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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Estudo dos Eventos de Seca Meteorológica


na Região Sul do Brasil

Priscila Bogo Pessini

Orientador: Professor Dr. Pedro Luiz Borges Chaffe


Coorientador: Vinícius Bogo Portal Chagas
CONTEXTUALIZAÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO

SECA
CONCEITO

Um evento de seca constitui em um período contínuo


de deficiência na disponibilidade de água em relação
às condições normais esperadas para uma
determinada região.

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CONTEXTUALIZAÇÃO
CATEGORIAS DE SECA
Anomalias na Anomalias na
Precipitação Temperatura

Deficiência de
Seca Meteorológica Precipitação

Seca Agrícola Baixa umidade do solo

Deficiência de Deficiência no armazenamento


Seca Hidrológica Vazão de água subterrânea

Impactos na sociedade e
Seca Socioeconômica nas atividades econômicas

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CONTEXTUALIZAÇÃO

Global
▪ A seca é o fenômeno responsável por um quinto dos prejuízos
socioeconômicos causados por desastres naturais;
▪ Responsável por 35% das mortes relacionadas aos desastres naturais;
▪ Segundo o IPCC, desde a década de 1950, algumas regiões do mundo têm
experimentado secas mais severas e longas.

Brasil
▪ A seca que ocorreu em 1978 gerou um prejuízo de 8 bilhões de dólares;
▪ Na região Nordeste foram registradas 124 secas;
▪ A região Sudeste enfrentou a pior crise hídrica de sua história no período de
2014 a 2015;
▪ A irrigação é atividade responsável por 72% do consumo de água no Brasil;
▪ 70% da matriz energética é baseada na geração de energia hidrelétrica.

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CONTEXTUALIZAÇÃO
Região Sul
▪ A seca é o evento meteorológico que causa maior
impacto negativo na agricultura

Eventos de seca registrados na Região Sul:


▪ 1986 – 1987
▪ 2004 – 2006
▪ 2012

IMPORTÂNCIA
Planejamento de Recursos Hídricos
Análise de riscos
Identificação de padrões temporal e espacial
Estudo de causas e impactos

6
OBJETIVOS
OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL
Realizar um estudo dos eventos de seca meteorológica na região Sul do
Brasil.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

▪ Identificar os eventos de seca aplicando o Índice de Precipitação


Padronizado (SPI) para as escalas de tempo de 24, 12, 9, 6 e 3 meses;

▪ Analisar a variação espacial e temporal das características de intensidade,


duração e frequência dos eventos de seca;

▪ Relacionar os resultados do SPI com o sistema climático da região Sul do


Brasil.

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METODOLOGIA
METODOLOGIA
ÁREA DE ESTUDO

▪ Regime de precipitação transitório:

- Ao norte: regime de monção;


- Ao sul: regime de latitudes médias;

▪ Influência do relevo;

▪ Influência dos fenômenos El Niño e La Niña.

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METODOLOGIA
ÁREA DE ESTUDO
-55 -50

±
Estações ########
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Dados Pluviométricas
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Altitude (m) #############################
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▪ Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA) -25 ###
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▪ Período: 1975 a 2010 ## ## ###
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▪ Estações com até 10% de falhas # # #
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▪ Análise exploratória dos dados # ## # # # #### # ## ##
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BRASIL
671 estações pluviométricas # #
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0 100 200 km -20
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-65 -40

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METODOLOGIA
ÍNDICES DE IDENTIFICAÇÃO E MONITORAMENTO DE SECA
Índice Autor Descrição Variável Vantagens Desvantagens
• Pode ser calculado • Necessita de séries
para diferentes escalas históricas longas;
de tempo;
Índice de • Baseado em dados
Precipitação McKee et
Baseado na distribuição de • Possibilita prever preliminares que
probabilidade da Precipitação eventos de seca; podem variar.
Padronizado al.(1993)
precipitação.
(SPI) • É menos complexo que
o PDSI.

• Utiliza um algoritmo • Os valores podem não


para calcular o balanço identificar as secas tão
hídrico e a umidade do facilmente como outros
Índice de solo; índices;
Conceitos de balanço entre
Severidade de Precipitação,
Palmer (1965) demanda e suprimento de
Seca de Palmer
água.
temperatura. • Útil em aplicações • A metodologia é
(PDSI) agrícolas. complexa.

Dividir os dados de • Fornece uma medida • Exige no mínimo 30


Gibbs e Maher precipitação em 10 escalas, estatística exata da anos de registro de
Deciles Precipitação precipitação. dados.
(1967) numa ordem ascendente e
descendente.

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METODOLOGIA
ÍNDICE DE PRECIPITAÇÃO PADRONIZADO - SPI

Interpretação para as diferentes escalas de tempo

SPI Fenômeno refletido Aplicação/Observação

Estimativa sazonal de precipitação.


SPI-3 Condições de umidade de médio e curto prazo
Tem grande aplicação na análise de umidade do solo.

SPI-6 Condições de médio prazo Estimativa da precipitação ao longo das estações do ano.

Padrões de precipitação em uma escala de tempo SPI-9 < -1,5 trata-se de um bom indicador de impactos
SPI-9
médio significativos da seca na agricultura.

Associado às vazões, níveis de água de reservatórios e níveis


SPI-12 Padrões de precipitação de longo prazo
de água subterrânea.

Fonte: Adaptado de NDMC (2017), Albuquerque (2010) e Zargar et al. (2011).

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METODOLOGIA
ÍNDICE DE PRECIPITAÇÃO PADRONIZADO - SPI
Cálculo

Função densidade de probabilidade:

Função de distribuição acumulada:

SPI

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METODOLOGIA
CARACTERÍSTICAS DA SECA

Categorias de Intensidade da Seca

SPI Categoria
0 a -0,99 Seca fraca
-1,00 a -1,49 Seca moderada
-1,50 a -1,99 Seca severa
-2,00 Seca extrema
Eventos

Intensidade Máxima

▪ Distribuição Espacial: método Krigagem

15
METODOLOGIA
INTERFERÊNCIA DO FENÔMENO EL NIÑO – OSCILAÇÃO SUL
(ENOS) NA PRECIPITAÇÃO

El Niño: anomalias positivas na TSM e


redução da diferença de pressão

La Ninã: anomalias negativas na TSM e


aumento do gradiente de pressão

Índice Oceânico Niño (ONI)


▪ Fonte: National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA)
▪ Período: 1975 a 2010
▪ Média de 3 meses consecutivos
▪ Região: Niño 3.4

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
IDENTIFICAÇÃO DOS EVENTOS DE SECA

-55 -50

±
Estações ###########
# Pluviométricas ###
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Altitude (m) ########################## ##
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1831 #
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# # BRASIL
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0 100 200 km -20
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-65 -40

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
IDENTIFICAÇÃO DOS EVENTOS DE SECA

-55 -50

±
Estações ###########
# Pluviométricas ###
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# #########
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Altitude (m) ########################## ##
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-30 # # # # #
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# # BRASIL
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0 100 200 km -20
#
-65 -40

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RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANOS MAIS SECOS

▪ Anos que apresentaram eventos de seca em


60% do tempo

▪ Anos mais secos:


- 1978
- 1979
- 1988
- 1989
- 2006

20
RESULTADOS E DISCUSSÃO
INTENSIDADE

▪ Resultado converge com as isoietas de


precipitações médias anuais;

▪ Regiões como sudoeste do Paraná, centro-oeste


de Santa Catarina e noroeste do Rio Grande do
Sul apresentaram altos valores de precipitação
limiar;

▪ Eventos de seca extrema -2 > SPI > -3:


- SPI-3: 83% das estações
- SPI-6: 34% Precipitação (mm)
- SPI-9: 19% (SPI= -1)
- SPI-12: 13% 1.979
- SPI-24: 10%
930

21
RESULTADOS E DISCUSSÃO
(b) (c)
SPI-6 SPI-9
FREQUÊNCIA

±
SPI-3
(a)

Número de Número de
Eventos Eventos
24 19

12 8

SPI-12
(d) SPI-24
(e)
Número de
Eventos
32
0 200 400 km
23

Número de
Número de
Eventos
Eventos
7
11
22
3
6
RESULTADOS E DISCUSSÃO
SPI-6
(b) SPI-9
(c)
DURAÇÃO

±
SPI-3
(a)

Duração Duração
(meses) (meses)
30 36

10 20

(d) (e)SPI-24
SPI-12
Duração
(meses)
21

0 200 400 km
7

Duração Duração
(meses) (meses)
21 64
23
7 32
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Número de
Eventos
Número de
Duração
Eventos
(meses)
Duraç
(mese
24 1930 3

12 8 10 2

(e) (d)
SPI-24 (e)SPI-24
SPI-12
(d) SPI-12
Duração
(meses)
400 km 21

0 200 400 km
7

Número Duração
de Duração
Número de
Eventos (meses) (meses)
Eventos
7 21 64
11

3 32
6 7

24
RESULTADOS E DISCUSSÃO
RELAÇÃO ENTRE A OCORRÊNCIA DE SECA E OS EVENTOS ENOS

25
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
CONCLUSÃO
▪ No período entre 1975 a 2010, os anos mais secos identificados pelo SPI foram: 1978,
1979, 1988, 1989 e 2006;

▪ A região sul da área de estudo não apresenta variações significativas ao longo do ano,
portanto a aplicação de escalas de longo termo mostram-se mais adequadas. Na região norte
do Paraná, há variação na precipitação entre verão e inverno, podendo ser observada em
escalas de médio e curto termo;

▪ Região norte do Paraná apresentou maior frequência de ocorrência dos eventos de seca;

▪ Região sul e centro-oeste apresentaram maiores durações dos eventos;

▪ Regiões como sudoeste do Paraná, centro-oeste de Santa Catarina e noroeste do Rio


Grande do Sul apresentaram altos valores de precipitação limiar, devendo ser interpretada
como anomalia meteorológica, não necessariamente um evento de seca;

▪ Resposta à ocorrência do fenômeno La Niña nos anos 1985, 1989 e 2001. A maior relação foi
encontrada entre SPI-12. Porém, não há relação de ocorrência do fenômeno La Niña em
todos os períodos secos.

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RECOMENDAÇÕES
▪ Realizar uma análise conjunta das características de seca, procurando estabelecer
uma relação qualitativa e quantitativa;

▪ Quantificar a magnitude dos eventos;

▪ Relacionar os resultados do SPI com registros de eventos de seca;

▪ Sugere-se que em futuros trabalhos seja aplicado o Índice de Precipitação e


Evapotranspiração Padronizado (SPEI) em comparação com o SPI, a fim de determinar
a influência da evapotranspiração nos resultados;

▪ A resposta do SPI frente a ocorrência dos eventos ENOS apenas foi testada para a
região Niño 3.4, podendo outras regiões mostrarem maior influência;

▪ Sugere-se realizar a correlação entre o SPI e o Índice Oceânico El Niño (ONI) e avaliar
a distribuição espacial dessa correlação, identificando as áreas mais sujeitas à influência
dos eventos ENOS.

28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, Tatiana Máximo Almeida. Estudo dos processos de gestão de seca: aplicação no estado do
Rio Grande do Sul. 2010. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

GUTTMAN, Nathaniel B.. Comparing the Palmer Drought Index and Standardized Precipitation Index. Journal Of The
American Water Resources Association, Usa, v. 34, n. 1, p.113-121, fev. 1998.

MCKEE, Thomas B. et al. The relationship of drought frequency and duration to time scales. In: Proceedings of the
8th Conference on Applied Climatology. Boston, MA: American Meteorological Society, 1993. p. 179-183.

NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration. Historical El Nino/ La Nina episodes (1950-
present). Disponível em: <http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/analysis_monitoring/ensostuff/ensoyears.shtml>.
Acesso em: 3 jun. 2017.

NDMC. National Drought Mitigation Center. Interpretation of Standardized Precipitation Index Maps. Disponível
em: <http://drought.unl.edu/MonitoringTools/ClimateDivisionSPI/Interpretation.aspx>. Acesso em: 05 maio 2017.

PENALBA, Olga Clorinda; RIVERA, Juan Antonio. Precipitation response to El Niño/La Niña events in Southern South
America – emphasis in regional drought occurrences. Advances In Geosciences, [s.l.], v. 42, p.1-14, 4 mar. 2016.

RAZIEI, Tayeb et al. Spatial Patterns and Temporal Variability of Drought in Western Iran. Water Resources
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VAN LOON, Anne F.. Hydrological drought explained. Wiley Interdisciplinary Reviews: Water. Birmingham, UK, v. 2,
n. 4, p. 359-392. jul./ago. 2015.

ZARGAR, Amin et al. A review of drought indices. Environmental Reviews, [s.l.], v. 19, n. , p.333-349, dez. 2011.
Canadian Science Publishing.

29
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

OBRIGADA!

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