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A primeira história iniciática da humanidade com mais de 7.000 anos é a história de Lilith,
também chamada Ishtar, Inanna ou Astarte. Lilith era a representação da própria natureza e
era casada com Dumuzi, o deus da agricultura.
Conta a lenda, que a irmã gêmea sombria de Lilith, Ereshkigal, sequestra Dumuzi e o leva
para os reinos subterrâneos. Lilith, trajada com toda a sua armadura dourada e empunhada
de sua espada, precisou entrar nos labirintos dos subterrâneos para resgatar o seu marido.
Nesse momento, toda a terra, definha e morre. É o início do inverno.
Lilith na sua jornada iniciática pelo mundo dos mortos, precisa atravessar 7 PORTAIS que
são guardados por 7 DEMÔNIOS. Esses sete demônios irão nos ensinar os DEFEITOS ou
VÍCIOS planetários.
O PRIMEIRO PORTAL
O primeiro portal, é portal da LUA, e é guardado pelo demônio Acídia. Esse demônio fica
prostrado diante do primeiro portal, porque ele é a primeira dificuldade que todo o estudioso
enfrenta, a PREGUIÇA. Tendo esse demônio diante do seu palácio, os outros demônios
praticamente não trabalhavam.
Voltando a nossa história, para enfrentar esse demônio, Lilith faz uso da virtude planetária
da Lua, a HUMILDADE.
A virtude cardial associada com a Lua é a HUMILDADE. É necessário lembrar que sempre
estamos falando em termos espirituais dentro da alquimia. Em sua origem, a humildade,
está relacionada em fazer o seu trabalho sem esperar por reconhecimentos e/ou
recompensas. Humildade, não é sinônimo de fraqueza ou outras tolices. Uma pessoa
humilde não precisa e nem deve ser um idiota. Nas palavras de Jesus, o ser humano
humilde, é aquele que possui as características da Vontade e faz a o seu trabalho sem
esperar o reconhecimento de outras pessoas.
O SEGUNDO PORTAL
Com o demônio da Lua derrotado, Lilith avança pelos subterrâneos até chegar ao segundo
portal, o portal de MERCÚRIO, guardado pelo demônio da INVEJA.
Hoje em dia, as pessoas utilizam-se do termo “inveja” de maneira equivocada. Seu sentido
original quer dizer “Caminhar segundo o passo espiritual de outra pessoa”. Ter inveja de
outra pessoa é tomar seu próprio caminho como base nos esforços e resultados obtidos por
outras pessoas. A Inveja como a conhecemos hoje é a parte material do defeito.
3. ÓDIO – o efeito final da inveja: o invejoso não apenas se entristece pelas conquistas
do outro e deseja o fim das glórias e objetivos alcançados pelo próximo, mas passa
a desejar o mal sob todos os aspectos para aquela pessoa também.
Para derrotar o demônio da Inveja, Lilith utiliza a virtude do planeta Mercúrio que é a
PACIÊNCIA.
O TERCEIRO PORTAL
Com a paciência, a guerreira Lilith vence o demônio da Inveja e continua pelas entranhas do
labirinto de Ereshkigal até chegar no terceiro portal, o portal de VÊNUS, que é guardado pelo
demônio da LUXÚRIA.
Seu sentido original, quer dizer “deixar-se dominar pelas paixões”. Em português, luxúria foi
completamente deturpado e levado apenas para o sentido físico e sexual da palavra, mas
seu equivalente em inglês (Lust) ainda mantém o sentido original. A melhor tradução para
isso seria “obsessão”. A luxúria tem efeito na esfera espiritual quando a pessoa passa a ser
guiada pelas paixões ao invés de sua racionalidade. Para chegar ao autoconhecimento, é
necessário domar suas paixões.
2. AMOR DE SI – Faz com que a pessoa feche seus sentimentos para dentro de si
mesmo, gerando um amor egoísta que segundo Thomas de Aquino é a origem de
todos os outros pecados.
3. ÓDIO POR DEUS – Com a vontade dominada pelas paixões, o indivíduo abandona a
busca espiritual para se dedicar ao afazeres prazerosos mundanos, esquecendo sua
busca por Deus no processo. Do esquecimento, estas paixões acabam se tornando
ódio ao criador e a todo o mundo espiritual.
5. INCONSTÂNCIA – Deixa-se dominar pelas paixões faz com que o indivíduo se torne
inconstante, balançando sua dedicação à Grande Obra para dedicar-se às
perseguições dos prazeres mundanos.
O QUARTO PORTAL
Após derrotar o demônio da Luxúria, Lilith aproxima-se do centro do subterrâneo onde se
encontra o portal do Sol e seu respectivo guardião, um dos demônios mais poderosos de
todos, o demônio do ORGULHO.
Algumas pessoas consideram que o orgulho para com os próprios feitos é um ato de justiça
para consigo mesmo. Que ele deveria existir, como forma de elogiar a si próprio, dando
forças para conseguir uma evolução individual. O orgulho em excesso pode se transformar
em vaidade, ostentação e soberba, apenas então visto como algo de negativo.
O Orgulho é um defeito muito traiçoeiro, justamente porque, a maioria das pessoas não o
enxerga como um “defeito”, mas como uma “recompensa” moral ou espiritual por um
trabalho que executaram. Por esta razão, é muito difícil livrar-nos dele, pois, ao nos
acostumarmos com a recompensa, nos sentimos inferiorizados se não somos
“reconhecidos” por nossos feitos.
“Corrija um sábio e o sábio ficará mais sábio. Corrija um tolo e ganhará um inimigo”.
3. HIPOCRISIA – O ato de pregar alguma coisa para “ficar bem entre os semelhantes”
e, secretamente, fazer o oposto do que prega.
5. PRESUNÇÃO – Achar que sabe tudo. É um dos maiores defeitos encontrados nos
céticos e adeptos do mundo materialista. A máxima “só sei que nada sei” é muito
sábia neste sentido. Tem relação com a Gula.
Para derrotar o demônio do Orgulho, Lilith usa a virtude do planeta Sol, a MAGNANIMIDADE.
O QUINTO PORTAL
Após derrotar o demônio do Orgulho, Lilith continua sua jornada e chega ao portal vermelho
de Marte que é guardado pelo demônio da IRA.
5. RIXA – Briga, desordem, contestação, tumulto. A Rixa tem ligação com o Orgulho.
Considerada a batalha mais sangrenta de todos os demônios e não sem antes perder boa
parte de sua arma e sua armadura de ouro que vão ficando pelo caminho, Lilith consegue
derrotar a Ira com a virtude do planeta Marte, a DILIGÊNCIA.
A Diligência significa ter cuidado, atenção ou dedicação para realizar uma tarefa. Também
pode significar a agilidade, planejamento ou rapidez de uma pessoa para fazer alguma
atividade.
SEXTO PORTAL
Se aproximando do final do labirinto, Lilith cruza o sexto portal, o portal de Júpiter, que é
guardado pelo demônio da GULA.
Estamos lidando com Excessos. Gula é absorver o que não se necessita, ou o que é
excedente. A Gula pode se manifestar em todos os quatro planos (espiritual, emocional,
racional e material). Infelizmente a Gula hoje em dia é sinônimo apenas de “comer muito”.
Para derrotar o demônio da Gula, Lilith usa a virtude do planeta Júpiter, a CARIDADE.
MAS O QUE É A CARIDADE NA VISÃO HERMÉTICA E ALQUÍMICA?
A Caridade compreende no que você vai fazer com que te sobra. A virtude de Júpiter, da
taça, da cornucópia, da abundância do universo diante do estudante, pode ser encarada de
duas maneiras: ou a pessoa vai absorver e gastar, estragar, apodrecer e deturpar as sobras
ou vai se utilizar da Caridade para compartilhar o que se tem de sobra com seu próximo.
Não vejamos a Caridade somente no sentido físico, mas também emocional, intelectual e
espiritual.
Estamos lidando com excesso de apego pelo que se possui. Normalmente se Avareza
apenas ao significado materialista de juntar dinheiro, mas sua manifestação nos outros
planos (espiritual, emocional e mental) é mais sutil e perniciosa. A Avareza é a origem de
todas as falsidades e enganações.
1. MENTIRA – Ao procurar para si coisas que não lhe pertencem, o avaro pode se
servir do engano. No desespero para não perder o que possui ou adquirir mais
coisas que realmente não necessita, o avaro pode apelar para a falsidade.
5. INQUIETUDE – Excesso de afã para juntar para si, gera excessivas preocupações e
cuidados.
Para derrotar o Dragão negro, Lilith se vale da virtude do planeta Saturno, a CASTIDADE.
A Castidade representa a virtude de ser casto, muito longe da ideia de castidade sexual. Ser
casto é se manter puro, fiel a sua luz, a sua essência. Tal qual é o exemplo das ideias
orientais, que se trabalha a flor de Lótus, que nascendo em um pântano, dentro da sujeira e
do lodo, ela cresce em busca da luz e se torna a flor mais brilhante e bonita de toda a região
que ela se encontra.
CONCLUSÃO
Ao final do labirinto, Lilith completamente nua, pois a armadura de ouro representava seu
Ego arbitrário, agora brilha em sua essência, resgatando seu marido Dumuzi, das garras de
Ereshkigal.