os primeiros relés fotoelé-
tricos com acionamento eletrônico, que desde o início demonstraram maior
confiabilidade no desempenho que os seus antecessores e atualmente dominam
o mercado.

Reatores
O reator é definido como o componente que tem a função de limitar a corrente
elétrica a ser fornecida para a lâmpada, garantindo sua vida útil e podendo ser consi-
derado um ponto chave para a iluminação eficiente. Um reator bem projetado e com
uma durabilidade alta diminui o índice de manutenções do sistema como um todo.
Além disso, pode-se obter um melhor custo-benefício utilizando um reator com per-
das reduzidas. Esse menor índice de perdas pode ser deduzido da fatura de energia
elétrica do município.
Já existem reatores eletrônicos para utilização com lâmpadas a vapor de sódio
e multivapores metálicos, que também apresentam baixas perdas e garantem a esta-
bilidade das características das lâmpadas. Entretanto, pelo seu alto custo ainda não
estão sendo utilizados em larga escala.

Novas tecnologias
Hoje com a constante disseminação da eletrônica, novas tecnologias são fre-
quentemente disponibilizadas para os sistemas de iluminação pública, como os
sistemas de controle e de gerenciamento dessas instalações, que possibilitam a co-
municação remota com as luminárias via rede ou cabo, permitindo o acionamento
programado, a indicação de falha e a dimerização, quando viável.
Outra tecnologia que vem apresentando uma rápida evolução são as lumi-
nárias a LED (figura 2.1.7) para IP. Essa evolução é resultado de grandes in-
vestimentos dos fabricantes que buscam por uma fonte de luz artificial de alta
eficiência, boa reprodução de cores, confiabilidade e baixa emissão de resíduos
contaminantes para o ambiente, seja na produção ou no descarte final.
O desafio dessa tecnologia está na obtenção da intercambiabilidade entre
os diversos projetos de seus produtos, de forma a reduzir custos de fabricação
e melhorar a distribuição luminosa para baixas alturas de montagem, caracte-
rística dos sistemas de iluminação no Brasil.

Tecnologias aplicadas em iluminação pública 83


Figura 2.1.7 • Luminárias a LED para IP
(imagens de internet)

Considerações finais

A eficiência dos sistemas de iluminação evoluiu gradualmente, e de for-


ma descompassada entre lâmpadas e luminárias. Enquanto as lâmpadas com
tecnologias mais eficientes foram rapidamente introduzidas no mercado, as
luminárias fabricadas no país só apresentaram um salto relevante de qualida-
de a partir da introdução, no mercado nacional, de modelos importados dos
EUA e Europa.
Mas para que possamos garantir a eficiência dos sistemas de iluminação,
além das lâmpadas e luminárias, os demais componentes, entre eles os réles
fotoelétricos, reatores, ignitores etc, devem também atender a critérios míni-
mos de qualidade e desempenho, quando pertinente.

84 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Contamos no Brasil com o Programa de Etiquetagem do Inmetro (PBE) e
com o Selo Procel Eletrobras de Economia de Energia, dos quais fazem parte
reatores e lâmpadas a vapor de sódio – no momento os mais amplamente
utilizados em IP. É um diferencial positivo adquirir equipamentos eficientes,
pois possuem perdas reduzidas e um preço compatível com outros menos
eficientes disponíveis no mercado.

Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10672:1989 – Luminária


para iluminação pública, fechada para lâmpadas a vapor de mercúrio de 250 e 400
W – Especificação.
________________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15129:2004
– Luminárias para iluminação pública – Requisitos particulares. Julho, 2004.
________________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15129:2012
– Luminárias para iluminação pública – Requisitos particulares. Julho, 2012.

Tecnologias aplicadas em iluminação pública 85


2.2 Tecnologias utilizadas na iluminação
residencial e comercial

Alexandre Cricci Abilumi


Rubens Rosado Guimarães Teixeira Abilumi

O texto aborda de forma básica e sintetizada as principais


tecnologias utilizadas na iluminação residencial e comercial,
de forma que o leitor que desconheça o assunto se familia-
rize com esses equipamentos. Destaca-se o crescimento do
segmento de iluminação a LED (light emitting diode), fruto
da busca por soluções mais eficientes.

86 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

Há mais de 70 milênios foi construído o primeiro protótipo de lâmpada feito


de rocha oca preenchida com musgo seco e gordura animal. Desde aquela época o
homem vem desenvolvendo não só as formas, bem como os meios de geração de luz,
procurando cada vez mais uma eficiência maior, de forma a se produzir mais luz com
um menor consumo de energia.
O artigo a seguir apresentará de forma breve os principais equipamentos e suas
tecnologias aplicadas à iluminação residencial e comercial, com destaque um pouco
maior às lâmpadas. São abordados também as luminárias, os sensores e os reatores.
O objetivo deste capítulo não é o de apontar prós e contras das tecnologias, nem re-
alizar uma análise crítica, mas o de familiarizar os leitores com esses equipamentos.

Desenvolvimento tecnológico das lâmpadas

Lâmpadas a combustão
No século XVII não havia exploração de petróleo e as primeiras lâmpa-
das usavam combustíveis como ceras e todo tipo de óleo disponível (figura
2.2.1). Em meados de 1784, surgiram as primeiras lâmpadas a carvão e gás
natural, mas foi por volta do século XIX que o homem deu sua primeira prova
de preocupação com o uso racional da energia: criou o queimador central e
as chaminés de vidro para as lâmpadas, que permitiam não só a proteção da
chama, como também um controle mais eficiente da queima do combustível
através do ajuste do fluxo de ar que circulava em seu interior.

Figura 2.2.1 • Lâmpada de óleo romana


(GNU Free Documentation License)

Tecnologias utilizadas na iluminação residencial e comercial 87


O uso comercial de iluminação a gás teve início em 1792 quando William Mur-
doch utilizou o gás de carvão. Com a perfuração dos primeiros poços de petróleo, em
1859, surgiu o querosene, permitindo o crescimento popular desse tipo de lâmpada.

Lâmpadas incandescentes
Na virada do século XIX, com a descoberta da eletricidade, as pessoas viram
uma grande transformação na iluminação que mudou o mundo para sempre. Contra-
riamente à crença popular, o americano Thomas Edison (figura 2.2.2) não inventou
a primeira lâmpada, mas melhorou a ideia de outros inventores, no caso o inglês
Sir Joseph Wilson Swan – que registrou a primeira patente de lâmpada incandescen-
te em 1878 – e o alemão Walther Hermann Nernst – ambos já possuíam alguns re-
sultados nas tentativas de construir lâmpadas elétricas, mas seus dispositivos tinham
vida curta. Por volta de 1879, a lâmpada incandescente (figura 2.2.3) tornou-se a
primeira lâmpada comercialmente bem sucedida e vem sendo utilizada regularmente
nas residências.

Figura 2.2.2 • Da esquerda para direita, o americano Thomas Alva Edson e a lâmpada com filamento
de carbono incandescente; Walther Hermann Nernst e Sir Joseph Wilson Swan
(imagens de internet)

Figura 2.2.3 • Lâmpada incandescente


(imagem de internet)

88 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Com o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes, países como EUA, Aus-
trália, Argentina, o próprio Brasil, entre outros, têm optado por restrições à fabrica-
ção e comercialização de lâmpadas incandescentes, diminuindo assim o consumo de
energia elétrica no País.

Lâmpadas de descarga a gás


Em 1901, o americano Peter Cooper Hewitt patenteou uma lâmpada que pro-
duzia luz por meio de um arco elétrico dentro do bulbo de vidro contendo vapor
metálico. A descoberta era a lâmpada de descarga a vapor de mercúrio, precursora
das lâmpadas a vapor de sódio, vapor metálico e das fluorescentes (figura 2.2.4) –
apenas essa última usualmente utilizada na iluminação residencial e comercial. Já na
década de 1930, a iluminação a gás nas ruas deu lugar à tecnologia de lâmpadas de
descarga, que em seguida passaram a ser adotadas no comércio e residências.
Em 1927, surgiu a lâmpada fluorescente, diferentemente das lâmpadas a vapor
de mercúrio, suas paredes internas eram revestidas de material fluorescente. Essas
lâmpadas sofreram evoluções como a utilização de novos materiais no revestimento
do bulbo e em sua forma, como no caso das fluorescentes compactas.

Figura 2.2.4 • Lâmpadas de descarga fluorescentes compacta e tubular


(imagens cedidas por fabricantes)

Lâmpadas halógenas
A lâmpada incandescente halógena (figura 2.2.5) com tecnologia capaz de ser
comercializada foi inventada em 1960.  Essas lâmpadas possuem elementos halóge-
nos, como o iodo ou bromo, dentro do bulbo e possuem em geral maior eficiência lu-

Tecnologias utilizadas na iluminação residencial e comercial 89


minosa do que as incandescentes comuns e durabilidade de duas a cinco vezes mais.
Essas lâmpadas são utilizadas geralmente em projetos de iluminação para destacar
objetos, materiais, texturas, enfim, para uma iluminação mais decorativa.

Figura 2.2.5 • Lâmpadas incandescentes halógenas

Lâmpadas LED
O light emitting diode (LED) é um componente eletrônico semicondutor que
tem a propriedade de transformar energia elétrica em luz, diferente da tecnologia
encontrada nas lâmpadas convencionais que utilizam filamentos metálicos, radiação
ultravioleta e descarga de gases. Nos LEDs (figura 2.2.6), a transformação de ener-
gia elétrica em energia luminosa é feita na matéria, sendo, por isso, chamada de esta-
do sólido (solid state). Dentre todas as tecnologias em desenvolvimento, a lâmpada
LED certamente é a que mais vai impactar o mercado da iluminação, não só devido
ao seu potencial de economia de energia, mas também em relação à qualidade da
iluminação proporcionada por essa fonte de luz.

Figura 2.2.6 • Alguns modelos de lâmpadas LED disponíveis no mercado


(imagens cedidas por fabricantes)

Sensores
Utilizados em projetos nos quais se deseja obter uma maior eficiência dos siste-
mas de iluminação, os sensores (figura 2.2.7) de ocupação podem trabalhar de forma

90 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


integrada à iluminação natural ou artificial, proporcionando melhor conforto aos
ocupantes do ambiente em que estão instalados. Seu uso é recomendado para uma
vasta variedade de ambientes, proporcionando flexibilidade, economia de energia e
benefícios ecológicos.

Figura 2.2.7 • Sensores para acionamento de circuitos de iluminação


(imagens da internet)

Seu princípio básico de funcionamento é a detecção da presença de indivíduos em


um determinado ambiente com área de cobertura do sensor. Detectada a presença (mo-
vimento), o sistema de iluminação é acionado, permanecendo ativado por um tempo
pré-determinado. Explicando de uma forma mais técnica, sua operação é baseada na
detecção de indivíduos por meio de células com tecnologia de raios infravermelhos,
ultrassom, ambos ou até microondas, que informam a uma unidade eletrônica, chama-
da de controlador, a ocupação ou não do local, energizando ou desenergizando um relé
que por sua vez irá operar o circuito elétrico da fonte de luz (figura 2.2.8).

Figura 2.2.8 • Ilustração esquemática do circuito de controle

Tecnologias utilizadas na iluminação residencial e comercial 91


De acordo com a Environmental Protection Agency (EPA), o uso de sensores
de ocupação pode apresentar economia de energia que varia de 40% a 46% em salas
de aula, 13% a 50% em escritórios privados, 30% a 90% em refeitórios, 22% a 65%
em salas de conferência, 30% a 80% em corredores e 45% a 80% em depósitos.
Esses índices, no entanto, podem sofrer significativas alterações acarretando resul-
tados frustrantes. Para se determinar de forma mais precisa a eficiência dos sensores
de ocupação, existem algumas ferramentas disponíveis que vão desde questionários
dirigidos aos ocupantes das áreas onde serão instalados, até equipamentos que moni-
toram e gravam os hábitos dos usuários.

Luminárias
Destinadas a distribuir, controlar ou filtrar a luz proveniente das lâmpadas, as
luminárias (figura 2.2.9 – a,b,c) desempenham um papel fundamental no sistema de
iluminação: são responsáveis por boa parte da otimização do desempenho do sistema.

a) b)

c)

Figura 2.2.9 - a,b,c • Modelos de luminárias usualmente utilizadas na iluminação residencial e


comercial: a) luminária de alto rendimento; b) luminária a LED e c) luminária para fluorescente tubular
(imagens cedidas por fabricantes)

Basicamente as luminárias são compostas de refletor, soquete e fiação elétrica.


Além destas partes, uma luminária pode também conter um ou mais dos seguintes com-
ponentes: lente, difusor, elementos decorativos e filtros de raios ultravioletas ou de cor.
Uma das partes mais importantes da luminária é seu refletor, geralmente fabri-
cado em alumínio, e sua forma e material são responsáveis pela distribuição da luz
originária da lâmpada. Ao avaliar a adequação do material à sua aplicação, existem
várias características que devem ser consideradas, como capacidade e forma de re-
flexão da luz, resistência à abrasão e a intempéries, qualidade dos materiais que a

92 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


compõe, pintura de sua superfície, espelhamento, controle de ofuscamento, presença
de lentes etc.
Em relação ao projeto do sistema de iluminação, deve-se atentar aos cuidados
técnicos como interpretação de curvas de distribuição da luz, número correto de
luminárias por área, espaçamento entre elas, especificações de controle de ofusca-
mento, entre outros.
Uma luminária deve proporcionar uma iluminação suficiente para execução das
tarefas desejadas (uma tabela de iluminação mínima para cada tipo de atividade pode
ser observada na NBR 5413/1992), ser segura, sempre que possível controlável e
garantir o conforto ambiental.
Outro aspecto relevante a ser considerado é a eficiência da luminária, que pode
ser obtida pela fração de emissão de luz (FEL) ou rendimento, que nada mais é do que
a relação entre a luz emitida pela luminária e a luz emitida pela lâmpada. Essas infor-
mações são fornecidas pelos fabricantes e geralmente estão contidas nos catálogos.
A iluminação residencial e comercial está presente na vida de todos e suas ca-
racterísticas técnicas são muitas vezes negligenciadas em função apenas do design
da luminária.
O uso de materiais com tecnologias mais avançadas, nos chamados retrofits,
deve ser visto com critério, não bastando que se faça simplesmente a troca do re-
fletor, das lâmpadas e dispositivos auxiliares antigos por outros de tecnologia mais
recente. É importante que se considerem todos os fatores já citados.
Ambientes iluminados adequadamente melhoram a produtividade e o conforto
visual de seus ocupantes.

Reatores
Lâmpadas fluorescentes, largamente utilizadas em instalações comerciais e
residenciais, são eficientes na conversão de energia elétrica em energia luminosa,
contudo, para que estas lâmpadas funcionem faz-se necessário o uso de reatores que
nem sempre são tão eficientes, gerando calor ou em outros termos perda de ener-
gia. Sendo assim, existem basicamente três fatores que contribuem para reduzir este
efeito indesejável: eliminar as perdas internas do reator, operar as lâmpadas em alta
frequência, entre 20 a 60 kHz, faixa na qual as lâmpadas trabalham em sua máxima
eficiência e eliminar as perdas que ocorrem na operação dos eletrodos.

Tecnologias utilizadas na iluminação residencial e comercial 93


O reator eletrônico atende a estes três fatores, principal motivo de sua recomen-
dação em instalações onde se deseja fazer uso eficiente de energia.
Outras vantagens do uso de reatores eletrônicos:
• com um mesmo reator é possível operar duas, três ou quatro lâmpadas em
luminárias distintas, reduzindo desta forma o custo de instalação;
• permitem instalações das lâmpadas tanto em circuito série como paralelo (sendo
a instalação em série vantajosa em termos de consumo, mas desvantajosa quando na
ocorrência de queima de uma lâmpada, pois acarretará o desligamento das demais);
• por não possuírem núcleo de ferro, operam de forma silenciosa;
• trabalham em alta frequência, o que reduz o flicker a valores desconsideráveis;
• possuem peso bem inferior quando comparados aos reatores eletromagnéticos,
o que os torna vantajoso quanto ao transporte, armazenamento e disposição em for-
ros e luminárias; e
• muitas vezes os reatores eletrônicos são projetados para operar vários tipos de
lâmpadas. Apesar dos benefícios desta “elasticidade” no uso, esta vantagem tem que
ser vista com restrições.

Figura 2.2.10 • Reator eletrônico aplicado na iluminação residencial e comercial para acionamento de
lâmpadas fluorescentes tubulares
(imagem cedida por fabricante)

Considerações finais

Pelo exposto, tem-se a noção da variedade de equipamentos existentes no mer-


cado e a vasta possibilidade de combinações permitidas, muitas nem sempre eficien-
tes dos pontos de vista energético e de conforto visual.
Antes de se optar por qualquer uma dessas tecnologias é recomendável que seja
feito um criterioso estudo luminotécnico, de forma a se obter o máximo do aprovei-

94 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


tamento dos componentes utilizados, sempre levando-se em conta os níveis de ilu-
minação adequados à atividade a ser desempenhada no local. Sempre que possível,
implementar no projeto sistemas de controle, tornando assim o ambiente inteligente
e capaz de obter resultados ainda mais eficientes e confortáveis.
Além da preocupação com a instalação inicial, alguns sistemas necessitam de
manutenção e limpeza periódica, de forma a garantir a eficiência projetada.

Referência

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5413:1992 – Iluminância


de interiores. Abril, 1992.

Tecnologias utilizadas na iluminação residencial e comercial 95


2.3 Regulamentações da Lei de Eficiência
Energética para equipamentos de iluminação

Felipe Carlos Bastos Eletrobras Procel


Jamil Haddad Unifei-Excen
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel

Este artigo aborda a Regulamentação da Lei de Eficiência


Energética para equipamentos de iluminação, em especial,
a Portaria Interministerial nº. 1.007, de dezembro de 2010,
que trata das lâmpadas incandescentes de uso comum. Es-
sas regulamentações têm como objetivo o estabelecimento
de níveis mínimos de eficiência energética e, no caso das
incandescentes, acarretará a consequente exclusão desta
tecnologia do mercado brasileiro.

96 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

Em 17 de outubro de 2001, foi sancionada a Lei no. 10.295 - Lei de Eficiência


Energética (Brasil, 2001). Essa lei preencheu uma lacuna importante, não abordada
em regulamentações anteriores, uma vez que tornou possível o estabelecimento, de
forma compulsória, de níveis mínimos de eficiência energética para máquinas e apa-
relhos consumidores de energia.
Antes da lei já existiam programas que buscavam tornar os equipamentos mais
eficientes, o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e o Selo Procel Eletrobras
de Economia de Energia, de caráter não compulsório.
Assim, após a entrada em vigor de uma regulamentação específica, todos os
fabricantes e importadores de aparelhos que não atendam aos níveis estabelecidos
devem adotar medidas de incremento da eficiência em seus equipamentos, caso de-
sejem continuar a comercializá-los no País.
Tendo em vista que as lâmpadas e os reatores são responsáveis por uma signifi-
cativa parcela da energia elétrica consumida no Brasil, estes equipamentos também
foram regulamentados.
O processo de regulamentação específica para equipamentos de iluminação foi
iniciado em 2006 e tomou como base as experiências do Programa do Selo Procel
Eletrobras e do PBE, do Instituto Naciconal de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(Inmetro).

Histórico

Em 10 de agosto de 1990, foi apresentado no Senado Federal o projeto de lei


PLS nº. 125 com o objetivo de “fixar diretrizes para conservação de energia e outras
providências”. Em 31 de maio de 1993, após ter tramitado nas Comissões de Cons-
tituição, Justiça e Cidadania e de Serviços de Infraestrutura, o projeto foi aprovado e
encaminhado à Câmara dos Deputados para revisão nos termos do Art. 65 da Cons-
tituição Federal. Nessa casa revisora, recebeu a denominação de PL nº. 3875/1993
e após as alterações recebidas na primeira casa congressual passou a apresentar a
seguinte ementa: “dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional
de Energia Elétrica e dá outras providências”.

Regulamentações da Lei de Eficiência Energética para equipamentos de iluminação 97


Na Câmara dos Deputados, o projeto de lei começou sua tramitação em 26
de agosto de 1993 na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e
Comércio, passando ainda pelas seguintes Comissões: Defesa do Consumidor,
Minas e Energia e Constituição e Justiça e de Redação. Após aprovação de um
Substitutivo na Comissão de Minas e Energia, o projeto de lei foi ao Plenário
da Câmara dos Deputados para deliberação.
Em 13 de junho de 2001, após aprovação pela Câmara dos Deputados, o projeto
de lei foi encaminhado ao plenário do Senado Federal e aprovado em regime de ur-
gência em 25 de setembro de 2001. A lei foi sancionada em 17 de outubro de 2001 e
publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 18 de outubro de 2001.

Lei 10.295 de 17 de outubro de 2001

Como principais pontos descritos nessa lei, destacam-se o Artigo 2º, no


qual se definiu a competência do Poder Executivo para estabelecer níveis
máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência ener-
gética, de máquinas e aparelhos consumidores de energia fabricados ou co-
mercializados no País, e o Artigo 4º, ressaltando que também caberá ao Poder
Executivo desenvolver mecanismos que promovam a eficiência energética
nas edificações construídas no País.
Segundo previsto na lei, antes de se estabelecer os indicadores de consumo
específico, diversas entidades devem ser ouvidas em audiência pública, como
representações de fabricantes e importadores de máquinas e aparelhos consumi-
dores de energia, projetistas, construtores, consumidores, instituições de ensino
e pesquisa etc.
Para se obter mais transparência e participação da sociedade nesse processo,
tem-se adotado como prática, a publicação das propostas de regulamentações em
consulta pública.

Decreto 4.509, de 19 de dezembro de 2001

A Lei nº. 10.295 foi regulamentada por meio do Decreto Presidencial


nº. 4.509, de 19 de dezembro de 2001. Esse decreto define os procedimen-

98 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


tos e as responsabilidades para o estabelecimento dos indicadores e dos
níveis de eficiência energética. Também instituiu o Comitê Gestor de Indi-
cadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE), composto pelo Minis-
tério de Minas e Energia (MME), Ministério de Desenvolvimento, Indústria
e Comércio (MDIC), Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP), um representante de universidade e um
cidadão brasileiro.
Esse comitê tem como atribuições, dentre outras, a elaboração de regula-
mentações específicas para cada tipo de aparelho consumidor de energia, o esta-
belecimento de um programa de metas que indica a evolução dos níveis a serem
alcançados por cada equipamento regulamentado e a constituição de comitês
técnicos para analisar matérias específicas.
Segundo o Decreto, as regulamentações específicas devem conter obri-
gatoriamente as seguintes definições: normas com procedimentos e indica-
dores utilizados nos ensaios para comprovação do atendimento dos níveis
mínimos de eficiência energética, os laboratórios responsáveis pelos ensaios
e o prazo para entrada em vigor.
Até 2012, já foram aprovadas regulamentações específicas para moto-
res elétricos trifásicos; lâmpadas fluorescentes compactas; refrigeradores
e congeladores; fogões e fornos a gás; condicionadores de ar; aquecedores
de água a gás; lâmpadas incandescentes e reatores eletromagnéticos para
lâmpadas a vapor de sódio e a vapor metálico, como pode ser visualizado
na tabela 2.3.1.

Regulamentações para equipamentos de iluminação

No dia 12 junho de 2006, foram regulamentados, por meio da Portaria


Interministerial nº. 132 (MME, MCT e MDIC), os níveis mínimos de efici-
ência energética para as lâmpadas fluorescentes compactas (LFC) com reator
integrado.
Os níveis mínimos de eficiência energética a serem atendidos pelas LFC a
100 horas de uso podem ser observados na tabela 2.3.2 a seguir.

Regulamentações da Lei de Eficiência Energética para equipamentos de iluminação 99


Tabela 2.3.1 • Histórico de regulamentações específicas
Regulamentação Específica Programa de Metas
Tipo de
Equipamento Documento Data Documento Data

Motores Elétricos Portaria Interministerial


Decreto n°. 4.508 11/12/2002 8/12/2005
Trifásicos nº. 553

Portaria Interministerial Portaria Interministerial


LFC 12/06/2006 31/12/2010
n°. 132 n°. 1008

Refrigeradores e Portaria Interministerial Portaria Interministerial


24/12/2007 26/05/2011
Congeladores n°. 362 n°. 326

Fogões e Fornos Portaria Interministerial Portaria Interministerial


24/12/2007 26/05/2011
a Gás n°. 363 n°. 325

Condicionadores Portaria Interministerial Portaria Interministerial


24/12/2007 26/05/2011
de Ar n°. 364 n°. 323

Aquecedores de Portaria Interministerial Portaria Interministerial


10/09/2008 26/05/2011
Água e Gás n°. 298 n°. 324

Reatores
Eletromagnéticos Portaria Interministerial
para Lâmp. a 9/12/2010 - -
n°. 959
Vapor de Sódio e
a Vapor Metálico

Lâmpadas Portaria Interministerial 31/12/2010 - -


Incandescentes n°. 1.007

Tabela 2.3.2 • Níveis mínimos de eficiência energética para LFC a 100 horas de uso

Índice mínimo
LFC sem invólucro lúmen/watt

Potência da lâmpada < 8 W 43


8 W < Potência da lâmpada < 15 W 50
15 W < Potência da lâmpada < 25 W 55
25 W < Potência da lâmpada 57
Índice mínimo
LFC com invólucro lúmen/watt
Potência da lâmpada < 8 W 40
8 W < Potência da lâmpada < 15 W 40
15 W < Potência da lâmpada < 25 W 44
25 W < Potência da lâmpada 45
(Portaria Interministerial nº. 132 de 2006)

100 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


No ano de 2010, foram definidos os níveis mínimos de eficiência energética
para reatores eletromagnéticos para lâmpadas a vapor de sódio de alta pressão e a
vapor metálico (tabela 2.3.3), por meio da Portaria Interministerial nº. 959/2010, de
9 de dezembro de 2010.

Tabela 2.3.3 • Níveis de eficiência energética a serem atendidos
nos ensaios de reatores eletromagnéticos
Potência da lâmpada Perda elétrica máxima
35(*) 10
70 14
100 17
150 22
250 30
250(*) 23
400 38
400(*) 29
(*)Somente para os reatores eletromagnéticos para
lâmpadas a vapor metálico
(Portaria Interministerial nº. 959 de 2010)

No dia 31 de dezembro de 2010, foram aprovadas as Portarias Interministeriais


nº. 1.007 – estabelecendo os níveis mínimos de eficiência energética que as lâmpa-
das incandescentes conseguirão atender (tabelas 2.3.4 e 2.3.5) – e a nº. 1.008 – que
estabelece, por meio do Programa de Metas, novos níveis mínimos de eficiência
energética para lâmpadas fluorescentes compactas.

Tabela 2.3.4 • Níveis mínimos de eficiência energética para


lâmpadas incandescentes de 127V – 750 horas
Eficiência mínima (lm/W)*
Potência (W)
30/06/2012 30/06/2013 30/06/2014 30/06/2015 30/06/2016
Acima de 150 20 24      
101 a 150 19 23      
76 a 100   17 22    
61 a 75   16 21    
41 a 60     15,5 20  
26 a 40       14 19
Até 25       11 15

* A partir da data indicada, a lâmpada incandescente deve atingir a eficiência mínima.


(Portaria Interministerial nº. 1.007 de 2010)

Regulamentações da Lei de Eficiência Energética para equipamentos de iluminação 101


Tabela 2.3.5 • Níveis mínimos de eficiência energética para
lâmpadas incandescentes de 220V – 1.000 horas

Eficiência mínima (lm/W)*


Potência (W)
30/06/2012 30/06/2013 30/06/2014 30/06/2015 30/06/2016

Acima de 150 18 22      

101 a 150 17 21      

76 a 100   14 20    

61 a 75   14 19    

41 a 60     13 18  

26 a 40       11 16

Até 25       10 15

* A partir da data indicada, a lâmpada incandescente deverá atingir a eficiência mínima.


(Portaria Interministerial nº. 1.007 de 2010)

O prazo limite para comercialização no Brasil, por parte de fabricantes e


importadores das lâmpadas incandescentes que não atendam a esses níveis de
eficiência, é de seis meses, a contar das datas limites estabelecidas nas tabelas
2.3.4 e 2.3.5. Por sua vez, o prazo limite para comercialização por atacadistas
e varejistas no País é de um ano, a contar das datas limites estabelecidas ante-
riormente (Brasil, 2010).
Destaca-se que algumas lâmpadas incandescentes, utilizadas em fins espe-
cíficos, não foram abrangidas pela regulamentação, como por exemplo, as auto-
motivas, semafóricas, halógenas, refletoras, entre outras.
Já no caso das LFCs, a data limite para fabricação no País ou importação dos
equipamentos que não atendam aos novos níveis mínimos estabelecidos (tabela
2.3.6) foi 30 de junho de 2012. Para comercialização por parte de fabricantes e
importadores, a data limite foi 31 de dezembro de 2012, e para atacadistas e vare-
jistas, 30 de junho de 2013.

102 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Tabela 2.3.6 • Novos níveis mínimos de eficiência energética para LFC sem invólucro 1

LFC sem invólucro Eficiência mínima (lm/W)

Potência da lâmpada ≤ 6 W 47

6 W < Potência da lâmpada ≤ 8 W 49

8 W < Potência da lâmpada ≤ 12 W 54

12 W < Potência da lâmpada ≤ 15 W 56

15 W < Potência da lâmpada ≤ 18 W 58

18 W < Potência da lâmpada ≤ 25 W 59

25 W < Potência da lâmpada 60

(Portaria Interministerial nº. 1.008 de 2010)

A tabela 2.3.7 apresenta os novos níveis mínimos exigidos para LFC com invó-
lucro quando foi publicada a Portaria Interministerial nº. 1.008.

Tabela 2.3.7 • Novos níveis mínimos de eficiência energética para LFC


com invólucro, refletora ou corrente contínua

LFC com invólucro ou corrente contínua Eficiência mínima (lm/W)

Potência da lâmpada ≤ 15W 40

15W < Potência da lâmpada ≤ 25W 44

25 W < Potência da lâmpada 45

LFC Refletora Eficiência mínima (lm/W)

Todas as Potências 31

( Portaria Interministerial nº. 1.008 de 2010)

Resultados esperados

De uma forma geral, a introdução de níveis mínimos de eficiência energéti-


ca exclui do mercado os produtos mais ineficientes, devendo, por consequência,
ocorrer um incremento das vendas dos demais produtos que permanecem. Assim,
pode-se estimar a economia de energia obtida pela adoção dos níveis mínimos de
eficiência, em função da diferença entre o consumo da parcela do parque que deixou

1 Entende-se por lâmpada fluorescente com invólucro aquela que recebe uma cobertura adicional sobre o tubo de
descarga, podendo o invólucro ser transparente ou translúcido.

Regulamentações da Lei de Eficiência Energética para equipamentos de iluminação 103


de ser comercializada e o consumo que essa parcela passou a ter, na medida em que
foram adquiridos produtos mais eficientes.
No caso da regulamentação específica das lâmpadas incandescentes de uso co-
mum, foram estabelecidos níveis mínimos que a atual tecnologia não consegue aten-
der, buscando, com isso, sua substituição no mercado brasileiro. Com essa medida,
estima-se uma economia de energia elétrica da ordem de 132 TWh e uma redução
na emissão de gases causadores de efeito estufa de 9,8 MtCO2, no período de 2012 a
2030 (Bastos, 2011).

Experiências internacionais na restrição às lâmpadas incandescentes

Todos os países do G8 e diversos outros do mundo têm desenvolvido po-


líticas para aumentar a eficiência energética no setor da iluminação. Segundo
relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), a energia elétrica conser-
vada, caso todas as lâmpadas incandescentes do mundo fossem substituídas por
lâmpadas fluorescentes compactas, em 2006, seria de aproximadamente 700
TWh por ano, representando uma redução equivalente de 400 Mtons CO2 emi-
tidos para a atmosfera, reduzindo a demanda de energia elétrica na iluminação
em 18% (AIE, 2009).
Nesse contexto, uma das 25 recomendações de políticas em prol da eficiência
energética da AIE, publicadas em 2008, é para os governos providenciarem a elimi-
nação progressiva das lâmpadas incandescentes convencionais, em favor das LFCs,
assim que for viável economicamente e comercialmente, estabelecendo prazos e me-
tas de performances. Foi recomendado também que sejam promovidas ações pelos
países membros da AIE para garantir uma oferta suficiente de lâmpadas de boa qua-
lidade e eficiência (AIE, 2007).
No atual cenário, os governos vêm restringindo a utilização das incandescentes
de duas formas:
• por meio do estabelecimento de índices de eficiência, não alcançáveis pela
tecnologia, e sua retirada gradual do mercado; ou
• banindo as incandescentes de forma não gradual por meio de lei.
A política adotada no Brasil foi muito semelhante às empregadas nos Estados
Unidos, Austrália e União Europeia: a de estabelecimento de índices inatingíveis de

104 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


eficiência e retirada gradativa do mercado das incandescentes, iniciando o processo
com as de maior potência. Na Argentina, a proibição também ocorreu por meio de
uma lei federal, porém a retirada do mercado foi de forma não gradual.
Na Austrália e União Europeia, foi-se mais além, e optou-se por banir também
as lâmpadas halógenas, um pouco mais eficientes do que as incandescentes.
De forma geral, a intervenção governamental pode ser realizada de diversas for-
mas, dependendo do arcabouço legal do país, da capacidade de absorver ou mitigar
os impactos inerentes à política e, principalmente, da urgência e importância que se
dá para a questão da eficiência energética no setor elétrico. Novamente, destacando-
-se o caso da União Europeia e da Austrália, o principal benefício que se buscou
com a política energética de retirar as lâmpadas menos eficientes do mercado foi o
de reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa, dado que possuem uma
matriz de geração de energia elétrica intensiva em emissão de CO2. Ambos são sig-
natários do Protocolo de Quioto, fazendo parte de seu Anexo 1 (países com metas
de redução).

Considerações finais

O estabelecimento de índices mínimos de eficiência energética é um meca-


nismo de política pública que vem sendo adotado em diversos países do mundo e
tem como objetivo principal conservar energia por meio da retirada do mercado
de produtos que não atendam a requisitos mínimos de eficiência energética ou
máximo de consumo.
A publicação da Lei nº. 10.295 de 2001 veio complementar o PBE, cujo propó-
sito é indicar o consumo de todos os equipamentos comercializados no País, e o Pro-
grama do Selo Procel Eletrobras, que destaca para o consumidor os equipamentos
mais eficientes. Vale lembrar que a regulamentação dessa lei só foi possível graças
à parceria dos dois programas, viabilizando a criação de uma estrutura laboratorial
e o desenvolvimento das metodologias de medição e dos índices de eficiência ener-
gética.
Pode-se considerar esse processo como um “ganha-ganha”, no qual todos os seg-
mentos da sociedade são beneficiados com o estabelecimento dos índices mínimos
de eficiência, ou seja:

Regulamentações da Lei de Eficiência Energética para equipamentos de iluminação 105


• ganham os fabricantes por meio da diferenciação e da melhoria no desempe-
nho de seus equipamentos, aumentando assim a sua competitividade;
• ganham os consumidores, pois adquirem equipamentos que consomem menos
energia, proporcionando assim economia financeira com os gastos de energia;
• ganha o governo brasileiro que, em função da energia economizada, pode pos-
tergar investimentos no setor energético; e
• ganha a sociedade como um todo, pois a conservação de energia contribui para
o aumento na segurança do abastecimento de energia e para a preservação do meio
ambiente.
Se por um lado a política de retirada das lâmpadas incandescentes do mercado
brasileiro traz benefícios para a sociedade, como a conservação de energia elétrica e
a redução na emissão de gases causadores de efeito estufa, por outro lado, também
se observam algumas externalidades negativas, como a redução do fator de potência,
o aumento de distorções harmônicas na rede elétrica e a emissão de mercúrio para o
meio ambiente, caso não haja um descarte adequado das lâmpadas.
Vale lembrar também que, ao contrário do que se imagina, o trabalho de im-
plementação da Lei Nacional de Eficiência Energética não termina com o estabele-
cimento dos índices mínimos de eficiência. Para conseguir com que todos os equi-
pamentos comercializados no país atendam aos índices regulamentados, deve-se
intensificar cada vez mais o processo de fiscalização e a manutenção da estrutura
laboratorial, responsável essa pela confiabilidade dos resultados dos ensaios.

Referências

AIE. Agência Internacional de Energia. Progress with implementing energy


efficiency policies in the G8. Paris: AIE, 2009.
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica (Brasil). Energy efficiency policy:
recommendations worldwide implementation now. Paris: AIE, 2007.
BASTOS, Felipe Carlos. Análise da política de banimento de lâmpadas
incandescentes do mercado brasileiro. 2011. Dissertação (Mestrado em
Planejamento Energético) - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e
Pesquisa de Engenharia (COPPE). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2011.

106 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


BRASIL. Lei nº. 10.295, de 17 de outubro de 2001. Dispõe sobre a Política Nacional
de Conservação e Uso Racional de Energia e dá outras providências. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10295.htm>. Acesso em: 20
fev.2011.
________________. Portaria Interministerial no. 132, de 12 de junho de 2006.
Regulamentação específica que define os níveis mínimos de eficiência energética de
lâmpadas fluorescentes compactas. Brasília, DF, jun. 2006.
________________. Portaria Interministerial no. 959, de 9 de dezembro de 2010.
Regulamentação específica que define os níveis mínimos de energia de reatores
eletromagnéticos para lâmpadas a vapor de sódio de alta pressão e a vapor metálico
(halogenetos). Brasília, DF, dez. 2010.
________________. Portaria Interministerial no. 1.008, de 31 de dezembro de
2010. Anexo: Programa de metas de lâmpadas fluorescentes compactas. Brasília,
DF, dez. 2010.
________________. Ministério de Minas e Energia. Portaria Interministerial no.
1.007, de 31 de dezembro de 2010. Regulamentação específica que define os níveis
mínimos de eficiência energética de lâmpadas incandescentes. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 jan. 2011, no. 4.

Regulamentações da Lei de Eficiência Energética para equipamentos de iluminação 107


2.4 Descarte de lâmpadas
contendo mercúrio no Brasil

Isac Roizenblatt Abilux


William Mendes de Farias Eletrobras Procel
Zilda Maria Faria Veloso MMA

O que fazer com as lâmpadas fluorescentes após a sua


utilização? Eis a questão levantada neste artigo devido à
presença do mercúrio – substância tóxica e potencialmente
nociva aos seres humanos e ao meio ambiente. O objetivo
do texto é informar sobre algumas iniciativas do governo
brasileiro e da indústria para a gestão desses resíduos.

108 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

No final de sua vida útil (durabilidade), as lâmpadas que contêm mercúrio


(Hg) são, na maioria das vezes, destinadas aos aterros sanitários, onde são
jogadas e ocorrem as quebras contaminando o solo e, mais tarde, os cursos
d’água e lençóis freáticos.
Em alguns países como Estados Unidos e União Europeia, já existe uma
regulamentação para o armazenamento, transporte e descontaminação dessas
lâmpadas. Seguindo estes exemplos, aqui no Brasil foi sancionada no dia 2 de
agosto de 2010, a Lei nº. 12.305 (Brasil, 2010 - a), que em conjunto com o De-
creto nº. 7.404 de 23 de dezembro de 2010 (Brasil, 2010 - b) implantaram a Po-
lítica Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), a qual trata de maneira especial
da logística reversa das lâmpadas que contêm mercúrio após a sua vida útil.
Essa política motivou uma busca, por parte dos fabricantes e importadores, de
modelos de logística reversa que já houvessem mostrado bons resultados e refle-
tissem, por sua metodologia, em maior possibilidade de sucesso em um país conti-
nental como o Brasil. Todos os impactos sociais e econômicos da implantação dos
diversos modelos de logística reversa estão sendo avaliados pelo governo para a
escolha da melhor alternativa.
Este capítulo mostra os esforços do governo brasileiro e da indústria para solu-
ção do problema gerado pelo descarte inadequado das lâmpadas que contém mercú-
rio em sua composição.

Descarte de lâmpadas fluorescentes de vapor de mercúrio

Os produtos usados em nossa moderna sociedade industrial têm uma vida útil
finita e, quando essa vida se esgota, perdem sua utilidade, tornando-se incômodos
para seus proprietários, que se desfazem deles. Ocorre, assim, aquilo que comumen-
te é chamado de descarte.
O descarte feito de forma correta deve evitar não apenas a ocorrência de impac-
tos ao meio ambiente e à saúde humana, como também contribuir para prolongar a
vida das reservas de recursos naturais não renováveis.

Descarte de lâmpadas contendo mercúrio no Brasil 109


Benefícios do descarte correto de lâmpadas que contêm mercúrio

Os benefícios do descarte correto são os seguintes:


• diminuir o volume de resíduo gerado e o descarte em lixões e aterros sanitá-
rios, contribuindo para aumentar a vida útil destes últimos;
• diminuir o volume de mercúrio liberado no meio ambiente;
• diminuir o risco de contaminação do ar, do solo, da água, do homem e dos
seres vivos, em geral; e
• minimizar a extração de matéria-prima do meio ambiente.
As figuras 2.4.1 e 2.4.2 mostram alguns materiais que podem ser extraídos de
uma lâmpada de mercúrio em sua reciclagem. São eles: mercúrio, alumínio ou latão,
pó de fósforo e vidro.

Figura 2.4.1 • Componentes de Figura 2.4.2 • Mercúrio extraído


lâmpadas de mercúrio separados

Malefícios do descarte incorreto de lâmpadas que contêm mercúrio

O descarte incorreto dessas lâmpadas pode provocar sérios impactos ao meio


ambiente, bem como à saúde. No corpo humano, a absorção do mercúrio ocorre
principalmente através das vias respiratórias. Uma concentração maior que 0,04 mg
de Hg/m3 em ambiente fechado pode produzir uma incidência significativa de si-
nais e sintomas de intoxicação, sobretudo, nas células do sistema nervoso central,
ocasionando, entre outros efeitos, tremores das mãos e comportamento anormal e
introvertido.

110 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), por meio de sua Re-
solução nº. 23, de 12 de dezembro de 1996 (Conama, 1996), classifica os
componentes da lâmpada de mercúrio como “resíduos perigosos”. A Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) destaca o mercúrio por sua
grande periculosidade ao estabelecer limites admissíveis de diversos elemen-
tos e substâncias químicas para serem descartados no meio ambiente - norma
ABNT NBR 10.004/2004 (ABNT, 2004) e o Ministério do Trabalho, por sua
vez, inclui o mercúrio como agente nocivo que afeta a saúde do trabalhador
na Norma Regulamentadora NR15 (Brasil, 1978), sobre atividades e opera-
ções em locais insalubres.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS

A lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010, e o Decreto Regulamentar nº. 7.404,


de 23 de dezembro de 2010, implantaram no país a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS), que, por meio do instrumento “Responsabilidade Compartilha-
da”, distribuiu as atribuições relativas ao gerenciamento e à gestão de resíduos
sólidos a fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores
e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos,
de forma a minimizar o volume de resíduos e rejeitos gerados, bem como para
reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorren-
tes do ciclo de vida dos produtos.
A obrigação dos consumidores, quando estabelecido um sistema de coleta
seletiva pela administração municipal, ou de logística reversa pelos setores
empresariais citados no parágrafo anterior, será de acondicionar adequadamen-
te e de forma diferenciada os resíduos sólidos gerados e disponibilizar de for-
ma adequada aqueles reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução. Para
o caso de grandes geradores de resíduos, como por exemplo, as empresas de
grande porte, é recomendável que incluam em seus planos o gerenciamento de
seus resíduos perigosos.
Quanto às lâmpadas, caberá aos fabricantes, importadores, distribuidores
e comerciantes de lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio, de vapor de
mercúrio e de luz mista, estruturar e implementar sistemas de logística re-

Descarte de lâmpadas contendo mercúrio no Brasil 111


versa, mediante o retorno desses produtos após seu uso pelo consumidor, de
forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos
resíduos sólidos.
O texto legal define logística reversa como um instrumento de desen-
volvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento, em seu ciclo
ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada.

As ações do Governo para implementar a logística reversa

O Decreto nº. 7.404, de 23 de dezembro de 2010, criou o Comitê Orien-


tador para Implementação de Sistemas de Logística Reversa que tem optado,
até agora, pelo Acordo Setorial, dentre os três instrumentos eleitos pela lei
para essa implementação (Regulamento, Acordo Setorial e Termo de Com-
promisso). Esse acordo é definido como ato de natureza contratual firmado
entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comer-
ciantes.
O método empregado tem sido a criação de Grupos de Trabalho Temáticos, os
GTTs, com a participação dos setores empresariais envolvidos para desenvolver es-
tudos de viabilidade técnica e econômica, bem como elaborar minutas de “Edital de
chamamento para a elaboração de proposta de Acordo Setorial”, que se constituem
nas exigências legais para início do processo.
Com a conclusão dos trabalhos do GTT de lâmpadas, no dia 5 de julho de 2012
foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) o extrato do edital de chamamento
para a elaboração de propostas de Acordo Setorial para a implementação de sistema
de logística reversa de lâmpadas.
Com a assinatura do acordo setorial, os pontos de coleta são divulgados para o
consumidor.
O Decreto também explicita no Artigo 23, os pontos fundamentais a serem co-
bertos integralmente na implantação da logística reversa, ou seja, deve atender os
itens discriminados a seguir:

112 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


i. indicação dos produtos e embalagens, objeto do acordo setorial;
ii. descrição das etapas do ciclo de vida em que o sistema de logística reversa
se insere;
iii. descrição da forma de operacionalização da logística reversa;
iv. possibilidade de contratação de entidades ou outras formas de associação de
catadores;
v. participação de órgãos públicos nas ações propostas, quando estes se encarre-
garem de alguma etapa da logística a ser implantada;
vi. definição das formas de participação do consumidor;
vii. mecanismos para divulgação de informações relativas aos métodos existen-
tes para evitar, reciclar e eliminar os resíduos sólidos;
viii. metas a serem alcançadas no âmbito do sistema de logística reversa a ser
implantado;
ix. cronograma para a implantação da logística reversa;
x. informações sobre a possibilidade ou a viabilidade de aproveitamento dos
resíduos gerados, alertando para os riscos decorrentes do seu manuseio;
xi. identificação dos resíduos perigosos presentes nas várias ações propostas e
os cuidados e procedimentos para minimizar ou eliminar riscos e impactos;
xii. avaliação dos impactos sociais e econômicos da implantação da logística
reversa;
xiii. descrição do conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos
participantes do sistema de logística reversa no processo de recolhimento, armaze-
namento, transporte dos resíduos; e
xiv. cláusulas prevendo as penalidades aplicáveis no caso de descumprimento
das obrigações previstas no acordo.

Modelo de logística reversa proposto pela indústria

Em paralelo à iniciativa do Governo e em atendimento ao Artigo 23 do De-


creto nº. 7.404, já citado, houve uma busca por parte dos fabricantes associa-
dos à Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux) de um modelo
que já houvesse mostrado bons resultados e refletisse, por sua metodologia, em
maior probabilidade de sucesso em um país continental como o Brasil.

Descarte de lâmpadas contendo mercúrio no Brasil 113


Foram estudados os modelos de alguns estados norte-americanos e o mo-
delo da Europa implantado em 27 países. Os modelos americanos mostraram
resultados insatisfatórios e caros. O modelo europeu mostrou ter alcançado, no
decorrer de alguns anos, grande sucesso por permitir a destinação adequada
das lâmpadas inservíveis que contêm mercúrio, ter escopo nacional em cada
país da comunidade europeia e construir uma gestora única, sem fins lucrati-
vos, que visa mínimo custo para os consumidores. No entanto, há algumas di-
ferenças no modelo básico, decorrentes das legislações e peculiaridades locais
de cada país.
O objetivo dos fabricantes é viabilizar as ações que cabem às indústrias
e aos importadores, atendendo integralmente a legislação brasileira na coleta
e restituição dos resíduos sólidos de lâmpadas para reaproveitamento em seu
ciclo, ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação ambientalmente
adequada.
Recorreu à indústria a mesma consultoria técnica especializada, responsável
pelo projeto e implementação do sistema de descarte na comunidade europeia e
que tem experiência mundial e conhecimento em implantação de políticas pú-
blicas. O mesmo modelo vem sendo estudado para implementação em outros
países como, por exemplo, Rússia, Austrália, Turquia, México, Chile, Colômbia,
Filipinas e Tailândia.
O modelo cria uma entidade gestora com atuação nacional e sem fins lucrativos
a fim de minimizar o custo aos consumidores. Essa entidade gerencia o tratamento
das lâmpadas de mercúrio no período pós-uso, levando-se em conta os pontos de
coleta, o transporte adequado e a reciclagem.

Impactos sociais, econômicos e ambientais

Alguns dos impactos sociais e econômicos da implantação de uma logística


reversa são:
• indução ao desenvolvimento de tecnologias verdes e redução do impacto am-
biental do que é utilizado e consumido;

114 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


• desenvolvimento e implementação de instrumentos para melhor infor-
mar e educar a sociedade brasileira a respeito dos impactos ambientais de
suas escolhas;
• redução de impactos ao meio ambiente do ponto de vista de resíduos sólidos;
• promoção da economia socioambiental;
• fomento de um mercado no Brasil no qual as empresas contarão com ganhos
reputacionais por serem mais sustentáveis;
• acesso aos fabricantes a matérias-primas secundárias e materiais escassos;
• favorecimento da inovação tecnológica mediante incentivos governa-
mentais; e
• garantia do Poder Público de que todos os requisitos legais sejam colocados
em prática e aplicados.

Considerações finais

Não resta dúvida que o mercúrio, com sua propriedade única de mudança de
estado, é o grande responsável pela elevada eficiência das lâmpadas. Porém, este
metal é extremamente tóxico à saúde humana e ao meio ambiente, o que o torna um
problema no momento do descarte.
O descarte incorreto dessas lâmpadas pode acarretar em sua quebra a possível
contaminação do meio ambiente. O governo brasileiro sancionou em 2010 a Lei nº.
12.305, que, em conjunto com o Decreto nº. 7.404, deu origem à Política Nacional
dos Resíduos Sólidos, que trata de maneira especial a logística reversa das lâmpadas
de mercúrio após o término de sua vida útil.
O modelo de logística reversa, proposto pela indústria, cria uma entidade gesto-
ra, sem fins lucrativos, para gerenciar o tratamento das lâmpadas de mercúrio no seu
período de pós-uso, levando-se em consideração os pontos de coleta, o transporte
adequado e a destinação correta das lâmpadas.
Por fim, cabe destacar os esforços do Governo Brasileiro, que para atendimento
à PNRS, criou o GTT de lâmpadas com a participação de diversos setores da socie-
dade na elaboração de edital para chamamento de propostas para Acordo Setorial de
implementação do sistema de logística reversa para lâmpadas.

Descarte de lâmpadas contendo mercúrio no Brasil 115


Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004:2004 – Resíduos


sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 2004.
BRASIL. Norma Regulamentadora NR 15: Atividades e operações insalubres.
Brasília, 1978. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A36A
27C140136A8089B344C39/NR-15%20(atualizada%202011)%20II.pdf>. Acesso
em: 10 fev. 2012.
________________. Lei nº. 12.305, de  2 de agosto de 2010-a. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm >.
Acesso em: 10 fev. 2012.
________________. Decreto nº. 7.404, de 23 de dezembro de 2010-b. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.
htm>. Acesso em: 10 fev. 2012.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução no. 23, de 12 de
dezembro de 1996.. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília,
DF, 20 jan.1997, n.13. Seção 1, p.1116-1124. Disponível em: < http://www.mma.
gov.br/port/conama/>. Acesso em: 10 fev. 2012.

116 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Iluminação no Brasil: contribuições
do Selo Procel Eletrobras e da ENCE 3
Alexandre Paes Leme Inmetro
Daniel Delgado Bouts Eletrobras Procel
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel

Este capítulo apresenta os programas executados no Brasil


para avaliar a eficiência energética dos equipamentos que
compõem um sistema de iluminação. Também reúne dados
sobre a evolução dos índices de eficiência de lâmpadas flu-
orescentes compactas (LFC) e os resultados esperados com
a implantação de programas de informação aos consumido-
res a respeito do desempenho energético de equipamentos.

Iluminação no Brasil: contribuições do Selo Procel Eletrobras e da ENCE 117


Considerações iniciais

A iluminação é responsável por uma significativa parcela da energia elétri-


ca usada no país, sendo grande parte deste consumo referente ao uso de lâmpadas
incandescentes. No entanto, após a restrição no abastecimento de energia elétrica
ocorrida em 2001, no Brasil, essa tecnologia de lâmpadas vem gradativamente per-
dendo mercado para as lâmpadas fluorescentes compactas (LFC).
Atualmente, essas lâmpadas são as mais indicadas para substituir as incandes-
centes, uma vez que apresentam maior eficiência luminosa (cerca de quatro vezes
mais) e maior durabilidade (seis a oito vezes maior), fato que implica em redução
dos custos com energia elétrica, manutenção e reposição. Além disso, na maior parte
dos casos a substituição pode ser realizada sem que sejam necessários investimentos
complementares em outros equipamentos.
Tendo em vista o aumento significativo do uso de LFCs e a consequente neces-
sidade de estabelecer critérios que diferenciassem os produtos disponíveis no mer-
cado quanto ao seu desempenho, a Eletrobras Procel e o Instituto Nacional de Me-
trologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) começaram, em 1998, iniciativas para
avaliar o desempenho das LFCs comercializadas no País. Essas iniciativas deram
frutos, sendo que atualmente, além das LFCs, os reatores eletrônicos, os reatores
eletromagnéticos para lâmpadas de descarga e as lâmpadas a vapor de sódio têm seus
desempenhos avaliados.

Programas de eficiência energética e sistemas de iluminação

Conforme destacado a seguir, existem no Brasil duas iniciativas distintas que


funcionam de forma integrada para distinguir e estimular a melhoria do desempenho
dos equipamentos de iluminação.
Uma delas é um programa de avaliação da conformidade com foco na eficiência
energética, denominado Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), baseado no uso
da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), figura 3.1, para eviden-
ciar o atendimento aos critérios normativos exigidos na regulamentação.

118 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Figura 3.1 • Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE)

O PBE, coordenado pelo Inmetro com o apoio técnico e institucional da


Eletrobras Procel, tem o objetivo de prover informações úteis sobre o desem-
penho dos equipamentos consumidores de energia, de forma a influenciar a de-
cisão de compra dos consumidores e, por meio dessa seleção de produtos mais
eficientes, incentivar o processo de melhoria contínua da indústria por meio do
aperfeiçoamento das tecnologias.
A outra iniciativa, de caráter voluntário, é a concessão do Selo Procel Ele-
trobras para os equipamentos de iluminação mais eficientes fabricados e comer-
cializados no país.
O Selo Procel Eletrobras (figura 3.2) tem a finalidade de estimular a fabricação
e comercialização nacional de produtos mais eficientes, na medida em que orienta o
consumidor, no ato da compra, a adquirir equipamentos que apresentam os melhores
níveis de eficiência energética, contribuindo assim para o desenvolvimento tecnoló-
gico e para a redução de impactos ambientais.

Figura 3.2 • Selo Procel Eletrobras

Iluminação no Brasil: contribuições do Selo Procel Eletrobras e da ENCE 119


O Selo Procel Eletrobras é concedido anualmente aos equipamentos que
apresentam os melhores índices de eficiência energética, na sua respectiva ca-
tegoria. Destaca-se, entretanto, que para algumas categorias de produtos, além
da eficiência, outras características técnicas e qualitativas associadas ao equi-
pamento são também verificadas e consideradas para a concessão do Selo.
Para ser agraciado, necessariamente, o fabricante/importador deve enca-
minhar seus equipamentos para um dos laboratórios indicados pela Eletrobras
Procel para que seja verificado o seu desempenho energético e o atendimento
às normas vigentes de segurança e qualidade estabelecidos pela Eletrobras Pro-
cel com o apoio do Inmetro.

Histórico e evolução

Em 1998, por meio da celebração de um convênio entre a Eletrobras


Procel, o Inmetro e o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Eletrobras
Cepel), foram iniciados os trabalhos para concessão da ENCE e do Selo
Procel Eletrobras para LFC. Ainda nesse ano, começaram a ser comercia-
lizadas as primeiras LFCs no mercado brasileiro ostentando o Selo Procel
Inmetro de Desempenho que representava tanto o Procel quanto o Inmetro,
uma vez que a etiqueta ENCE para esses equipamentos só foi lançada em
2004.
Desde o início da concessão do Selo Procel Eletrobras e da ENCE, até
hoje, é possível observar uma expressiva melhora no desempenho das LFCs
comercializadas no País. Conforme pode ser observado no gráfico 3.1, a mé-
dia da eficiência energética das LFCs 127V contempladas com o Selo Procel
Eletrobras em 1999 era de 49,2 lm/W. Esse índice foi evoluindo ao longo dos
anos, atingindo, em 2011, o nível médio de 61 lm/W, o que corresponde a
uma evolução superior a 24%.

120 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Evolução da Média da Eficiência Energética
Lâmpadas Fluorescentes Compactas 127V
62

61,02
Média da Eficiência Energética [lm/W] 60

58 Crescimento de 24%

56

54

52

50
Rev, Rev,
49,17
48
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Gráfico 3.1 • Evolução da média da eficiência energética das LFCs 127V


com o Selo Procel Eletrobras
(Eletrobras Procel, 2012)

Já a média da eficiência energética das LFCs 220V, como pode ser observado
no gráfico 3.2, saiu da marca de 49,1 lm/W, em 2000, para 60,67 lm/W em 2011, o
que representa uma evolução de 23,6%.
Evolução da Média da Eficiência Energética
Lâmpadas Fluorescentes Compactas 220V
62
Rev, Rev,
60,67
60
Média da Eficiência Energética [lm/W]

58 Crescimento de 23,6%

56

54

52

50

49,10
48
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Gráfico 3.2 • Evolução da média da eficiência das LFC 220V (lm/W)


com o Selo Procel Eletrobras
(Eletrobras Procel, 2012)

É possível observar também ao longo dos anos uma grande evolução da


quantidade de modelos de LFC participantes dos programas. No gráfico 3.3, apre-
senta-se a evolução da quantidade de modelos de LFC 127V e 220V etiquetados e
contemplados com o Selo Procel Eletrobras de 1999 a 2011.

Iluminação no Brasil: contribuições do Selo Procel Eletrobras e da ENCE 121


Quantidade de Modelos com
Selo Procel e Etiquetados pelo PBE
Lâmpadas Fluorescentes Compactas de 127V e 220V
4.000
3.658
3.500 3.346
Equipamentos Etiquetados PBE
Até o ano de 2004.
havia somente o Selo
3.000 Procel Inmetro de Equipamentos com Selo Procel
Desempenho
2.534
2.500

2.000 1.886

1.500 1.451
1.651
1.406
1.000
598 918 882
828
500 410
160 187 172
31 44 86 435
0 144
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Rev. 2007 2008 2009 2010 Rev. 2011

O número de modelos etiquetados em 2005 foi obtido a partir de uma curva de tendência. em função da ausência dessa informação.

Gráfico 3.3 • Evolução da quantidade de modelos de LFCs 127V e 220V


contemplados pelo PBE e pelo Selo Eletrobras Procel
(Eletrobras Procel, 2012)

Em 2002, com a experiência adquirida com as LFCs, foi possível direcionar


novos esforços para avaliação de mais equipamentos. Nesse mesmo ano, iniciou-
-se a concessão do Selo Procel para os reatores eletromagnéticos de lâmpadas
fluorescentes tubulares e dos reatores eletromagnéticos para lâmpadas a vapor de
sódio. Em 2008, as lâmpadas a vapor de sódio também passaram a fazer parte do
programa e, em 2010, foi lançado o Selo Procel para reatores eletrônicos de lâm-
padas fluorescentes tubulares.
Destaca-se que já foram iniciados os trabalhos para a concessão da ENCE e do
Selo Procel Eletrobras para lâmpadas tubulares, luminárias de iluminação pública e
lâmpadas LED (light emitting diode).

Resultados esperados

A figura 3.3 apresenta uma abordagem simplificada dos impactos espe-


rados sobre a distribuição das vendas de um equipamento em função da in-
trodução de programas de informação aos consumidores sobre o desempenho
energético de equipamentos, como etiquetas classificatórias (p.ex. ENCE) con-
comitantemente a etiquetas/selos de endosso (como o Selo Procel Eletrobras).

122 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Figura 3.3 • Distribuição das vendas de um equipamento genérico na situação original e com a
introdução de etiqueta classificatória e selo de endosso
(Eletrobras Procel, 2011)

A curva vermelha representa a distribuição esperada de venda de um equipa-


mento genérico na sua situação original, ou seja, sem a implantação de um programa
de informação aos consumidores sobre o desempenho energético desse determinado
equipamento.
A introdução de etiquetas classificatórias, com categorias de desempenho e in-
formações sobre o consumo energético de um equipamento, em bases compulsórias
ou não, tende a elevar o desempenho energético dos produtos comercializados, já
que seu desempenho passa a ser um atributo visível para o consumidor, devendo
motivar a comercialização de produtos mais eficientes (curva azul escura).
Já a adoção de etiqueta/selo de endosso, como o Selo Procel Eletrobras, destaca apenas
os produtos mais eficientes, devendo desse modo influenciar de forma particular as vendas
das categorias de desempenho mais elevado, como indicado na curva cinza da figura 3.3.

Normalização no continente

Com a finalidade de harmonizar as normas de eficiência energética nas Améri-


cas, onde participam Estados Unidos, Canadá, Argentina, México, Cuba, Peru, Cos-
ta Rica, Chile, Brasil, Uruguai, Colômbia, dentre outros, foi criada uma comissão
técnica dentro do Comitê Panamericano de Normalização Técnica – Copant (figura
3.4). Até o momento já foi publicada a norma técnica de lâmpadas incandescentes, e
os projetos de normas referentes à eficiência energética e ao desempenho de LFCs e
reatores estão em fase final de discussão.

Iluminação no Brasil: contribuições do Selo Procel Eletrobras e da ENCE 123


Douglas Messina
Figura 3.4 • Representantes da Copant em reunião em maio de 2010 na Cidade do México

Os procedimentos normativos adotados pela comissão técnica para as normas


Copant estão sendo baseados nos programas brasileiros, sendo que os requisitos para
obtenção da ENCE e a sua configuração estão sendo contemplados.

Considerações finais

A Eletrobras Procel e o Inmetro vêm realizando uma série de ações com o obje-
tivo de estimular a fabricação de equipamentos de iluminação cada vez mais eficien-
tes. Essas iniciativas são implementadas de forma a avaliar sistematicamente, dentro
de regras pré-estabelecidas em normas e regulamentos técnicos, a segurança e o de-
sempenho energético dos equipamentos eletroeletrônicos comercializados no País.
Mas nada seria possível sem a colaboração de importantes parceiros, com destaque
para o meio técnico e acadêmico e entidades representativas do setor produtivo.
As principais ações desenvolvidas nesse âmbito foram a etiquetagem, dentro do Pro-
grama Brasileiro de Etiquetagem, e a concessão do Selo Procel, dentro do Programa do
Selo Procel Eletrobras, assim como a estruturação e monitoramento da capacidade labo-
ratorial para realização dos ensaios necessários para tal. Essas ações foram decisivas para
a melhoria do desempenho dos equipamentos de iluminação comercializados no País. No
caso das LFCs 127V, identificou-se o aumento de cerca de 24% da média da eficiência; já
no caso das LFCs 220V, verificou-se o aumento de 23,6% da média de suas eficiências.

124 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Dois grandes marcos estão previstos para o setor nos próximos anos: o lança-
mento da ENCE e do Selo Procel Eletrobras para luminárias de iluminação pública
e para as lâmpadas LED.

Referências

ELETROBRAS PROCEL. Análise conceitual dos benefícios energéticos e das


inter-relações entre o Selo Procel e a Etiqueta Inmetro (PBE). Documento
interno. Rio de Janeiro: Eletrobras Procel, Selo Procel, 2011.
________________. Banco de Dados de Equipamentos. Documento interno. Rio
de Janeiro: Eletrobras Procel, Selo Procel, 2012.

Iluminação no Brasil: contribuições do Selo Procel Eletrobras e da ENCE 125


3.1 Capacitação de laboratórios
de iluminação

Daniel Delgado Bouts Eletrobras Procel


Ricardo Ficara Cepel
William Mendes de Farias Eletrobras Procel

O texto mostra os esforços da Eletrobras Procel em realizar


investimentos para ampliar a rede laboratorial, capacitada
para ensaios de eficiência em equipamentos de iluminação,
e monitorar o trabalho desses laboratórios, por meio de um
Sistema de Acompanhamento Laboratorial, dando assim su-
porte à Lei de Eficiência Energética. Cinco laboratórios foram
equipados com aparelhos de última geração, garantindo
mais agilidade e precisão aos diagnósticos.

126 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

Até o final da década de 1990, a infraestrutura laboratorial disponível no Brasil


era incipiente e restrita basicamente a alguns centros universitários destinados ape-
nas a trabalhos acadêmicos e a alguns projetos externos.
Para a implementação do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e do Pro-
grama do Selo Procel Eletrobras, percebeu-se a necessidade de expansão da estrutura
laboratorial para fornecer o apoio técnico à verificação e à qualificação de equipa-
mentos e sistemas de iluminação comercializados no País.
Desta forma, a Eletrobras, com recursos oriundos de entidades internacionais e
o apoio técnico do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), estruturou um
projeto de expansão da rede de laboratórios, com equipamentos e metodologias, para
a realização de pesquisas e ensaios.
Foram capacitados os laboratórios de iluminação do Cepel, no Rio de Janeiro;
do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), no Paraná; do Labo-
ratórios Especializados em Eletroeletrônica, Calibração e Ensaios (Labelo), no Rio
Grande do Sul; do Laboratório de Luminotécnica da Universidade Federal Flumi-
nense (Lablux), no Rio de Janeiro; e da TÜV Rheinland do Brasil, em São Paulo. Em
contrapartida, os laboratórios disponibilizaram sua infraestrutura e seu corpo técnico
para o atendimento aos projetos dos programas do PBE e do Selo Procel Eletrobras,
além de permitir trabalhos em suas atividades específicas.

Ampliação da rede laboratorial

O Global Environmental Facility (GEF) doou recursos da ordem de US$ 12


milhões ao Governo Brasileiro, por intermédio do Banco Mundial (Bird), para a im-
plementação de uma carteira de projetos relevantes na área de eficiência energética
no Brasil. Esses recursos foram gerenciados pela Eletrobras Procel, com apoio do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e aplicados na im-
plementação de atividades orientadas a mitigar as barreiras no mercado brasileiro de
eficiência energética (Salvador et al, 2009) .
A realização desse projeto criou condições para a ampliação do número de ca-
tegorias de equipamentos eletroeletrônicos contemplados com o Selo Procel Eletro-

Capacitação de laboratórios de iluminação 127


bras de Economia de Energia, além de possibilitar a implementação da lei n.º 10.295
de 2001 – conhecida como Lei de Eficiência Energética.

Capacitação laboratorial

Parte dos recursos doados pelo GEF foi destinada à ampliação da rede laborato-
rial brasileira para realização de ensaios de eficiência energética. Para isso, a Eletro-
bras firmou convênios com 11 entidades, em sua maioria universidades e centros de
pesquisa, para capacitação de 22 laboratórios de avaliação de equipamentos quanto
à eficiência energética.
Dentre esses laboratórios, foram investidos cerca de R$ 5,6 milhões na capacita-
ção de cinco deles para ensaios em equipamentos de iluminação. Esses laboratórios
foram inaugurados entre 2005 e 2008, como mostrado na tabela 3.1.1 (Eletrobras
Procel, 2006):

Tabela 3.1.1 • Laboratórios para ensaios em equipamentos de iluminação

Instituição Cidade/UF Inauguração

Eletrobras Cepel Rio de Janeiro/RJ 04/04/2005

LACTEC Paraná/PR 18/10/2005

PUC Porto Alegre/RS 09/11/2005

UFF Niterói/RJ 02/05/2006

TÜV São Paulo/SP 24/11/2008

(Adaptado do Relatório de Resultados Procel, 2006)

Cabe destacar a importância dada pela Eletrobras aos laboratórios de ilumina-


ção, uma vez que 31% dos recursos disponibilizados pelo GEF para capacitação
laboratorial foram utilizados nestes.

Equipamentos laboratoriais

Os laboratórios foram capacitados com equipamentos de última geração, tais


como espectrômetros UV – visível – IR (ultravioleta – visível – infravermelho),

128 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


esferas integradoras, radiômetros, calorímetros entre outros. Com essa estrutura la-
boratorial, os programas de eficiência energética e segurança podem ser aplicados
dentro dos padrões internacionais, além de atender às especificidades do mercado
brasileiro e manter o País alinhado com o estado da arte da tecnologia.
O Laboratório de Iluminação do Cepel contou com a instalação de um goniofo-
tômetro de grande porte e alta precisão, empregado para medições fotométricas e en-
saios aplicados à eficiência energética. Mostrado na figura 3.1.1, esse equipamento
é destinado a avaliar luminárias e lâmpadas, medindo a intensidade da iluminação e
mapeando, ângulo a ângulo, a forma como a luz é distribuída no ambiente. O equipa-
mento, importado da Alemanha, é capaz de avaliar a performance de luminárias de
até 50 kg e, por meio dos resultados obtidos nas medições, possibilita aos projetistas
e fabricantes, desenvolver luminárias com parâmetros de controle da distribuição da
luz, mais precisos e com menor consumo de energia elétrica.

Figura 3.1.1 • Goniofotômetro do laboratório de iluminação do Cepel

Todos os laboratórios contaram com equipamentos de última geração em sua


capacitação. Seguem fotos de alguns desses equipamentos (figura 3.1.2 – a,b,c,d):

Capacitação de laboratórios de iluminação 129


a) b)

c) d)

Figura 3.1.2 – a,b,c,d • a) Esfera Integradora (Cepel), b) Câmara climática (TÜV), c) Medidor para
teste de compatibilidade eletromagnética (Lablux), d) Estabilizador de Tensão (Lactec)

Sistema de Acompanhamento Laboratorial

Com a estruturação dos laboratórios, tornou-se necessária a realização de um


acompanhamento periódico para avaliar as atividades desenvolvidas, a utilização
dos equipamentos e os produtos ensaiados. Esse acompanhamento é realizado por
meio da elaboração de relatórios, de periodicidade semestral, contendo informações
referentes aos ensaios do PBE e do Selo Procel Eletrobras, para suporte à Lei de
Eficiência Energética e a serviços prestado para os setores industrial e comercial
(Eletrobras Procel, 2006).
Para otimização desses relatórios, com a colaboração do Departamento de In-
formática da Eletrobras, foi concebido o Sistema de Acompanhamento Laboratorial.
Essa ferramenta é composta por dois módulos (figura 3.1.3): o primeiro módulo (in-

130 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


terno) encontra-se instalado na Eletrobras Procel para recepção das informações la-
boratoriais; o segundo módulo (externo) encontra-se instalado nos laboratórios para
transmissão das informações via internet.

Figura 3.1.3 • Módulos interno (à esquerda) e externo (à direita) do Sistema


de Acompanhamento Laboratorial

Por sua vez, as informações obtidas com os laboratórios são utilizadas


para realimentar o processo de planejamento e concepção de novos projetos de
capacitação laboratorial, assim como, para a realização de estudos e trabalhos
associados à segurança e ao desempenho técnico e energético dos equipamen-
tos, e quando necessário, aprimorar os processos de concessão da ENCE e do
Selo Procel Eletrobras.

Resultados do acompanhamento laboratorial

Através da recepção das informações laboratoriais, o sistema de acompanha-


mento dessas atividades proporciona à Eletrobras Procel analisar diversas informa-
ções a respeito do funcionamento dos laboratórios. Como exemplo, pode-se citar:
número de ensaios de cada equipamento de iluminação, equipe técnica dos labo-
ratórios, equipamentos de medição utilizados para capacitação laboratorial, tipo e
finalidade dos ensaios, entre outros.
Essas informações contribuem para verificação da produtividade dos laborató-
rios de iluminação. No gráfico 3.1.1, está registrado a quantidade total de ensaios em

Capacitação de laboratórios de iluminação 131


equipamentos de iluminação, realizados pelos cinco laboratórios capacitados com
recursos do GEF. Ensaios por Laboratórios
3.741
LAB1

3.271 3.273
LAB2
2.424 2.408 2.607
LAB3

1.595 1.672
1.567
1.290 LAB4
1.181
1.027 1.080
905
751 786
651 650
550 LAB5
281 191 208 264
200 193
102 86 100 134 207 158 63 98
0 10 10
Total
2006 2007 2008 2009 2010 2011

Gráfico 3.1.1 • Total de ensaios realizados nos laboratórios de iluminação

Considerações finais

A capacitação desses laboratórios possibilita a realização de ensaios compul-


sórios e voluntários em diversos equipamentos de iluminação de uso comum em
ambientes comerciais, industriais, residenciais e públicos.
Entre 2006 e o primeiro semestre de 2011, os cinco laboratórios capacitados
pela Eletrobras, com aproximadamente 50 profissionais, foram responsáveis por
mais de 15.000 ensaios e avaliações técnicas em mais de dez categorias de produtos,
especialmente de lâmpadas fluorescentes compactas, muito solicitadas após a restri-
ção no fornecimento de energia de 2001.
A estruturação dos laboratórios permitiu o aprimoramento de programas de efi-
ciência energética dentro de padrões internacionais, acompanhando assim o estado
da arte da tecnologia.
Além das contribuições citadas ao longo do capítulo, é fundamental ressaltar
o legado que essas iniciativas vêm deixando para sociedade brasileira, em especial
para a academia, com a disseminação de uma cultura nacional sobre eficiência e

132 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


o uso racional dos recursos energéticos envolvidos neste e nos demais segmentos
abrangidos pelos programas de eficiência.

Referências

ELETROBRAS PROCEL. Relatório de avaliação de resultados: ano 2006. Rio


de Janeiro: Eletrobras Procel, 2007. Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/.
Acesso em: 10 fev. 2012.

SALVADOR, Emerson et al. Suporte tecnológico à eficiência energética no


Brasil. In: Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica,
SNPTEE, Anais. Recife: nov.2009.

Capacitação de laboratórios de iluminação 133


3.2 Metodologia de avaliação do Selo Procel
Eletrobras em sistemas de iluminação

Luiz Augusto Horta Nogueira Unifei-Excen


Moises Antônio dos Santos Eletrobras Procel
Rafael Balbino Cardoso Unifei-Itabira
Rafael Meirelles David Eletrobras Procel

Neste artigo é abordada a metodologia de avaliação dos


impactos energéticos do Selo Procel Eletrobras de Econo-
mia de Energia em lâmpadas fluorescentes compactas
(LFC), considerando premissas que são baseadas em diretri-
zes do Protocolo Internacional de Medição e Verificação de
Performance (PIMVP). Esta metodologia permite estimar a
economia de energia e redução de demanda na ponta das
lâmpadas fluorescentes compactas e dos equipamentos de
iluminação com Selo Procel Eletrobras.

134 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

O Selo Procel Eletrobras de Economia de Energia (figura 3.2.1) é um dos mais


relevantes instrumentos de divulgação da eficiência energética de eletrodomésticos
e equipamentos eletroeletrônicos comercializados no Brasil, sendo responsável por
mais de 90% dos resultados de economia de energia do Programa Nacional de Con-
servação de Energia Elétrica (Procel).

Figura 3.2.1 • Selo Procel Eletrobras de Economia de Energia

Desde o início desse Programa em 1985, a avaliação e divulgação dos resulta-


dos têm sido promovidas pela Eletrobras, procurando informar à sociedade sobre os
investimentos realizados e estimar os benefícios alcançados ano a ano. Esses resulta-
dos servem ainda de referência para estudos elaborados no País e no exterior sobre as
ações governamentais de fomento à eficiência energética e fornecem subsídios para
diversos documentos técnicos do setor energético nacional.
A partir de 1996, a avaliação e divulgação dos resultados da Eletrobras Procel
passaram a ser uma atividade permanente da empresa, que conta desde então com
uma área especializada em seu quadro de funcionários.
Para a avaliação dos resultados do Selo Procel Eletrobras, foram utilizadas
metodologias baseadas na análise top-down, na qual era considerada a melhoria na
eficiência energética dos equipamentos desde o início da concessão do Selo e, a par-
tir das vendas desses equipamentos no ano de interesse, obtinha-se a economia de
energia e a redução na demanda de ponta ano a ano, permitindo que fossem, ainda,
determinados os resultados acumulados.

Metodologia de avaliação do Selo Procel Eletrobras em sistemas de iluminação 135


Até 2005, o Relatório de Resultados da Eletrobras Procel teve sua divulgação
restrita à equipe técnica do Programa e aos órgãos superiores da Eletrobras e do
Ministério de Minas e Energia (MME). A divulgação dos resultados e investimen-
tos era então limitada a apresentações em eventos técnicos e esporádica divulgação
na imprensa.
A partir de 2006, esse relatório passou a ser distribuído aos principais parcei-
ros do Programa, além de ser disponibilizado para download, no Portal Procel Info
(www.procelinfo.com.br), em sua versão completa e executiva, esta última em por-
tuguês, inglês e espanhol.
Junto à estratégia de ampliar a divulgação do Relatório de Resultados, a Ele-
trobras decidiu rever as metodologias utilizadas para a determinação dos benefícios
energéticos proporcionados pelo Selo Procel Eletrobras. Nesse mesmo ano foi fir-
mada uma parceria com a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) para coordenar
esse processo.
Assim, entre 2006 e 2010, foram revistas e atualizadas as metodologias
de mensuração do impacto energético do Selo Procel Eletrobras concedido a
refrigeradores e freezers, motores elétricos trifásicos, condicionadores de ar,
lâmpadas fluorescentes compactas (LFC), reatores e sistemas de aquecimento
solar de água. Também, através desse processo, foi desenvolvida a metodo-
logia de mensuração do impacto energético do Selo Procel Eletrobras para
ventiladores de teto.
A Unifei foi selecionada para executar o projeto por ser uma referência em
avaliação de resultados de atividades em eficiência energética, além de abrigar o
Centro de Excelência em Eficiência Energética – Excen (figura 3.2.2), tendo rea-
lizado diversos trabalhos de medição e verificação nesse campo, muitos deles com
a própria Eletrobras. Outro trabalho relevante conduzido pela universidade foi o
desenvolvimento de metodologias de avaliação de programas nacionais de efici-
ência energética para a Comissão Econômica das Nações Unidas para a América
Latina e o Caribe (Cepal).

136 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Marcos Dias
Figura 3.2.2 • Centro de Excelência em Eficiência Energética – Excen-Unifei

Além da Unifei, várias instituições colaboram no projeto, destacando-se entre


elas: Ministério de Minas e Energia (MME), Centro de Pesquisa de Energia Elétrica
(Eletrobras Cepel), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janei-
ro (PUC-Rio), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e
Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux).
A revisão das metodologias de avaliação procurou ampliar a credibilidade
dos resultados da Eletrobras Procel, a partir de visão de especialistas externos ao
Programa, assim como aproximar as metodologias das orientações do Protocolo
Internacional de Medição e Verificação de Performance (PIMVP), principalmente
na avaliação ao longo da vida útil dos equipamentos, da degradação da eficiência
ao longo do tempo e do levantamento da linha de base para determinação dos ga-
nhos energéticos.

Metodologia de avaliação do Selo Procel Eletrobras em sistemas de iluminação 137


Economia das lâmpadas eficientes com Selo Procel Eletrobras

A Eletrobras Procel tem estimulado o consumidor a comprar lâmpadas mais


eficientes por meio da divulgação do Selo Procel Eletrobras na mídia e por intermé-
dio de parcerias com os próprios fabricantes, importadores, laboratórios e centros de
pesquisa.
Em 2007, principalmente, devido ao estabelecimento, no âmbito da Lei de Efi-
ciência Energética, de índices mínimos de eficiência energética para lâmpadas, hou-
ve um aumento significativo (cerca de 50%) na quantidade de lâmpadas contempla-
das com o Selo. Destaca-se, também, o aumento por volta de 75% na quantidade de
empresas com produtos contemplados. Após esses acontecimentos, tornou-se ainda
mais importante uma revisão na metodologia de mensuração dos impactos energé-
ticos das LFCs.

Metodologia e premissas

As principais características e as premissas adotadas na metodologia são apre-


sentadas a seguir:
• avaliação desagregada por região do país, setor de consumo (residencial ou
comercial e industrial) e período do ano (seco e úmido);
• vida útil de lâmpadas incandescentes e LFCs, assumidas como respectivamen-
te 1.000 horas e 5.000 horas1;
• substituição de lâmpadas incandescentes de 60 W por LFCs de 15 W;
• inclusão dos efeitos de latitude que influenciam no tempo de utilização das
lâmpadas nos diferentes períodos do ano considerados (período seco e período úmi-
do); e
• tempo de utilização constante de lâmpadas por ponto de luz de 1.000 horas
por ano no setor residencial e 2.500 horas por ano nos setores industrial e comercial.
Cabe observar que o tempo de utilização das lâmpadas varia de acordo com o
período do ano considerado, já que no período seco as noites são mais longas e no
período úmido, mais curtas.

1 Valores médios baseados nos catálogos dos fabricantes

138 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Para os cálculos do tempo de utilização nas diferentes regiões brasileiras, in-
cluiu-se a interferência da latitude, em ambos os períodos considerados, no tempo de
utilização constante. Com base em informações de especialistas do setor de ilumi-
nação no Brasil, considerou-se ainda que cerca de 20% das lâmpadas instaladas no
setor residencial e 50% dos setores comercial e industrial não são influenciadas pelo
período do dia (dia ou noite) ao serem ligadas, como por exemplo, as lâmpadas de
porões ou depósitos. O tempo de utilização dessas lâmpadas não foi corrigido pelos
efeitos da latitude.
O modelo procura, também, se adequar às seguintes premissas do PIMVP:
• utilização de ano-base ou linha de base para comparação dos resultados de
economia de energia (figura 3.2.3);
• avaliação ao longo da vida útil das lâmpadas; e
• verificação das incertezas do modelo.

Figura 3.2.3 • Evolução do consumo de energia do parque de lâmpadas instaladas

A linha de base (baseline) utilizada nas estimativas é um mercado fictício no


qual o parque de lâmpadas seria formado por 82% de lâmpadas incandescentes com
potência média de 60 W2 e 18% de lâmpadas fluorescentes tubulares com potência
média de 20 W (Eletrobras Procel, 1998). A diferença de consumo de energia entre
o mercado com produtos da linha de base e o mercado real estimado (formado por
lâmpadas incandescentes, fluorescentes tubulares, compactas ou circulares) corres-
ponde ao valor da economia de energia atribuível às lâmpadas eficientes, sendo que

2 Vale frisar que 78,53% das lâmpadas incandescentes instaladas no país são de 60 W, segundo a PPH 2005.

Metodologia de avaliação do Selo Procel Eletrobras em sistemas de iluminação 139


uma parcela é atribuída ao Selo Procel Eletrobras. Essa parcela foi assumida pela
Eletrobras Procel em 20%, baseando-se no percentual de lâmpadas com Selo insta-
ladas no País, obtido a partir de consultas ao mercado e em pesquisas relacionadas.
Na figura 3.2.4, é apresentada a estrutura da modelagem para a determinação da
economia de energia atribuída ao Selo Procel Eletrobras, no âmbito dos equipamen-
tos de iluminação, que se baseia na obtenção do parque de lâmpadas incandescentes
e eficientes e nos tempos de utilização. Esse último parâmetro é considerado variável
de acordo com a região e período do ano, devido às influências da latitude e com o
setor considerado (residencial ou comercial e industrial).

Figura 3.2.4 • Visão esquemática da economia de energia a partir do modelo proposto


(Santos, 2009)

Para a formação do parque de lâmpadas, foram utilizados o número de re-


sidências com iluminação elétrica (PNAD, 2009), a posse média de lâmpadas
fluorescentes ou incandescentes (Eletrobras Procel, 2005) e adotados, como
participação nas vendas de mercado, 95% e 5% para as LFCs e LF circulares,
respectivamente. As vendas totais de lâmpadas fluorescentes foram obtidas a
partir do sistema “Alice Web” do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (Brasil, 2011).

140 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Nesse contexto, a economia de energia atribuída às lâmpadas eficientes em uma
região “i” em um período “p” é calculada pela diferença entre o consumo de energia
do mercado da linha de base (baseline), considerando que todo o parque de lâmpadas
seria formado por lâmpadas incandescentes e fluorescentes tubulares e o consumo
real, com o parque formado por lâmpadas incandescentes, fluorescentes tubulares e
lâmpadas eficientes (compactas e circulares). Observe-se que esse valor representa
uma economia realizada, sendo a economia potencial máxima dada pela diferença
entre o mercado na linha de base e o mercado considerando que a totalidade das
lâmpadas é eficiente.

Então, a economia é dada por:


EEijp = CBLijp - CPijp
Onde:
EEijp - Economia de energia na região “i” no setor “j” no período “p”.
CBLijp - Consumo do parque de lâmpadas da linha de base na região “i” no setor
“j” no período “p”.
CPijp - Consumo do parque real na região “i” no setor “j” no período “p”.
Somando a economia das cinco regiões brasileiras, tem-se a economia do Brasil
atribuída a lâmpadas eficientes no setor “j” e período “p”.
Uma parcela dessa economia de energia (20%, conforme descrito anteriormen-
te) é atribuída ao Selo Procel, então:
EEjpSP = EEjp . FSP
Onde:
EEjpSP - Economia de energia no setor “j” no período “p” no Brasil atribuída ao
Selo Procel;
FSP - Fração de lâmpadas com o Selo Procel.

Somando as economias dos três setores considerados (residencial, comercial e


industrial), tem-se a economia de energia do Brasil, atribuída ao Selo Procel Eletro-
bras, no âmbito de lâmpadas eficientes para os dois períodos do ano.

Metodologia de avaliação do Selo Procel Eletrobras em sistemas de iluminação 141


Para a obtenção da Redução da Demanda na Ponta (RDP), considerou-se o fator
de coincidência na ponta de 42%3 tanto para o setor residencial quanto para os seto-
res comercial e industrial.
Considerando os possíveis desvios envolvidos na modelagem, a incerteza na
estimativa na Redução de Potência e na Economia de Energia é da ordem de, respec-
tivamente, 12% e 21%.

Resultados alcançados em 2011

O parque brasileiro de lâmpadas de uso interno (incandescentes, fluorescentes


tubulares e compactas) é estimado em 530 milhões de unidades, segundo a metodo-
logia utilizada nesta avaliação, divididas conforme a tabela 3.2.1.

Tabela 3.2.1 • Parque brasileiro de lâmpadas de uso interno (em milhões de unidades)4
Residencial Comercial/Industrial Total
Lâmpada (milhões) (milhões) (milhões)
Incandescentes 238,64 26,52 265,16
Fluorescentes Tubulares 47,73 5,30 53,03
Fluorescentes Compactas 190,92 21,21 212,13
Total 477,29 53,03 530,32

No gráfico 3.2.1, são apresentados os cenários de economia de energia totais


referentes às substituições das lâmpadas incandescentes pelas lâmpadas eficientes,
por setor, no entanto, sem levar em conta o fator de crédito do Procel (20%). Nota-se
que existe, ainda, um grande parque de lâmpadas não eficientes a serem substituídas
no País, o que justifica a implantação de campanhas de marketing, de programas de
doações e de descontos (rebate) para a aquisição desses produtos, tendo em vista a
facilidade de substituição e seus baixos custos frente aos resultados proporcionados.
De fato, cerca de 90% do potencial de economia de energia no setor residencial
brasileiro é atribuído à substituição de lâmpadas, segundo relatório de Simulação de
potenciais de eficiência energética (Eletrobras Procel, 2008).

3 Valor obtido a partir do percentual de lâmpadas de uso habitual identificado na PPH 2005.
4 Para determinação do parque de lâmpadas no setor residencial, utiliza-se o número de domicílios com iluminação
elétrica por região do País, fornecido pela PNAD do IBGE, e o número médio de lâmpadas por domicílio e região,
verificado na PPH 2005, e a posse de lâmpadas por tipo e região, também da PPH 2005. O número de lâmpadas nos
setores comercial e industrial é considerado como sendo 10% da quantidade do setor residencial (premissa do modelo).

142 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


25.000
23.121,57
Cenário real Cenário potencial

20.000 18.500,84
Milhões de kWh

15.000

9.735,50
10.000
7.789,83

4.620,73
5.000
1.945,68

0
Residencial Com/Ind Total

Gráfico 3.2.1 • Cenários de economia de energia para as lâmpadas

Conforme mencionado na descrição da metodologia, a nova sistemática para a


quantificação dos ganhos energéticos proporcionados pela utilização das lâmpadas
fluorescentes compactas detentoras do Selo Procel Eletrobras permite a divisão dos
resultados anuais entre os períodos do ano, assim como nos setores residencial e
comercial agregado com industrial, de acordo com a tabela 3.2.2.

Tabela 3.2.2 • Economia de energia atribuída às LFC com Selo Procel Eletrobras em 2010
EE
Setor e Período do Ano (milhões de kWh/ano)

Residencial - Período Seco 931,3

Residencial - Período Úmido 626,7

Subtotal - Residencial 1.558

Com/Ind. - Período Seco 231,6

Com/Ind. - Período Úmido 157,5

Subtotal - Comércio/Indústria 389,1

Total Geral 1.947,1

O total de energia economizada se distribuiu entre as regiões geográficas do


País, conforme a gráfico 3.2.2, apresentado a seguir.

Metodologia de avaliação do Selo Procel Eletrobras em sistemas de iluminação 143


9%
19%

33%

32%

7%

S SE CO NE N

Gráfico 3.2.2 • Resultados de economia de energia por região geográfica

A RDP, em 2010, como resultado da substituição de lâmpadas incandescentes


por lâmpadas fluorescentes compactas contempladas com o Selo Procel Eletrobras
de Economia de Energia, é apresentada na tabela 3.2.3.

Tabela 3.2.3 • RDP devida às lâmpadas eficientes com Selo Procel Eletrobras em 2010
Setor de Consumo RDP (MW)
Residencial 647
Comercial e Industrial 72
Total 719

A energia de 1.947 GWh/ano economizada com as substituições analisadas é equiva-


lente à energia produzida por uma usina hidrelétrica de 467 MW durante um ano, consi-
derando um fator de capacidade médio típico de 56% para usinas hidrelétricas e incluindo
15% de perdas médias na transmissão e distribuição. Tal parque gerador demandaria inves-
timentos da ordem de R$ 220 milhões, levando-se em consideração o Custo Marginal de
Expansão da Geração de Energia Elétrica - CME (Brasil/EPE, 2011).

Considerações finais

Foi apresentada a metodologia adotada pela Eletrobras Procel para estimar a eco-
nomia de energia e redução de demanda na ponta das lâmpadas fluorescentes compac-
tas com o Selo Procel Eletrobras. A metodologia se baseia em considerações de dois
mercados: linha de base (menos eficiente) e no mercado de lâmpadas com os modelos

144 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


mais eficientes em utilização no Brasil, além de se adequar em algumas premissas
do PIMVP. Essa metodologia, com alguns ajustes, vem sendo empregada em outras
linhas de ações, como por exemplo na avaliação dos impactos energéticos do Selo
Eletrobras Procel em condicionadores de ar, refrigeradores e outros equipamentos.
Segundo estimativas, a economia de energia elétrica de quase de dois mil GWh
obtida em 2011 se mostra relevante e necessária no cenário de evolução do consumo
de energia no País, tendo em vista representar quase 11% do acréscimo no consumo
observado entre 2010 e 2011, que foi de aproximadamente 17 mil GWh no período
(EPE, 2011). Somente a economia proporcionada pelas LFCs representou cerca de
30% de todo o resultado do Selo Procel Eletrobras no ano.

Referências

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).


Alice Web. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/>. Acesso em:
10 dez. 2011.
BRASIL, EPE. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética.
Plano Decenal de Expansão de Energia 2020. Brasília, DF, 2011.
ELETROBRAS PROCEL. Avaliação do mercado de eficiência energética no
Brasil: pesquisa de posse de equipamentos e hábitos de uso da classe residencial.
Rio de Janeiro, 1998.
________________. Avaliação do mercado de eficiência energética no Brasil:
pesquisa de posse de equipamentos e hábitos de uso da classe residencial no ano base
2005. Rio de Janeiro, 2007.
________________. Avaliação do mercado de eficiência energética no Brasil:
simulação de potenciais de eficiência energética para o setor residencial. Rio de
Janeiro, 2008.
EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Resenha Mensal do Mercado de Energia
Elétrica. Rio de Janeiro: Empresa de Pesquisa Energética, v. 4, nº. 40, jan. 2011.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por
Amostra a Domicílio (PNAD), 2006.
SANTOS, M. A., et al. Avaliação dos resultados obtidos em 2007 pelas lâmpadas
eficientes com selo Procel. XX SNPTE, Recife: [s.n.], 2009.

Metodologia de avaliação do Selo Procel Eletrobras em sistemas de iluminação 145


4 Programa Nacional de Iluminação Pública
e Sinalização Semafórica Eficientes - Reluz

Marcel da Costa Siqueira Eletrobras Procel


Moisés Antônio dos Santos Eletrobras Procel

O Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização


Semafórica Eficientes (Reluz), criado em 2000, implementa
projetos de eficiência energética, substituindo equipamen-
tos com tecnologias menos eficientes por outras de maior
eficiência. Este capítulo aborda o desenvolvimento do Pro-
grama, destacando sua história, funcionamento, ações rea-
lizadas e resultados obtidos.

146 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

A iluminação pública (IP) é essencial à qualidade de vida nos centros urbanos,


atuando como instrumento de cidadania, permitindo aos habitantes desfrutar plena-
mente do espaço público no período noturno. Além de estar diretamente associada à
segurança no tráfego e de pessoas, a IP embeleza as áreas urbanas, destaca e valoriza
monumentos, prédios e paisagens, facilita a hierarquia viária, orienta percursos e
permite melhor aproveitamento das áreas de lazer. Dessa forma, a melhoria da qua-
lidade dos sistemas de IP favorece o turismo, o comércio e o lazer noturno, contri-
buindo para o desenvolvimento social e econômico da população.
A IP no Brasil corresponde a aproximadamente 4,5% da demanda nacional e a
3% do consumo total de energia elétrica do País. O equivalente a uma demanda de
2,2 GW e a um consumo de 9,7 bilhões de kWh/ano (EPE, 2008).
Devido a essa importância, a Eletrobras desde os anos 1990 atua promovendo a
disseminação das tecnologias eficientes para a IP. Com o objetivo de institucionali-
zar as ações voltadas à melhoria nessa área, no ano 2000 foi lançado o Procel Reluz,
uma iniciativa da Eletrobras apoiada pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Desde seu lançamento, o Programa já ajudou a economizar 885 milhões de kWh de
energia elétrica por meio da melhoria de mais de 2,5 milhões de pontos de IP.

Procel Reluz: informações gerais

O Programa Procel Reluz, de abrangência nacional, consiste, basicamente, na imple-


mentação de projetos de eficiência energética nos sistemas de IP e sinalização semafórica
por meio da substituição de lâmpadas incandescentes, mistas e a vapor de mercúrio por
outras mais eficientes. Uma lâmpada a vapor de mercúrio de 250 W pode ser substituída
por outra a vapor de sódio de 150 W, mantendo o mesmo nível de iluminância. Além das
lâmpadas, outros equipamentos são substituídos ou instalados, de forma a tornar todo o
conjunto eficiente. São abrangidos os relés fotoelétricos, os reatores eletromagnéticos, os
ignitores, as luminárias e até os braços de sustentação destas.
No caso da sinalização semafórica, substituem-se as lâmpadas incandescentes
por sistemas que utilizam diodos emissores de luz (LEDs – light emitting diode),
com maior vida útil e consumo de energia até 90% menor.

Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização Semafórica Eficientes - Reluz 147


Procedimentos para adesão

Os municípios interessados em modernizar seus sistemas de IP dirigem-se di-


retamente aos agentes executores (concessionárias locais de energia elétrica) que
negociam com a Eletrobras um financiamento para os projetos. O financiamento
corresponde a até 75% do valor total do projeto, sendo os 25% restantes de responsa-
bilidade das prefeituras ou concessionárias (Eletrobras Procel, 2006). Informações
mais detalhadas sobre essa tramitação podem ser encontradas no manual de instru-
ções do Reluz, disponível no site da Eletrobras Procel (www.eletrobras.com/procel).
As categorias de projetos elegíveis ao financiamento são:
- Melhoria dos sistemas de IP;
- Expansão de pontos de IP;
- Remodelagem dos sistemas de IP;
- Melhoria da sinalização semafórica;
- Iluminação especial;
- Iluminação de áreas públicas esportivas; e
- Inovação tecnológica na IP.
O Procel Reluz previa financiamentos com recursos provindos da Reserva Global
de Reversão (RGR), e tem como metas tornar eficientes cinco milhões de pontos de IP e
instalar um milhão de novos pontos no País. Atendendo às metas do Programa, o Governo
conseguirá reduzir a despesa dos municípios com IP em aproximadamente R$ 184 milhões
por ano, além de obter reduções estimadas de 292 MW de potência e 1.277 GWh/ano de
consumo de energia elétrica. Em 2011, a carteira de projetos do Procel Reluz contava com
mais de R$ 1 bilhão contratados, sendo cerca de R$ 400 milhões já investidos.

Os benefícios do Programa

Há dois objetivos principais em se tornar eficientes os sistemas de IP: diminuir


o consumo de energia elétrica com o aumento do nível de iluminação e melhorar as
condições de vida da população, tornando a cidade mais segura.
Segundo levantamento realizado pela Eletrobras, os fatores que mais estimu-
lam as concessionárias a aderirem ao Programa são as condições de pagamento do
financiamento e a possibilidade de atualizarem seus cadastros, enquanto que para as

148 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


prefeituras o estímulo fica por conta da possibilidade de redução dos gastos na fatura
de energia (Siqueira, 2005).
Os gráficos 4.1 e 4.2 ilustram essas informações.
64% 64%

59%

55% 55% 55% 55%

A B C D E F G

A - Condições de pagamento
B - Oportunidade de ter um cadastro atualizado do parque de IP
C - Visibilidade das ações e dos resultados
D - Cumprimento de obrigações junto à agência reguladora (Aneel) e outros órgãos
E - Possibilidade de negociar a dívida de energia do município
F - Aumento da vida útil de instalações e equipamentos
G - Padronização de equipamentos

Gráfico 4.1 • Fatores que estimulam a adesão das concessionárias ao Reluz


(Pesquisa de opinião sobre o Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente)
76%

61%

21%
17%

10%
5% 4%
2% 2%

A B C D E F G H I

A - Diminuição da conta de energia elétrica


B - Busca de um sistema de iluminação eficiente
C - Aumento da vida útil das instalações e equipamentos
D - Boas condições de pagamento
E - Padronização de equipamentos
F - Possibilidade de negociar a conta de energia elétrica
G - Oportunidade de ter um cadastro atualizado do parque de IP
H - Visibilidade das ações
I - Outras razões

Gráfico 4.2 • Fatores que estimulam a adesão das prefeituras ao Reluz


(Pesquisa de opinião sobre o Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente)

Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização Semafórica Eficientes - Reluz 149


Além dos benefícios ao País, permitindo postergar investimentos na construção
de usinas de geração de energia elétrica, há outras vantagens diretas e indiretas para
as prefeituras e concessionárias, conforme destacados a seguir:

Benefícios diretos para as prefeituras


• redução do consumo de energia elétrica;
• redução da fatura de energia elétrica;
• utilização de equipamentos eficientes de maior vida útil;
• redução do índice de manutenção nos pontos de iluminação;
• melhoria da iluminação da cidade; e
• aumento da satisfação da população.

Benefícios diretos para as concessionárias


• oportunidade de atualização de cadastro;
• oportunidade de tornar o município adimplente; e
• utilização de relés fotoelétricos mais eficientes, reduzindo a manutenção e acio-
nando as lâmpadas com maior precisão (ligando mais tarde e desligando mais cedo).

Benefícios indiretos para prefeituras e concessionárias


• redução de compras de equipamentos de ip;
• diminuição dos estoques de material;
• qualificação técnica dos envolvidos nos projetos; e
• melhoria da qualidade da manutenção.

Resultados do Programa

A determinação da economia de energia elétrica e da demanda retirada do ho-


rário de ponta do sistema elétrico é baseada nas informações contidas nos projetos
aprovados pela Eletrobras e executados pelas concessionárias no período de avalia-
ção. A metodologia utilizada é a apresentada a seguir:
Economia de Energia (GWh/ano) = [(P1 + R1) - (P2 + R2)] x N x T x 10-9
Demanda Retirada da Ponta (MW) = [(P1 + R1) - (P2 + R2)] x N x FC x 10-6

150 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


sendo:
P1 a potência da lâmpada substituída (W)
R1 a potência do reator substituído (W)
P2 a potência da lâmpada instalada (W)
R2 a potência do reator instalado (W)
N a quantidade de pontos de IP substituídos
T o tempo de utilização das lâmpadas no ano = 12 horas/dia x 365 dias/ano = 4.380 h/ano
FC o fator de coincidência na ponta, ou seja, a média de lâmpadas ligadas simul-
taneamente na ponta, considerado aqui, igual a 1.
A economia de energia elétrica e a redução de demanda totais decorrentes das
ações desenvolvidas no âmbito do Procel Reluz em 2011 corresponderam, respecti-
vamente, a 58,03 GWh e 13,21 MW (Eletrobras Procel, 2012).
Esses resultados foram oriundos da substituição de mais de 223 mil pontos de IP
em 65 municípios, distribuídos em oito unidades da federação, conforme atestaram
as supervisões físicas in loco realizadas pela equipe de engenheiros do Procel Re-
luz. A substituição desses pontos envolveu investimento de aproximadamente R$ 91
milhões, sendo R$ 68,4 milhões financiados pela Eletrobras, com recursos da RGR,
conforme já citado, e o restante como contrapartida dos beneficiários.
A evolução do número de pontos substituídos e de seus correspondentes resulta-
dos em termos de energia economizada e redução de demanda na ponta, no período
de 1994 a 2011, podem ser observados na tabela 4.1, que contempla ainda os proje-
tos anteriores1 ao lançamento do Procel Reluz, em 2000.

Tabela 4.1 • Resultados do Procel Reluz de 1994 a 2011


  1994 a 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Número de pontos de IP 2.621.529 168.051 112.658 66.043 89.559 223.948
substituídos no período
Número pontos de IP 2.621.529 2.789.580 2.902.238 2.968.281 3.057.840 3.281.788
substituídos (acumulado)
Economia de energia no 962,55 66,7 20,06 16,87 29,88 58,03
período (milhões de kWh)
Economia de energia 962,55 1.029,25 1.049,31 1.066,18 1.096,06 1.154,09
acumulada (milhões de kWh)
Demanda retirada da ponta 222,27 15,24 4,58 3,83 6,82 13,21
no período (MW)
Demanda retirada da ponta 222,27 237,51 242,09 245,92 252,74 265,95
acumulada (MW)
(Eletrobras Procel Reluz)

1 Entre 1994 e 1999 foram substituídos 709.526 pontos de IP, que proporcionaram uma economia de 269,19 milhões
de kWh/ano e 62,44 mil kW de redução de demanda na ponta.

Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização Semafórica Eficientes - Reluz 151


A tabela 4.2, a seguir, apresenta a quantidade de pontos de IP eficientes
implementados em cada estado contemplado pelo Reluz no ano de 2011.

Tabela 4.2 • Pontos de Iluminação Pública Eficientes Implementados em 2011, por estado

Estado Número de Pontos

Goiás 11.046
Mato Grosso do Sul 1.560
Minas Gerais 8.126
Rio Grande do Sul 48.656
Paraná 27.220
Piauí 15.792
São Paulo 18.675
Tocantins 92.873
Total 223.948

O gráfico 4.3 apresenta a distribuição regional dos pontos de IP tornados


eficientes pelo Procel Reluz no país em 2011.

NE
7%
SE
12%

N
CO
41%
6%

S
34%

Gráfico 4.3 • Distribuição regional dos pontos modernizados pelo Reluz em 2011

A seguir algumas fotos (figura 4.1 - a até 4.1 - f) de projetos executados


pelo Procel Reluz em diversos estados brasileiros.

152 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


a) b)

c) d)

e) f)

Figura 4.1- a até 4.1 - f • Procel Reluz em Tocantins; Rio Grande do Sul e Minas Gerais

Programa Nacional de Iluminação Pública e Sinalização Semafórica Eficientes - Reluz 153


Considerações finais

Estima-se que atualmente o Brasil tenha em torno de 14,7 milhões de pontos de


IP (Eletrobras Procel, 2012), e que o Procel Reluz já tenha atuado em mais de 2,5
milhões, gerando uma economia de energia da ordem de 1,15 bilhão de kWh, com
investimentos de cerca de R$ 400 milhões.
Como se pode perceber, o Programa Procel Reluz traz muitos benefícios à so-
ciedade e ao País, que vão desde a sensação de maior segurança até a postergação
de investimentos em geração de energia elétrica. Além disso, há uma gama de bene-
fícios diretos e indiretos para as prefeituras e concessionárias, com destaques para a
qualificação técnica da mão de obra envolvida nos projetos e a melhoria na gestão
dos recursos e da qualidade dos serviços prestados.
Além dos benefícios conhecidos, o Procel Reluz ainda tem o grande mérito de
promover a universalização do acesso da população brasileira a uma iluminação
pública de qualidade e eficiente, que contribui para o uso confortável e seguro do
espaço urbano noturno.

Referência

ELETROBRAS PROCEL. Manual de instruções do Programa Reluz. Rio de


Janeiro, 2006.
________________. Relatório de resultados do Procel 2012: ano base 2011. Rio
de Janeiro, 2012. Disponível em:<www.procelinfo.com.br>. Acesso em: 21 set.
2012.
EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Boletim de estatística mensal de energia
elétrica: dezembro de 2007. Rio de Janeiro: Empresa de Pesquisa Energética, 2008.
SIQUEIRA, M. C., et. al. Pesquisa de opinião sobre o Programa Nacional de
Iluminação Pública Eficiente – Reluz. Rio de Janeiro, 2005.

154 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Avaliação de sistema de iluminação
pública do Procel Reluz 4.1

Álvaro Medeiros De Farias Theisen Testtech Laboratórios


Luciano de Barros Giovaneli Eletrobras Procel
Luciano Haas Rosito Cobei-ABNT-participante
Moises Antônio dos Santos Eletrobras Procel

Este artigo apresenta os principais resultados de uma parce-


ria firmada entre a Eletrobras Procel e a Pontifícia Universi-
dade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), para avaliar os
sistemas de iluminação pública implementados pelo Procel
Reluz. Foram verificados a adequação dos equipamentos
em uso, os ganhos pós-execução dos projetos, os impactos
energéticos e luminotécnicos, assim como a percepção da
população sobre a modernização dos sistemas.

Avaliação de Sistema de Iluminação Pública do Procel Reluz 155


Considerações iniciais

A iluminação pública (IP) tem se consolidado como um serviço fundamental


à qualidade de vida da sociedade, entre outros aspectos, contribui com a segurança
pública e o tráfego, destaca e valoriza monumentos, prédios e paisagens, orienta
percursos e, sobretudo, potencializa o uso das áreas de lazer no período noturno. Por
esses motivos, ações que melhorem a qualidade dos sistemas de IP impactam direta-
mente na rotina das cidades e, nesse sentido, é importante ressaltar que o processo de
melhoria contínua deve passar por avaliações das ações já realizadas, cujo objetivo é
identificar e corrigir os pontos negativos e consolidar e replicar os pontos positivos
(Santos, 2011).
Em 2006, a Eletrobras Procel e a Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul (PUCRS) firmaram uma parceria para avaliar alguns dos
sistemas de IP do País, modernizados entre os anos de 2001 e 2003, com o
intuito de identificar o nível de perenização dos projetos financiados pela
Eletrobras, no âmbito do Procel Reluz. Ao longo das atividades foram ve-
rificados alguns itens, tais como a adequação dos equipamentos em uso, os
ganhos pós-execução dos projetos, além dos impactos energéticos e lumino-
técnicos e a percepção da população com a melhoria dos sistemas (Menezes;
Siqueira; Ramalho, 2009).
O projeto foi coordenado pela Eletrobras Procel e executado pela PUCRS num
período de quatro anos, cujas atividades foram divididas em três linhas de ação:
a) Avaliação dos sistemas de IP financiados pelo Procel Reluz no Rio Grande
do Sul;
b) Verificação dos ganhos pós-implantação de sistemas eficientes de iluminação
pública; e
c) Estudo para comprovação da vida útil das lâmpadas a vapor de sódio decla-
rada pelos fabricantes.

Avaliação dos sistemas de IP financiados pelo Procel Reluz no RS

De acordo com a metodologia de estudo estabelecida pelas equipes da


Eletrobras Procel e da PUCRS, foi selecionada uma amostra com 200 pontos

156 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


de IP, dividida entre as cidades gaúchas de Bagé, Caxias do Sul, Gramado,
Osório, Pelotas, Santo Ângelo e Viamão. A seleção desses projetos conside-
rou o critério de distribuição entre as concessionárias que atuam no estado e
também a inclusão de um município litorâneo (Osório). É oportuno registrar
que nesse capítulo o nome das cidades foi omitido e a denominação utilizada
não mantém relação com a ordem alfabética da lista de cidades outrora men-
cionadas.
As atividades desenvolvidas foram divididas da seguinte maneira, conforme
ilustrado na figura 4.1.1:

Figura 4.1.1 • Etapas realizadas para avaliação dos sistemas de IP

Medições luminotécnicas em campo

Quanto às medições luminotécnicas realizadas em campo, antes e depois


das trocas dos conjuntos de IP, a tabela 4.1.1 apresenta os resultados obtidos
entre os vãos de uma rua em cada cidade selecionada, incluindo a uniformi-
dade da distribuição da luz. As iluminâncias foram medidas em 110 pontos de
cada uma das vias, conforme especificado na Norma Brasileira de Iluminação
Pública - NBR 5101 em vigência na época do estudo (ABNT, 1992). Destaca-
-se ainda que todas as luminárias colocadas, em substituição às antigas, eram
fechadas, atendendo aos requisitos da norma sobre luminárias para IP – NBR
15129 (ABNT, 2004).

Avaliação de Sistema de Iluminação Pública do Procel Reluz 157


Tabela 4.1.1 • Iluminâncias medidas em cada cidade, antes e depois da substituição dos conjuntos de IP

Tipo de luminária
antes da troca

Uniformidade

Uniformidade
Iluminância antes (lux) Iluminância depois (lux)

Fator de

Fator de

(depois)
Cidade

(antes)
Máxima Mínima Média Máxima Mínima Média

Cidade 1 Fechada 17,73 3,51 8,89 0,39 27,90 3,42 10,10 0,34

Cidade 2 Aberta 31,80 0,42 8,69 0,05 38,70 0,33 11,06 0,03

Cidade 3 Aberta 110,80 4,27 28,71 0,15 125,30 2,74 34,51 0,09

Cidade 4 Aberta 14,66 0,19 3,16 0,06 28,73 1,46 7,76 0,19

Cidade 5 Fechada 25,46 2,48 9,82 0,25 11,38 0,73 3,82 0,19

Cidade 6 Aberta 46,80 1,30 9,67 0,13 111,60 2,07 20,08 0,10

Cidade 7 Fechada 67,30 2,43 16,25 0,15 46,70 3,45 14,67 0,26

Os dados apresentados na tabela 4.1.1 indicam quando a norma NBR 5101


não foi atendida, cujo valor pré-estabelecido para a iluminância mínima é de
dois lux para esse tipo de via. Percebe-se que, mesmo após quatro anos de uso,
as iluminâncias mínimas medidas nas cidades que utilizam luminárias fechadas
atendiam à norma NBR 5101, evidenciando que essa norma brasileira necessita
ser revisada.
Cabe destacar que o fator de uniformidade é a relação entre a iluminância
mínima e a média, assim, quanto mais próximo da unidade, melhor a distribuição de
luz em uma via. Nota-se que, em alguns casos, a uniformidade diminuiu, tendo em
vista que o aumento da iluminância média foi maior que o da iluminância mínima,
principalmente pela ocorrência de obstruções à luz, como arborização sob a luminá-
ria, por exemplo.
Em alguns casos, mesmo após as substituições dos conjuntos de IP, a norma
NBR 5101 não foi atendida, tendo em vista algumas obstruções no momento da me-
dição que interferiram nos resultados. Na cidade 5, verificou-se que a iluminância
mínima baixou de 2,48 lux para 0,73 lux, pois, por exigência da prefeitura local, os
reatores deveriam ser de 240 V, em vez de 220 V, o que ocasionou uma perda signi-
ficativa no fluxo luminoso da lâmpada quando operada nesta tensão.

158 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Ensaios em laboratórios

Em laboratório, foram realizadas medições do fluxo luminoso – lúmen (lm)


– das lâmpadas coletadas das ruas e foi constatado que, após quatro anos de uso,
ocorreu uma degradação do fluxo em menos de 30%, o que atende ao critério exigido
de vida útil1. No caso das lâmpadas de 250 W, o fluxo verificado estava acima do
exigido pelo Procel Reluz (Eletrobras Procel, 2005), conforme pode ser verificado
na tabela 4.1.2. Destaca-se que 70% das lâmpadas ensaiadas eram originais do Pro-
jeto Reluz, tendo em vista o ano de fabricação dessas.

Tabela 4.1.2 • Fluxo luminoso das lâmpadas substituídas


Fluxo médio em relação ao
Potência (W) Fluxo médio (lm) Fluxo padrão Reluz (lm) fluxo padrão Reluz (%)
70 4.826,8 5.600 86,2
150 13.170,6 14.000 94,1
250 26.534 26.000 102

Nesta etapa, também cabe destacar que, a partir da amostra de 200 pontos de
IP, foram ensaiadas 31 luminárias no laboratório de iluminação do Eletrobras Cepel,
utilizando-se o equipamento goniofotômetro.
Assim, conforme pode ser verificado na tabela 4.1.3, as luminárias fechadas
apresentaram um desempenho muito superior em comparação às abertas, fato que
corrobora a exigência atual do Procel Reluz a esse tipo de equipamento.

Tabela 4.1.3 • Rendimento das luminárias substituídas


Cidade Luminária retirada Rendimento médio (%)
1 Fechada 68,74
2 Aberta 55,81
3 Aberta 55,59
4 Aberta 58,74
5 Fechada 74
6 Aberta 58,15
7 Fechada 74,06

No gráfico 4.1.1, nota-se que 71% dos relés fotoelétricos não atendiam à norma
específica no que diz respeito ao ligamento e desligamento, e 3% sequer funciona-
1 Vida útil (h): é o número de horas decorrido quando se atinge 70% da quantidade de luz inicial, devido à depreciação
do fluxo luminoso de cada lâmpada, somado ao efeito das respectivas queimas ocorridas no período, ou seja, 30% de
redução na quantidade de luz inicial (OSRAM, 2011).

Avaliação de Sistema de Iluminação Pública do Procel Reluz 159


vam. Com os dados levantados em laboratório, foi possível estimar que, em média,
os relés mantêm as lâmpadas acesas 27 minutos além do necessário, o que se torna
um desperdício considerável de energia elétrica.
Não funciona
3%

Atende à norma
26%

Não atende à
norma
71%

Gráfico 4.1.1 • Funcionamento dos relés fotoelétricos

No que se refere aos reatores, observou-se que 93,3% dos integrados às luminárias
eram originais do Projeto Reluz, ao passo que no caso dos reatores externos este percen-
tual cai para 81%. Essa diferença pode ser justificada em função da maior proteção dada
aos reatores integrados contra efeitos climáticos e de depredação. Outra constatação foi o
baixo fator de potência observado, principalmente por conta dos capacitores danificados.

Verificação dos ganhos pós-implantação de sistemas eficientes de IP

O objetivo desta ação foi avaliar os parâmetros luminotécnicos do sistema de IP,


antes e depois de sua modernização nas cidades de Belo Horizonte e Porto Alegre.
Paralelamente, com apoio da PUC-Rio, três fases de entrevistas com a população
local foram realizadas, lançando-se mão de painéis com 150 moradores em cada uma
das duas cidades, os quais foram entrevistados em três ocasiões: antes do início das obras
financiadas no âmbito do Procel Reluz, imediatamente após as obras e um ano após a
conclusão dessas. Nessas entrevistas, buscou-se identificar a percepção das pessoas em
relação à IP dos municípios avaliados.

160 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


As medições luminotécnicas foram realizadas antes da execução da melhoria da
IP em Belo Horizonte no mês de janeiro de 2008. As medições após a execução foram
realizadas em junho do mesmo ano. Em Porto Alegre, as medições ocorreram em julho
de 2007 e maio de 2010, tendo em vista que, nesta cidade, houve atrasos nas substitui-
ções da IP durante a implementação do Reluz.
Também por conta dos atrasos na execução da substituição da IP pela prefeitura
de Porto Alegre, as entrevistas com a população, um ano após a conclusão do Projeto
de Modernização da IP, não puderam ser realizadas, tendo em vista que a parceria
entre a Eletrobras e a PUCRS terminou em agosto de 2010. No entanto, serão apre-
sentadas, a seguir, as principais informações levantadas nas medições e nas entrevistas
que puderam ser realizadas nas duas cidades.
Em Belo Horizonte, as medições de campo foram feitas em diferentes locali-
dades da cidade e abrangeu diferentes potências de lâmpadas, totalizando 21 medi-
ções em sete vias distintas. Os resultados médios são apresentados na tabela 4.1.4.

Tabela 4.1.4 • Situação luminotécnica antes e depois do Projeto Reluz em Belo Horizonte
Antes Depois

Iluminância média (lux) 3,97 10,73

Fator de Uniformidade 0,24 0,10

Pode-se verificar uma melhoria considerável do nível de iluminância, obser-


vando-se inclusive um aumento na iluminação das calçadas, o que contribui para a
sensação de segurança e conforto dos pedestres.
Há de se considerar a diminuição da uniformidade devido ao fato de o aumen-
to da iluminância média ter sido superior ao da iluminância mínima, diferente da
situação anterior, que apresentava uma distribuição mais uniforme, não atendendo a
um padrão de iluminância adequado.
Em Porto Alegre, a situação foi similar, conforme pode ser visto na tabela 4.1.5.

Tabela 4.1.5 • Situação luminotécnica antes e depois do Projeto Reluz em Porto Alegre
Antes Depois

Iluminância média (lux) 6,63 29,32

Fator de Uniformidade 0,04 0,02

Avaliação de Sistema de Iluminação Pública do Procel Reluz 161


O gráfico 4.1.2 apresenta a opinião da população de Belo Horizonte sobre a IP
do município nas três fases de entrevistas. Nota-se que a satisfação aumentou ime-
diatamente após a conclusão das melhorias nas instalações e, mesmo após um ano de
seu término, a percepção das pessoas se manteve positiva naquela cidade.

Ótima Ruim Péssima Ruim Péssima


a) b) 2% 2% c)
5% 4% 1%
Ótima
Péssima 23%
Regular Ótima Regular
18% 9%
17% 25%

Boa
Ruim 35%
13%

Regular Boa Boa


29% 54% 63%

Gráfico 4.1.2 • Percepção da população de Belo Horizonte com a IP do município: a) antes da melhoria
na IP, b) logo após a melhoria na IP e c) um ano após a melhoria na IP

A percepção da população de Porto Alegre com a IP, antes e depois da implan-


tação do Projeto Reluz pode ser verificada no gráfico 4.1.3.

Antes do Reluz Depois do Reluz

20%

40% 40%

20% 60%

20%

Avaliação negativa

Avaliação regular

Avaliação positiva

Gráfico 4.1.3 • Percepção da população de Porto Alegre com a IP do município antes e logo após a
melhoria na iluminação

162 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Nesse caso, verificou-se que a avaliação positiva passou de 20% para 40% ime-
diatamente depois da troca da iluminação. Outro fator interessante de registrar foi
a sensação de segurança da população em ambas as cidades, que aumentou com a
nova iluminação em seus bairros, conforme pode ser visualizada no gráfico 4.1.4.

Belo Horizonte
60%
51%
50% 46%
43%
40% 37%
33% 34%
29%
30%

20% 16%
11%
10%

0%
Positiva Regular Negativa
Antes Logo depois 1 ano depois

Porto Alegre
120%
100%
100%
80%
80%

60%

40%
20%
20%
0% 0% 0%
0%
Positiva Regular Negativa
Antes Logo depois

Gráfico 4.1.4 • Avaliação, por parte dos moradores, da segurança nos bairros de Belo Horizonte e
Porto Alegre com a nova IP

Observou-se, também, a satisfação dos moradores de Belo Horizonte com a


nova cor da iluminação (amarelada, característica das lâmpadas a vapor de sódio),
sendo que 94,3% dos pesquisados a consideraram uma luz mais clara, ocasionando
uma melhor iluminação nas ruas.

Avaliação de Sistema de Iluminação Pública do Procel Reluz 163


Estudo para a comprovação da vida útil das lâmpadas a vapor
de sódio declarada pelos fabricantes

Para a realização deste estudo foram selecionadas quatro cidades beneficiadas


pelo Procel Reluz nos anos de 2001 a 2003, nas quais foram coletadas amostras de
50 lâmpadas em cada uma, totalizando 200 unidades, para a avaliação em laborató-
rio. As lâmpadas coletadas foram substituídas por lâmpadas novas de forma a garan-
tir os níveis de iluminação originais.
O trabalho foi executado em cidades da região Sudeste do País, atendidas por diferentes
concessionárias de distribuição de energia elétrica, a saber: Campinas/SP, atendida pela CPFL
Paulista; Cariacica/ES, atendida pela Escelsa; Duque de Caxias/RJ, atendida pela Light; e Li-
meira,/SP, atendida pela Elektro. A escolha das cidades levou em consideração a época em
que o Reluz foi executado e que os municípios fossem atendidos por distintas concessionárias
de energia, a fim de assegurar uma melhor representatividade da amostra, além de possuírem
lâmpadas de diferentes fabricantes. Os anos de 2001 a 2003 foram escolhidos tendo em vista
que as lâmpadas estariam no final das suas vidas úteis. Conforme feito na seção que apre-
sentou os resultados da avaliação nas cidades do Rio Grande do Sul, as cidades participantes
tiveram seus nomes preservados, quando da apresentação das informações obtidas.
A coleta das lâmpadas ocorreu em 2007 de forma aleatória em cada cidade. As-
sim, foram selecionados os bairros ou regiões em que haviam sido implementados
Projetos do Reluz nos anos de interesse e que utilizavam lâmpadas a vapor de sódio
70 W. Após a definição dos pontos de coleta, as lâmpadas foram substituídas por
novas, também a vapor de sódio 70 W, fluxo luminoso de 6.600 lm e vida mediana
de 28.000 h, conforme declarado pelo fabricante.
As lâmpadas coletadas foram confrontadas com o ano de implementação dos
Projetos Reluz de cada município, a fim de se verificar se eram lâmpadas originais
do Projeto, obtendo-se as informações apresentadas na tabela 4.1.6:

Tabela 4.1.6 • Lâmpadas originais e não originais do Projeto Reluz nas cidades
Percentual de lâmpadas Percentual de lâmpadas não
Cidade Tipo de luminária originais (%) originais (%)
Cidade 1 Fechada 96 4
Cidade 2 Fechada 58 42
Cidade 3 Aberta 28 72
Cidade 4 Aberta 62 38

164 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Cabe destacar que na Cidade 2, mesmo com luminárias fechadas, o número de trocas
de lâmpadas foi alto, se comparado com a Cidade 1. Esse fato teve como causa uma falha
na instalação do conjunto de IP. Os relés fotoelétricos foram instalados nos postes, sendo
que estes deveriam ter sido instalados na luminária. Com a intenção de vedar os terminais
da tomada do relé na luminária foi colocado silicone, que em pouco tempo deteriorou-se,
permitindo a passagem de água e, consequentemente, queimando as lâmpadas.
Os gráficos (4.1.5, 4.1.6, 4.1.7 e 4.1.8) mostram a comparação entre os fluxos lumi-
nosos das lâmpadas originais coletadas (representado pelas barras verticais) e o respecti-
vo número de horas de utilização (pontos) em cada cidade avaliada.
Lúmens Fluxo Luminoso / Horas de uso
Horas
6.000 25.000
fluxo de referência (5.600)

5.000
horas
20.000

4.000

15.000

3.000

10.000

2.000

5.000
1.000

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45
Lâmpadas

Gráfico 4.1.5 • Comparação das lâmpadas originais do Projeto Reluz na Cidade 1


(Santos et al., 2009)

Fluxo Luminoso / Horas de uso Horas


Lúmens
6.000 25.000
fluxo de referência (5.600)
horas
5.000
20.000

4.000
15.000

3.000

10.000
2.000

5.000
1.000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29

Lâmpadas

Gráfico 4.1.6 • Comparação das lâmpadas originais do Projeto Reluz na Cidade 2


(Santos; Magalhães; David et al., 2009)

Avaliação de Sistema de Iluminação Pública do Procel Reluz 165


Lúmens Fluxo Luminoso / Horas de uso Horas
6.000 20.000
fluxo de referência (5.600)
horas

5.000 19.500

4.000 19.000

3.000 18.500

2.000 18.000

1.000 17.500

17.000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Lâmpadas

Gráfico 4.1.7 • Comparação das lâmpadas originais do Projeto Reluz na Cidade 3


(Santos; Magalhães; David et al., 2009)

Lúmens Fluxo Luminoso / Horas de uso Horas


6.000 30.000
fluxo de referência (5.600)
horas
5.000 25.000

4.000 20.000

3.000 15.000

2.000 10.000

1.000 5.000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Lâmpadas

Gráfico 4.1.8 • Comparação das lâmpadas originais do Projeto Reluz na Cidade 4


(Santos; Magalhães; David et al., 2009)

166 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Por fim, a tabela 4.1.7 apresenta um resumo das informações obtidas no estudo
com as lâmpadas originais do Projeto Reluz executado nas cidades.

Tabela 4.1.7 • Resumo das informações obtidas sobre as lâmpadas originais do Projeto Reluz
Cidade 1 Cidade 2 Cidade 3 Cidade 4
Tipo de luminária Fechada Fechada Aberta Aberta
Lâmpadas originais do Reluz (%) 96% 58% 28% 62%
Lâmpadas com fluxo acima de 85% 87% 33% 64% 83%
(>= 4.760 lm)
Lâmpadas com fluxo acima de 70% 100% 97% 100% 97%
(>= 3.920 lm)
Lâmpadas com fluxo abaixo de 70% - 3% - 3%
(< 3.920 lm)
Fluxo médio (lm) – referência: 5.600 lm 4.482 (80%) 4.471 (80%) 4.652 (83%) 4.145 (74%)
Potência média (W) 62 (88,6%) 66,5 (95%) 64,9 (92,7%) 58,4 (83,4%)
(referência 70 W)
Tempo médio de uso (h) 20.592 20.976 19.620 20.316

(Santos; Magalhães; David et al., 2009)

Nota-se que quase todas as lâmpadas originais dos Projetos Reluz atenderam ao
requisito de tempo de vida útil declarado pelos fabricantes, que é em média 20.000
horas.

Considerações finais

Os resultados obtidos ao longo do projeto reforçam a importância de se investir


na modernização dos sistemas de IP do País, tanto para se obter a redução da carga
instalada quanto para combater o desperdício de energia elétrica. Nesse sentido,
avaliações sistemáticas do parque instalado permitem acompanhar o real comporta-
mento dos equipamentos em campo, além de gerar um volume de dados que certa-
mente vão auxiliar no planejamento de novas ações.
No caso específico da avaliação dos sistemas de IP financiados pelo Procel Re-
luz, no Rio Grande do Sul, ficou evidente que nas cidades participantes do estudo
alguns equipamentos precisavam ser aperfeiçoados, como por exemplo, os relés fo-
toelétricos e os reatores, principalmente em relação ao baixo fator de potência.
No caso dos reatores já existe um programa de etiquetagem e de concessão do
Selo Procel Eletrobras. O Governo Federal e a Eletrobras Procel, junto com o Insti-

Avaliação de Sistema de Iluminação Pública do Procel Reluz 167


tuto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), estão trabalhando
para tornar compulsória a etiquetagem, no âmbito da Lei 10.295/2001, o que poderá
ocorrer nos próximos anos. No caso dos relés, os trabalhos para certificação foram
iniciados em 2010, baseando-se, em grande parte, nas constatações desse projeto e
teve concluída a fase de ensaios em laboratório e apresentada a proposta de forma-
tação do programa em 2012.
Outro fato evidenciado foi a necessidade de revisão das normas brasileiras de
IP. O estudo trouxe subsídios a essa revisão, sendo que a norma NBR 60598-1: 2010
- Parte 1: Requisitos Gerais e Ensaios, foi revisada e relançada em dezembro de
2010, assim como a NBR 5101:2012: Iluminação Pública – Procedimentos, revisada
e publicada em abril de 2012, e a NBR 15129:2012 - Luminárias para iluminação
pública - Requisitos particulares, publicada em julho de 2012. Cabe ressaltar que
outras normas encontram-se em processo de realinhamento.
Em outra linha de ação do estudo, verificou-se a efetividade do Procel Reluz,
mostrando claramente a sensível melhoria na IP dos municípios pesquisados. Ou-
tro fato comprovado foi a satisfação que a nova iluminação trouxe aos moradores
beneficiados, tanto sobre a qualidade da luz e sua nova cor quanto na sensação de
segurança que ela trouxe, permitindo o incremento das atividades noturnas e, conse-
quentemente, alavancando o comércio local.
Finalmente, foram geradas importantes informações para que se pudesse dar
início à concessão do Selo Procel Eletrobras para as lâmpadas a vapor de sódio em
2008. Comprovou-se que as vidas úteis declaradas pelos fabricantes estavam consis-
tentes com as verificadas após 20 mil horas de uso, aproximadamente.
Ensaios laboratoriais nesse tipo de lâmpada não são de fácil realização, tendo
em vista o demasiado tempo de ensaio que seria necessário para se atingir sua vida
útil – atualmente esses ensaios são realizados em um curto período (100 horas de
sazonamento) para verificação das características elétricas e fotométricas. Nesse es-
tudo ressalta-se que foi possível coletar os equipamentos em condições reais de uso
e ensaiá-los ao final de sua vida, de forma a comprovar sua durabilidade.

168 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5101:1992 – Iluminação


Pública. Abril, 1992.
________________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15129:2004
– Luminárias para iluminação pública - Requisitos particulares. Novembro, 2010.
ELETROBRAS PROCEL. Manual de instruções do Programa Reluz. Rio de
Janeiro, 2005. Disponível em: <http://www.eletrobras.com/procel. Acesso em: 5
jan. 2011.
MENEZES, T. V., SIQUEIRA, M. C., RAMALHO, C. R. J. L., et alii. Avaliação do
desempenho dos sistemas de iluminação pública implementados pelo Programa
Reluz. In: CBEE, 3., Belém, 2009. Anais. Belém, 2009.
OSRAM. Catálogo sobre lâmpadas de descarga. Disponível em: <http://www.
osram.com.br>. Acesso em: 5 jan. 2011.
SANTOS, M. A., MAGALHÃES, L. P., DAVID, R. M., et alii. Avaliação da vida
útil das lâmpadas a vapor de sódio de 70 W. Revista Brasileira de Energia, Itajubá,
v.15, n. 1, p.73-89, 1. Sem. 2009.
_______________. Avaliação de sistemas e equipamentos de iluminação pública:
estudo de caso em projetos do Procel Reluz. In: XXI SNPTEE, Florianópolis, 2011.
Anais. Florianópolis, 2011.

Avaliação de Sistema de Iluminação Pública do Procel Reluz 169


4.2 Estudo sobre relés
fotocontroladores

Álvaro Medeiros De Farias Theisen Testtech Laboratórios


Rafael Meirelles David Eletrobras Procel

O relé fotocontrolador desempenha um papel fundamental


no sistema de iluminação pública. Nesse sentido, a Eletro-
bras Procel e seus parceiros vêm ao longo dos anos desen-
volvendo estudos para avaliar o desempenho desses equi-
pamentos e propor ações de melhoria. Este texto apresenta
uma síntese dos resultados obtidos nesses estudos, assim
como os seus respectivos desdobramentos.

170 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

O conceito do controle da iluminação pública adotado no Brasil (que considera


o controle individual por ponto) leva a alguns aspectos que definem uma peculiar
situação de contorno do cenário atual do qual não se pode esquivar: o relé fotocon-
trolador (figura 4.2.1) possui um papel primordial no sistema de iluminação pública
(IP) e seu desempenho influencia decisivamente a eficiência energética do conjunto.

Figura 4.2.1 • Relé Fotocontrolador

O relé fotocontrolador é um dispositivo destinado ao controle do equipamento


de iluminação em função do nível de iluminância do local no qual está inserido, por-
tanto, uma falha de operação do relé pode, por exemplo, ocasionar o funcionamento
ininterrupto da luminária de um poste, comprometendo significativamente o contro-
le do desperdício de energia do sistema como um todo.
Apesar do papel de destaque, para muitos especialistas, os relés são considera-
dos um dos principais problemas do sistema de IP, uma vez que há a percepção de
que grande parte dos equipamentos disponíveis no mercado apresenta funcionamen-
to fora dos padrões desejados.
No sentido de reverter esse quadro, a Eletrobras Procel e seus parceiros desen-
volveram vários estudos e levantamentos de campo para identificar a real situação
dos relés instalados e comercializados no País. Assim, foi possível elaborar um diag-
nóstico consistente e que também proporcionasse subsídios para a proposição de um
cenário futuro desejável.

Estudo sobre relés fotocontroladores 171


Os estudos realizados

Em 2008, foi realizado um estudo pelo Centro de Excelência em Iluminação
Pública (CEIP), com o intuito de avaliar os modelos de gestão da IP, as práticas ado-
tadas para prestar este serviço, a forma de aquisição dos materiais e  o nível de de-
talhamento das especificações técnicas necessárias, apresentados por algumas pre-
feituras, para os sistemas de iluminação pública. Durante o estudo, foram avaliadas
diversas prefeituras do Rio Grande do Sul, e constatou-se que em praticamente todas
elas não haviam especificações adequadas para os componentes de IP que seriam
adquiridos e/ou instalados. A mesma situação foi encontrada nas concessionárias de
energia, que tinham ainda a preocupação com a inadimplência das prefeituras.
Outro ponto importante constatado nesse estudo foi o fato de que muitas prefei-
turas e concessionárias, para atenderem à Lei Geral de Licitações (Lei no 8.666/93),
basearam e baseiam seus processos licitatórios em produtos que apresentam menor
preço, deixando em segundo plano a qualidade. Esse fato pode ter influenciado os
fabricantes a priorizarem os produtos de baixo custo em detrimento aos de maior
sofisticação tecnológica, pois esses não teriam um preço competitivo nas licitações.
Processos licitatórios mais eficientes, que pontuam tanto o menor preço, quanto
a qualidade superior dos equipamentos, são os mais indicados para o desenvolvimen-
to do mercado, garantido produtos de boa qualidade a preços competitivos, tendo em
vista incentivarem o mercado a desenvolver produtos com essas características.
Em 2006, a Eletrobras Procel e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Gran-
de do Sul (PUCRS) firmaram uma parceria para avaliar sistemas de IP, instalados
entre os anos de 2001 a 2003, levando-se em consideração os projetos financiados
pela Eletrobras, no âmbito do Procel Reluz. Foram avaliados a adequação dos equi-
pamentos em uso, os ganhos pós-execução dos projetos, além dos impactos energéti-
cos, luminotécnicos e na percepção da população com a modernização nos sistemas.
Esses estudos tiveram uma duração de quatro anos e abrangeram os estados do Rio
Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
No caso específico de relés, o estudo avaliou o funcionamento das amostras
coletadas em relação aos critérios exigidos na Norma NBR 5123/98 (ABNT,1998).
Essa norma, dentre outros quesitos, determina que para o acendimento das lâmpa-
das, o relé energiza a carga (no caso, a lâmpada) em função do nível de iluminância

172 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


do local em lux, que para o acendimento é de 3 a 20 lux. Já para o apagamento das
lâmpadas, o relé desenergiza a carga quando o nível de iluminamento do local atinge
no máximo 80 lux. A razão entre os valores em lux de acendimento e apagamento,
conhecida como relação de funcionamento do relé, deve estar compreendida entre
um, dois e quatro.
Ao todo, a amostra coletada compreendia 187 relés, sendo aproximadamente
80% deles peças originais fornecidas pelo Procel Reluz. A tabela 4.2.1 apresenta os
resultados obtidos após a avaliação dos equipamentos.

Tabela 4.2.1 • Resultados da avaliação da amostra de relés coletada


Número de relés em Número de relés em Número de
funcionamento de acordo funcionamento fora dos relés que não Total
com a norma parâmetros da norma funcionaram
47 134 6 187

Como se pode observar no gráfico 4.2.1, baseado na tabela anterior, cerca de


70% dos relés ensaiados não estão em conformidade com a norma NBR 5123/98, o
que pode ocasionar um consumo adicional de energia elétrica, pois via de regra, o
acendimento e apagamento das lâmpadas ocorre com valores de iluminância maiores
do que aqueles especificados na norma.

Não funciona; 3,2%

Atende à norma; 25,8%

Não atende à norma; 71%

Gráfico 4.2.1 • Porcentagem de relés coletados que atendem ou não à norma NBR 5123/98

Com os dados levantados em laboratório, identificou-se os relés que não aten-


diam à norma, ou seja, o ligamento ou desligamento fora das faixas de iluminância

Estudo sobre relés fotocontroladores 173


pré-determinadas, ou a relação entre o ligamento e o desligamento fora dos valores
previstos. Com isso, foi possível estimar que, em média, os relés mantêm as lâm-
padas acesas 27 minutos além do necessário, colaborando com o desperdício de
energia elétrica.
A tabela 4.2.2, a seguir, apresenta uma simulação, por potência de lâmpada, do
consumo incremental (perda) de energia mensal em função do problema de ajuste ou
sensibilidade do relé fotocontrolador quando o ponto de IP permanece aceso por um
período diário de 27 minutos superior ao estipulado em norma.

Tabela 4.2.2 • Consumo incremental (perda) mensal de energia considerando um acionamento


excendente de 27 minutos por dia por ponto de iluminação
Potência da lâmpada utilizada no ponto de IP (W) 70 100 150 250 400
Consumo incremental mensal (Wh/mês) 945 1350 2025 3375 5400

Esses resultados comprovaram o que já era o sentimento de muitos especialistas


envolvidos na área, de que os relés fotocontroladores não estão atendendo às espe-
cificações da norma.
Tais evidências demonstraram a necessidade de que algo deveria ser feito para
alterar o cenário encontrado. Partindo dessa premissa, a Eletrobras Procel encami-
nhou uma solicitação ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(Inmetro) para que os relés fotocontroladores fossem incluídos no Programa Bra-
sileiro de Avaliação da Conformidade (PBAC), coordenado pelo próprio Inmetro.
Essa solicitação foi prontamente atendida, passando assim a integrar o plano de ação
quadrienal 2012-2015 do PBAC.
Com o intuito de gerar os subsídios necessários para a implantação de um pro-
grama de avaliação da conformidade para relés, a Eletrobras Procel, com o apoio
da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche
Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, contratou o Testtech
Laboratórios para desenvolver um estudo aprofundado sobre esse tema.
Nesse estudo, foram avaliados mais de 20 diferentes modelos de relés comer-
cializados no País, com o objetivo de propor, além de um processo de avaliação da
conformidade comparativo, procedimentos de ensaios para relés.

174 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


O estudo foi orientado pelas seguintes premissas básicas:
• possibilidade de comparar os resultados entre os diversos modelos – essa
é a situação desejada, na qual, por meio da definição de classes de eficiência
energética, se possa utilizar o conceito de uma etiqueta multicolorida como,
por exemplo, ocorre com os refrigeradores, para com isso comparar e diferen-
ciar visualmente os produtos mais eficientes dos menos eficientes;
• identificação das perdas inerentes de cada modelo – esta informação permitirá
que cada produto apresente as suas perdas nominais, que serão úteis para as especi-
ficações das perdas globais do sistema de IP;
• avaliação da funcionalidade dos produtos na situação de campo (real) – os
estudos demonstraram que o sistema de medição do desempenho, que consta no
texto normativo, não representa de forma fidedigna a situação de campo, podendo
a diferença entre os níveis “normativos” e de operação chegar a até 50%;
• avaliação da durabilidade dos produtos na situação de campo (real) – este
é outro caso em que há divergência entre o conteúdo da norma e o real estado de
operação dos equipamentos, pois apresentam vida útil em campo bem abaixo da
expectativa estabelecida em norma; e
• critério de modo de falha – do ponto de vista da eficiência energética, o de-
sejável é que não se encontre nenhum ponto de iluminação aceso durante o dia, ou
seja, na eventualidade de um defeito no relé fotocontrolador, ele não deve deixar a
lâmpada acesa ininterruptamente.

Considerações finais

O sistema de controle de IP no Brasil, com aproximadamente 14,8 milhões de


pontos instalados está essencialmente baseado em controles individuais e, portanto,
nos relés fotocontroladores.
Segundo estudos realizados pela Eletrobras Procel e seus parceiros, grande parte
dos relés instalados e comercializados no país encontram-se em desacordo com a
norma.
Considerando a importância que o relé fotocontrolador desempenha sobre o sis-
tema de IP, conforme já ocorre com os demais componentes do sistema (reatores,
lâmpadas e luminárias), há uma tendência natural e necessária que se desenvolva

Estudo sobre relés fotocontroladores 175


um programa para avaliação da conformidade desse equipamento. Assim, com o
intuito de gerar subsídios para a implantação desse programa, a Eletrobras Procel,
com o apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da
Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, contratou
o Testtech Laboratórios para desenvolver um estudo aprofundado sobre esse tema.
Nesse estudo, constatou-se que a norma brasileira vigente para relés não
atende às necessidades atuais, principalmente em relação ao desempenho desses
equipamentos em campo sendo necessário que a norma se adeque a essa realidade.
Também constatou-se que o consumo de energia inerente ao próprio relé fo-
tocontrolador não é significativo, em comparação à potência da lâmpada que ele
controla. Assim, o consumo de energia significativo é aquele inerente ao funciona-
mento dos relés, em que havendo o mau funcionamento destes proporcionará grande
desperdício de energia. Nesse sentido, é facilmente perceptível o potencial existente
para que um programa de eficiência energética neste segmento tenha êxito, e resulte
em uma economia significativa de energia para o País, mais ainda se consideramos
que a IP contribui para o horário de ponta do consumo, que tanto causa preocupação
aos gestores do sistema elétrico brasileiro.

Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5123:1998 – Relé


fotoelétrico e tomada para iluminação - Especificação e método de ensaio. Abril,
1998.

BRASIL. Lei nº. 8666, de 21 de junho de 1993, Lei de Licitações e Legislação em


Licitação. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.
htm>. Acesso em: 25 jan. 2012.

176 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Normas aplicáveis à
iluminação pública 5
Álvaro Medeiros de Faria Theisen Testtech Laboratórios
Isac Roizenblatt Abilux
Luciano Haas Rosito Cobei-ABNT-participante

Em paralelo ao desenvolvimento das tecnologias de ilumi-


nação, o mercado brasileiro também evoluiu nos últimos
anos na área de normalização, ferramenta fundamental
para aprimorar a qualidade e eficiência dos equipamentos.
O capítulo destaca o trabalho reiniciado, a partir de 2008, de
revisão de uma série de normas relacionadas ao segmento
de iluminação pública.

Normas aplicáveis à iluminação pública 177


Considerações iniciais

Em um mundo no qual a competitividade é acirrada e as exigências são cada vez


maiores, as instituições dependem de sua capacidade de incorporação de novas tec-
nologias de produtos, processos e serviços. Essa grande competição entre as empre-
sas minimizou as vantagens baseadas no uso de fatores abundantes e de baixo custo.
Assim, a normalização é cada vez mais valorizada e utilizada como uma ferramenta
para melhorar a qualidade e, dessa forma, reduzir custos com desperdícios.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com o processo
de normalização é possível obter uma utilização adequada de recursos (equipamen-
tos, materiais e humanos) e uma uniformização da produção, facilitando assim o
treinamento da mão de obra e melhorando seu nível de capacitação. Outros possíveis
benefícios são a padronização de equipamentos e componentes; o aumento de produ-
tividade; e a melhoria da qualidade do produto final.
Segundo a lei nº 8.666/1993 (Brasil, 1993), que trata sobre licitações e contratos
administrativos no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, somente produtos equivalentes, avaliados sob a mesma norma,
terão condições de concorrer em condição de igualdade.
A normalização funciona ainda como um excelente argumento para vendas ao
mercado internacional, bem como para regular a importação de produtos que não
estejam em conformidade com as normas do país importador.
Em iluminação pública existem normas que se referem basicamente:
1 – ao sistema de iluminação pública, definindo os índices mínimos para cada
situação, as classificações fotométricas e demais especificidades; e
2 – aos produtos aplicáveis no sistema, definindo seus requisitos de segurança
e eficiência.
O atendimento aos requisitos normativos é um dos fatores que coloca um de-
terminado produto de acordo com as exigências da lei, sendo assim uma condição
básica e necessária para sua produção e venda. Entretanto, muitas vezes é possível
encontrar no mercado equipamentos que não atendem aos requisitos normativos,
devido à ausência de organismos que verifiquem e fiscalizem essa situação.
Dessa forma, uma norma para equipamentos habitualmente serve de base para o
estabelecimento de um processo de avaliação da conformidade, no qual um organis-

178 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


mo verifica, por meio de procedimentos preestabelecidos, se um determinado produ-
to atende aos itens prescritos em sua regulamentação. No caso brasileiro, as normas
servem de base para as regulamentações do Programa Brasileiro de Etiquetagem
(PBE), coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
(Inmetro), e do Programa do Selo Procel Eletrobras.

Criação e revisão de normas de IP e seu estágio atual

De 2006 a 2010, a Eletrobras Procel, em conjunto com a Pontifícia Universida-


de Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), desenvolveu um vasto estudo sobre o
segmento de iluminação pública. Uma das principais recomendações extraídas desse
estudo foi referente à necessidade de iniciar um processo de revisão de diversas nor-
mas aplicadas a esse segmento. Para isso, em 2008, a Eletrobras Procel solicitou à
ABNT a reativação dos respectivos comitês de estudos para elaboração/revisão das
normas relacionadas à iluminação pública. Essa solicitação foi atendida e, a partir de
setembro de 2008, as normas passaram a ser revisadas.
Destaca-se que muitos dados provenientes do estudo realizado pela PUCRS e a
Eletrobras Procel estão sendo utilizados como subsídios para o processo de elabora-
ção e revisão das normas.
A seguir são relacionadas as normas e os respectivos status em que encontram-
-se (agosto de 2012) no processo de revisão:

• ABNT NBR 5101:2012 – Iluminação Pública – Procedimento, atualizada e pu-


blicada em abril de 2012 (ABNT, 2012-a);
• ABNT NBR IEC 60598 – 1:2010 – Luminárias – Requisitos Gerais – revisão
em 2010 (ABNT NBR IEC 60598-1:2010);
• ABNT NBR 15129:2012 – Luminárias para Iluminação Pública, publicada em
julho de 2012 (ABNT 2012-b);
• ABNT NBR 5123:1998 – Relé Fotoelétrico e Tomadas (ABNT, 1998);
• ABNT NBR 60598-2-5 – Projetores para Iluminação Pública (criação da norma);
• ABNT NBR 60598-2-13 – Projetores para uso embutido – em processo de
publicação (ABNT NBR IEC 60598-2-13); e

Normas aplicáveis à iluminação pública 179


• ABNT NBR 5181/1976 – Iluminação de túneis (ABNT, 1976) – em processo
de criação (ABNT NBR 5181:2013 – provável data de publicação)

As Comissões de Estudo (CE) para revisão de normas estão organizadas con-


forme abaixo:

CE 03:034:01 – Lâmpadas elétricas


Esta comissão tem trabalhado, além da atualização de normas, na tradução e
adaptação das normas de fonte de luz a LED.

CE 03:034:02 – Reatores, ignitores, transformadores e controles


Esta comissão já concluiu a revisão da NBR 13593 em 2011 relativa a reatores
para lâmpadas a vapor de sódio a alta pressão e vem finalizando a revisão da NBR
14305 referente a reatores para lâmpadas a vapor metálico e normas para reatores
para fontes de luz a LED (IEC 61347-2-13 e IEC 62383).

CE 03:034:03 – Luminárias e acessórios


Esta comissão já concluiu a revisão da NBR 60598-1 em 2010 e está publicando
a norma NBR IEC 60598-2-13 – Luminárias para uso embutido em piso, e a NBR
IEC 60598-2-1 – Luminárias fixas para uso em iluminação geral. Grande parte das
normas de equipamentos para iluminação pública passa por esta comissão. Em 2012,
entrou em pauta a criação de normas específicas para desempenho de luminárias a
LED e luminárias para uso geral.

CE 03:034:04 – Aplicações luminotécnicas e medições fotométricas


Esta comissão publicou em abril de 2012 a revisão da NBR 5101 – Iluminação
Pública. Encontram-se em processo de revisão as normas: NBR 5413 - Iluminação
de interiores e NBR 5181 – Iluminação de túneis.
Quando se fala em normas técnicas, normalmente se pensa em um documento
elaborado por alguma associação ou instituto que descreve os requisitos que um
produto ou sistema deve seguir. Na verdade, uma norma e suas revisões devem ser o
resultado da discussão da experiência acumulada por diversos profissionais, estando
o mais próximo do estado da arte daquele produto ou serviço.

180 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


A participação no processo de elaboração de normas é livre e voluntária, ca-
bendo aos interessados entrar em contato com a ABNT, que encaminhará o assunto
ao coordenador da comissão que trata da devida norma. As reuniões ocorrem nor-
malmente a cada 30 ou 45 dias, dependendo do andamento dos trabalhos, e seguem
uma série de regras adotadas para definição da representatividade, número de parti-
cipações com direito a voto, grupo que representa (produtor, consumidor ou neutro),
entre outros.

ABNT NBR 5101/2012 - Iluminação Pública

A principal norma utilizada em sistemas de IP no Brasil, no que se refere ao sis-


tema, é a ABNT NBR 5101 – Iluminação Pública, que é empregada para determinar
os parâmetros mínimos a serem considerados em um projeto e na sua verificação em
campo após a instalação. Essa norma tem por base os documentos da Illuminating
Engineering Society (IESNA – Sociedade de Engenharia da Iluminação), de normas
americanas, e teve a sua última atualização realizada em 2012, mas sua versão anterior
era de 1992, quando ainda predominava a tecnologia de lâmpadas a vapor de mercúrio.
De 1992 até 2012, houve a difusão da lâmpada a vapor de sódio, a criação do
programa Procel Reluz, que vem modificando e tornando eficiente grande parte da
iluminação pública das cidades do Brasil, a evolução da normalização em outros
países, e o surgimento das lâmpadas light emitting diode (LED – diodo emissor de
luz), que se apresentam em um estágio de testes na IP.
Com a reativação das comissões de estudo, entre elas a CE 03.034.04 que trata
dessa norma, surgiu novamente a oportunidade de revisar e republicar uma norma
atualizada de acordo o Código de Trânsito Brasileiro, com conceitos técnicos utili-
zando os critérios de luminância e de qualidade na iluminação, que evitam o ofusca-
mento e a poluição luminosa, e sejam relevantes para a melhoria da iluminação, com
eficiência e segurança no trânsito de veículos e pedestres.

Normas relativas aos materiais aplicados no sistema de IP

Além da ABNT NBR 5101/2012 que define os requisitos mínimos necessários


para iluminação de vias públicas, cabe também destacar as normas brasileiras re-

Normas aplicáveis à iluminação pública 181


ferentes aos equipamentos e materiais aplicados no sistema de iluminação pública
relacionadas a seguir:

• ABNT NBR IEC 60598/2010 – Luminárias (ABNT, 2010);


• ABNT NBR 15129/2004 - Luminárias para iluminação pública;
• ABNT NBR IEC 60662/1997 - Lâmpadas a vapor de sódio a alta pressão
(ABNT, 1997-a);
• ABNT NBR IEC 61167/1997 – Lâmpadas a vapor metálico (ABNT, 1997-b);
• ABNT NBR – 13593/2011 - Reator e ignitor para lâmpada a vapor de sódio a
alta pressão - Especificação e ensaios (ABNT, 2011);
• ABNT NBR - 5123/1998 - Relé fotoelétrico e tomada para iluminação (ABNT,
1998);
• IEC – 61048 e 61049 - Capacitor (IEC, 2006 e IEC, 1991);
• Demais normas - Postes, lâmpadas a vapor de mercúrio, conectores etc
• IEC – 60238:2005 – Porta-lâmpadas de rosca Edson (ABNT, 2005).

Considerações finais

A exigência da normalização e de avaliação da conformidade é uma tendência


mundial, principalmente em países desenvolvidos, que na maioria das vezes só ad-
mitem a comercialização de produtos seguros e que tenham sua conformidade ava-
liada. No Brasil, já é possível identificar essa tendência, embora ainda exista muita
desinformação.
Para que uma norma atinja plenamente os seus objetivos, esta deve estar atu-
alizada e assim refletir o que existe de mais moderno quanto ao estado da arte. É
necessário também, no caso de equipamentos, o desenvolvimento de um mecanismo
de avaliação da conformidade para validar se os equipamentos estão seguindo as
exigências estabelecidas na norma.
Nesse sentido, no segmento de IP, destacam-se os trabalhos desenvolvidos pela Ele-
trobras no âmbito do Programa do Selo Procel Eletrobras, que destaca para o consumidor
os reatores e lâmpadas mais eficientes comercializados no País, e os trabalhos da ABNT
para revisão/elaboração de praticamente todo arcabouço normativo desse segmento.

182 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5181:1976 Iluminação de


Túneis. Janeiro, 1976.
_______________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR IEC 60662:1997
Lâmpadas a vapor de sódio a alta pressão. Abril, 1997 - a.
_______________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR IEC
61167:1997 Lâmpadas a vapor metálico (halogenetos). Outubro, 1997 - b.
_______________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5123:1998
Relé fotoelétrico e tomada para iluminação - Especificação e método de ensaio.
Abril, 1998.
_______________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR IEC
60238:2005 Porta-lâmpadas de rosca Edison. Outubro, 2005.
_______________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR IEC 60598-
1:2010  Luminárias Parte 1: Requisitos gerais e ensaios. Novembro, 2010.
_______________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13593:2011
Reator e ignitor para lâmpada a vapor de sódio a alta pressão - Especificação e
ensaios. Janeiro, 2011.
_______________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5101:2012 –
Iluminação Pública - Procedimento. Abril, 2012 - a.
_______________. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15129:2012
Luminárias para iluminação pública - Requisitos particulares. Julho, 2012 - b.
BRASIL. Lei nº. 8666 de 21 de junho de 1993, Lei de Licitações e Legislação em
Licitação. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.
htm>. Acesso em: 25 jan. 2012.
IEC. International Electrotechnical Commission. IEC 6049 Capacitors for use in
tubular fluorescent and other discharge lamp circuits. Performance requirements.
Março, 1991.
_______________. International Electrotechnical Commission. IEC 6048
Auxiliaries for lamps: Capacitors for use in tubular fluorescent and other discharge
lamp circuits - General and safety requirements. Março, 2006.

Normas aplicáveis à iluminação pública 183


6 Contribuições do PEE para
a difusão de tecnologias e práticas
eficientes de iluminação

Máximo Luiz Pompermayer Aneel

Este capítulo descreve as contribuições do Programa de Efi-


ciência Energética (PEE) regulado pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel) para a difusão de tecnologias e prá-
ticas eficientes em iluminação, sendo um exemplo de po-
lítica pública para a área. Além de analisar os mecanismos
de incentivo adotados no PEE, o capítulo traz dados sobre
investimentos e resultados registrados no segmento de ilu-
minação pública.

184 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

Entre os fatos relevantes da reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro, ocorrida


em meados dos anos 1990, está a criação da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), responsável pela regulação e pela fiscalização dos serviços de energia elétrica
no Brasil. Entre as diversas competências e atribuições da Aneel está a de incentivar
a eficiência energética em todas as formas de produção, transmissão, distribuição, co-
mercialização e uso final da energia elétrica, conforme dispõe o Decreto no. 2.335, de
outubro de 1997, que regulamenta a Lei no. 9.427/1996 (Brasil, 1996).
Em cumprimento ao disposto no parágrafo anterior, a Aneel obrigou as conces-
sionárias de distribuição a destinarem parte da Receita Operacional Líquida (ROL) a
projetos de eficiência energética. Essa obrigação foi estabelecida mediante cláusula
contratual, e disciplinada pela Resolução no. 242, de 24 de julho de 1998, que pre-
via a destinação de pelo menos 1% da ROL em programas de eficiência energética.
Além do montante mínimo a ser observado, havia limites e percentuais mínimos
para segmentos e usos finais específicos, como iluminação pública, marketing e se-
tor industrial (Aneel, 1998).
A Resolução no. 261, de 3 de setembro de 1999, incluiu também a obrigação de
investimentos mínimos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), de forma que o per-
centual relativo à eficiência energética foi reduzido para 0,9% da ROL (Aneel, 1999).
Em 24 de julho de 2000, a Lei nº. 9.991 estendeu a todas as concessionárias e
permissionárias de distribuição de energia elétrica do País a obrigação de investimen-
tos em programas de eficiência energética, definindo o percentual mínimo de 0,5% da
ROL, até dezembro de 2005, e de 0,25%, a partir de janeiro de 2006 (Brasil, 2000).
O percentual de 0,5% da ROL foi estendido, inicialmente, até dezembro de 2010, por
meio da Lei no 11.465, de 28 de março de 2007, e, posteriormente, para dezembro de
2015, por meio da Lei no 12.212, de 20 de janeiro de 2010 (Brasil, 2007 e 2010).
Há outros programas e instrumentos de política pública para a promoção da
eficiência energética no Brasil, como o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)
e o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). Os maiores
investimentos públicos diretos em ações de eficiência energética ocorrem, porém,
no âmbito do PEE, cujo valor anual é crescente, visto que é proporcional à ROL do
setor, e está próximo de R$ 400 milhões.

Contribuições do PEE da Aneel para a difusão de tecnologias e práticas eficientes de iluminação 185
A razão de ser ou o diferencial do PEE é sua abrangência ou capilaridade, vis-
to que todas as concessionárias e permissionárias do País (cerca de 100, em 2012)
são obrigadas a executar projetos de eficiência energética nas respectivas áreas de
concessão/permissão. Dessa forma, projetos realizados em escala piloto em outros
programas, como a Eletrobras Procel, por exemplo, podem ser ampliados para to-
das as regiões e unidades da federação, incluindo vários setores de atividade e um
contingente maior de pessoas e unidades consumidoras. Somem-se a isso, o grande
volume de recursos disponíveis, a impossibilidade de contingenciamentos, por parte
do governo, e a menor interferência política na gestão ou destinação dos recursos.
Como política pública ou instrumento de promoção da eficiência energética no
País, entende-se que o principal objetivo do PEE é estimular o crescimento e a sus-
tentabilidade das ações de eficiência energética nos diversos setores de atividade e
usos finais de energia elétrica. Com base nesse pressuposto, busca-se dar uma des-
tinação racional aos recursos disponíveis e maximizar os benefícios do programa,
de modo que eles não se limitem aos consumidores contemplados pelos projetos e
ações de eficiência energética.
Entre os instrumentos utilizados pelo órgão regulador para assegurar racionali-
dade na aplicação dos recursos e maximizar os benefícios do programa, destacam-se:
definição das regras para aplicação dos recursos; fiscalização dos projetos e investi-
mentos realizados; avaliação e acompanhamento dos projetos executados; divulga-
ção dos resultados e benefícios alcançados.
Procura-se, assim, empreender esforços para que os investimentos sejam dire-
cionados para ações de eficiência energética que promovam mudança de hábitos e
induzam o mercado a incorporá-las no seu dia a dia. Tais ações incluem a substi-
tuição de equipamentos e a adoção de práticas de combate ao desperdício de ener-
gia nos vários setores de atividade e usos finais. Os projetos contemplam, também,
ações educativas, de treinamento, gestão e marketing.

Regras e diretrizes do PEE

Entre as principais diretrizes e regras para aplicação dos recursos do PEE, des-
tacam-se as seguintes: i) Relação Custo-Benefício (RCB) menor ou igual a 0,8; ii)
exigência de um Plano Plurianual de Investimentos; iii) Plano de Medição & Verifi-

186 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


cação dos resultados; iv) Exigência de Contrato de Desempenho para consumidores
ou beneficiários com fins lucrativos; v) Custos administrativos e de marketing limi-
tados a 5% dos investimentos realizados.
A Relação Custo-Benefício é um dos principais critérios de avaliação dos proje-
tos. Isso significa que cada real investido num dado projeto de eficiência energética
deve proporcionar uma economia de energia e/ou demanda evitada, cujo valor mo-
netário seja de no mínimo R$ 1,25.
A obrigatoriedade de apresentar um Plano Plurianual de investimentos leva
os agentes a planejarem a aplicação dos recursos e as ações realizadas, pros-
pectando segmentos e usos finais mais atrativos ou promissores em termos de
eficiência energética.
A exigência de um Plano de Medição & Verificação procura assegurar maior
precisão e credibilidade aos resultados dos projetos. A energia economizada e a
redução de demanda no horário de ponta são os principais indicadores de desem-
penho ou eficácia das ações e projetos realizados. Esses valores devem ser le-
vantados por meio de diagnósticos e práticas adequadas de medição e verificação
(M&V), observando-se as diretrizes do Protocolo Internacional para Medição e
Verificação de Performance (PIMVP), que fornece uma visão geral das melhores
práticas para medir e verificar os resultados de um projeto de eficiência energé-
tica (EVO, 2011).
A exigência de recuperação do investimento realizado, por meio de contra-
tos de desempenho, quando envolve empresas ou entidades com fins lucrativos,
assegura mais racionalidade no uso dos recursos do programa e evita a transfe-
rência de recursos públicos para usuários com fins lucrativos. O limite de 5% dos
investimentos realizados para custos administrativos e marketing também é uma
forma de racionalizar a aplicação dos recursos do Programa e direcioná-los para
ações de eficiência energética.
Em termos de classe de consumidores ou de setores de atividade, todos são ou
podem ser contemplados pelo Programa. A única restrição é a destinação de um per-
centual mínimo para consumidores de baixa renda. A primeira diretriz foi imposta
pela Aneel, em novembro de 2005, por meio da Resolução Normativa nº. 176, que
obrigava a destinação de, no mínimo, 50% dos recursos do Programa para projetos
destinados a comunidades de baixo poder aquisitivo (Aneel, 2005).

Contribuições do PEE da Aneel para a difusão de tecnologias e práticas eficientes de iluminação 187
A intenção da Aneel era nobre, visto que, além de ganhos de eficiência
energética e redução de perdas por inadimplência, fraudes e demais irregula-
ridades no uso da energia elétrica, os projetos proporcionariam transferência
de renda para comunidades carentes e melhoria nas condições de vida de um
número considerável de pessoas. Mas, como instrumento de difusão de tec-
nologias e práticas de uso eficiente de energia, há dúvidas sobre a eficácia ou
razoabilidade desse mecanismo, visto que o consumo de energia elétrica dessa
categoria corresponde a menos de 5% do consumo de energia elétrica de todos
os setores de atividade.
Apesar da polêmica e das dúvidas em relação à eficácia e à razoabilidade da me-
dida, ela acabou se transformando em lei (Lei nº. 12.212, de 20 de janeiro de 2010),
com a diretriz de elevar o percentual mínimo para 60% dos recursos do programa
e reduzir o público-alvo a consumidores beneficiados pela Tarifa Social de Energia
Elétrica (TSEE), os quais são responsáveis por cerca de 3,7% do consumo de energia
elétrica do País (Brasil, 2010).
A medida é inviável para algumas concessionárias e de difícil implantação para
outras, visto que uma parte considerável dos consumidores de baixa renda não con-
segue enquadramento na TSEE e outra apresenta um nível de consumo tão baixo que
inviabiliza ações de eficiência energética. Some-se a isso o fato de que um consumi-
dor pode deixar de ser (e voltar a ser) enquadrado na TSEE a qualquer tempo, o que
dificulta o controle do cumprimento desse dispositivo legal.
Quanto à tipologia de projetos ou usos finais, a única restrição se refere à Ilumi-
nação Pública, que, conforme será analisado mais adiante, deixou de ser contempla-
da com recursos do PEE, visto que há um programa específico para a promoção da
eficiência energética nesse segmento, o Programa Nacional de Iluminação Pública
Eficiente (Reluz), executado pela Eletrobras Procel.
Entre as principais tipologias de projeto do PEE estão os Projetos Con-
vencionais, cujas medidas, embora não adotadas em grande escala, já são con-
sagradas pelo mercado, de modo que os resultados desses projetos são mais
previsíveis e mais fáceis de mensurar. A inclusão dessa tipologia de proje-
tos no PEE se justifica pela existência de barreiras para sua implantação em
grande escala. Por meio de projetos demonstrativos, incluindo informação e
marketing, busca-se ampliar a difusão dessas práticas no mercado. Um exem-

188 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


plo clássico de projeto ou medida convencional é a substituição de lâmpadas
incandescentes por fluorescentes compactas, notadamente em consumidores
residenciais de baixa renda.
Outra tipologia importante é a denominada Projetos Educacionais, cujas ações
são dirigidas à formação de uma cultura de conservação e uso eficiente de energia,
no público escolar e em comunidades de baixo poder aquisitivo. A principal refe-
rência para a implantação e avaliação de projetos educacionais é a metodologia do
Procel nas Escolas (Didonet, 2006), estabelecido no Manual para a Elaboração do
Programa de Eficiência Energética (Aneel, 2008).
Também estão entre as tipologias de projetos do PEE os Projetos de Ges-
tão Energética, destinados à melhoria da gestão energética nos serviços pú-
blicos, especialmente na esfera do poder público municipal, no qual há maior
carência de informação e conhecimento para implantação de ações de eficiên-
cia energética. Uma tipologia bastante conhecida no mercado é a denominada
Gestão Energética Municipal (GEM), cuja metodologia foi desenvolvida pelo
Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), em parceria com a
Eletrobras Procel.
Uma das tipologias mais importantes de projeto, embora pouco utilizada pelos
agentes, é a dos Projetos Pilotos, que envolve tecnologias e/ou práticas inovadoras,
incluindo pioneirismo tecnológico e aquisição de experiência para ampliação da es-
cala de execução.

Investimentos e resultados do PEE

Como pode ser verificado na tabela 6.1, foram investidos quase R$ 2 bilhões
entre os ciclos 1998/1999 e 2006/2007 (primeira fase do Programa), o que propor-
cionou uma economia de energia de 5.591 GWh e uma demanda evitada no horário
de ponta do sistema de 1.691 MW. Essa redução na demanda corresponde a uma
usina hidrelétrica de grande porte, cuja implantação exigiria cerca de R$ 5 bilhões
de investimentos. A energia economizada ao longo desse período correspondeu a
cerca de 5% do consumo residencial em 2011 – 113.221 GWh – (EPE, 2012), o que
significa uma economia anual de mais de R$ 1 bilhão, considerando a tarifa média
de fornecimento em janeiro de 2011 – R$ 213,58/MWh.

Contribuições do PEE da Aneel para a difusão de tecnologias e práticas eficientes de iluminação 189
Tabela 6.1 • Investimentos realizados e resultados obtidos/estimados no período de 1998/1999 a 2006/2007
Número de Investimento Energia Eco. Demanda Evitada
Ciclo Empresas (milhões de R$) (GWh/ano) (MW)
1998/1999 17 196 755 250
1999/2000 42 230 1020 370
2000/2001 64 152 894 251
2001/2002 64 142 348 85
2002/2003 64 154 222 54
2003/2004 64 313 489 110
2004/2005 64 175 925 275
2005/2006 63 311 569 158
2006/2007 61 261 369 138
Total - 1.934 5.591 1.691
(SPE/Aneel)

Mais importante, porém, que os números apresentados na tabela 6.1 são os im-
pactos das medidas de eficiência no dia a dia das pessoas e organizações, criando
hábitos mais eficientes de uso da energia e novas oportunidades de negócio. Embora
a vida útil (permanência ou duração) de alguns projetos seja relativamente curta
(substituição de lâmpadas, por exemplo), o efeito das medidas tende a ir além da
vida útil dos equipamentos instalados. Um exemplo de efeito de longo prazo e de
grande alcance é o caso dos projetos educacionais, cujos beneficiários tendem a per-
petuar práticas e transmitir conhecimento para toda a sociedade.
A tabela 6.2 apresenta os investimentos e resultados por tipo de projeto, conside-
rando o período entre os ciclos 2000/2001 e 2004/2005. Como se pode observar, cerca
de 40% dos investimentos foram destinados à Iluminação Pública, segmento responsá-
vel por 28% da energia economizada nesse período e 23% da demanda evitada.

Tabela 6.2 • Investimentos realizados e resultados obtidos/estimados entre os ciclos 2000/2001 e 2004/2005
Energia Econ. Demanda Evitada
Tipo de Projeto Investimento (R$) RCB
(GWh/ano) (MW)
Iluminação Pública 374.608.281,00 797 175 0,48
Residencial 133.474.859,00 930 313 0,32
Industrial 95.992.780,00 376 59 0,32
Serviços Públicos 91.277.906,00 312 118 0,45
Educação 80.878.694,00 90 25 0,11
Comércio e Serviços 59.489.341,00 130 30 0,21
Poder Público 34.788.865,00 57 14 0,67
Aquecimento Solar 19.406.493,00 n.d. n.d. n.d.
Rural 14.568.725,00 83 9 0,25
Perdas 12.408.139,00 79 17 0,12
Gestão E. Municipal 11.470.338,00 n.d. n.d. n.d.
Fator de Carga 11.271.382,00 0,6 6 0,09
Total 939.635.803,00 2.855 766 0,37
(SPE/Aneel)

190 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Quanto à relação custo-benefício (RCB) das ações, verifica-se um índice médio
de 0,37, o que significa um retorno de R$ 2,70 para cada real investido em ações de
eficiência energética. Desconsiderando medidas de menor impacto direto ou ime-
diato em termos de energia economizada e/ou demanda evitada, como melhoria do
fator de carga, redução de perdas e gestão energética, o segmento que apresentou
melhor relação custo-benefício foi o de comércio e serviços, com RCB igual a 0,21.
Os setores residencial e o industrial também apresentaram excelente relação custo-
-benefício, com índice igual a 0,32. O pior desempenho foi observado no setor pú-
blico, cujo índice médio foi de 0,67.
Na segunda fase do Programa (posterior ao ciclo 2006/2007), cuja análise em
termos de impactos na área de iluminação será feita no próximo item, foi cadastrado
na Aneel, até 15 de novembro de 2011, um total de 913 projetos, com investimentos
previstos de aproximadamente R$ 2,4 bilhões. Supondo a permanência das medidas
adotadas, estima-se uma economia de energia de 2.065 GWh por ano e uma deman-
da evitada de 705 MW (tabela 6.3).

Tabela 6.3 • Investimentos realizados/previstos e resultados obtidos/estimados a partir de 2008


Segmento/ Quantidade Investimento Energia Economizada Redução de
Tipologia de Projetos (R$) (MWh/ano) Demanda (MW)
Aquecimento Solar 26 98.617.014,03 29.056,63 19.576,78
Baixa Renda 223 1.524.776.481,67 1.410.677,37 528.652,39
Comércio e Serviços 119 27.090.845,10 18.264,23 6.123,65
Industrial 20 49.881.375,66 27.438,63 2.413,04
Poder Público 274 317.389.827,78 237.206,21 52.948,10
Projeto Piloto 10 31.094.781,05 31.848,78 21.133,17
Rural 55 21.995.235,06 32.979,88 16.170,62
Serviços Públicos 106 126.366.934,09 118.739,53 26.190,99
Gestão Energética 11 6.924.959,59 - -
Municipal
Educacional 37 69.000.343,01 5.559,42 1.601,29
Pelo Lado da Oferta 1 5.557.510,70 480,00 320,00
Cogeração 5 65.232.827,40 70.227,60 8.751,99
Total 887 2.343.928.135,14 1.982.478,28 675.130,03

(SPE/Aneel)

Observa-se, ainda, que 63% dos investimentos previstos serão destinados ao


segmento residencial de baixa renda, em atendimento ao disposto na Lei no. 12.212,

Contribuições do PEE da Aneel para a difusão de tecnologias e práticas eficientes de iluminação 191
de 20 de janeiro de 2010. Entre os demais segmentos, destaca-se o Poder Público,
responsável por 30% dos projetos e 13% dos investimentos previstos.

Contribuições do PEE na área de iluminação

A iluminação sempre teve destaque em programas de eficiência energética, no-


tadamente em países em desenvolvimento. Não tem sido diferente no âmbito do
PEE, no qual a iluminação é o uso final com maior índice de participação nos proje-
tos, tomando como referência os investimentos realizados.
Nos primeiros ciclos do Programa (1998/1999 a 2004/2005), deu-se ênfase ao
segmento de iluminação pública, para onde foram destinados R$ 444 milhões, o que
correspondeu a cerca de 1/3 dos recursos do Programa, como indicado na tabela 6.4.
Esses investimentos proporcionaram uma economia de energia estimada em cerca
de 1.100 GWh por ano e uma redução de demanda no horário de ponta do sistema
de 246 MW (tabela 6.5).

Tabela 6.4 • Investimentos realizados no segmento de IP no período de 1998/1999 a 2004/2005 (R$)


Ciclo IP Total IP/Total
1998/1999 36.029.426,00 214.784.397,00 17%
1999/2000 33.478.608,00 173.264.052,00 19%
2000/2001 36.692.318,00 150.871.406,00 24%
2001/2002 85.561.089,00 143.301.351,00 60%
2002/2003 77.572.108,00 157.304.198,00 49%
2003/2004 117.422.832,00 313.013.414,00 38%
2004/2005 57.359.934,00 175.125.754,00 33%
Total 444.116.315,00 1.327.664.572,00 33%
(SRC/Aneel)

Tabela 6.5 • Energia economizada e demanda evitada pelos investimentos realizados em IP


Energia Economizada Demanda evitada
Ciclo (MWh/ano) (kW)
1998/1999 171.590 37.961
1999/2000 142.996 32.952
2000/2001 140.494 32.458
2001/2002 178.490 41.007
2002/2003 111.242 24.577
2003/2004 136.911 30.785
2004/2005 229.439 45.887
Total 1.111.162 245.627
(SRC/Aneel)

192 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Embora já existissem investimentos expressivos nos três primeiros ciclos do
Programa em Iluminação Pública (IP), conforme pode ser verificado na tabela 6.4,
foi dada maior ênfase a esse segmento durante o ciclo 2001/2002, em decorrência da
restrição no abastecimento de energia elétrica decretado pelo Governo Federal. Tal
ênfase ou prioridade foi instituída por meio da Resolução no. 186, de maio de 2001
(Aneel, 2001 - a).
Algo similar ocorreu com o setor residencial, mais especificamente com a classe
residencial de baixa renda, cujo sistema de iluminação era constituído, basicamente,
por lâmpadas incandescentes. A Resolução no. 153, de 18 de abril de 2001, estabele-
ceu que, no ciclo 2000/2001, as concessionárias e permissionárias do serviço público
de distribuição de energia elétrica deveriam aplicar 100% dos recursos do PEE em
projetos de doação de lâmpadas fluorescentes compactas aos consumidores de baixo
poder aquisitivo (Aneel, 2001- b).
A resolução a que se refere o parágrafo anterior foi modificada pela Resolução
no. 186, já citada, que incluiu no programa a eficientização de sistemas de ilumina-
ção pública. Como se observa na tabela 6.6, a seguir, 51,7% dos investimentos reali-
zados naquele ciclo foram destinados à doação de lâmpadas fluorescentes compactas
(LFCs) ao segmento residencial de baixa renda1.
Em termos de substituições de lâmpadas ou de pontos de iluminação,
levantamentos feitos pela área responsável pelo PEE naquela época indica-
vam que, no ciclo 2000/2001, houve a substituição de 3,4 milhões de lâm-
padas incandescentes por fluorescentes compactas, no setor residencial, e
de 316 mil pontos de iluminação pública. Nos ciclos anteriores (1998/1999
e 1999/2000), foram realizadas 310 mil substituições no setor residencial e
770 mil substituições de pontos de IP. Não se fez, ainda, esse levantamento
para os ciclos seguintes (2001/2002 a 2004/2005), mas uma extrapolação da
relação observada entre os investimentos realizados nos ciclos anteriores e o
número de lâmpadas substituídas indica que, do início do Programa até o ci-
clo 2004/2005, foram realizadas 6.101.145 substituições no setor residencial
e 4.539.711 no segmento de IP.

1 Somando os 24% destinados à IP, restaram 24,3% dos investimentos realizados naquele ciclo, os quais já haviam sido
aprovados pela Aneel, segundo a regulamentação anterior (Resolução no. 271, de 19 de julho de 2000 – Aneel, 2000).

Contribuições do PEE da Aneel para a difusão de tecnologias e práticas eficientes de iluminação 193
Tabela 6.6 • Investimentos realizados no segmento residencial entre 1998/1999 e 2004/2005 (R$)
Segmento Residencial (A) Total (B) A/B
1998/1999 5.745.462,00 214.784.397,00 2,7%
1999/2000 4.057.789,00 173.264.052,00 2,3%
2000/2001 78.018.057,00 150.871.406,00 51,7%
2001/2002 14.740.564,00 143.301.351,00 10,3%
2002/2003 1.907.937,00 157.304.198,00 1,2%
2003/2004 11.032.301,00 313.013.414,00 3,5%
2004/2005 27.776.000,00 175.125.754,00 15,9%
Total 143.278.110 1.014.651.158 14,1%
(SRC/Aneel)

Em novembro de 2005, por meio da Resolução Normativa no. 176 (Aneel,


2005), houve nova ênfase à iluminação, embora de maneira indireta e restrita às
lâmpadas fluorescentes compactas. Trata-se da prioridade ao segmento residencial
baixa renda, para onde as concessionárias deviam destinar pelo menos 50% dos re-
cursos do programa.
Segundo levantamentos realizados pela área responsável pela regulação do pro-
grama no ciclo 2005/2006, a Superintendência de Regulação da Comercialização
da Eletricidade (SRC), no ciclo, cerca de R$ 185 milhões foram destinados ao seg-
mento residencial baixa renda, o equivalente a 62,3% dos recursos do Programa. Em
compensação, vários segmentos ou usos finais foram excluídos, como se observa na
tabela 6.7, cujos dados são relativos ao ciclo 2005/2006.

Tabela 6.7• Investimentos realizados e resultados obtidos/estimados no ciclo 2005/2006


Investimento Energia Economizada Redução de Demanda
Tipo de Projeto Apropriado (R$) (MWh/ano) na Ponta (kW)
Baixa Renda 184.731.222,36 320.783,14 103.452,48
Industrial 43.896.747,13 141.390,37 16.771,28
Serviços Públicos 16.097.515,48 20.332,96 4.658,39
Comércio e Serviços 12.673.795,52 14.997,58 4.080,13
Poderes Públicos 32.023.246,98 34.203,24 8.985,13
Aquecimento Solar 2.486.917,19 691,09 593,85
Rural 4.529.310,18 5.672,44 2.563,34
Total 296.438.754,84 538.070,82 141.104,60
(SRC/Aneel)

O argumento utilizado para a exclusão do segmento de iluminação pública do


PEE foi a existência de um programa de eficiência energética específico para esse
segmento, o Procel Reluz –, que previa investimentos de R$ 2 bilhões, para tornar

194 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


eficientes cinco milhões de pontos de iluminação pública, e instalar mais um milhão
de pontos no País (Eletrobras Procel, 2012).
A exclusão dos projetos educacionais e dos projetos de gestão energética mu-
nicipal foi motivada pelas dificuldades na análise e aferição dos resultados efetiva-
mente alcançados, tomando como referência as economias de energia e possíveis
reduções de demanda na ponta.
No ciclo seguinte (2006/2007), cerca de 70% dos investimentos realizados fo-
ram destinados ao segmento residencial de baixa renda (tabela 6.8). Entre os de-
mais setores de atividade ou segmentos, destaca-se o setor público (Poder Público
+ Serviços Públicos), para os quais foram destinados cerca de R$ 43 milhões, o que
corresponde a 16% dos investimentos realizados.
Extrapolando-se a relação entre investimento realizado e lâmpadas substituídas
nos ciclos mencionados, estima-se em cerca de 18 milhões o número de substitui-
ções realizadas nos ciclos 2005/2006 e 2006/2007. Incluindo as substituições reali-
zadas no período anterior, chega-se a um total de 24.336.344 substituições até o ciclo
2006/2007.

Tabela 6.8 • Investimentos realizados e resultados obtidos/estimados no ciclo 2006/2007


Energia Economizada Redução de Demanda
Tipologia Investimento (R$) (MWh/ano) na Ponta (kW)
Aquecimento Solar 2.437.729,53 725 805
Baixa Renda 188.525.009,97 260.685 112.424
Comércio e Serviços 13.773.401,49 15.083 3.285
Industrial 17.176.952,62 47.042 10.399
Poder Público 30409118,81 32.139 8.502
Projeto Piloto 1.011.766,64 923 244
Rural 2.680.812,55 2.104 1.092
Serviços Públicos 12.297.877,19 22.338 4.013
Total 268.312.668,80 381.039 140.764

(SPE/Aneel)

Em fevereiro de 2008, com a publicação da Resolução Normativa no. 300, houve


grande mudança na sistemática de avaliação dos projetos do PEE, mas nada mudou
em relação à ênfase no segmento residencial de baixa renda (Aneel, 2008). A avalia-
ção inicial ficou restrita aos projetos pilotos, educacionais e de gestão energética, de

Contribuições do PEE da Aneel para a difusão de tecnologias e práticas eficientes de iluminação 195
forma que as concessionárias e permissionárias de distribuição realizam os projetos
e, somente ao final, depois de concluído e auditado, contabilmente, por empresa de
auditoria independente, submetem à avaliação da Aneel. Uma vez comprovados os
resultados obtidos e observados os critérios estabelecidos no Manual para Elabora-
ção do Programa de Eficiência Energética, os investimentos feitos são reconhecidos
pela Aneel.
Nova mudança, com ainda mais ênfase ao segmento residencial de baixa renda,
ocorreu em janeiro de 2010, com a publicação da Lei no. 12.212, que, por meio de
alteração na Lei no. 9.991, de 24 de julho de 2000, ampliou o percentual mínimo
destinado a esse segmento, de 50% para 60%, e restringiu o público-alvo a consumi-
dores beneficiados pela TSEE (Brasil, 2012).
Como já apresentado anteriormente (ver tabela 6.3), cerca de 63% dos investi-
mentos previstos até dezembro de 2011 foram destinados ao segmento residencial
de baixa renda, no qual se destacou a substituição de lâmpadas incandescentes por
fluorescentes compactas.
Em termos de equipamentos ou intervenções nos sistemas de iluminação, in-
cluindo lâmpadas fluorescentes compactas (LFC), lâmpadas fluorescentes tubulares
(LFT) e diodos emissores de luz (LED), levantamentos indicam cerca de 20 milhões
de pontos de iluminação, dos quais 85% correspondem às LFCs, que substituíram às
lâmpadas incandescentes. O restante se distribui entre LFTs (14,3%) e LEDs (0,7%),
conforme tabela 6.9.

Tabela 6.9 • Número de lâmpadas substituídas/distribuídas no âmbito do PEE a partir de 2008


Tipo Quantidade Porcentagem
LED - Diodo Emissor de Luz 132.757 0,7%
LFC - Lâmpada Fluorescente Compacta 16.674.679 85%
LFT - Lâmpada Fluorescente Tubular 2.812.382 14,3%
Total 19.619.818 100%

(SPE/Aneel)

A tabela 6.10 apresenta a distribuição das lâmpadas nos vários setores ou clas-
ses de consumidores. Como pode ser observado, 81% das lâmpadas foram destina-
das à classe residencial de baixa renda e 14,4% ao poder público.

196 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Tabela 6.10 • Lâmpadas substituídas/distribuídas no âmbito do PEE a partir de 2008 por setor
Tipologia Quantidade Porcentagem
Baixa Renda 15.898.336 81,03%
Comércio e Serviços 112.135 0,57%
Educacional 71.206 0,36%
Industrial 15.861 0,08%
Poder Público 2.816.212 14,35%
Projeto Piloto 32.401 0,17%
Residencial 523.699 2,67%
Rural 1.427 0,01%
Serviços Públicos 148.541 0,76%
Total 19.619.818 100%

(SPE/Aneel)

Incluindo os 24,3 milhões de lâmpadas fluorescentes compactas distribuídas no


período anterior (até 2006/2007), somam-se aproximadamente 44 milhões de lâmpa-
das ineficientes substituídas por tecnologias mais eficientes de iluminação.
A tabela 6.11 apresenta os resultados em termos de energia economizada (MWh/
ano) e de demanda evitada no horário de ponta. Como se observa, estima-se uma
economia anual de energia de 1.150 GWh e uma redução de aproximadamente 422
MW na demanda do sistema.

Tabela 6.11• Resultados decorrentes de melhorias nos sistemas de iluminação realizadas no âmbito do
PEE a partir de 2008
Energia Economizada Redução de Demanda na
Tipologia (MWh/ano) Ponta (kW)
Baixa Renda 841.116 333.900
Comércio e Serviços 7.935 1.943
Educacional 5.001 1.852
Industrial 10.043 1.317
Poder Público 215.789 47.405
Projeto Piloto 8.860 14.018
Residencial 42.153 16.777
Rural 30 18
Serviços Públicos 20.376 4.699
Total 1.151.303 421.929

(SPE/Aneel)

Contribuições do PEE da Aneel para a difusão de tecnologias e práticas eficientes de iluminação 197
Esses números indicam que, em média, cada lâmpada substituída propor-
ciona uma economia anual de energia de 58,7 kWh e contribui com 21,5 W em
termos de demanda evitada. Considerando uma vida útil de 8.000 horas e um
tempo médio de uso diário de quatro horas, estima-se em 12,8 TWh a energia
economizada pela substituição de lâmpadas incandescentes no âmbito do PEE,
desde o primeiro ciclo do Programa. Esse montante corresponde a cerca de
3% de toda a energia elétrica consumida no Brasil em 2010 (EPE, 2011). Em
termos de demanda evitada, estima-se em 860 MW de potência evitada no ho-
rário de ponta do sistema, o que corresponde a quase 1% de toda a capacidade
instalada no País em 2010.

Considerações finais

O programa de eficiência energética regulado pela Aneel é um dos principais


mecanismos públicos de promoção da eficiência energética no setor de energia elé-
trica. Com volume de recursos crescentes e da ordem de R$ 400 milhões por ano, as
concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica realizam proje-
tos de eficiência energética nos vários setores de atividade e usos finais, disseminan-
do informações relevantes e práticas de uso eficiente de um recurso estratégico para
o desenvolvimento socioeconômico do País.
Há, entretanto, lacunas e vieses que precisam ser corrigidos. Falta, por
exemplo, alinhamento entre as diretrizes e projetos realizados no âmbito do PEE
e as metas de eficiência energética estabelecidas no Plano Nacional de Energia
(PNE). Enquanto se estabelecem metas ousadas de eficiência energética no PNE,
em termos de energia economizada, direcionam-se os recursos do PEE para uni-
dades consumidoras de baixo consumo de energia elétrica.
Os dados históricos do PEE indicam uma economia média de energia em torno
de 550 GWh por ano, com tendência de redução, quando se comparam as duas fases
do Programa. Por outro lado, o PNE 2030 estabelece em 106,6 TWh a energia eco-
nomizada em 20 anos, o que significa uma média anual de 5.330 GWh, quase dez
vezes o que se tem conseguido no âmbito do PEE.
Embora o PEE esteja livre de contingenciamentos orçamentários do Governo,
não está imune a interferências de natureza político-partidária. A destinação de, no

198 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


mínimo, 60% dos recursos do Programa para consumidores beneficiados pela TSEE,
cujo consumo corresponde a menos de 4% da energia elétrica consumida no País, é
um exemplo claro de orientação política dos recursos do Programa.
Por outro lado, são evidentes os benefícios do programa na difusão de tecnolo-
gias eficientes de iluminação, notadamente no segmento de iluminação pública e em
consumidores de baixa renda, no qual se observam números expressivos em termos
de equipamentos substituídos, de energia economizada e de demanda evitada no
horário de ponta do sistema.
Mesmo sem orientação explícita para investimentos em projetos de eficiência
energética na área de iluminação, o que ocorreu somente nos primeiros ciclos, espe-
cialmente em 2001/2002, quando se obrigou as empresas a destinar 100% dos recur-
sos do PEE para projetos dessa natureza, verifica-se forte presença dessa tipologia de
projetos nos demais ciclos do Programa. Uma das razões pelas quais isso ocorre é a
relativa facilidade na implantação de medidas dessa natureza, visto que requer pouca
intervenção na unidade consumidora e os equipamentos (essencialmente, lâmpadas)
são de fácil transporte e manuseio.
Outro argumento favorável à implementação de projetos de eficiência energé-
tica na área de iluminação, notadamente no setor residencial, é a relação custo-be-
nefício (RCB) da medida. Enquanto a substituição de uma geladeira por outra mais
eficiente apresenta RCB > 1, considerando os custos de logística e reciclagem, esse
valor costuma ficar abaixo de 0,4 nos projetos de substituição de lâmpadas incandes-
centes por fluorescentes compactas.
Consta-se, portanto, que o programa de eficiência energética regulado pela Ane-
el (PEE) tem contribuído, substancialmente, para a difusão de tecnologias eficientes
de iluminação.

Referências

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julho de 1998. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo,
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200 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


EPE. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço energético nacional 2011: ano
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verificação de performance – PIMVP. Disponível em: <http://www.evo-orld.org/
>. Acesso em: 28 jan. 2011.

Contribuições do PEE da Aneel para a difusão de tecnologias e práticas eficientes de iluminação 201
7 Capacitação, formação
e disseminação da iluminação

Daniel Delgado Bouts Eletrobras Procel

Além de abordar critérios e práticas de ensino da ilumina-


ção, esta parte do livro apresenta experiências de como
ações de parceria vêm ajudando na capacitação e formação
técnica e profissional e na disseminação do tema ilumina-
ção. Os exemplos são o Centro de Excelência em Iluminação
Pública (CEIP), com a Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUC-RS); o Laboratório de Eficiência Energé-
tica (LEENER) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF);
e os centros de demonstração.

202 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Ao longo dos capítulos anteriores, o livro não deixa dúvidas sobre o crescimento,
nos últimos anos, do segmento de iluminação no mercado brasileiro. Novas tecnologias,
iniciativas e programas nas mais diversas áreas - como o Programa Nacional de Ilumina-
ção Pública e Sinalização Semafória Eficientes (Procel Reluz) e o Programa de Eficiência
Energética (PEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - e um conjunto de
normas foram desenvolvidos ou aperfeiçoados em busca de maiores níveis de eficiência
na iluminação pública, residencial, industrial e no setor de prestação de serviços em geral,
sobretudo, a partir de 2001, quando o País viveu uma crise no abastecimento de energia.
Aliado à maior conscientização da sociedade, distribuidoras de energia, fabricantes, uni-
versidades, associações setoriais ou de classe, centros de pesquisas e universidades, entre ou-
tros agentes que gravitam de alguma forma no segmento de iluminação, viram a necessidade
de aumentar os investimentos não só na disseminação do conhecimento sobre o tema, mas
também na formação, capacitação e no treinamento de técnicos e profissionais.
O mercado brasileiro já tem boas experiências de iniciativas que favoreceram a dis-
seminação do assunto, assim como a capacitação e formação técnica, profissional e o de-
senvolvimento da pesquisa. Um exemplo foi o trabalho do Centro de Excelência em Ilu-
minação Pública (CEIP), criado a partir da parceria entre a Eletrobras e os Laboratórios
Especializados em Eletroeletrônica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (Labelo/PUCRS), que vem contribuindo para a disseminação da temática.
No que diz respeito à disseminação de informações sobre a aplicação prática que
visa à redução do desperdício de energia, o Brasil traz o bom exemplo da formação de
centros de demonstração, com certeza, um passo para o mercado ficar antenado com o
estado da arte tecnológica. Esses centros têm por objetivo a interação do público com téc-
nicas e equipamentos eficientes em operação e a consequente absorção do conhecimento
e sua disseminação por meio dessa experiência prática.
Outro bom caso que reúne experimento, envolvimento acadêmico, capacitação e dissemi-
nação do conhecimento vem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), após a criação
do Laboratório de Eficiência Energética (LEENER), hoje reconhecido nacional e internacio-
nalmente pela competência técnica acumulada. Mais detalhes sobre cada uma dessas iniciativas
serão abordados nos próximos capítulos, mostrando que o Brasil, além de acompanhar de forma
atuante as mudanças tecnológicas, mercadológicas, regulatórias e normativas do mundo da ilu-
minação, vem buscando investir na capacitação, qualificação e formação técnica e profissional
para suportar a dinâmica de um mercado efervescente e altamente dinâmico.

Capacitação,formação e disseminação da iluminação 203


7.1 O Centro de Excelência
em Iluminação Pública

Cássio Alexandre Pereira de Souza Labelo-PUCRS


Domingos Francisco Malaguez Alves Labelo-PUCRS
Luciano Haas Rosito Cobei-ABNT-participante
Mauricio Wahast Avila Labelo-PUCRS

Este artigo reúne informações sobre o Centro de Excelência


em Iluminação Pública (CEIP), projeto que surgiu a partir da
necessidade das prefeituras, concessionárias, projetistas e
empresas que atuam na área. O projeto possibilitou o tra-
tamento científico e sistematizado do tema iluminação pú-
blica no País, trazendo benefícios como a melhoria da qua-
lidade dos equipamentos utilizados, aumento da eficiência
energética, maior segurança à população, redução do custo
de manutenção e do consumo de energia.

204 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

A iluminação pública (IP) é essencial à qualidade de vida nos centros urba-


nos, atuando como instrumento de cidadania, permitindo à sociedade desfrutar
plenamente do espaço público no período noturno. Além de estar diretamente
ligada à segurança pública no tráfego, previne a criminalidade (Clark, 2004),
embeleza as áreas urbanas, destaca e valoriza monumentos, prédios e paisagens,
facilita a hierarquia viária, orienta percursos e permite melhor aproveitamento
das áreas de lazer. A IP no Brasil corresponde a aproximadamente 4,5% da de-
manda nacional e a 3,4% do consumo total de energia elétrica do país, equiva-
lente a uma demanda de 2,2 GW e a um consumo de 10,3 bilhões de kWh/ano,
segundo dados do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – Pro-
cel (Eletrobras Procel, 2007; 2012).

A origem do CEIP

Desde 1995, a Eletrobras Procel vem atuando em conjunto com as concessioná-


rias de energia elétrica, no intuito de aprimorar a interação destas com as adminis-
trações municipais. Com isso, a Eletrobras buscou ampliar o alcance dos benefícios
para toda a sociedade brasileira, instituindo, em 2000, o Programa Nacional de Ilu-
minação Pública Eficiente – Reluz (Barbosa; Almeida, 2004).
Nesse contexto, surgiu a necessidade de a Eletrobras estabelecer uma parceria
para o desenvolvimento de um trabalho voltado ao atendimento das necessidades das
prefeituras e concessionárias, no que tange às especificações técnicas e análise dos
produtos de IP, almejando níveis cada vez mais elevados de eficiência energética.
Com isso, o Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica da Pontifícia Uni-
versidade Católica do Rio Grande do Sul (Labelo/PUCRS) tornou-se parceiro da
Eletrobras, com a finalidade de disseminar o conhecimento gerado e aplicá-lo para o
desenvolvimento de um modelo de gestão de IP para o estado do Rio Grande do Sul.
Essa parceria resultou na criação do Centro de Excelência em Iluminação Públi-
ca (CEIP), que foi inaugurado em setembro de 2006, com o objetivo de qualificar os
produtos de IP por meio de ensaios realizados em reatores, relés, lâmpadas, luminá-
rias e porta-lâmpadas, encaminhados pelas prefeituras, concessionárias e fabricantes.

O Centro de Excelência em Iluminação Pública 205


O convênio foi desenvolvido para avaliar os pontos de IP contemplados pelos
projetos do Procel Reluz, levando em conta a perenização – sustentabilidade e con-
tinuidade funcional –, adequação dos equipamentos, gestão dos sistemas, ganhos
pós-execução do projeto e impacto de economia de energia elétrica (Eletrobras;
PUCRS, 2008-a e 2010).
Considerando o cenário brasileiro de IP, o convênio foi efetivado em 2 de janei-
ro de 2006, no qual a estimativa de custo para desenvolver este trabalho foi de cerca
de R$ 1 milhão. Coube à Eletrobras o aporte de R$ 487 mil, equivalente a 48,5% do
total, e à PUCRS a contrapartida de R$ 516 mil, equivalente a 51,5%.

Os trabalhos realizados

Um dos primeiros trabalhos desenvolvidos pelo CEIP foi a elaboração de um


manual de especificações técnicas (Eletrobras Procel; PUCRS, 2008-b) que teve por
objetivo estabelecer os critérios mínimos de segurança e eficiência energética nos
produtos utilizados na IP e dar suporte às concessionárias, aos fabricantes e também
às prefeituras envolvidas no programa Procel Reluz.
É possível visualizar na figura 7.1.1 o processo aplicado ao longo do convênio,
no qual foram desenvolvidos treinamentos e capacitados laboratórios para fazer a
avaliação de equipamentos de IP. Esses laboratórios contam com o auxílio de pro-
fessores, técnicos e engenheiros capacitados, e têm como objetivos:
• qualificação de pessoal e realização de cursos;
• qualificação de produtos, que consiste em realizar ensaios de acordo com as
normas específicas verificando sua qualidade e fornecendo informações aos fabri-
cantes para futuras melhorias;
• desenvolvimento de banco de dados, disponibilizado no site do CEIP, dos pro-
dutos aprovados nos ensaios de tipo (ensaios completos realizados conforme norma
específica), facilitando assim para as prefeituras a escolha de empresas nos proces-
sos de licitação – todos os associados podem visualizar os produtos aprovados;
• inspeção de recebimento dos produtos de IP, sendo realizados alguns ensaios
nos produtos da empresa vencedora da licitação, com a finalidade de comprovação
de qualidade; e

206 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


• suporte na elaboração de normas e desenvolvimento de um sistema de gestão
para as prefeituras para controlar e gerenciar todas as atividades relativas ao funcio-
namento da IP.

Qualificação de Qualificação de Elaboração de Gestão


pessoal produtos normas

Banco de dados Modelo de


Cursos de produtos ABNT gestão
aprovados

Fórum Inspeção de Procel Software


permanete recebimento

Inmetro

Figura 7.1.1 • Modelo utilizado pelo CEIP


(Eletrobras; PUCRS, 2008)

Após o desenvolvimento desse modelo, o CEIP iniciou seu trabalho de dissemi-


nação do conhecimento, ministrando cursos e palestras (PUCRS/CEIP, 2007) com o
objetivo de desenvolver o aprendizado sobre as normas e os requisitos específicos de
IP, orientando os participantes a respeito da importância da utilização de materiais
de qualidade e o porquê da necessidade de qualificação desses produtos.
Como o setor de IP tem uma importância muito grande para a sociedade e, em
função dos pesados recursos destinados a essa área por meio do Programa Procel Re-
luz, da Eletrobras, ficou evidente a necessidade de criar uma base tecnológica para a
avaliação dos produtos que eram aplicados nos projetos.
Essa necessidade, entretanto, não se fundamentou apenas em dados de campo
reunidos de uma forma científica. Com o apoio dos agentes envolvidos, desenvol-
veu-se e aplicou-se um processo para a avaliação da conformidade dos produtos de
IP, conforme apresentado no diagrama da figura 7.1.2.

O Centro de Excelência em Iluminação Pública 207


Licitação Lei
Fabricante Prefeitura
no. 8666

Labelo

Inspeção de
recebimento

CEIP

Banco de dados
de produtos
aprovados

Figura 7.1.2 • Processo para avaliação da conformidade em produtos


(Eletrobras; PUCRS, 2008)

Nesse processo, o fabricante inicialmente submete seus produtos à avaliação de


um laboratório acreditado – são laboratórios de calibração e de ensaio qualificados
por meio de auditorias periódicas por parte do Instituto Nacional de Normalização,
Qualidade e Tecnologia (Inmetro), assegurando não apenas a capacidade técnica
e operacional, mas a estrita manutenção de um sistema da qualidade baseado na
norma ABNT ISO/IEC 17.025:2005. Esses produtos são ensaiados de acordo com
as normas, regulamentos e especificações técnicas. Os resultados são enviados ao
fabricante e à organização regulamentadora (Inmetro, Organismo de Certificação de
Produtos - OCP) e caso estejam em conformidade, são cadastrados em um banco de
dados de produtos aprovados e publicados para que possam ser utilizados na qualifi-
cação prévia das licitações (Brasil, 1993).
Para que este mecanismo funcione é essencial o comprometimento dos compra-
dores que, neste caso são, em sua maioria, concessionárias de energia elétrica e pre-
feituras. Sempre que os materiais são especificados para compra deve ser solicitado
o ensaio de tipo, algum modelo de certificação ou produtos etiquetados. Desta for-
ma, há como saber exatamente o que está sendo solicitado e o que deve ser entregue.
No momento da entrega, é necessária a realização de uma inspeção de recebi-
mento para avaliar a conformidade dos produtos. O resultado dessa inspeção reali-
mentará o banco de dados de produtos aprovados que, no caso de conformidade, os
mantêm cadastrados e, no caso de não conformidade, os suspendem, podendo até
acarretar sua exclusão (Rosito, 2009-a; 2009-b).

208 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


De forma geral, a criação de novos laboratórios, a ampliação da infraestrutura
e a aquisição de novos equipamentos, cobertos pelo convênio Eletrobras-PUCRS,
foram de extrema importância para a avaliação dos produtos de IP.
Alguns dos laboratórios podem ser visualizados na figura 7.1.3 – a,b,c,d,e, a
seguir.

a b c

d e

Figura 7.1.3 - a,b,c,d,e • Laboratórios de ensaios do Labelo/PUCRS: a) Laboratório de lâmpadas; b)


Laboratório de luminárias; c) Laboratório de relés fotoelétricos; d) Laboratório de porta lâmpadas; e)
Laboratório de reatores

Os resultados

Durante os trabalhos realizados verificou-se a existência de sistemas de IP defa-


sados, com a utilização de diversos tipos de lâmpadas de tecnologias ultrapassadas,
equipamentos auxiliares externos e com longo tempo de utilização, luminárias abertas,
sem proteção para a lâmpada, ou luminárias fechadas, porém inadequadas às normas
vigentes. Com as ações de avaliação desses equipamentos e dos locais de instalação,
e os suportes técnicos dados às prefeituras, ocorreu uma significativa e perceptível
melhoria na qualidade da iluminação, por meio da aplicação de equipamentos mais
eficientes, conforme pode ser visto na tabela 7.1.1 e na figura 7.1.4 – a,b.

O Centro de Excelência em Iluminação Pública 209


Tabela 7.1.1 • Comparativo técnico entre os equipamentos existentes e os equipamentos aplicados
após as avaliações realizadas pelo CEIP para o Programa Reluz
Luminárias
Ensaios Antes Depois
Rendimento fotométrico 55% 75% a 80%
Mínimo exigido - Grupo ótico
IP (Índice de proteção) Luminárias abertas IP55 e compartimento do reator
IP33
IK (Impacto) Luminárias abertas IK08 ou IK09
Reatores
Ensaios Antes Depois
Perda elétrica (W) Normas ABNT ENCE e Procel
Fator de potência 0,6 0,92
Lâmpadas
Ensaios Antes (VM)* Depois (VS)**
Eficiência energética (Im/W) até 55 até 140
Vida mediana (h) 15.000 24.000 a 32.000

* VM = Vapor de mercúrio
** VS = Vapor de sódio

a) b)

Figura 7.1.4 • Comparativo das curvas de distribuição de iluminação das luminárias antes e após o
programa Reluz – a) luminária aberta com rendimento de 55% (antes do Reluz) e b) luminária fechada
com rendimento de 76% (após o Reluz)
(PUCRS/CEIP, 2008)

A figura 7.1.5 – a,b ilustra alguns exemplos dos resultados positivos com base
no processo desenvolvido pelo CEIP. Com essas substituições foi possível verificar
um aumento de 270% no nível de iluminância, passando de 3,97 lux para 10,73 lux.
Pode-se ainda observar que a troca de uma lâmpada a vapor de mercúrio (VM) de
80 W por uma lâmpada vapor de sódio (VS) de 70 W significou uma redução de
12,5% no consumo de energia elétrica.

210 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


a b

Figura 7.1.5 • Via pública antes e após a implementação do projeto: a) antes com lâmpadas VM 80 W
e b) depois com lâmpadas VS 70 W

Além disso, o nítido aumento na iluminação das calçadas contribuiu para uma
maior sensação de segurança e conforto dos pedestres, fato comprovado pela sa-
tisfação da população frente a pesquisas realizadas antes e depois da execução do
projeto. No gráfico 7.1.1, é possível verificar que a fatia de indivíduos satisfeitos,
com níveis “bom” e “ótimo” antes do programa Procel Reluz (Fase 1) era de 40%.
Logo após a implantação do projeto (Fase 2), este percentual aumentou para
83,3%. Por fim, após um ano da conclusão do projeto (Fase 3), 77,8% dos entrevis-
tados ainda permaneciam satisfeitos.
Nível de Satisfação da população na avaliação da IP (%)

Antes do Reluz (Fase 1) 63,9


Após Início do Reluz (Fase 2)
53
Após Início do Reluz (Fase 3)

35,3
28,7
24,8
18 19,5
16,5
13,3
10,6
5,3 3,9 4,7
0,7 1,8

Péssimo Ruim Regular Boa Ótima

Gráfico 7.1.1 • Nível de satisfação da população na avaliação da IP antes e após o Programa Reluz
(Eletrobras; PUCRS, 2010)

O Centro de Excelência em Iluminação Pública 211


Considerações finais

Sob todos os aspectos, foi de extrema importância a criação do CEIP, através


da parceria entre a Eletrobras e a PUCRS, sobretudo pela visão fundamentada em
um centro voltado para a busca da excelência, fomentando a inovação e transpondo
barreiras com o auxílio do desenvolvimento de novas tecnologias.
São vários os aspectos que justificam a implantação de programas de avaliação da
conformidade, dentre eles o de propiciar a concorrência justa entre fabricantes, estimu-
lar a melhoria contínua da qualidade dos produtos e informar e proteger o consumidor.
Uma das percepções durante a realização dos trabalhos é a de que o acompanha-
mento do CEIP junto às prefeituras e concessionárias traz maior eficácia no momen-
to da escolha dos materiais a serem utilizados, com base nas análises realizadas em
campo e nos ensaios em laboratório dos produtos de IP.
Cabe ainda salientar que é de extrema importância que as prefeituras e con-
cessionárias exijam, em seus processos de compra, que os produtos adquiridos te-
nham classificação energética significativa da Etiqueta Nacional de Conservação de
Energia (ENCE), preferencialmente A (mais eficiente), ou sejam detentores do Selo
Procel Eletrobras de Economia de Energia, onde couber, pois é desta forma que se
agrega cada vez mais qualidade, possibilitando redução dos custos de manutenção,
do consumo de energia elétrica e maior sensação de segurança pelo aumento da efi-
ciência na iluminação.

Referências

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O Centro de Excelência em Iluminação Pública 213


7.2 Centros de Demonstração

Ary Vaz Pinto Junior Cepel


Clóvis Nicoleit Carvalho Eletrobras Eletrosul
João Carlos Aguiar Cepel
Jorge Luis Alves Eletrobras Eletrosul
Luis Marcos Scolari PUCRS
Roberto Lamberts Labeee-UFSC

O artigo trata da constituição de centros de demonstra-


ção destinados à disseminação de informações relaciona-
das à eficiência energética por meio do uso de técnicas
e equipamentos eficientes em condições reais de opera-
ção, bem como de procedimentos e práticas que minimi-
zem o desperdício de energia, ressaltando os benefícios
para a sociedade.

214 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

Com o desenvolvimento tecnológico, a informação e o treinamento constituem-


-se entre as formas mais eficazes de se promover o uso eficiente da energia elétrica
e combater o seu desperdício. O desenvolvimento de organizações voltadas à divul-
gação de tecnologias e conceitos aplicados à eficiência energética é uma tendência
internacional. Concessionárias de energia elétrica criaram organizações desse tipo
para aumento da competitividade e ampliação de seus mercados consumidores ou
para benefício da sociedade como um todo. Como exemplo, pode-se citar o Cus-
tomer Technology Application Center (CTAC1), da Southern California Edison
(EUA), e o Centre Français de l’Electricité (CFE), da Electricité de France (EDF).
Os centros de demonstração desenvolvidos para divulgação da eficiência
energética permitem o contato do público interessado, por meio de visitação, com as
tecnologias e conceitos associados, suscitando o interesse, a curiosidade e, principal-
mente, a conscientização sobre o tema em questão.
Nesse contexto, o Centro de Aplicação de Tecnologias Eficientes (Cate),
a Casa Eficiente e a Casa Genial, configuram-se como referências nacionais para a
disseminação de informações associadas ao uso eficiente da energia e dos recursos
naturais, ressaltando os seus benefícios econômicos, sociais e ambientais.

Centro de Aplicação de Tecnologias Eficientes - Cate

Em 1995, o Grupo E7, formado por concessionárias de energia elétrica de al-


guns dos países mais industrializados do mundo2, lançou um projeto para criação de
centros de aplicação de tecnologias eficientes em países em desenvolvimento, com o
objetivo de desempenhar um papel ativo na proteção ao meio ambiente e na promo-
ção da geração e do uso eficiente da eletricidade.
O Cepel foi escolhido para sediar o protótipo mundial, com o apoio da Eletro-
bras Procel, para posteriormente servir como modelo para multiplicação em outros
países. O Cate, localizado na cidade do Rio de Janeiro, nas instalações do Cepel, na

1 Recentemente, o CTAC se desdobrou em centros regionais chamados “Energy Education Centers”.


2 Participavam, à época, do Grupo E7: Electricité de France, ENEL, Hydro-Québec, Kansai Electric Power Company,
Ontario Hydro, Tokyo Electric Power Company, RWE AG e Southern California Edison. A partir de 2010, a Eletrobras
passou a integrar esse grupo, que hoje é denominado “Global Sustainable Electricity Partnership”.

Centros de Demonstração 215


Ilha do Fundão, entrou em operação em 1997, com a finalidade de promover o uso
eficiente da energia elétrica por meio da divulgação de informação qualificada sobre
equipamentos e sistemas, bem como da realização de treinamentos e da prestação de
serviços de diagnósticos energéticos. As áreas de atuação do Centro estão voltadas
para os segmentos residencial, industrial, comercial e de serviços.
A concepção arquitetônica adotada para o Cate utiliza proteções externas contra
a radiação solar direta, cores claras em todas as fachadas, iluminação eficiente, siste-
ma de climatização setorizado, entre outros, visando à redução do consumo de ener-
gia elétrica. Na cobertura estão instalados painéis fotovoltaicos, que geram energia
para o prédio e produzem sombreamento sobre o telhado, reduzindo a carga térmica
total da edificação, conforme pode ser visualizado na figura 7.2.1.

Figura 7.2.1 • Vista superior do Cate

Para a demonstração de tecnologias disponíveis comercialmente, visando à re-


dução do consumo de energia, o Cate dispõe de duas áreas: a Casa Solar Eficiente
(figura 7.2.2), operada em conjunto com o Centro de Referência para Energia Solar
e Eólica Sérgio de Salvo Brito (Cresesb3) e um espaço de exposição permanente.

3 Localizado nas instalações do Cepel, o Cresesb foi criado em 1994 para promover o desenvolvimento das energias
solar e eólica no Brasil por meio da difusão de conhecimentos, da ampliação do diálogo entre as entidades envolvidas
e do estímulo à implementação de estudos e projetos. Entre os seus diversos trabalhos, destacam-se: apoio aos pro-
gramas de governo do MME e do MCT, divulgação de informações via Internet, montagem e realização de cursos de
energia solar e eólica, edição de publicações, manutenção de uma biblioteca especializada e realização de visitas à
Casa Solar Eficiente.

216 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Figura 7.2.2 • Casa Solar Eficiente

Na Casa Solar Eficiente, combina-se a eficiência energética ao uso de uma


fonte alternativa de energia. Para isso, são utilizadas algumas técnicas de demons-
tração, principalmente no que diz respeito a controles e sistemas alternativos para
redução do consumo de eletricidade, tais como sistemas eficientes de iluminação,
sensores de presença, controladores de cargas, coletores solares para aquecimento
de água, painéis fotovoltaicos, entre outros.
A área de exposição, por sua vez, tem como finalidade abrigar demonstra-
ções de tecnologias e equipamentos, permitindo visualizá-los fisicamente e, sempre
que possível, em condições reais de operação.
A área específica de iluminação eficiente (figura 7.2.3) dispõe de painéis equi-
pados com medidores e diversos tipos de lâmpadas e luminárias, nos quais podem ser
verificadas as diferentes características dos produtos disponíveis no mercado, além da
possibilidade de medir individualmente o consumo energético, fator de potência, con-
teúdo harmônico e outras variáveis. Também pode ser observado o comportamento,
em termos de reprodução e temperatura de cor, das lâmpadas expostas.

Figura 7.2.3 • Área de exposição do Cate sobre iluminação eficiente

Centros de Demonstração 217


Na área de exposição permanente também podem ser encontradas informações
sobre equipamentos detentores do Selo Procel Eletrobras, produtos desenvolvidos
pelo Cate4, ferramentas computacionais para diagnóstico energético em edificações,
assim como demonstração de sistemas eficientes para bombeamento de fluidos. Na
página do Cate na internet (www.cate.cepel.br), podem ser obtidas informações
sobre os serviços prestados pelo Centro, alguns resultados de trabalhos relevantes,
links para instituições correlatas e dicas sobre economia de energia em ambientes
residenciais, industriais e de serviços.

Casa Eficiente

Inaugurada em 2006, a Casa Eficiente (figura 7.2.4) é resultado de um projeto


de pesquisa desenvolvido pela Eletrobras, por meio do Procel, a Eletrobras Eletrosul
e o Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de
Santa Catarina - Labeee/UFSC, constituindo-se como um centro de demonstração
em eficiência energética, na forma de uma residência unifamiliar.
Sua construção teve como objetivo criar uma vitrine de tecnologias de ponta e
conceitos aplicados de eficiência energética, adequação climática, conservação de
energia e uso eficiente da água, tornando-se uma referência nacional para dissemi-
nação dessas ideias. A administração da Casa é realizada pela Eletrobras Eletrosul,
cabendo a coordenação ao setor de eficiência energética da empresa.

Figura 7.2.4 • Fachada da Casa Eficiente

4 Entre os principais produtos, destacam-se: simuladores de diagnósticos energéticos, banco de dados para dimen-
sionamento, substituição de motores elétricos e manuais e guias técnicos.

218 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Como público alvo da Casa Eficiente, destacam-se os profissionais de cons-
trução civil, arquitetos, engenheiros e estudantes. Até o final de maio de 2012, mais
de 9.600 pessoas participaram das visitas às instalações da Casa.
O contato com essas tecnologias, por meio da visitação à Casa e da leitura
do material online de sua construção e, igualmente dos seus resultados de pesquisa,
suscita o interesse e a curiosidade das pessoas para o uso eficiente da energia e dos
recursos naturais, como o vento, a água e a luz natural. Além disso, fornece indica-
ções para aqueles que trabalham diretamente com a construção civil, principalmente
em regiões com características bioclimáticas semelhantes à Florianópolis, cidade
onde se localiza a Casa Eficiente.
Mais precisamente, a construção da Casa teve os seguintes objetivos, os quais
condicionaram o levantamento do prédio:
• implantar um Projeto de Demonstração de Eficiência Energética em Habita-
ção Unifamiliar: modelo de eficiência energética que conta com sistemas e soluções
arquitetônicas, proporcionando máxima eficiência no aproveitamento do clima e do
consumo energético, tais como, o uso de lâmpadas eficientes e o aproveitamento da
iluminação natural;
• realizar o monitoramento diário de variáveis ambientais internas e externas, do
consumo de energia por uso final e dos fluxos de calor através das vedações;
• aplicar os conceitos de eficiência energética e de tecnologia de ponta, com alto
grau de adequação ambiental, incorporando o aproveitamento de águas pluviais e a
diminuição de impactos ambientais; e
• sensibilizar e buscar o comprometimento das indústrias para o desenvolvi-
mento de materiais adequados a serem aplicados na construção civil, que reduzam o
consumo de energia e mantenham o padrão de conforto.
A Casa Eficiente é exposta em feiras, congressos, seminários e outros eventos
relacionados ao uso eficiente de energia e à sustentabilidade, por meio de sua ma-
quete representativa, com distribuição de folders e breve explanação do projeto. Há
ainda a divulgação da Casa por meio de matérias jornalísticas, entrevistas na mídia e
palestras ministradas pelos envolvidos no projeto, tanto sob coordenação da Eletro-
bras Eletrosul, como dos pesquisadores do Labeee/UFSC.
Os resultados obtidos com a Casa Eficiente proporcionam benefícios no âm-
bito social, econômico, científico e ambiental. Para a sociedade, a divulgação das

Centros de Demonstração 219


ideias da Casa e a conscientização da população em geral são os principais benefí-
cios obtidos. Após a visita à Casa, o público também pode contribuir na dissemina-
ção do conhecimento adquirido para familiares e conhecidos.
Além disso, foram realizadas pesquisas direcionadas à construção civil, com
o objetivo de monitorar o desempenho bioclimático e a eficiência energética da edi-
ficação. Como consequência desse estudo, foram elaboradas quatro publicações em
formato de livro, abordando os conceitos e os resultados práticos das pesquisas, sen-
do: “Volume 1 - Bioclimatologia e Desempenho Térmico”, “Volume 2 - Consumo
e Geração de Energia”, “Volume 3 - Uso Racional da Água” e “Volume 4 - Simu-
lação Computacional do Desempenho Termo-Energético”. Em especial, o Volume
2 também trata dos aspectos relacionados à iluminação da Casa. Essas publicações
se encontram disponíveis para consulta livre na internet, no site da Casa Eficiente,
mantida pela Eletrobras Eletrosul (www.eletrosul.gov.br/casaeficiente).
Entre os resultados apresentados, destacam-se a redução do ganho de calor
interno devido ao uso de telhado vegetado (telhado verde); a energia gerada pelos
painéis fotovoltaicos sobre a Casa, suficiente para atender o consumo da residên-
cia; a redução de 54,4% no consumo de água, devido ao uso da água da chuva e de
sistemas economizadores; e a economia de 30% a 50% de energia elétrica em com-
paração a uma residência de mesma proporção, porém não eficiente. A figura 7.2.5
apresenta uma vista interna da Casa Eficiente.

Figura 7.2.5 • Interior da Casa Eficiente

Por fim, a concepção da Casa Eficiente e sua construção acompanharam a


elaboração da metodologia aplicada atualmente no processo de etiquetagem de edi-

220 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


ficações do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Instituto Nacional de Me-
trologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). A Etiqueta Nacional de Conservação de
Energia (Ence) atesta e classifica as edificações residenciais, comerciais, públicas e
de serviços, quanto à eficiência energética de algumas de suas características. Como
forma de provar sua filosofia, a Casa Eficiente passou pelo processo de avaliação
para obtenção da Ence nas modalidades de Projeto, Simulação e Obra Construída.
Em todas as avaliações, a Casa Eficiente foi classificada no “nível A” de eficiência
energética – melhor qualificação possível pela etiqueta –, tendo sido verificadas as
seguintes características: envoltória no inverno, envoltória no verão e aquecimento
de água.

Casa Genial

Instalada no Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católi-


ca do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, a Casa Genial (figura 7.2.6) foi
criada em parceria com a Eletrobras Procel, sendo uma residência completa constitu-
ída por dormitório, sala de estar, cozinha, escritório, lavanderia e banheiro. O projeto
tem como objetivo demonstrar a utilização da energia elétrica de forma eficiente
através da presença de eletrodomésticos eficientes, detentores do Selo Procel Eletro-
bras, em comparação com os não eficientes, bem como através de procedimentos e
práticas que evitem o desperdício de energia.

Figura 7.2.6 • Fachada da Casa Genial do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS

Centros de Demonstração 221


O Museu é um espaço destinado a divulgar a ciência, por meio de mecanismos
interativos, de maneira didática, mostrando-a inserida no cotidiano das pessoas, sen-
do a energia tema obrigatório. A Casa Genial se enquadra perfeitamente na proposta
do Museu e se constitui em uma excelente oportunidade para a divulgação da efici-
ência energética, ressaltando os seus benefícios econômicos e ambientais.
Nas atividades interativas promovidas pela Casa, os visitantes têm a opor-
tunidade de verificar a potência elétrica registrada em cada eletrodoméstico e par-
ticipar de um jogo de perguntas e respostas que remete ao uso eficiente da energia.
Ao final da visita, recebem uma cartilha com conteúdo que valoriza a mudança de
hábitos individuais, bem como um jogo educativo que confirma a concepção lúdica
e visual do projeto.
Especificamente no que diz respeito à iluminação, a Casa dispõe de um pai-
nel de medidores de energia instalado no escritório (figura 7.2.7), o qual permite ela-
borar uma comparação entre a potência total registrada por um conjunto de lâmpadas
fluorescentes compactas e a por outro conjunto de lâmpadas incandescentes, as quais
se encontram distribuídas pelas dependências da Casa. Dessa forma, é demonstrado
de forma eficaz, o impacto proporcionado pelo uso das lâmpadas fluorescentes em
relação a uma possível substituição às lâmpadas incandescentes. Além disso, o pai-
nel demonstra a operação de um circuito de lâmpadas incandescentes realizada por
dimmers, destacando a variação na intensidade de luz e na potência registrada.

Figura 7.2.7 • Painel de medidores de energia instalado na Casa Genial

222 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Desde a sua inauguração em 2008, a Casa Genial tem recebido um expressivo
contingente de visitantes, dentre os quais se destacam os alunos dos ensinos fun-
damental, médio e superior. No ano de 2011, mais de 10.700 pessoas participaram
efetivamente das atividades propostas durante a visita à Casa.
Sempre que possível, o Museu tem inserido em seus projetos relacionados à te-
mática energia roteiros que incluem visitas à Casa Genial, com o intuito de aumentar
sua visibilidade. Dessa forma, os visitantes são cada vez mais estimulados a pensar
de maneira crítica, contribuindo, assim, para a educação quanto ao uso de forma
consciente da energia.

Considerações finais

Para promover a eficiência energética e combater o desperdício de energia


elétrica, a disseminação de tecnologias e conceitos relacionados ao tema torna-se
fundamental. O Cate, a Casa Eficiente e a Casa Genial constituem-se como centros
de demonstração de referência para a divulgação da eficiência energética no Brasil.
Por meio de visitação, o público alvo é estimulado a se conscientizar sobre o tema
em questão, através do contato com técnicas e equipamentos eficientes, em condi-
ções reais de operação, assim como de práticas que evitem o desperdício de energia.
De forma geral, os centros de demonstração contribuem para despertar o
interesse e a curiosidade do público visitante, no que diz respeito ao uso eficiente da
energia e dos recursos naturais, para melhorar a qualidade de vida da população e a
eficiência dos bens e serviços.

Centros de Demonstração 223


7.3 O ensino da iluminação

Gilberto José Correa Costa Testtech Laboratórios-consultor

Os critérios que um professor de iluminação deve se orien-


tar quando trata do ensino do tema iluminação é o foco
deste texto, que baseia-se na experiência do ensino desta
matéria em várias modalidades de cursos ministrados ao
longo dos anos. Partindo de uma ideia geral, o artigo finali-
za com recomendações objetivas a serem adotadas quando
do planejamento e desenvolvimento detalhado do curso.

224 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e parceiros


Considerações iniciais

O ensino formal é parte de um sistema maior denominado educação. Trata-


-se de um conjunto de técnicas formuladas por meio de metodologias próprias,
apresentando conteúdos de forma hierárquica, com complexidade crescente,
formando as disciplinas. Distingue-se do autodidatismo no qual os conheci-
mentos são adquiridos de forma mais ou menos desordenada segundo o grau de
necessidade do indivíduo, que como em um quebra-cabeças vai formando um
desenho paulatino no qual a visão do todo somente se completa no encaixe da
última peça. É um processo de certa maneira aleatório de buscas nem sempre
lógicas, simples e fáceis.
Diferentemente, a capacitação, mediante módulos de ensino, revela-se como
uma metodologia ordenada permitindo uma formação profissionalizante, com
melhorias contínuas e sistemáticas, para o aprofundamento do grau de conheci-
mento de sua profissão. A sua disseminação é parte importante do processo, pois
atua com um efeito multiplicador na transmissão da informação, seja através de
conteúdos em cursos regulares de nível médio, superior ou de pós-graduação,
seja através de simples programas de treinamento de curta duração sobre um
tema determinado.
O efeito multiplicador se caracteriza pelo fato de que havendo um profissional
treinado é possível que a sua orientação aos seus subordinados se transmita de for-
ma oral e prática (uma característica da transferência de tecnologia desde a origem
da humanidade). Incluem-se ainda as modalidades a distância, desenvolvidas para
atender demandas sem a necessidade de local físico e presença dos interessados,
possibilitando ainda a flexibilização de horários; e outros denominados de in com-
pany, elaborados segundo necessidades das organizações para treinamento de seus
funcionários, em geral para a capacitação ou aperfeiçoamento em atividades roti-
neiras, ou de caráter estratégico, na própria empresa. O seu planejamento e progra-
mação obedecerá aos critérios da empresa contratante em reunião com o professor
e cujos custos são objeto de orçamento específico da instituição.
Nesse contexto existem linhas gerais que ao serem obedecidas muito facilitam
a tarefa de orientação didática para o professor e que estão colocadas na questão do
conteúdo curricular em texto próprio neste capítulo.

O ensino da iluminação 225


Aspectos referenciais e a especificidade do processo visual

Historicamente, em 1909, duas décadas após o surgimento das aplicações com


lâmpadas elétricas incandescentes, o Instituto Northampton (Inglaterra) criava um
curso em iluminação sob o título Production and Utilization of Light no qual os
princípios relativos à fabricação de fontes luminosas, incandescentes e a gás, rece-
biam a devida atenção. Incluíam os trabalhos em laboratório relativos à fotometria,
ainda que incipientes para a época, pois a padronização para as unidades de medida
somente viria mais tarde. Desta forma o estudo formal já era então aceito como fa-
zendo parte de um currículo universitário.
Os cursos destinados à iluminação têm características diferenciadas, pois
se aplicam tanto na Engenharia, quanto na Arquitetura e também em outros níveis,
como os cursos técnicos de nível médio. Isso, de certa forma, caracteriza o estudioso
de iluminação como alguém que busca desenvolver requisitos para uma ciência tanto
técnica, como comportamental e biológica. Não deve ser esquecido que a iluminação
tem por objetivo atender ao ser vivo e, no caso particular deste livro, ao ser humano,
pois é impossível enxergar naturalmente sem luz.
Até recentemente o processo visual era suposto como apenas a interpretação
de imagens produzidas pelo cérebro, mas no início do século XXI, pesquisas con-
duzidas pelo Dr. David Bergson identificaram um terceiro tipo de fotoreceptor
(os anteriores eram os cones e os bastonetes), comprovando que a luz exerce um
efeito não visual que atende à homeostase do indivíduo (equilíbrio biológico do ser
humano de autorregulação), propiciando-lhe saúde mental e bem estar, refletidos
no seu comportamento diário. A esta constatação se seguiram outras, provando a
necessidade de repensar em todo o processo visual, como sendo muito mais com-
plexo do que era admitido. Trata-se do ritmo circadiano que influi nos processos
de alegria e de tristeza, de euforia e depressão, no desempenho laboral, no absen-
teísmo, ou seja, atuando no emocional do ser humano (esta descoberta se refere
à produção diária do hormônio conhecido como melatonina, há outros ciclos que
são mensais como por exemplo a menstruação nas mulheres e outros ainda que se
caracterizam por períodos diários determinados como o horário das refeições). Es-
tudar iluminação, primeiramente sob esta condição, para depois aplicá-la, é mais
do que uma necessidade e sim um dever (Loe; McIntosh, 2009).

226 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e parceiros


Considerados estes pontos e antes de abordar a questão do ensino propriamente
dito, é necessário caracterizar, ainda que de forma muito simplificada, o perfil do
profissional que busca no estudo da iluminação seu ganha-pão.
Passada a Primeira Grande Guerra, em 1926, o Dr. John Walsh (pesquisador
inglês e eleito duas vezes na Sociedade de Engenharia da Grã-Bretanha) abordando
sobre o profissional de iluminação comentava este aspecto com o texto a seguir:
“Embora seja verdadeiro que a iluminação é um dos mais novos ramos da ciên-
cia aplicada,... provavelmente todo o engenheiro de iluminação está surpreso com a
grande limitação do seu conhecimento. ... Uma das razões é de que a maioria dos ou-
tros engenheiros tratam com fenômenos que são quase inteiramente de natureza físi-
ca. O engenheiro de iluminação necessita compreender o comportamento fisiológico
do ser humano. O olho humano sendo o juiz final. ... e o engenheiro de iluminação
deve se perguntar: o que será que o olho pensa disto?”.
Esse pronunciamento era decorrente de uma afirmação do Dr. Leon Gas-
ter, editor do primeiro volume do The Illuminating Engineer, surgido em 1908,
de que “uma boa iluminação somente poderia ser obtida por uma ação orques-
trada pelo fisiólogo, pelo arquiteto e pelo engenheiro”. Esse desenvolvimento
da formação do profissional, como está sendo visto, ocorria nos primeiros tem-
pos da iluminação elétrica, pois esta era uma das grandes aplicações do uso da
eletricidade e, as associações técnicas existentes em cada país disseminavam o
treinamento, a capacitação e o ensino como parte do escopo de seus objetivos.
Modernamente esta forma de pensar ganhou ainda mais força, pois segun-
do o Dr. Woût van Bomel (ex-presidente da Comissão Internacional de Ilumi-
nação), para a nova concepção das necessidades de luz há necessidade de uma
colaboração estreita com a psicologia, a neurologia, a biologia, a fisiologia e a
prática da iluminação (Bommel, 2005).
Nos seus aspectos gerais, já meditados no primeiro quartel do século XX, o Bra-
sil não é diferente, a não ser pelo fato de que a iluminação passa a ser hoje um ponto
importante para a economicidade energética, a partir de que existe uma realidade
tarifária sobre os preços da eletricidade. Provavelmente, foi no final do século XX
que a preocupação com a iluminação passou a ser o objeto mais efetivo dos profis-
sionais brasileiros (Costa, 2006). Esse interesse tardio no assunto também pode ter
sido potencializado pela escassez de bibliografia própria na língua portuguesa.

O ensino da iluminação 227


A despeito da pouca oferta de cursos formais nas universidades, outros surgem
sob outras modalidades – como aqueles próprios da pós-graduação ou de organiza-
ções particulares –, apresentando uma procura mais ou menos significativa. É bem
verdade que seu custo se enquadra dentro de um orçamento nem elevado, nem baixo,
mas justo para o profissional que ministra o curso. Acrescente-se a essa realidade, o
fato de o Brasil ter dimensões continentais e que o deslocamento dos profissionais
para atender a esses cursos deve ser somado ao seu preço. Portanto, o investimento
educacional não é pequeno.
No extremo dessa cadeia, encontra-se o comprador do produto que, na maioria
das vezes, não consegue entender o que o projetista recomenda, pois naturalmente
sua preocupação reside no retorno do investimento aplicado. O que lhe interessa é
a relação custo versus benefício e ela nem sempre é tão óbvia assim, segundo o seu
modo de ver.

O conteúdo curricular frente às necessidades da fotometria



Como consequência, o currículo dos diferentes programas deveria possuir ementas
que tratem de temas como: sistemas de iluminação natural e artificial; fundamentação
teórica básica e importância da iluminação no contexto do espaço interno ou externo;
fontes luminosas e luminárias; projetos de iluminação e métodos de cálculo aplicados às
fontes natural e artificiais; aplicações na iluminação interna, externa, pública e esportiva;
e conceitos de gestão energética (PUCRS, 2006).
Em se tratando do nível de profundidade ideal que cada tema deve ser abordado,
isso dependerá do tempo disponível e do perfil de interesse do público-alvo. O impor-
tante é que não deve haver um agrupamento desses temas com disciplinas tratando de
conteúdos de instalações elétricas, para citar um exemplo corriqueiro. Deve-se entender
que a instalação elétrica faz parte da infraestrutura que possibilitará a alimentação dos
pontos de iluminação, já o estudo da iluminação é fotometria e não cálculo elétrico. De
uma forma geral, os objetivos de um curso de iluminação podem ser enumerados abaixo:
• fundamentação dos conceitos básicos de iluminação, estabelecendo as cone-
xões entre as diferentes grandezas empregadas e sua importância para a tarefa visual,
destacando os aspectos subjetivos da sua percepção, tanto no aspecto comportamen-
tal, quanto no emocional;

228 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e parceiros


• ánalise das fontes luminosas e luminárias encontradas no mercado nacional e
internacional, de forma a poder interpretar corretamente todas as informações pres-
tadas pelos fabricantes em seus catálogos, fonte primária e necessária para o desen-
volvimento de um projeto e diagnóstico de uma situação existente;
• desenvolvimento de cálculos de iluminação aplicados, através do uso das leis
fotométricas, de modo que o profissional possa, na concepção e detalhamento de
seus trabalhos, criar condições para que haja uma interação entre espaço e luz; e
• tratamento do desafio da gestão energética como o meio eficiente e eficaz de
estabelecer vínculos entre a técnica e a arte, entre o racional e o subjetivo, entre o
físico e o emocional, de modo a firmar um compromisso sustentável.
A fixação dos conceitos se dá pela elaboração de exercícios aderentes ao con-
teúdo apresentado, elaborados especificamente para os próprios participantes e que
permitam discussões entre os profissionais. A experiência revela que somente nessa
fase o professor tem condições de avaliar até que ponto foi devidamente compreen-
dido. Neste sentido, o exercício aplicado é de certa maneira o retorno ao professor do
grau de conhecimento absorvido pelo participante e ele permite realizar uma espécie
de autoavaliação, reprovável ou não, quanto à sua didática.
Além do professor e do conteúdo, há a necessidade de uma infraestrutura, uma
sala de aula; por exemplo, se esta for num ambiente de ensino, é possível que apresente
recursos materiais de laboratório que permitam ao professor demonstrar na prática o
que está sendo comentado, como pode ser visualizado nas figuras 7.3.1 e 7.3.2.

Figura 7.3.1 • Laboratório Didático de Iluminação, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUCRS.


Ao fundo uma série de nichos para o exame da qualidade da iluminação das lâmpadas. No teto um domo
para o estudo da luz do dia. A sala contém luminárias dimerizáveis que podem ter o nível de iluminação
variável para que os alunos possam saber as diferenças entre 50 lux, 100 lux e até 700 lux

O ensino da iluminação 229


Figura 7.3.2 • A sala do Heliodomo, também no laboratório da PUCRS, na qual os alunos podem
fazer estudos e efeitos de luz e sombra da iluminação solar em maquetes. Ela apresenta o movimento
aparente do sol para: solstício de inverno, equinócios e solstício de verão, para a cidade de Porto
Alegre. Os pontos brancos em cada eletroduto curvo representam as horas do dia, do nascer ao
entardecer, e contém lâmpadas que podem ser acesas separadamente

Este ideal, na grande maioria dos casos, não é comum. Entretanto, nem toda a
sala que esteja dentro de uma instituição de ensino disporá de meios que permitam
apresentar as leis da fotometria como desejável, o mesmo para o caso de um am-
biente destinado a eventos (em se tratando de hotéis). Um recurso didático possível
é a confecção de maquetes que demonstrem estes princípios e que sejam facilmente
transportáveis para facilitar o entendimento dos participantes. Outro recurso adicio-
nal é o uso do software Power Point visto que, mediante ao uso de cores, fotografias
e animações, facilita a apresentação do professor.
Cabe ao instrutor exercer a sua criatividade para motivar os participantes. Cursos
desta natureza não são de venda de produto, mas sim de desenvolvimento de técnicas
dos princípios aplicados em iluminação.

Considerações finais

Ao longo desse breve texto foram comentados os principais pontos no trata-


mento do ensino da iluminação e quanto ele exige de outros conhecimentos que não
são somente de natureza puramente técnica. Projetos de iluminação não são feitos
somente com o uso de fórmulas matemáticas.
Em iluminação existem duas fases importantes: a primeira, relativa à concep-
ção associada à inspiração a qual os projetos apresentam – algumas vezes isso é sim-

230 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e parceiros


ples, mas de qualquer forma pode representar até 70% do tempo despendido no uso
da criatividade –; a segunda é referente ao que pode ser denominado de transpiração
– nesse caso, o cálculo é necessário, mas para isso, existem os aplicativos computa-
cionais. Nesta fase é importante que o profissional tenha uma noção dos valores que
devem ser obtidos como forma de verificar se o uso do aplicativo está correto.
De forma geral, a preocupação do professor deve ser de desmitificar os proce-
dimentos de análise e o cálculo de iluminação, entretanto isso não significa que o
rigorismo da fundamentação técnica deva deixar de ser considerado.
Por fim, para quem se interessar sobre o tema eficiência energética na ilumi-
nação, a Eletrobras Procel, por meio do Portal Procel Info (www.procelinfo.com.
br), disponibiliza vários meios didáticos gratuitos como: programas, livros, textos e
palestras visando disseminar o assunto.

Referências

BOMMEL, Woût van. Visual, biological and emotional aspects of lighting: recent
new findings and their meaning for lighting practice. Leukos, New York, v.2, n.1,
p.7-11. 2005.
COSTA, Gilberto José Corrêa da. Iluminação econômica: cálculo e avaliação. 4.
ed. Porto Alegre: EDIPUC/RS, 2006.
LOE, David ; McINTOSH, Rosemary. Reflections on the last one hundred years
of lighting in Great Britain. London: The Society of Light and Lighting, 2009.
p.12/ p.37.
PUCRS. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Faculdade de
Arquitetura. Programa da disciplina de iluminação em Arquitetura. Porto
Alegre, 2006.

O ensino da iluminação 231


7.4 Experiência do laboratório
da UFJF em casos aplicados

Danilo Pereira Pinto UFJF


Henrique Antonio Carvalho Braga UFJF
Marcel da Costa Siqueira Eletrobras Procel

Este artigo descreve as atividades acadêmicas em eficiên-


cia energética no âmbito da Universidade Federal de Juiz
de Fora (UFJF), que contribuíram para o desenvolvimento
da área de Iluminação na universidade. Destaca-se ainda
a criação do Laboratório de Eficiência Energética (LEENER)
e o início das atividades do Núcleo de Iluminação Moder-
na (NIMO), reconhecido nacional e internacionalmente pela
execução de projetos em vários segmentos.

232 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Considerações iniciais

A consolidação das ações da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) no


campo da eficiência energética remonta ao início do presente século. De fato, a par-
tir de 2001 e com o objetivo de modernização do currículo do curso de Engenharia
Elétrica, a universidade passou a oferecer a disciplina eficiência energética, que tem
sido desenvolvida em consonância com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional (LDB), Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Brasil, 1996), e com as Di-
retrizes Curriculares para os Cursos de Graduação em Engenharia, Resolução CNE/
CES 11/2002 (CNE, 2002), como uma atividade integralizadora de conhecimento.
Quase simultaneamente, e para atender às demandas identificadas e geradas em
função do desenvolvimento dessa atividade acadêmica, criou-se o Laboratório de
Eficiência Energética (LEENER). Este ambiente tem por objetivos apoiar as ações
de formação, transferência de tecnologia e pesquisa e desenvolvimento nas áreas de
combate ao desperdício de energia, estudo de equipamentos eficientes e interface
com a comunidade visando à eficientização energética de suas atividades. Seu esco-
po de atuação engloba os diversos segmentos de consumo: residencial, comercial,
industrial e setor público.
O objetivo principal deste capítulo é descrever a trajetória recente da conscien-
tização sobre a importância da eficiência energética na UFJF, em especial no que diz
respeito aos eventos relacionados com o tema no âmbito do curso de Engenharia Elé-
trica. Além disso, destacam-se, sempre que pertinente, a interface importante com a
Eletrobras Procel e os projetos financiados e efetivamente implantados, culminando
com o convênio em fase conclusiva: Novas Tecnologias em Iluminação Pública -
Desenvolvimento de Ações Priorizando a Eficiência Energética.

Histórico da criação do LEENER

O LEENER (figura 7.4.1) foi criado com o apoio institucional da UFJF, por
meio da Pró-Reitoria de Administração, Pró-Reitoria de Logística, Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Faculdade de Engenharia e do Centro Regional para
Inovação e Transferência de Tecnologia (CRITT). Contudo, do ponto de vista de
fomento externo, o laboratório contou com o apoio financeiro da Eletrobras Pro-

Experiência do laboratório da UFJF em casos aplicados 233


cel, por meio de um Convênio de Cooperação Técnico-Financeira para Capacitação
Laboratorial, com recursos do Fundo de Desenvolvimento Tecnológico (FDT), da
Eletrobras.

Figura 7.4.1 • Laboratório LEENER da UFJF

Esses recursos tiveram como objetivo principal apoiar as atividades desenvolvi-


das no LEENER, tendo em vista sua identidade como pólo de formação, desenvolvi-
mento e transferência de tecnologia em eficiência energética.
A metodologia de ensino praticada no LEENER baseia-se na ideia de la-
boratório aberto, sem experimentos focados, sendo que o estudante identifica um
problema e procura as soluções. Desta forma, o laboratório torna-se um ambiente
no qual o aluno pode, por meio de experimentos simples e idealizados por ele, com-
provar os conhecimentos adquiridos, realizar simulações e desenvolver protótipos,
permitindo a integração do conhecimento acadêmico com um pouco da vivência
prática profissional dos engenheiros (Pinto; Braga, 2007).
Compondo o espaço físico do LEENER, foram criados, após o ano de 2005,
o Ambiente de Sistemas Motrizes (figura 7.4.2 - a), o Laboratório de Controle de
Processos Industriais (figura 7.4.2 - b) e o Laboratório do Núcleo de Iluminação
Moderna – NIMO (figura 7.4.2 - c).
O Ambiente de Sistemas Motrizes permite simular as principais cargas existen-
tes na indústria (bomba centrífuga, ventilador, esteira transportadora, condicionador e
compressor de ar), objetivando o desenvolvimento de pesquisas de combate ao desper-

234 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


dício de energia e de eficiência energética desses sistemas (acionamento eletroeletrôni-
co, motor elétrico, acoplamento motor-carga e cargas mecânicas acionadas).
O Laboratório de Controle de Processos Industriais auxilia na complementação
da formação dos engenheiros, desenvolvendo habilidades para atuarem no segmento
industrial, tendo contato com a tecnologia utilizada na indústria.
Já o NIMO se especializou em temas relacionados com eficiência energética
em iluminação e aplicações da Eletrônica de Potência em iluminação de interiores e
exteriores. Uma melhor descrição sobre este laboratório é apresentada mais adiante
no item A.

a b c

Figura 7.4.2 - a,b,c • a) Laboratório de Sistemas Motrizes b) Laboratório de Controle de Processos


Industriais e c) Laboratório do Núcleo de Iluminação Moderna (NIMO)

O convênio envolvendo a Universidade Federal de Juiz de Fora e a Eletrobras,


iniciado em meados do ano 2007, foi efetivamente assinado no final do ano 2009. O
documento final estabeleceu três objetivos fundamentais:
1) reestruturação do laboratório do NIMO;
2) implantação de um projeto piloto envolvendo diodos emissores de luz (LEDs
– light emitting diode) em iluminação pública (IP); e
3) desenvolvimento de uma disciplina de cunho acadêmico, destinado a cursos
tecnológicos de ensino superior, sobre IP.
Com base nesses objetivos, algumas ações foram desenvolvidas ainda na fase de
conclusão do texto final, tendo como metas o estabelecimento de meios que facili-
tassem o desenvolvimento das atividades e delimitassem o escopo do trabalho, con-
forme acordado entre as instituições partícipes. Em relação ao primeiro objetivo, o
espaço previamente dedicado ao NIMO ganhou destaque, de modo que este Núcleo
conquistou reconhecimento institucional e se expandiu ao longo do projeto.

Experiência do laboratório da UFJF em casos aplicados 235


Em se tratando do segundo objetivo, foi necessário definir os limites do projeto
piloto, tendo em vista as restrições do orçamento e de modo a facilitar a execução
das atividades. Assim, este projeto foi concebido com o objetivo primeiro de promo-
ver a substituição de cerca de 50 conjuntos de IP (luminárias com lâmpadas a vapor
de sódio de 250 W e 400 W) que constituíam o anel viário da plataforma da Facul-
dade de Engenharia da UFJF. Os detalhes e principais resultados obtidos em função
deste objetivo fundamental são mais bem descritos nos itens B a D.
Por fim, o projeto da disciplina sobre IP, orientada aos cursos de ensino supe-
rior, previu o envolvimento de uma empresa de consultoria especializada, que teve
suas atividades e produtos continuamente monitorados e avaliados ao longo da exe-
cução do projeto. Os detalhes são mais bem esclarecidos no item E.

Principais resultados

A. Reestruturação do Laboratório do Núcleo de Iluminação Moderna (NIMO)


O Núcleo de Iluminação Moderna da UFJF foi criado em 2006, tendo sido regis-
trado oficialmente no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-
gico (CNPq) no ano seguinte (Plataforma Grupos). A criação desse núcleo resultou
de ações específicas que remontavam o ano 2000, ano em que se consolidou também
a área de eficiência energética na instituição. Desde essa época, um grupo de pro-
fessores que atuava no curso de Engenharia Elétrica, da Faculdade de Engenharia,
envolveu-se com projetos científicos locais, orientações de trabalhos de graduação
e pós-graduação, bem como em projetos de extensão universitária (consultoria em-
presarial) focados em buscar metodologias e técnicas para garantir que a iluminação
artificial consistisse em serviços e atividades mais eficientes.
Inicialmente, os estudos envolvendo a iluminação fluorescente (tubular e com-
pacta), técnicas de modelagem de lâmpadas e concepção de conversores eletrônicos
(reatores) para acionamento de lâmpadas de descarga em baixa pressão dominaram
os trabalhos. A proposta original do núcleo era de sustentar atividades na graduação
e pós-graduação nas engenharias Elétrica, Civil e de Produção, na Física e em Ar-
quitetura e Urbanismo. Assim, o NIMO foi, desde sua gênese, um grupo multidisci-
plinar que procurou se consolidar através de pesquisas e desenvolvimento no campo
de interseção destas áreas.

236 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Em um segundo momento, a partir de 2004, os pesquisadores passaram a se
dedicar ao grande tema da iluminação pública, investigando falhas metodológicas
na manutenção de redes e perdas técnicas. Por essa época, o NIMO já se consolidava
no que diz respeito à aquisição de materiais, equipamentos e formação de recursos
humanos. Concessionárias de energia (por meio de projetos de P&D da Aneel), in-
vestimento institucional local e apoio da Eletrobras foram fundamentais para esta
consolidação. Por este período, diversos trabalhos foram publicados pelo grupo, en-
tão emergente, como resultado destes investimentos e parcerias (Braga, 2007 - a;
Braga, 2007 - b) .
A partir de 2006, o NIMO passou a expandir suas áreas de atuação, envolvendo-
-se em trabalhos que focavam as lâmpadas de descarga em alta pressão (principal-
mente sódio e mercúrio) e a iluminação de estado sólido empregando LEDs. Se
até 2007 o NIMO compartilhava seus materiais, equipamentos e estruturas com o
LEENER, em 2008 ele ganhou um espaço específico de cerca de 40 m2 no prédio
do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFJF. Este novo espaço
serviu para abrigar até cinco estudantes bolsistas de graduação e pós-graduação, bem
como alguns equipamentos essenciais para as pesquisas naquele momento.
A configuração do NIMO, descrita ao final do parágrafo anterior, se manteve
até o ano de 2010, quando teve início o projeto de pesquisa e desenvolvimento apoia-
do pela Eletrobras, no âmbito do Procel Reluz. Como as etapas iniciais do projeto
previam a interação com fabricantes, compra e avaliação de luminárias LEDs para
IP e compra de diversos equipamentos de maior porte para apoio às medições e en-
saios específicos, o espaço original de 40 m2 se mostrou insuficiente. Além disso, um
maior interesse de estudantes em todos os níveis (graduação, mestrado e doutorado)
exigiu que o NIMO voltasse a compartilhar espaço com o LEENER e também com
o recém-criado Núcleo de Automação e Eletrônica de Potência (NAEP).
Tal condição facilitou os trabalhos de sensibilização da administração superior
da UFJF para a necessidade de expansão física imediata do ambiente original. Con-
tudo, em função das dificuldades de realocação de espaço no âmbito da Faculdade de
Engenharia, o atendimento às demandas do NIMO só foi possível de ser alcançado
em meados de 2011, quando a cidade de Juiz de Fora se preparava para sediar o IV
Congresso Brasileiro de Eficiência Energética (IV CBEE) e o Seminário de Ilumi-
nação Pública Eficiente (SEMIPE). Assim, em julho de 2011, o NIMO ganhou um

Experiência do laboratório da UFJF em casos aplicados 237


espaço adicional de mesmo tamanho e contíguo à área original. A nova configuração
é demonstrada na figura 7.4.3.
O espaço total destinado ao NIMO é, assim, composto por duas salas, sendo
uma delas orientada a estudos, reuniões e armazenamento de alguns itens (almo-
xarifado de componentes e pequenos equipamentos) empregados em pesquisas. A
segunda área comporta os principais equipamentos utilizados em ensaios e pro-
jetos de desenvolvimento. Ressaltam-se as duas esferas integradoras (esfera de
Ulbricht), de 40 cm e 1 m de diâmetro (índices 1 e 2 na figura 7.4.3), e uma câmara
climática (índice 4 na figura 7.4.3) para ensaios de desgaste ambiental em equipa-
mentos eletrônicos.
Além desses ambientes, o NIMO conseguiu obter um espaço externo, asso-
ciado a uma estrutura mecânica de 7 m de altura (figura 7.4.4), para avaliação
e ensaios radiométricos de luminárias de IP, melhor elucidado no item F desta
seção. Pode-se dizer, ainda, que todo o anel viário e espaços externos da Facul-
dade de Engenharia da UFJF (estacionamentos e vias de acesso, conforme item
B, a seguir), também se tornaram ambientes propícios aos estudos relacionados
com o projeto piloto, de parceria com a Eletrobras Procel, bem como outras ati-
vidades afins ao núcleo.

Figura 7.4.3 • Planta baixa do laboratório do NIMO

238 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Figura 7.4.4 • Estrutura mecânica destinada a ensaios radiométricos de luminárias de IP

Enfim, o Núcleo de Iluminação Moderna da UFJF tem se expandido de forma


consistente, desde seus momentos primordiais. Como consequência, a repercussão
da ação do grupo vem se diversificando em novas pesquisas, concepção de produtos
inovadores e desenvolvimento tecnológico, atingindo abrangência regional e nacio-
nal, já sendo possível vislumbrar alguma repercussão internacional, como pode ser
visto no item F.

B. O projeto piloto de IP empregando LEDs


Esta atividade constante do convênio foi concebida com o objetivo de via-
bilizar o emprego e a avaliação de luminárias de estado sólido (usando LEDs de alta
potência) em uma via de trânsito de veículos típica, que pudesse ser monitorada ao
longo de um período de pelo menos 12 meses. O ambiente escolhido foi a via pública
que circunda a Faculdade de Engenharia da UFJF, conforme ilustra a figura 7.4.5.
Alguns pontos de interesse são destacados nesta figura, como o polígono, que cons-
titui a via em si.

Experiência do laboratório da UFJF em casos aplicados 239


Figura 7.4.5 • Via pública utilizada no projeto piloto no emprego de luminárias a LED
(Google Maps, 2012)

No anel viário destacado eram usadas cerca de 70 luminárias que empregavam


lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão – a grande maioria de 250 W e algumas
de 400 W. Uma das explicações para este uso mesclado de lâmpadas com potências
distintas seria a carência momentânea de lâmpadas de 250 W quando se necessitou
proceder à manutenção de pontos avariados. Outra suspeita seria a possibilidade de se
obter um nível de iluminamento superior, capaz de alcançar uma maior abrangência e
compensar as limitações devido à intensa arborização observada ao longo da via.
O projeto piloto determinou, então, a substituição de 45 conjuntos de ilumina-
ção por equivalentes utilizando LEDs, conforme ilustra a figura 7.4.6.
Durante os anos de 2010 e 2011, a equipe do NIMO estabeleceu intensos conta-
tos com fabricantes, participou de congressos e seminários especializados e recebeu
cerca de 20 unidades de luminárias LEDs, representando seis modelos comerciais
de diversos fabricantes nacionais e estrangeiros. Esses modelos foram avaliados em
laboratório e, posteriormente, instalados em campo, com o objetivo de se avaliar o
seu desempenho fotométrico, elétrico, praticidade e robustez. Ao final desse proces-
so, no início do ano 2011, foram definidos alguns modelos que se ajustaram tecni-

240 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


camente às exigências do entorno determinado, bem como obedeciam aos critérios
estabelecidos pela equipe técnica (Eletrobras e UFJF), e superaram as exigências das
normas em vigor.

Figura 7.4.6 • Planta baixa do layout, em 2012, da Faculdade de Engenharia e seu entorno, com
indicação dos pontos substituídos no projeto piloto em fevereiro
(Adaptação do autor sobre planta baixa fornecida pela UFJF)

Durante o ano de 2012, foi feito o acompanhamento de desempenho das luminá-


rias LEDs instaladas, sendo que a equipe da UFJF incluiu no universo dos pontos de
iluminação, além de algumas luminárias doadas por fabricantes, as novas luminárias
adquiridas, com as seguintes características: potência total de 157 W, fluxo luminoso
de 9600 lúmens típicos iniciais, distribuição assimétrica aberta, temperatura de cor
6000 K, arranjo não modular de LEDs e sistema óptico anti-ofuscamento.

Experiência do laboratório da UFJF em casos aplicados 241


O estudo como um todo deverá produzir importantes resultados para este campo
da engenharia, como facilitar a tomada de decisão por parte de organismos públicos
de fomento e entidades públicas que buscam financiamento para projetos nessa li-
nha, além de contribuir para o domínio da tecnologia em âmbito nacional.
Neste sentido, o NIMO/UFJF tem logrado importantes avanços no que diz
respeito à aplicação de normas nacionais e internacionais pertinentes, avaliações
elétrico-fotométricas de LEDs empregados em luminárias de IP, avaliações elétrico-
-fotométricas de luminárias comerciais, concepção e desenvolvimento eletrônico de
acionadores (drivers) de LEDs, empregando tecnologias modernas (fator de potên-
cia unitário, baixíssima distorção harmônica, integração de estágios conversores,
baixo custo, longa vida útil e elevada eficiência). Alguns desses resultados têm sido
veiculados em importantes publicações científicas, com maior concentração entre os
anos 2011 e 2012.

C. Avaliações experimentais em LEDs para iluminação


Com a recente aquisição de importantes equipamentos destinados a ensaios de
tipo e de pré-qualificação de produtos, alguns dos quais obtidos por meio de apoio
financeiro previsto no projeto, o NIMO se qualificou e pode contribuir com proprie-
dade no cenário nacional e internacional, em especial no campo da IP e iluminação
de estado sólido. Apenas como exemplo, alguns estudos são brevemente destaca-
dos a seguir, em especial uma análise fotométrica envolvendo diversos modelos de
LEDs comercial e um estudo avaliando os impactos de diversas formas de onda de
corrente elétrica impostas a LEDs de potência.
Pela avaliação das amostras de luminárias comerciais usadas na IP de estado
sólido (veja item B, anterior), os pesquisadores do NIMO tomaram conhecimento
da existência de dois tipos básicos de diodos emissores de luz sendo adotados atual-
mente na implementação de luminárias SSL: os LEDs de alto brilho (HB, do inglês
high brightness) e de alta potência (HP, do inglês high power).
Vale mencionar que os dois tipos de componentes produzem iluminação de alto
brilho, se comparados aos primeiros diodos de luz produzidos comercialmente. Con-
tudo, os LEDs HP são normalmente acionados com correntes elétricas superiores a
350 mA, ao passo que os LEDs HB funcionam com corrente inferior a 50 mA. Como
resultado, os LEDs HP apresentam um fluxo luminoso muito superior ao observado

242 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


com os LEDs HB (tipicamente, da ordem de 10:1 como mínimo). Com o objetivo
de melhor interpretar o comportamento elétrico e radiométrico destes componentes,
foram implementadas “luminárias simplificadas”, compostas de algumas unidades
de tais elementos (quantidades mínimas, de modo a facilitar o trabalho no interior de
esferas integradoras) e posteriormente ensaiadas.
Durante os ensaios, os LEDs HP foram submetidos a correntes reguladas de 350
mA (inferior ao valor nominal, de modo a produzir um melhor resultado de eficácia
luminosa), enquanto os LEDs HB foram ensaiados sob corrente de 20 mA. Pode‐se
observar que a temperatura de cor de alguns modelos diferiram de seus valores de
catálogo, o que aponta para um cuidado a ser tomado na seleção de tais elementos
quando da implementação de luminárias a serem aplicadas em ambientes que exi-
gem um controle de cor mais rígido.
Notou-se, ainda, que o índice de reprodução de cor (IRC) de todos os mo-
delos ensaiados superou a marca de 70% e, em alguns casos, foi superior a 80%.
Isto indica que estes componentes, quando adotados na iluminação de ambientes
externos, por exemplo, são capazes de destacar muito mais apropriadamente as
cores do entorno ambiental (vias públicas, arborização, monumentos etc.) do que
lâmpadas convencionais atualmente empregadas para este fim (vapor de mercú-
rio e sódio).
Em contrapartida, tais modelos nem sempre apresentaram uma eficácia lumi-
nosa muito alta (em lm/W), característica que é comumente alcançada para os que
apresentam temperatura de cor mais alta. Vale destacar que os LEDs modernos de
alta potência (HP) podem apresentar eficácias luminosas bem superiores aos mode-
los de alto brilho (HB), o que aponta para sua preferência na fabricação de modernas
luminárias para iluminação de exteriores, situação em que o fluxo luminoso neces-
sita ser mais elevado. Além disso, um maior fluxo luminoso por unidade resulta
em um menor número de elementos por luminária, propiciando um conjunto tipica-
mente mais harmonioso, mais leve e menos volumoso se comparado a modelos de
luminárias de IP que empregam LEDs HB.
Um estudo conceitual foi realizado pelo NIMO (Braga et al, 2011), com
o objetivo de se avaliar alguns detalhes na produção de luminárias LEDs em-
pregando os dois tipos de tecnologias descritas aqui (HP e HB). As luminárias
foram definidas para apresentarem um fluxo luminoso total de 6.400 lm. Neste

Experiência do laboratório da UFJF em casos aplicados 243


estudo, ambos os projetos apresentaram um fluxo luminoso muito próximo do
desejado, diferindo não mais de 1,5%, e ambos observaram uma temperatura
de cor próxima de 6.200 K com uma tensão máxima inferior a 120V nas strings
em paralelo.
Uma comparação das alternativas indica boas evidências em favor da tec-
nologia HP-LED, tais como uma melhor eficácia luminosa global, diminuição
da quantidade de LEDs necessários (62 contra 1599), menor número de strings
(2 contra 31) e número de conversores estáticos, ou drivers, inferior (o que re-
duz o custo total). Além disso, o consumo de energia é menor, pois a potência
de entrada foi menor devido à maior eficiência dos dispositivos de LEDs HP.
Apesar de um arranjo com mais strings em paralelo representar uma menor
redução de fluxo no caso de falhas, o emprego de um menor número de com-
ponentes no caso HP (unidades de LEDs e drivers) acaba por ser mais barato e
mais fácil de montar em uma luminária. A confiabilidade, consequentemente,
torna-se também outra variável a ser considerada, ao se escolher entre os dois
projetos.
Diversos outros estudos e ensaios experimentais foram conduzidos durante a
execução do projeto, mais especialmente no ano de 2011. Porém, a descrição de
todos eles não seria algo apropriado para o escopo deste livro.

D. Produção bibliográfica especializada


É interessante destacar que o Núcleo de Iluminação Moderna da UFJF teve a
sua produção científica significativamente aumentada nos últimos dois anos (2010-
2012), algo que se pode atribuir ao apoio fundamental da Eletrobras Procel. No
decorrer da execução do projeto foram elaborados e tornados públicos inúmeros
produtos, tais como artigos em congressos no Brasil e no exterior, monografias de
conclusão de curso de graduação e de qualificação de doutorado. Também houve
submissão de dois artigos a revistas especializadas internacionais.
Além desse significativo incremento na produtividade científica do NIMO‐
UFJF, previu-se ainda para o ano de 2012 a publicação de cerca de 20 trabalhos
em congressos no Brasil e exterior, cinco artigos em revistas especializadas (dois
em revistas estrangeiras e três em revistas nacionais), três defesas de dissertação de
mestrado e uma defesa de tese de doutorado.

244 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


E. Projeto de disciplina acadêmica em IP orientada ao terceiro grau
O consumo de energia elétrica nos sistemas de iluminação é um dos usos finais
mais importantes para diversos tipos de consumidores. Entretanto, a formação de
engenheiros e arquitetos ainda não se deu conta da importância de projetar e operar
sistemas de iluminação mais eficientes, acarretando em sistemas mal dimensionados
e no desperdício de energia. Estima-se a possibilidade de redução de 10% a 15%
no consumo de energia elétrica na iluminação das edificações, apenas com melhor
aproveitamento da iluminação natural (Pinto, 2010).
Como resposta a tais percepções, observa-se que a área de iluminação, de um
modo geral, tem passado por profundas alterações e avanços tecnológicos nos últi-
mos anos. Dois exemplos que podem representar mudanças de paradigmas no seg-
mento da IP são o uso mais abrangente da eletrônica, associada aos reatores, monito-
ramento e comando; e a recente evolução da tecnologia LED, de elevada potência e
intensidade luminosa, apresentando um significativo melhoramento no que tange às
marcas de eficácia luminosa (em lm/W).
Apesar desses avanços, na maioria dos cursos de Engenharia e Arquitetura os con-
teúdos referentes à iluminação, em geral, são abordados na disciplina de instalações
elétricas. Portanto, discute-se apenas iluminação residencial, com o foco no projeto de
instalação elétrica residencial unifamiliar. Engenheiros e arquitetos que se interessam
pelo tema e desejam expandir suas áreas de conhecimento são obrigados a se espe-
cializarem após sua formação na graduação. De forma recorrente, o conhecimento
nessa área é adquirido após longos anos de estudos e trabalho em concessionárias de
energia, empresas de consultoria, empresas prestadoras de serviços de instalações elé-
tricas, dentre outras. Com isso, há no mercado de trabalho a carência de profissionais
especializados em iluminação, principalmente em IP.
Uma iluminação externa, de boa qualidade, bem dimensionada e bem distribuída
é fator decisivo na melhoria dos índices de segurança pública, de segurança no trânsito
e da satisfação do contribuinte. Desse modo, a eficiência dos sistemas de IP está ligada
diretamente à qualidade de vida dos cidadãos, de forma que ações que promovam a
excelência desses sistemas resultam em melhoria da qualidade de vida e desenvolvi-
mento socioeconômico do município onde é implantada (Braga, 2007 - b).
Em acréscimo a todos estes fatos, uma importante mudança em fase de implantação
no Brasil é a transferência dos ativos de IP da concessionária para o município, determi-

Experiência do laboratório da UFJF em casos aplicados 245


nados pelo art. 218 da Resolução Aneel nº. 414/2010. Essa mudança abrirá oportunida-
des de trabalho descentralizadas em cada município e a necessidade de os agentes muni-
cipais conhecerem mais profundamente os aspectos referentes à gestão de IP. Poderá ser,
assim, uma boa oportunidade de transformação do modelo atual de gestão da iluminação,
em que, no geral, temos um cliente municipal passivo que poderá transformar-se em um
cliente exigente, preocupado com a qualidade da iluminação e seus custos.
Pode-se conjeturar que o cenário descrito até aqui fornece justificativas mais
do que suficientes para a inclusão dos conteúdos de Sistemas de Iluminação Pública
Eficientes como uma atividade acadêmica na formação profissional dos engenheiros
eletricistas, civis, arquitetos, entre outros. Como consequência, uma possível lista de
conteúdos a ser abordada em tais cursos é organizada na tabela 7.4.1. Vale a pena
mencionar que a proposta descrita nesta tabela foi elaborada em parceria com uma
equipe especializada, que atuou especificamente na produção dos conteúdos descri-
tos, os quais foram avaliados por integrantes do convênio.

F. Desdobramentos em novos projetos e parceiros


Tendo em vista a projeção do trabalho do Núcleo de Iluminação Moderna da
UFJF nos últimos anos, diversas iniciativas e parcerias nacionais e estrangeiras fo-
ram estabelecidas, dentre as quais é possível destacar:
1. Projeto P&D Aneel Metodologia computacional e dispositivo de coleta de dados
para auxílio à detecção de perdas de energia na iluminação pública. Parceria Universidade Fe-
deral do Espírito Santo (UFES) e empresas EDP-Escelsa e EDP-Bandeirante. (2011-2013);
2. Cooperação científica na área de drivers integrados para iluminação de estado
sólido e projeto térmico-fotométrico de luminárias SSL empregadas em iluminação
pública. Parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). (2012-2014);
3. Cooperação científica na área drivers para iluminação de estado sólido e avaliação
radiométrica de LEDs para iluminação. Universidad de Oviedo. Espanha. (2011-2014);
4. Cooperação científica na área drivers para iluminação de estado sólido e ava-
liação radiométrica de LEDs para iluminação. Universitá de Padova. Itália. (A ser des-
dobrado no âmbito do Programa Ciência sem Fronteiras do Governo Federal); e
5. Contatos com o Smart Lighting Engineering Research Center (ERC) do
Rensselaer Polytechnic Institute, em Troy, Nova Iorque, Estados Unidos. Troca de
experiências e integração entre equipes de ambos os laboratórios, sendo que o NIMO

246 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


foi convidado a proferir palestra para o grupo do ERC em novembro de 2012, rela-
tando seus projetos e resultados.

Tabela 7.4.1 • Tópicos a serem abordados na disciplina sobre Iluminação Pública

Conteúdos Observações
1. História da iluminação Fatos históricos e antecedentes.
pública
Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública; Resolução
nº. 456 da Aneel, que regulamenta os serviços de energia elétrica,
2. Legislação brasileira conceitua e classifica os serviços de iluminação pública, incluindo tarifas,
responsabilidades e obrigações etc.; Código de Defesa do Consumidor,
dentre outros.
Normas Nacionais: ABNT NBR 5101/1992 - Iluminação Pública - fixa
requisitos mínimos necessários a iluminação de vias públicas, os quais
são destinados a propiciar algum nível de segurança aos tráfegos de
pedestres e veículos; ABNT NBR 5181/1976 - Iluminação de túneis.

3. Normas nacionais e Normas internacionais: CIE - Comissão internacional de iluminação,


internacionais IESNA - Iluminating Engineering Society of North America, IRAM -
Instituto Argentino de Normatização e Certificação, dentre outros.

Normas para componentes de Iluminação Pública: luminária, lâmpada,


relé fotoelétrico, reator, capacitor, porta-lâmpada, poste, braço e núcleo -
características construtivas, relação dos ensaios etc.
4. Equipamentos e Características dos componentes de IP, especificação e ensaios.
tecnologias de IP
5. Dispositivos de economia Principais dispositivos, vantagens e desvantagens, características dos
de energia e gerenciamento sistemas de gerenciamento remoto da IP, tecnologias disponíveis.
remoto de IP
Conceitos, ensaios fotométricos, equipamentos necessários, medições
6. Fotometria de campo, classificações fotométricas.
Projeto de um sistema de IP eficiente, projetos de melhoria, etapas de
7. Elaboração de projeto execução, projeto de expansão, projeto de iluminação especial, projeto
executivo de iluminação esportiva, critérios de projeto, simulações de projetos em
softwares (Dialux, Relux, Agi32)
Diodos emissores de Luz (LEDs), características técnicas, vantagens e
8. Iluminação de estado desvantagens do uso do LED na IP, componentes e acessórios, normas
sólido técnicas, uso do LED no Brasil.
Conceitos associados à confiabilidade, taxa de falhas em IP, depreciação
9. Confiabilidade de dos equipamentos, aspectos de custos de manutenção, qualidade de
sistemas de IP energia.
Atributos e importância do gestor de IP, benefícios de uma boa gestão
da IP, características do sistema de gestão informatizado de IP,
10. Gestão de IP georeferenciamento, cadastramento, descarte, manutenção, atendimento
ao público, dentro outros; planejamento de projetos de eficiência de IP,
plano diretor de iluminação pública.
Inspeção do sistema de iluminação pública, avaliação e controle dos
serviços executados, controle de qualidade do material utilizado na
11. Manutenção em IP manutenção, recomendações para manutenção eficiente, normas de
segurança e boas práticas.
Fatores que influenciam o mau uso da iluminação externa e como
12. Poluição luminosa contorná-los. Dispersão da abóbada celeste. Implicações na astronomia
e outras ciências.
13. Plano Diretor de IP Projeto coordenado do IP para municípios.
14. Programas
governamentais e Descrição dos principais fundos destinados ao setor.
financiamentos

Experiência do laboratório da UFJF em casos aplicados 247


Considerações finais

As recentes ações em eficiência energética, iluminação geral e IP colocaram os


grupos científicos da Universidade Federal de Juiz de Fora em um patamar técni-
co de relevância no cenário nacional e internacional. É evidente que esses avanços
aconteceram em função do desenvolvimento de inúmeros projetos financiados, que
se iniciaram por volta do ano 2000. Dentre as agências financiadoras, é possível
destacar a importante parceria da Eletrobras Procel, que não somente participou do
suporte financeiro, como também interagiu tecnicamente durante a execução dos
distintos projetos.
Há que se relevar a contribuição do convênio com a Eletrobras para a consoli-
dação do Núcleo de Iluminação Moderna da UFJF. Além disso, este convênio pro-
piciou o avanço do conhecimento, em âmbito nacional, da tecnologia de iluminação
de estado sólido aplicada às vias públicas e áreas externas, tendo se agregado vasto
conhecimento em fotometria de diodos emissores de luz, concepção de projetos de
iluminação, avaliação de luminárias comerciais e impactos de um projeto piloto.
Também foi possível organizar e elaborar um roteiro de uma disciplina acadêmi-
ca (ensino superior) orientada à iluminação pública, capaz de contribuir para uma
melhor formação na área, em cursos de Engenharia, Ciências Exatas, Arquitetura e
Urbanismo.

Referências

BRASIL. Lei nº. 9394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases


da Educação Nacional. Disponível em: < http://www6.senado.gov.br/legislacao/
ListaTextoIntegral.action?id=75723 >. Acesso em: 20 de novembro de 2012.
BRAGA, H. A. C. et al. Uma proposta de redução de custos no gerenciamento
e na manutenção de redes de iluminação pública. In: IV Congresso de Inovação
Tecnológica em Energia Elétrica, 2007 - a, Araxá-MG. Anais... Araxá: ANEEL,
2007.
_______________. et al. Improvements in public lighting network: reducing
losses and energy waste. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA, 2., 2007 - b, Vitória. Anais... Vitória: CBEE, 2007.
_______________. Degradação da qualidade de reatores eletromagnéticos de

248 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


lâmpadas de descarga. In: INDUSCON 2010 - IEEE/IAS: INTERNATIONAL
CONFERENCE ON INDUSTRY APPLICATIONS, 9., 2010. Anais... São Paulo:
IEEE/IAS International Conference on Industry Applications, 2010.
_______________. Experimental characterization regarding two types of
phospor_converted white high_brightness LEDs: low power and high power
devices. CONGRESSO BRASILEIRO DE ELETRÔNICA DE POTÊNCIA, 9.,
Natal, 2011. Anais... Natal: CBEP, 2011, p. 734_740.
CNE. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES 11, de 11 de
março de 2002, Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação
em Engenharia. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/
CES112002.pdf >. Acesso em: 14 de setembro de 2012.
PINTO, D. P.; BRAGA, H. A. C. The discipline and the energy efficiency
laboratory (LEENER): formation, development and transference of technology for
the combat to the energy waste. In: IEEE POWERENG, 2007, Setúbal (Portugal).
Anais... Setúbal (Portugal): IEEE, 2007.
PINTO, D. P.; BRAGA, H. A. C.; CASAGRANDE, C. G. A disciplina e o laboratório
de eficiência energética da UFJF: formação, desenvolvimento e transferência de
tecnologia para o combate ao desperdício de energia. In: Educação em Engenharia:
evolução, bases, formação. Juiz de Fora: Fórum Mineiro de Engenharia de Produção,
2010.

Experiência do laboratório da UFJF em casos aplicados 249


Considerações finais e perspectivas

O homem sempre necessitou da luz para se desenvolver, sua ausência era sig-
nificado de desconhecimento, medo, dúvida, enfim, crenças e conceitos negativos.
Atividades de sobrevivência, como a caça e a pesca, interações com outros homens e
a natureza eram realizadas durante o dia. A noite apenas se descansava, refugiando-
-se de possíveis predadores.
Após a descoberta e domínio do fogo, os hábitos foram mudando. A utilização
de outros combustíveis, diferentes da madeira, como graxa e óleo, aliada a alterna-
tivas de maior mobilidade, como lamparinas, tochas, velas e lampiões, ampliou e
muito a relação do homem com a noite.
A evolução prosseguiu, passando-se de uma iluminação pontual ou individual
em moradias, em nichos familiares, para um cenário mais coletivo, comum. O de-
senvolvimento da iluminação pública auxiliou no progresso das cidades. Sua prová-
vel origem tem registro na Inglaterra, em 1415. A demanda se deu pelo desejo de
comerciantes em reduzir a criminalidade noturna. Utilizava-se óleo de baleia como
combustível. No Brasil, a origem remete-se ao século XVIII, em 1794, com a insta-
lação de 100 luminárias a óleo de azeite no Rio de Janeiro.
Naturalmente, com o tempo, as técnicas e tecnologias de iluminação foram sen-
do aperfeiçoadas, passando por equipamentos de queima de gás à utilização das
lâmpadas elétricas, que propiciaram um salto considerável nos níveis de iluminação.
Atualmente, o tema iluminação é um campo muito amplo, uma ciência que
abrange as mais variadas vertentes, como o desenvolvimento de materiais, equipa-
mentos e tecnologias, normatização, planejamento, entre outras, havendo inclusive
profissionais específicos para tratar do assunto, como consultores de iluminação,
lighting designers e projetistas.
Dada a crescente importância dessa área, a Eletrobras Procel procurou atuar
no tema sob a perspectiva da eficiência energética, tanto por meio do Selo Procel
Eletrobras de Economia de Energia como pelo Procel Reluz, este direcionado à ilu-
minação pública e sinalização semafórica.

250 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Nesse contexto, esta publicação buscou registrar e disseminar as diversas ações
realizadas, juntamente com seus parceiros, para transpor barreiras ao aprimoramento
da iluminação visando maior eficiência.
Como visto ao longo dos capítulos, os esforços do Programa foram concen-
trados, e continuarão a ser, no desenvolvimento de cinco principais vertentes de
atuação:
1. capacitação de pessoal e laboratorial: no que diz respeito à realização de en-
saios em equipamentos;
2. certificação de equipamentos: por meio do Selo Procel Eletrobras e do pro-
cesso de etiquetagem;
3. Procel Reluz: financiamento de projetos de substituição do parque de ilumina-
ção pública por equipamentos mais eficientes, além de projetos de avaliação desses
sistemas e de equipamentos específicos, como foi o caso de relés fotocontroladores;
4. estudos e pesquisa: destacando-se a criação de um centro de excelência em
iluminação pública responsável por desenvolver pesquisas nessa área; a realização
da Pesquisa de Posse de Equipamentos e Hábitos de Consumo de Energia (PPH); e
o estudo de potencial de conservação de energia elétrica na classe residencial, além
da avaliação dos resultados dos projetos e ações desenvolvidas, por meio do desen-
volvimento e aplicação de metodologias específicas; e
5. normatização e regulamentação: apoiando a revisão e criação de normas téc-
nicas de iluminação.
Soma-se ainda a tudo isso, ações de cunho educacional, a criação de centros de
demonstração e iniciativas que visam alavancar técnicas e tecnologias para impul-
sionar ainda mais a eficiência energética em sistemas e equipamentos de iluminação,
acompanhando a vanguarda tecnológica.
É muito importante a disseminação dessas informações à sociedade, e para
isso o Programa conta com o Portal Procel Info (www.procelinfo.com.br) que tem
o objetivo de criar e manter uma base dinâmica de conhecimento sobre eficiência
energética, a partir de conteúdo produzido no Brasil e no exterior, e disseminá-lo
para os públicos interessados no tema. Em se tratando de materiais específicos sobre
iluminação eficiente, destacam-se os livros: “Manual de Descarte de Lâmpadas de
Iluminação Pública: Guia de Manuseio, Transporte, Armazenamento e Destinação
Final”, “Guia Procel Edifica – Iluminação”, “Manual de Iluminação de Espaços Pú-

Considerações finais e perspectivas 251


blicos Esportivos”, “Manual de Iluminação Eficiente” e o presente livro, que estão
disponíveis na seção de ‘Publicações’.
Na seção de Simuladores, dispõem-se dos softwares Mark IV Plus, para diag-
nóstico energético; SIGIP de Gerenciamento de Iluminação Pública, para gestão de
IP nos municípios, além do DIALux, SoftLux e TropLux. Na seção ‘Informações
Técnicas’, há exemplos de “casos de sucesso” – relatos sobre projetos replicáveis – e
uma relação com a descrição do conteúdo de normas técnicas e outros documentos
relevantes do setor elétrico.
Como exemplo, o Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf), elaborado
em 2011, pelo Ministério de Minas e Energia (MME), um documento específico que
contempla a eficiência energética em vários setores e segmentos da sociedade. O Pla-
no apresentou um conjunto de problemas e propostas de soluções para que se atinja,
tanto com ações autônomas quanto incentivadas, o montante de 10% de economia de
energia nesses diversos segmentos no ano de 2030. Ao longo do documento são de-
finidas responsabilidades para os vários agentes, de forma que as diversas iniciativas
de eficiência energética no Brasil possam se articular e ganhar volume e efetividade,
facilitando a utilização dos recursos e permitindo ações integradas dos envolvidos.
O documento destina um de seus capítulos exclusivamente à iluminação públi-
ca, porém não trata isoladamente de ações de eficiência energética em iluminação
no setor de edificações, que foi responsável por aproximadamente 178 TWh, o equi-
valente a 41% do consumo nacional de energia elétrica em 2009. Estas ações vêm
geralmente associadas a intervenções arquitetônicas na envoltória das edificações e
a melhorias no sistema de condicionamento de ar.
Entre esses potenciais de economia de energia, com participação dos sistemas
de iluminação, pode-se citar a estimativa de economia realizada pelo Procel Edifica
de aproximadamente 30% nas edificações existentes, aumentando para 50% em edi-
ficações novas. Para o caso de prédios públicos, estimou-se um potencial de redução
da ordem de 20% para projetos implementados entre 2002 e 2007, ou de 25% a 60%
para projetos elaborados pelas Empresas de Serviços de Conservação de Energia
(Escos) no âmbito do Programa de Eficiência Energética (PEE), da Agência Nacio-
nal de Energia Elétrica (Aneel).
Em relação à eficiência energética na IP, o PNEf destaca os dois programas
governamentais: o Procel Reluz e o Programa de Eficiência Energética da Aneel.

252 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Conforme pesquisa realizada pela Eletrobras Procel em 2008, detectou-se que
62,9% das lâmpadas utilizadas no parque de iluminação pública no Brasil eram a
vapor de sódio, representando um potencial de economia considerável, resultante da
substituição dos 37,1% dos pontos restantes. Esse potencial é exposto no documento
como um “Cenário Potencial Técnico”, no qual se estima uma economia de energia
de 911 GWh/ano e uma redução de 208 MW de demanda na ponta.
Por fim, entre as linhas de ações propostas pelo PNEf para IP, destacam-se:
• estudar a possibilidade de oferecer incentivos fiscais aos equipamentos deten-
tores do Selo Procel;
• promover estudos de viabilidade de criação da indústria nacional de Light
Emitting Diodes (LEDs) de alta potência para aplicação na IP e demais setores;
• criar normas brasileiras de ensaios com a tecnologia LED e especificação de
requisitos mínimos de desempenho e vida útil;
• voltar a utilizar os recursos da Aneel, considerando que agora a titularidade é
da prefeitura e pode haver regressão do estado atual; e
• dinamizar a linha de financiamento Programa de Modernização da Adminis-
tração Tributária e da Gestão dos Setores Sociais Básicos (PMAT), do Banco Na-
cional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ao criar outra linha que
faça o município não depender da concessionária de energia para obtenção de finan-
ciamentos em IP.

Perspectivas de novas tecnologias: A iluminação a LED


A tecnologia a LED em sistemas de iluminação, principalmente os equipamen-
tos de alta potência, já muito empregada atualmente e com enorme potencial de
evolução, se comparada com as outras tecnologias usuais utilizadas. A iluminação
a LED se destaca pela sua eficácia luminosa, vida útil longa, dimensões compactas,
manutenção facilitada, além da vasta gama de cores possível, e é claro, a baixo con-
sumo de energia.
Parâmetros e variáveis que não eram tão relevantes num passado próximo pas-
saram a ser considerados e estudados com maior atenção, tanto em projetos lumi-
notécnicos, como nas próprias luminárias, de forma que a utilização do LED seja a
mais eficiente possível. Nesse tipo de iluminação, em função das condições de tra-
balho, as variações de temperatura podem alterar seu espectro e consequentemente

Considerações finais e perspectivas 253


sua aparência de cor, a intensidade de luz e a depreciação do fluxo luminoso. Como
exemplos dessas variáveis a serem consideradas, pode-se citar o ângulo de emissão
de luz, a distribuição do fluxo luminoso do conjunto lâmpada-luminária, as restri-
ções térmicas, índice de reprodução de cor e a fonte de alimentação, entre outros.
Uma mostra recente de que essa tecnologia ainda está em período de maturação
foi a apresentação dos resultados de ensaios laboratoriais de durabilidade realiza-
dos pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), em lâmpadas tubulares
e com base E27 de LED, que demonstraram alguns dados críticos, nos quais havia
grande variação na qualidade dos produtos e alguns mostraram altas reduções de
fluxo luminoso nas lâmpadas e variação de temperatura e de reprodução de cor em
apenas 6.000 horas de medição. Em se tratando de luminárias para IP, dentre todas
as amostras testadas, apenas uma receberia o Selo Procel Eletrobras de Economia
de Energia.
Esse fato também deixa saliente outro problema pelo qual essa nova tecnologia
vem passando: a entrada no mercado de diversos produtos desenvolvidos pelos mais
variados fornecedores, nem sempre preocupados com critérios técnicos e de quali-
dade. A normalização está apenas se iniciando, assim como a regulamentação e em
breve poderemos iniciar a fiscalização no mercado brasileiro.
A tendência é uma penetração cada vez maior da tecnologia em função da pro-
jeção da redução do custo dos componentes e do aumento da eficiência luminosa dos
LEDs. Há estudos que revelam uma redução anual superior a 20% na relação custo
por fluxo luminoso (R$/lm). Atualmente, a eficiência de um LED está em torno de
100 lm/W, porém estima-se que em 2020 esta eficiência supere 200 lm/W – as fluo-
rescentes tubulares de maior eficiência apresentam 100 lm/W e as a vapor de sódio
a alta pressão 140 lm/W.
Outra percepção está relacionada ao crescimento da indústria asiática no setor
de iluminação que cada vez mais concentra produtores e recebe linhas de fabricação,
levando a crer que em um futuro próximo tudo, ou quase tudo, passe a ser produzido
na região e exportado para o mundo todo, caso países de dimensões continentais e
grande mercado como o Brasil não tomem iniciativas de alavancar sua indústria.
Por fim, analistas acreditam que a tecnologia da iluminação à LED, principal-
mente quando se trata de IP, se consolidará dentro dos próximos 10 a 15 anos, o
que contribuirá para uma iluminação sustentável, de boa qualidade, baixo consumo

254 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


de energia e com pouca geração de resíduos e impactos ambientais, principalmente
devido à ausência de mercúrio. Alia-se a esses benefícios a possibilidade da utiliza-
ção de energia renovável nos pontos de iluminação pelo emprego de placas solares,
implicando em autonomia energética.
Com o desenvolvimento das redes inteligentes (smart grids), os sistemas de
controle e gestão estarão mais presentes nessas instalações, otimizando, além da
própria iluminação, os processos de planejamento e manutenção desses sistemas.

Considerações finais e perspectivas 255


Minicurrículos dos autores

Alexandre Cricci
É formado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Uni-
versidade de São Paulo (USP), tem pós-graduação em Administração
Contábil e Financeira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). É pre-
sidente da Abilumi (Associação Brasileira de Importadores de Produtos
de Iluminação) e diretor da Lâmpadas Golden. alexandre@abilumi.org.br

Alexandre Paes Leme


Engenheiro Eletrotécnico, é coordenador de Programas de Avaliação
da Conformidade no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tec-
nologia (Inmetro), coordenador substituto do Programa Brasileiro de
Etiquetagem (PBE), coordenador do Comitê Técnico de Eletrodomésti-
cos do Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética
(CGIEE/MME) e coordenador/representante do Brasil na Comissão Panamericana
de Normas Técnicas (Copant). apleme@inmetro.gov.br

Álvaro Medeiros de Farias Theisen


Diretor da Testtech Laboratórios e consultor na área de Qualidade La-
boratorial e Desenvolvimento Laboratorial, é engenheiro eletricista, com
mestrado em Engenharia de Produção. Além de membro fundador da
Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM) e da Rede Metrológica do
Rio Grande do Sul, integra comissões técnicas do Instituto Nacional
de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT), IEC (International Electrotechnical Commission) e ISO (Interna-
tional Standard Organization). Também é membro do Comitê Brasileiro de Avalia-
ção da Conformidade (CBAC), como representante dos laboratórios. Tem três livros
publicados na área de Metrologia e Avaliação da Conformidade. alvaro@testtech.
com.br

Ary Vaz Pinto Junior


Engenheiro eletricista formado pela Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em 1978, com mestrado em Engenharia
Elétrica, obtido em 1982, também pela PUC-Rio. Em 1999, realizou
curso de pós-graduação lato sensu de especialização em Sistemas de
Telecomunicações.Tem curso de MBA em Gerência de Energia pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ). De 1979 a 1981, trabalhou na PUC-Rio como
auxiliar de ensino e pesquisa; de 1981 a 1989, trabalhou na Cobra Computado-
res e Sistemas Brasileiros S. A.; e de 1989 até o presente momento, trabalha no
Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), na função de chefe do Departa-
mento de Tecnologias Especiais, no qual são tratados os seguintes temas: eficiên-
cia energética, energias renováveis, geração distribuída e metalurgia e materiais.
ary@cepel.br

256 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Cássio Alexandre Pereira de Souza
Graduado em Engenharia Elétrica pela Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (PUCRS), em 2008, trabalha como técnico de
laboratório de ensaios da própria instituição. Tem mestrado em Auto-
mação do Dispositivo do Ensaio de Resistência ao Impacto Izod pela
PUCRS. cassio.souza@pucrs.br

Claude Cohen
Doutora em Planejamento Energético com ênfase em Planejamento
Ambiental pela Coppe/UFRJ e mestre em Economia do Desenvolvi-
mento pela Université de Paris X – Nanterre, atualmente é professora
adjunta da Faculdade de Economia da Universidade Federal Flumi-
nense (UFF), professora colaboradora do Programa de Planejamento
Energético da Coppe/UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Economia da
UFF. Publicou artigos em periódicos especializados, vários trabalhos em anais de
eventos e capítulos de livros nas áreas de Economia da Energia e do Meio Ambien-
te. Em suas atividades profissionais interagiu com 38 colaboradores em coautorias
de trabalhos científicos e atua frequentemente em projetos de pesquisa científica na
França e em Portugal, principalmente na área de Mudanças Climáticas e Eficiência
Energética. Em 2009, foi agraciada com o projeto Jovem Cientista do Nosso Estado
pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) com o
projeto análise do consumo e do potencial de conservação de energia elétrica em
comunidades de baixo poder aquisitivo. claudecohen@economia.uff.br

Clóvis Nicoleit Carvalho


Engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal de Santa Ca-
tarina (UFSC), em 2001, já exerceu atividades profissionais na Celesc
e no Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e, desde 2001, tra-
balha na Eletrobras Eletrosul, tendo exercido atividades na operação
do sistema elétrico. Em 2005, iniciou atividades na área de Pesquisa e
Desenvolvimento, na qual coordenou o Comitê de P&D e, desde 2009, coordena as
atividades de eficiência energética. Tem diversos trabalhos publicados e palestras
no Brasil, na Venezuela, na Argentina e no Japão. clovisc@eletrosul.gov.br

Daniel Delgado Bouts


Arquiteto e Urbanista formado pela Universidade Federal do Rio de Ja-
neiro (UFRJ), em 1995, com MBA Executivo em Gestão de Negócios
pelo Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), em 2007. Atualmente é mes-
trando em Engenharia da Energia pela Universidade Federal de Itajubá
(Unifei), atuando em estudos relacionados à eficiência energética em
edificações. Trabalha desde 2005 na Eletrobras, no âmbito do Programa Nacional
de Conservação de Energia Elétrica (Procel), no qual integra o núcleo responsável
pela gestão do Selo Procel nos segmentos de iluminação e aquecimento solar de
água. daniel.bouts@eletrobras.com

Danilo Pereira Pinto


Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Santa Úrsula, em
1984, tem mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica pela Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1988 e 1995, respecti-
vamente, além de especialização em Otimização de Sistemas Motri-
zes, em 2004, pela Federação da Indústria do Estado de Minas Gerais

Minicurrículos 257
(Fiemg). Atua desde 1987 como professor no Departamento de Energia Elétrica da
Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), desen-
volvendo trabalhos nas áreas de educação para engenharia e combate ao desper-
dício de energia. Desde 2001, coordena o Laboratório de Eficiência Energética da
UFJF, convênios firmados entre a universidade e a Eletrobras e projetos de P&D.
Atua desde 2004 no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais como
avaliador institucional e de cursos. danilo.pinto@ufjf.edu.br

Domingos Francisco Malaguez Alves


Formado na área de Engenharia Operacional Eletrônica pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em 1981, atua
como engenheiro consultor de Telecomunicações da OI, onde já de-
sempenhou ao longo de 31 anos uma série de funções. Entre as quais,
coordenador do Sistema de Gestão (Prisma) da área de Implantação e
Operação da OI no Rio Grande do Sul; e coordenador do Centro de Operação e Ma-
nutenção de Comunicação de Dados de Clientes Corporativos e Empresariais no
estado para serviços de Banda Larga e Transmissão. Tem especialização em Admi-
nistração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
em 2000, e MBA em Marketing de Serviços, pela Escola Superior de Propaganda e
Marketing de Porto Alegre, em 2003. domingos.alves@pucrs.br

Emerson Salvador
Engenheiro eletricista formado pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (Uerj), em 2000, com MBA em Gestão de Projetos pela Funda-
ção Getúlio Vargas (FGV-RJ), em 2005, e pós-graduação em Uso Racio-
nal da Energia pela Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em 2010.
Atualmente é mestrando em Engenharia da Energia pela Unifei, desen-
volvendo estudos relacionados à eficiência energética de equipamentos. De 2001
a 2002, como funcionário da Light Serviços de Eletricidade, atuou na Électricité de
France (EDF) em planejamento e execução de projetos de expansão da rede elétrica
no sudoeste da França. Desde 2003 é funcionário da Eletrobras e gerencia a Divisão
de Planejamento e Fomento de Eficiência Energética. salvador@eletrobras.com

Estefânia Neiva de Mello


Arquiteta e urbanista com mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela
Universidade Federal Fluminense (UFF). Trabalha como arquiteta na
Divisão de Eficiência Energética em Edificações da Eletrobras, atuando
no programa Procel Edifica em suas diversas vertentes, notadamente
no Programa Nacional de Etiquetagem de Edifícios, em parceira com
o Instituto Nacional de Normalização, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Tem ex-
periência nos temas de eficiência energética e conforto do ambiente construído.
estefania.mello@eletrobras.com

Felipe Carlos Bastos


Formado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense
(UFF), em 2005, tem mestrado em Planejamento Energético pelo PPE/Coppe
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concluído em 2011. Atua
em estudos relacionados ao banimento das lâmpadas incandescentes do
mercado brasileiro. Desde 2006, trabalha na Eletrobras no âmbito do Progra-
ma Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), no qual coordena o Centro Bra-
sileiro de Informação de Eficiência Energética (Procel Info). felipe.bastos@eletrobras.com

258 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


Gilberto José Correa Costa
Engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), em 1963, com especialização em Educação Média Técnica,
em 1965. Fez estágio através do governo francês na Electricité de France
(EDF). DE 1963 a 1992, trabalhou como engenheiro da Companhia Esta-
dual de Energia Elétrica (CEEE). Foi professor da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) de 1969 a 2011, lecionando nas faculdades de
Engenharia e de Arquitetura e Urbanismo disciplinas de Instalações Elétricas de Baixa
Tensão e de Iluminação em Arquitetura. Publicou dois livros: Iluminação Econômica – Cál-
culo e Avaliação, 2006, 4ª edição esgotada; e Projeto de Instalações Elétricas Residen-
ciais, 2006, 2ª edição, além de ter escrito vários capítulos de livros e diversos artigos para
simpósios e seminários no Brasil e no exterior. É, desde 1994, membro da Iluminating
Engineering Society of North America, integrando os comitês de Iluminação em Museus
e Galerias de Arte, e Fotobiologia. Atualmente consultor independente para iluminação, é
também coordenador do Comitê 6-61, da Comissão Internacional de Iluminação, Divisão
6, tratando de iluminação artificial para horticultura (trabalho em parceria com a Univer-
sidade do Arizona, Departamento de Agricultura, em Tucson). gjcosta.prof@uol.com.br

Gustavo Malaguti
É doutorando no PPE/Coppe/UFRJ, pesquisador do Laboratório Inter-
disciplinar de Meio Ambiente (LIMA) e da International Energy Agency
(IEA) e mestre pela Université de Paris Dauphine. Trabalha em projetos
de pesquisa relacionados à Energia e ao Meio Ambiente com ênfase
em Mudanças Climáticas e Métodos Quantitativos. Tem experiência na
área de energia e estagiou em empresas como Petrobras, GDF Suez e Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). gugamalaguti@gmail.com

Henrique Antonio Carvalho Braga


Com graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Juiz de
Fora (UFJF), em 1982, tem mestrado na Coppe-UFRJ, em 1988, e doutorado
na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 1996, dedicando-se
à área de Eletrônica de Potência. É professor da UFJF desde 1985 e leciona
atualmente nos cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia Elétri-
ca da UFJF, ministrando disciplinas nas áreas de Eletrônica Básica e Eletrônica de Potência.
É membro sênior do IEEE, tendo sido eleito, em 2008, presidente do Conselho Brasil deste
instituto, para o mandato 2010-2011. Desde maio de 2008, coordena o Núcleo de Eletro-
-Eletrônica (NEE) do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (CRITT/
UFJF). É membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Eletrônica de Po-
tência (Sobraep), tendo sido eleito em 2011 vice-presidente desta entidade; sócio da Socie-
dade Brasileira de Automática (SBA) e da Associação Brasileira de Eficiência Energética
(ABEE). Coordena os núcleos científicos de Automação e Eletrônica de Potência (NAEP),
desde 1998, e o Núcleo de Iluminação Moderna (NIMO), desde 2007. Como pesquisador
atua em atividades relacionadas com a eletrônica de potência, iluminação eficiente, conver-
sores aplicados a fontes renováveis de energia e, mais recentemente, no desenvolvimento
de produtos eletroeletrônicos inovadores junto ao CRITT/UFJF. henrique.braga@ufjf.edu.br

Isac Roizenblatt
Consultor da Pró Light and Energy Consultants e diretor técnico da As-
sociação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux). Engenheiro ele-
tricista formado pelo Instituto Mauá de Tecnologia, especialização em
Iluminação pela Technological University of Eindhoven – Holanda; Ad-

Minicurrículos 259
ministração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; mestrado em
Energia pela Universidade de São Paulo (USP); e doutorado em Arquitetura e Urba-
nismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. isac.roizenblatt@uol.com.br

Jamil Haddad
Engenheiro eletricista, professor titular da Universidade Federal de Itajubá
(Unifei), doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), em 1993, além de pesquisador e coorde-
nador do Centro de Excelência em Eficiência Energética (Excen). Possui inú-
meros livros, artigos em revistas técnicas, periódicos e trabalhos publicados.
É consultor técnico de várias empresas e instituições como Eletrobras Procel, Petrobras,
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP), Ministério de Minas e Energia (MME), Banco Mundial, Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos
e Projetos (Finep), Grupo Ultra, Invista, Companhia Energética de Minas Gerias (Cemig),
entre outras. Trabalhou na coordenação e implementação da Lei de Eficiência Energética e
nos Procedimentos de Redes de Distribuição (Prodist). Atua nas áreas de eficiência energé-
tica, regulação do setor elétrico e planejamento energético desde 1985. jamil@unifei.edu.br

João Carlos Rodrigues Aguiar


É engenheiro formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) em 1982, com mestrado em Engenharia Elétrica, especiali-
zado em Processamento de Sinais, pela Coppe – UFRJ. Atualmente é
pesquisador sênior do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel),
vinculado ao Departamento de Tecnologias Especiais, onde trabalha
como gerente de projetos na área de eficiência energética e como coordenador do
Centro de Aplicação de Tecnologias Eficientes (CATE). Exerce atividades na área
de eficiência energética desde 1986, com trabalhos em: instrumentação para medi-
ção de energia elétrica em residências, utilização de redes neurais na identificação
de equipamentos elétricos, efeitos de novas cargas na qualidade da energia, auto-
mação predial, eficiência energética em edificações, demonstração de tecnologias
para os setores comercial e residencial e indicadores de eficiência para gestão da
sustentabilidade empresarial. jocarlos@cepel.br

Jorge Luis Alves


Trabalha na Eletrobras Eletrosul desde 1984. É engenheiro eletricista
e físico formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Tem especializações em mercado de energia elétrica e gestão da ino-
vação tecnológica aplicada ao setor de energia elétrica. Exerceu ati-
vidades profissionais nas áreas de supervisão, medição e controle e
laboratório de metrologia por 20 anos. Em 2004, passou a gerenciar a Divisão de
Pesquisa e Desenvolvimento e Novas Tecnologias e, em 2010, o Departamento de
Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética. Tem diversos trabalhos publi-
cados e palestras no Brasil. jorge.alves@eletrosul.gov.br

Luciano de Barros Giovaneli


Arquiteto e Urbanista formado pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), em 2000, com pós-graduação em Projetos Urbanos
pelo Instituto Metodista Bennett, em 2004, e atualmente cursa MBA em
Gestão de Negócios de Energia Elétrica pela Fundação Getúlio Var-
gas (FGV-RJ). De 2000 a 2007, coordenou projetos de infraestrutura

260 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


urbana, incluindo passagem pela Rioluz. Em 2008, entrou para o quadro efetivo de
arquitetos da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, lotado na Coordenadoria de
Planejamento Urbano e na Coordenadoria de Projetos Urbanos da Secretaria Muni-
cipal de Urbanismo. Desde 2010 integra o quadro de arquitetos da Eletrobras, onde
atua no Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). luciano.
giovaneli@eletrobras.com

Luciano Haas Rosito


Formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), é engenheiro eletricista de especificação da GE no seg-
mento de iluminação pública, contando com experiência de 12 anos
na Divisão de Iluminação Pública da cidade de Porto Alegre. Atuou
como coordenador do Centro de Excelência em Iluminação (CEIP)
de 2006 a 2010. É coordenador de comissões de estudo e grupos de trabalho de
revisão de normas do Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica e Iluminação/
Associação Brasileira de Normas Técnicas (Cobei/ABNT) na área de iluminação
pública e professor de cursos de iluminação pública, além de autor de artigos so-
bre o tema. luciano.rosito2@ge.com

Luiz Augusto Horta Nogueira


Engenheiro mecânico formado pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp), em 1978, mestre, em 1981, e doutor em Engenharia, em
1987, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), atualmen-
te é professor titular do Instituto de Recursos Naturais da Universida-
de Federal de Itajubá (Unifei), onde atua desde 1979. Foi catedrático
do Memorial da América Latina em 2007, diretor técnico da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de 1998 a 2004, e pesquisador
visitante junto ao Wood Energy Program (FAO, Roma), em 1997/1998, e à Comis-
são Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), em Santiago, no Chile,
em 2009. Orientou 34 teses acadêmicas sobre temas energéticos e é autor de
cinco livros e diversos trabalhos técnicos e artigos especializados sobre eficiência
energética, bioenergia e cogeração. horta@unifei.edu.br

Luiz Marcos Scolari


Graduado em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Gran-
de do Sul (PUCRS), em 1971, com especialização em Ciências Físicas,
em 1981, é professor adjunto da Faculdade de Física da instituição. É
integrante da comissão de implantação do Museu de Ciências e Tecno-
logia da PUCRS (MCT-PUCRS) e de muitos equipamentos interativos
da área de Física do museu. Atualmente exerce a Coordenadoria de Operações e
Inovação do MCT-PUCRS. scolari@pucrs.br

Marcel da Costa Siqueira


É engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal Flumi-
nense (UFF), em 2002, com mestrado em Engenharia Elétrica pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), em 2007,
e pós-graduação em Finanças Corporativas pela Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro (Coppead/UFRJ), em 2009. Trabalha des-
de 2003 na Eletrobras, no âmbito do Programa Nacional de Conservação de
Energia Elétrica (Procel), no qual integra o núcleo responsável pelo Programa
Nacional de Iluminação Pública e Sinalização Semafórica Eficientes (Procel

Minicurrículos 261
Reluz). Desde 2010 atua como gerente da Divisão responsável pelo Procel
Reluz, assumindo também, em 2012, a gestão dos Programas Procel GEM
(Gestão Energética Municipal) e Procel Sanear (Eficiência Energética no Sa-
neamento Ambiental). Já representou a Eletrobras Procel nas comissões da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para revisão das normas
referentes à iluminação pública, e coordenou diretamente a implementação de
projetos e a supervisão de obras de eficiência energética na iluminação públi-
ca em diversas cidades. Entre 2005 e 2007, foi responsável pelo desenvolvi-
mento do Centro de Excelência em Iluminação Pública (CEIP) em parceria com
a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). marcel@
eletrobras.com

Marcelo Jose dos Santos


Engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal de São João
Del Rei (UFSJ), em 2000, com mestrado em Engenharia Elétrica na
área de concentração Sistemas Elétricos de Potência pela Universida-
de Federal de Juiz de Fora (UFJF), em 2002, e doutorado em Enge-
nharia Elétrica na área de concentração Sistemas Elétricos de Potência
pela COPPE/UFRJ, em 2008. Desde 2006, trabalha na Divisão de Eficiência Ener-
gética na Oferta da Eletrobras e faz parte da equipe responsável pela Avaliação dos
Resultados da Eletrobras Procel, assim como pela Revisão das Metodologias de
Avaliação dos Resultados do Selo Procel e demais estudos de avaliação que visem
ao impacto de economia de energia. marcelo.santos@eletrobras.com

Mariana Weiss
Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Flumi-
nense (UFF) e mestranda no PPGE/UFF. Possui experiência na área de
Economia da Energia e dos Recursos Naturais. Participou do projeto de
iniciação científica junto ao Centro de Estudos sobre Desenvolvimento
e Desigualdades (CEDE), analisando tanto o padrão de uso e posse de
equipamentos, como o perfil de consumo da energia elétrica em comunidades do
Rio de Janeiro. mariweiss@uol.com.br

Maurício Wahast Ávila


Coordenador de relacionamento externo do Laboratório de Avaliação
da Conformidade de Produtos e Metrologia da Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) é graduado em Engenharia
de Produção pela mesma instituição. Atua com ênfase em gerência da
Qualidade e certificações de produtos, além de trabalhar em atividades
relacionadas à gestão da tecnologia e inovação. Também desenvolve atividades de
suporte ao gerenciamento financeiro de projetos. mauricio.avila@pucrs.br

Máximo Luiz Pompermayer


Superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energé-
tica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e professor da
Faculdade de Tecnologia Senac no Distrito Federal, desde fevereiro/
março de 2007. Tem licenciatura em Matemática pela Universidade Es-
tadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em 1994, com mestrado e dou-
torado em Planejamento de Sistemas Energéticos pela Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), em 1996 e 2000, onde atuou como pesquisador e consultor
nas áreas de Energia e Meio Ambiente; consultor e técnico da Aneel, de maio de

262 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


2000 a junho de 2005. Na ocasião, coordenou atividades e projetos nas áreas de
Energia e Meio Ambiente, entre os quais o Atlas de Energia Elétrica do Brasil e os
Programas de Pesquisa & Desenvolvimento das empresas de energia elétrica. Foi
pesquisador-visitante do Centro Internacional de Pesquisas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento (CIRED/CNRS), na França, de setembro de 1997 a agosto de
1998; pesquisador do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunica-
ções (CPqD) e professor da Universidade Paulista (Unip), de julho/agosto de 2005
a janeiro de 2007. maximo@aneel.gov.br

Moises Antônio dos Santos


Engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal de Itajubá
(Unifei), em 2002, tem MBA Executivo em Gestão de Negócios pelo
Ibmec/RJ, em 2006, e pós-graduação em Uso Racional da Energia pela
Unifei, em 2010. Atualmente é mestrando em Engenharia da Energia
pela Unifei, atuando em estudos relacionados à eficiência energética
no meio rural. Trabalha desde 2003 na Eletrobras, no Programa Nacional de Con-
servação de Energia Elétrica (Procel), no qual integra o núcleo responsável pela
consolidação e divulgação do Relatório Anual de Resultados do Procel. De 2006
a 2010, coordenou o Projeto de Avaliação dos Sistemas de Iluminação Pública do
Procel Reluz e o Projeto de Desenvolvimento de Metodologias de Avaliação do
Selo Procel de Economia de Energia. De 2008 a 2011, coordenou o Projeto Piloto
de Conservação de Energia no Meio Rural: Estudos de Caso nas Terras Altas da
Mantiqueira. moisess@eletrobras.com

Rafael Balbino Cardoso


Possui graduação em Engenharia Hídrica pela Universidade Federal de
Itajubá (Unifei), em 2005, mestrado em Engenharia da Energia, com ên-
fase em Planejamento Energético pela mesma universidade, em 2008.
Atualmente é professor da Unifei - Itabira (MG). Tem experiência na área
de Engenharia da Energia e Sistemas Hidráulicos, com ênfase em efici-
ência energética e fontes renováveis de energia, atuando principalmente nos seguin-
tes temas: geração de energia elétrica, avaliação de economia de energia e redução
de demanda de ponta atribuídos a equipamentos elétricos, otimização energética e
econômica em sistemas elétricos e mecânicos. cardosorb@unifei.edu.br

Rafael Meirelles David


Engenheiro de produção formado pela Universidade Federal Fluminen-
se (UFF), em 2002, com MBA em Gerência de Projetos pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV-RJ), em 2005, e pós-graduação em Uso Racional
da Energia pela Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em 2010. De
2002 até 2009, atuou como técnico da Eletrobras na área de tecnologia
do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). Desde 2010 atua
como gerente da Divisão de Estudos e Equipamentos Eficientes, que tem como prin-
cipal atribuição a gestão do sub-programa do Selo Procel. rmdavid@eletrobras.com

Reinaldo Castro Souza


Engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF), com mestrado em Engenharia de Sistemas pela Pontifícia Univer-
sidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), PhD em Estatística (Séries
Temporais, Modelos de Previsão e Estatística Bayesiana) pela Warwick
University, Coventry, e pós-doutor em Econometria pela London School of

Minicurrículos 263
Economics. É professor titular do departamento de Engenharia Elétrica da PUC-Rio,
membro do corpo diretor do IEPUC, professor colaborador do programa de mestrado
em Metrologia, Qualidade e Inovação da PUC-Rio e professor do Curso de Especia-
lização em Métodos Estatísticos Computacionais do departamento de Estatística da
UFJF, desde a sua criação. É pesquisador com bolsa de produtividade em pesquisa do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), nível 1A, há
mais de 10 anos, e membro do comitê assessor de Engenharia III da Capes, por três
mandatos, além de ser membro do CA de Engenharia de Produção, Pesquisa Opera-
cional e Transportes do CNPq. Sua área de atuação é desenvolvimento de modelos
estatísticos clássicos e/ou bayesianos para a previsão de séries temporais, análise de
risco e tomada de decisão sob incerteza. reinaldo@ele.puc-rio.br

Ricardo Ficara
Pesquisador formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Santa
Úrsula – RJ, em 1979, desenvolve desde 1995 trabalhos de pesquisa e
avaliação em sistemas de iluminação no Centro de Pesquisas de Energia
Elétrica (Cepel). Participou da elaboração da regulamentação dos índices
para implementação da lei de Eficiência Energética. ricafica@cepel.br

Roberto Lamberts
Com formação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Gran-
de do Sul (UFRGS), em 1980, tem mestrado em Engenharia Civil pela mes-
ma instituição, em 1983, e é PHD em Engenharia Civil pela University of
Leeds, na França, em 1988. Atualmente é professor titular da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). Tem dois livros escritos e publicou 31
artigos em periódicos especializados e 218 trabalhos em anais de eventos, além de ter
orientado 39 dissertações de mestrado e 13 teses de doutorado nas áreas de Enge-
nharia Civil, Engenharia de Produção e Arquitetura. Atualmente, coordena dois projetos
de pesquisa, atuando na área de Engenharia Civil, com ênfase em eficiência energéti-
ca, desempenho térmico de edificações, bioclimatologia e conforto térmico. É supervisor
do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações na UFSC (Labeee), coeditor do
periódico Ambiente Construído, membro do comitê editorial dos periódicos Advances in
Building Energy Research e do Journal of Building Performance Simulation, membro das
associações científicas Associação de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac), onde
foi da diretoria por vários mandatos, e da Associação Internacional para a Simulação do
Desempenho de Edificações (IBPSA), sendo da diretoria atual. Faz parte ainda do GT e
ST de edificações do Ministério de Minas e Energia (MME), apoiando o desenvolvimento
da etiquetagem de eficiência energética em edificações. lamberts@ecv.ufsc.br

Rubens Rosado Guimarães Teixeira


Pesquisador do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) de
1981 a 2001, é engenheiro eletricista. É diretor da empresa HT Consul-
toria, atuando como consultor na área elétrica, perito de juízo e asses-
sor técnico da Associação Brasileira de Importadores de Produtos de
Iluminação (Abilumi). rubensrosado@hotmail.com

Sérgio Lucas de Meneses Blaso


Técnico em Tecnologia de Normalização formado na Escola de Aper-
feiçoamento Profissional da Companhia Energética de Minas Gerais
(Cemig), onde trabalha há 27 anos. Atua na Gerência de Engenharia
de Ativos da Distribuição da empresa, sendo responsável pela elabora-

264 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros


ção das normas e padrões de projetos e materiais na área de iluminação pública.
blaso@cemig.com.br

William Mendes de Farias


Engenheiro eletricista formado, em 1995, na Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (Uerj), é pós-graduado no curso de especialização
em uso racional de energia pela Universidade Federal de Itajubá
(Unifei). Trabalha, atualmente, no Departamento de Desenvolvimen-
to de Eficiência Energética da Eletrobras Procel, sendo responsável
pela coordenação e análise das informações de produção laboratorial, obtidas
junto aos laboratórios do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), capacita-
dos com recursos captados pela Eletrobras. william.farias@eletrobras.com

Vanderlei Martins
Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Flumi-
nense (UFF), é mestrando no PPE/Coppe/UFRJ. Tem experiência nas
áreas de Economia da Energia, Economia Internacional e Eficiência no
Uso da Energia e dos Recursos Naturais. Participou do projeto de ini-
ciação científica junto ao Centro de Estudos sobre Desenvolvimento e
Desigualdades (CEDE), analisando o padrão de uso e posse de equipamentos em
comunidades do Rio de Janeiro, bem como o perfil de consumo da energia elétrica
nessas localidades. vanderlei.affonso@yahoo.com.br

Veridiana Atanásio Scalco


Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo, em 2003, mestrado
em Arquitetura, em 2006, e doutorado em Engenharia Civil, em 2010,
pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi professora
substituta do Departamento de Urbanismo da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2007/2008, e orientadora do Curso
de Especialização em Arquitetura Bioclimática e Sustentável na Universidade do
Sul de Santa Catarina (Unisul), em 2011. Tem experiência na área de Arquitetura
e Urbanismo, com ênfase em conforto ambiental e eficiência energética de edifica-
ções, atuando nos seguintes temas: projeto arquitetônico e urbanístico, simulação
computacional e educação à distância. Atualmente participa do convênio do Labo-
ratório de Eficiência Energética em Edificações na UFSC (Labeee)/Eletrobras com
vínculo pós-doutoral, realizando as seguintes atividades: coordenação da equipe
(doutorandos, mestrandos e bolsistas de IC), realização de capacitações sobre a
etiquetagem de eficiência energética de edificações e desenvolvimento dos Regu-
lamentos Técnicos. Além disso, a pesquisadora atua como professora do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Unisul. veridi@gmail.com

Zilda Maria Faria Veloso


Analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re-
cursos Naturais Renováveis (Ibama) desde a sua criação, atualmente
exerce as funções de gerente de Resíduos Perigosos do Departamento
de Ambiente Urbano da Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Urbano
do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Arquiteta formada pela Univer-
sidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), possui mestrado em Planejamento
Urbano na Universidade de Brasília (UnB), e pós-graduação na República Federal
da Alemanha na área de Planejamento Ambiental, com trabalho final apresentado
na área de Resíduos Sólidos. É responsável pela coordenação de programas de

Minicurrículos 265
gerenciamento de resíduos perigosos e áreas contaminadas no MMA, participa da
implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) na coordenação
da Logística Reversa, atua na Autoridade Competente da Convenção de Basiléia
sobre Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito, e apoia
tecnicamente a elaboração de resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama) sobre o tema. zilda.veloso@mma.gov.br

266 Iluminação Eficiente | Iniciativas da Eletrobras Procel e Parceiros

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