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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Divisão de Informação e Documentação


Rios Cruz, Alejandro Arturo
Cálculo de caracterı́sticas aerodinâmicas de asas através da equação integral de Weissinger e do
método de Multhopp / Alejandro Arturo Rios Cruz.
São José dos Campos, 2015.
95f.

Dissertação de Mestrado – Curso de Engenharia Aeronáutica e Mecânica. Área de


Aerodinâmica, Propulsão e Energia – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2015. Orientador:
Prof. Dr. Paulo Afonso de Oliveira Soviero.

1. Sustentação. 2. Asa. 3. Linha Sustentadora Estendida. 4. Aerodinâmica. 5. Weissinger.


6. Multhopp. I. Centro Técnico Aeroespacial. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de
Engenharia Mecânica. II. Tı́tulo.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
RIOS CRUZ, Alejandro Arturo. Cálculo de caracterı́sticas aerodinâmicas de asas
através da equação integral de Weissinger e do método de Multhopp. 2015.
96f. Dissertação de Mestrado – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos
Campos.

CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Alejandro Arturo Rios Cruz
TITULO DO TRABALHO: Cálculo de caracterı́sticas aerodinâmicas de asas através da
equação integral de Weissinger e do método de Multhopp.
TIPO DO TRABALHO/ANO: Dissertação / 2015

É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias


desta dissertação e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos
e cientı́ficos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta
dissertação pode ser reproduzida sem a autorização do autor.

Alejandro Arturo Rios Cruz


Av. São João, 241
12242-840 – São José dos Campos–SP
CÁLCULO DE CARACTERÍSTICAS
AERODINÂMICAS DE ASAS ATRAVÉS DA
EQUAÇÃO INTEGRAL DE WEISSINGER E DO
MÉTODO DE MULTHOPP

Alejandro Arturo Rios Cruz

Composição da Banca Examinadora:

Prof. Dr. Roberto da Mota Girardi Presidente - ITA


Prof. Dr. Paulo Afonso de Oliveira Soviero Orientador - ITA
Prof. Dr. Roberto Gil Annes da Silva Membro Interno - ITA
Eng. Dr. Breno de Moura Castro Membro Externo - EMBRAER

ITA
Dedico este trabajo a mi madre y her-
mana
Agradecimentos

Agradeço a minha famı́lia pela paciência e o apoio incondicional de sempre. Agradeço


ao Professor Soviero pela confiança depositada e pelos ensinamentos de valor inestimável
para a criação deste trabalho. Agradeço aos meus companheiros e amigos do ITA e a
minha namorada por ter me ajudado e apoiado em todas as dificuldades. Sem seu apoio e
companheirismo constante não teria conseguido chegar até aqui. Agradeço aos professores
do ITA pelos conhecimento compartilhados em cada uma das suas aulas.
“It’s easy to explain how a rocket works,
but explaining how a wing works takes a rocket scientist.”
— Philippe Spalart
Resumo

O objetivo deste trabalho é a apresentação de um método prático para a obtenção


das caracterı́sticas aerodinâmicas de asas variando diversas propriedades geométricas. O
método apresentado visa ser aplicado em tarefas relacionadas ao projeto de aeronaves
utilizando métodos de otimização multidisciplinar e em investigações onde o fator con-
sumo computacional versus precisão dos resultados seja fundamental. Para atingir estes
objetivos, foi implementada uma metodologia que tem como base de cálculo o modelo da
linha sustentadora estendida apresentado por Weissinger. O modelo possibilita o cálculo
de asas variando o enflechamento, alongamento, afilamento e torção, entre outros parâ-
metros. Somado a um conjunto de correções e o uso de outras metodologias aplicadas
em sub-rotinas, o método apresenta-se como uma ferramenta rápida e que fornece bons
resultados quando comparada com outras metodologias similares utilizados na atualidade.
Neste trabalho, são apresentadas a fundamentação teórica, análises de convergência e re-
sultados comparativos com a teoria e testes experimentais, que em conjunto, demostram
as capacidades e aplicabilidades do mesmo.
Abstract

The objective of this work is to present a practical method to obtain the aerodynamic
characteristics for wings of arbitrary plan form. The presented method is intended to be
applied in tasks related to aircraft design using Multidisciplinary Design Optimization
methods and researchs where a good relation between computational cost and results
accuracy is needed. To achive these objectives, a methodology, whose calculations are
based on the extended lifting line theory first presented by Weissinger, was implemented.
As presented here, the model allows the calculation of wings for several values of sweep
angle, aspect ratio, taper ratio, twist and other geometrical parameters. Increasing a set
of corrections and other methodologies applied as subroutines, the method is presented as
a quick tool that provides good results when compared with other similar methods being
used nowadays. This work presents the theoretical foundations, convergency analysis and
comparative results with theory and experimental tests, which together, demostrate the
capabilities and applicability thereof.
Lista de Figuras

FIGURA 1.1 – Nomenclatura da asa utilizada neste trabalho . . . . . . . . . . . . . 23

FIGURA 2.1 – Solução elementar tipo vórtice bidimensional . . . . . . . . . . . . . 26


FIGURA 2.2 – Lei de Biot-Savart para um filamento de vórtice . . . . . . . . . . . 27
FIGURA 2.3 – Comportamento do escoamento num asa bidimensional . . . . . . . 28
FIGURA 2.4 – Evolução dos vórtices livres a jusante da asa finita . . . . . . . . . . 29
FIGURA 2.5 – Sistema de vórtices numa asa de envergadura finita . . . . . . . . . 29
FIGURA 2.6 – Vórtice de ferradura representando uma asa de envergadura finita . 30
FIGURA 2.7 – Distribuição de circulação variável ao longo da envergadura . . . . . 31
FIGURA 2.8 – Modelo representativo de uma asa discretizada segundo o método
de Weissinger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
FIGURA 2.9 – Esquematização do downwash induzido pelo vórtice ligado . . . . . 34
FIGURA 2.10 –Esquematização do downwash induzido pelo vórtice ligado . . . . . 35

FIGURA 3.1 – Regra do trapézio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41


FIGURA 3.2 – Divisão do intervalo (a,b) em estações de Multhopp (m=7) . . . . . 42
FIGURA 3.3 – Definição de condição de fronteira e ângulos do aerofólio . . . . . . . 50
FIGURA 3.4 – Distribuição de sustentação definida pelos carregamentos básico,
adicional e total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

FIGURA 4.1 – Asas analisadas com diferentes alongamentos (4, 8 e 12) . . . . . . . 57


FIGURA 4.2 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para
alongamento AR=4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
FIGURA 4.3 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para
alongamento AR=8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
LISTA DE FIGURAS x

FIGURA 4.4 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para


alongamento AR=12 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
FIGURA 4.5 – Pontos de controle m para convergência das caracterı́sticas aerodi-
nâmicas variando alongamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
FIGURA 4.6 – Asas analisadas com diferentes afilamentos (0, 0.5 e 1.5) . . . . . . . 61
FIGURA 4.7 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para
afilamento λ = 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
FIGURA 4.8 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para
afilamento λ = 0.5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
FIGURA 4.9 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para
afilamento λ = 1.5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
FIGURA 4.10 –Pontos de controle m para convergência das caracterı́sticas aerodi-
nâmicas variando afilamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
FIGURA 4.11 –Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para
torção ε = −10◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
FIGURA 4.12 –ASA Λ = 30◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
FIGURA 4.13 –Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para
enflechamento Λ = 30◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
FIGURA 4.14 –ASA Λ = −30◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
FIGURA 4.15 –Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para
enflechamento Λ = −30◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
FIGURA 4.16 –Pontos de controle m para convergência das caracterı́sticas aerodi-
nâmicas variando enflechamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

FIGURA 5.1 – Distribuição de circulação ao longo da envergadura de duas asas


retas com AR = 5 e Λ = 0o e Λ = 45o . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
FIGURA 5.2 – Distribuição de circulação ao longo da envergadura de asa com AR=6
e λ = 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
FIGURA 5.3 – Distribuição de circulação ao longo da envergadura de asa com AR=6
e λ = 0.5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
FIGURA 5.4 – Distribuição de circulação ao longo da envergadura de asa com AR=6
e λ = 0.25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
FIGURA 5.5 – Distribuição de circulação ao longo da envergadura de asa com AR=6
e λ = 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
LISTA DE FIGURAS xi

FIGURA 5.6 – Restrição do valor do afilamento para distribuição de circulação ao


longo da envergadura. Asas com AR=6 e λ = 0, λ = 0.03 e λ = 0.009 73
FIGURA 5.7 – Distribuição de sustentação ao longo da envergadura de asa com
AR=6 e λ = 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
FIGURA 5.8 – Distribuição de sustentação ao longo da envergadura de asa com
AR=6 e λ = 0.5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
FIGURA 5.9 – Distribuição de sustentação ao longo da envergadura de asa com
AR=6 e λ = 0.25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
FIGURA 5.10 –Distribuição de sustentação ao longo da envergadura de asa com
AR=6 e λ = 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
FIGURA 5.11 –Restrição do valor do afilamento para distribuição de sustentação ao
longo da envergadura. Asas com AR=6 e λ = 0, λ = 0.03 e λ = 0.009 76
FIGURA 5.12 –Comportamento da derivada CLα de uma asa reta para distintos
valores de AR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
FIGURA 5.13 –Valor da inclinação da curva de sustentação para asas com valores di-
ferentes de alongamento e enflechamento (Obtido de (SCHLICHTING
et al., 1979)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

FIGURA 5.14 –Comparação dos dados da inclinação da curva de sustentação obtidos


deste trabalho com dados mostrados na referencia (SCHLICHTING et
al., 1979) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

FIGURA 5.15 –Asa testada experimentalmente no relatório NACA 1208 . . . . . . 82


FIGURA 5.16 –Comparação da distribuição de carregamento experimental e numé-
rica a partir de dados obtidos da referência (SCHNEIDER, 1951) . . . 83
FIGURA 5.17 –Comportamento das linhas de pressão constantes de uma asa com
enflechamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
FIGURA 5.18 –Comparação das curvas de sustentação obtidas numérica e experi-
mentalmente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
FIGURA 5.19 –Diagrama da sub-rotina representativa do método seção crı́tica . . . 86
FIGURA 5.20 –Método da seção critica aplicada a asa ensaiada . . . . . . . . . . . 87
FIGURA 5.21 –Comparação das curvas de sustentação obtidas numérica e experi-
mentalmente considerando o estol da asa . . . . . . . . . . . . . . . 88
FIGURA 5.22 –Comparação das curvas polares obtidas numérica e experimental-
mente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
LISTA DE FIGURAS xii

FIGURA 5.23 –Comparação das curvas polares obtidas numérica e experimental-


mente considerando o estol da asa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Lista de Tabelas

TABELA 4.1 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para AR=4 57
TABELA 4.2 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para AR=8 58
TABELA 4.3 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para AR=12 59
TABELA 4.4 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para λ = 0 61
TABELA 4.5 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para λ = 0.5 62
TABELA 4.6 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para λ = 1.5 63
TABELA 4.7 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para ε =
−10◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
TABELA 4.8 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para Λ =
30◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
TABELA 4.9 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para Λ =
−30◦ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

TABELA 5.1 – Valores dos parâmetros obtidos na analise de convergência para


AR = 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
TABELA 5.2 – Valores dos parâmetros obtidos na analise de convergência para
AR = 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
TABELA 5.3 – Valores dos parâmetros obtidos na analise de convergência para
AR = 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
TABELA 5.4 – Valores dos parâmetros obtidos na analise de convergência para
AR = 8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
TABELA 5.5 – Caracterı́sticas geométricas do modelo ensaiado no experimento . . 83
Lista de Abreviaturas e Siglas

α ângulo de ataque
DC direct current
EAR Equação Algébrica de Riccati
GDL graus de liberdade
ISR interrupção de serviço e rotina
LMI linear matrices inequalities
MIMO multiple input multiple output
PD proporcional derivativo
PID proporcional integrativo derivativo
PTP point to point
UARMII Underactuated Robot Manipulator II
VSC variable structure control
Lista de Sı́mbolos

avn Matriz de coeficientes de influencia dependentes


unicamente da geometria da asa
aµ1 Coeficiente da serie de Fourier correspondente
à distribuição de carregamento
b Envergadura da asa, (metros)
bvn e bvv Coeficientes da serie matemática
c Corda da asa, (metros)
cav Corda promédio da asa Sb , (metros)
cr Corda de raiz da asa,(metros)
ct Corda de ponta da asa,(metros)
cv Corda local no ponto v, (metros)
cl Coeficiente de sustentação do aerofólio
cd Coeficiente de arrasto do aerofólio
cm Coeficiente de momento de arfagem do aerofólio
cl b Coeficiente de sustentação local básico
cl a Coeficiente de sustentação local adicional
clocal Coeficiente de sustentação local
clb c
cav
Coeficiente de carregamento básico
cl a c
cav
Coeficiente de carregamento adicional
cl c cl c
cav
ou 2b
Coeficiente de carregamento total igual com Gn
dl Elemento de filamento de um vórtice
dl Vetor de comprimento infinitesimal
ds Elemento de vórtice livre
e Fator de Oswald
fnµ e f¯nµ Coeficientes da serie matemática
metro
g Força de gravidade, ( segundo 2)

gvv , gvn , g¯vv , g¯vn Coeficientes de influencia do downwash


h Distância absoluta perpendicular entre o ponto de
downwash e o vórtice livre, (metros)
m Número de estações consideradas para a integração
LISTA DE SÍMBOLOS xvi

numérica da função integral do downwash


n Valor inteiro posicionado na linha de um quarto da
corda que define a posição na envergadura para a qual o
valor de circulação é determinado
p Pressão atmosférica, (bares)
r Distância absoluta entre o ponto de controle do downwash e um
elemento de vórtice
r Vetor radial
t Tempo, (segundos)
v Valor inteiro que define o ponto de controle dentro da superfı́cie
da asa onde a condição de contorno de não atravessamento pela
superfı́cie é aplicada
w Velocidade induzida, perpendicular à linha de corda media da asa,
metros
positiva a justante da asa, ( ssegundos )
x Coordenada longitudinal, positiva a jusante da asa, (metros)
x̄ Coordenada longitudinal pertencente ao vórtice ligado,
positiva a jusante da asa, (metros)
y Coordenada lateral, positiva a direita
da asa, (metros)
ȳ Coordenada lateral pertencente ao vórtice ligado,
positiva direita da asa, (metros)
2
AR Alongamento (AR = bS )
Bvn Coeficiente da serie matemática
CL Coeficiente de sustentação da asa
CD Coeficiente de arrasto da asa
CD i Coeficiente de arrasto induzido da asa
CM Coeficiente de momento da asa
CLα Inclinação da curva de sustentação da asa, (1/grau ou radianos)
CM A Corda media aerodinâmica,(metros)
Γ
G Circulação adimensional ( bV )
K Linha que contorna o escoamento sobre um corpo
M Número de estações consideradas para a integração numerica
da função integral do Downwash; Número de mach
L Força de sustentação, (Newtons)
L(η, η̄), Lvµ , L∗vµ Funções integradoras do downwash
metro
V Velocidade do escoamento livre, ( segundo )
Vr Velocidade normal
VΘ Velocidade tangencial
Xnp Posição do ponto neutro da asa
LISTA DE SÍMBOLOS xvii

α Ângulo de ataque, (graus)


αe Ângulo de ataque efetivo, (graus)
αi Ângulo de ataque induzido, (graus)
αL=0 Ângulo de ataque para sustentação nula, (graus)

β Parâmetro de compressibilidade ( 1 − M 2 )
ε Ângulo de torcimento da asa, (graus)
η Coordenada lateral adimensional
ηc.p.a Posição do centro de pressão na semi-envergadura
η̄ Coordenada lateral adimensional pertecente ao

vórtice ligado ( b/2 )
θ1 e θ2 Ângulos positivos entre uma linha de vórtice e as linhas que
juntam os finais de uma linha de vórtice e um ponto de downwash, (rad)
θ Parâmetro angular
λ Afilamento (λ = ccrt )
µ1 Número inteiro sequência da serie de Fourier correspondente
à distribuição de carregamento
metros2
ν Viscosidade cinemática ( segundos )
ξ Coordenada longitudinal adimensional
kg
ρ Densidade ( m 3)

φ Coordenada trigonométrica da envergadura (cos−1 η), (rad)



φn Valor de φ na estação n ( m+1 )

φv Valor de φ na estação v ( m+1 )
φµ Valor de φ na estação (µ Mµπ+1 )
2
Γ Circulação, ( metro
s
)
Λ Enflechamento da linha de tres quartos de corda,
positivo na direção a jusante da asa, (graus)
Φ Potencial de velocidade
Ψ Potencial de aceleração
Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2 Estudo Teórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.1 Fundamentação Teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2 Escoamento Potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3 Teorema de Helmholtz para um Filamento de Vórtice . . . . . . . 26
2.4 Lei de Biot-Savart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.5 Teorema de Kutta-Joukowsky . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.6 Linha Sustentadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.7 Descrição do Método de Weissinger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.8 Formulação do Método . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.9 Determinação da integral do downwash para asa com enflecha-
mento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.9.1 Downwash induzido pelos vórtices livres . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.9.2 Downwash induzido pelo vórtice ligado . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.9.3 Downwash induzido total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

3 Solução Matemática e Modelo Numérico . . . . . . . . . . 40


3.1 Regra do Trapézio e Regra da Quadratura de Gauss . . . . . . . . 40
3.2 Solução Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.2.1 Modelo Numérico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.2.2 Cálculo do carregamento básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.2.3 Cálculo do carregamento adicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.2.4 Obtenção de caracterı́sticas aerodinâmicas totais . . . . . . . . . . . . 53
SUMÁRIO xix

4 Análise de Convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.1 Análise de Convergência de Asas Retas . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.1.1 Alongamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.1.2 Afilamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.1.3 Torção Geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.1.4 Enflechamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

5 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.1 Comparação com dados teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.2 Comparação com dados experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

6 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
1 Introdução

As ferramentas para a obtenção de caraterı́sticas de corpos aerodinâmicos têm evoluı́do


significativamente ao longo do perı́odo definido entre o seculo XX até a atualidade. Desde
a apresentação da primeira teoria de utilização prática formulada por Ludwing Prandtl,
conhecida pelo nome de “Teoria da Linha Sustentadora de Prandtl”, vários métodos simi-
lares foram surgindo com o passar dos anos fornecendo a capacidade de calcular corpos
aerodinâmicos com formatos cada vez mais complexos.
Nas últimas décadas, o surgimento de computadores mais poderosos têm ajudado ao
nascimento de uma nova disciplina na aerodinâmica, conhecida pelo nome de “Compu-
tational Fluid Dynamics” ou pelas suas siglas em inglês ”CFD”. Em contraste com os
métodos clássicos, a ferramenta CFD discretiza o campo do escoamento possibilitando a
obtenção de comportamentos de natureza não potencial. Isto tem ajudado a obter um
melhor entendimento do comportamento dos fluidos que passam sobre determinados cor-
pos sem a necessidade de realizar testes experimentais que representem um alto custo nos
quesitos tempo e dinheiro. Em contrapartida, as ferramentas CFD atuais apresentam a
desvantagem de serem muito caras no que se refere a consumo de capacidade computaci-
onal. Mesmo com os supercomputadores existentes no mercado atual, analisar uma asa
utilizando métodos clássicos leva muito menos tempo quando comparado com uma análise
feita por CFD.
O anterior cobra grande importância dependendo da aplicação dada a estas ferramen-
tas. Um dos exemplos mais evidentes é no projeto preliminar de aeronaves. Na atualidade,
a maioria das empresas do ramo aeronáutico obtém as configurações da suas aeronaves ba-
seados em projetos de otimização multidisciplinar. A utilização desta filosofia de projeto
requer a criação de milhares de indivı́duos variando diferentes caracterı́sticas do projeto
(caracterı́sticas geométricas da asa por exemplo), os quais são analisados em diferentes
áreas utilizando a implementação de sub-rotinas utilizadas como caixas pretas.
Isto evidencia a necessidade da utilização de métodos que consigam calcular as carac-
terı́sticas aerodinâmicas de asas com formas em planta arbitrarias de uma forma rápida
e com precisão adequada. Atualmente, existem vários métodos aplicados ao regime in-
compressı́vel (M ≤ 0.3) que são utilizados para este tipo de tarefas. Os mais conhecidos
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 21

são: a antes mencionada, linha sustentadora de Prandtl, a linha sustentadora estendida


formulada por Weissinger e o método Vortex Lattice (ou VLM), por citar alguns.
A linha sustentadora apresenta uma boa solução de compromisso entre tempo de
cálculo e exatidão de resultados. A principal desvantagem deste método é a limitação de
possibilitar apenas o cálculo de asas retas (sem enflechamento), reduzindo assim o campo
de aplicabilidade na indústria, onde asas com enflechamento são comumente utilizadas.
O método VLM pela sua parte, consegue calcular caracterı́sticas aerodinâmicas de
asas variando uma alta gama de caracterı́sticas geométricas, obtendo-se ainda melhores
resultados que os apresentados pela linha sustentadora. No entanto, o fato de discretizar
a superfı́cie da asa tanto na envergadura como na corda faz dele uma ferramenta que
resulta mais custosa computacionalmente.
Pelas suas peculiaridades, o método de Weissinger apresenta-se, em muitos casos, como
a melhor solução de compromisso ao permitir a obtenção de caracterı́sticas aerodinâmicas
de asas com forma em planta arbitrária apresentando um custo computacional muito
baixo.
Por citar alguns trabalhos onde o método tem sido empregado na área de otimização
multidisciplinar (MDO) podemos encontrar o trabalho de (DOORLY et al., 1996) quem
desenvolveu um algoritmo genético empregado no MDO de asas tendo como objetivo
principal maximizar as caracterı́sticas aerodinâmicas de diferentes asas minimizando o
peso estrutural. Neste trabalho foram considerados no otimizador os efeitos aeroelásticos
da asa. De forma similar (JR. et al., 2008) apresentou um MDO para asas tendo como
objetivo maximizar o volume do taque de combustı́vel empregando uma longarina do tipo
caixa de torção.
Para acrescentando a aplicabilidade do método no projeto de otimização multidisci-
plinar, (OWENS, 1998) aplicou um método não linear da linha sustentadora estendida que
consegue obter de forma aproximada o comportamento do estol. Um método parecido
para a predição da sustentação de aeronaves em condições de estol é apresentado em
(ORTEGA et al., 2004).
Pela sua flexibilidade para analisar asas variando diferentes parâmetros geométricos,
o método de Weissinger também tem sido empregado para o análise de aeronaves que
utilizam o conceito de morphing wing (asa flexı́vel, capaz de mudar de formato e adequar-
se à qualquer aspecto de voo). Alguns dos trabalhos mais representativos nesta área são
os apresentados por (WICKENHEISER; GARCIA, 2007) e (WICKENHEISER, 2008) quem tem
explorado amplamente o método de Weissinger no estudo do comportamento aerodinâmico
não linear de morphing wings incluindo análise da estabilidade dinâmica e a otimização
de trajetória de aeronaves em manobras agressivas. (WERTER; BREUKER, 2014) pela
sua parte, tem trabalhado na criação de uma ferramenta para o projeto conceitual de
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 22

morphing wings onde o objetivo principal foi à maximização do desempenho aerodinâmico


considerando os efeitos aeroelásticos de este tipo de asas.
O método também tem sido empregado em linhas de pesquisa da aerodinâmica mo-
derna. Alguns trabalhos que mostraram uma aplicação interessante na pesquisa de veı́cu-
los aéreos não tripulados inspirados na natureza (bio-inspired UAV´s) são apresentados
por (LEYLEK et al., 2010) e (SACHS, 2004). No primeiro realizou-se um estudo da aero-
dinâmica das asas do morcego para sua aplicação em VANT´s da classe micro visando
desenvolver aeronaves com alta manobrabilidade. No segundo foram estudadas as carac-
terı́sticas aerodinâmicas do momento de guinada em asas de gaivotas com a finalidade de
identificar os parâmetros geométricos que geram maior impacto neste movimento.
Outro exemplo da aplicabilidade do método é a construção de tabelas de pesquisa de
dados aerodinâmicos para sua implementação em programas de simulação de aeronaves
como realizado por (GOPALARATHNAM et al., 2013). Além das anteriormente mencionadas,
o método tem sido bastante utilizado em aplicações de aeroelasticidade devido à necessi-
dade de obter carregamentos de asas elasticamente fletidas e torcidas. (BISPLINGHOFF et
al., 1996) mostra no capitulo 8 a aplicação do método no estudo de divergência, reversão
de aileron e fenômenos associados.
Considerando estes exemplos, resulta interessante a criação de um programa que, uti-
lizando como base o método que será descrito no presente trabalho, possibilite a aplicação
em diferentes tarefas no projeto e pesquisa nas áreas de engenharia aeronáutica e afins.
Este trabalho apresentará ao longo de seis capı́tulos a metodologia completa para a
obtenção dos objetivos descritos. Iniciando pelo capı́tulo dois, é descrita a fundamenta-
ção teórica, introduzindo resumidamente conceitos básicos da teoria potencial (base do
método) e a descrição matemática e formulação do método de Weissinger. O capı́tulo
três apresenta as ferramentas utilizadas para se chegar à solução do modelo matemático
assim como um resumo do modelo numérico. No capı́tulo quatro é mostrada a análise de
convergência de diferentes asas a qual servirá como referência para o capitulo 5 no qual
são apresentados os resultados obtidos no programa mediante a comparação com dados
obtidos da teoria e análises experimentais. Para facilitar a compreensão da linguagem uti-
lizada no presente trabalho, na Figura 1.1 é mostrada a nomenclatura que será utilizada
para descrever a geometria da asa posteriormente.
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO 23

x25(y)
Ʌ25

cr Linha de um
quarto da corda
c(y)

CMA

ct
y( c)

εr
εt

FIGURA 1.1 – Nomenclatura da asa utilizada neste trabalho


2 Estudo Teórico

2.1 Fundamentação Teórica

A análise teórica de escoamentos aerodinâmicos é realizada utilizando modelos ma-


temáticos que servem como ferramentas para simular a fı́sica envolvida no fenômeno da
geração de forças aerodinâmicas. Os modelos matemáticos são baseados em equações
que representam as leis de conservação fundamentais da mecânica. As equações da con-
servação são usualmente satisfeitas localmente como equações diferenciais, portanto, sua
solução única requer condições iniciais e de contorno que são descritas com as condições
impostas no campo de escoamento e o movimento do corpo em função do tempo.
Neste capı́tulo são apresentados os fundamentos teóricos, teoremas e leis nos quais se
baseia o método de Weissinger. Inicialmente são apresentados brevemente os conceitos
básicos do escoamento potencial para posteriormente explicar os fundamentos teóricos da
geração de sustentação e do método da linha sustentadora.

2.2 Escoamento Potencial

Na mecânica de fluı́dos o escoamento que interage com um corpo pode ser tratado como
não viscoso (sem fricção) e irrotacional (i.e. as partı́culas que conformam o escoamento não
giram no seu próprio eixo). A utilização deste tratamento simplifica consideravelmente a
formulação de equacionamentos que permitem calcular e entender o comportamento do
escoamento. O fundamento parte do fato dos efeitos viscosos estarem limitados a uma
camada fina próxima ao corpo. Este conceito, melhor conhecido como ”camada limite”, foi
apresentado pela primeira vez por (PRANDTL, 1928). Além disso, o escoamento também
é assumido como incompressı́vel. Isto quer dizer que a densidade é constante ρ = 0.
Resumindo o descrito acima temos que:
1. O escoamento é irrotacional:

∇×V =0 (2.1)
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 25

∇ × ∇Φ = 0 (2.2)

V = ∇Φ (2.3)

Onde V é a velocidade do escoamento e Φ o potencial de velocidade.


2. O escoamento é incompressı́vel (Equação de continuidade):

∇·V =0 (2.4)

Combinando as duas equações obtém-se a Equação de Laplace, a qual deve ser satis-
feita para definir o escoamento como potencial:

∇(∇Φ) = 0 (2.5)

∇2 Φ = 0 (2.6)

As soluções elementares desta equação são os escoamento do tipo uniforme, fonte, su-
midouro, dipolo e vórtice. Devido à equação de Laplace ser linear é possı́vel realizar a
superposição de escoamento para simular outros comportamentos. Das soluções elemen-
tares descritas, apenas a de tipo vórtice pode ser usada para modelar escoamentos que
envolvam sustentação finita. Em consequência, e como será mostrado em capı́tulos subse-
quentes, será esta a utilizada para modelar a linha sustentadora. Segundo a definição do
escoamento tipo vórtice bidimensional, como mostrado na Figura 2.1, ele é irrotacional
(Ou seja ∇ × V = 0)em todas partes com exceção da origem, a qual tem vorticidade
infinita.
O potencial de velocidade Φ de um escoamento tipo vórtice com circulação Γ é dado
pela Equação 2.4.

Γ
Φ= θ (2.7)

O campo de velocidade é definido pela Equação 2.8 (em coordenadas cilı́ndricas).

Γ
Vθ = −
2πr (2.8)
Vr = 0
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 26

r θ

FIGURA 2.1 – Solução elementar tipo vórtice bidimensional

2.3 Teorema de Helmholtz para um Filamento de


Vórtice

A versão tridimensional da solução elementar do tipo vórtice é um filamento de vór-


tice tridimensional. Aplicando o teorema do divergente em uma superfı́cie que rodeia
o filamento, pode ser mostrado que a intensidade do filamento não pode mudar (i.e. a
circulação se mantém constante).
Seguindo esta fundamentação, (ASHLEY; LANDAHL, 1985) descreve o primeiro e se-
gundo teorema de Helmholtz como segue:
1. A intensidade Γ de um filamento de vórtice é constante ao longo do seu compri-
mento.
2. Um filamento de vórtice não pode terminar no escoamento. Ele deve se estender
até ± infinito, ou terminar em um contorno sólido, ou formar um circuito fechado.
O segundo teorema de Helmholtz (um filamento de vórtice deve se estender até o
infinito), será aplicado posteriormente neste mesmo capı́tulo na representação dos vórtices
livres que representam o escoamento a jusante da asa.

2.4 Lei de Biot-Savart

A lei de Biot-Savart mostrada na Figura 2.2, deriva da descrição de um campo mag-


nético aplicada em eletromagnetismo. Analogamente, em aerodinâmica, ela descreve o
campo de velocidades dV induzido num ponto P por um segmento do filamento de vór-
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 27

tice tridimensional dl de intensidade Γ como mostrado pela Equação 2.9:

Γ dl × r
dV = (2.9)
4π krk3

onde r é o raio do vetor desde o elemento de filamento do vórtice dl até o ponto P .


P
dV r

dl

FIGURA 2.2 – Lei de Biot-Savart para um filamento de vórtice

2.5 Teorema de Kutta-Joukowsky

Quando abordada a geração de sustentação desde o ponto de vista bidimensional


(teoria de aerofólio), assume-se que o corpo gerador de sustentação corresponde a um
cilindro em direção normal ao escoamento cujo comprimento estende-se até o infinito. A
sustentação L é definida pela circulação da velocidade no campo próximo e é resultado da
diferença de pressão entre o intradorso e o extradorso. Estas pressões agindo na superfı́cie
são maiores e menores (intradorso e extradorso) em modulo quando comparadas com
a pressão do escoamento afastado. Considerando a equação de Bernoulli e o descrito
acima deduz-se que as velocidades na superfı́cie inferior e superior também serão maiores
e menores em relação à velocidade do escoamento livre incidente.

1 2 p
V + Ψ + = constante (2.10)
2 ρ

onde V é a velocidade no ponto P do escoamento, Ψ é o potencial gravitacional (des-


prezı́vel), p é a pressão também no ponto P e ρ a densidade do escoamento.
A Figura 2.3 mostra o comportamento do escoamento próximo ao aerofólio.
Seguindo o apresentado na Figura 2.3, a circulação é definida por:

I
Γ= V · dl (2.11)
K
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 28

v+∆v

K
- - - -
-
+
Γ
+ +
v∞

Γ>0
FIGURA 2.3 – Comportamento do escoamento num asa bidimensional
reproduzido de (SCHLICHTING et al., 1979)

onde K é qualquer linha que contorna o aerofólio na região afastada (fora da camada
limite), V é a velocidade local do escoamento e dl é um vetor de comprimento infinitesimal
ao longo da linha K.
Da Figura 2.3 pode ser observado que a circulação,tomada como a integral de linha
da velocidade ao longo da curva fechada K, tem um valor finito. Em consequência, nas
vizinhanças (campo próximo à superfı́cie) do aerofólio a circulação também é finita. O
campo de velocidade gerado é representado por um vórtice ligado ao aerofólio o qual gira
em sentido horário.
O teorema de Kutta-Joukowski 2.12 é a relação exata entre a sustentação L0 gerada
por uma unidade de envergadura e a circulação Γ para o problema bidimensional,

L0 = ρ∞ V∞ Γ (2.12)

onde ρ∞ e V∞ são a densidade e a velocidade no escoamento afastado, respectivamente.

2.6 Linha Sustentadora

Teoricamente, uma asa finita é representada por uma linha normal ao escoamento in-
cidente chamada de vórtice ligado ou linha sustentadora. A diferença de pressão existente
entre o intradorso e o extradorso de uma asa diminui até atingir o zero nas pontas permi-
tindo a criação da circulação ao redor da asa. Na Figura 2.4, a equalização das pressões
nas pontas causa que o escoamento seja defletido para dentro na superfı́cie superior e
para fora na superfı́cie inferior. A diferença nas direções do escoamento no intradorso e
extradorso forma uma descontinuidade que gera dois vórtices na ponta da asa com rotação
em sentidos opostos. Ainda na Figura 2.4 é mostrada a evolução dos vórtices a jusante
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 29

da asa.

- - - - - - -
+ + + + + + +

Γ Γ
FIGURA 2.4 – Evolução dos vórtices livres a jusante da asa finita
reproduzido de (SCHLICHTING et al., 1979)

Estes vórtices, também chamados de vórtices livres ou vórtices de ponta de asa, estão
ligados ao vórtice de partida (o qual se encontra no escoamento afastado como explicado
anteriormente). Assim, tem-se que tanto o vórtice ligado na asa, os vórtices livres nas
pontas e o vórtice de partida formam uma linha de vórtice fechada (Figura 2.5) cum-
prindo com o estipulado num dos teoremas de Helmholtz. Os vórtices descritos induzem
velocidades nas vizinhanças da asa, as quais, devido ao sentido da rotação dos vórtices,
têm direção para baixo a jusante da asa.
V∞

o
ad
lig
rt ice

Vórtices livres

ida
art
ep
ed
rtic

FIGURA 2.5 – Sistema de vórtices numa asa de envergadura finita

O vórtice de partida não precisa ser levado em consideração quando o escoamento é


CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 30

estacionário. Isto é devido a que se considera que a asa movimentou-se e encontra-se


afastada o suficiente para não ser influenciada por este vórtice. O sistema de vórtices
resultante mostrado na Figura 2.6 está formado por um vórtice ligado e dois vórtices
livres com extensão infinita conectados com as pontas da asa, formando um sistema de
vórtices com direção à jusante da asa conhecido comumente como vórtice de ferradura.
V∞

do
iga
icel
Vórt

Vórtices livres

FIGURA 2.6 – Vórtice de ferradura representando uma asa de envergadura finita

A representação da asa utilizando apenas um vórtice ligado é insuficiente para deter-


minar quantitativamente o comportamento aerodinâmico. Para obter uma distribuição de
circulação coerente é preciso fazer um refinamento dos vórtices livres. A equalização das
pressões nas pontas da asa ocasiona que existam diferentes valores de circulação ao longo
da mesma, como mostrado na Figura 2.7. Como a distribuição de circulação varia com a
coordenada na envergadura Γ = Γ(y), esta pode ser substituı́da por uma distribuição em
degraus. A cada degrau é colocado um vórtice livre de intensidade ∆Γ. Assim, a asa in-
teira é representada por uma folha de vórtices onde uma faixa desta folha de vórtices com
largura dy tem uma intensidade de circulação igual com dΓ = ( dΓ dy
)dy. Desta forma pode
se dizer que a inclinação da distribuição de circulação Γ(y) do vórtice ligado determina a
distribuição da intensidade do vórtice na folha de vórtices livres.
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 31

Γ(y)
∆Γ

FIGURA 2.7 – Distribuição de circulação variável ao longo da envergadura

2.7 Descrição do Método de Weissinger

O método de Weissinger (também conhecido como Linha Sustentadora Estendida)tem


suas bases na Linha Sustentadora desenvolvida por Prandtl, com a diferença principal de
permitir o cálculo de asas com enflechamento positivo ou negativo. Este método relaciona
a velocidade de downwash em determinada estação y da asa com a soma das contribuições
do downwash gerados pelo vórtice ligado e os vórtices livres de comprimento semi-infinito.
Os vórtices ligados são posicionados na linha de um quarto da corda da asa. No plano de
simetria, o método permite a existência de uma descontinuidade angular da linha de um
quarto da corda o que possibilita o cálculo de asas com qualquer ângulo de enflechamento.
Enquanto aos vórtices livres, estes são dispostos na direção do escoamento livre a jusante
da asa como mostrado na Figura 2.8.
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 32
V∞

Vortice ligado posicionado


na linha de c/4.
y, η

n
Λ

Γ Γ

v
c/4
3c/4

dΓ dη dΓ dη
dη dη
Linha de 3c/4 onde é
prenchida a condição de
contorno e o downash é
calculado.

Vórtices livres com extensão


semi-infinita.


x, ξ

FIGURA 2.8 – Modelo representativo de uma asa discretizada segundo o método de


Weissinger

A condição de contorno que fixa a variação da circulação ao longo da envergadura


consiste em impor que a inclinação induzida no escoamento pelo downwash normal à
placa plana (que representa a asa) devido à linha sustentadora e os vórtices livres deve ser
igual à inclinação da placa plana medida em relação ao ângulo formado com o escoamento
incidente (ângulo medido no ponto de controle de 3/4 da corda). Em outras palavras,
o escoamento não pode atravessar a placa plana. Esta condição de contorno mostra a
importância do cálculo das contribuições do downwash.
O método considera apenas a forma em planta da asa no cálculo simplificado. Para le-
var em conta os efeitos da geometria do aerofólio (arqueamento por exemplo) que conforma
a asa são realizadas correções que consideram dados de aerofólios obtidos por análises ex-
perimentais ou numéricos.
A formulação do método de Weissinger resulta numa equação integral diferencial
(Equação 2.27) a qual é resolvida assumindo uma representação da circulação a partir
de uma série numérica do tipo senoidal aplicável em concordância às seguintes condições
de contorno:
- O escoamento deve ser tangente à placa plana (que representa a asa),na linha de três
quartos da corda da asa. Com o anterior a condição de contorno de não atravessamento
do escoamento na superfı́cie sustentadora é cumprida.
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 33

-O valor da circulação nas pontas da asa deve ser nula.


O cálculo das integrais é realizado utilizando a regra do trapézio para análises numé-
ricas assim como o método Gaussiano da quadratura. O erro associado a esta técnica
é relativamente alto na ordem de 1/M 2 ((WICKENHEISER; GARCIA, 2007)), onde M é o
número de funções avaliadas. No entanto, este número é incrementado independente do
numero de estações m utilizado nos cálculos aerodinâmicos. A análise desenvolvida por
Weissinger tem demostrado ser eficiente no cálculo da distribuição de sustentação e arrasto
sobre uma grande variedade de geometrias de asas. Embora o método esteja formulado
considerando as condições de escoamento não viscoso, ele é válido para escoamentos com
número de Mach na faixa de baixo até alto subsônico (aplicando correções para incluir os
efeitos de compressibilidade) para ângulos de ataque moderados onde os efeitos viscosos
são mı́nimos.

2.8 Formulação do Método

O processo matemático para calcular a distribuição de sustentação como descrito por


(WEISSINGER, 1947) é dividido em duas partes:
- Determinação da equação integral que relaciona o valor do downwash em um ponto
dado com os efeitos gerados pelo vórtice ligado e os vórtices livres.
- A solução da equação integral para determinar a distribuição do carregamento des-
conhecido.
A dedução matemática que será apresentada a seguir tem como referência a apresen-
tada por (DEYOUNG; HARPER, 1948).

2.9 Determinação da integral do downwash para asa


com enflechamento

2.9.1 Downwash induzido pelos vórtices livres

O downwash gerado por um elemento de vórtice livre ds, é calculado utilizando a lei
de Biot-Savart. Segundo (GLAUERT, 1947) o downwash em um ponto qualquer do plano
x − y é dado por:


dw(x, y) = (cos θ1 + cos θ2 ) (2.13)
4πh
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 34
V∞

y, η

Vortice ligado posicionado


na linha de c/4.
n
Λ

Γ Γ

v
(x,y)

(x,y)
h θ1

θ2

Vórtices livres com extensão ∞


semi-infinita.

∞ x, ξ

b

(x,y)

(x,y)
h θ1

θ2


FIGURA 2.9 – Esquematização do downwash induzido pelo vórtice ligado

Onde θ1 e θ2 representam o ângulo interior entre a linha do vórtice livre e as linhas


do final dos vórtices livres ao ponto de downwash, h é a distância perpendicular existente
entre o ponto de downwash e a linha do vórtice livre, e dΓ é a intensidade do vórtice livre
em um ponto determinado da envergadura. Da Figura 2.9 sabemos que:

h = y − ȳ (2.14)
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 35

x − x̄
cos θ1 = p (2.15)
(x − x̄)2 + (y − ȳ)2 )

x̄ = |ȳ| tan Λ (2.16)

Devido aos vórtices livres terem sua extensão até o infinito cos θ2 = 1.
Reescrevendo a Equação 2.13 e integrando obtemos o valor do downwash devido aos
vórtices livres.

" #
b/2
x − ȳ tan Λ
Z
1 1
w(x, y) = 1+ p Γ0 (ȳ)dȳ (2.17)
4π −b/2 y − ȳ 2
(x − |ȳ| tan Λ) + (y − ȳ) 2

2.9.2 Downwash induzido pelo vórtice ligado

Análogo ao cálculo do downwash gerado pelos vórtices livres é realizado o cálculo do


downwash induzido pelo vórtice ligado, como mostrado na Figura 2.10.
V∞

y, η

Vortice ligado posicionado


na linha de c/4.
n
Λ

v
r Γ
h
(x,y)

Vórtices livres com extensão


semi-infinita.

∞ x, ξ

FIGURA 2.10 – Esquematização do downwash induzido pelo vórtice ligado


CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 36

A circulação varia continuamente ao longo do vórtice ligado. O downwash em qualquer


ponto x − y devido a um elemento de vórtice ligado ds é dado aplicando novamente a lei
de Biot-Savart pela Equação 2.18.

Γhds
dw(x, y) = (2.18)
4πr3
Considerando um vórtice ligado com enflechamento obtemos da Figura 2.10.


s= (2.19)
cos Λ
Para a semi-envergadura direita e esquerda respectivamente:

h = x cos Λ − y sin Λ
(2.20)
h = x cos Λ + y sin Λ

p
r= (x − x̄)2 + (y − ȳ)2 (2.21)

x̄ = |ȳ| tan Λ (2.22)

Substituindo o anterior na Equação 2.18 e integrando ao longo da envergadura obtém-


se o downwash devido ao vórtice ligado:

Z 0
1 (x cos Λ + y sin Λ)Γ(ȳ)dȳ
w(x, y) =
4π −b/2 cos Λ [(x − |ȳ| tan Λ)2 + (y − ȳ)2 ]3/2
b/2
(2.23)
(x cos Λ − y sin Λ)Γ(ȳ)dȳ
Z
1
+
4π 0 cos Λ [(x − |ȳ| tan Λ)2 + (y − ȳ)2 ]3/2
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 37

2.9.3 Downwash induzido total

Somando as Equações 2.17 e 2.23 obtemos o downwash gerado pelas contribuições dos
vórtices livres e o vórtice ligado,

" #
b/2
x − ȳ tan Λ
Z
1 1
w(x, y) = 1+ p Γ0 (ȳ)dȳ
4π −b/2 y − ȳ 2
(x − |ȳ| tan Λ) + (y − ȳ)2

0
(x + y tan Λ)Γ0 (ȳ)dȳ
Z
1
+ (2.24)
4π −b/2 [(x − |ȳ| tan Λ)2 + (y − ȳ)2 ]3/2
b/2
(x − y tan Λ)Γ0 (ȳ)dȳ
Z
1
+
4π 0 [(x − |ȳ| tan Λ)2 + (y − ȳ)2 ]3/2

Integrando por partes os termos segundo e terceiro à direita da Equação 2.24 e


colocando-as na forma do primeiro termo considerando Γ(± 2b ) = 0 obtemos:

Z b/2 " #
1 1 x − ȳ tan Λ
w(x, y) = { 1+ p Γ0 (ȳ)dȳ
4π −b/2 y − ȳ 2
(x − |ȳ| tan Λ) + (y − ȳ)2


( cos2 Λ + x tan Λ − y)Γ0 (ȳ)dȳ
Z 0
− p
2 2
−b/2 (x + y tan Λ) (x + ȳ tan Λ) + (y − ȳ)
(2.25)
( cosȳ2 Λ − x tan Λ − y)Γ0 (ȳ)dȳ
Z b/2
+ p
(x − y tan Λ) (x − ȳ tan Λ)2 + (y − ȳ)2
p
2 tan Λ x2 + y 2
+ 2 Γ(0)}
x − y 2 tan2 Λ

Simplificando algebricamente e reescrevendo a Equação 2.25 fica:

b/2
Γ0 (ȳ)dȳ
Z
1
w(x, y) =
4π −b/2 y − ȳ
Z 0 p
1 (x + ȳ tan Λ)2 + (y − ȳ)2 0
+ Γ (ȳ)dȳ
4π −b/2 (x + y tan Λ)(y − ȳ)
Z b/2 p (2.26)
1 (x − ȳ tan Λ)2 + (y − ȳ)2 0
+ Γ (ȳ)dȳ
4π 0 (x − y tan Λ)(y − ȳ)
p
2 tan Λ x2 + y 2
+ Γ(0)
4π(x2 − y 2 tan2 Λ)

Da equação anterior observa-se que quando ȳ = y as três integrais apresentam um


ponto que dá um valor infinito. Para evitar este problema e fazer as equações contı́nuas,
0 (ȳ)
ao segundo e terceiro integrando da Equação 2.26 é subtraı́da a função Γy−ȳ . Para manter a
CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 38

Equação balanceada é então preciso adicionar a função subtraı́da ao primeiro integrando.


Com isto, apenas o primeiro integrando fica com o ponto que tende ao infinito. Este
ponto, uma vez feita a integração, apresenta um valor finito como será mostrado mais na
frente neste mesmo capı́tulo. Adicionando o quarto termo da Equação 2.26 ao segundo
integrando a anterior fica da seguinte forma:

b/2
Γ0 (ȳ)dȳ
Z
2
w(x, y) =
4π −b/2 y − ȳ
Z 0 "p p #
1 (x + ȳ tan Λ)2 + (y − ȳ)2 1 2 tan Λ x2 + y 2
+ − Γ0 (ȳ)dȳ
4π −b/2 (x + y tan Λ)(y − ȳ) y − ȳ x2 − y 2 tan2 Λ
Z b/2 " p #
1 (x − ȳ tan Λ)2 + (y − ȳ)2 1
+ − Γ0 (ȳ)dȳ
4π 0 (x − y tan Λ)(y − ȳ) y − ȳ
(2.27)
Com a Equação 2.27 é possı́vel calcular o downwash em qualquer ponto do plano xy.
Para cumprir com a condição de contorno descrita anteriormente o downwash deve ser
calculado na linha de três quartos da corda da asa. Para um ponto dado da envergadura
a coordenada em x correspondente no ponto de três quartos da corda é dado por:

c
x= + |y| tan Λ (2.28)
2
A Equação adimensional para obter o ângulo de downwash em qualquer estação da
envergadura na linha de três quartos da corda pode ser obtido substituindo o valor de
x na Equação 2.27. Para simplificar o cálculo são introduzidas as seguintes relações
adimensionais:

y ȳ Γ x c
η= , η̄ = , G= , = + |η| tan Λ (2.29)
b/2 b/2 bV b/2 b

A Equação para obter o ângulo de downwash fica:

1 1
G0 (η̄)dη̄ b/c
w Z Z
1
= + L(η, η̄)G0 (η̄)dη̄ (2.30)
V η π −1 η − η̄ 2π −1

A função L(η, η̄) é descrita a seguir:


CAPÍTULO 2. ESTUDO TEÓRICO 39

para η̄ ≤ 0:

q 
1  [1 + (b/c)(|η| + η̄) tan Λ]2 + (b/c)2 (η − η̄)2 
L(η, η̄) = −1
(b/c)(η − η̄)  1 + (b/c)(|η| + η) tan Λ 
q (2.31)
2 tan Λ [1 + (b/c)|η| tan Λ]2 + (b/c)2 η 2
+
[1 + (b/c)(|η| − η) tan Λ] [1 + (b/c)(|η| − η) tan Λ]

e para η̄ ≥ 0:

q 
1  [1 + (b/c)(|η| + η̄) tan Λ]2 + (b/c)2 (η − η̄)2 
L(η, η̄) = −1 (2.32)
(b/c)(η − η̄)  1 + (b/c)(|η| + η) tan Λ 

Ainda para o caso em que a asa não tem enflechamento Λ = 0, a Equação 2.31
simplifica-se como mostrado a seguir:
Para −1 ≤ η̄ ≤ 1:

1 hp i
L(η, η̄) = 1 + (b/c)2 (η − η̄)2 − 1 (2.33)
(b/c)(η − η̄)
3 Solução Matemática e Modelo
Numérico

Neste capı́tulo são apresentadas as ferramentas de cálculo numérico utilizadas no mé-


todo de Weissinger. Posteriormente mostra-se o desenvolvimento da solução matemática
para a obtenção do ângulo de downwash (Equação 2.30). A solução descrita foi primeira-
mente obtida por (WEISSINGER, 1947) que se baseou num método introduzido e aplicado
por (MULTHOPP, 1939) para a solução do problema da determinação do downwash ge-
rado por um vórtice ligado reto. Para fechar o capı́tulo, é mostrado um resumo do modelo
numérico aplicado.

3.1 Regra do Trapézio e Regra da Quadratura de


Gauss

O método de Weissinger utiliza ferramentas de cálculo numérico para a resolução


da integral do downwash. A Equação 2.30 é então resolvida mediante a aplicação de
uma integral numérica. No processo são utilizados dois métodos de integração numérica
conhecidos como regra composta do trapézio e método da quadratura Gaussiana.
A regra do trapézio consiste em substituir uma função dada f (x) por uma reta, no
intervalo [a b] da Figura (3.1a). Subdividindo [a b] em vários nós x0 , x1 , . . . , xn tal que
a = x0 < x1 < . . . < xn = b como mostrado na Figura (3.1b), obtém-se uma melhor
discretização da função f (x) e em consequência um resultado com um erro menor da
integral numérica. Este método recebe o nome de regra composta do trapézio e está
descrita por,

Z b n Z
X x
f (x)dx = f (x)dx
a i=1 xi −1
n (3.1)
1X
≈ (xi − xi − 1)(f (xi−1 ) + f (xi ))
2 i=1
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 41

f(x) f(x)

a b a x1 x2 . . . xn-1 b
a b
FIGURA 3.1 – Regra do trapézio

A aproximação da função integrada f na regra do trapézio é exata para polinômios


de grau igual ou inferior a n. Para a redução no volume de cálculo necessário é possı́vel
aplicar métodos (como é o método da quadratura Gaussiana) que possibilitem a escolha
de outros nós além dos definidos com espaçamento constante pela regra do trapézio.
A integração de Gauss para o caso geral é definida na Equação 3.2.

Z b n
X
f (x)w(x)dx = Ai f (xi ) (3.2)
a i=1

Onde w representa uma função de ponderação positiva. Assumir que a Equação an-
terior é exata para qualquer função polinomial de grau menor ou igual a n possibilita a
obtenção dos coeficientes Ai ,

b n
x − xj
Z Y
Ai = w(x) dx (3.3)
a x i − xj
j6=i
j=0

Gauss mostrou a possibilidade de determinar os coeficientes de tal forma que a apro-


ximação para f seja exata para polinômios de grau igual ou inferior a 2n + 1, mas com
apenas n avaliações. A determinação dos pontos x0 , x1 , . . . , xn em que é necessário conhe-
cer o valor de f (x) será função do grau do polinômio interpolador e da fórmula especı́fica
a ser considerada as quais são do tipo apresentado na Equação 3.4.

Z b
f (x)dx = w0 f (x0 ) + w1 f (x1 ) + . . . + wn f (xn ) (3.4)
a
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 42

Para simplificar os cálculos, se determina esta fórmula considerando o intervalo [a, b] =


[−1, 1]. No caso de um intervalo genérico efetua-se a mudança de variáveis para t ∈ [−1, 1]
corresponde x ∈ [a, b] onde:

1 b−a
x= [a + b + t(b − a)] e dx = dt
2 2
de forma que: (3.5)
Z b
b−a 1
Z
f (x)dx = F (t)dt
a 2 −1

onde

1 1 1
F (t) = (b − a) · f [ (b − a)t + (b + a)] (3.6)
2 2 2
De uma forma análoga, a quadratura de (MULTHOPP, 1939) demonstra-se conveniente
e precisa quando é aplicada à funções que surgem da teoria da linha sustentadora. Ela
tem a seguinte forma:

b m
π(b − a) X
Z
f (y)dy ≈ f (φn ) sin φn (3.7)
a m + 1 n=1

O intervalo a e b é dividido em estações da envergadura sem incluir os pontos finais


como é ilustrado na Figura 3.2 para o caso no qual m=7.

f4
f5 f3
f2
f6

f7 f1

ϕ2

ϕ1

-b -b
2 2

FIGURA 3.2 – Divisão do intervalo (a,b) em estações de Multhopp (m=7)


(reproduzido de (BISPLINGHOFF et al., 1996))

O método de Multhopp fornece resultados exatos quando é aplicada à funções que


podem ser representadas por series trigonométricas como será visto posteriormente neste
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 43

capı́tulo.

3.2 Solução Matemática

Como descrito no capı́tulo anterior, o método de Weissinger consiste na aplicação da


condição de contorno que especifica que o escoamento deve ser tangente na linha de três
quartos da corda da asa no número de pontos de controle especificados para posteriormente
realizar a integração numérica da Equação 2.30 em cada estação. Como resultado, é obtido
um sistema de equações lineares simultâneas contendo os valores das incógnitas G(η̄) para
cada estação da asa. Na Equação 2.30 são introduzidas as variáveis trigonométricas da
envergadura φv e φ, as quais são definidas pelas seguintes relações:

η = cos φv

η̄ = cos φ

Reescrevendo a Equação 2.30 fica:

π π
G0 (φ)dφ
w Z Z
1 b/cv
= − L(φv , φ)G0 (φ)dφ (3.8)
V v π 0 cos φ − cos φv 2π 0

Onde b/cv corresponde ao valor de b/c na estação v. Na Equação 3.1 representando a


função G(φ) na forma da série de Fourier obtemos:

m
X
G(φ) = aµ1 sin µ1 φ (3.9)
µ1 =1

onde

Z 2π
1
aµ1 = G(φ) sin µ1 φdφ (3.10)
π 0

Sendo que só é de interesse o intervalo correspondente a envergadura da asa (−b/2 ≤


y ≤ b/2), a integral é redefinida de 0 até π.

Z π
2
aµ 1 = G(φ) sin µ1 φdφ (3.11)
π 0
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 44

Analogamente à fórmula da quadratura vista na seção 3.1, (MULTHOPP, 1939) utilizou


um método de quadratura Gaussiana que aplica-se na resolução da Equação 3.8 já que
ela integra de forma exata funções representadas pela série trigonométrica ao segundo
harmônico, assim,

Z 1 m
π X
f (η)dη = f (ηn ) sin φn (3.12)
−1 m + 1 n=1

nπ nπ
onde φ = m+1 , e f (ηn ) é o valor de f (η) quando η = cos m+1 . A Equação 3.10 pode
ser integrada pela Equação 3.11 dando como resultado:

m
2 X
aµ1 = G(ηn ) sin µ1 φn (3.13)
m + 1 n=1

Substituindo Equação 3.12 em 3.8 obtemos a nova forma da função de carregamento:

m m
2 X X
G(φ) = Gn sin µ1 φn sin µ1 φ (3.14)
m + 1 n=1 µ =1 1

onde Gn = G(φn ). Derivando 3.13:

m m
2 X X
G0 (φ) = Gn µ1 sin µ1 φn cos µ1 φ (3.15)
m + 1 n=1 µ =1 1

A primeira integral da Equação 3.8 que contém um ponto infinito pode ser integrada
diretamente com a série dada pela Equação 3.14. Utilizando a seguinte integral a qual foi
derivada por (GLAUERT, 1947):

Z π
cos nφ π sin nφ0
dφ = (3.16)
0 cos φ − cos φ0 sin φ0

Assim:

π
G0 (φ)dφ
Z
1
π 0 cos φ − cos φv
m m Z π
2 X X cos µ1 φ
= Gn µ1 sin µ1 φn dφ
m + 1 n=1 µ =1 0 cos φ − cos φv
1
m m (3.17)
2 X X µ1 sin µ1 φn sin µ1 φv
= Gn
m + 1 n=1 µ =1
sin φv
1
m 0
X
= 2bvv Gv − 2bvn Gn
n=1
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 45

A linha na somatória indica que o valor quando n = v não é somado. Fisicamente a


Equação 3.16 fornece o ângulo de downwash numa distância infinita a jusante da asa para
qualquer forma em planta. Este ângulo de downwash é igual a duas vezes o downwash
num quarto da corda para uma asa reta. O coeficiente definido como bvn na Equação 3.16
é dado pela seguinte equação:


Para n = v 



m 
1 X 

bvv = µ1 sin2 µ1 φv


(m + 1) sin φv µ =1



1
(3.18)
Para n 6= v 



m 
−1 X 

bvn = µ1 sin µ1 φn sin µ1 φv



(m + 1) sin φv µ =1 

1

Fazendo as somatórias corretas com a relação apresentada a seguir:


m
X m
X
µ1 cos µ1 x = parte real de( µ1 eiµ1 x )
µ1 =1 µ1 =1 (3.19)
1 + m cos(m + 1)x − (m + 1) cos mx
+
−1 + 2 cos x

A Equação 3.17 transforma-se em:


Para n = v 


m+1



bvv = 

4 sin φv 
(3.20)
Para n 6= v 



sin φn 1 − (−1)n−v


bvn =



(cos φn − cos φv )2 2(m + 1)

A segunda integral da Equação 3.8 é resolvida de forma similar à primeira. A integral


do produto da função L(φv , φ) e os termos da série trigonométrica de G0 (φ) apresenta-se
complicada para sua integração direta, porém, pode ser resolvida utilizando a fórmula
da integração numérica especificada anteriormente. A integração pode ser feita para um
número arbitrário de pontos M que podem ser diferentes de m. Utilizando a regra do
trapézio para as variáveis trigonométricas:

" M
#
Z π
π f (φ0 ) + f (φM +1 ) X
f (φ)dφ = f (φµ ) (3.21)
0 M +1 2 µ=1
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 46

µπ
onde φµ = M +1
. Definindo:

m
2 X
fn (φ) = µ1 sin µ1 φn cos µ1 φ (3.22)
m + 1 µ =1
1

A Equação 3.14 pode ser abreviada como segue:

m
X
0
G (φ) = Gn fn (φ) (3.23)
n=1

Aplicando as fórmulas de integração numérica das Equações 3.21 e 3.23 à segunda


integral da Equação 3.8 obtemos:

Z π m Z π
b/cv 0
X b/cv
L(φv , φ)G (φ)dφ = (− ) L(φv , φ)Gn fn (φ)dφ
2π 0 n=1
2π 0
m
( " M
#)
b X −1 L(φv , φ0 )fn (φ0 ) + L(φv , φM +1 )fn (φM +1 ) X
= Gn + L(φv , φµ )fn (φµ )
cv n=1 M +1 2 µ=1
(3.24)
Simplificando com fnµ = fn (φµ ) onde fn (φµ ) é dado pela Equação 3.21 para φ = φµ =
µπ
M +1
e considerando Lvµ = L(φv , φµ ), assim,

M
1 Lv0 fn0 + Lv,M +1 fn,M +1 X
gvn = − ( + Lvµ fnµ (3.25)
2(M + 1) 2 µ=1

Reescrevendo a Equação 3.23:

Z π m
b/cv b X
L(φv , φ)G0 (φ)dφ = gvn Gn (3.26)
2π 0 cv n=1

Colocando a Equação 3.7 de uma forma que possibilite sua solução por equações
simultâneas substituindo nela as Equações 3.16 e 3.25 obtemos:

w m 0 m m 0
X b X b X b
= 2bvv Gv − 2bvn Gn + gvn Gn = (2bvv + gvv )Gv − (2bvn − gvn )Gn
V v
n=1
cv n=1 cv n=1
cv
(3.27)
A definição do sistema de equações simultâneas possibilita a obtenção do carregamento
ao longo da asa e a partir dele o cálculo de outros coeficientes aerodinâmicos para qualquer
ângulo de ataque e tendo qualquer forma em planta e torção. Com a finalidade de facilitar
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 47

o estudo dos diferentes fatores que influenciam o carregamento da asa, o estudo deste é
subdividido em dois tipos chamados de carregamento básico e carregamento adicional. A
solução de ambos tipos será mostrado posteriormente.

3.2.1 Modelo Numérico

A seguir é mostrado o modelo numérico simplificado para a obtenção da distribuição


de circulação de asas simétricas. No caso de asas simétricas, são considerados apenas os
valores ı́mpares de µ1 na Equação 3.9, assim, a Equação 3.22 é aplicada com os valores
de µ1 = 1, 3, 5 . . .(números ı́mpares),

m
2 X
fnµ = µ1 sin µ1 φn cos µ1 φ (3.28)
m + 1 µ =1,3,5...
1

Desde que a mudança da distribuição de circulação simétrica com a envergadura é


oposta em sinal de um lado da envergadura para o outro temos que fnµ = fn,(M +1−µ) e
fnµ = fn,( M +1 ) = 0. Examinando a Equação 3.21 é possı́vel observar que fnµ = fm+1−n,µ .
2
Com o anterior a Equação 3.25 fica,

M −1
2
1 X
gvn =− f¯nµ Lvµ fnµ (Lv,µ − Lv,M +1−µ ) (3.29)
2(M + 1) µ=0

onde n = 1, . . . , m+1
2

m+1

Para n 6= 

2 



¯
fnµ = 2fnµ





m+1


Para n =



2 


f¯nµ = fnµ




m+1 (3.30)
Para n 6= e µ = 0

2 


¯

fnµ = fnµ





m+1


Para n = e µ = 0


2 


¯ f nµ


fnµ =


2
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 48

A Equação 3.27 transforma-se em:

m+1 0
w 2
b X b
= (2bvv + g¯vv )Gv − (2Bvn − g¯v )Gn (3.31)
V v cv n=1
cv n

onde Bvn = bvn + bv,m+1−n para n 6= m+12


e Bvn = bvn para n = m+1 2
. Já que apenas são
considerados os valores positivos de η̄ a Equação 2.29 pode ser escrita utilizado a seguinte
relação:

L∗vµ = L(η, η̄) − L(η, −η̄) = Lvµ − Lv,M +1−µ

O sistema de equações simultâneas a ser resolvido para a distribuição de carga simétrica


é definida como:

m+1
2
X
αv = avn Gn (3.32)
n=1

onde


Para n = v


b 

avn = 2bvv + g¯vv 

vv

(3.33)
Para n 6= v



b


avn = −2Bvn + g¯vn 


cv

O processo para a obtenção da distribuição de circulação é definido a seguir:


1. Cálculo da matriz de coeficientes Bvn descrito por:

m+1 

Para n 6= 
2  


Bvn = bvn + bv,m+1 

m+1 
Para n = 

2  


Bvn = bvn

2. Cálculo da matriz de coeficientes f¯nµ em concordância com o definido na Equação


3.30
3. Cálculo dos coeficientes trigonométricos que definem os pontos de controle sobre a
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 49

asa os quais são descritos a seguir:


ηv = cos
m+1
µπ
ηµ = cos
M +1

φn = ( ) (3.34)
m+1

φv = ( )
m+1
µπ
φµ = ( )
M +1

4. Cálculo da matriz de coeficientes Lvµ dependentes da geometria da asa e descrita


pela seguinte Equação:

s 
 2
1  b b 
L∗vµ =b 1 + (ηv − η¯µ ) tan Λ + ( )2 (ηv − η¯µ )2 − 1 −
cv
(ηv − η¯µ )  cv cv 
 rh i2 
b b
1 + cv (ηv − η¯µ ) tan Λ + ( cv )2 (ηv + η¯µ )2

 

1  
(3.35)
b b
− 1 −
cv
(η v + η
¯ µ ) 
 1 + 2 cv
ηv tan Λ 

 
q
2 tan Λ (1 + cbv ηv )2 + ( cbv )2 ηv2 )
1 + 2 cbv ηv tan Λ

5. Cálculo do vetor de coeficientes g¯vn e g¯vv .


6. Cálculo da matriz de coeficientes de influência avn , como mostrado na Equação 3.36

 
a1,1 a1,2 ··· a1, m+1
 2 
 a2,1 a2,2 · · · a2, m+1

avn = . 2
(3.36)
 
 .. .
.. . .. .
..


 
a m+1 ,1 a m+1 ,2 · · · a m+1 , m+1
2 2 2 2

7. Montagem do sistema de equações para sua solução simultânea. A montagem do


sistema de equações simultâneas requer a definição do ângulo de ataque local para cada
estação definida. Quando calculado o coeficiente de carregamento (circulação Gn ) básico,
este ângulo será definido pelo ângulo de ataque na raiz da asa em relação ao ponto de três
quartos da corda para sustentação nula mais o ângulo de torção da asa relativo à raiz da
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 50

asa.

(αv )0 = (αr )0 + v (3.37)

A função que descreve a distribuição de torção não precisa ser linear possibilitando
assim a aplicação de distribuições aleatórias.
No caso do carregamento adicional o vetor é definido pelo ângulo de ataque como
mostrado na Figura 3.3

Linha de sustentação Componente da


nula velocidade (V*α)e

α0

α αe

αi

Velocidade
induzida (w)
FIGURA 3.3 – Definição de condição de fronteira e ângulos do aerofólio

Da figura anterior é importante observar que segundo a condição de contorno a com-


ponente da velocidade deve ser igual à velocidade de downwash causada pelos filamentos
de vórtice no ponto de três quartos da corda. Esta condição é aplicada medindo o ân-
gulo de ataque referenciado na linha tangente à placa plana no ponto de três quartos da
corda. Quando outros tipos de aerofólios (com arqueamento) são utilizados, o ponto onde
é considerada a condição de contorno muda devido ao comportamento caracterı́stico do
escoamento para cada aerofólio. Para obter uma melhor aproximação deve ser utilizado
o ângulo de ataque de sustentação nula correspondente ao aerofólio que compõe a asa.

 
α1,1
α2,1
 
 
 .. 
.
 
 
α m+1 ,1
2

Os valores das incógnitas são definidas pelo seguinte vetor:


CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 51

 
G1,1
G2,1
 
 
Gn = 
  ..
.

 
G m+1 ,1
2

O sistema de equações simultâneas é montado como ilustrado na Equação 3.38.

    
α1,1 a1,1 a1,2 ··· a1, m+1 G1,1
2
  
α2,1 a a · · · a G2,1
 
  m+1
2,1 2,2


= 2, 
2
(3.38)
 
 ..   .. .. ... ..   ..
.   . . . .
  
  
α m+1 ,1 a m+1 ,1 a m+1 ,2 · · · a m+1 , m+1 G m+1 ,1
2 2 2 2 2 2

A solução do sistema é obtido efetuando o produto do ângulo de ataque local multi-


plicado pela inversa da matriz dos coeficientes de influência.

   −1  
G1,1 a1,1 a1,2 ··· a1, m+1 α1,1
2
  
G2,1 a2,1 a2,2 · · · a2, α2,1
  
  m+1
   
.. =
 2 
.. (3.39)
  .. .. .. ..
   
.   . . . . .
   
   
G m+1 ,1 a m+1
,1 a m+1
,2 · · · a m+1 m+1
, α m+1 ,1
2 2 2 2 2 2

Como apontado anteriormente, para possibilitar uma melhor análise dos fatores que
influenciam o comportamento do carregamento total da asa a análise é feita separando
o carregamento em básico e adicional, conforme mostrado por (DEYOUNG, 1947). As-
sim, somando ambos os tipos obtemos o carregamento total. A seguir será mostrado
o cálculo dos diferentes tipos de carregamento, assim como a obtenção dos coeficientes
aerodinâmicos a partir destes.

3.2.2 Cálculo do carregamento básico

O carregamento básico é descrito segundo (STEVENS, 1948), como aquele que existe
com sustentação liquida nula na asa. Este tipo de carregamento é devido à torção geo-
métrica ou aerodinâmica (e.g. quando existir deflexão parcial de aileron ou mudança no
arqueamento) na asa. Desta forma, pode se dizer que o carregamento básico é função da
variação do ângulo de ataque em cada seção que compõe a asa (i.e. ângulo de ataque da
corda local ao longo da envergadura), porém, é independente do ângulo de ataque da asa,
o que quer dizer que este tipo de carregamento não muda com a mudança no ângulo de
ataque da asa.
O sistema de equações para a solução simultânea do downwash como descrito previa-
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 52

mente 3.32 tem a seguinte forma:

m+1
2
X
αv = avn Gn
n=1

Considerando que quando existe torção na asa o ângulo de ataque local varia ao longo
da semi envergadura temos que o ângulo de ataque de cada seção é obtido pela seguinte
expressão:

(αv )0 = (αr )0 + εv

3c
Onde (αr )0 é o ângulo de ataque na raiz no ponto de controle 4
para CL = 0 e εv é o
valor do ângulo de torção local o qual é relativo à raiz.
Com o anterior o número de incógnitas é reduzido. As incógnitas a serem resolvidas
pelo sistema de equações simultâneas correspondem então aos valores de circulação e o
ângulo de ataque na raiz para sustentação nula. Para completar o sistema é utilizada a
equação da sustentação total da asa a qual é mostrada a seguir:

m−1
2
πAR X
CL = (G m+1 + 2 Gn sin(φn )) (3.40)
m+1 2
n=1

O sistema de equações a ser resolvida fica da seguinte forma:

    
ε1,1 −(αr )0 a1,1 a1,2 ··· a1, m+1 G1,1
2
  
G2,1

 ε2,1   −(αr )0 a2,1 a2,2 ··· a2, m+1
  
2
 .   ..
 
 .   .  . .
.. .. ... .. 
.

 .   . . .  
 =  .. (3.41)
 ε m−1 ,1  −(αr )0 a m−1 ,1 a m−1 ,2 · · · a m−1 , m+1  
 
.


 2   2 2 2 2  ..

 0  −(αr )0 a 2 ,1 a 2 ,2 · · · a m+1 , m+1 
  
m+1 m+1
2 2 
 .


CL = 0 sin(φ1 ) sin(φ2 ) ··· · · · sin(φ m+1 ) G m+1 ,1
2 2

A solução do sistema de equações dá como resultado o ângulo de ataque para susten-
tação nula na corda da raiz da asa e o valor da carregamento em cada estação.
O carregamento obtido é colocado na forma de coeficiente adimensional multiplicando-
o por duas vezes o valor do alongamento segundo a seguinte equação:

cl b c
( ) = 2ARGn (3.42)
cav n
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 53

Com o valor de carregamento obtido o coeficiente de sustentação local devido ao car-


regamento básico é definido pela seguinte equação:

clb c cav
clb = ( )( ) (3.43)
cav c

3.2.3 Cálculo do carregamento adicional

Em contraste com o descrito para o carregamento básico, o carregamento adicional


é o que produz sustentação total na asa. Este carregamento é gerado devido ao ângulo
de ataque local em cada seção da asa e é dependente apenas da forma em planta. Em
consequência, ele muda para cada ângulo de ataque (ou coeficiente de sustentação) e é
independente da torção ou da variação no arqueamento nas seções locais ao longo da asa.
Com o anterior a Equação 3.32 para a montagem do sistema de equações simultâneas
pode ser reescrita conforme:

m+1
2
X Gn
1= avn (3.44)
n=1
α

O coeficiente de sustentação local devido ao carregamento adicional é obtido de forma


análoga ao básico:

cla c cav
cl a = ( )( ) (3.45)
cav c

3.2.4 Obtenção de caracterı́sticas aerodinâmicas totais

Tendo ambos carregamentos a soma destes resulta no carregamento total da asa. Na


Figura 3.4 foram plotados o carregamento básico e adicional de uma asa com enflecha-
mento Λ = 30◦ , alongamento AR = 8, afilamento λ = 0.5 e ângulo de torção geométrica
na ponta ε = −8◦ . O gráfico mostra claramente a influência que o carregamento básico
tem no carregamento total de uma asa enflechada percorrendo o ponto do estol da asa em
direção à raiz.
CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 54

1.2

0.8

0.6
cl/CL

0.4

0.2

-0.2
Carregamento adicional
Carregamento básico
Carregamento total
-0.4
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
h

FIGURA 3.4 – Distribuição de sustentação definida pelos carregamentos básico, adicional


e total

Outras caracterı́sticas aerodinâmicas são obtidas a partir destes carregamentos.


No coeficiente de sustentação local os carregamentos calculados anteriormente são
aditivos. Assim, este é calculado somando os coeficientes de sustentação local devido a
carregamento básico e adicional,

cl = cl b + cl a (3.46)

Tendo ambos valores de carregamento e somando-os obtemos o carregamento total


Gn = Gn0 + Gna . Colocando este valor na equação 3.40 obtemos o coeficiente de susten-
tação total.
A variação da sustentação com o ângulo de ataque, ou seja , a inclinação da curva de
sustentação, é obtido a partir do carregamento adicional segundo a seguinte equação:

m−1

πAR G m+1
2
X2
Gn
CLα = ( +2 sin(φn )) (3.47)
m+1 α n=1
α

Análogo ao coeficiente de sustentação, o coeficiente de arrasto é obtido a partir do


CAPÍTULO 3. SOLUÇÃO MATEMÁTICA E MODELO NUMÉRICO 55

carregamento total com segue:

m+1 0
 
2
πAR X
CDi = [G m+1 b m+1 , m+1 G m+1 − B m+1 ,n Gn 
m+1 2 2 2 2
n=1
2

m−1
 m+1 0
 (3.48)
X2 X 2

+2 Gv bvv Gv − Bvn Gn  sin(φv )]


v=1 n=1

O centro de pressão em relação à envergadura é dado pela seguinte relação:

m−1
2
X Gn
sin(φ) cos(φ)
n=1
α
ηcp = m−1
(3.49)
2
X Gn
sin(φ)
n=1
α

Já que o centro de pressão é localizado pelo método na linha de um quarto da corda,
a posição longitudinal deste é calculada simplesmente a partir da geometria da asa. O
valor da inclinação da curva de momento CCmL é obtida como a diferença entre a posição
longitudinal do ponto de referência onde o momento é medido e a posição longitudinal do
centro de pressão expressado em função da corda média aerodinâmica.
4 Análise de Convergência

Neste capitulo são mostrados os resultados da análise de convergência do método consi-


derando asas com diferentes parâmetros geométricos, tais como alongamento, afilamento,
torção geométrica e enflechamento. As caracterı́sticas aerodinâmicas avaliadas foram o
coeficiente de sustentação CL , a derivada da curva de sustentação CLa , o coeficiente de
arrasto induzido CDi , o ângulo de sustentação nula αL=0 e a posição do centro de pressão
ao longo da semi-envergadura ηc.p.a . Todas as análises foram feitas com ângulo de ataque
α = 1◦ .
O critério de convergência considera um desvio máximo < 1%. O método foi execu-
tado em ambiente Microsoftr WindowsT M 7 64bits, em um computador equipado com
processador Intelr CoreT M i5-3337U @ 1.80 GHz e 5.82 GB de memória RAM.

4.1 Análise de Convergência de Asas Retas

4.1.1 Alongamento

Foram considerados valores de alongamento AR = b2 /S no intervalo de 4 a 12 para


uma asa sem afilamento λ = ct /cr (i.e. λ = 1) e sem torção geométrica ε = 0◦ (com exce-
ção da análise feita para o ângulo αL=0 onde uma torção geométrica de −1◦ foi utilizada).
A forma em planta das asas analisadas é mostrada na Figura 4.1. As caracterı́sticas fo-
ram avaliadas separadamente, com a finalidade de identificar quais são as que apresentam
maior custo computacional. Os resultados são mostrados nas Figuras 4.2, 4.3 e 4.4 e nas
Tabelas 4.1, 4.2 e 4.3,
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 57

FIGURA 4.1 – Asas analisadas com diferentes alongamentos (4, 8 e 12)

-0.56
aL=0 (º)

-0.58

-0.6
0 50 100 150 200 250 300

0.12

0.1
CL

0.08

0.06
0 50 100 150 200 250 300

3.8
CLa (rad)

3.7

3.6

3.5
0 50 100 150 200 250 300
-4
x 10
3.6
CDi

3.4

3.2

3
0 50 100 150 200 250 300

0.5
(%)

0.45
cpa

0.4
η

0.35

0 50 100 150 200 250 300

FIGURA 4.2 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para alonga-


mento AR=4

TABELA 4.1 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para AR=4

Parâmetro Valor mconvergencia T empoconvergencia (s)


αL=0 (◦ ) -0.5732 63 0.4815
CL 0.0631 311 97.8671
CLα (rad) 3.5765 85 0.8882
CDi 0.00031 111 2.1273
ηc.p.a 0.4316 191 14.9179
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 58
-0.56

aL=0 (º)
-0.58

-0.6

-0.62
0 50 100 150 200 250 300

0.15
CL

0.1

0.05
0 50 100 150 200 250 300

4.8
CLa (rad)

4.7

4.6

4.5
0 50 100 150 200 250 300
-4
x 10
3

2.8
CDi

2.6

2.4
0 50 100 150 200 250 300

0.5
(%)

0.45
cpa

0.4
η

0.35
0 50 100 150 200 250 300

FIGURA 4.3 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para alonga-


mento AR=8

TABELA 4.2 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para AR=8

Parâmetro Valor mconvergencia T empoconvergencia (s)


αL=0 (◦ ) -0.5685 83 1.1019
CL 0.0802 319 109.1958
CLα (rad) 4.5482 97 1.4090
CDi 0.00026 119 2.6325
ηc.p.a 0.4476 181 11.5981
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 59
-0.56

aL=0 (º)
-0.58

-0.6

-0.62
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

0.095
CL

0.09

0.085
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

5.4
CLa (rad)

5.2

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180


-4
x 10
2.3

2.2
CDi

2.1

2
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

0.5
(%)

0.45
cpa

0.4
η

0.35
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

FIGURA 4.4 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para alonga-


mento AR=12

TABELA 4.3 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para AR=12

Parâmetro Valor mconvergencia T empoconvergencia (s)


αL=0 (◦ ) -0.5644 97 1.6334
CL 0.0877 101 1.624
CLα (rad) 4.9704 101 1.5417
CDi 0.00021 115 2.3735
ηc.p.a 0.4614 171 9.5423
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 60
350

300

250

aL=0
CDi
CL
m

200 a
CL
η (%)
cpa

150

100

50
4 8 12
AR

FIGURA 4.5 – Pontos de controle m para convergência das caracterı́sticas aerodinâmicas


variando alongamento

Observa-se que a sensibilidade média ao número de pontos de controle m aumentou


para valores de alongamento intermediários (alongamentos entre 5 e 8). Para valores de
alongamento mais altos o número de pontos de controle m manteve-se quase constante
com exceção dos casos do coeficiente de sustentação CL e posição do centro de pressão
ηc.p.a , os quais mostraram que a tendência é diminuir a necessidade de pontos de controle.
O coeficiente de sustentação necessitou de um maior número de pontos de controle
para atingir a convergência, com m = 323 e AR = 8. Utilizando essa discretização, o
tempo de cálculo das caracterı́sticas aerodinâmicas foi de 1.65 segundos.

4.1.2 Afilamento

Variou-se o afilamento de 0 a 1.5, mantendo constantes os valores de alongamento


AR = 6 e torção geométrica ε = 0◦ . As asas analisadas são mostradas na Figura 4.6 e os
resultados obtidos nas Figuras 4.7, 4.8 e 4.9 e nas Tabelas 4.4, 4.5 e 4.6.
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 61

FIGURA 4.6 – Asas analisadas com diferentes afilamentos (0, 0.5 e 1.5)

0
aL=0 (º)

-1

-2
50 100 150 200 250 300 350

0.2

0.15
CL

0.1

0.05
0 50 100 150 200 250 300 350

5
CLa (rad)

4.5

3.5
0 50 100 150 200 250 300 350
-4
x 10
3.6

3.4
CDi

3.2

3
0 50 100 150 200 250 300 350

0.4
(%)

0.3
cpa
η

0.2
0 50 100 150 200 250 300 350

FIGURA 4.7 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para afila-


mento λ = 0

TABELA 4.4 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para λ = 0

Parâmetro Valor mconvergencia T empoconvergencia (s)


αL=0 (◦ ) -1 9 0.0893
CL 0.0702 349 155.9551
CLα (rad) 3.9879 155 6.2073
CDi 0.000314 71 0.5335
ηc.p.a 0.3562 181 11.0386
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 62
-0.68

aL=0 (º)
-0.7

-0.72
0 50 100 150 200 250 300

0.2

0.15
CL

0.1

0.05
0 50 100 150 200 250 300

5
CLa (rad)

4.5

4
0 50 100 150 200 250 300
-4
x 10
3.8

3.6
CDi

3.4

3.2
0 50 100 150 200 250 300

0.5
(%)

0.45
cpa

0.4
η

0.35

0 50 100 150 200 250 300

FIGURA 4.8 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para afila-


mento λ = 0.5

TABELA 4.5 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para λ = 0.5

Parâmetro Valor mconvergencia T empoconvergencia (s)



αL=0 ( ) -0.6913 59 0.4044
CL 0.0764 325 108.836
CLα (rad) 4.3349 105 1.7845
CDi 0.000325 125 3.2580
ηc.p.a 0.4212 193 16.9681
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 63
-0.48

aL=0 (º)
-0.5

-0.52

-0.54
0 50 100 150 200 250 300

0.12

0.1
CL

0.08

0.06
0 50 100 150 200 250 300

4.2
CLa (rad)
a

4.1

4
0 50 100 150 200 250 300
-4
x 10
3
CDi

2.8

2.6
0 50 100 150 200 250 300

0.5
(%)

0.45
cpa

0.4
η

0.35
0 50 100 150 200 250 300

FIGURA 4.9 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para afila-


mento λ = 1.5

TABELA 4.6 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para λ = 1.5

Parâmetro Valor mconvergencia T empoconvergencia (s)



αL=0 ( ) -0.4960 83 0.9340
CL 0.0708 307 90.4308
CLα (rad) 4.0164 85 0.9923
CDi 0.000263 113 2.2198
ηc.p.a 0.4528 179 13.9188
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 64
350

300

250

200
aL=0
CDi
m

CL
a
CL
η (%)
150
cpa

100

50

0
0 0.5 1 1.5
l

FIGURA 4.10 – Pontos de controle m para convergência das caracterı́sticas aerodinâmicas


variando afilamento

O comportamento da análise de convergência no estudo de vários afilamentos mostrou


uma tendência parecida no casos dos parâmetros CDi e ηc.p.a , onde a necessidade de pontos
de controle para convergência mostrou um máximo no afilamento λ = 0.5 para depois
apresentar um decremento para afilamentos maiores. Para o caso do parâmetro CLα ,
conforme aumentou o valor do afilamento, precisou-se de um menor número de pontos de
controle e o contrario aconteceu com o parâmetro αL=0 . Pela sua parte, o parâmetro CL
mostrou um comportamento indiferente à variação do afilamento.
Desta análise de convergência, observou-se que para valores usuais de asas afiladas é
necessário aumentar a discretização da malha para garantir convergência de ηc.p.a e CL.
O tempo necessário para calcular a asa com a malha mais refinada no estudo do
afilamento m = 349 foi de 5.71 segundos.

4.1.3 Torção Geométrica

No caso da variação da torção geométrica, não foi observada uma variação significativa
na convergência. Por este motivo é mostrado apenas a análise de convergência para
ε = −10◦ , com alongamento AR = 6 e afilamento λ = 1 na Figura 4.11 e na Tabela 4.7.
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 65
3.2

aL=0 (º)
3

2.8
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

0.2
CL

0.1

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

5
CLa (rad)

4.5

4
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
-3
x 10
2.9

2.8
CDi

2.7

50 100 150 200 250 300 350 400 450

0.5
(%)

0.45
0.4
cpa

0.35
η

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

FIGURA 4.11 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para torção


ε = −10◦

TABELA 4.7 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para ε = −10◦

Parâmetro Valor mconvergencia T empoconvergencia (s)



αL=0 ( ) 3.0933 87 1.1481
CL 0.0771 481 605.3488
CLα (rad) 4.3349 105 1.9511
CDi 0.000268 39 0.2055
ηc.p.a 0.4212 193 18.9961

Considerando valores usuais de λ ≤ 1, a torção geométrica, quando aplicada, é o


parâmetro geométrico que requer maior discretização da malha para garantir convergência.
Coerente com as análises anteriores, o CL requereu a maior discretização para convergir.
O tempo de cálculo para o pior dos casos foi de 5.01 segundos.

4.1.4 Enflechamento

Finalmente, foi realizada uma análise de convergência variando o enflechamento. Fo-


ram considerados os ângulos Λ = 30◦ e −30◦ . Os outros parâmetros fixos foram o alon-
gamento AR = 6 e afilamento λ = 1. A Figura 4.12 mostra a asa com enflechamento
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 66

positivo em direção à jusante da asa. Na Figura 4.14 mostra-se a asa analisada com
enflechamento negativo e nas Figuras 4.13, 4.15 e Tabelas 4.8 e 4.9 os resultados obtidos.

FIGURA 4.12 – ASA Λ = 30◦

-0.55
aL=0 (º)

-0.6
0 50 100 150 200 250

0.1
CL

0.05
0 50 100 150 200 250

4
CLa (rad)

3.8

3.6
0 50 100 150 200 250
-4
x 10
2.65
CDi

2.6

2.55
0 50 100 150 200 250
(%)

0.45
0.4
cpa

0.35
η

0 50 100 150 200 250


m

FIGURA 4.13 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para enfle-


chamento Λ = 30◦

TABELA 4.8 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para Λ = 30◦

Parâmetro Valor mconvergencia T empoconvergencia (s)


αL=0 (◦ ) -0.5762 61 0.4413
CL 0.0675 259 53.1793
CLα (rad) 3.8395 33 0.1707
CDi 0.00025 95 1.6031
ηc.p.a 0.4617 173 10.3869
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 67

FIGURA 4.14 – ASA Λ = −30◦ .

-0.55
aL=0 (º)

-0.6

-0.65
0 50 100 150 200 250 300

0.2
CL

0.1

0
0 50 100 150 200 250 300

4.5
CLa (rad)

3.5
0 50 100 150 200 250 300
-4
x 10
4
CDi

2
0 50 100 150 200 250 300
(%)

0.45
0.4
cpa

0.35
η

0 50 100 150 200 250 300

m
FIGURA 4.15 – Análise de convergência de vários parâmetros aerodinâmicos para enfle-
chamento Λ = −30◦

TABELA 4.9 – Valores dos parâmetros obtidos na análise de convergência para Λ = −30◦

Parâmetro Valor mconvergencia T empoconvergencia (s)


αL=0 (◦ ) -0.5643 89 1.007
CL 0.0677 315 105.5559
CLα (rad) 3.844 127 3.6699
CDi 0.00023 179 11.6711
ηc.p.a 0.4217 195 16.2294
CAPÍTULO 4. ANÁLISE DE CONVERGÊNCIA 68
350

300

250

200
aL=0
CDi
CL
m

a
CL
η (%)
cpa
150

100

50

0
-30 -20 -10 0 10 20 30
L

FIGURA 4.16 – Pontos de controle m para convergência das caracterı́sticas aerodinâmicas


variando enflechamento

Os resultados obtidos mostram que é necessária uma maior discretização da malha para
ângulos de enflechamento negativos para alcançar a convergência. Esse comportamento
justifica a não simetria nos resultados mostrados na Figura 5.13, já que foi utilizada a
mesma discretização de malha, com m = 7.
5 Resultados

Nos capı́tulos anteriores mostrou-se o desenvolvimento de um método que permite a


obtenção do carregamento simétrico correspondente a diferentes ângulos de ataque para
asas com forma em planta e torção arbitrárias, a partir de entradas geométricas uni-
camente. Uma vez calculado o carregamento total, o método possibilita a obtenção de
outras caracterı́sticas aerodinâmicas. Neste capı́tulo são mostrados os resultados de dife-
rentes caracterı́sticas aerodinâmicas para diferentes tipos de asas. Os dados obtidos são
validados a partir de dados numéricos e experimentais que foram obtidos da bibliografia.

5.1 Comparação com dados teóricos

A primeira comparação de resultados foi obtida de dados fornecidos pela bibliografia


a partir de gráficos mostrados por (SCHLICHTING et al., 1979). Esta comparação tem a
finalidade de comprovar concordância do comportamento da distribuição de sustentação
para asas variando diferentes parâmetros geométricos. Os gráficos utilizados para as
comparações foram construı́dos utilizando diversos métodos como será especificado.
Inicialmente foi avaliada a distribuição de circulação para duas asas diferentes utili-
zando dados da teoria da superfı́cie sustentadora apresentada por Truckenbrodt compa-
rada com os dados de circulação obtidos neste trabalho. A Figura 5.1 mostra os resultados.
Destes, pode-se observar um comportamento que mostra concordância entre ambos mé-
todos e o esperado para asas com estas caracterı́sticas. Notou-se apenas uma pequena
subestimação dos dados de circulação obtidos pelo método desenvolvido neste trabalho.
O motivo para estas variações é resultado da diferença existente entre a formulação de
ambos métodos.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 70

0.5

0.4

0.3
Cirulação G

0.2

0.1

Schlichting L = 0
Schlichting L=45
0.0 Este trabalho L = 0
Este trabalho L = 45
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
h

FIGURA 5.1 – Distribuição de circulação ao longo da envergadura de duas asas retas com
AR = 5 e Λ = 0o e Λ = 45o

Também foi analisado o comportamento da distribuição de circulação de várias asas


variando o valor do afilamento. Neste caso, manteve-se um enflechamento nulo e um
alongamento AR = 6. Os dados obtidos da bibliografia foram calculados utilizando a
teoria da linha sustentadora de Prandtl. Como pode ser observado nas Figuras 5.2, 5.3,
5.4 e 5.5, o programa apresentado subestima o valor da circulação quando comparado
com os dados obtidos pelo modelo da linha sustentadora clássica. Este comportamento
também concorda com o apresentado nas referências e pode ser provocado pelas diferenças
existentes em relação às condições de contorno de ambos os métodos.
.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 71

0.6

0.5

0.4
Cirulação Γ

0.3

0.2

0.1

0 Schlichting λ=1
Este trabalho λ=1
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
η

FIGURA 5.2 – Distribuição de circulação ao longo da envergadura de asa com AR=6 e


λ=1

0.6

0.5

0.4
Cirulação Γ

0.3

0.2

0.1

0 Schlichting λ=0.5
Este trabalho λ=0.5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
η

FIGURA 5.3 – Distribuição de circulação ao longo da envergadura de asa com AR=6 e


λ = 0.5
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 72
0.6

0.5

0.4
Cirulação G

0.3

0.2

0.1

0 Schlichting l=0.25
Este trabalho l=0.25
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
h

FIGURA 5.4 – Distribuição de circulação ao longo da envergadura de asa com AR=6 e


λ = 0.25

0.6

0.5

0.4

0.3
Cirulação Γ

0.2

0.1

0
Schlichting λ=0
Este trabalho λ=0, m=101
Este trabalho λ=0, m=15
-0.1
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
η

FIGURA 5.5 – Distribuição de circulação ao longo da envergadura de asa com AR=6 e


λ=0

No caso do afilamento λ = 0 observou-se o aparecimento de uma circulação negativa


na região cercana à ponta da asa. Com a finalidade de descobrir a origem da circula-
ção negativa, foram realizados diferentes análises variando os parâmetros de entrada do
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 73

programa. Inicialmente foi realizado um teste colocando um número menor de pontos


de controle (m=15) ao longo da asa. O resultado desta variação pode ser observado na
Figura 5.5.
A diminuição nos pontos de controle resultou numa melhor aproximação ao comporta-
mento apresentado pela linha sustentadora de Prandtl. Concluiu-se que uma refinamento
na malha resultava no cálculo de valores de circulação cercanos a ponta da asa, onde a
corda local tinha um valor igual com zero. Isto provocou um erro numérico que trouxe
como consequência o aparecimento da circulação negativa.
Assim, observou-se que o programa apresenta restrições enquanto ao cálculo de asas
muito afiliadas. Foram estudadas varias asas com valores de afilamento perto do zero.
Alguns dos resultados são mostrados na Figura 5.6.

0.6

0.5

0.4

0.3
Cirulação Γ

0.2

0.1

0 Schlichting λ=0
Este trabalho λ=0.03, m=101
Este trabalho λ=0.009, m=101
Este trabalho λ=0, m=101
-0.1
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
η

FIGURA 5.6 – Restrição do valor do afilamento para distribuição de circulação ao longo


da envergadura. Asas com AR=6 e λ = 0, λ = 0.03 e λ = 0.009

Desta análise chegou-se à conclusão de que o método apresentado consegue fornecer


resultados coerentes para valores de afilamento máximos iguais com λ = 0.009. Valores
de afilamentos menores resultam no aparecimento do erro previamente descrito.
As mesmas asas da análise anterior foram comparadas para avaliar o comportamento
do coeficiente de sustentação local. Os resultados são apresentados nas Figuras 5.2, 5.3,
5.4 e 5.5. Neste caso, o método de Weissinger obteve valores maiores de coeficientes de
sustentação locais até um pouco mais da metade da semi-envergadura da asa. Posterior a
este ponto, os dados apresentam-se menores quando comparados com os obtidos pela linha
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 74

sustentadora de Prandtl. Ainda com estás pequenas diferenças, observa-se que existe boa
similaridade entre ambos métodos.
Na Figura 5.5 pode ser observado que novamente o comportamento entre ambas teorias
difere na asa com afilamento λ = 0. Segundo o mostrado pela análise de Prandtl, o
coeficiente de sustentação nas pontas tende ao infinito na região próxima à ponta da asa.
Foram feitas várias análises com o método de Weissinger aumentando a discretização
para observar o motivo da diferença deste comportamento. Nos casos estudados, foi
observado que malhas pobres apresentavam um comportamento similar ao apresentado
pela linha sustentadora clássica (como pode ser observado pela curva referente a asa com
a discretização de m=15). Contudo, conforme foi aumentada a malha para um valor de
m =101 aprecia-se que coeficiente de sustentação local segue de perto o comportamento
mostrado por Prandtl até aproximadamente 70% do valor da semi-envergadura para depois
cair até menos infinito na região cercana à ponta da asa. Este comportamento está
associado ao erro apresentado previamente na distribuição de circulação. Na Figura 5.11,
podem ser observados os resultados para valores de afilamento cercanos a zero que limitam
a aplicação do programa.

1.6

1.4

1.2

1
cl/CL

0.8

0.6

0.4

0.2
Schlichting λ=1
Este trabalho λ=1
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
η

FIGURA 5.7 – Distribuição de sustentação ao longo da envergadura de asa com AR=6 e


λ=1
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 75
1.6

1.4

1.2

1
cl/CL

0.8

0.6

0.4

0.2
Schlichting l=0.5
Este trabalho l=0.5
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
h

FIGURA 5.8 – Distribuição de sustentação ao longo da envergadura de asa com AR=6 e


λ = 0.5

1.6

1.4

1.2

1
cl/CL

0.8

0.6

0.4

0.2
Schlichting λ=0.25
Este trabalho λ=0.25
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
η

FIGURA 5.9 – Distribuição de sustentação ao longo da envergadura de asa com AR=6 e


λ = 0.25
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 76

1.6

1.4

1.2

1
cl/CL

0.8

0.6

0.4

0.2
Schlichting λ=0
Este trabalho λ=0, m=101
Este trabalho λ=0, m=15
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
η

FIGURA 5.10 – Distribuição de sustentação ao longo da envergadura de asa com AR=6


eλ=0

1.6

1.4

1.2

1
cl/CL

0.8

0.6

0.4

Schlichting λ=0
0.2
Este trabalho λ=0.03, m=101
Este trabalho λ=0.009, m=101
Este trabalho λ=0, m=101
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
η

FIGURA 5.11 – Restrição do valor do afilamento para distribuição de sustentação ao


longo da envergadura. Asas com AR=6 e λ = 0, λ = 0.03 e λ = 0.009

No que diz respeito à inclinação da curva de sustentação, foram comparados os valores


obtidos pela linha sustentadora simples e estendida. Foram avaliados os valores de CLα
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 77

com a variação no alongamento de uma asa retangular sem enflechamento. Contrário ao


mostrado no gráfico obtido por (SCHLICHTING et al., 1979), onde o modelo da linha esten-
dida apresenta valores menores aos obtidos pelo modelo da linha sustentadora simples, o
método de Weissinger apresentou valores ligeiramente maiores a estes últimos como pode
ser observado na Figura 5.12. Na análise de convergência do capı́tulo anterior observou-se
que os valores de inclinação da curva de sustentação diferem do comportamento apre-
sentado pela teoria. Foi observado que um aumento na malha traz como consequência
valores de CLα mais precisos. Isto pode explicar as variações entre as curvas apresentadas
na Figura 5.12.

4
CL (rad)

3
a

Schlichting
Este trabalho
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
AR

FIGURA 5.12 – Comportamento da derivada CLα de uma asa reta para distintos valores
de AR

Indo além da análise anterior, (SCHLICHTING et al., 1979) e (DEYOUNG; HARPER, 1948)
realizam a variação da inclinação da curva de sustentação de asas sem afilamento, para di-
ferentes valores de ângulo de enflechamento (valores positivos e negativos) e alongamento,
como mostrado na Figura 5.13.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 78

FIGURA 5.13 – Valor da inclinação da curva de sustentação para asas com valores dife-
rentes de alongamento e enflechamento (Obtido de (SCHLICHTING et al., 1979))

Pode-se observar na Figura 5.13 que o comportamento é assimétrico com a variação


do enflechamento, sendo que para enflechamentos positivos apresentam-se valores maiores
de CLα quando comparados com enflechamentos negativos. Entretanto, a análise prévia e
o estudo de convergência no capı́tulo anterior mostraram que este comportamento possui
discrepâncias com os dados teóricos dos autores citados . Por este motivo foi realizada uma
análise de diferentes asas simulando o gráfico da Figura 5.13. Os resultados comparativos
são mostrados na Figura 5.14
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 79

7
Schlichting AR=∞
Schlichting AR=2
Schlichting AR=4
6.5 Schlichting AR=6
Schlichting AR=8
Este trabalho AR=2
6 Este trabalho AR=4
Este trabalho AR=6
Este trabalho AR=8
5.5

4.5
CLa (rad)

3.5

2.5

1.5
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50
Enflechamento L (º)

FIGURA 5.14 – Comparação dos dados da inclinação da curva de sustentação obtidos


deste trabalho com dados mostrados na referencia (SCHLICHTING et al., 1979)

Observa-se que ao invés do comportamento ser assimétrico ele é, de fato, simétrico.
No gráfico apresentado por Schlichting foi utilizada uma discretização com 7 pontos de
controle seguindo o especificado por Weissinger, que afirma que esta discretização em
conjunto com uma função interpoladora apresentada por (DEYOUNG, 1947), é suficiente
para obter resultados com boa precisão. No gráfico 5.14 comparativo foi realizada a análise
forçando um erro menor a 1% e, em consequência, obtendo-se uma solução mais exata.
Os resultados apresentam-se nas tabelas 5.1, 5.2,5.3,5.4.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 80

TABELA 5.1 – Valores dos parâmetros obtidos na analise de convergência para AR = 2

Enflechamento Λ(o ) CLα (rad) mconvergencia T empoconvergencia (s)


-50 2.15 323 123.68
-30 2.36 255 48.10
-10 2.42 217 25.43
0 2.42 203 19.91
10 2.42 189 15.05
30 2.36 157 7.69
50 2.15 55 0.33

TABELA 5.2 – Valores dos parâmetros obtidos na analise de convergência para AR = 4

Enflechamento Λ(o ) CLα (rad) mconvergencia T empoconvergencia (s)


-50 2.82 431 379.85
-30 3.34 351 178.65
-10 3.54 293 80.59
0 3.56 267 57.11
10 3.54 243 38.88
30 3.34 183 13.75
50 2.82 101 1.95

TABELA 5.3 – Valores dos parâmetros obtidos na analise de convergência para AR = 6

Enflechamento Λ(o ) CLα (rad) mconvergencia T empoconvergencia (s)


-50 3.10 471 564.84
-30 3.83 393 251.155
-10 4.13 327 123.09
0 4.16 295 75.18
10 4.13 283 54.57
30 3.83 41 0.20
50 3.10 131 3.53
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 81

TABELA 5.4 – Valores dos parâmetros obtidos na analise de convergência para AR = 8

Enflechamento Λ(o ) CLα (rad) mconvergencia T empoconvergencia (s)


-50 3.26 491 672.03
-30 4.11 415 335.81
-10 4.48 343 135.73
0 4.53 309 93.27
10 4.48 271 54.14
30 4.11 55 0.03
50 3.26 155 6.5467

As tabelas mostraram que asas com enflechamento negativo requerem uma maior
discretização para obter resultados com alta precisão (menor que 1% de erro). Procurando
a origem desta necessidade no código desenvolvido, observou-se que o problema estava
na matriz de coeficientes de influência (previamente definido como avn ). Comparando
o comportamento desta matriz para duas asas com mesmas caracterı́sticas geométricas,
discrepando apenas no ângulo de enflechamento (Λ = 30◦ e Λ = −30◦ ), e com uma
discretização pobre de m = 7, constatou-se que as duas matrizes apresentavam valores
diferentes como pode ser observado nas matrizes 5.1 e 5.2.

 
10.6230 −3.8364 0.1363 −0.2792
 
−1.6359 6.1768 −2.2083 0.1805 
avn =
 0.2838 −1.0682 5.2095 −1.4844
 (5.1)
 
0.1873 0.8608 −1.5459 5.1027
 
10.8481 −3.8666 0.5232 −0.2276
 
−1.5204 6.3516 −2.1605 0.3481 
avn =
 0.2306 −1.0819 5.2750 −1.4884
 (5.2)
 
−0.1349 0.1839 −2.7981 4.2521

Conforme aumentada a discretização (para m = 601) a matriz mostra elementos com


valores mais parecidos como pode ser observado nas matrizes 5.3 e 5.4.

 
102369.3578 −36878.8806 · · · −0.0041 0.0004
 
−18439.5798 51185.0716 · · · 0.0008 −0.0020 
.. .. .. ..
 
avn =
 . . .

(5.3)
 . . . . 

 1.90E − 05 7.71E − 05 · · · 401.0242 −162.5094
 
3.93E − 05 3.96E − 05 · · · −325.0157 401.0109
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 82

 
102369.3579 −36878.8844 · · · −0.0077 0.0002
 
−18439.5784 51185.0716 · · · 0.0004 −0.0038 
.. .. .. ..
 
avn = .. (5.4)
.
 
 . . . . 

−1.09E − 05 1.73E − 05 · · · 401.0917 −162.5094
 
8.46E − 05 −2.22E − 05 · · · −325.0315 401.0296

Estes resultados podem ser utilizados para dar uma noção geral das diferentes dis-
cretizações a serem usadas segundo o tipo de asa analisada. Erros bastante baixos são
obtidos com discretizações maiores a 101 pontos de controle. No entanto, quando reque-
ridos análises mais exatas, a utilização de uma discretização muito refinada (como é no
caso de m = 491) não representa um custo computacional muito alto levando um tempo
de análise de 0.7325 segundos.

5.2 Comparação com dados experimentais

Com a intenção de analisar qualitativamente a precisão do método quando comparada


com dados experimentais, foi realizado um estudo comparativo tendo como referência os
experimentos realizados pela NACA apresentados por (SCHNEIDER, 1951). A asa testada
é mostrada na Figura 5.15 e suas caraterı́sticas apresentadas na Tabela 5.5.

FIGURA 5.15 – Asa testada experimentalmente no relatório NACA 1208


(SCHNEIDER, 1951)
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 83

TABELA 5.5 – Caracterı́sticas geométricas do modelo ensaiado no experimento

Parâmetro Valor
Λ 45◦
AR 8.02
λ 0.45
Aerofólio NACA 63012 A

A primeira comparação mostra o comportamento da distribuição de carregamento ao


longo da asa. Como base da comparação, foi selecionada a distribuição de carregamento
obtida experimentalmente correspondente a um ângulo de ataque igual com α = 4.7o .
Segundo (SCHNEIDER, 1951), as caracterı́sticas das forças para esse ângulo ainda apresen-
tam um comportamento linear e a ponta da asa ainda não apresenta separação da camada
limite. Tomadas de pressão foram colocadas no modelo ensaiado nas posições de 3, 10, 30,
55, 75, 90, e 96 porcento da envergadura da asa. Os testes foram realizados a um número
de Reynolds igual com Re = 4.0x106 com referência na corda média aerodinâmica. Os
dados da asa como mostrados na Tabela 5.5 foram colocadas nas entradas do programa.
Os resultados obtidos numérica e experimentalmente são mostrados na Figura 5.16.

1.2

0.8
cllocal c / CL CMA

0.6

0.4

0.2

Dados experimentais (a=4.7)


Este trabalho
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
h

FIGURA 5.16 – Comparação da distribuição de carregamento experimental e numérica a


partir de dados obtidos da referência (SCHNEIDER, 1951)
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 84

Os resultados numéricos da distribuição de carregamento mostram um comportamento


similar aos obtidos experimentalmente com uma discrepância evidente na distribuição de
carregamento na raiz. O motivo deste erro é devido que o método não considera os efeitos
relacionados ao comportamento caracterı́stico da distribuição de pressão nas vizinhanças
da raiz em asas enflechadas. Este comportamento é exemplificado nas linhas de pressão
constantes da asa enflechada mostradas na Figura 5.17.

FIGURA 5.17 – Comportamento das linhas de pressão constantes de uma asa com enfle-
chamento

Observa-se da Figura que na região da raiz da asa as linhas de pressão são curvadas.
Seguindo o comportamento do método apresentado, estas linhas de pressão não apresen-
tam este comportamento curvilinear. Para levar em consideração ditos efeitos um método
corretivo foi realizado por (DEYOUNG; BARLING, 1955). A correção consiste em alterar o
afilamento da asa e a adição de um fator que é multiplicado ao carregamento da raiz da
asa para obter uma melhor aproximação.
Com respeito à curva de sustentação da asa, já que o experimento foi realizado com
um aerofólio com espessura (NACA 63012 A), o qual é mostrado na Figura 5.15, correções
foram feitas no programa para considerar os efeitos da utilização de diversos aerofólios.
As correções utilizadas correspondem, basicamente, em alterar o ângulo de ataque para
sustentação nula da seção, pelo valor real obtido experimental ou numericamente (método
dos painéis bidimensional), e escalando este valor pela relação entre a inclinação da curva
de sustentação real e a ideal, correspondente à placa plana. Estas alterações são consi-
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 85

deradas mudando o vetor do lado esquerdo do sistema de equações simultâneas mostrado


na Figura 3.38, pela seguinte correção:

Clα vreal
[αv − αvL=0real ] = . . . (5.5)

Aplicando estas alterações foi obtida a curva de sustentação na Figura 5.18.

1.4

1.2

0.8

0.6
CL

0.4

0.2

-0.2
Dados experimentais
Este trabalho
-0.4
-5 0 5 10 15 20 25
a (graus)

FIGURA 5.18 – Comparação das curvas de sustentação obtidas numérica e experimental-


mente

Os cálculos realizados concordam com os dados obtidos experimentalmente na parte


linear. Futuras alterações no programa visam implementar a análise não linear para obter
o comportamento do estol. Contudo, a avaliação do ângulo de estol resulta de grande
importância no projeto de aeronaves. Visando obter uma estimativa prática do ângulo de
estol, foi implementado o método da seção crı́tica seguindo a sub-rotina apresentada na
Figura 5.19.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 86

1.8

1.6

1.4

1.2
cllocal

0.8

0.6

0.2
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
h

-XFOIL Sub-rotina
-Corda local
clmax 2D (cr, ct e c onde cl é calcula cllocal variando α
-Número de Reynolds
maior)

1.8

1.6

1.4

1.2

local
1

cl
0.8

0.6

0.4
Linha de cl 2D
max
cl para a
local estol
0.2
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
h

FIGURA 5.19 – Diagrama da sub-rotina representativa do método seção crı́tica

A sub-rotina funciona da seguinte forma:


1. Obtenção da posição ηv onde cllocal é máximo, para um ângulo de ataque α = 20◦ .
A justificativa para selecionar um ângulo de ataque foi baseado no comportamento que a
distribuição de cllocal mostra com a variação do ângulo de ataque. Para ângulos de ataque
baixos o carregamento básico influencia notavelmente na distribuição de cllocal . Conforme
o ângulo de ataque aumenta as variações na forma da curva diminuem e, em consequência,
o ponto na envergadura onde começa o estol fica praticamente constante.
2. Obtenção do valor da corda para o ηv previamente obtido. Neste ponto também são
obtidos os valores da corda de raiz e de ponta. Estes valores, em conjunto com dados da
condição de análise (velocidade e viscosidade cinemática), permitem o cálculo do Número
de Reynolds para cada corda.
3. Utilizando as entradas do aerofólio da asa e o número de Reynolds para cada corda,
é calculado o clmax empregando a sub-rotina que roda o programa Xfoil.
4. A linha de coeficientes de sustentação máximos locais dos aerofólios é traçada e
o programa calcula diferentes distribuições de coeficiente de sustentação local variando o
ângulo de ataque. Uma vez que o coeficiente de sustentação local atinge o coeficiente de
sustentação máximo do aerofólio na posição de começo do estol o programa para.
Aplicando o anterior à asa analisada obteve-se o gráfico da Figura 5.20.
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 87

1.8

1.6

1.4 α=17.3

1.2
cllocal

0.8

0.6

0.4
Linha de clmax 2D
cllocal para aestol
0.2
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
h

FIGURA 5.20 – Método da seção critica aplicada a asa ensaiada

A curva de sustentação considerando o ângulo de estol é mostrada na Figura 5.21.


CAPÍTULO 5. RESULTADOS 88

1.2

0.8

0.6
CL

0.4

0.2

-0.2

Dados experimentais
Este trabalho
-0.4
-5 0 5 10 15 20 25
a (graus)

FIGURA 5.21 – Comparação das curvas de sustentação obtidas numérica e experimental-


mente considerando o estol da asa

Considerando o método da seção crı́tica, os resultados mostram-se similares para o


valor do coeficiente de sustentação máximo da asa. O ângulo de estol é subestimado,
o que faz sentido devido a que a aproximação não segue o comportamento não linear
apresentado nos ângulos próximos ao estol.
A polar de arrasto também foi corrigida para obter uma aproximação mais precisa.
Para o anterior foi implementada outra sub-rotina externa ao programa que consiste na
obtenção do arrasto de perfil utilizando o método das faixas. Em resumo, este método
considera a asa discretizada por faixas onde são calculadas as soluções bidimensionais sem
contabilizar efeitos relacionadas à tridimensionalidade da asa. O arrasto total gerado pela
asa é contabilizado a partir da média ponderada dos coeficientes de arrasto. Somando o
arrasto de perfil ao arrasto induzido obteve-se o arrasto total o qual foi comparado com
dados experimentais.
CD = CD0 + CDi (5.6)
CAPÍTULO 5. RESULTADOS 89

1.2

0.8

0.6
CL

0.4

0.2

-0.2

Dados experimentais
Este trabalho
-0.4
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25
CD

FIGURA 5.22 – Comparação das curvas polares obtidas numérica e experimentalmente

Na Figura 5.23 é mostrada a polar de arrasto considerando o estol da asa.


CAPÍTULO 5. RESULTADOS 90

0.8

0.6

0.4
CL

0.2

-0.2

Dados experimentais
Este trabalho
-0.4
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2
CD
FIGURA 5.23 – Comparação das curvas polares obtidas numérica e experimentalmente
considerando o estol da asa

A polar de arrasto obtida pelo programa mostrou um comportamento similar aos


resultados experimentais. Comprovou-se que para os ângulos onde o comportamento
ainda é linear, o programa fornece uma estimativa muito aproximada ao que acontece na
realidade. As sub-rotinas implementadas apresentaram-se bastante úteis para considerar
de forma rápida efeitos de grande importância que servem no projeto da asa.
6 Conclusão

O estudo realizado demostrou as possibilidades e limitações do método. Da análise de


convergência concluiu-se que discretizações utilizando valores de m = 101 fornecem bons
resultados com um erro menor a 7%, apresentando um tempo de cálculo de t = 0.3632
segundos para o caso da asa que mostrou precisar da malha mais refinada. Este valor
foi comparado com o tempo necessário para calcular a mesma asa utilizando o programa
AVL Vortex Lattice o qual precisou de t = 7.4558 segundos.
Em conclusão, em análises de asas com geometrias como as apresentadas, o método
apresentado utiliza apenas 4% do tempo requerido pelo método Vortex Lattice, represen-
tado um ganho considerável em custo computacional. O método mostrou a capacidade de
calcular com boa precisão diversas caracterı́sticas aerodinâmicas que são úteis no projeto
preliminar de aeronaves. A análise de convergência também evidenciou que o método
duplica na maioria dos casos o número de pontos de controle necessários para obter con-
vergência do coeficiente de sustentação quando comparado com os outros coeficientes. O
anterior pode ser causado pela forma como o método é formulado. A obtenção do carre-
gamento total da asa dividido em dois tipos de carregamentos apresenta a necessidade de
inverter duas matrizes que podem resultar em discrepâncias as quais só conseguem ser mi-
tigadas com o refinamento da malha . Contudo, a separação dos carregamentos mostrou-se
benéfica quando a influência de parâmetros geométricos é analisada por separado, como
foi mostrado no caso de asas com valores altos de enflechamento.
A comparação de dados obtidos da teoria levantou a possibilidade de observar incon-
sistências com os dados obtidos neste trabalho. O método, como apresentado na teoria,
utiliza uma função interpoladora que na época em que o método foi apresentado era neces-
sária pela falta de recursos computacionais que permitissem discretizar a asa com valores
de m altos. A substituição da interpolação por modelos com malhas refinadas trouxe como
resultado a possibilidade de obter resultados mais precisos. Entre os gráficos corrigidos,
mostrou-se interessante o referente à variação da inclinação da curva de sustentação com
o ângulo de enflechamento para vários valores de afilamento. O erro neste gráfico, como
nos outros, foi solucionado aumentando a discretização das asas analisadas. A compa-
ração com os resultados experimentais, pela sua parte, mostrou-se consistente uma vez
que foram aplicadas correções correspondentes à inclinação da curva de sustentação e o
CAPÍTULO 6. CONCLUSÃO 92

arrasto de perfil. Ainda que não foi apreciável no exemplo apresentado, também foi cor-
rigido o ângulo de sustentação nula para a implementação do método utilizando qualquer
tipo de aerofólios. As sub-rotinas implementadas, também mostraram-se eficientes para
a obtenção de aproximações do coeficiente de sustentação máximo da asa e do arrasto de
perfil (arrasto devido aos efeitos da viscosidade). Especial cuidado deve ser levado em
consideração, quando o método for aplicado para obter o ângulo de estol da asa já que o
método mostrou subestimar este valor. Ficou evidente a necessidade de fazer as seguintes
alterações para ampliar a aplicabilidade do método:
1. Correção do carregamento na raiz de asas enflechadas com valores de alongamento
altos e afilamento moderado.
2. Implementação de uma sub-rotina que permita obter as caracterı́sticas do estol da
asa (métodos não lineares).
3. Modificação das entradas do programa e o equacionamento para permitir análises
considerando superfı́cies hipersustentadoras e de controle.
4. Acrescentar ao programa a possibilidade de discretizar a asa com outro tipo de
funções (discretização dos pontos de controle com uma função elı́ptica por exemplo) para
sua aplicação em áreas da aerodinâmica modernas.
5. Aplicar correções para possibilitar a estimação dos efeitos de compressibilidade
quando calculadas asas no regime correspondente ao alto subsônico (0.3 < Mach < 0.8).
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p. 7, jan./fev. 2007.
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO

1. 2. 3. 4.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO DATA DOCUMENTO No No DE PÁGINAS
DM 20 de agosto de 2015 DCTA/ITA/DM-065/2015 95
5.
TÍTULO E SUBTÍTULO:
Cálculo de caracterı́sticas aerodinâmicas de asas através da equação integral de Weissinger e do método de
Multhopp
6.
AUTOR(ES):
Alejandro Arturo Rios Cruz
7.
INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):
Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA
8.
PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:
Teoria da Linha Sustentadora; Método de Weissinger; Aerodinâmica; Asa; Multhopp; Forma em Planta Arbi-
traria.
9.
PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:
Projeto de aeronaves; Asas; Caracterı́sticas aerodinâmicas; Otimização de projeto multidisciplinar; Aerodinâ-
mica; Sustentação aerodinâmica; Engenharia aeronáutica.
10.
APRESENTAÇÃO: (X) Nacional ( ) Internacional
ITA, São José dos Campos. Curso de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Aeronáutica e
Mecânica. Área de Aerodinâmica, Propulsão e Energia. Orientador: Prof. Dr.Paulo Afonso de Oliveira Soviero.
Defesa em 08/07/2015. Publicada em 2015.
11.
RESUMO:
O objetivo deste trabalho é a apresentação de um método prático para a obtenção das caracterı́sticas aerodinâ-
micas de asas variando diversas propriedades geométricas. O método apresentado visa ser aplicado em tarefas
relacionadas ao projeto de aeronaves utilizando métodos de otimização multidisciplinar e em investigações onde
o fator consumo computacional versus precisão dos resultados seja fundamental. Para atingir estes objetivos,
foi implementada uma metodologia que tem como base de cálculo o modelo da linha sustentadora estendida
apresentado por Weissinger. O modelo possibilita o cálculo de asas variando o enflechamento, alongamento,
afilamento e torção, entre outros parâmetros. Somado a um conjunto de correções e o uso de outras metodolo-
gias aplicadas em sub-rotinas, o método apresenta-se como uma ferramenta rápida e que fornece bons resultados
quando comparada com outras metodologias similares utilizados na atualidade. Neste trabalho, são apresentadas
a fundamentação teórica, análises de convergência e resultados comparativos com a teoria e testes experimentais,
que em conjunto, demostram as capacidades e aplicabilidades do mesmo.

12.
GRAU DE SIGILO:
(X) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO

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