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MÚSICA: PELA INTERNET - GILBERTO GIL -

Música: Pela Internet
                                                    Gilberto Gil
Criar meu web site Que o chefe da polícia
Fazer minha home-page Carioca, avisa
Com quantos gigabytes Pelo celular
Se faz uma jangada Que lá na praça Onze
Um barco que veleje …(2x) Tem um videopôquer
Para se jogar…
Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante Jogar ah! ah! ah!…(4x)
Da infomaré
Que leve um oriki Eu quero entrar na rede
Do meu velho orixá Promover um debate
Ao pôrto de um disquete Juntar via Internet
De um micro em Taipé… Um grupo de tiétes
De Connecticut
Um barco que veleje Eu quero tá na rêde
Nesse infomar Promover um debate
Que aproveite a vazante Juntar via Internet
Da infomaré Um grupo de tiétes
Que leve meu e-mail lá De Connecticut…
Até Calcutá
Depois de um hot-link De Connecticut de acessar
Num site de Helsinque O chefe da Mac
Para abastecer Milícia de Milão
Aihê! Aihê! Aihê!… Um hacker mafioso
Acaba de soltar
Eu quero entrar na rêde Um vírus prá atacar
Promover um debate Programas no Japão…
Juntar via Internet
Um grupo de tiétes Eu quero entrar na rede
De Connecticut Prá contactar
Eu quero tá na rêde Os lares do Nepal
Promover um debate Os bares do Gabão…
Juntar via Internet Que o chefe da polícia
Um grupo de tiétes Carioca, avisa
De Connecticut… Pelo celular
De Connecticut de acessar Que lá na praça Onze
O chefe da Mac Tem um video-pôquer
Milícia de Milão Para se jogar…
Um hacker mafioso Ah! ah! ah!
Acaba de soltar Jogar ah! ah!…(3x)
Um vírus prá atacar Connect show! Connect show!
Programas no Japão… Connect show! Connect show!
Eu quero entrar na rêde Connecticut, Connecticut
Prá contactar Connecticut…
Os lares do Nepal
Os bares do Gabão…

Entendendo a canção:
01 – De que se trata esta canção?
      Trata da rede de comunicação existente no mundo e sugere a importância
dessa rede para a inclusão digital.
02 – O autor nos mostra que a tecnologia pode estar a serviço de quem?
      A serviço da tradição, sem brigar com ela, pelo contrário, promovendo-a,
acolhendo-a como um produto cultural, capaz de enriquecer as relações humanas.

03 – Que referências a “navegação” aparecem na canção?


      Porto de um disquete, velejar, aproveitar a vazante, barco, abastecer, infomar /
infomaré (mistura de “informática” com mar / maré).

04 – Que termos retirados da informática encontramos na canção?


      Home page, web site, disquete, gigabyte, e-mail, hot-link, micro, rede internet,
acessar, hacher.

05 – A relação entre a exclusão socioeconômica e a digital está apresentada na


seguinte assertiva:
a) A digital desencadeia a socioeconômica, pela relação direta entre a existência
de ampla tecnologia da informação e comunicação e a realidade dos países
subdesenvolvidos.
b) A socioeconômica desencadeia a digital, por existir maior investimento dos
países subdesenvolvidos no acesso à tecnologia de informação e comunicação,
portanto, maior inclusão.
c) A socioeconômica desencadeia a digital, pois há relação igualitária entre países
desenvolvidos e subdesenvolvidos quanto ao acesso à tecnologia de informação e
comunicação e à inclusão.
d) A digital desencadeia a socioeconômica, à medida que o acesso às tecnologias
de informação e comunicação se dá de forma mais estruturada nos países
subdesenvolvidos.
e) A socioeconômica desencadeia a digital, por haver uma relação desfavorável
quanto ao menor acesso dos países subdesenvolvidos à tecnologia de informação
e comunicação.
06 – Na construção da letra da música foram empregados vários recursos da
linguagem poética. Copie duas palavras ou expressões que exemplifiquem os
seguintes recursos:
a)   Rima;
Acessar / soltar – Milão / Japão.

b)   Jogos sonoros:
*Aliteração (repetição de consoantes);
     “Os lares do Nepal, os bares do Gabão.

* Assonância (repetição de vogais).


     “Que aproveite a vazante da infomaré”.

c)   Metáfora.
“Fazer minha home-page com quantos gigabytes se faz uma jangada.”

07 – Observe:
Informar (fazer saber, instruir) X Infomar (info de informação + mar = mar de
informações
Infomar é um neologismo: palavra nova, derivada ou formada de outra já
existentes.
Encontre outro neologismo no texto.
      Infomaré (mistura de “informática” com “mar/maré”.

08 – Observe:
Conect (unir, conectar, juntar) + cut (cortar, dividir, decepar)
Connecticut: Nome de um importante estado dos Estados Unidos.
Qual é o efeito do uso repetido dessa palavra inglesa nos versos seguintes?
“Juntar via internet
Um grupo de tietes de Connecticut
De Connecticut acessar.”
      “Via internet” e “Grupo de tietes” = “Rima rica” – porque envolve uma palavra
estrangeira e um neologismo.

09 – O que é oriki?
      Uma saudação da cultura yorubá, utilizada nos rituais da umbanda.

10 – Onde se encontra cada uma das localidades citadas na canção? pesquise.


        Taipé – [É a capital e um município especial de Taiwan].
        Calcutá – [É a capital e maior cidade do estado de Bengala Ocidental, na
Índia].
        Helsinque – [É a capital da República da Finlândia e a maior cidade do país].
        Milão – [É uma comuna italiana, capital da região da Lombardia, província
de Milão].
        Japão – [É um país do Extremo Oriente, formado por um arquipélago].
        Nepal – [É um país asiático da região dos Himalaias].
        Gabão – [Oficialmente República Gabonesa, é um país que se situa na
África].
        Praça Onze – [É uma sub-região da Zona Central da cidade do Rio de
Janeiro].
        Connecticut – [É um dos 5° estados dos Estados Unidos da América,
localizado na Região da Nova Inglaterra. O Connecticut é o 3° menor Estado
Americano em extensão territorial].
11 – Tanto no título “Pela Internet” como no final da canção, o autor faz uma
homenagem a Donga, parodiando a música “Pelo Telefone” (1° samba brasileiro),
que na sua época, teve o papel que cabe hoje à Internet. Na paródia, o telefone é
substituído pelo celular. Cite os versos finais:
      “O chefe da polícia carioca avisa pelo celular
       Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar.”
Nos dias atuais essa idéia nos parece muito simples e banal, mas na época da criação da
música esta novidade era uma verdadeira revolução.

12 – No verso: “Com quantos gigabytes se faz uma jangada”, lembra um ditado


popular. Qual?
      Com quantos paus se faz uma canoa.

13 – Qual é o principal objetivo do eu lírico?


      Basicamente, comunicar-se com o mundo, utilizando todas as ferramentas que
a cibernética lhe dispõe, para fazer uma grande viagem em volta do mundo.

14 – A partir do vocabulário de vírus que ataca e destrói informações cria que


expressões?
      Macmilícia de Milão, hacher, mafioso, polícia carioca.

15 – O eu lírico usa os quatro cantos do mundo para nos mostrar o quê?


      Mostrar até que ponto pode chegar a comunicação virtual e que ela deve ser
de livre acesso.

16 – Ao falar em “infomar” e “infomaré” referimos a que?


      Aos mar de informações que a internet possibilita com o acesso aos links para
todos os cantos do mundo, desde Calcutá até Helsique em questão de segundos.

Gostei muito da ideia da musica (pela internet), pois objetiva basicamente uma comunicação com o
mundo, utilizando varias ferramentas que a cibernética dispõe para fazer uma grande viagem em
volta do mundo. Atualmente isso pode parecer simples e banal, porem a época de lançamento desse
single (salvo engano 1997) o conhecimento cibernético era uma verdadeira revolução.

na musica de gilberto gil pela internet qual é a relaçao do texto com a presença de nomes e
elementos de tao deferentes locais geografico e tao diferentes cultura
Texto muito bom. Mais uma vez provou a grandiosidade gramatical. O texto sempre atual com
jogo de palavra excelente. Um belo hipertexto.

O Eu lírico é um termo usado dentro da literatura para demonstrar o pensamento geral


daquele que está narrando o texto; A junção de todos os sentimentos, expressões, opiniões e
críticas feitas pela pessoa superior ao texto, que no caso seria o narrador e/ou a pessoa
central ao qual o texto está se referindo. O Eu-lírico é o “eu” que fala na poesia. É geralmente
muito usado em textos de gênero lírico, que são caracterizados por não expressar, mas
necessariamente, os sentimentos do autor.
Pode-se dizer que Gil pega o mote de Donga e transcende, num painel para o tema
tecnologia e comunicação. As rimas intertextuais que alembram Raulzito, enfim a genialidade
que reside na escolha da sonoridade das palavras e da simplicidade complexa da mensagem.
Gil é o cara.
Outra questão é fazer música de tema tecnológico usando jargões do próprio meio, que
até então não se via.
Que MÚsica maneira
quero as pergunta e resposta de gilberto gil e tecnologicas
qual relaçao essa musica tem com a geografia

Excelente e potente intertextualidade transpirada pelo poeta!!!

 3Essa é uma história que aconteceu há apenas 20 anos. Alguns conhecem


partes, mas poucos conhecem a história completa.

Hoje qualquer um de nós é capaz de ouvir uma música ou ver um vídeo num
smarphone. Isso se chama streaming, que é a transmissão de áudio e vídeo através
de uma rede sem a necessidade de efetuar downloads. Isso é hoje é super comum,
mas você tem ideia de quando e como aconteceu a primeira transmissão streaming no
Brasil? Aqui tem uma história bem legal. A primeira transmissão ao vivo de uma
música, pela internet, no mundo, aconteceu em 1995 ou 1996. É difícil afirmar
exatamente quando ocorreu a primeira, existem muitas versões diferentes, mas aqui
no Brasil é fácil e ninguém discute.

Em 1996, Flora Gil, esposa de Gilberto Gil, procurou a IBM para propor um projeto
inovador. A ideia maluca foi parar nas mãos, ou na cabeça, de Claudio Zibenberg, um
dos caras mais criativos e inovadores com quem já trabalhei. Ele disseminou a ideia
dentro da empresa e outros malucos compraram a ideia, especialmente Marcelo
Duarte, que tecnicamente garantia que dava para transformar a ideia em realidade.
Incrivelmente o projeto evoluiu, com desafios técnicos enormes e com a necessidade
absoluta de buscar outros parceiros.

A IBM já tinha uma boa parceria com O Globo que, ao ser convidado, topou entrar no
projeto. Era preciso um parceiro forte na área de transmissão de dados via internet, e
aí surgiu a Embratel que se juntou ao grupo, sendo um parceiro fundamental desde o
início. Com isso, o grupo estava formado. Éramos IBM, Embratel, O Globo e Gil, que
junto com a Flora, encarou a jornada de tirar o projeto do papel. Tudo isso para
sermos pioneiros e fazermos história.

O projeto tinha por trás um fato muito singular. Em 1917, ou seja, quase 80 anos
antes, era gravado o primeiro samba no Brasil, o famoso “Pelo telefone”, composição
de Donga e Mauro de Almeida. A ideia da Flora era simples: criar uma música e
lança-la através da internet, de forma que ela fosse a primeira música
transmitida em tempo real pela internet no Brasil. Foi esse o conceito e o desafio
que motivou Gilberto Gil a compor a famosa “Pela internet“. Com esse sonho na
cabeça, as equipes começaram a trabalhar durante vários meses. Incrivelmente o
nome do software da IBM, que possibilitou tudo isso, era IBM Bamba, em incrível
sintonia com samba, Donga e Gil. Tudo parecia estar alinhado.
Na manhã de 14 de dezembro de 1996 o movimento era grande dentro do prédio
da Embratel na Avenida Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. O edifício ficava
pertinho do prédio da IBM, localizado na mesma avenida. Eram dezenas de pessoas
circulando: especialistas e técnicos da IBM e da Embratel, equipe do O Globo,
músicos, produtores, cabos por todos os lados (não existia wifi nessa época), o
contexto representava um cenário de guerra. Tudo estava sendo montado para o
grande evento. A complexidade era enorme, tudo era novidade e o entusiasmo era
incontrolável. A entrada de grandes caixas, dos equipamentos musicais, o disse-me-
disse dentro do prédio por conta da chegada do Gil, tudo isso deixava a equipe em
estado de euforia máxima, mesmo considerando que aquele dia era um sábado, não
sendo um dia de trabalho normal.
O projeto foi um sucesso! A música foi lançada e transmitida ao vivo pela
internet naquele mesmo dia, diante de uma plateia exclusiva, extasiada, numa sala
apertada, repleto de equipamentos, cabos, técnicos, botões… com a banda completa
de Gilberto Gil, com seus equipamentos musicais em tom frenético. Até aquele dia,
transmissão ao vivo era somente por rádio e TV. Foi um dia mágico, registrado
pelo O Globo e pela imprensa em geral como um acontecimento musical e da
tecnologia brasileira. A música “Pela Internet” se tornou um sucesso nos anos
seguintes.

No ano de 1997, Gilberto Gil lançou o CD Quanta. Nesse CD ele incluiu o hit “Pela
internet”. Para homenagear a IBM e todos os parceiros que integraram o projeto de
lançamento da música, Gil e a produtora produziram uma edição especial do disco,
que incluiu a icônica foto abaixo. Essa foto mostra a equipe que participou do projeto,
que realmente formava um time de ouro. Aqui vejo personagens que tornaram isso
impossível, como Claudio Zibenberg, Marcelo Duarte, Bete Calligaris, Nilson Batista
entre muitos outros que fizeram a diferença.

A magia dessa história vai continuar nos anos seguintes. O sucesso do projeto criou
uma aproximação entre Gilberto Gil e a IBM, que acabou resultando em
diversos projetos nos anos seguintes. O Gil gostou tanto da experiência com a
internet que nos convidou para outro projeto no carnaval de 1997: fazer a
transmissão ao vivo do carnaval de Salvador, em cima do trio elétrico dele com
um celular e um laptop. Por incrível que possa parecer, a rede de dados e telefonia
da Bahia era o “estado da arte” naquela época. Fizemos mais uma vez história. Todas
as TVs deram destaque a “unidade móvel da internet”, nome criado pelo Claudio,
Marcelo e o saudoso Fabão. Foi realmente incrível.

Ainda em 1997, Gilberto Gil nos procurou e disse que gostaria de fazer uma gravação
ao vivo do CD Quanta. Ele tinha um projeto em mente e precisava de patrocínio para
viabiliza-lo. Ele queria muito que a IBM patrocinasse essa gravação e o lançamento
do CD. Nós já tínhamos uma conexão muito grande com Gil, portanto estudamos
seriamente a possibilidade de apoia-lo. Eu lembro que conversamos muito dentro da
IBM sobre isso, estudamos a proposta do Gil e decidimos entrar no projeto. A IBM
foi a patrocinadora daquela gravação-show ao vivo, realizado em dois dias, 13 e 14 de
agosto de 1997, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro.

Eu lembro muito de ter ido nos dois dias no teatro. Assisti o show integralmente.
Após várias horas de gravação ao vivo, com o teatro lotado, eu saí com a sensação de
ter assistido o melhor show da minha vida, até hoje insuperável. Lembro que, ao
entrar no camarim, conversando com Gil e Flora, eu falava que havia visto o melhor
show da minha vida e eles também se mostravam entusiasmados. Lembro do Gil ter
dito que ele também avaliava aquele show como o “show perfeito”.

O tempo tratou de mostrar que estávamos certos. Em fevereiro de 1998, o CD


“Quanta gente veio ver” foi lançado com grande repercussão. No Brasil foi lançado
um disco duplo, já a versão internacional, denominada “Quanta Live”, foi um disco
simples, ambos com músicas integralmente gravadas naquele show ao vivo.

Em fevereiro de 1999, o CD “Quanta Live” ganhou o Grammy Awards como melhor


disco na categoria World Music. Gilberto Gil ficou eufórico, porque aquele disco foi
um trabalho integralmente idealizado e conduzido por ele. Ele assinou a direção, a
produção e os arranjos do disco. Gil sempre foi grato à IBM, porque aquela gravação
só foi possível devido ao patrocínio da IBM.
Por algum detalhe que não me recordo, o Gil não conseguiu ir na premiação do
Grammy, que ocorreu em fevereiro de 1999. O produtor André Midani viajou para
Los Angeles para participar da cerimônia e recebeu o troféu, em nome de Gil. Ao
mesmo tempo, a vendagem do disco ao vivo já superava a marca das 100 mil cópias e
o CD recebeu o “disco de ouro” da gravadora.

Para celebrar o disco de ouro e criar um momento para entrega do troféu ao Gil, foi
realizado um show em São Paulo, no mesmo ano de 1999. No show, Arnaldo
Antunes chamou o Gil ao palco, bem como outras pessoas que tornaram possível
aquele projeto. E lá fomos nós ao palco, eu e Claudio Zibenberg. A cena da entrega
do Grammy nas mãos do Gil é emocionante. Dá para ver o Gil em profunda emoção,
quase chorando, com o público batendo palmas. Gil estava tão feliz e agradecido à
IBM, que decidiu, junto à gravadora, nos reconhecer com um disco de ouro, que
guardo comigo até hoje.

No final daquele momento inesquecível ocorre um fato inesperado: Gil dá um disco


de ouro exclusivo para Claudio. Ao passar o lindo quadro para o Claudio, Gil fala no
microfone: “Mauro é que banca, mas você é que propõe”. Aquele gesto foi um
reconhecimento por todo o trabalho de Claudio Zibenberg. O projeto da música
“Pela internet” se tornou realidade através das mãos e da incrível capacidade de
realização de Claudio. Era quase impossível imaginar todos os desdobramentos que
viriam a partir daquele projeto que parecia muito louco, exigindo recursos técnicos e
financeiros que soavam impossíveis ainda em 1996. De modo extremo, podemos
dizer que o Grammy recebido por Gilberto Gil só foi possível devido à realização do
projeto de lançamento da música “Pela internet” e porque a IBM decidiu patrocinar a
gravação ao vivo do CD “Quanta gente veio ver”. Sem esses fatos, talvez essa história
não pudesse ser contada.

 Gilberto Passos Gil Moreira, nasceu em Salvador. Vem de uma família batalhadora contra os
preconceitos raciais. Sua música foi influenciada pelo "rei do baião" e pela bossa nova. Traz em
seu repertório elementos novos, como da música africana, norte americana e jamaicana. Suas
composições refletem em preocupação política e ativismo social.

Em 1996, Gilberto Gil lança essa música para mostrar a febre do uso da rede e defender a
internet com ferramenta de uso cultural.

Por isso, a partir do vocabulário de vírus que ataca e destrói informações cria expressões como:
Macmilícia de Milão, hacher, mafioso, polícia carioca.

Brincando com as palavras, relaciona a vida cotidiana (traços baianos acentuado), com o
desenvolvimento da informática (web-site, home-page, gigabytes, disquete, e-mail,
micro, site, hot-link, infomaré, infomar, acessar, contactar, rede, vírus).

Envolve o verbo "navegar" que traz o contexto de velejar, jangada, barco, vazante, maré, mar,
porto, rede.

Usa os quatro cantos do mundo para mostrar até que ponto pode chegar a comunicação
virtual e que ela deve ser de livre acesso para quem quiser usar. "Rede" - Taipé, Calcutá,
Helsinqui, Connecticut, Nepal, Gabão, Milão, Japão.
Tanto no título como no final da música, Gilberto Gil faz uma homenagem a Donga,
parodiando a música "Pelo telefone", que, na sua época, teve o papel que hoje cabe à Internet.
Na paródia, o telefone é substituído pelo celular.

"O chefe da folia pelo telefone manda me avisar


que com alegria não se questione para se brincar"
(Donga)

Dicas

 Esta letra simplesmente não poderia ter sido escrita antes da década de 90. Ela é
toda construída em cima de termos da informática e da Internet, responsáveis por
uma revolução comunicacional e cultural que ainda está em andamento.
 Que mudanças o computador e a Internet trouxeram para o nosso dia-a-dia?
 Como esse novo meio de informação e comunicação está influenciando a nossa
cultura?
 Onde se encontra cada uma das localidades citadas na música? Taipé,
Calcutá, Helsinque, Milão, Japão, Nepal, Gabão, Praça Onze, Connecticut? Seria
interessante marcá-las num mapa mundi, para ter uma ideia de como a Internet
está modificando o conceito geográfico de espaço (sem falar do tempo). Sentados
numa cadeira em nossa casa, é possível fazer tudo o que Gil propõe: estar em
todos esses lugares simultaneamente, ter contato com sua produção cultural, falar
com seus habitantes, informar-se sobre lugares e assuntos dos quais nunca
tínhamos ouvido falar. Em que consiste esse "espaço virtual" no qual
os internautas navegam?
 Que referências à "navegação" aparecem na música? Porto de um disquete,
velejar, aproveitar a vazante, barco, abastecer, infomar/infomaré (mistura de
"informática" com "mar"/ "maré").
 Que termos retirados da informática aparecem na música? Home page, web
site, disquete, gigabytes, e-mail, hot-link, micro, rede, Internet, acessar, hacker. Os
alunos sabem o que significam todos eles?
 Há ainda uma citação do primeiro samba brasileiro, Pelo telefone, composto por
Donga em 1916. A letra original dizia: O chefe da polícia, pelo telefone, manda me
avisar / Que na Carioca tem uma roleta para se jogar. Gil atualizou as referências
tecnológicas: telefone virou celular, roleta virou videopôquer.
 O que é oriki? Uma saudação da cultura yorubá, utilizada nos rituais da umbanda.
O que é orixá? São entidades do candomblé, equivalentes aos santos católicos:
Iemanjá, Oxum, Oxóssi, Ogum, Xangô... É interessante como Gil mistura a
tradição (oriki do orixá) com a inovação (disquete de um micro em Taipé). Com
isso, mostra que a tecnologia pode estar a serviço da tradição, sem brigar com ela,
pelo contrário: promovendo-a. Esta é uma constante nas obras de Gil: acolher a
tecnologia como produto cultural, capaz de enriquecer as relações humanas.
 Como comparação, vale a pena ver as letras de "Lunik-9", escrita por Gil quando o
homem chegou à lua, comentando aquela conquista da Ciência; e "Cérebro
eletrônico", sobre a relação do homem com o computador.

 Palavras desconhecidas encontradas na música "Pela Internet"


 Oríkì: Palavra da língua Yorùbá que tem vários significados;
 Orixá: Deus supremo do povo Yoruba;
Taipé: Capital de facto da República da China no norte da ilha de Taiwan;
 Calcutá: É a capital e maior cidade do estado de Bengala Ocidental, na Índia;
Helsínquia ou Helsinque: É a capital da República da Finlândia e a maior cidade do país;
Connecticut, Coneticute ou Conecticute: é um dos 50 Estados dos Estados Unidos da
América, localizado na Região da Nova Inglaterra. O Connecticut é o terceiro menor Estado
americano em extensão territorial;
 Hackers: Indivíduos que elaboram e modificam software e hardware de computadores, seja
desenvolvendo funcionalidades novas, seja adaptando as antigas.

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