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Universidade Rovuma – Extensão de Cabo Delgado

Cadeira: DIDÁCTICA GERAL


Data: 16.12.2020
Resumo do debate do Fórum em responsabilidade da sob-turma 01.

Plano de Lição

É um detalhamento do plano de ensino, ou seja, é a sequência de tudo o que vai ser


desenvolvido num período lectivo, onde as unidades e subunidades (tópicos) que foram
previstas em linhas gerais são especificadas e sistematizadas para uma situação didáctica
real. Na elaboração do plano de aula, deve-se levar em consideração em primeiro lugar, que
a aula é um período de tempo variável. (Libâneo2008, p. 241).

Aula é um conjunto dos meios e condições pelos quais o professor dirige e estimula o
processo de ensino em função de actividade própria do aluno no processo de aprendizagem
escolar. Ou seja, é a forma didáctica básica de organização do processo de ensino. O plano
de lição desempenha uma tarefa crucial e constitui uma das esferas na dinâmica do PEA.

Tipos de planos

Existem três (3) tipos de planificação:

 O plano da escola;
 O plano de ensino; e
 O plano de aula ou plano de lição.

1. Plano da escola: Este plano é um documento mais global. Expressa orientações


gerais que sintetizam, por um lado, as ligações da escola com um sistema escolar mais
amplo e, por outro lado, as ligações do projecto pedagógico da escola com os planos de
ensino propriamente ditos.
É um plano pedagógico, administrativo, da unidade escolar e co-curricular onde se
explicita:

 A concepção pedagógica do corpo docente;


 As bases teóricas metodológicas da organização didáctica;
 O contexto social, económico, político e cultural;
 A caracterização da população escolar;
 Os objectivos educacionais gerais;
 A estrutura curricular;
 As directrizes metodológicas gerais;
 O sistema de avaliação do plano.

Matriz 1: Plano Anual de uma Escola (Modelo)

Objectivos

Nº Actividades Fonte de financiamento Custo Prazo Responsável

Este plano tem a duração de um ano e participam na sua elaboração o Director da


Escola, o(s) Director(es) Adjunto(s) Pedagógico(s), o Director Adjunto Administrativo
ou Chefe da Secretaria, o Director Adjunto do Internato (se houver internato na escola),
representantes da comunidade, representantes dos alunos e dos professores, garantindo o
equilíbrio de género entre os participantes.

O Plano anual da escola deve incluir actividades para promover a igualdade de género,
conforme previsto na Estratégia de Género do MINEDH. O plano da escola é
apresentado anualmente à Assembleia-Geral.

2. O plano de ensino (ou plano de unidades): Este tipo de plano é a previsão


dos objectivos e tarefas do trabalho docente para um (1) ano, um (1) semestre, trimestre
ou quinzena. É um documento mais elaborado, dividido em unidades sequenciais, no
qual aparecem os objectivos específicos, os conteúdos e o desenvolvimento
metodológico. É também denominado por Plano Analítico ou Plano de Unidades
Didácticas e contém: seguintes componentes:
 Objectivos de ensino;
 Os conteúdos (com a divisão temática de cada unidade);
 O tempo (ou período/semanas) provável para a leccionação de cada uma das
aulas;
 O desenvolvimento metodológico (actividades do professor e dos alunos);

Este plano é elaborado pelo corpo docente (grupo de professores de uma disciplina) ou
de classe no EP1 e, a partir dele, podem ser produzidos outros planos de ensino, tais
como, o plano quinzenal (que é uma parte do plano analítico válido apenas por duas
semanas) e o plano de aulas. Nota-se que, antes do plano analítico, há a considerar
outros tipos de planos de ensino, nomeadamente, o plano temático (programa de ensino)
e o plano curricular (currículo).

3. O plano de aula ou lição: É a previsão do desenvolvimento do conteúdo para


uma aula ou para um conjunto de aulas; e tem um carácter bastante específico. Na
preparação das aulas, o professor deve reler os objectivos gerias da matéria e
a sequência dos conteúdos de ensino. Não se pode esquecer que cada tópico novo é
continuidade do tópico anterior, sendo, desta forma, necessário considerar o nível de
preparação inicial dos alunos para a matéria nova.

Os planos de aula podem ser descritivos ou esquemáticos. Os objectivos deste plano


são: conduzir a aula de forma adequada, evitar improvisos, evitar nervosismo, evitar
trabalhos mal feitos, garantir segurança no professor, facilitar a preparação de aulas.

A preparação da aula, o professor deve reflectir e programar, em particular, que


estratégias a usar para garantir que as raparigas e os alunos com necessidades educativas
especiais participem activamente na aula e assimilem a matéria nova.
Quadro 2: Algumas questões de reflexão na planificação de aulas

1. O que é que os alunos devem 2. O que é que os alunos vão 3. Como vou saber se os alunos
aprender? fazer para aprender? aprenderam o que era
2.1. Como vou apoiar os alunos esperado?
no processo de aprendizagem?

Que conteúdo/que habilidades os Como vou saber o que os alunos Como vou acompanhar se os
alunos devem aprender? já sabem? alunos conseguem implementar
as actividades de aprendizagem?
O que é que os alunos já O que é que os alunos vão fazer
sabem/sabem fazer? Até que para aprender o novo conteúdo/ Que estratégias e instrumentos
grau? aperfeiçoar habilidades? vou utilizar para saber se os
alunos aprenderam o que deviam
Que habilidades os alunos Como vou organizar a turma para aprender?
precisam de aperfeiçoar? fazer isso? ……………………….

Que significado/importância tem O que é que os alunos vão utilizar Como vou organizar a turma
esse conteúdo/essas habilidades para aprender? para permitir as observações,
para a vida diária/o futuro dos conversas ou avaliação de tarefas
alunos? Como vou organizar a turma para práticas em grupos, pares ou
ter acesso ao material? individualmente?
Fonte: MINEDH

Mediadores da Planificação

A planificação se realiza através de mediadores da planificação, o que quer dizer que a


escola, os professores esboçam a tarefa do ensino através de tipos diversos materiais
didácticos que oferecem. Não se confrontam directamente com o programa, mas sim através
de mediadores que actuam como guias. Podemos destacar os seguintes mediadores mais
frequentes: (Miguel, 2006)

 Livros de texto;

 Materiais comerciais;

 Guias curriculares;

 Revistas e experiências (casos ouvidos/lidos).


Estruturação Didáctica da Aula

Na perspectiva de NIVAGARA (s/d, p. 72) a realização de uma aula ou conjunto de aulas


requer uma estruturação didáctica, isto é, etapas ou passos mais ou menos constantes que
estabelecem a sequência do ensino de acordo com a matéria a ensinar, características do
grupo de alunos e situações didácticas específicas.

O autor considera as seguintes etapas ou funções didácticas:

 Introdução e Motivação

 Mediação e Assimilação

 Domínio e Consolidação

 Controle e Avaliação.

Para Libâneo (2008, p.170), a estruturação da aula é um processo que implica


criatividade e flexibilidade do professor, isso para que ele saiba o que fazer em
situações didácticas específicas, cujo rumo nem sempre é previsível. Na sua perspectiva
deve-se portanto, entender os passos ou etapas didácticos como tarefas do processo de
ensino relativamente constantes e comuns a todas as matérias considerando se que não
há entre elas uma sequência necessariamente fixa, e que dentro de uma etapa se
realizam simultaneamente outras. Na sua abordagem, distingue cinco passos didácticos
que se apresentam:

 Preparação e introdução da matéria;


 Tratamento didáctico da meteria nova;
 Consolidação e aprimoramento dos conhecimentos e habilidades;
 Aplicação;
 Controle e avaliação.

Preparação e Introdução da Matéria

Esta fase corresponde especificamente ao momento inicial de preparação para o estudo


de matéria nova, que inclui a preparação prévia do professor, a preparação dos alunos, a
introdução da matéria e a colocação dos objectivos. (Idem, p. 181).

No início da aula, a preparação dos alunos visa criar condições de estudo: mobilização
da atenção para criar uma atitude favorável ao estudo, organização do ambiente,
suscitamento de interesse de ligação da matéria nova em relação à anterior.
A motivação inicial inclui perguntas para verificar se os conhecimentos anteriores estão
efectivamente disponíveis e prontos para o conhecimento novo. Portanto, a actividade
do professor é estimular o raciocínio dos alunos, instiga-los a emitir opiniões próprias
sobre o que aprenderam, faze-los ligar os conteúdos à situações da vida real.

A preparação dos alunos é uma actividade e sondagem das condições escolares prévias
dos alunos para enfrentar o assunto novo. O professor fará, então a colocação didáctica
dos objectivos, uma vez que é o estudo da nova matéria que possibilita o encontro de
solução. Os objectivos indicam o rumo do trabalho docente, ajuda os alunos a terem
clareza dos resultados a atingir. A duração desta etapa depende da matéria, do tipo de
aula, do preparo prévio ou do nível de assimilação dos alunos para enfrentar o assunto
novo. Evidentemente, se é o início de uma unidade de ensino, o tempo será maior
(Idem, 182)

Tratamento Didáctico da Matéria Nova

Nesta etapa se realiza a percepção dos objectos e fenómenos ligados ao tema, a


formação de conceitos, o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas de
observação, imaginação e de raciocínio dos alunos.

Na transmissão prevalece as formas de estruturação e organização lógica e didáctica dos


conteúdos. Entre esses dois aspectos há uma relação recíproca pois os aspectos externos
(exposição do professor, a actividade dos alunos e a interacção), não são suficientes
para realizar o ensino, porque o que determina a forma externa de estruturar o ensino
são os aspectos internos (que são capacidades e habilidades mentais que o aluno tem
para adquirir conhecimentos).

A assimilação consciente dos conhecimentos começa com a percepção activa dos


objectos de estudo com os quais o aluno se defronta pela primeira vez ao tema já
conhecido que são enfocados de um novo ponto de vista ou de uma forma mais
organizada. Neste contexto, são desenvolvidas algumas actividades que preparam os
alunos para a sua percepção:

 Pedir aos alunos que digam o que sabem sobre o assunto;

 Levá-los a observar objectos e fenómenos e verbalizar o que estão vendo ou


manipulando;
 Colocar um problema prático cuja solução seja possível com os conhecimentos
da matéria nova; fazer uma demonstração prática que suscite a curiosidade e o
interesse;

 Registar no quadro as informações que os alunos vão dando, de forma a ir


sistematizando essas informações.

Consolidação e Aprimoramento dos Conhecimentos e Habilidades

É a fase da organização, aprimoramento e fixação dos conhecimentos na mente dos


alunos, a fim de que estejam disponíveis para orientá-los nas situações concretas de
estudo e da vida. É preciso aprimorar a formação de habilidades e hábitos para a
utilização independente e criadora dos conhecimentos.

A consolidação dos conhecimentos e da formação de habilidades e hábito incluem os


exercícios de fixação, a recapitulação da matéria, as tarefas de casa e o estudo dirigido.
Todavia, para que o aluno desenvolva as habilidades de raciocínio deve ter
compreendido a matéria de que sirva de meio para o desenvolvimento de pensamento
independente, através das actividades mentais.

A consolidação pode dar-se em qualquer etapa do processo didáctico:

 Antes de iniciar a matéria nova, recorda-se, sistematiza-se e são realizados


exercícios em relação a matéria anterior;

 No estudo do novo conteúdo ocorre paralelamente as actividades de assimilação


e compreensão.

De acordo com autor, a consolidação pode ser reprodutiva, de generalização e criativa.


A consolidação reprodutiva tem um carácter de exercitação, isto é, após compreender a
matéria os alunos reproduzem conhecimentos, aplicando-os a uma situação conhecida.

A consolidação generalizadora inclui a aplicação de conhecimentos para situações


novas, após a sua sistematização, implica a integração de conhecimentos de forma que
os alunos estabeleçam relações entre conceitos, analisa os factos e fenómenos sobre
vários pontos de vista, façam a ligação dos conhecimentos com novas situações e factos
da prática social.
A consolidação criativa se refere a tarefas que levam ao aprimoramento do pensamento
independente e criativo, na forma de trabalho independente dos alunos sobre a base das
consolidações anteriores. O organograma abaixo, ilustra na constituição da consolidação
e as suas características.

Composição da consolidação e suas características

A consolidação

Reprodutiva Generalizadora Criativa

Carácter de Aplicação de Aprimoramento


exercitação conhecimentos do pensamento
para situações independente e
novas criativo
A Aplicação

A aplicação é a culminância relativa do processo de ensino, trata de prover


oportunidades para os alunos utilizarem de forma mais criativa os conhecimentos,
unindo teoria e prática, aplicando conhecimentos, seja na própria prática escolar, seja na
vida social.

O objectivo de aplicação é estabelecer vínculos do conhecimento com a vida, de modo a


suscitar independência de pensamento e atitudes críticas e criativas expressando a sua
compreensão da prática social.

A função pedagógica-didáctica da aplicação é a de avançar da teoria à prática, colocar


os conhecimentos disponíveis a serviço da interpretação e análise da realidade. É na
aplicação que os alunos podem ser observados em termos do grau em que conseguem
transferir conhecimentos para situações novas, evidenciando a compreensão mais global
do objecto do estudo da matéria.

Na aplicação de conhecimento e habilidades, o professor deve ter em conta aos


seguintes aspectos: a formulação clara dos objectivos e a selecção adequada dos
conteúdos; ligação dos conteúdos da matéria aos factos e a acontecimento da vida social
e quotidiano do aluno.
Controle e Avaliação dos Resultados Escolares

A verificação e controle do rendimento escolar para efeito de avaliação é uma função


didáctica que percorre todas as etapas de ensino. A avaliação do ensino e da
aprendizagem deve ser vista como um processo sistemático e contínuo no decurso do
qual vão sendo obtidas informações e manifestações acerca do desenvolvimento das
actividades docentes e discentes atribuindo-lhes juízos de valor.

O controlo e avaliação da aprendizagem dos alunos caracteriza-se por ser


simultaneamente meio didáctico e meio pedagógico, a avaliação é um meio didáctico e
pedagógico por causa das suas finalidades.

Nivagara (s/d, p.122). LIBÂNEO (2008, p. 190) distingue três funções de avaliação:

a) Função pedagógica didáctica - se refere aos objectivos gerais e especificas


bem como ao meio e condições de atingi-lo, uma vez que estes constituem o ponto de
partida e os critérios para as provas e para os de mais procedimentos de avaliação;

b) Função diagnóstica - se refere á análise sistemática das acções do professor e


dos alunos, visando detectar desvios e avanços do trabalho docente em relação aos
objectivos conteúdos e métodos;

c) Função de controlo - se refere á comprovação e a qualificação sistemática


dos resultados de aprendizagem dos alunos face aos objectivos e conteúdos opostos
através desta função. São colectados os dados sobre o aproveitamento escolar que
submetidos critérios quente a concepção de objectivos.
MODELO DE PLANO DE LIÇÃO

Escola ______________________, Classe _______ Objectivo:


Data: ______/______/20____ Turma ________ Gerais
Disciplina ________________________ _________________

Unidade Temática ___________________ Específicos


Tema: ____________________________ _________________
Tipo de aula ____________________ _________________
Duração - ______________________ _________________
Nome do professor ___________________________

Tempo Função Conteúdo Actividades Métodos Meios Obs.


Didáctica Professor Aluno Didácticos
Introdução e
Motivação.
Mediação e
Assimilação
Domínio e
Consolidação
Controlo e
Avaliação

Fonte: Adaptado de Nivagara

As Tarefas de Casa

As tarefas para casa são um importante complemento didáctico para a consolidação,


estreitamente ligada ao desenvolvimento das aulas. A tarefa para casa consiste de
tarefas de aprendizagem realizadas fora do período escolar.

As tarefas de casa devem ser cuidadosamente planejadas pelo próprio professor,


explicadas aos alunos, e os seus resultados devem ser trabalhados nas aulas seguintes.

As tarefas de casa não devem constituir-se apenas de exercícios; constituem, também,


de tarefas preparatórias para aula (leituras, redacções, observações) ou tarefas de
aprofundamento da matéria (um estudo dirigido individual, por exemplo).
Reflexão dos Aspectos Relevantes sobre o Trabalho Realizado na Escola.

o plano de lição é muito importante e indispensável para o alcance dos seus objectivos
pois, é através dele que consegue monitorar e alcançar os objectivos da aula.

“Antes de ir a sala de aulas planifica-se com cuidado e com muita atenção as aulas”: faz
um elogio aos alunos para motiva-los e para que tenham ânimo de assistirem as suas
aulas, faz uma pequena recapitulação da aula anterior e depois introduz a matéria nova.
Em seguida, entra numa conversa (debate) relacionada com a matéria, dá-se exercícios
para medir as habilidades de cada aluno para ter a certeza de que todos estão no ritmo
da aula e por fim dá uma tarefa de casa para eles poderem exercitar o aprendido.

Tendo em consideração que a planificação é a tarefa prioritária do professor, todos


preocupam-se em planificar, embora alguns dizem não se interessarem com plano, pois,
afirma que já são experientes e não precisam de refazer os seus planos, vimos que a
maior parte dos professores dessa escola fazem os planos de lição sempre que vão
leccionar as suas aulas.
Bibliografia

CANDAU, Vera Maria. A Didáctica em questão. 17ª ed. .Petrópolis, Editora Vozes,
1999.

LIBÂNEO, José Carlos. Didáctica. S. Paulo, Cortez Editora, 2008.

MIGUEL, A. Zabalda. Planificação e Desenvolvimento Curricular na Escola, 6ª ed.


ASA editores, 2006.

dr.Marcelino Santos Chinai A. John

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