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Universidade Rovuma – Extensão de Cabo Delgado

Cadeira de: Didáctica Geral


Data: 19.12.2020

RESUMO DE AULA DO CHAT

1. O Processo de Ensino e de Aprendizagem

1.1 As Características do Processo de Ensino Tradicional

Segundo LIBÂNEO, (2008, pp.78-79) a actividade de ensinar é vista, como transmissão


da matéria aos alunos, realização de exercícios repetitivos, memorização de definições e
fórmulas. Este é o tipo de ensino existente na maioria das nossas escolas, uma forma
peculiar e empobrecida do que se costuma chamar de ensino tradicional.

Elementos relevantes na abordagem tradicional

 Lugar ideal para a realização da educação;


 Organizada com funções claramente definidas;
Escola
 Normas disciplinares rígidas;
 Preparar os indivíduos para a sociedade.
 É um ser “passivo” que deve assimilar os conteúdos
transmitidos pelo professor;
O aluno
 Deve dominar o conteúdo cultural universal transmitido pela
escola.
 É o transmissor dos conteúdos aos alunos;
O professor
 Predomina como autoridade.
 Os objectivos educacionais obedecem à sequência da lógica
dos conteúdos;
O Ensino e  Os conteúdos são baseados em documentos legais,
aprendizagem
seleccionados a partir da cultura universal acumulada.
 Predomina aulas expositivas, com exercícios de fixação,
leitura-cópia.
1.2. Limitações Pedagógicas e Didácticas desse tipo de Ensino

 O professor passa a matéria, o aluno recebe e reproduz mecanicamente o que


absorveu. O elemento activo é o professor que fala e interpreta o conteúdo;

 É dada excessiva importância à matéria que está no livro, sem preocupação de


torná-la mais significativa e mais viva para os alunos. Muitos professores
querem, terminar o livro até o final do ano lectivo, como se a aprendizagem
dependesse de vencer conteúdos do livro;

 O ensino somente é transmissivo não cuida de verificar, se os alunos estão


preparados para enfrentar matéria nova e, de detectar dificuldades individuais na
compreensão da matéria;

 O trabalho docente fica restrito às paredes da sala de aulas, sem preocupar com a
prática da vida quotidiana das crianças fora da escola.

1.3. Características do Processo de Ensino-Aprendizagem Moderno.

 É fundamental que o professor domine bem a matéria para saber seleccionar o


que é realmente básico e indispensável para o desenvolvimento da capacidade de
pensar dos alunos.
 O verdadeiro ensino busca a compreensão e assimilação sólida das matérias;
para isso, é necessário ligar o conhecimento novo com o que já se sabe e prover
os pré-requisitos se for o caso.
 O ensino caracteriza-se pelo desenvolvimento e transformação progressiva das
capacidades intelectuais dos alunos em direcção ao domínio dos conhecimentos
e habilidades e a sua aplicação;
 O ensino tem um carácter bilateral em virtude de que combina actividades do
professor com actividade do aluno. O processo de ensino faz interagir dois
momentos indissociáveis: transmissão e assimilação activa de conhecimentos e
habilidades;
 O ensino tem, a função principal assegurar o processo de transmissão e
assimilação dos conteúdos do saber escolar;
 O verdadeiro trabalho docente deve ter como ponto de partida e a sua finalidade,
a realidade social, política, económica, cultural da qual tanto o professor como o
aluno são parte integrante; (Ibid. pp. 79-80).
2. O Sentido de Métodos

Etimologicamente, método quer dizer «caminho para chegar a um fim». Representa a


maneira de conduzir o pensamento ou acções para alcançar um objectivo. É, também
forma de disciplinar o pensamento e as acções para obter maior eficiência no que se
deseja realizar (Nivagara, s/d, p.155).

Métodos de ensino são um conjunto de acções, passos, condições externas e


procedimentos utilizados intencionalmente pelo professor para dirigir e estimular o
processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos. Ou seja, são as acções do
professor pelas quais se organizam as actividades de ensino e dos alunos para atingir
objectivos do trabalho docente em relação a um conteúdo específico. Eles regulam as
formas de interacção entre o ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos, cujo
resultado é a assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das
capacidades cognitivas e operativas dos alunos. (Libâneo, 2008).

2.1. Relação Objectivo-Conteúdo-Método

Os métodos não têm vida independentemente dos objectivos e conteúdos, assim como a
assimilação dos conteúdos depende tanto dos métodos do ensino e de aprendizagem.

A relação objectivos-conteúdos-métodos tem como característica a mútua


interdependência. Portanto, o método do ensino é determinado pela relação, objectivo e
conteúdo, mas pode também influir na determinação de objectivos e conteúdos, cuja
matéria do ensino é elemento de referência para a elaboração dos objectivos específicos.
(Idem, p. 153).

2.2. Classificação dos Métodos de Ensino

De acordo com NIVAGARA (s/d, p.163) é difícil dizer com precisão os tipos de
métodos de ensino-aprendizagem. Isso é verdade na medida em que é impossível de
identificar uma classificação de métodos de ensino aceite por todos. Por isso é
importante estudar as distintas classificações com o objectivo de o professor/formador
aprofunde seus conhecimentos teóricos para, a partir deles, enriqueça a sua prática
pedagógica.
LIBÂNEO (2008, pp. 161-171) propõem a seguinte classificação dos métodos:

2.2.1. Métodode Exposição

Neste método, os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentadas, explicadas ou


demonstradas pelo professor. As actividades dos alunos são receptivas, embora não
necessariamente passivas.

Entre as formas de exposição, mencionamos a exposição verbal, a demonstração, a


ilustração e a exemplificação.

A exposição verbal ocorre em circunstâncias em que não é possível prover a relação


directa do aluno com o material de estudo. Sua função principal é explicar de modo
sistematizado quando o assunto é desconhecido.

A demonstração é uma forma de representar fenómenos e processos que ocorrem na


realidade. Ela se da através de explicações em um estudo do meio através de explicação
colectiva de um fenómeno por meio de um experimento simples, uma projecção de
slides.

A ilustração é uma forma de apresentação gráfica de factos e fenómenos de realidade,


por meio de gráficos, mapas, esquemas e gravuras a partir dos quais o professor
enriquece a explicação da matéria.

A exemplificação é um importante meio auxiliar da exposição verbal, principalmente


nas classes iniciais do ensino do primeiro grau. Ocorre quando o professor faz uma
leitura em voz alta, quando escreve ou fala uma palavra, para que os alunos observem e
repitam.

2.2.2. Método do Trabalho Independente

O método de trabalho independente dos alunos consiste de tarefas, dirigidas e orientadas


pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo relativamente independente e
criador. O trabalho independente pressupõe determinados conhecimentos, compreensão
da tarefa e do seu objectivo, o domínio do método de solução, de modo que os alunos
possam aplicar conhecimentos e habilidades sem a orientação directa do professor.
As tarefas de elaboração pessoal são exercícios nos quais os alunos produzem respostas
surgidas do seu próprio pensamento. O modo prático de solicitar esse tipo de tarefa é
fazer uma pergunta ao que o leve a pensar.

Para que o trabalho independente cumpra a sua função didáctica são necessárias
condições prévias que o professor deve desenvolver:

 Dar tarefas claras, compreensíveis e adequadas, à altura dos conhecimentos e da


capacidade do raciocínio dos alunos;
 Assegurar condições de trabalho (local, silencio, material disponível);
 Acompanhar de perto o trabalho;
 Aproveitar o resultado das tarefas para toda a classe.

Os alunos, por sua vez, devem:

 Dominar as técnicas do trabalho;


 Desenvolver atitudes de ajuda mútua não apenas para assegurar o clima de
trabalho na classe, mas também para pedir ou receber auxílio dos colegas.

2.2.3 Método de Elaboração Conjunta

A elaboração conjunta é uma forma de interacção activa entre o professor e os alunos


visando a obtenção de novos conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções, bem
como a fixação e consolidação de conhecimentos e convicções já adquiridos. Aplica-se
em vários momentos de desenvolvimento da unidade didáctica, seja na fase inicial de
introdução e preparação para o estudo do conteúdo, no decorrer da fase de organização
e sistematização, como ainda na fase de fixação, consolidação e aplicação.

A forma mais típica do método de elaboração conjunta é a conversação didáctica,


denomina-se, também, aula dialogada. A conversação didáctica é “aberta” e o resultado
que dela decorre, supõe a contribuição conjunta do professor e dos alunos.

O professor traz conhecimentos e experiencias mais ricos e organizados; com o auxílio


do professor, a conversação visa levar os alunos a se aproximarem gradativamente da
organização lógica dos conhecimentos e a dominar métodos de elaborar as suas ideias
de maneira independente. A conversação didáctica é, portanto, um excelente
procedimento de promover a assimilação activa dos conteúdos, suscitando a actividade
mental dos alunos e não simplesmente uma atitude receptiva. O professor deve ter
sempre uma atitude positiva frente às respostas.
2.2.4 Método de Trabalho em Grupo

O método de trabalho em grupos ou aprendizagem em grupo consiste basicamente em


discutir temas de estudo iguais ou diferentes a grupos fixos ou variáveis, compostos de
três a cinco alunos. Este método deve ser empregue eventualmente, conjugado com os
outros métodos de exposição e de trabalho independente. A finalidade principal do
trabalho em grupo é obter a cooperação e interacção dos alunos entre si na realização de
uma tarefa.

Há muitas formas de organização de grupos entre as quais as seguintes:

 Debate - são indicados alguns alunos para discutir, perante a classe, um tema
polémico, cada qual defendendo uma posição;

 Philips 66- seis grupos de seis elementos discutem uma questão em poucos
minutos para apresentar depois as suas conclusões;

 Tempestade mental – dado um tema os alunos dizem o que lhes vem à cabeça
sem, preocupação de censura a ideias;

 Grupo de verbalização - grupo de observação (GV-GO) – uma parte da


classe forma um círculo central (GV) para discutir um tema, enquanto os demais
formam um círculo em volta, para observarem (GO);

 Seminário – um aluno ou grupo de alunos prepara um tema para apresenta-lo à


classe.

Actividade Especial

Denomina-se de actividades especiais aquelas que complementam os métodos de ensino


e que concorrem para a assimilação activa dos conteúdos. Exemplo: o estudo do meio, o
jornal escolar, a assembleia de alunos, o museu escolar, teatro e biblioteca escolar.
(Passim).

Em relação aos métodos, Klingberg (s/d), citado por NIVAGARA (s/d, p.170) considera
existência de três variantes metódicas básicas:

 Método expositivo;
 Elaboração conjunta;
 Trabalho independente.
A classificação dos métodos segundo Klingberg tem sido largamente utilizada pelos
professores, particularmente em Moçambique, em virtude de que nela incluir o resto dos
métodos e técnicas de ensino indicados pelos outros autores, mas também parece ser de
fácil uso no processo de ensino-aprendizagem. Por outro lado, devemos notar que a
utilização dos métodos de ensino no PEA não ocorre nem deve ser de forma que se
utiliza preferencial e exclusivamente um determinado método de ensino; a combinação
e a alternância dos métodos de ensino é uma das estratégias pedagógicas importantes na
utilização dos métodos de ensino.

3. Formas de Organização do Ensino-Aprendizagem

No ensino se notam diferentes estruturas e formas de organização da aula. O professor e


os alunos, assim como os alunos entre si, trabalham juntos, mas de diferentes maneiras
para assegurar que cada aluno aprenda bem e também para que a aula em geral alcance
os objectivos instrutivos e educativos fixados no plano de ensino. Nivagara (s/d, p.201),
cita as seguintes estruturas e formas mais conhecidas de organização do PEA:

 A aprendizagem frontal;
 A aprendizagem individual;
 A aprendizagem por grupo;
 A aprendizagem aos pares;
 A aprendizagem por secções;
 A aprendizagem por Excursão;
 A aprendizagem por organização do trabalho dos alunos em casa;
 A aprendizagem por organização de turmas complementares com alunos com
baixo rendimento pedagógico.

3.1 Características de cada Forma de Organização do Ensino Aprendizagem


Frontal

Neste tipo de aprendizagem, os alunos são postos em sala de aula, o professor se


posiciona à frente deles e, por sua vez, os alunos um atrás do outro, escutam
(atentamente) o professor e, também observam os seus gestos e movimentos dentro da
sala. É a forma mais frequente e mais usual e que as outras a complementam, é nela
onde assentam todas as formas de organização do ensino.
Aprendizagem Individual

Este tipo de aprendizagem caracteriza-se por todos os alunos terem a mesma tarefa, e
também é possível que haja alunos que tenham tarefas distintas dos demais. Mas têm
em comum que o professor trata no sentido que cada aluno trabalhe por si. Duma
maneira mais compreensível, apresenta-se um esquema da seguinte maneira:

Professor

Orienta
Tarefas

Colectiva Individual

O comum é que o professor trata


no sentido que cada aluno trabalhe
por si
Corrige

O professor dá apoio a cada


aluno em função das suas
dificuldades e progressos

Aprendizagem em Grupo

A turma é dividida temporariamente em grupo onde resolvem em conjunto uma tarefa,


por sua vez o professor faz um acompanhamento no sentido de que dentro dos grupos se
atinjam acções colectivas de aprendizagem, exorta aos alunos para que cheguem a um
acordo na tarefa, a discutindo a via de solução;

Segundo NIVAGARA, (s/d, pp.203-204), diversos critérios podem ser usados para
dividir os alunos em pequenos grupos:

 Pelo resultado de um sociograma, isto é, colocando juntos aqueles alunos que


manifestam afinidade e simpatia mutua;
 Por homogeneidade, segundo o nível de rendimento escolar;
 Por heterogeneidade deliberada;
 Por ordem de chamada ou de localização (os primeiros 5 formam o grupo “A”,
os 5 seguintes o grupo “B”).

Aprendizagem aos Pares

Pode-se considerar como uma forma preliminar do ensino-aprendizagem em grupos, já


que este se baseia também em um trabalho conjunto directo, se bem que neste caso fala-
se de um grupo que aprende quando somente se trata de dois alunos. Consiste
simplesmente em pedir aos alunos que formem pares, isto é, mini grupo de duas pessoas
“diade” para discutir o assunto, resolver exercícios ou problemas. (Idem, 204);

Aprendizagem por Secções

É uma forma de organização em grupo que se utiliza raras vezes pelos professores, em
particular em Moçambique. Nesta forma de organização do ensino e aprendizagem,
muito apropriada para a realização de um ensino diferenciado, a turma é
temporariamente dividida em secções: por exemplo, se divide a turma em três secções,
uma secção trabalha sem a orientação do professor, uma segunda recebe uma breve
orientação e se exorta para o trabalho individual e, finalmente, o professor se ocupa
directamente na terceira secção a qual dá uma explicação prolongada.

Aprendizagem por Excursão

É um tipo de organização do processo de ensino e de aprendizagem que consiste em


visitas a industrias, museus, campos de produção, etc. Durante a excursão,
conjuntamente com as observações, se utilizam diversos métodos/técnicas: narrações,
palestras, demonstrações, exemplificações. Nesse aspecto, é importante elaborar tarefas
para casa cujo conteúdo e volume, em sua planificação deve corresponder a todo o tema
estudado;

Ensino de Organização do Trabalho de Casa

Neste ensino, as tarefas de casa estão intimamente ligadas ao trabalho realizado durante
as aulas na sala. O êxito do mesmo depende de como foram orientadas a aula e a tarefa
de casa. As tarefas para casa podem se dividir em: orais, escritas e práticas;

Um dos problemas mais importantes na organização do trabalho para casa dos alunos é
o seu volume. Os alunos de diferentes graus devem empregar diferentes períodos de
tempo para a realização de trabalhos para casa. Nesse aspecto, é importante elaborar
tarefas para casa cujo conteúdo e volume, em sua planificação, correspondem a todo o
tema estudado.

Turmas Complementares com Alunos de baixo Aproveitamento Escolar

Na turma existem alguns alunos atrasados e com baixo rendimento escolar. Neste tipo
de ensino, faz-se a selecção dos alunos que apresentam níveis de aprendizagem
relativamente baixos. Estes são apoiados em outros momentos fora do período escolar
normal.

Este fenómeno sucede por várias razões:

 Enfermidades prolongadas por parte dos alunos;


 Falta de consideração das particularidades individuais dos alunos por parte do
professor.

Reflexão dos Aspectos achados relevantes sobre o Trabalho Realizado na Escola.

As acções que se realizam na sala de aula que tornam o aluno centro de aprendizagem
são várias, dependendo da iniciativa de cada professor ao desenvolver as seguintes
actividades:

 Dar oportunidades aos alunos para procurarem as relações ou mesmo definições


a partir dos seus conhecimentos individuais ou empíricos;
 Retribuir trabalhos em grupo de três ou cinco alunos, para conjugarem as suas
ideias ou iniciativas criadoras a partir do seu seio, uma vez que isso diminui a
vergonha e complexo de inferioridade, quando fosse directamente com o
professor;
 O professor deve ser o problematizador das situações do ensino; os alunos
procuradores de regras e de melhorar soluções para as situação apresentadas;
 As soluções que os alunos encontram devem ser discutidas na sala de aula com
todos os alunos, como formas de valorizar a ideia de cada um na busca de
soluções comuns;
 As soluções devem partir do consenso englobando professor e alunos como
forma amigável e importante de que os alunos são parte do processo.

Os métodos de ensino aplicam-se em vários momentos, dependendo das circunstâncias


da aula. Na aplicação do método de trabalho em grupo, primeiro planifica-se as tarefas a
serem realizadas e clarificase aos alunos as actividades atribuídas e faz-se o
acompanhamento e controlo da sua realização.

Bibliografia
FERNANDEZ, F. Addine, Didáctica: Teoria y Prática. Habana, 2004.

LIBÂNEO, José Carlos. Didáctica. São Paulo, Cortez Editora, 2008.

NIVAGARA, D. Daniel, Didáctica Geral. Aprender a ensinar. Ensino a distância, UP


Maputo s/d.

PILETTI, Claudino. Didáctica Geral.23ª ed. Cap.10, Avaliação. São Paulo, Editora
Ática, 2004.

dr.Marcelino Santos Chinai A. John

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