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Introdução
Este texto foi produzido para servir de ponto de partida para a aprendizagem dos conteúdos
prescritos no plano/guia da disciplina que lhe foi disponibilizado. Leia este e depois procure
aprofundar mais através da bibliografia recomendada no final do texto. Nesta primeira fase,
estão incorporados alguns dos assuntos tratados nas quatro primeiras unidades temáticas da
disciplina e que foram tratados na primeira tutoria presencial. Lembre-se sempre que se trata
de resumo, pelo que deve ser complementado com outras fontes.
Neste sentido, a Didáctica das Línguas é uma disciplina que procura orientar o ensino das
línguas em geral, propondo métodos, técnicas e procedimentos que visam a optimização das
situações de ensino e aprendizagem.
É a Didáctica que nos permite entender que os modos de ensinar são determinados pela
própria matéria e pelo sujeito. Fontes referem que a Didáctica das Línguas tem o seu início
nos anos 70. Por oposição à Linguística aplicada que dá primazia ao objecto em detrimento do
sujeito, a D.L. impõe a presença do sujeito no centro das reflexões.
Ela alarga a visão disciplinar, mas continua aplicacionista, isto é, dependente da Linguística,
da Psicologia e de outras disciplinas de referência que ela mobiliza.
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O seu objectivo é o de tornar o ensino/aprendizagem de línguas mais prático e eficiente,
A didáctica das Línguas tem relações com as disciplinas fundamentais em que ela se apoia,
como é o caso de Linguística, da Psicologia, da Sociologia e da Pedagogia. Para
GALLISSON & COSTE (1983) a relação da Didáctica com essas ciências pode ser
comparada com a de Geografia com a Geologia, Economia, Climatologia, Ecologia, etc.
Fontes referem que a Didáctica das Línguas tem o seu início nos anos 70. Por oposição à
Linguística aplicada que dá primazia ao objecto em detrimento do sujeito, a D.L. impõe a
presença do sujeito no centro das reflexões.
Ela alarga a visão disciplinar, mas continua aplicacionista, isto é, dependente da Linguística,
da Psicologia e de outras disciplinas de referência que ela mobiliza.
Segundo GALLISSON & COSTE (op.cit) é a análise científica do ensino das línguas. Esta
Didáctica trabalha em três campos de investigação: a língua, o método e o ensino. Quer dizer,
propõe-se conduzir um estudo científico de cada um desses campos.
2.1 Aquisição
Aquisição pode ser definida em dois sentidos:
Segundo GALLISSON & COSTE (1983: 63) processo de aquisição designa a organização de
actividades ou de dispositivos que permitem a fixação, voluntaria ou não, dum dado
percebido.
2.2 Aprendizagem
Historicamente, a aprendizagem foi concebida como uma recepção (na Pedagogia dita
tradicional, onde o aluno aprende passivamente por assimilação directa do saber preparado e
transmitido pelo ensinante ou pelo material); como uma impregnação (no “banho
linguístico”, onde o aluno aprende espontaneamente por contacto e prática intensivos); como
uma reacção (o aluno aprende activamente reagindo às solicitações verbais do professor ou
do material: estímulos de exercícios mecânicos, actividades guiadas); depois como uma
construção (o aluno aprende activamente através de uma construção pessoal do seu próprio
saber).
Em Didáctica das Línguas só existe aprendizagem de uma língua se o processo é feito por um
sujeito activo e implicado. Por isso se diz que o aprendente é aquele que está implicado e
activo.
c) LE é uma língua não nativa do sujeito que é aprendida na sala de aulas com o objectivo de
responder às necessidades específicas tais como a inserção num ambiente de trabalho, ou
possibilitar a leitura da informação escrita nessa língua.
d) L-padrão (língua padrão) - variante dialectal escolhida como modelo para a constituição
do dicionário, gramatica e outros materiais didácticos relativos a uma determinada língua.
e) Interferência
De acordo com Gallisson e Coste (1983), as interferências podem afetar os diferentes níveis
de organização da linguagem. Podem retardar ou contrariar a aquisição de um sistema
fonológico novo, de hábitos de acentuação, esquemas melódicos (interferências fonológicas
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ou fonéticas). As interferências podem afetar as marcas gramaticais, a morfologia, a estrutura
do enunciado, a ordem de palavras (interferências morfológicas ou gramaticais).
O professor de Língua portuguesa deve criar condições técnicas, pedagógicas e científicas que
ajudam a promover a competência comunicativa no aluno, sobretudo no terceiro ciclo do
Ensino Básico. A competência comunicativa é essencial para que o aluno desenvolva
capacidades cognitivas, científicas e tecnológicas, pois através dela passará de um saber
enunciativo para um saber-fazer enunciativo.
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A motivação está ligada, ou seja, puxa ao seu lado o prazer de aprender.
Contente (2000:74) refere que para os alunos, a motivação, prazer e necessidade são
essenciais para um maior sucesso e aderência ao ensino/aprendizagem.
No novo currículo do Ensino Básico, Português como disciplina encontra-se integrada na área
de comunicação e ciências sociais, onde estão outras várias disciplinas como História,
Geografia, entre outras.
Para materializar este objectivo, tendo em conta a nova abordagem didáctica em torno desta
língua tida como causadora do insucesso escolar nas crianças, o desenho curricular
estabeleceu uma estrutura de ensino em que em alguns ciclos ela é disciplina e noutros um
meio de ensino.
“Nos programas de ensino, monolingue - Português L2, a língua portuguesa é meio de ensino
e é uma disciplina de estudo da própria língua. Nos programas de ensino bilingue, a Língua
Portuguesa é, numa primeira fase, uma disciplina (1º ciclo) e progressivamente vai-se
tornando meio de ensino de algumas disciplinas (2º ciclo).”
Apesar de língua portuguesa falar-se em toda a extensão do país, ela continua a ser língua da
minoria até hoje. Mesmo assim, ela goza de um estatuto privilegiado, ao ser língua de ensino
e de acesso à ciência, da unidade nacional, oficial, de intercâmbio social e cultural.
A maior parte dos alunos ou crianças que ingressam na escola já tem competência
comunicativa básica nas suas línguas maternas. Este facto leva o Ministério da Educação e
Desenvolvimento Humano a reconhecer e autorizar o uso das línguas moçambicanas em sala
de aula, apesar de o sistema e política linguística moçambicana definir o português como
única língua de ensino. Assim, refere o PCEB (2008:37), que a utilização das línguas
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moçambicanas na escola tem por objectivo “desenvolver as competências que os alunos já
possuem para a iniciação à leitura e escrita, desenvolver outras habilidades e assegurar a
valorização dos conhecimentos e da cultura que estas línguas veiculam.”
6. O ensino da oralidade
Define-se oralidade como sendo o uso expressivo da língua em oposição ao código escrito, no
acto de comunicação.
GALLISSON e COSTE (1983:527) observaram que a linguística dos últimos dois séculos
(XIX e XX) e a metodologia do ensino de línguas sublinharam a distinção entre o oral e o
escrito. A sua distinção centra-se em dois níveis: (i) ao nível do sistema, do código e (ii) ao
nível das realizações, do discurso.
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O oral não permite voltar atraas, tanto para o emissor quanto o receptor; o
emissor produz falhas, rupturas de construção, lapsos, hesitações, que no
escrito podeiam ser eliminados, apagados, rasurados: o escrito
permite o arrependimento. O auditor, diferentemente do leitor, não pode
retomar um enunciado mal compreendido, relee-lo, deter-se nele; o
destinador, se tomar em consideração, na produção da sua mensagem oral,
estas condições de recepcao, é obrigado a redundâncias, a paráfrases, tanto
mais que as marcas não são sempre tao numerosas no oral como no escrito.
A extracção, a frase segmentada são frequentes nos discursos orais.
O oral dispõe muitas vezes de meios linguísticos, para linguísticos,
extralinguísticos desconhecidos do escrito: a entoação, as mimicas, os
gestos, a situação da enunciação no seu conjunto podem veicular elementos
da mensagem que, no escrito, têm necessidade de palavras para passar. O
oral aparece assim como potencialmente mais alusivo, mais económico do
que o escrito; esta segunda serie de constatações completa e gradua a
primeira, sem a contradizer.
O oral e o escrito não têm o mesmo estatuto sociolinguístico: o escrito,
quase sempre escolar pelas condições em que é aprendido,é sentido como
mais regulamentado, mais rígido, mais valorizado, ou desvalorizado do que
o oral, mais artificial. Estes traços, ligados aos inventariados mais acima,
fazem do discurso escrito um modo de comunicação menos afectivo,
menos espontâneo, mais distanciado do que o discurso oral.
As diferenças entre o discurso oral e o discurso escrito vão implicar nas diferenças de
estratégias didácticas. Ao planificar aulas de oralidade, o professor deverá ter em conta essas
diferenças e selecionar materiais e meios didáticos conducentes a uma aprendizagem bem
sucedida.
De forma resumida, o discurso ou texto oral apresenta características peculiares que nos
importa mencionar:
a) Frases incompletas;
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b) Desvios à norma;
c) Repetições;
d) Bordões de fala;
e) Interjeições.
Vários estudiosos, como é o caso de Xavier (2010:6), referem que a aprendizagem de uma
língua depende do desenvolvimento das capacidades de ouvir, falar, de ler e de escrever. A
este pensamento, associa-se ao dos defensores do método directo, segundo o qual só se
aprende uma língua submetendo-se a ela directa e constantemente.
A oralidade constitui elemento e condição fundamental para o sucesso dos alunos em outras
áreas de aprendizagem de língua portuguesa. Na verdade, a língua começa do oral para o
escrito. Assim, o aluno com uma comunicação oral deficiente em língua-alvo poderá ter
dificuldades enormes em aprender a escrever nessa língua. Por isso, nas classes iniciais, dado
o contexto de ensino e aprendizagem do Português em Moçambique (L2), antes de começar-
se a ensinar o alfabeto português, devemos definir um bom tempo, várias semanas ou
trimestres inteiros para o ensino da oralidade.
Nas classes iniciais (1ª e 2ª classes), o ensino da oralidade baseia-se na leitura de imagens.
Estas podem ser encontradas em cartazes diversos, folhetos, nos livros infantis, no jornal, etc.
As imagens são um grande potencial para o ensino e aprendizagem da oralidade, sobretudo
para as crianças que se deparam com a língua portuguesa somente no contexto escolar.
Para que se logre o sucesso desejado com as imagens, o conhecimento técnico do professor e
a sua criatividade são importantes. É preciso escolher boas estratégias didáticas, ou seja,
pautar pelos melhores princípios didácticos desde a seleção até à aplicação dessas imagens na
aula. Waddington e Veloso (2010:8) avançam algumas indicações consideradas frutíferas:
“Pode-se pegar numa imagem de um livro infantil, de um cartaz, do próprio livro do aluno, e
explorá-la com as crianças, levando-as a dizer tudo o que veem, quais as cores, quantas
coisas, etc., até que todos os elementos tenham sido referidos”. Nas situações em que as
crianças não sabem falar a língua portuguesa, o professor deve recorrer à L1 para fazer este
trabalho técnico. Porém, ao recorrer à L1 dos alunos, o professor deve ter sempre em mente
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que o fim desse trabalho é a aprendizagem da L2. Ou seja, o recurso à L1 deve culminar com
a produção oral de frases em L2.
1- Nomear/ enumerar;
2- Função;
3- Relacionar;
4- Interpretar;
5- Contar;
6- Recontar;
7- Ilustrar.
As aulas de oralidade com base em imagens devem ser dadas ao ar livre, isto é, fora da sala de
aula, como forma de facilitar a ligação da imagem com o real e a expansão do seu conteúdo
(da imagem). Neste sentido, o meio ambiente que rodeia a escola também deve ser usado para
desenvolver a oralidade nas classes iniciais, referem os autores.
O ensino da oralidade deve ser mais intenso, dominante, quase que exclusivo para os dois
trimestres da 1ª classe para que, a seguir, seja combinado com o ensino da leitura e escrita.
“As situações de comunicação criadas na sala de aula devem aproximar-se tanto quanto
possível de situações reais de comunicação (XAVIER, 2010:7)”. Para a autora, os alunos
devem:
c) Poder relatar as suas experiencias, exprimir as suas ideias e desejos, pedir esclarecimentos
e dar opiniões;
e) Poder falar sem serem constantemente interrompidos pelo professor, mesmo que seja para
correção de erros.
No 1º ciclo, a exploração de imagens e canções são estratégias mais importantes para ensino
da oralidade.
No 2º ciclo, sendo este um nível intermediário, temos que continuar a usar as estratégias do
ciclo anterior para o ensino da oralidade, mas de forma reduzida. Neste ciclo, há que iniciar a
aplicação de outras estratégias e intensificar mais o ensino da oralidade, tendo em conta que o
sucesso da aprendizagem da língua no ciclo seguinte depende das habilidades dos alunos em
ouvir e falar a língua portuguesa.
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d) Jogos orais - escolher certas actividades lúdicas que possam ajudar o aluno a
desenvolver a expressão oral na aula;
e) Cantar - fazer com que os alunos cantem em português, na sala de aula. Essas canções
podem ajudar tanto para a motivação quanto para o desenvolvimento da oralidade;
f) Desenhar - levar o aluno ao quadro, para fazer um desenho à sua escolha. A seguir,
pedir que ele o interprete em língua portuguesa.
As actividades aqui mencionadas, para cada um dos ciclos, devem ser usadas de forma
variada e escolhidas em função da classe respectiva. Isto é, a escolha de certa actividade deve
ter em conta a sua complexidade, para identificar a classe a utilizar dentro do ciclo.
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a) Leitura - acção de identificar as letras e de as juntar para compreender a ligação entre
o que é escrito e o que é dito (cf. Gallisson e Coste, 1983). Quer dizer, a leitura é o
acto que consiste na descodificação (reconhecimento) de letras ou sons da língua.
Este é o conceito que norteia as acções didáticas no primeiro ciclo do Ensino Básico e
se prolonga um pouco para o segundo ciclo. Nesta fase, ensinar a ler significa nada
mais, nada menos do que ensinar os alunos a reconhecerem os sons da língua, seja de
forma isolada ou mesmo agrupada.
Nesta fase, a leitura em si é um fim e objecto de estudo.
b) Leitura - acção de percorrer com os olhos o que está escrito para tomar conhecimento
do conteúdo. Quer dizer, ensinar a ler significa levar o aluno a apreender o sentido
textual; a leitura é encarada como meio de acesso a outros conhecimentos.
CONTENTE (2000:11) observou que a leitura perde por vezes o seu estatuto de
objecto de ensino para se tornar numa actividade ao serviço de outras aprendizagens.
Isto começa dentro do segundo ciclo e ganha mais valor ou ênfase no terceiro ciclo do
Ensino Básico.
Uma das funções básicas da escola é proporcionar aos alunos o desenvolvimento pleno das
capacidades de leitura e escrita. No enanto, isto não tem sido tarefa fácil hoje em dia e requer
um conhecimento teórico-prático dos professores.
Na aprendizagem da leitura e escrita, as letras constituem a unidade mínima e básica, pelo que
o ensino deve começar pelas letras que compõem o alfabeto português (cf. Amós e Martins,
2005:7). E dentro do alfabeto português, por imperativo do método analítico-sintético,
devemos começar com vogais para depois irmos aos ditongos. Destes vamos às consoantes e
depois sílabas.
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Considerações Finais
Bibliografia
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FIRMINO, Gregório. A Questão Linguística na África Pós-colonial: o caso do português e
das línguas autóctones em Moçambique. Texto Editores. Maputo, 2006.
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