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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
KIMURA, Hudson Faglioni. Análise Aerodinâmica de Asas por meio de Modelos de
Linha Sustentadora. 2011. 63f. Dissertação de Mestrado em Aerodinâmica, Propulsão e
Energia – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Hudson Faglioni Kimura
TÍTULO DO TRABALHO: Análise Aerodinâmica de Asas por meio de Modelos de Linha Sustentadora
TIPO DO TRABALHO/ANO: Dissertação / 2011
ITA
iv
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida, inspiração e forças para a realização deste
trabalho.
profissional e acadêmico.
De maneira especial, agradeço do fundo do coração aos meus pais, irmãs, à minha esposa e a
todos os amigos que me ajudaram através de orações, incentivos e ideias. Obrigado a todos
Resumo
bons resultados para asas retas, perfis variados e de área em planta generalizada. Entretanto,
para asas com enflechamento o modelo de Prandtl não possibilita a predição correta da
maiores na medida em que o enflechamento aumenta. Neste trabalho, realiza-se uma revisão
de uma asa enflechada. Foram propostos três modelos: duas formulações lineares com
diferentes condições de contorno e um modelo não linear. Através dos modelos foi possível
com a literatura para enflechamentos pequenos e/ou com elevados valores de alongamento. O
resultados mais coerentes para asas com enflechamentos e/ou alongamentos pequenos. O
modelo não linear para a Linha Sustentadora de Prandtl mostrou resultados coerentes com a
literatura para casos específicos, porém requereu maior esforço para calibração dos
Abstract
The Lifting Line Theory for flow over wings allows physical understanding and
preliminary estimation of aerodynamic coefficients of the wing. Prandtl`s lifting line classic
model is still employed nowadays due to relative simplicity and accuracy when analyzing
wings with several profiles and plan forms. However, for swept wings Prandtl`s model does
not predict correctly circulation distribution and the error in the aerodynamic coefficients
increases with sweep. In this work, a literature review of Lifting Line Theory models is made
and adaptations are implemented to predict circulation distribution of a swept wing. Three
models were proposed: two linear formulations with different boundary conditions and one
non linear model. It was observed with the models the circulation distribution of the wing.
The classic Lifting Line model presented consistent results for low sweep angles and/or high
aspect ratios. The linear model based on Extended Lifting Line Theory also presented
consistent results for highly swept wings and/or low aspect ratios. The non linear model
adapted from classic Lifting Line Theory showed good results in comparison to literature
specific cases, but requiring more effort to set numerical simulation parameters.
vii
Lista de Figuras
Figura 3 – Curva Cl x α para o aerofólio NACA 0012 para Número de Reynolds 9x106 [1].18
[2]. ................................................................................................................................ 27
Figura 18 – Teste de convergência para asa retangular com Λ=2, Λ=8 e Λ infinito usando
Figura 19 – Teste de convergência para asa retangular com Λ=2, Λ=8 e λ=1 usando o modelo
Figura 20 – Teste de convergência para asa retangular com Λ=2 e Λ=8 usando o modelo da
Figura 21 – Comparação da área em planta de 3 asas com mesmo alongamento. Asa elíptica,
Figura 22 – Efeito do afilamento sobre o coeficiente CLα para variados alongamentos usando
Figura 23 – Efeito do afilamento sobre o coeficiente CLα para variados alongamentos usando
Figura 26 – Distribuição de sustentação local para uma asa reta e uma enflechada a 45°.
Figura 27 – Coeficiente CLα x Alongamento Λ para uma asa reta com afilamento unitário.
Lista de Símbolos
Λ – Alongamento (-)
b – Envergadura (m)
c – Corda (m)
���⃗
𝑑𝑙 – Vetor de comprimento do segmento da linha sustentadora (m)
pc – ponto de controle
controle i (m)
de controle i (m)
λ – Afilamento (-)
φ – Enflechamento (º)
θ – Diedro (º)
Γ – Circulação (m2/s)
���⃗ (-)
ζ – vetor adimensional paralelo ao vetor 𝑑𝑙
xi
Sumário
Agradecimentos ............................................................................................................. iv
Resumo ........................................................................................................................... v
Abstract .......................................................................................................................... vi
1 Introdução............................................................................................................... 13
2 Objetivo .................................................................................................................. 15
5 Resultados .............................................................................................................. 42
5.1 Teste de convergência para Modelo linear Linha Sustentadora de Prandtl .... 42
6 Conclusão ............................................................................................................... 59
1 Introdução
1.1 Contexto
comportamento aerodinâmico de uma aeronave, pois através dos modelos é possível analisar
computadores na dinâmica dos fluidos, mas é clássica até hoje devido à eficiência na obtenção
soluções de engenharia.
1.2 Justificativa
experimentais publicados pela NACA [1] são utilizados amplamente como fonte de dados
e são aplicados nas soluções analíticas e computacionais. Por outro lado, os métodos
14
Uma determinada asa possui geometria definida por vários parâmetros, tais como
aeronave de maneira geral se torna complexa. Modelos rebuscados podem trazer bons
resultados, mas requerem grande capacidade computacional. Por outro lado, modelos
2 Objetivo
3 Revisão Conceitual
científica após o sucesso obtido dos primeiros voos motorizados no início do século XX.
Grande parte da pesquisa produzida na época foi realizada pela NACA – National
Aeronautics and Space Administration, cujo conteúdo se mostra muito utilizado até os dias de
hoje. O seguinte trecho foi traduzido do Primeiro Relatório Anual da NACA de 1915, onde
dimensões aceitáveis para uma estrutura econômica, com passeio moderado do centro de
pressão e ainda que assegurem um grande intervalo de ângulos de ataque com ação
eficiente”.
completas. Na verdade o estudo do escoamento em asas passou por grande avanço quando
conceitos na teoria dos aerofólios para compreensão do escoamento sobre uma determinada
Por isso, neste capítulo serão apresentados conceitos alinhados com a metodologia de
Prandtl que servirão de embasamento para o presente trabalho. Além disso, será realizada uma
revisão acerca de publicações atuais que utilizam a teoria da linha sustentadora como
esquemas que representam os vórtices de ponta de asa. Ao se tomar apenas o ar como fonte de
outro lado, pode ser estudado através das relações constitutivas do material que compõe a
ar.
17
Sendo assim, várias estratégias são necessárias para possibilitar uma análise
Como primeira hipótese, realiza-se o estudo dos parâmetros considerando-se uma asa
como um aerofólio, isto é, uma asa de seção transversal constante com envergadura infinita. O
1,5
0,5
0
-20 -10 0 10 20
-0,5
-1
-1,5
Re=9E6
-2
Ângulo de Ataque da Seção α
Figura 3 - Curva Cl x α para o aerofólio NACA 0012 para Número de Reynolds 9x106 [1].
ar e a asa.
arrasto se deve a tensões de cisalhamento devido ao atrito entre o ar e a asa. Dessa maneira,
Até então foram mencionados fenômenos que estão diretamente ligados ao ar, mas não
diversos tipos de materiais sob cargas estáticas, dinâmicas resultando na interação aeroelástica
escopo deste trabalho e dessa forma a asa será considerada como um corpo perfeitamente
rígido.
em asas, bem como abordagens que poderão ser realizadas para facilitar a compreensão do
fenômeno.
20
Figura 5 ilustra esquematicamente uma asa de área em planta S, corda de raiz cr,corda de
ponta ct, enflechamento φ e envergadura b. O diedro pode ser visto na Figura 6 e a torção na
Figura 7.
b2
Λ=
S
ct
λ=
cr
Como pode ser visto nas Figuras acima, na modelagem de asas finitas aparecem os
forma, é natural esperar diferenças de resultados entre um dado aerofólio e uma asa de mesmo
Conforme foi mostrado na Figura 2, ao longo da asa aparecem vórtices que induzem
denominada downwash, e em uma dada seção pode ser modelada conforme mostra a Figura 8.
22
chamado arrasto induzido e por isso algumas aeronaves utilizam soluções aerodinâmicas
Γ dl × r
dV = 3.1
4π r 3
Filamento de vórtice de
intensidade Γ
induzida por um filamento de vórtice semi-infinito [2] expresso pela Equação 3.2, como
Γ
V= 3.2
4πh
envergadura e portanto para cada seção da asa existe uma velocidade local, o que é uma
característica do escoamento sobre uma asa finita. Como o escoamento causa a sustentação
se que a sustentação também varia ao longo da envergadura para uma asa, como no exemplo
y/b
L=' ρV Γ 3.3
induzido.
por um ângulo de ataque efetivo α eff , o qual é menor do que o ângulo de ataque geométrico
α eff = α − α i 3.4
Enquanto que em um aerofólio a curva Cl x α é dada para um α geométrico, para uma asa
deve-se utilizar os valores de αeff por causa da existência do downwash. Sendo assim, é
modelada como uma linha e o escoamento ao seu redor é substituído por um vórtice em
ferradura, como ilustrado na Figura 12. Cada vórtice em ferradura é formado por três
outros dois semi-infinitos com início na asa e direção do escoamento a jusante, chamados de
fenômeno do downwash devido aos turbilhões ao longo da asa. A partir da Equação 3.2 para
Γ Γ
w( y ) = − −
b b 3.5
4π + y 4π − y
2 2
Analisando a Equação 3.5 acima, nota-se que nas pontas da asa o downwash tende
para infinito, o que não é fisicamente coerente. Entretanto, o problema empregando-se uma
metodologia onde se utiliza não apenas um vórtice em ferradura sobre a asa mas um sistema
resultante em um ponto qualquer da asa torna-se diferencial e é dado pela Equação 3.6:
dw = −
( d Γ / dy ) dy 3.6
4π ( y0 − y )
ponto, e para considerar a influência total integra-se a Equação 3.6 ao longo da envergadura,
w ( y0 ) = −
1 b/2 ( d Γ / dy ) dy
4π ∫
−b / 2 y0 − y
3.7
por:
28
− w ( y0 )
α i ( y0 ) = tan −1 3.8
V∞
Equação 3.8 pode ser simplificada desprezando a aplicação do arco-tangente. Sendo assim,
chega-se à seguinte expressão para o ângulo de ataque induzido em uma determinada seção da
asa:
α i ( y0 ) =
1 b/2 ( d Γ / dy ) dy
4π V∞ ∫−b / 2 y0 − y
3.9
Por outro lado, cada seção da asa está sujeita a um ângulo de ataque efetivo na geração
calculado por:
1
=
L' ρ∞V∞ 2 c ( y0 =
) Cl ρ∞V∞ Γ ( y0 ) 3.11
2
2Γ ( y0 )
Cl = 3.12
V∞ c ( y0 )
2Γ ( y0 )
=α eff + α L =0 3.13
ClαV∞ c ( y0 )
2Γ ( y0 ) 1 ( d Γ / dy ) dy
α ( y0 =
) + α L =0 ( y0 ) +
b/2
ClαV∞ c ( y0 ) 4π V∞ ∫
−b / 2 y0 − y
3.14
29
L' (=
y0 ) ρ∞V∞ Γ ( y0 ) 3.15
L 2
Γ ( y ) dy
b/2
=
CL =
q∞ S V∞ S ∫−b / 2
3.16
análise a circulação é uma variável desconhecida, que poderá ser calculada através da equação
fundamental. Ao escrever a Equação 3.14 de forma discreta para cada seção da asa, surge um
sistema de equações que pode ser resolvido para a circulação. Um modo de discretizar a
Equação 3.14 é apresentada na referência [2] e não será apresentado neste trabalho, pois se
deseja revisar a apresentação da Teoria da Linha Sustentadora de Prandtl apenas nos seus
aspectos conceituais em um primeiro momento para embasar métodos mais completos nos
próximos capítulos.
30
finitas, proposto por Prandtl. A Teoria da Linha Sustentadora, também denominada por
ter sido utilizada como base para evolução de modelos matemáticos mais complexos. Nesta
capaz de predizer a força de sustentação e momentos para uma asa com enflechamento,
diedro, torção e afilamento com baixo custo computacional. O trabalho apresenta curvas do
mas houve discrepância no arrasto quando comparados com dados experimentais. Phillips e
enflechamento.
pois o ponto de controle para o cálculo da circulação local não sofre a influência de
Teoria Estendida da Linha Sustentadora, o ponto de controle é tomado a três quartos da corda
Prandtl, obtém-se uma distribuição de circulação ao longo da asa, porém permitindo uma
Wickenheiser e Garcia [15] propuseram uma formulação para análise de asas de forma
asas de forma variável possuem a vantagem de adaptação dos parâmetros aerodinâmicos mais
adequados à fase de vôo. Além disso, Wickenheiser e Garcia afirmam que o método utilizado
é ideal para aplicação preliminar em asas de forma variável devido a flexibilidade de variação
dos parâmetros da asa, bem como devido a rapidez de simulação. Análises foram realizadas
arrasto e posição do centro de pressão. O modelo foi validado com asas sem enflechamento
com forma em planta elíptica e em seguida simulações foram realizadas para asas com forma
razão L/D bem como o passeio do centro de pressão e de gravidade para as diversas
configurações estudadas.
formulação básica com um modelo aerodinâmico não estacionário desenvolvido por Possio
apud [16] do movimento das asas. O método foi avaliado através de comparações com
soluções baseadas na teoria da superfície sustentadora para asas com diferentes configurações.
32
Caixeta Jr. et al [17] elaboraram um modelo para projeto conceitual de uma asa
eficiência aerodinâmica e peso estrutural para diversas fases de vôo de uma aeronave. A
Weissinger, e um modelo estrutural de longarinas tubulares foi empregado para avaliar a asa
sob o ponto de vista estrutural. Através do modelo, foi possível determinar uma configuração
otimizada bem como notar o efeito das variáveis estudadas sobre a configuração da asa.
envergadura, mas ao longo da corda existe apenas um ponto de controle onde é avaliada a
condição de contorno de escoamento tangente ao perfil. Uma forma mais geral é a Teoria da
Superfície Sustentadora, no qual também se realiza uma discretização ao longo da corda local.
4 Modelo Numérico
Este capítulo possui três seções dentro das quais se apresenta uma abordagem da
enflechada. Na seção 4.1 propõe-se uma formulação simplificada válida para asas enflechadas
linear do problema o qual teoricamente possibilitaria a predição dos coeficientes de uma asa
com perfil qualquer tanto para ângulos de ataque baixos quanto para regiões próximas ao
estol. Por fim, na seção 4.3 utiliza-se no modelo simplificado uma condição de contorno
baseada no Teorema de Pistolesi, o que também permite a obtenção de resultados para uma
aerodinâmicas tal como o CLα e CL. A distribuição de circulação será calculada dividindo-se a
1
dLi = ρV∞ 2Cl dSi 4.1
2
Vale ressaltar na Equação 4.3 que ∆y é normal ao escoamento livre e que φ é o ângulo
de enflechamento da asa.
1
ρV∞ Γi ∆y = ρV∞ 2Cl dS 4.4
2
atuante na seção i dado pela Equação 3.4. Considerando um perfil fino, pode-se calcular Cl
por:
Cl 2π (α + α i )
= 4.6
Nv Γj
∑c
j =1
v ji
4.7
αi = j
V∞
A equação anterior é uma forma discretizada da Equação 3.8 onde foi desprezada a
função arco tangente, a qual é aceitável para pequenos ângulos. Observa-se que o numerador
da Equação 4.7 é uma expressão para o downwash que atua sobre a asa. Logo:
Nv Γj
wi = ∑ v ji 4.8
j =1 cj
(
4π r 2 ji r 2 ji − u ∞ ⋅ r 2 ji r )
1 ji r 2 ji r ( )
1 ji r 2 ji + r 1 ji ⋅ r 2 ji r1 ji ( )
r1 ji − u ∞ ⋅ r1 ji
A Equação 4.9 possui em geral três termos principais relativos aos filamentos de um
vórtice ferradura, isto é, dois filamentos semi-infinitos livres e um ligado a linha sustentadora.
vórtice ligado induz velocidade apenas para seções pertencentes a outra semi-asa, ou seja,
pertencentes a uma linha sustentadora não paralela ao vórtice j. Os vetores r são elementos
36
Figura 14:
Nv Γ
∑
j =1 c j
j
v ji
Cl 2π α +
= 4.10
V∞
Nv Γj
−π ∑ v ji dS + Γi ∆y =V∞πα dS 4.11
j =1 cj
ao longo da envergadura. Para tanto, deve-se escrever a Equação 4.11 para cada um dos Nv
Parâmetros de entrada
•Receber AR, φ, λ, α, b, cr e Nv
•Cálculo de ct para garantir Λ
Discretização
•Cálculo das coordenadas x, y, xpc e ypc da discretização
•Cálculo dos vetores de posição r1 e r2
Parâmetros aerodinâmicos
•Determinação de vind (Eq. 4.8) , Γi (Eq. 4.10), αi (Eq.
4.7), Clα, CL
Prandtl a fim de possibilitar o cálculo da distribuição de circulação para uma asa enflechada.
O modelo é formulado utilizando equações vetoriais para definir a geometria, no cálculo das
d F = ρΓV × dl 4.12
38
1
d Fi = ρV∞ 2Cl dSi 4.13
2
Nv Γi vij
V=j V∞ + ∑ 4.14
i =1 cmai
2 ci12 + ci1ci 2 + ci 2 2
cmai = 4.15
3 ci1 + ci 2
Igualando o módulo da Equação 4.12 com a Equação 4.13 surge uma equação não
linear em Γ que ao ser escrita para todas as seções discretas gera um sistema Nv x Nv. Na
N
2 v∞ + ∑ vij G j × ζ i Gi − Cli =
0 4.16
j =1
39
V
v∞ = ∞ 4.17
V∞
dli
ζ i = cmai 4.18
dSi
Γi
Gi = 4.19
cmaiV∞
Conforme mencionado anteriormente, o sistema gerado pela Equação 4.16 é não linear
Newton, o qual requer o cálculo de uma matriz jacobiana do sistema. Por conveniência, uma
circulação tal que a sustentação produzida em cada seção seja igual à de um aerofólio com
mesmo perfil da asa. Por outro lado, no método de Weissinger uma distribuição de circulação
é calculada de forma que a velocidade tangente ao perfil seja nula em ¾ da corda, isto é, de
acordo com o Teorema de Pistolesi. Do ponto de vista físico, o escoamento sobre uma asa
deve ser tangente ao perfil, portanto a condição de contorno proposta pelo método de
corda.
método de Weissinger.
sendo calculadas pela formulação vetorial de Phillips e Snyder [13] para determinar a
surge um sistema de Nv equações por Nv incóginas ao escrever a Equação 4.20 para as seções
da asa:
Nv Γj
∑c
j =1
v ji = V∞ sen(α ) 4.20
j
calculada a ¾ da corda, conforme ilustra a Figura 17. Portanto, as coordenadas dos pontos de
41
apresentada na Figura 15, notando-se apenas que as coordenadas dos pontos de controle xpc e
ypc deverão ser calculadas a ¾ da corda e que a Equação 4.20 deverá ser utilizada no cálculo
de Γi.
5 Resultados
influência do problema. Por fim, o modelo não linear da Linha Sustentadora Enflechada é
de solução baseada puramente na Teoria de Prandtl modificada para asas enflechadas, sem a
Figura 18 são apresentadas curvas de CLα x φ para três alongamentos testados e afilamento
unitário.
Através da Figura 18 nota-se que a concavidade das curvas são voltadas para baixo
considerando Λ=8, mas são voltadas para cima quando Λ=2. Tal resultado não era esperado
mostram uma curva com concavidade voltada para baixo. Na Figura 18, foi adicionada uma
resultados. Para isso, o programa foi configurado com um alongamento igual a 500.
43
7
Λ=Infinito Nv=100 Nv=200 Nv=400
Nv=800 Nv=1600 Schlichting
6
5 Λ=8
4
CLα
Λ=2
3
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Enflechamento φ
Figura 18 – Teste de convergência para asa retangular com Λ=2, Λ=8 e Λ infinito usando modelo linear da
Linha Sustentadora de Prandtl. Afilamento λ=1.
testados, a discretização foi refinada até 1600 elementos distribuídos uniformemente ao longo
da asa, o que corresponde a 4 vezes mais elementos em comparação com o método misto com
o Teorema de Pistolesi apresentado na seção 4.3. Mesmo assim ainda foram obtidas
Tabela 2 – Diferenças percentuais entre discretizações para asas retangulares com Λ=2 e λ=1. Modelo
Linear da Linha Sustentadora de Prandtl.
Tabela 3 – Diferenças percentuais entre discretizações para asas retangulares com Λ= 8 e λ=1. Modelo
Linear da Linha Sustentadora de Prandtl.
sustentadora.
45
6
Nv=10 Nv=20 Nv=40
Nv=80 Nv=160 Nv=320
5
Λ=8
4
CLα
3
Λ=2
0
0 10 20 30 40 50
Enflechamento φ
Figura 19 – Teste de convergência para asa retangular com Λ=2, Λ=8 e λ=1 usando o modelo da Linha
Sustentadora Estendida.
malha de 320 elementos resultou em uma diferença percentual menor do que 0,5% para os
enflechamentos testados.
5, observa-se que uma malha com 160 elementos foi suficiente para que os resultados
46
Tabela 4 – Diferenças percentuais entre discretizações para asas retangulares com Λ= 2 e λ=1. Modelo da
Linha Sustentadora Estendida de Weissinger.
Tabela 5 – Diferenças percentuais entre discretizações para asas retangulares com Λ= 8 e λ=1. Modelo da
Linha Sustentadora Estendida de Weissinger.
Testes análogos foram realizados para um afilamento de 0,5 permitindo verificar que
uma malha de 160 elementos resulta em discrepâncias inferiores a 0,5%. Novamente foi
possível observar que alongamentos menores exigem malhas maiores para garantir erros
Tabela 6 – Diferenças percentuais entre discretizações para asas retangulares com Λ=2 e λ=0,5. Modelo da
Linha Sustentadora Estendida de Weissinger.
Nv=20 e Nv=10 Nv=40 e Nv=20 Nv=80 e Nv=40 Nv=160 e Nv=80 Nv=320 e Nv=160
φ (°)
(%) (%) (%) (%) (%)
6
Nv=10 Nv=20 Nv=40
Nv=80 Nv=160 Nv=320
5
4
CLα
0
0 10 20 30 40 50
Enflechamento φ
Figura 20 – Teste de convergência para asa retangular com Λ=2 e Λ=8 usando o modelo da Linha
Sustentadora Estendida. Afilamento λ=0,5.
48
alongamento.
CLα com o aumento de λ, que se torna mais aparente para alongamentos mais elevados.
inicialmente as formas geométricas de uma asa afilada e uma asa reta em relação a uma asa
Figura 21 – Comparação da área em planta de 3 asas com mesmo alongamento. Asa elíptica, retangular e
de afilamento 0,5.
49
Considerando-se uma asa elíptica como referência, nota-se que a forma em planta de
uma asa afilada é a mais parecida com a forma elíptica. Dessa maneira, a distribuição de
circulação de uma asa afilada também chega mais próximo de uma distribuição elíptica, e
Sendo assim, os ângulos de ataque induzidos ao longo da envergadura de uma asa afilada são
menores quando comparados com os ângulos induzidos em uma asa retangular. Isso torna a
asa afilada mais eficiente na produção de sustentação, pois é possível obter a mesma
3,5
3
CLα
2,5
1,5
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Afilamento λ
Figura 22 – Efeito do afilamento sobre o coeficiente CLα para variados alongamentos usando o modelo da
Linha Sustentadora Estendida. Enflechamento φ=0º.
Na Figura 23 é mostrado um teste análogo para uma asa com enflechamento a 45°.
Comparando a Figura 23 com a Figura 22, nota-se que a presença do enflechamento causou o
50
4
Λ=2 Λ=4 Λ=6 Λ=8
3,5
3
CLα
2,5
1,5
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Afilamento λ
Figura 23 – Efeito do afilamento sobre o coeficiente CLα para variados alongamentos usando o modelo da
Linha Sustentadora Estendida. Enflechamento 45°.
em duas componentes, uma normal e outra tangente a linha sustentadora. Sabendo-se que a
sustentação é gerada pela componente da velocidade normal ao perfil, espera-se que uma asa
enflechada possua um menor coeficiente CLα do que uma asa sem enflechamento de mesmo
Λ. De fato, a queda do CLα em função do enflechamento foi obtida com o modelo, conforme
boa concordância entre os resultados para asas com enflechamento nulo, porém há uma
neste trabalho sofre uma queda menos acentuada de CLα. É possível notar também que a
7
Schlichting Resultados Numéricos
Λ=2 Λ=2
6
Λ=4 Λ=4
Λ=6 Λ=6
5 Λ=8 Λ=8
4
CLα
0
0 10 20 30 40 50
Figura 25 - Curva CLα em função do enflechamento para o modelo da Linha Sustentadora Estendida.
Afilamento λ=1.
sustentação do modelo misto é menor do que o previsto pela Teoria Estendida até a estação
adimensional 2y/b=0,2. A partir de então, o modelo apresenta resultados superiores até que
0,5
0,4
0,3
Cl/(2Λ)
0,2
Schlichting e Truckenbrodt Este trabalho
φ=0° φ=0°
φ=45° φ=45°
0,1
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
y/(b/2)
Figura 26 – Distribuição de sustentação local para uma asa reta e uma enflechada a 45°. Alongamento 5 e
afilamento unitário. Dados obtidos de [12].
Os modelos não linear e linearizado foram utilizados para gerar uma curva do
dados da literatura [12]. Na análise, empregou-se uma asa retangular de afilamento unitário
não enflechada com alongamento variando até 10, resultando na curva apresentada na Figura
27.
54
3
CLα
2
Linha Sustentadora Enflechada (Este trabalho)
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Λ
Figura 27 – Coeficiente CLα x Alongamento Λ para uma asa reta com afilamento unitário. Dados obtidos
de [12].
testados com a teoria da Linha Sustentadora Simplificada. Conforme esperado, observa-se que
a grandes valores. Isso deve-se ao fato de que o aumento do alongamento diminui os efeitos
conseqüentemente, o ângulo de ataque efetivo seja igual ao geométrico para todas as seções.
55
semelhantes àquelas apresentadas por Phillips e Snyder [13]. A Figura 28 apresenta uma
com o modelo não linear considerando o mesmo conjunto de ângulos de ataque α do aerofólio
1
Teoria da Linha Sustentadora Estendida (Este trabalho)
0,6
CL
0,4
0,2
0
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40
Cl
Figura 28 – Coeficiente de sustentação da asa x coeficiente de sustentação do aerofólio. Perfil NACA 0012,
Λ=5, φ=45º, λ=1. Dados obtidos de [13].
56
concentrada nas pontas e raiz melhora a predição dos resultados devido aos vórtices de ponta
baixos em relação os modelos. Tal resultado era esperado pois a Teoria da Linha Sustentadora
0,06
0,05
0,04
Cdi
0,03
0,02
0,01
Teoria da Linha Sustentadora Estendida (Este trabalho)
Dados experimentais obtidos de Phillips e Snyder
Modelo de Phillips e Snyder
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
CL
Figura 29 – Coeficiente de arrasto induzido x Coeficiente de sustentação da asa. Perfil NACA 0012, Λ=5,
φ=45º, λ=1. Dados obtidos de [13].
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simplificado, linear com condição de escoamento tangente e do modelo não linear. O modelo
adaptado para o cálculo da distribuição de circulação de uma asa com enflechamento. Para
discretizada em vórtices ferradura dentro dos quais cada segmento de vórtice ligado foi
escoamento tangente ao perfil é respeitada quando a velocidade a 3/4 da corda é nula para
todas as seções da asa. A mudança dos pontos de controle de 1/4 para 3/4 possui a vantagem
de eliminar a descontinuidade que existe sobre a linha sustentadora, evitado valores não
mostraram coerentes com a literatura para configurações de asas não enflechadas e também
discretização mais refinada empregada nas simulações foi de 320 elementos para um
enflechamentos, mas diminui para grandes valores de enflechamento. Isso pode ser explicado
pelo aumento dos efeitos da esteira turbilhonar sobre a velocidade induzida em cada seção da
asa. Tal condição é mais complexa do que para o caso de uma asa reta, requerendo
mostrou com a maior potencialidade para a modelagem de asas com enflechamento. Como
podem ser empregados dados empíricos de aerofólios ao invés de utilizar a aproximação para
um perfil fino. Além disso, a solução não linear do sistema de equações possibilita a obtenção
de uma distribuição de circulação para ângulos de ataque no início da região não linear do
escoamento. Contudo, o modelo não linear possui mais parâmetros numéricos a serem
calibrados para cada simulação e, em casos críticos como pequenos alongamentos e grandes
linear foi comparado com dados experimentais presentes na literatura através de testes do
resultados para uma asa de perfil NACA 0012 com enflechamento 45º.
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6 Conclusão
Prandtl e sua extensão apresentada por Weissinger, seguida por aplicações da Teoria da Linha
clássico de Prandtl aplicável para asas retas. Como principal vantagem, seria possível a
adaptação simplificada que cujos resultados foram coerentes para pequenos enflechamentos e
altos valores de alongamento. Entretanto, para os demais casos o modelo proposto apresentou
possível obter resultados aproximados com a literatura, pois ao invés de calcular a velocidade
Pistolesi. Outra vantagem apresentada foi a convergência dos resultados utilizando-se uma
experimentais para uma asa com enflechamento de 45º. Porém valores altos de enflechamento
Por fim, a potencialidade do modelo linear baseado na Teoria Estendida foi testada
enflechamento é responsável pela diminuição do coeficiente CLα da asa, o que pode ser
sustentação. Além disso, o afilamento λ também causou uma queda do CLα, pois ao afilar a
elíptica. Por outro lado, a elevação do alongamento causa um aumento em CLα em virtude da
redução dos efeitos da esteira. Nota-se que o comportamento de uma asa fina pode ser
considerado como de um aerofólio fino, portanto o CLα tende a valores próximos a 2π rad-1.
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7 Referências bibliográficas
[5] LAVOIE, P. Flow Control & Experimental Turbulence, 2011. Disponivel em:
Ideal Wing Shapes. National Aeronautics and Space Administration. Springfield, p. 29.
1980.
<http://en.wikipedia.org/wiki/File:Vortex_filament_(Biot-Savart_law_illustration).png>.
[16] CHIOCCHIA, G.; PROBDORF, S.; D., T. The Lifting Line Equation for a
Os parâmetros uai e uni são vetores unitários na direção paralela e normal a seção da
A modelagem matemática do escoamento sobre asas através da Teoria da Linha Sustentadora possibilita a
compreensão do fenômeno físico e serve como estimativa preliminar dos coeficientes aerodinâmicos da
asa. O modelo clássico de Prandtl da linha sustentadora ainda é empregado atualmente devido à relativa
simplicidade e por apresentar bons resultados para asas retas, perfis variados e de área em planta
generalizada. Entretanto, para asas com enflechamento o modelo de Prandtl não possibilita a predição
correta da distribuição de circulação, resultando em erros nos coeficientes aerodinâmicos cada vez
maiores na medida em que o enflechamento aumenta. Neste trabalho, realiza-se uma revisão acerca dos
modelos baseados na Teoria da Linha Sustentadora presentes na literatura e implementam-se adaptações
do modelo clássico a fim de predizer a distribuição de circulação de uma asa enflechada. Foram propostos
três modelos: duas formulações lineares com diferentes condições de contorno e um modelo não linear.
Através dos modelos foi possível observar a distribuição de circulação ao longo da envergadura da asa.
Utilizando o modelo fundamentado na Linha Sustentadora de Prandtl, foi possível obter resultados
condizentes com a literatura para enflechamentos pequenos e/ou com elevados valores de alongamento. O
modelo linear da Linha Sustentadora Estendida de Weissinger possibilitou a obtenção de resultados mais
coerentes para asas com enflechamentos e/ou alongamentos pequenos. O modelo não linear para a Linha
Sustentadora de Prandtl mostrou resultados coerentes com a literatura para casos específicos, porém
requereu maior esforço para calibração dos parâmetros numéricos de simulação.
12.
GRAU DE SIGILO: