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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA


CONVERSÃO DE ENERGIA

LABORATÓRIO 01:
TRANSFORMADORES

DEYWYSSON GRIGÓRIO CAVALCANTE


(201420032416)
KELVIN GIOVANY EUGENIO DE OLIVEIRA
(201600118930)
RAFAEL MELO LOURENÇO
(201800107950)

SÃO CRISTÓVÃO - SE
2019
DEYWYSSON GRIGÓRIO CAVALCANTE
KELVIN GIOVANY EUGENIO DE OLIVEIRA
RAFAEL MELO LOURENÇO

TRANSFORMADORES

Relatório apresentado como parte dos


critérios de avaliação da disciplina
ELET0134 – CONVERSÃO DE
ENERGIA.

Professor: Milthon Serna Silva

SÃO CRISTÓVÃO - SE
2019
.3

1 INTRODUÇÃO

Transformadores são equipamentos com a função de transformar energia elétrica de


um determinado nível de tensão para outro nível de tensão através da ação de um campo
magnético. É um dispositivo constituído de duas bobinas enroladas em um núcleo
ferromagnético (Figura 1), sem que estas bobinas estejam em contato.

Figura 1 – Esquematização de um transformador.

Fonte: https://goo.gl/vuJy12

O princípio de funcionamento de um transformador é baseado nas leis de Faraday e


Lenz, as leis do eletromagnetismo e da indução eletromagnética, respectivamente.

O enrolamento no qual a fonte de tensão está conectada, é chamado de enrolamento


primário, e aqui será representado pelo “p” subscrito, enquanto o segundo enrolamento
(o qual não recebe nenhuma fonte de tensão) é chamado de enrolamento secundário,
aqui representado pelo subscrito “s”.
.4

Adotando a suposição que as linhas de campo magnético estejam confinadas ao


núcleo ferromagnético e desprezando a resistência, é possível calcular as forças
eletromotrizes dos enrolamentos primário e secundário conforme a equação 1.

𝑑Φ
𝜀 = −𝑁 (eq. 1)
𝑑𝑡

Sabendo então que o fluxo magnético por espira é o mesmo no primário e


secundário, é possível obter a equação 2.

𝜀𝑆 𝑁𝑆
= (eq. 2)
𝜀𝑃 𝑁𝑃

Ciente de que as forças eletromotrizes (𝜀) oscilam com a mesma frequência da


fonte alternada, é possível então associar a tensão do primário (𝑉𝑃 ) com a do secundário
(𝑉𝑠 ), obtendo então a equação 3.

𝑉𝑆 𝑁𝑆
= (eq. 3)
𝑉𝑃 𝑁𝑃

Existem diversos tipos de transformadores: os monofásicos, que operam no


máximo em duas fases (127V -220V ); os trifásicos (ou de potência), que funcionam em
três fases (220V-380V-440V) e são aplicados na transformação de tensão e corrente, em
que eleva-se a tensão e diminui-se a corrente, assim diminuindo a perda por Efeito Joule
(perdas por sobreaquecimento nos enrolamentos); os autotransformadores, que tem o
seu enrolamento secundário ligado eletricamente ao enrolamento primário e os de baixa
potência, que são utilizados unicamente para diminuir impedâncias de circuitos
eletrônicos e para casar impedâncias, a utilização deste tipo de transformador se dá a
partir da acoplagem deste à entrada do primário de outro transformador.

Além de serem classificados de acordo com o fim a ser usado, ainda existe a
classificação de acordo com o núcleo. Os tipos de transformadores de acordo com o
núcleo são: os de núcleo de ar, cujos enrolamentos ficam em contato com a própria
atmosfera e os de núcleo ferromagnético, onde são usadas chapas de aço laminadas (no
geral usam-se chapas de aço-silício, por diminuírem a perda por Corrente de Foucault
ou correntes parasitas).
.5

2 METODOLOGIA

O experimento foi realizado no Laboratório de Energias Renováveis (LEER) da


UFS, onde se encontram os materiais necessários para realização dos ensaios.

Os experimentos realizados foram divididos em quatro partes, sendo elas:

1. Transformador Atenuador
2. Transformador Elevador
3. Teste sem carga
4. Teste de Curto-circuito

Os materiais utilizados estão descritos abaixo, assim como na figura 2:

• Transformadores de 50VA e 100VA - [1];


• Modulo para obtenção de tensões alternadas e para fazer medições de
tensões e correntes - [2];
• Multímetro - [3];
• Cabos banana-banana diversos - [4];
• Manual Treinador para o estudo de Transformador Monofásico DL
101103TG - [5].

Figura 2 – Materiais utilizados para a realização do laboratório.


.6

Para realizar as atividades foram seguidas as instruções presentes no manual


treinador, bem como foi feita a montagem dos circuitos presentes no mesmo, para cada
uma das quatro partes do experimento.

➢ Parte 1 - Transformador atenuador:

Para o Transformador Atenuador foi colocado um valor fixo de espiras tanto no


primário quanto no secundário, para cada um dos transformadores (50 VA e 100 VA).
Dado uma determinada tensão no primário, foi medido a tensão no secundário dos
transformadores e com isso verificando se os mesmos estão atenuando a tensão da
saída. Os valores encontrados da tensão do secundário do transformador, assim como a
relação de transformação encontrada, estão resumidos nas Tabela 1 e 2.

➢ Parte 2 - Transformador elevador:

Para o Transformador elevador foi feito o mesmo processo do atenuador e apenas


modificando o número de espiras, para cada um dos transformadores usados. Dessa
forma verificando se cada transformador está elevando a tensão na saída. Os valores
encontrados da tensão do secundário do transformador, assim como a relação de
transformação, estão resumidos nas Tabela 3 e 4.

➢ Parte 3 – Teste sem carga:

No teste sem carga, foram colocados 194 espiras e 170 espiras no primário dos
transformadores de 50VA e 100VA, respectivamente e os secundários dos
transformadores ficaram em aberto, conforme mostra a figura 3 abaixo.

Após a montagem do circuito descrito anteriormente, foram feitas as medições das


correntes, potências ativas e seus respectivos fatores de potência (FP), para dados
valores da tensão de entrada. Os valores encontrados estão resumidos nas Tabelas 5 e 6.
.7

Figura 3 - Teste em aberto no secundário (sem carga)

➢ Parte 4 – Teste de curto-circuito:

No teste de curto-circuito, foram colocados 194 e 170 espiras nos primários dos
transformadores de 50VA e 100VA, respectivamente e deixando os secundários dos
transformadores em curto-circuito, conectando todos os contatos da saída, como mostra
a figura 4 abaixo.

Com isso, para uma dada tensão de entrada foram encontrados os valores referentes
a correntes, potências ativas e seus fatores de potência (FP), que estão resumidos nas
Tabelas 7 e 8.

Figura 4 - Teste de curto-circuito (terminais do secundário em curto)


.8

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

➢ Parte 1 - Transformador Atenuador:

Tabela 1 – Medições feitas para a parte de transformador atenuador, usando o


transformador de 50 VA.

𝑵𝒓 𝑵𝟏 𝑵𝟐 𝑵𝟏 𝑼 𝟏 (𝑽 ) 𝑼𝟐 (𝑽) 𝑼𝟏
𝑲=
𝑵𝟐 𝑼𝟐
1 194 51 3.80 40 10 4
2 194 51 3.80 41 10.2 4.02
3 194 51 3.80 42 10.5 4

Tabela 2 – Medições feitas para a parte de transformador atenuador, usando o


transformador de 100 VA.

𝑵𝒓 𝑵𝟏 𝑵𝟐 𝑵𝟏 𝑼 𝟏 (𝑽 ) 𝑼𝟐 (𝑽) 𝑼𝟏
𝑲=
𝑵𝟐 𝑼𝟐
1 170 44 3.86 40 9.8 4.08
2 170 44 3.86 41 10.1 4.06
3 170 44 3.86 42 10.3 4.08

Para essa parte foi escolhida uma relação de espiras entre primário e secundário
de N = 3,8 para o transformador de 50VA e N = 3,86 para o de 100VA diminuindo,
𝑈1⁄ 𝑁1
desse modo, as tensões no secundário a essas taxas (𝑈2 = 𝑁 ), sendo 𝑁 = . Pode-
𝑁2

se notar que, de acordo com as medidas feitas de tensões de entrada e saída, obtemos
uma relação K, nos dois casos, pouco diferentes dos quais esperávamos, isso aconteceu
pelo fato de termos usado dois voltímetros na escala de 200V o que gera um certo erro
de precisão na medida e pelo fato de o transformador não ser uma máquina elétrica
ideal o que provocará pequenos desvios das tensões de saída no secundário do mesmo.
.9

➢ Parte 2 – Transformador Elevador:

Tabela 3 – Medições feitas para a parte de transformador elevador, usando o


transformador de 50 VA.

𝑵𝟏 𝑼𝟏
𝑵𝒓 𝑵𝟏 𝑵𝟐 𝑼 𝟏 (𝑽 ) 𝑼𝟐 (𝑽) 𝑲=
𝑵𝟐 𝑼𝟐
1 73 102 0.716 12 16.9 0.710
2 73 102 0.716 13 18.2 0.714
3 73 102 0.716 14 19.7 0.711

Tabela 4 – Medições feitas para a parte de transformador elevador, usando o


transformador de 100 VA.

𝑵𝟏 𝑼𝟏
𝐍𝐫 𝑵𝟏 𝑵𝟐 𝑼 𝟏 (𝑽 ) 𝑼𝟐 (𝑽) 𝑲=
𝑵𝟐 𝑼𝟐
1 63 88 0.716 12 16.6 0.723
2 63 88 0.716 13 18 0.722
3 63 88 0.716 14 19.3 0.725

Para este caso temos uma relação N = 0,716 para os dois transformadores de
50VA e 100VA, esta relação dada faz com que a tensão no secundário eleve-se a essa
taxa. Com as medidas feitas podemos perceber que a relação K está diferente do N, elas
teriam que ser iguais, visto que a equação 3 do trafo, especificada no começo, deve ser
atendida. Devido a erros de precisão na medida do voltímetro, com a escala de 200V
não tão precisa para esse tipo de medição de tensões mais baixas, e pequenos desvios de
tensões dos próprios transformadores podemos considerar essa diferença entre o N e o
K plausível e dentro dos limites de erro tolerados para este experimento.

➢ Parte 3 – Teste de circuito aberto:


.10

Tabela 5 – Medições feitas para o teste de circuito aberto, usando o transformador de 50


VA.

𝑵𝒓 𝑽 𝟎 ( 𝑽) 𝑰𝟎 (𝑨) 𝑷𝟎 (𝑾) 𝑪𝒐𝒔𝝋𝟎

1 35 0,133 1,71 0.367

2 40 0,153 2,176 0.355

3 42 0,162 2,487 0.365

4 45 0,179 2,642 0.328

5 47,5 0,196 3,109 0.334

6 48 0,199 3,187 0.334

Tabela 6 – Medições feitas para o teste de circuito aberto, usando o transformador de


100 VA.

𝑵𝒓 𝑽𝟎 ( 𝑽 ) 𝑰𝟎 (𝑨) 𝑷𝟎 (𝑾) 𝑪𝒐𝒔𝝋𝟎

1 35 0,163 2,176 0.381

2 40 0,190 2,798 0.368


3 42 0,203 3,109 0.365
4 45 0,226 3,575 0.352

5 47,5 0,252 4,042 0.338


6 48 0,256 4,119 0.335

O ensaio de circuito aberto é utilizado para medir parâmetros do transformador,


como a impedância de magnetização. Nesse teste o secundário do trafo fica em aberto,
como no circuito equivalente da Figura 5, circulando por ele apenas a corrente de
excitação, desse modo a queda de tensão na impedância do secundário é desprezível,
visto que a impedância de excitação é bem elevada e não tem corrente passando para o
secundário, e essa impedância é retirada da eq. 4 do transformador, ficando apenas com
as incógnitas da eq. 5.
.11

𝑍𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑗𝑋1 + 𝑍𝜑 //(𝑅2 + 𝑗𝑋2 ) (eq. 4)

𝑅𝑐 𝑗𝑋𝑚
𝑍𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑗𝑋1 + (eq. 5)
𝑅𝑐 + 𝑗𝑋𝑚

Com as tensões em aberto, corrente de excitação e potências medidas podemos


determinar esses parâmetros a partir das equações abaixo.

𝑉0 ²
𝑅𝑐 = (eq. 6)
𝑃0

𝑉0
|𝑍𝜑 | = (eq. 7)
𝐼0

1 1 1 1
= + => 𝑋𝑚 = (eq. 8)
𝑍𝜑 ² 𝑋𝑚 ² 𝑅𝑐 ² 1 1
√𝑍 ² − 𝑅𝑐 ²
𝜑

Então para o transformador de 50VA, temos 𝑅𝑐 = 729 Ω e 𝑋𝑚 = 257 Ω. Já


para o de 100VA temos 𝑅𝑐 = 564 Ω e 𝑋𝑚 = 232 Ω. Pode-se observar também que o
fator de potência calculado é bem baixo nos dois casos, isso se deve porque com o
circuito aberto a potência ativa do circuito se dá apenas no resistor de excitação, que
está em paralelo com a indutância fazendo com que pouca parte da potência aparente
seja utilizada por ele.

Figura 5 – Circuito equivalente de um transformador para um ensaio em vazio

➢ Parte 4 – Teste de curto-circuito:


.12

Tabela 7 – Medições feitas para o teste de curto-circuito, usando o transformador de 50


VA.

𝐭 𝐤 = ⋯ °𝐂

𝑵𝒓 𝑰𝑲 (𝑨) 𝑽𝒌 ( 𝑽) 𝑷𝑲 (𝑾) 𝑪𝒐𝒔𝝋𝑲

1 1,03 3,8 4,353 1.112

2 0,95 3,4 3,808 1.179

3 0,88 3,1 3,342 1.225

4 0,82 2,9 2,876 1.209

5 0,75 2,6 2,409 1.235

6 0,68 2,3 2,021 1.292

Tabela 8 – Medições feitas para o teste de curto-circuito, usando o transformador de


100 VA.

𝒕𝒌 = ⋯ °𝑪

𝑵𝒓 𝑰𝑲 (𝑨) 𝑽𝒌 ( 𝑽) 𝑷𝑲 (𝑾) 𝑪𝒐𝒔𝝋𝑲


1 2,1 4,6 10,33 1.069
2 1,95 4,2 8,78 1.072
3 1,80 3,9 8 1.139
4 1,65 3,5 6,78 1.174
5 1,5 3,2 5,52 1.150
6 1,35 2,8 4,58 1.211

O ensaio de curto-circuito é utilizado para medir os parâmetros restantes do


transformador, como impedância do primário e secundário do mesmo. Neste caso o
secundário do transformador é curto-circuitado, e o circuito equivalente é dado pela
Figura 6. Assim, só irá circular pelo circuito uma corrente de curto-circuito e como a
impedância do secundário é bem mais baixa que a impedância de excitação pode-se
.13

desprezar o efeito desta, então o que sobra são as impedâncias do primário e secundário
do trafo, que podem ser calculadas pelas equações abaixo.

𝑍𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑗𝑋1 + 𝑅2 + 𝑗𝑋2 (eq. 9)

𝑉𝑘
𝑍𝑒𝑞 = (eq. 10)
𝐼𝑘

𝑃𝑘
𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 = (eq. 11)
𝐼𝑘 ²

2
𝑒𝑞 => 𝑋𝑒𝑞 = √|𝑍𝑒𝑞 | − 𝑅𝑒𝑞 ²
2 + 𝑋2
|𝑍𝑒𝑞 | = √𝑅𝑒𝑞 (eq. 12)

Com estas fórmulas podemos encontrar os valores das impedâncias equivalentes


para cada um dos transformadores do experimento. Para o transformador de 50VA
temos 𝑅𝑒𝑞 = 4,27 Ω e 𝑋𝑒𝑞 = 2,39 Ω. Para o de 100VA temos 𝑅𝑒𝑞 = 2,43 Ω e 𝑋𝑒𝑞 =
1,05 Ω. Como queremos descobrir todos os parâmetros do circuito, podemos considerar
que:

𝑅1 = 𝑅2 = 0,5. 𝑅𝑒𝑞 (eq. 13)

𝑋1 = 𝑋2 = 0,5. 𝑋𝑒𝑞 (eq. 13)

Portanto, no trafo de 50VA temos 𝑅1 = 𝑅2 = 2,135 Ω e 𝑋1 = 𝑋2 = 1,195 Ω. Já


no trafo de 100VA temos 𝑅1 = 𝑅2 = 1,215 Ω e 𝑋1 = 𝑋2 = 0,525 Ω. Pode-se notar que
para os dois transformadores, nesse teste de curto-circuito, o fator de potência deu
acima de 1 em todas as medidas, isso se deve ao efeito capacitivo provocado pelo curto
no secundário do transformador fazendo com que a medida do fator de potência fique
maior que 1, que não é o normal para um circuito com resistências e indutâncias.
.14

Figura 6 – Circuito equivalente de um transformador para um ensaio de curto-circuito

4 CONCLUSÃO

Consoante ao que foi exposto anteriormente, foi possível analisar os objetivos


propostos do laboratório e perceber como ocorre as variações de tensão, corrente e
potência quando variamos as relações de espiras, tal como percebemos alguns erros
como: Nos instrumentos de medição, devido a escala não ser adequada para medições
mais precisas, além de terem sido usados dois multímetros e erros do próprio
transformador, como suas perdas no núcleo, entre outras.

Os resultados obtidos estão dentro de uma faixa de tolerância aceitável, que foi de
no máximo de 5%, assim permitindo que este método de ensaio seja utilizado para
simular em laboratório os modelos propostos em sala.
.15

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HALLIDAY, RESNICK, WALKER; Fundamentos da Física, Vol. 3, 8ª Edição, LTC,


2009.

SALLES, Maurício. Transformadores I


Disponível em: <https://goo.gl/vuJy12>
Acesso em 31 de Maio de 2019.

BRUM, Bruno. Transformadores.


Disponível em <https://www.infoescola.com/eletricidade/transformadores/>
Acesso em 31 de Maio de 2019.

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