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J. J.

Moreira 2 – Guerras Nada Santas

J. J. Gremmelmaier

J. J. Moreira 2
Guerras Nada Santas

Primeira Edição
Curitiba – Paraná
Edição do Autor
2017

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Autor; J. J. Gremmelmaier
Edição do Autor
Nome da Obra; J. J. Moreira 2 - Guerras Nada Santas

CIP – Brasil – Catalogado na Fonte


Gremmelmaier, João Jose
J.J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas, Romance de
Ficção, 182 pg./ João Jose Gremmelmaier / Curitiba, PR /
Edição do Autor / 2017 / Primeira Edição
1. Literatura Brasileira – Romance – I - Titulo

85 – 0000 CDD – 978.000

As opiniões contidas no livro, são dos personagens, em


nada assemelham as opiniões do autor, esta é uma obra de
ficção, sendo os nomes e fatos fictícios.
É vedada a reprodução total ou parcial desta obra.
Sobre o Autor;
João Jose Gremmelmaier, nasceu em Curitiba, estado do
Paraná, no Brasil, formação em Economia, empresário a mais
de 15 anos, já teve de confecção a empresa de estamparia,
escreve em suas horas de folga, alguns jogam, outros viajam,
ele faz tudo isto, a frente de seu computador, viajando em
historias, e nos levando a viajar juntos.
Autor de Obras como a série Fanes, Guerra e Paz, Mundo
de Peter, os livros Heloise, Anacrônicos, cria em historias que
começam aparentemente normais, mundos imaginários,
interligando historias aparentemente sem ligação nenhuma;

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Guerras Nada Santas
J.J.Gremmelmaier

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Era começo da tarde quando Joaquim para o caro em uma fila


na região da serra do Órgão, estava tudo parado, pois a estrada
estava em reforma de ampliação, isto o atrasaria, se era bom ou
ruim, ele não sabia.
Era perto das 5 da tarde quando ele entra na região Paquetá,
em Santos, duas quadras do porto, e olha aquele bar, estava
cansado, irritado e atrasado, mas continuava querendo acertar as
coisas ali.
Joaquim olha para um senhor a entrada, ele olha ele e
pergunta.
— Fernandes?
O rapaz olha para Joaquim, não conhecia, e fala em inglês.
— Você me conhece?
— Joaquim Moreira.
— Pelo jeito não seremos parceiros, está – ele olha o relógio
– 3 horas atrasado.
— Sem problemas, se sua vontade de parceria é esta, vou
tentar algo pior para fazer meu esquema.
— Não vai insistir?
Joaquim atravessa a rua, movimentada naquele sábado, e
entra em um bar, pede uma cerveja e olha em volta.
O senhor olha para ele e fala.
— Novo na região?
— Curitibano.
O senhor olha para os rapazes ao longe e fala.
— Cuida com os baderneiros.
— Hoje eles até me assaltariam senhor, to cansado, esta
estrada de Curitiba para cá está um caos.
— Tem muito caminhoneiro reclamando disto, pelo jeito mais
um dia de explosões.
— Sim, fiquei na serra 2 horas parado.
Joaquim olha em volta e pergunta se tinha algo para comer,
um salgado com uma cara que se não fosse a fome de Joaquim, não
teria comido, nem olhou, comeu.
O senhor olha para a porta e fala.

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— Problema com o gringo.
— Ele não perdoa atrasos, acho que se fosse tão pontual não
tinham enfiado ele no Brasil.
— Sabe que as pessoas não gostam dele, dizem ser mortal.
— Uma criança gringa senhor.
O senhor sorriu e ouviu Joaquim virar para o senhor e
perguntar em inglês.
— Ainda por aqui?
— Curioso, fala muito bem nossa língua, de que parte de
nossa nação vem?
— De um lugar que nunca foi de vocês.
— Onde?
— Cuba.
O senhor achou que Joaquim estava se fazendo e pergunta
em castelhano hondurenho.
— Acha que acredito nisto?
— Sim, bom saber que passou por Honduras, mas fiz Cuba,
Honduras e Guatemala. – Fala com um sotaque Caribenho de
Havana.
O senhor olha intrigado e pergunta.
— Mas não nos conhecemos.
— Com certeza não.
— E não vai insistir.
— Tive problemas ontem, em Curitiba, pensei em chegar
antes, mas estradas no Brasil são assim, atrasam a gente.
— E não se justificaria?
Aquela conversa começada em inglês, um pequeno trecho em
espanhol e voltando ao inglês, fez o dono do bar olhar os demais
que saíram, não era para eles a conversa.
— Não justifico senhor John Fernandes, toda vez que o faço,
me complico.
— E sabia que era eu, como?
— Esta país está em um regime militar, fim dele, mas que tem
todas as informações de entrada e saída, ainda em papeis
detalhados e organizados.
— E faz parte do regime?

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— Não, eles tem medo de mim.
O senhor sorriu.
— Agora quer me fazer rir.
— Na verdade eu não sei o que vim fazer aqui, então quando
você começou dizendo que não faríamos parceria, resolvi tomar
uma cerveja, comer algo e me preparar para voltar pela estrada.
— Me apontaram você como alguém que poderia nos
fornecer algo que precisamos.
— Algo?
— Já ouviu falar de LSD.
— Sim, mas não tenho fornecimento de LSD ainda, ainda
estou nos ramos de pouca tecnologia, Coca e Maconha.
— E não conseguiria?
— Ainda não, se não precisa do que ofereço, não posso
também prometer milagres.
— E porque gostaria de um esquema.
— Digamos que eu acredito que ninguém sabe onde fica
Santos, Curitiba, Rio até podem saber no mundo, mandaram um
navio, ele tentou vários portos, e já passou por Paranaguá, a ultima
chance de desembarque é Porto Alegre, mas este carregamento,
não daria para jogar no mercado interno.
— Motivo?
— Pureza e quantidade.
— Puro?
— Sim, e se deixar em Porto Alegre, ele vai chamar todo
maluco para lá, mas vai deixar tudo muito visível.
— E quer um esquema para que?
— Pensa em uma maluquice, algo sai de Puerto Bolívar, ele
poderia estar na Europa, nos Estados Unidos, em qualquer ponto do
Mediterrâneo, e está entre Paranaguá e Porto Alegre.
— Certo, devem ter errado algo, e não quer deixar passar a
chance.
— Sim, pois não temos mercado interno para algo puro, sei
que o exercito, me encomendou parte, mas isto não falo se não com
meu contato lá, sei que parte fica em Poa, mas acredito que dê para

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mostrar uma rota alternativa para eles, usar um acaso para ganhar
dinheiro e os fazer entregar mais.
— Sabe que não gosto de coisas tão abertas.
— Todos que nos olham a exceção do Paulão, não entendem
uma única palavra que estamos falando Fernandes.
— E quem é Paulão?
— O dono deste bar, que nos olha intrigado, pois ele não me
conhece, como saberia seu nome, e que ele sabe inglês.
— É da inteligência, ou algo assim, não entendi ainda, mas é
bom saber que mesmo parecendo inofensivo, que veiculo é aquele.
— Uma Brasília, mas aquela está bem judiada, não preciso de
gente olhando meu carro e achando que posso pagar mais.
— E quer montar um esquema para o que exatamente?
Joaquim olha para o proprietário e pergunta.
— Consegue uma folha de caderno e uma caneta?
O senhor olha desconfiado e alcança a caneta e pega uma
folha de um bloco de anotações.
Joaquim olha o bloco e apenas traça um traço e fala.
— Temos um contato em Miami, um em Roterdã e um em
Marselha, compradores de moveis tipo exportação, com recheio.
— Com recheio?
— Sim, com recheio.
— E eles comprariam?
— A ideia, é montar uma estrutura, quando ela estiver pronta,
a carga chegou, acionamos os compradores, eles pagaram, a carga
sai.
— Ninguém paga assim.
— Acho que não entendeu, não quero saber como era antes,
se não querem, não mandamos, outro compra.
— Eles vão odiar isto.
— Eu não me preocupo com o que eles querem, e se vai
relatar ao Host isto, mudo o esquema Fernandes, é entre nós, não
ente a CIA e nós.
— E se ele perguntar.
— Não saiu daqui.
— Ele vai desconfiar.

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— Ele não conhece este país, temos um porto bom para
entrar porcarias em cada estado litorâneo, os para o interior, tem
entrada por estradas em divisas incontroláveis.
— Certo, não quer ele atrapalhando.
— Fernandes, uma pergunta seria, se já falou com alguém de
Cali pessoalmente?
— Não ainda.
— Acha que eles sabem o tamanho do mercado brasileiro?
— Eles olham apenas os Americanos.
— Este é o problema, para cada carga paga lá, eles perdem 12
ou 13 cargas, se eu conseguir algo com menos desvios e apreensões
aqui, eu consigo ganhar mais aqui que eles lá.
— E não vai chamar atenção.
— Eles acham que o mercado não vale o esforço, e se eles
olharem muito, vão querer tomar o mercado.
— E não os quer por aqui.
— Eu gosto deste país, e resolvi tentar por aqui primeiro.
Joaquim pediu uma cerveja a mais, o rapaz não bebia, mas
era evidente para Joaquim que ele tinha mangas compridas, em um
calor infernal de Santos, ou estava acostumado, ou como muitos,
escondia os braços picados.
Joaquim olha para Paulão e pergunta.
— Carlos Matos não perguntou por ninguém hoje?
— Ele quer vender, tenho de pensar onde vou.
— Sabe que ele ainda não fechou a venda.
— E quem vai comprar?
Joaquim sorriu e olhou para Paulão e falou em português.
— Se topar uma sociedade, nós.
— Mas não tenho dinheiro.
— Sei que parece difícil, mas a pergunta, teria interesse de ter
um sócio, em um investimento na região.
— Não entendeu.
— Paulão, a proposta é simples, eu a fiz, e temos 8 anos para
pagar, mas preciso de alguém que toque, que esteja aqui, que me
avise se estiver algo errado.
— Mas o que vai comprar?

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— A quadra, o que mais.
Paulão olha para ele desconfiado e pergunta.
— Mas e os demais?
— O miolo está vazio, é o que usaremos com a entrada pela
João Pessoa, o resto, vais administrar e controlar, ainda não temos
uma imobiliária para cuidar disto para gente.
— Está falando serio?
— Sim, estou falando serio.
Fernandes olha para Joaquim.
— Vais comprar uma quadra histórica?
— Fernandes, pensa, preciso de gente que saiba conversar
em varias línguas aqui, e em inglês para fora, minha aposta neste
negocio, é você no contato, Paulão na estrutura física, e gente que
nem sabe o que estão embalando, colocando em embalagens de
envio, sei que teremos de mudar as táticas, os portos, mas cada
envio, vamos estabelecer metas, e a principal é apenas uma.
— Qual?
— O mínimo de perdas possível.
— Acha que consegue?
— Fernandes, não vou dizer que nas conversas, não fale que
tem as dificuldades e as perdas, pois preço é dificuldade, sabe disto.
— De onde lhe desenterraram? – Fernandes.
— DOPS.
Fernandes recua e Joaquim sorri.
Joaquim olha para Paulão e fala.
— Mas tem de melhorar estes salgados.
Paulão sorriu e perguntou.
— E os casarões abandonados.
— Eu estou com um prospecto de obras, mas elas vão
acontecer com as entradas de capital, e a cada entrada, um novo
negocio se desenvolvendo nesta nossa primeira quadra.
— E vai querer ter muitas.
— Eu gosto de acumular Paulão, tenho calma para por no
papel, mas se achar que tenho recursos e a ideia é boa, eu a levanto,
nem que com as próprias mãos.

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Joaquim olha o senhor entrar pela porta, olhar para Paulão e
perguntar.
— Sabe de algo Paulão?
Paulão olha para Carlos Matos e fala.
— Este é Joaquim, ele estava me explicando que fez uma
proposta de compra do terreno.
Carlos olha para Joaquim, o jeito simples o fez duvidar.
— Você?
— Quer que coloque terno e gravata?
— Mas tem recursos para isto?
— Depositei os 6 primeiros meses adiantados, sabe disto
Carlos, e pretendo os antecipar a cada bom negocio que fizer.
— Então quer terminar de pagar antes dos 8 anos.
— Sim, mas a pergunta, como está os inquilinos, como estão
os contratos?
— Já falando com Paulão.
— Vou falar com cada um deles, sabe quais imobiliárias estão
os demais contratos de locação?
— Pelo menos 3 imobiliárias.
— Acha Carlos, que consegue os convencer a renovar seus
alugueis, com pequeno adendo de preço e permissão que
reformemos as partes internas, já que vejo que eles usam apenas a
parte baixa, qualquer hora um prédio destes desaba.
— Quer eles ainda no lugar, não entendi.
— Sei que não, mas acredita que eles teriam interesse.
— Falo com eles, pensando em conseguir pagar com parte
dos recebíveis atuais?
— Não, investir em segurança com os atuais recebíveis, e
manter os prédios históricos de pé.
— E o que fará na parte interna?
— Tenho um protótipo de fabrica de moveis de luxo, tenho
compradores na Europa, moveis bem específicos, mas não preciso
da parte externa do terreno, apenas da interna.
— Vai então gerar empregos no local.
— Com certeza.
O senhor sorriu, alguém que vinha com recursos e pergunta.

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— E já tem alguma empresa.
— Somente na noite, nada de especial, mas sou concursado
do BB, e tenho bares e casas de show em Curitiba.
— E está vindo para Santos, pelo jeito vai querer investir nisto
também.
— Primeiro fechamos o contrato, depois tenho de fazer a
analise histórica, sei que não posso derrubar nada, e depois de fixar
as paredes históricas, vamos começar a pensar em negócios.
O senhor trouxe os papeis, Joaquim leu com calma, olha para
o senhor sair sorrindo e Paulão perguntou.
— Vai mesmo investir pesado aqui.
— Como disse, para Fernandes, e ouviu, temos algo para
entregar, com calma, mas com segurança e descrição na Europa, o
produto sairá daqui, mas a empresa que vai entregar isto, fica em
Cubatão, num terreno que tenho lá, que serve apenas para levantar
os documentos de Exportação.
— E vai usar laranjas?
— Sim, mas isto, vou fazer com calma, mas Paulão, quer
continuar aqui?
— Vai reformar o fundo?
— O fundo e os pisos que você não usa.
— Quer mesmo salvar o prédio?
— Sim, mas quando reformar, inevitavelmente, vamos acabar
criando um bar mais ao estilo que a quadra vai começar a ficar, e se
tudo der errado, pelo menos teremos o terreno.
— E vai começar quando?
— Ainda pensando e estruturando.
— Pensando? – Fernandes.
— Pensando.
Joaquim não abriria tudo que pretendia, estava avançando
rápido, mesmo com todos falando em crise.
Joaquim olha Fernandes e pergunta.
— Tem como dar segurança e garantir comunicação?
— Sim, pensei que pediria estrutura, mas pelo que entendi,
quer ser a estrutura.

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— Sim, pelo jeito, teremos problemas com policia, mas tenta
manter a calma, e as pessoas focadas no que vamos fazer.
— O que vamos fazer?
— Vamos criar aqui em Santos o maior ponto ilegal de saída
de Cocaína para a Europa, vamos atravessar nossos fornecedores.
— Você é maluco.
— Sim, mas ainda não tenho o plano completo, e quando o
tiver, todos que estiverem para dentro, vão crescer, não quero
gente inerte Fernandes, e lembra, Host fora disto.
— Conhece ele de onde?
— Melhor não lhe meter em encrenca, com informação de
mais.
Joaquim sorri, se despede e sai com sua Brasília Verde, no
sentido de Praia Grande.
Ele para a beira de um fim de rua e olha aquele terreno,
pensar que ninguém dava o mínimo valor para aquele terreno, olha
que era mato para todo lado, e viu o senhor a frente tirar a placa de
vende-se e olha para o rapaz.
— Se ia comprar, chegou tarde.
— Deve ser Rogerio Silva.
— Sim, me conhece.
— Estou tentando passar desapercebido, mas o novo
proprietário parece que vem esta semana para olhar, acho que ele
não vai acreditar na bomba que comprou.
— Não fala besteira, este é um terreno ótimo.
— E garanto que o dono antigo está sorrindo de ter se livrado
disto.
— E quem é você.
— Rogerio, ainda vamos nos conhecer, hoje apenas olhando.
— Conhece o comprador.
— Eu sou o comprador.
— Fala sério. – O senhor olhando a Brasília.
— Sim, eu falo serio, mas cheguei tarde na cidade, não deu
para passar lá para assinar ainda, agora vamos ter de dar uma
semana a mais.
— Porque não fica para segunda.

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— Tenho uma reunião importante no Banco do Brasil, não
posso faltar.
— Vai conseguir um empréstimo?
— Não, eu trabalho lá.
O senhor olha para Joaquim como se não acreditasse.
— Pelo jeito não tem o dinheiro ainda.
— Tenho, mas aquela obra na 116 me fez chegar muito tarde
a cidade.
— E vai firmar isto quando?
— Quando vocês quiserem, eu sei que perdi a hora, mas sei
que vou ganhar dinheiro com este terreno.
— Não estava falando mal dele.
— Hoje estou, em 5 anos, acredito que eu esteja rindo.
— Investimento a longo prazo, sabe que esta região pode vir
a ser transformada em reserva ou ser invadida.
— Sei, mas com calma apareço no escritório, vou tenta uma
vinda rápida durante a semana.
—E o que pretende neste terreno grande mais pessimamente
localizado.
— Eu tenho um problema de investimentos, e digamos que
vou começar a colocar dinheiro em Terras.
— E não pretende falar.
— Acho que posso ter feito um péssimo investimento.
— E vai mesmo comprar o terreno?
— A garantia de 40% já está na conta, agora só preciso
conseguir vir e colocar o resto na conta com a transferência dos
recursos.
— E vai onde?
— Ver um terreno que comprei a beira da 101.
— Qual?
— Uma quadra na Guilhermina para cima da Presidente
Kennedy.
— Outro terreno grande, mas aquele deve ter utilidade antes
deste.
— Com certeza.

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Joaquim saiu, o senhor olha o rapaz, algo estava mudando,
mas a comissão deste venda, lhe garantia no meio da crise, sem
vendas, um bom dinheiro no bolso.
Joaquim olha o senhor a olhar em volta, o parar daquela
Brasília sempre era decepcionante.
— Senhor Ricardo?
— Vai dizer que é o senhor Joaquim Moreira?
— Sim.
— Olha que esta Brasília já foi o carro do ano, mas com o Gol,
estão caindo aos pedaços, mas esta dai sofreu.
— Nem imagina quanto, mas e dai, faremos negocio?
— Sabe as taxas?
— Sim, mas pretendo deixar assinado a compra, os cheques
de garantia, e volto semana que vem.
— O que vai construir aqui.
— Acho que esta pergunta ainda está difícil de responder.
— Mas vai construir?
— Tenho de aprovar os projetos, isto as vezes é mais
demorado do que o normal.
— Algo especial?
— Algo para funcionar no verão, então ainda tenho um
tempo.
— Não entendi.
Joaquim não explicaria, no capo daquela Brasília, continua a
torrar as reservas de Cezinha, sabia que estava apostando alto, se
parasse, poderia se perder nos custos.
Para em uma pousada na beira da BR101 e descansa, estava
cansado e fora melhor do que pensara.
Mas ele sabia que teria de dormir um pouco, e estava
disposto a estourar tudo.
Era por volta das seis da manhã, quando ele volta pela
estrada, entra em São Vicente, estaciona sua Brasília em uma
entrada de viela, olha em volta, tudo muito primário, ele olha para a
viela e pergunta para um menino na entrada se conhecia a senhora
Raquel, o menino olha para ele desconfiado e aponta para a viela e
fala.

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— Uns 100 metros, pega a direita, na venda do Roberval.
Joaquim olha para os rapazes ao longe, um o encara, ele não
encarou, ele não queria problemas, ele tinha telefonado para uma
moça, ele queria saber como alguns estavam, ele chega a invasão
beira baia, aquilo lembrava muito algumas favelas de Ruanda, mas
andar 100 metros para dentro da baia sobre estruturas fixadas em
um antigo mangue, casas pequenas e inacabadas, todas de madeira,
pobreza por todos os lados, poucos falam destas favelas em São
Vicente, as maiores favelas em palafitas do Brasil, caminha e olha
que tinha uma vendinha de doces, mas a forma que o rapaz olhou
para ele, estabelecia que não era apenas um vendedor de balas,
caminha mais um pouco e ele bate a uma casa e uma moça o olha.
— Moreira em pessoa, o que aconteceu?
— Como está Raquel?
— Perdi o marido nesta perseguição de revoltosos, e nem
uma casa me sobrou, e você como está?
— Começando a me levantar, mas estou reformando um
terreno em Praia Grande, deve ficar pronto em dois meses a
primeira casa, vim lhe convidar a morar lá.
— Seu?
— Ainda não, mas vai ser.
— O que pretende fazer lá?
— Uma Danceteria de Temporada, onde contratamos bandas
na capital e estas agitam as noites pré programadas da temporada.
— E me quer lá?
— Acho que o Tenente Reis gostaria de a ver melhor Raquel.
— Sabe que esperei de muitos a ajuda, e vem bem de quem
pensei que nunca viria.
Joaquim sorriu e falou.
— Eu mando recado, e qualquer problema, me avisa.
— Sabe que com duas crianças, um lugar melhor é sempre
mais indicado.
Raquel viu que Joaquim esticou um cartão e fala.
— Sei que muitos nos odeiam nestes lugares, mas se
perguntarem, vim verificar uma obra, mas que não sou bom em
madeira, pensei que era em alvenaria.

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— Pelo jeito sabe que eles não confiam nem nos parentes.
— Eu não confio nos parentes Raquel, eu confiava em Reis, e
nem sei como ele morreu, estou fora a mais de 4 anos, e parece que
as atrocidades ainda vivem dentro de mim.
— Ele achava que estava fazendo o certo, mas quando ele
morreu, nos mandaram procurar um lugar para viver, mas é difícil
juntar dinheiro com esta inflação, eles pagam certo, mas para quem
viveu de quartel a quartel, nem tivemos para onde fugir.
— Aparece lá, e entenda, é uma ajuda, não tem nada além
disto Raquel, apenas quero ajudar os poucos que puder.
— E algum problema lá?
— Problemas normais no Brasil, ser assaltado, ser roubado,
mas acredito que aconteça em quase todos os lugares.
A senhora viu ele se despedir e sair.
Joaquim sorriu, se despediu, estava a sair, olha para os
rapazes vindo, não encarou, parou como se os fosse deixar passar,
não era sua região.
Um rapaz grande veio a frente e o encostou na parede,
Joaquim estava desarmado e falou.
— O que veio fazer aqui rapaz.
Joaquim olha para as mãos e fala.
— Pensei que tinha uma obra para mim, mas não domino
madeira como o faço em alvenaria.
— Quer que acredite que és pedreiro?
— Sou pedreiro, precisa de algo?
O rapaz sorriu e encostou Joaquim a parede, e fala.
— Acho que é muito raquítico para ser um bom pedreiro.
— Não quero confusão rapaz.
— Sabe que entrou sem pedir.
— E para quem deveria pedir, para os proprietários, ou para a
prefeitura? – Joaquim para provocar, estava encostado a parede
com o rapaz segurando sua camisa.
Joaquim evitava encarar os demais, mas o rapaz a sua frente
tinha uns 10 centímetros a mais do que ele, parecia forte,
provavelmente estivador pela força.
— Para quem manda.

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— E onde este senhor está? – Joaquim sabia que estava
provocando e o rapaz viu que ele o fez pensando, sabia pelo “e” que
ele não era dali, mas a placa do carro já dissera isto.
— Se acha engraçado?
Joaquim segura a mão do senhor que segurava a sua camisa e
aperta ela, o rapaz deixou o polegar para cima, e Joaquim o inverte
e o rapaz solta sua camisa e começa a entortar para traz, o rapaz
tentou lhe dar um soco com a outra mão, ele apenas desviou e
empurrou o senhor para trás e fala.
— Se não sabe para quem eu deveria pedir, porque me
perturba rapaz, não quero confusão.
— Acha que sai vivo se me desafiar?
— Para que morrer por alguém como eu rapaz?
Os demais estavam com armas brancas, Joaquim sorriu e
apenas puxa a arma a perna e fala.
— Certo, querem encrenca.
O rapaz ficou nervoso e recuou, um foi pegar a arma e o
primeiro tiro jogou a arma do rapaz longe.
— O que fiz para me querer mal rapaz.
— É branco.
— Não tenho culpa disto, nem o seu amigo ai atrás.
— Está armado em minha região.
— Sua, acorda, isto é um lixo, quer isto para viver?
— Chamou minha casa de que?
Joaquim sorriu, o rapaz queria problemas e ele fala.
— Esqueço que tem gente que não tem como discutir, é
impossível.
Outro puxa uma arma e o tiro foi na cabeça, e todos olham
assustados e fala.
— Tenho ainda 5 tiros, vocês são 4, se não querem conversar,
não querem me deixar sair vivo, que solução me dão?
O rapaz imenso a frente olha para o amigo morto e fala.
— Não somos covardes.
— Burros então?
O rapaz avançou, caíram tão rápido que não foi legal, mas
Joaquim sai pela viela, via gente vindo da rua do fundo, entrou na

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Brasília e no lugar de sair, vai a uma venda mais a frente, pega duas
pistolas, 4 carregadores, põem as costas e nos bolsos, o grupo olha
para o rapaz, parando mais a frente e pede uma cerveja, paga e
senta-se a rua, serve o copo de geleia com a cerveja gelada e olha
os demais ao fundo.
Joaquim olha o grupo chegando e o dono do bar fala.
— Vou fechar.
Joaquim paga o casco e fica para fora, encostado em uma
mureta, a cerveja estava boa, o calor indicava que dava para tomar
mais uma.
Um rapaz chega a frente, Joaquim olhava eles chegando pelos
dois lados, olha para cada um deles, vir a frente.
— Pelo jeito quer morrer.
— Quero paz, mas você que manda aqui?
— Não queremos você aqui.
— Bateram em todos antes deles se instalarem, ou somente
agora, depois de erguido, chegaram.
— Acho que não entendeu, o chefe tá chegando ai, ele não
vai gostar de saber que matou 5 dos nossos.
— Certo, então se matar mais – Joaquim olha em volta – 22
ele vai achar pior ou melhor?
— Acho que está querendo morrer mesmo. – Fala o rapaz
olhando os demais.
— Para vocês, Quinzinho.
— E veio fazer oque aqui?
— Já deve saber isto, ou seu chefe deve estar precisando de
alguém mais informado.
— O que queria lá.
— Não achei, descobri que um desafeto já morreu, apenas
isto.
— Desafeto?
— Um Tenente do Exercito.
— Ninguém mata milico.
— Ninguém narra isto, pois ele morreu, e não fui eu, então
alguém o matou.
Joaquim via que estavam se posicionando e fala.

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— Se querem morrer, destravem as armas.
O rapaz a frente olha para trás, sabia que 5 rapazes tinham de
vingar, mas se o fizessem e o patrão não quisesse, era outro
problema.
Um carro entra na viela oposta e passa pelo pessoal e
Joaquim viu o senhor saindo, um rapaz branco, barba de
revolucionário, olha para o rapaz e fala.
— Deve ser quem manda aqui.
— Matou dos meus, o que faz aqui ainda?
— Não era para matar ninguém, mas se não se pode visitar
alguém e seus meninos querem bater, não tenho pena de animal
senhor.
— Minha região.
— Então venha morar nela, pois viver na cidade vizinha e se
dizer dono do lugar, é para covardes.
O senhor fez sinal e dois tentaram puxar a arma, e Joaquim
puxou as duas, dois corpos ao chão e um senhor assustado, vendo o
grupo de pessoas armadas caírem.
— Quem quer mudar de lado, aceito ajuda, pois Fidel cai hoje.
O senhor olha assustado, o rapaz que estava ao lado do
senhor olha para ele.
— Matem o desgraçado.
Joaquim atira nas pernas do senhor, que caiu de joelho, e
olha para o rapaz, ele estava com as duas armas na mão e tinha
mais de 8 pessoas a mais mortas.
Joaquim avançou e encostou as costas em um poste de
madeira da região, os fios tendendo na rua, mas evitava um tiro
pelas costas, embora tirasse a visão dos demais.
— Estão esperando oque para correr?
Joaquim deu dois tiros para cima, e o pessoal começa a
recuar, alguns ao fundo se armam, mas os tiros os pegam rápido, e
o rapaz a rua olhava assustado e fala.
— Mas se o trairmos o irmão dele nos mata.
— Este é o próximo.
— Mas...

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— Corre, e se tiver algo estranho aqui, eu volto, e tiro um por
um de vocês dos buracos que se escondem.
Joaquim aciona o porta malas do opala que o senhor veio,
joga no porta malas os mortos, coloca nos bancos, e pega gasolina e
derrama sobre os corpos e coloca fogo, ergue o senhor, põem na
Brasília dá a partida e sai dali.
Joaquim chega na pequena casa no terreno imenso em Praia
Grande, o senhor estava sangrando nas pernas, ele rasga a calça, ele
estava ficando branco, joga álcool, depois passa uma fita em cada
local que sangrava.
Ele põem ele ao chão, o mato alto não deixava ninguém ver
eles ali, ele cava um buraco e coloca o senhor ali nu, somente a
cabeça de fora e olha os documentos dele.
— Sabe que gosto de seu nome Joaquim, mas a pergunta, vai
me dar os dados que preciso, ou vai morrer ai.
O senhor estava assustado, e fala.
— Não pode me matar.
— Posso, mas se o quisesse morto, estaria, mas preciso de
informações, referente a sua conta bancaria.
— Quer dinheiro?
— Quero, todos querem, quero patrimônio, e vai me dizer o
que poderia me agradar na cidade.
O senhor foi aos poucos, sabendo que o senhor a sua frente
queria o que ele acumulara, não era um trocado, ele não parecia
querer o tirar dali, ele queria informação.
Era meio dia, quando Joaquim saiu dali deixando o senhor
enterrando, no sentido de Santos, ele entra em um terreno no cais,
ele se armou e saiu do carro, foi um festival de tiros, ele carrega
duas carretas e estaciona 3 quadras a frente, no meio do terreno
que comprara, tira as placas, e cobre os mesmos.
Não era 4 horas, e o senhor Joaquim estava vendo seu irmão
João, ser enterrado até o pescoço ao seu lado.
Na Brasília, tinha dinheiro, drogas, armas, e documentos que
ele pegou no cais, junto ao escritório dos dois, ele escolheu um alvo,
ele iria tomar o alvo, e não era porque tinham patrimônio, mas
eram os que não tinham descendentes legais no país, ele olha os

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
dois, ele sabia que teria de sair até as 9 da noite, seria uma noite
dirigindo para estar em Curitiba na manha seguinte.
Ele começa pela frase.
— Os dois tem a chance de responder as perguntas
diretamente, ou não, mas ai, torçam para alguém os achar aqui,
durante a semana, pois sem a sorte, vão morrer enterrados.
— Mas o que quer?
Joaquim os passou por um interrogatório de duas horas, após
as duas horas, os deu agua, depois os fez comer enterrados, e fixou
4 estacas no chão, colocou 4 telhas a volta, e uma sobre eles, e os
deixou ali.
Ele pega uns sacos de lixo, e coloca as coisas que tirou do
escritório neles, os fecha, coloca em outros dois sacos, e enterra
eles.
Olha as armas, as deixa ali, e olha em volta, mato alto,
caminha saindo no sentido da avenida.
Chega a Brasília, recoloca as placas e sobe a serra.
Enquanto que no Cais 8 a policia dava uma batida e via as
mortes, os estragos e todo aquele pessoal morto em meio a maior
apreensão de drogas que eles fizeram na cidade.
O delegado chega a região e fala.
— Onde estão as armas?
— Não tem armas senhor.
— Alguém não queria a droga, mas dizem que eles iriam
desembarcar para o exercito uma quantidade de armas.
— Fecha as estradas, alguém vai querer levar isto, para algum
lugar, o exercito vai odiar isto.
— Verificamos.
— Os irmãos Jones estão onde?
— Estão falando que Fidel foi a uma favela em São Vicente e
não voltou, o irmão estava armando o seu pessoal para entrar lá.
— Com quem eles mexeram?
— Não sabemos, os relatos parecem fantasiosos, ou de
pessoas com medo de falar.
— Medo?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Alguém capaz de dar fim nos irmãos Jones, em uma tarde,
tem muita gente se perguntando quem.
— Os tiros?
— Uma precisão que assusta, quem entrou não veio para
deixar testemunhas, e realmente, não temos testemunha viva.
— Alguém deve ter visto algo estranho, me levantem os
dados. Me achem algo, já chega à pressão do exercito, deixem a
imprensa sem dados.
— Vamos verificar.
A imprensa ao longe, tentava algo, os vizinhos falam que
ouviram os tiros, mas que viram apenas duas carretas saírem e
depois uma Brasília Verde, caindo aos pedaços.
Joaquim é parado em uma barreira mais a frente, ele entrega
os documentos, o rapaz olha ele e pergunta.
— O que lhe leva ao sul.
— Moro em Curitiba, fui acertar uma compra de imóvel em
Santos, os documentos estão no painel, e amanha tenho de ir ao
trabalho.
Os rapazes o liberam e um fala.
— O rapaz poderia ser um suspeito.
— Ele tinha algo no carro de comprometedor.
— Não, os documentos em dia, em um carro caindo aos
pedaços, verde, Brasília.
— Relata, mas algo a mais?
— Olhei os dados, ele comprou um terreno em Santos, quer
dizer, fez uma proposta de compra.
— Onde?
— Paquetá.
— Relata, pegou o nome?
— Sim.
Joaquim chega em casa era perto das 5 da manha, põem o
relógio para despertar, toma um banho e quando o mesmo
desperta a sensação de que não tinha dormido ainda.
Veste o terno, ele se olha ao espelho e sorri, ele não
combinava com terno e gravata, mas era uma exigência.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Ele toma um café forte e chega a mais uma semana de
preparação, talvez sua cara de pouco sono fez alguns sorrirem, pela
primeira vez ele estava em um terno, e era evidente que os demais
torraram dinheiro com isto, ele, apenas comprou um.
Aulas sobre assuntos que ele já dominava, em meio a uma
noite mal dormida, deu sono.
Joaquim se manteve no café forte.
Quando estavam dispensando o senhor a frente fala.
— Problemas?
— Familiares foram em casa para me parabenizar, devo ter
comido algo que não caiu bem, noite inteira entre cama e banheiro,
isto acaba com a gente.
— Acontece, mas pensou sobre a proposta?
— Preferia uma agencia, mas posso até ajudar aqui e lá.
— Não sei se lhe permitiriam.
— Senhor, se for para escolher um lugar, tenho de saber
exatamente o oferecido.
— Certo, verifico exatamente, mas dorme que está horrível.
— Acho que tenho problemas com a expectativa, quando
começar as coisas melhoram.
Os dois foram para a parte interna e Joaquim passou o
comprovante de aprovação, que estava na lista dos formandos do
ano, e o senhor sorriu.
— Sabe que um economista faz diferença, eles lhe avaliam
pela aparência, mas parece saber o que quer.
— Sei que a maioria acha que o banco é o caminho senhor,
mas eu tenho uma empresa, e sei que ela me gera mais que o banco,
mas no país que temos, algo estável é algo que precisamos na vida.
— Tem pró-labore?
— Sim, pró-labore dolarizado em 2 mil dólares mês, ainda
pouco, mas sei que posso demorar 10 anos para chegar a isto no
banco.
— E anda de Brasília Amassada?
— Sim, pois ela me gerava minha segunda renda, eu me
formei, levantando muros com as mãos senhor.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Não tem medo do trabalho, admiro isto, estamos
geralmente com gente que sempre foi de classe média.
— Falar nisto, tenho de acabar meu ultimo serviço do gênero,
obra que comecei antes de saber que viria ao banco.
— E vai para lá?
— Duas horas termino lá, dai presença na faculdade, e por
fim, cama.
— Seus dias são longos, aproveita que está no caminho certo
rapaz.
— Mas verifica quais as propostas.
— Verifico.
Joaquim vai a casa no Jardim Social.
A empregada que sempre o atendia, demora a achar ele no
terno, ele foi ao fundo e trocou de roupa, e vai a região da obra,
começa a tirar a armação de estrutura e quando o senhor Roberto
viu, ele estava colocando o ultimo acabamento, achou que o rapaz
havia abandonado a obra, e chegou a ele.
— Pensei que havia o abandonado.
— Quase, tive uma conquista que tive de priorizar.
— Problemas?
— Não, é que virei bancário, e tive de verificar minha
documentação para isto.
— Bancário?
— Concursado Banco do Brasil.
— Perdi um bom pedreiro então?
— Isto ainda me gera mais dinheiro do que Escriturário, mas
lá terei estabilidade, isto me interessa.
O senhor sorriu, acertou o fim da obra e Joaquim foi a
faculdade, subiu direto, se tomasse uma cerveja, dormiria na aula.
Joaquim passa nas obras depois da faculdade, madrugada, é
parado em uma blitz do exercito, e reviram o carro.
Joaquim olha a forma que olharam os documentos, eles
queriam algo, mas aquele rapaz, com crachá do BB, em um terno e
gravata, com documentos todos em dia, não parecia algo que lhes
fosse ameaça.
Chega em casa, um outro banho e cama.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Amanhecia terça, e ele olha o pager, olha a sua roupa, a veste
e olha para fora, a rua parada, dois carros do exercito, e sai pela
porta, viu armas apontarem para ele e ouviu um senhor.
— Mãos na cabeça.
Joaquim esticou as mãos para cima, olha para o senhor ao
megafone e não falou nada.
Dois rapazes chegam a ele apontando as armas, e o
imobilizam ao chão.
Ele é levado ao quartel do Boqueirão.
O senhor a frente olha os documentos de Joaquim e fala.
— Sabemos o que fez?
— Então me informe general, o que vão jogar nas minhas
costas.
— Você provocou mortes ontem em Santos.
— Eu?
— Temos testemunhas que o viram lá.
— Estive lá, mas isto não me transforma em alguém que
matou alguém.
— O que foi fazer em Santos?
— Comprar um imóvel.
— Vai mudar para Santos?
— Ainda não.
— O que tem feito Sargento Moreira. – Alguém a porta.
Joaquim não olhou, e apenas falou.
— Deixei de ser Sargento a mais de 5 anos senhor.
— Nunca entendi sua expulsão do Exercito.
— Regras de campo, nunca se apaixone pela mulher errada.
— Se envolveu com a resistência?
— Não, com a filha de um general.
— Mas todos dizem que você estourou uma remessa da CIA
de armas que eram para nossos agentes.
— Estou com alguma arma senhor?
— Não, eles estão revirando a casa, mas não tem armas lá.
— Aquele lugar até pode ter armas senhor, mas estou apenas
dormindo lá.
— Estamos de olho.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Sei que estão, alguém metralhou minha mãe numa cadeira
de rodas e ninguém viu nada.
O general viu que Moreira não era de recuar, mandar ele para
tortura era gerar apenas uma perda de tempo, o senhor confirmou
se Moreira ainda era reserva ativa, e a confirmação estabelecia que
ele estava ainda sobre as sombras do exercito, mesmo expulso.
— Se for matar alguém, discrição Sargento Moreira.
Foi provocação, pois se ele ainda tinha porte de arma e era
reserva ativa, ele ainda era Sargento do Exercito, mesmo que sem
salario e ganhos.
— Discrição nunca foi meu maior mérito senhor.
— Se estabeleceu bem no meio de uma das favelas mais
violentas da cidade.
— Comparada ao Morro do Alemão no Rio, aquilo é jardim de
infância, e o Morro do Alemão, é criança de colo comparada as
favelas em Ruanda senhor.
— Dispensado.
Joaquim volta para casa, entra e foi passar o terno, odiava
aquilo, mas ele precisava.
Candido passa ali e pergunta.
— Problemas?
— Em Santos, não aqui.
— Certo, esqueço que não estava na cidade, mas acha que
consegue oque lá.
— Deposito, montagem e Cais para operação.
— E eles desconfiaram?
— Quando dois agentes duplos, CIA e Exercito Americano, de
origem Brasileira morrem, logico que eles olham.
— Certo, e porque eles morreram?
— Porque nós precisávamos do Cais deles, porque mais.
— E eles não sabem ainda?
— Sei que estou despertando fantasmas, mas não se mete,
deixa o pessoal longe.
— Os demais tem medo da policia local, imagina do exercito.
— Para o exercito, não se aponta uma arma, se não tiver
certeza que os vai derrubar a todos.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Acha que eles voltam?
— Candido, eu tenho de voltar ao Rio, mas acho que vou
fechar Porto Alegre antes.
— Certo, mas então este fim de semana foi produtivo?
— Foi, bem produtivo.
Joaquim se veste e vai ao banco, estava mais descansado e
com a adrenalina em alta e o senhor confirma que existia duas
vagas, um numa agencia na região do Cajuru, ou uma na região do
Alto da XV, Joaquim preferia o Cajuru, e o senhor não entendeu.
Ele também disse que poderia ter um contrato extra, para as
aulas e que eles poderiam lhe financiar uma pós.
Joaquim sabia que com o tempo, pensaria nisto, mas estava
querendo algo diferente, e o senhor marcou para a apresentação
inicial em dois dias, de todos, cada um em um lugar, e todos olham
para Joaquim sem entender, ele iria ao Cajuru, podendo ir ao alto
da XV, duas agencias que estavam preparando os candidatos
internos e externos para Gerencia.
Joaquim olha para as obras no fim do dia e marca com o
pessoal das imobiliárias para quarta, e em seu terno, chega ao
Quartel do Boqueirão.
O general estranhou e o olha a sala.
— Este não parece você Moreira.
— Avisando, por cordialidade, estarei amanha em Santos,
tenho de assinar uns documentos lá.
— O que vai fazer lá?
— Quer saber mesmo General?
— Sim.
— Manda duas carretas do exercito neste endereço.
— O que é isto?
— As armas, a CIA queria desviar para a Paraíba, financiar a
revolução para depois entrar com os soldadinhos em campo, em
nossas terras.
— E o que vai fazer lá?
— Assumir um cais que a CIA põem para dentro o que bem
entende, mas isto, fica entre nós general.
— E não vai falar nada.

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— Os irmãos fugiram, eles escaparam com apoio da CIA,
senão não teria porque ir para lá.
— Certo, mas o que falo aos demais?
— Nada, vai ao endereço, carrega e sai, acha mesmo que
alguém vai parar um caminhão do exercito e pedir nota?
O senhor sorriu.
— E viria de qualquer jeito.
— Senhor, como digo, estou fora, mas ninguém sai, entrei no
Banco do Brasil, e posso dizer que ainda prefiro a farda ao terno.
Joaquim saiu e um tenente entrou e perguntou.
— O que ele veio fazer aqui?
— Manda para Santos, dois caminhões para este endereço,
ordem, trazer o que tem lá, não falar com ninguém, e trazer para cá.
— Não entendi.
— Pelo que entendi, a CIA fez a operação, tiraram os irmãos
do país, e inventaram o roubo, eles venderam as armas para os
comunistas nos atacarem tenente, mas isto, não vamos por no
papel, mas traz para cá as armas.
— Sim senhor.
O senhor olha para Moreira sair, alguém que começara no
exercito naquela base, e fora ao mundo, assim como tinha gente
que odiava ele, tinha gente que ainda o respeitava lá dentro.
Moreira vai as obras, olha para Sandra fotografando as
meninas, e apenas observa, ele ficou pouco, estava dando tempo
para as coisas andarem, foi a Brasília, e dirige para Santos, era
madrugada quando ele chega em Santos, ele desenterrou o
primeiro senhor, e colocou papeis a sua frente, ele poderia assinar
ou não, mas era a escolha, coloca ele em outro buraco, e traz o
segundo irmão, aquela soma de 35 folhas em branco, davam a
Moreira a possibilidade de transferência do que ele queria. Tiros de
misericórdia e os termina de enterrar.
Ele desenterra um dos sacos, o que continha dinheiro, tirado
do cais no domingo, conta ele e separa.
Dorme na pousada a estrada e quando amanheceu, ele já
estava ao café, toma com calma e vai a Santos.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim dá ré em uma das carretas deixando ela a rua, oculta
a vista de todos e abre o caminho para os caminhões do exercito.
Ele olha eles chegando, ele queria discrição, mas exercito
nunca é discreto.
Ele olha os caminhões do Exercito estacionando, os mesmos
estacionam ao lado de uma das carretas e carregam os dois
caminhões, o tenente olha que eram armas americanas, e assim
como entraram saíram, sem falar muito, mas com todo
estardalhaço.
Era fim daquele manha quando ele chega a primeira
imobiliária, quando o senhor viu Joaquim num terno, parecia mais
propicio para o negocio, o senhor perguntou como iria ser o
pagamento da entrada e Joaquim abre a mala e o senhor viu que
era serio, ele estava em uma Brasília caindo aos pedaços e tinha em
dinheiro 6 vezes o valor de um carro novo.
Os recibos, o sorriso do proprietário de receber em dinheiro,
e com calma, faz a segunda operação e a terceira, era perto das
duas da tarde quando ele em seu terno chega a entrada do Cais 8,
olha para o rapaz na portaria e fala em inglês.
— Senhor Jonas por gentileza.
— Ele não se encontra.
— O responsável.
O senhor o acompanhou e Joaquim entra naquela sala, se via
as marcas de sangue ainda e olha um senhor olhando e lhe olha.
— Tenho esta determinação, não sei a quem me reportar.
O senhor olha a assinatura de um dos irmãos, para se
apresentar ali e fala.
— Tivemos um problema ontem, não sei se eles estão vivos.
— No que posso ajudar senhor.
A conversa em inglês, fazia o senhor se soltar mais, e
pergunta.
— O que fazia no país.
— Ainda faço senhor, vigio um traficante no Rio de Janeiro,
que ainda não temos o rosto, porte de exercito, mas sempre com
um capuz, eles o denominam de Alemão, mas estou nisto ainda. –
Fala Joaquim olhando o senhor.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— E qual a importância.
— Tomada de um ponto nosso de trafico em uma das favelas
do Rio, ele chegou, matou 38 pessoas da comunidade e tomou o
ponto, como se não tivesse feito nada, em questão de 42 minutos,
um ponto lucrativo, de boa visibilidade, caiu.
— E o que o senhor Joaquim queria com o senhor?
— Não entendi, ele disse que iria voltar, e queria que ficasse a
administrar por um tempo, mas ainda não entendi.
— Ele pretendia sair quando?
— Não tenho esta afirmação senhor, pois não falo com ele a 5
dias, quando ele me passou a informação, via a carta que está em
sua mão.
O senhor olha para o papel e fala.
— Host quer saber o que aconteceu aqui, mas esqueço que
ninguém neste lugar gosta do Host.
— Não entendi senhor.
— Vai dizer que pediu para vir para cá, seria uma anomalia.
— Senhor, fiz Cuba, Honduras e Guatemala, isto aqui é o
paraíso comparado aquilo.
O senhor olha para Joaquim.
— Os fantasmas de Host, aqueles que ele nega existir, vou
relatar que este lugar está com um fantasma, mas com certeza
mandarão alguém para verificar.
— Preciso saber o que fazer senhor.
— Usamos o Cais 8 e 9, para entradas de coisas no Brasil,
fornecemos para embaixadas e resistência, tem de entender, aqui
nada é escrito, chega com destino, ninguém sabe para onde antes e
nem depois.
— Olhamos os papeis ou nem isto?
— Nem isto.
— E todo este sangue?
— Algo aconteceu no fim de semana aqui, já tiramos
amostras, mas não temos nada ainda indicando algo.
— Mantenho a descrição ou tem moradia neste lugar.
— Tem moradia, vou alertar a embaixada, eles vão mandar
um motorista, mas terá de contratar a segurança.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Ok.
O senhor aperta sua mão e sai.
Ele olha as mãos e fala.
— Andou fazendo algo bruto.
Joaquim sorri e fala.
— Sim, eu enterro os meus problemas e cimento depois.
O senhor olha para o rapaz e fala.
— Bom saber.
O senhor sai pela porta e fala.
— Vamos mandar uma identificação nova, está com jeito de
Brasileiro com estes documentos.
— A ideia era esta.
O senhor viu que Joaquim não recuou e saiu, Joaquim
acompanha ele descer e olhar de cima, Joaquim olha em volta e
olha para o porto, dois cais, os barracões e sai a olhar.
Um rapaz chega ao seu lado e fala.
— É o novo administrador?
— Não, sou quem vai coordenar.
Joaquim sobe e liga pra o bar do Paulão que estranha o
telefone tocar.
— Uma coisa Paulão, Fernandes está ai ainda?
— Sim, tem um senhor conversando com ele a entrada.
— Um senhor com um terno cinza em um opala negro?
— Sim.
— Chama ele para mim.
Paulão olha para Fernandes e fala.
— Paulão, para você.
— Quem?
— Meu inglês não é tão bom assim.
John pede um momento e chega ao telefone.
— E dai Fernandes, como estão as coisas que combinamos.
—Quem?
— Joaquim, mas uma pergunta Fernandes, Kentucky está ai?
Fernandes olha para ele e fala.
— Mais a porta.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Diz para ele que fica de olho no rapaz novo que vai assumir
o porto.
— Mas não sei nada deste rapaz.
— Sei disto, mas assim que ele sair dai, dá um pulo aqui, e
conversamos.
— Aqui?
— Cais 8!
— Entendi certo? Você tomou o cais 8?
— Vamos tocar Fernandes, lembra da proposta.
— Certo, passo ai.
Fernandes sai a porta e fala.
— Falávamos do que mesmo Kentucky. – Fala Fernandes
deixando claro algo que não era claro, pois ele ouvira o nome a
segundos e o senhor lhe olha como se perguntando-se como ele
sabia quem ele era.
— Que os Jones deixaram uma carta para um dos nossos, que
veio do Rio, destes fantasmas do Host, e queria pedir para ficar de
olho nele.
— Está falando daquele com a Brasília Verde.
— “Brasília Verde”
— O carro, verde, caindo aos pedaços.
— Sim, este.
— Pedi para levantarem quem ele é, mas se é um Ghost, vai
ser difícil levantar.
— Acha que ele pode ser o que falou.
— Não sei o que ele falou, não falei com ele.
— Que o senhor Jones lhe passou uma carta, a li, a assinatura
era dele, pedindo para ele se apresentar aqui.
— Ele estava onde?
— Rio de Janeiro pelo que entendi.
— Fico de olho, algo mais?
— Cuida com ele, não gosto destes que fizeram parte de Cuba,
Honduras e Guatemala.
— Começo entender porque não gosta dos que acabaram
aqui, mas fico de olho nele. – Fernandes que se despede e pergunta
para Paulão.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— O que ele fez?
— O exercito tirou uma carga de armas do terreno, ele
passou ao exercito as armas, mas não entendi a ideia.
— Toda?
— Não sei, o que aconteceu?
— Pensa no improvável, ele assumiu diante da CIA o cais 8.
— Ele é americano?
— Não sei, juro que não sei.
Fernandes sai dali, pega seu carro e atravessa as 3 quadras
até a entrada do cais 8, o rapaz o deixa entrar e o mesmo viu que
tinha sangue para todo lado.
— O que aconteceu aqui.
— Não sei, mas estou me inteirando.
— Tem certeza que não sabe?
— Digamos que a melhor versão é que não sei de nada.
— E pretende usar o espaço?
— Cais 9, está lotado de coisas que deveriam ter ido as
embaixadas e os Jones ou não entregaram ou não queriam entregar,
pois pelo que entendi, Kentucky foi bem claro, não se olha os
documentos, apenas se entrega.
— Eles desviaram muita coisa?
— Pouca, mas mostra que o controle não funciona, eu gosto
de coisas que funcionam, não que ficam tudo apenas na sensação
de que funciona.
Joaquim havia ligado para uma empresa do porto, de limpeza,
e uma moça entra e fala.
— Senhor Joaquim?
— Sim.
— Empresa de Limpeza.
— Podem limpar tudo, a policia já liberou o lugar.
Joaquim olha para Fernandes e fala.
— Vamos caminhar.
Os dois caminham na beira do porto e chegam a entrada do
cais 9 e o senhor viu que estava cheio de caixas, de objetos, de
estruturas telefônicas e de comunicação.
— Uma pergunta Fernandes, quer voltar a Washington?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Ele sorri e fala.
— Sim, pelo jeito também quer.
— Sim, estava pegando os endereços nos arquivos, Jones
recebeu para colocar para funcionar, 20 sedes da CIA no país, não
sei a urgência, mas temos estrutura, temos os endereços e temos as
verbas, me ajudaria a montar isto.
— Acha que se mostrarmos eficiência, eles nos chamam de
volta.
— É uma das chances, ou podemos gostar de ficar por aqui,
mas gosto de lá.
— Certo, mas como faremos?
— Não tenho acesso a tudo, não tenho como fazer isto
pregado em uma vigília que nem eu entendo em Curitiba, que não
posso abrir ainda.
— Alguém especial?
— Alguém que Host tem medo, não entendi, é um fim de
mundo, mas ele parece ter medo de um senhor lá.
— Certo, e está onde lá?
— Enfiado em um Banco Estatal, logico que vamos acabar
usando isto para nos esquematizar.
— E precisa de que?
— Que consiga alguém de um cartório local, para
transferência de imóveis que estavam em nome de Jones, para que
comecemos a estruturar aqui.
— Vai transferir para quem.
—Laranjas da CIA, quem mais.
— Certo, mas como faríamos?
— Consegue se informar o que precisa, de preferencia sem o
estar no país do senhor.
— Certo, acha que conseguimos recuperar parte dos ativos da
CIA, isto eles gostam.
— Sim, mas não quer dizer que não queira me dar bem
também por outro lado.
— Outro lado?
— Venda de armas, drogas, e tudo que der dinheiro neste
país, temos de nos garantir.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— E porque me chamou aqui.
— Estou em uma missão, não posso assumir aqui, e soube
que lhe colocaram de lado nas missões locais.
— E me quer tocando aqui?
— Sim, alguém tem de controlar, mas vamos estabelecendo
as coisas, vou lhe passar os meus números em Curitiba, assim que
estiver instalado.
O senhor sorriu e falou.
— Kentucky vai ficar furioso em você me por aqui.
— Ele quer você me vigiando, mas sem lhe dar estrutura, bem
cômodo para ele.
— Chegou ontem a cidade, deve estar meio confuso.
— Deve ter se metido com a amante de Host, os dois sempre
a disputaram, mas não vou me meter nisto.
Fernandes olha o rapaz e pergunta.
— Pelo jeito esta pretendendo se instalar bem.
— Pretendo tomar esta nação para a CIA – Joaquim.
O rapaz sorriu e Joaquim soube que o rapaz não tinha noção
do que era aquela nação.
— E faremos oque com isto?
— Vou conseguir uma representação e vamos repassar. –
Joaquim viu que tinha nota de compra, estava com taxas zeradas de
impostos por ser compras para embaixadas e afins, e sorri.
— Covardia isto.
— Não entendi.
— Quando se compra um vinho Frances, a alíquota de
importação é de mais de 120%, mas como foram compradas por
regras de embaixada, foram compradas sem imposto.
— Está dizendo que podemos vender mais barato?
— Estou dizendo que se formos vender, depois de montadas
as estruturas, estaremos com algo que foi comprado bem abaixo do
preço normal.
— Certo, vai fazer oque?
— Contratar algumas coisas.
Fernandes viu que Joaquim não falaria tudo, mas ele ali, era
melhor que controlando pessoas ao cais.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim sai com aquela Brasília, ele sorri da simplicidade e o
quanto aquilo chamava atenção, mas entendeu, um marketing
invertido, ninguém procuraria dinheiro naquele veiculo.
Joaquim estacionou o carro a frente o bar do Paulão, pega a
chave da carreta e estaciona na parte interna novamente.
Ele olha para o local, olha em volta e chega ao bar de Paulão.
— E dai, vai topar a sociedade?
— Sociedade?
— Eu vou querer ter 30% do prédio e do bar, mas vamos o
reformar e você me paga 30% do liquido ao mês.
— Do liquido?
— Sim, mas este liquido vai ter como adendo, os alugueis
para cima, da parte que vamos reformar.
— E porque me daria isto?
— Não entendeu, eu não vou lhe dar, você vai trabalhar,
controlar e eu, por ter investido, vou ficar com 30%, até o dia que
eu ache que já tenho o investimento pago.
— E o gringo?
— Vai tocar o Cais 8.
— E você?
— Apenas vou observar, vamos com calma, mas vou passar
em uma construtora e pedir para construírem os barracões
internamente.
— Vai mesmo o fazer.
— Sim, e vou na mesma obra, pedir para trocar todo o
calçamento da quadra e o escorar do que pode cair, para que
reformemos.
— E a obra de reforma?
— Isto vemos com calma, mas tenho agora de ir, já fiz a
minha parte na cidade, mas qualquer coisa lhe ligo.
Joaquim passa em uma construtora, acerta os detalhes da
construção e um senhor pede um adiantamento, toda vez que
Joaquim abria aquela pasta, as pessoas sorriam.
Ele estava cansado, mas pega o carro e volta pela estrada, ele
estava em dois lugares, e quando chega em casa, tinha um carro do
exercito a frente.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim entra e o General Rosa sai do carro e olha para ele.
— Entre General.
— Soube que alguns em Brasília, que lhe odeiam, estão
falando em readmitir sua condição de Ativa.
— Entre General.
O senhor viu que a casa era confortável e pergunta.
— Vai negar.
— Apenas torpecei em um agente da CIA ao acaso em uma
favela de palafitas em São Vicente.
— E todo aquele sangue?
— Eles me cercaram na favela.
— Sangue na favela?
— De que sangue está falando General.
— Um no cais 8.
— Os Jones sempre foram escandalosos, saíram e queriam
ser dados como mortos.
— Algum motivo especial?
— Serem odiados por Host em Washington.
— Guerras internas e resolveu os tirar as armas.
— Falaram em Armas para o Araguaia.
— Entendi, armas para os opositores, entendi porque estão
gostando da operação.
— General, apenas achei que não dava para deixar onde
estava, e um general levou a serio o problema, e tirou de lá.
— E não iria colocar alguém que não conhecesse.
— Não foi isto, tiramos de lá, e eles nem sabem quem tirou,
este é o ponto, se alguém falar que foi o exercito, se nega.
— Certo, as armas nem deveriam estar lá.
— Armas de mão, de fácil uso, com muita munição senhor.
— E o que foi fazer lá?
— General, vou criar minha primeira empresa totalmente
minha a semana que vem, e pretendo que ela tenha sede em 20
locais, isto que fui fazer lá.
— Mas dizem que estava acalmando no Banco do Brasil.
— Aquilo é um tedio.
— E não se negou a ir para lá.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Senhor, pensa num dado, não oficial, mas se precisarem de
alguém para monitorar os gastos da CIA, falem, estarei lá e sei que
fazem todas as entradas pelo Banco do Brasil.
— Se colocando como essencial?
— Sim.
Joaquim fez um café e depois de poucas perguntas que
Joaquim não responde o senhor sai pela porta.
A entrada de Rita após, olhando desconfiada, fez ele
perguntar.
— E dai, está dentro ou fora?
—Dentro, mas não quero você perto de mim.
— E o que veio fazer aqui?
— Tinha de lhe falar pessoalmente o que decidi.
— Fala.
— Eu entendi que você não é alguém para se apaixonar,
entendi que aquilo é um comercio, mas não entendi a ideia que
falou que seria eu que faria.
— Sabe se expressar Rita?
— Pouco.
— Vamos conversar muito, e quero cada semana, lhe explicar
uma frase importante, e você tem de entender ela, em Inglês,
Frances, Espanhol, Alemão e Português.
— Porque disto?
— Crescer culturalmente, é essencial, e não imagina como é
bom saber algumas coisas.
— Mas qual a ideia?
— Vamos lá.
Rita viu que Joaquim trocou de camisa e deixou o paletó do
terno, mas mesmo assim, ele de sapato e calça social, era algo que
lhe dava mais altura e postura.
Os dois foram a sede a poucas quadras dali e Rita viu que o
lugar estava vazio, mas tinha fotos ali, como se tivessem secando,
ele pega as imagens mais infantis, menos vulgares e olha um porta
retratos no fundo e foi colocando as fotos e falou.
— Isto é um porta-retratos, mas vamos chamar isto de Livro
de Mudas, e você vai a reuniões com alguns senhores, eles sabem

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
do que vai tratar, mas esperam um adulto, e não uma menina, e
terá de saber como dizer não dizendo sim, no Livro não tem
nenhuma foto sua, mas precisamos de alguém fora, para parecer
que é algo planejado e quando ele olhar a foto, você vai falar o
preço de acordo com o que ele quiser.
— Mas sou ruim em cálculos.
— Toda vez que você achar que não sabe o preço, chute para
cima.
— Certo, mas e se não souber se é o suficiente para cima.
— Você vai sempre com um motorista, que vai estar lá como
seu segurança, ao longe, e qualquer coisa, pede para ele algo, que
ele me passa e lhe passo uma mensagem.
— Sei que não estará disponível sempre, soube que lhe
passaram muitas mensagens nestes últimos 3 dias e não respondeu.
— Vou mandar para cá, um caminhão de coisas, que depois
vou lhe explicar o preço do produto que temos ao local.
— Produtos?
— Sim, vinhos, champanhe, caviar, coisas que se come em
locais chiques.
— E vamos ter isto para os clientes?
— Tudo a parte, em preços específicos.
— E quer que estude por isto?
— Sim, não quero me enganar em um preço, e você achar
que lhe passei para traz, quero você calculando junto e recebendo o
justo.
Os dois sobem pela escada já pronta e a menina olha os
grandes quartos ajeitados e fala.
— Quartos lindos, vamos ter os nossos?
— Quero cada uma de vocês, comprando sua casa,
mobiliando sua casa, e sendo um diferencial Rita.
— Mas e se não acompanhar?
— Vai ate onde der, mas desistir antes de tudo, não dá.
— Vou tentar, mas vou também parar de fazer escândalo
bobo, vou lhe mostrar meu valor.
— Tem de entender Rita, tudo aqui dentro, é referente a
transferência de Renda.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim senta-se a uma sala ao canto, viu que entregaram
uma maquina de datilografia eletrônica, alguns fichários, todos com
gavetas grandes, Joaquim olha para o primeiro e vê que Marcia
estava criando arquivo das meninas, olha e pensa que teria de ter
algo mais reservado, a policia faria um escândalo com aquilo, mas
viu que era uma espécie de book mas em fichários, onde tinha
endereço, os documentos, as fotos, e os nomes.
Ele olha as autorizações, e que alguns pais tinham passado e
assinado os contratos de exclusividade, pega a ficha de Rita e olha
para os documentos e fala.
— Foi tão difícil?
— Não, mas pensei que seria.
— Rita, tem coisa que teremos de falar com calma, mas
Marcia esta organizando as garotas por pastas e datas, assim
sabemos quando temos de renovar os documentos.
— Não entendi tudo ainda.
— Se nem eu entendi, difícil que alguém o tenha, mas as
vezes, precisamos de algo estruturado, dai sabemos que dará certo.
— Você vai ficar por aqui?
— Não, tenho de dormir.
Rita sorriu, ele a deixou em casa e foi para sua casa, e dorme
mais uma vez.
Amanheceu e Joaquim olha a porta, calma, passa uma
mensagem para Candinho, que confirmou que as coisas estavam
bem, sabia que pelo cálculo, teria de começar a proteger o dinheiro,
era a hora que tudo ficava frágil.
Ele vai ao banco, primeiro dia numa agencia, o antigo gerente
o recebeu, um rapaz que estava a 12 anos ficou a olhar para
Joaquim como um concorrente, baixou os ombros, lhe dava uma
jeito desajeitado no Terno, sabia que as pessoas compram o que se
aparenta mesmo que os dados derem o contrario e ouviu.
— Estou quase me aposentando, e preciso de um sucessor, o
sistema quer estabelecer quem vai me substituir, mas queria que
fosse quem fosse, os dois se dessem bem.
— Estou aqui para ajudar senhor, não para o substituir, se for
o caso, quando for o caso, mais a frente, vemos isto.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Veio apontado para cá, pois você não fugiu da briga, a
maioria fugiria.
— Nasci em regiões assim, pobres, acho que consigo me virar
melhor com eles que com pessoas que não saberia como lidar.
— Estou estabelecendo os dois como meus subgerentes,
Carlos vai ficar com os clientes da RFSS e agencia, e preciso que
mostre uma evolução de novos clientes, precisamos nos fixar, e
para isto, precisamos de empresas grandes, não somos um banco
para qualquer um Joaquim.
Joaquim entendeu, mas começa a verificar os prospectos e
pela primeira vez teve acesso ao saldo real da conta de Cezinha, e
no meio de uma operação e outra, ele criou um cliente fantasma,
um novo cliente, e para este cliente, começa a fazer transferências
dos recursos do Cezinha, como não saiu do banco, ninguém
precisou olhar nos caixas, nas assinaturas, mas estavam lá as
mesmas.
Era fim do dia, o gerente manda Joaquim conhecer a região,
ele sai dali pensando em o que faria, tinha um terreno comprado no
Cabral, mas ainda era uma empresa fictícia, ela ainda não saíra do
papel, mas parecia crescer, olha para o terreno que a CIA tinha
separado no centro da cidade, um casarão e sorri.
Ele chega com apenas duas propostas e senta-se a frente do
gerente e fala.
— Estou começando, então preciso de orientação em alguns
pontos.
— Quais?
— Uma empresa nova está se instalando no começo do
Cabral, na parte alta, eles compraram uma quadra e estão falando
em fazer uma empresa que não entendi o código da prefeitura.
O senhor olha o código, também não entendeu, olha para a
estrutura e fala.
— Eles vão ter quantos funcionários ali?
— O proprietário é um senhor que tem um investimento na
região do São Francisco, falou que tem um pequeno hotel, que vai
trazer uma pequena cede para este terreno, tem dois restaurantes,

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
um lava-car, e uma empresa de segurança, ele disse que vai montar
a estrutura total. – Joaquim se fazendo de inocente.
— Mas ele não disse montantes de funcionários?
— Na verdade estava tentando o convencer a trazer os
negócios para o banco, ele tem uma conta no banco do estado de
São Paulo senhor e como estava vindo para cá, diversificando,
perguntei se não queria colocar algo de abrangência nacional.
— E qual a ideia dele?
— Algo entre ter 4 sedes, na cidade, no Cabral parece grande.
— Tem de olhar os documentos direito, pois se for real, é um
cliente que o banco gostaria de ter.
— Vou falar com ele amanha novamente, ele disse que iria
levantar os documentos que estavam naquela lista, baseado nisto
espero ter como ajudar aqui e lá.
— Um bom começo, algo mais.
— Pior que nada que parecesse ser importante, mas tem
também um senhor na Avenida Afonso Camargo, ele disse que
estão comprando um terreno para instalação de uma representação
diplomática, e gostariam de saber os documentos que precisa.
— Diplomatas de onde?
— Estados Unidos.
— Pensei que me viria com os bares da região, está me
surpreendendo rapaz.
O senhor explicou toda a forma de preenchimento e de
documentação, onde verificar os dados e fala.
— Mas tem de ter copia de tudo.
— Posso fazer uma pergunta senhor?
— Fala.
— Como consegue tocar as duas partes, parece impossível
tocar a agencia e fazer as partes de novos clientes ao mesmo tempo.
— Clientes nos não angariamos sempre, mas realmente
quando o estamos fazendo, fica corrido.
— Já pensou em deixar-me na sub-gerência de Novas Contas
e passar para Carlos a Gerencia geral da Agencia.
— Quer mesmo somar, muitos não desprezam uma
oportunidade, e sua formação é melhor do que a de Carlos, a

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
formação superior dele é Matemática, mas estranhei quando
preferiu nós ao Alto da XV.
— Achei menos comprometedor, meu irmão tem conta no
Alto da XV, e não quero gente falando de algo que não faria, mas se
estivesse ali, falariam que fiz.
— Não se dá com seu irmão?
— Não é isto, mas sei que as vezes as pessoas misturam as
coisas, e minha relação com ele não é boa senhor.
— Problemas?
— Apenas me afastei.
— Então levamos sorte na hora da seleção, foi uma escolha
pessoal não profissional, mas me consegue os dados, se forem
empresas serias, vamos ver se atraímos para nós.
Joaquim olha para o senhor, sua hora deu, tinham todos os
pôs cálculos dos prospectos de saques todos calculados e passados
para Brasília via transferência de dados.
Joaquim entendeu que tinha toda uma sequencia de coisas
que se fazia diariamente ali antes e depois de abrirem.
Ele pega sua Brasília estacionada na quadra a frente e Carlos
olha para o gerente e pergunta.
— O vai escolher?
— Para de criancice Carlos, ele propôs lhe dar uma gerencia
geral, e ficar com a de arrecadação de Novas Contas, até entendi o
que ele percebeu, que o trabalho aqui, não nos dá liberdade de dar
atenção ao que os clientes que temos precisam.
— Ele falou em me deixar no cargo acima.
— Sim, e se ele conseguir o que ele falou hoje, nem que em
um mês, ele será um grande adendo a agencia Carlos.
— O que ele se propôs a conseguir.
— Soube a uma semana, que um grupo tinha comprado 4
grandes terrenos na cidade, que iriam fazer 4 hotéis, 6 restaurantes,
casa de shows, mas eles também tinham pretensão de 4 motéis na
cidade, e ele por acaso, conseguiu falar com este Joaquim Jones,
que está se instalando.
— Esta falando serio?
— Sim, seria termos um grande grupo a mais além da RFSS.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Quantos funcionários?
— O senhor não passou para ele, pegou os documentos e
marcou com ele amanha.
— Se ele conseguir isto, muitos vão nos invejar na cidade
senhor, ele faria nós fecharmos as metas de novos clientes.
— Sim, mas ele veio tirar as duvidas referente a estes
contratos, ele é bem pé no chão.
— Sabe que ele me pareceu um caipira dentro de um terno.
— Isto acho que todos nós notamos, mas se ele conseguir
passar a firmeza na conversa, pois ele sabe conversar, ele conquista
o cliente.
— Vai junto se ele for fechar?
— Sim, quero ver isto de perto.
O rapaz sorriu, enquanto Joaquim foi a sede em São Francisco
e olha para Jonas parado lá a olhar.
— Finalmente apareceu.
— Problemas?
— Ainda quero saber se me quer como sócio?
— Sabe a resposta Jonas, mas a pergunta, me quer como
sócio?
— Sim.
— Só um momento.
Joaquim pega o telefone do restaurante e da três ligações e
por fim liga para Fernandes e fala.
— Anota este numero ai.
O senhor anotou o telefone e perguntou.
— O que precisa Joaquim.
— Conseguiu oque?
— Tem coisas difíceis.
— Espero você em Curitiba amanha cedo Fernandes.
— Mas o que vou fazer ai?
— Representar Joaquim Jones em um contrato de conta com
o Banco do Brasil.
— Mas...
— Vem que falamos amanha.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Jonas olha para Joaquim falando em inglês com o rapaz e o vê
desligar o telefone.
— O que está aprontando amigo?
— Eu preciso crescer dentro do banco, e sei que a quarta foi
algo lucrativo em Santos.
— Lucrativa?
— O advogado dos Dias está chegando ai.
Jonas viu aquele senhor chegar, e Joaquim ir a Brasília, ele
pega uma mala junto ao levantar da região do motor, e vem para
dentro, o senhor olha para Joaquim e fala.
— O que queria falar com urgência?
— Disse que iria antecipar as parcelas, uma a uma para quitar
o máximo de parcelas possíveis.
— E resolveu quitar quanto da divida? – O senhor.
— Dois anos.
O senhor sentou-se e viu Joaquim abrir a mala e inverter para
ele e falar.
— Só preciso dos recibos referente ao pagamento.
— De onde vem este dinheiro?
— Um investimento de um amigo Americano, ele vem
amanha ver o terreno.
— Foi a Santos conseguir um investidor, foi isto? – Jonas.
— Sim, foi isto.
O senhor contou o dinheiro, deu os recibos e saiu olhando em
volta, talvez a forma de Joaquim pegar a mala fez os demais nem
darem a devida importância.
— O que vai fazer.
— Jonas, preciso de gente trabalhando, e para isto, preciso de
gente contratando as pessoas para 4 hotéis, 6 motéis, 8
restaurantes, 4 sedes da empresa de segurança local.
— E me deixara cansado pelo jeito.
— Sim, mas amanha um sócio americano, vem ai, temos de
parecer dominar isto, e o faremos na frente de um gerente do
Banco do Brasil, meu superior.
— E vai fazer oque?
— Acertar os detalhes, e precisava sua ajuda.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Como assim?
Joaquim pega os documentos de Joaquim Jones e fala.
— Estes documentos foram esquentados, e toda nossa
estrutura de contas, vai estar sobre este nome, o terreno vai para
nós, mas as contas, a empresa, para laranjas.
— Vai incrementar mais ainda isto?
— Sim, e este senhor, que teria este documento, é um
Americano, e tudo que tenho são os documentos dele, mas preciso
que aquele amigo seu, consiga uma fixa de cadastro de assinaturas
no Cartório.
— Vai legalizar um fantasma, sabe o risco.
— Sim, usar uma procuração dele, e transferir tudo para
alguém.
— Maluco.
— Topas?
— E o que este estrangeiro terá?
— Preciso de uma semana para fazer os documentos, terei
um Americano aqui para se passar pelo senhor, e faremos de uma
forma a ter uma parceria que nos fará entrar recursos vindos dos
Estados Unidos.
— Recursos?
— Ilegais, ou invisíveis, da CIA.
— Vai nos meter em encrenca.
— Não, mas a sede no Cabral, vai ser um predinho de 4
andares, com 24 apartamentos, é um sistema de apartamento com
serviços inclusos, sei que tem 24 agentes na cidade, que vou forçar
serem transferidos para lá.
— Está dizendo que vai ter um prédio que vai ter recursos da
CIA, pois estas pessoas já vivem na cidade?
— Sim, bem isto.
— E o que faremos amanha?
— Vamos apresentar os documentos do senhor, declaração
de renda Americana e Brasileira, e os documentos de entrada no
montar das empresas, mas que vamos contratando e gerando uma
conta junto ao banco.
— Conta salario?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Bem isto, conta salario.
— Mas acha que eles nos aceitariam, eles são chatos para
pequena quantidade de funcionários.
— Jonas, precisamos finalmente de um escritório nosso, vou
montar um neste terreno, primeira sede das minhas empresas,
— Sede?
— A soma desta empreitada gera mais de 504 funcionários.
— Esta falando serio.
— Isto não tem as meninas, não tem algumas estruturas que
são temporários e vamos contratando quando precisarmos.
— Como oque?
— Garçons para festas especiais.
— E vai montar um escritório para administrar isto?
— Sim, hora de sair da sombra que sempre estive.
— Mas não está exagerando?
— Sim, mas quando entrar as verbas, estarei pagando contas
impagáveis, hoje, tenho um quarto deste terreno Jonas.
— Certo, você quer crescer, vai por as contas no nome de
outro laranja, e os lucros na sua conta.
— Nas nossas contas, fala com seu irmão e vê se dá para abrir
uma conta para cada no Banestado.
— Mas porque disto?
— Não posso transferir para o Banco do Brasil algo sem
procedência, do Banestado, fica mais fácil.
Joaquim reuniu os documentos, deixou naquela sede, e olha
em volta e fala.
— John Fernandes, um investidor, Americano, vou tentar
marcar com o gerente aqui, dai conversamos.
— Vai vir de Brasília?
— Quem sabe, ou descubro qual o carro do gerente.
— O senhor fala português?
— Sim, mas vamos falar a maioria das coisas em Inglês, quero
ver o gerente olhando assustado.
Joaquim olha para Jonas e fala.
— Espero que saiba se comportar Jonas.
— Tentando de novo, vou me esforçar.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Sem mulheres, sem prostituição por perto Jonas, amanha é
um estrangeiro, vamos nos reunir na estrutura do outro restaurante,
não neste, eles sabem que o senhor investe em pornografia, se
fosse um brasileiro falariam mal, mas um estrangeiro não falam,
mas não trataremos disto amanha.
— Como eles sabem?
— Esta cidade é de fofoqueiros.
Os dois vão a faculdade, Jonas chega com Joaquim que sobe,
responde a chamada e desce novamente.
Carlos do curso de historia estava a olhar em volta quando ele
desce e Joaquim fala.
— Vamos entrar Carlos.
O mesmo olha para ele e fala.
— Fui lá hoje, está ficando bem legal, e queria trocar uma
ideia.
— Vamos a cantina, vamos fechar isto com quem?
Carlos passa para ele 8 nomes e fala.
— Estes querem entrar, eles falaram em entrar até com
recursos.
— Eles têm noção de quanto precisamos?
— Não, mas eles estão empolgados com a ideia, Jeferson
falou em entrar com 50 mil dólares.
— E os demais?
— Acompanham, mas não tenho os recursos.
— Vamos fazer o seguinte, se eles querem entrar com
recursos, vamos capitalizar, e com isto, caminhar mais fácil.
— Eles sabem que não conseguiriam comprar aquele prédio
com isto, mas mostra que querem entrar e seus pais estão apoiando.
Joaquim pega a pasta e tira um contrato e fala.
— Preciso destes documentos de cada um, tira uma copia e
passa para cada um deles, e sua parte, não precisa falar, eu entro
com ela, mas depois me paga.
— Certo, mas como fazemos.
— Se temos sócios, temos de ter uma Ata de Criação da
empresa, e uma regra geral, no papel está a amostra da ata e do
registro geral, se conseguir que eles consigam isto, vamos dar

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
entrada nos documentos na segunda, e criar uma conta no Banco
do Brasil na sequencia, onde vamos por os recursos, vamos
estabelecer os salários por turmas fechadas e vamos falar de
marketing de lançamento, preciso do material didático Carlos.
Carlos olha os documentos e fala.
— Você estava longe, mas parece que estava pensando em
como o fazer.
— Sim, e as maquinas da gráfica precisa de mais uma semana
para estarem instaladas e textadas, dai começamos a gerar
propaganda interna, e depois externa para nossa empresa.
— Vou lá falar com eles.
— Marca algo para Segunda a noite.
— Vou verificar, precisamos pelo que entendi, fazer uma
reunião de regras e formar uma ata de criação?
— Sim, precisamos.
O rapaz sai pela porta e Jonas olha para Joaquim.
— Fazendo todos trabalharem.
— Sim.
Joaquim pede uma cerveja e olha para Jonas.
— Sei que vai ser puxado no começo, mas a ideia, é colocar
administradores, que tenham medo de pisar na bola.
— E como pretende conseguir o recurso para criar tudo?
— Usando a crise, capital estrangeiro e ideias estupidas.
— Sei, você não é de ter rompantes estúpidos.
Joaquim toma um gole.
— Que hora o rapaz chega amanha?
— Não sei, ele deve estar correndo de Santos a São Paulo,
pensando no que faremos amanha.
— Porque isolou Mariana, ela veio reclamar para mim.
— Ela não pensa para falar, fica difícil jogar com alguém que
não sabe pensar.
— Não presta Joaquim.
Uma moça entra pela porta e olha em volta, Joaquim a mede
e fala.
— Começou o jogo.
Jonas olha a moça e fala.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Quem é a deusa?
Joaquim se levanta e para a frente da moça e fala em inglês,
para provocar.
— Este rosto acho que não vejo a 5 anos.
Emanuelle sorri e fala.
— Me alertaram que tinha um agente Fantasma na cidade,
você não seria isto.
— Toma uma cerveja?
— Perdido em uma faculdade Moreira?
— Digamos que ainda não entendi, porque está aqui mesmo?
— Isto é segredo da agencia.
— Então não vai ficar?
— Conhece todos?
— Sim, todos.
— Um agente em Santos, alertou para ficar de olho em um
rapaz em Curitiba.
— Kentucky ou Fernandes?
Emanuelle olha desconfiada e pergunta.
— Kentucky, mas como sabe?
— Digamos que Fernandes me ligou, perguntando coisas que
não entendi.
— Conhece ele de onde?
— Uma cerveja?
— Certo, uma cerveja.
Sentam-se e Joaquim fala.
— Para falar com Emanuelle tem de saber uma das 4 línguas
preferenciais dela, mas ela prefere o Grego e o Russo, só para nos
deixar boiando na conversa.
Emanuelle olha para Jonas e fala.
— Não liga, ele sempre é exagerado?
— Se conhecem de onde?
— KGB, em Cuba.
Jonas olha sem saber o que falar, aquilo ali era uma agente,
provavelmente uma das agentes da CIA, ele não sabia se poderia
falar.
— Quem procura Emanuelle?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Alguém que voltou a ativa.
— Eu?
— Eles nem lembram de você.
— Sabe que isto me deixa feliz.
— Mas dizem que alguém da sua cidade, que as pistas levam
a uma Brasília Verde, calvo, estudante deste bloco, despertou, foi
ao Rio e tomou um morro, foi a Santos e detonou uma estrutura,
este ser apoia alguém de lá, um Joaquim.
— Joaquim Jones? – Joaquim estava provocando.
— Sim, Joaquim Jones, alguém que todos dizem que morreu.
— Joaquim Jones não morreu Emanuelle.
— Porque ele não morreria?
— Ele e o irmão foram criações, eles substituem eles a mais
de 30 anos, sempre surgem dois rapazes, se dizem irmãos e tomam
as rédeas, toda vez que algo desanda.
— Acha que vou acreditar nisto porque?
— Sabe porque, mas se duvida, melhor voltar a Grécia.
Emanuelle olha para o pager de Joaquim e Jonas olha ele
olhar e responder e fala.
— Esta coisa de horário de entrada e saída, parece não ser
meu forte, as coisas sempre vão desandar.
— O que aconteceu? – Jonas.
— Vamos testar se as coisas estão funcionando mesmo.
— Não entendi? – Jonas.
— Um esquema, um delegado passa um alerta, eu aviso o
Candido, vamos ver se ele é inteligente.
No Capanema, Candido olha o aviso, faz sinal para fecharem a
rua, e dois carros se atravessam, na casa do ponto de entrega
Mariana coloca todos os papelotes em uma mala, põem em um
intervalo de madeira, põem a madeira no chão novamente, liga a TV,
as meninas pedem uma Pizza, enquanto na casa de entrada, o
dinheiro é tirado por uma viela para uma casa ao fundo, e os demais
saem com calma, para suas casas, quando a policia tira os carros
atravessados, não tinha ninguém a rua.
Batida em duas casas, nada além de crianças vendo TV.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim estava tomando mais uma cerveja e recebe o recado
que já estavam se retirando.
Pergunta se a cota do dia foi preenchida, eles confirmam que
sim, então ele dá um boa noite a todos.
Joaquim olha para Emanuelle e fala.
— Desculpa a deixar ai, tenho de ir para aula.
A moça olha Joaquim subir e olha em volta, não tinha
ninguém ali que ela conhecesse.
Quando Joaquim desceu ela não estava mais ali, ele chega a
parte que dava para a rua e olha o carro dela parado bem ao fundo,
estava esperando o dono da Brasília.
Joaquim pede um taxi e volta para casa.
Amanhece e o telefone de Joaquim toca, ele atende e ouve
Fernandes.
— Acabei de chegar, o que faço.
— Anota um endereço ai, e me encontra lá.
Joaquim vai a sede do São Francisco e o senhor chega logo
após, foram dois taxis chegando.
— O que pretende, colocaram uma agente para entender o
problema.
— Kentucky quer saber quem é o Ghost.
— E quem ele colocou na cidade?
— Conhece Emanuelle?
— Não.
Joaquim olha serio para Fernandes e fala.
— Espero não estar fazendo algo que me condenem, mas vou
abrir com você o plano do Pentágono para a cidade, sei que menti
antes dizendo que era algo que os Irmãos Jones faria, mas é do
pentágono, porque aqui não sei, mas eles sabem de algo.
— O que eles pretendem?
— Ontem chegou às instruções, eles me mandaram os
documentos oficiais de Joaquim Jones, e uma ordem, assumir o
nome dele e usar os documentos dele, para esquentar os negócios
na cidade, mas para que o faça, não posso passar por ele para o
gerente geral do banco, como a foto é antiga, você o fará.
— E o que faremos?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Um sócio que não sabe de minha parte na CIA vai vir e
estar aqui, vocês vão apresentar as ideias, e você vai pedir uma
semana para terminar de estabelecer os documentos, pelo que
entendi, é uma forma de manter capital longe dos olhos de
Washington para usos emergenciais.
— Certo, vamos forjar empresas.
— Não, vamos fundar uma serie de empresas legais, para que
as entradas de capital sejam legalizadas a partir delas.
— E teremos funcionários?
— Sim, e o que abrirmos aqui, teremos em Santos, depois São
Paulo, e nos 20 pontos que falamos.
— Esta falando serio?
— Sim, a CIA através de um laranja, vai gerar recursos dentro
do país, e com isto ter infiltração e informação privilegiada.
— Quantos funcionários?
— Uns 500.
— No país?
— Não, aqui quinhentos, uns 10 mil no Brasil.
— Mas isto gera custos, não verbas.
— Acha que está em nome de um fantasma porque
Fernandes.
Ele sorriu, se desse custos, eles abandonavam, nem estariam
ai se deixaram pessoas sem recursos.
Jonas chega e é apresentado a Fernandes.
— Distrai ele enquanto vou ao banco. – Joaquim.
Joaquim pega um taxi e vai ao banco.
Joaquim olha para os demais funcionários, todos olhavam ele
com desconfiança de quem não conheciam, mas ele estava ainda se
inteirando dos problemas, era uma agencia simples, mas na
chegada soube que o dia seria agitado.
Joaquim estava entrando e tinha dois rapazes se
apresentando como do SNI na entrada, o gerente olha para ele e
fala.
— Senhor Joaquim, estes dois rapazes querem lhe falar.
Joaquim sorri e fala.
— Sem problemas.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Acho que não entendeu o problema rapaz, temos uma
denuncia contra o senhor.
— Uma denuncia, sem problema, respondo a ela.
— Não entendeu, vai nos acompanhar.
— Se me mostrar a ordem senhor, pois desculpa, vestir-se
como SNI, ou DOPS, não o transforma em alguém do mesmo.
— Acha que tem alternativa?
— Tenho, mas não gostaria de queimar em dois “inúteis”,
mas cadê a determinação.
— Não fazemos por escrito, não sabe nossas regras.
Joaquim olha para o gerente e fala.
— Senhor, chama a policia, eles não são SNI, pelas calças, CIA
no máximo.
— Acha que...
—Eu sou Ativo do Exercito senhor, e se fosse DOPS, saberia,
se fosse SNI, saberia, como alguém se diz da Inteligência e não
sabe?
O gerente estranhou, mas viu que Joaquim não sentou, não
recuou e os rapazes estavam ali querendo o deter, faltava uns 15
minutos para abrir a agencia.
Os rapazes estavam sem saber o que fazer, agora o segurança
já estava postado, eles não poderiam forçar algo, e viram alguém
bater na porta e Joaquim olha para o segurança e fala.
— Deixa o General Rosa e os dois assistentes entrar Rodrigo.
O gerente viu que agora era exercito.
Os dois rapazes viram que os rapazes entraram apontando
armas e ouviram.
— No chão rapazes, não sabemos quem são, mas não vão
tirar ninguém daqui sem determinação federal.
O general chega a Joaquim e fala.
— Tem gente demais na cidade.
— Não entendi o problema?
— Algo sobre um problema em Santos.
— As armas?
— Talvez, mas eles não sabem onde está.

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— E que continuem sem saber. – Joaquim olhando os rapazes
saírem detidos, e o gerente olha para Joaquim entrar e ir ao
banheiro, lava o rosto e quando sai viu todos lhe olhando.
Ele chega ao gerente e fala.
— Se quiser me mandar a outro lugar, aceito senhor, não
queria problemas aqui.
— O que foi isto?
— Sou um ativo do Exercito, e fazemos o controle de armas
no país, e fizemos uma no fim de semana, e parece que
identificaram onde eu estava, mas não queria gerar problemas.
— Está bem?
— Sim, mas para quem entrou pensando no que faria hoje,
agora fiquei meio sem saber.
O senhor sorri e fala.
— Vamos para a parte interna, os rapazes pareciam
realmente agentes do DOPS, mas você não acreditou nisto.
— Já fui detido por coisas piores senhor.
O senhor olhou para Joaquim e falou.
— Acha que consegue aquele contato, falei com dois gerentes
de outras agencias, e parecem todos querendo este brinde.
— Vou tentar, mas pode ir comigo senhor.
— Acha que ele não acharia muita pressão.
— Não vejo problemas senhor.
— Vou esvaziar a agenda, mas me confirma antes.
— Teria outra coisa que queria conversar senhor, e não sei se
acharia algo irregular.
— Problemas?
— Não vejo como problema, é que quando fui chamado, eu
tinha outros projetos em andamento, tem de ver que existem duas
formas de encarar o amanha, ser funcionário ou montar sua
empresa, e uma está saindo do papel na segunda, e queria saber se
teria problema abrir a conta na nossa agencia.
— Projeto?
— Decisivo Cursinho Pré-vestibular, 10 colegas de faculdade,
resolveram cada um colocar 50 mil dólares no investimento,
estamos reformando um imóvel quase na Praça Rui Barbosa, e

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
teremos a inauguração no inicio do próximo ano, mas temos os
recursos do investimento, e precisamos deixar eles aplicados, e
fiquei pensando se teria algum problema.
— Já montou a empresa?
— Teremos uma assembleia na noite se segunda, para fechar
os dados de registro, mas cada um dos sócios vai depositar a
quantia assim que firmarmos uma conta para isto.
— Pelo jeito tem alguns investimentos, não quer pelo jeito a
comodidade da vida de bancário.
— Acredito que colhemos os louros do que plantamos, então
tenho plantado.
— Falou em quantos projetos?
— Um já funciona, verá que minha conta salario, receberá um
aporte financeiro próximo a 2 mil dólares, e com este aporte mensal,
tenho um investimento em implementação de uma gráfica.
O senhor olha para Joaquim e fala.
— As vezes parece um empresário falando, mas porque veio
ao banco se já tem seu caminho.
— Senhor, eu não tenho um caminho, eu tenho tentativas, o
cursinho não era para que eu desse aula, era uma ideia, que parece
sair do papel mais rápido do que pensei ser possível, vou ter uma
sociedade em um bar no Largo, isto deve me gerar uns dois mil por
mês, mas acredito que dê para superar isto aqui dentro.
— E porque uma gráfica?
— Eu tenho um sonho, eu há algum tempo escrevo um livro,
mas descobri que nenhuma grande editora me lançaria, então
resolvi criar um espaço para lançamento de novos escritores, e
aproveitar e me lançar.
— Escreve?
— Ficção, mas sim, tenho um livro escrito.
— Um rapaz multi tarefas, mas confirma com o senhor.
— Sem problemas senhor.
Joaquim foi a sua mesa, talvez somente neste momento, que
ele liga pra Fernandes, o gerente se tocou, do outro lado era um
americano, e todos viram Joaquim conversando em inglês ao
telefone, Carlos olha para o gerente e fala.

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— É, não sei o que falar, entendi porque ele está conseguindo
e os demais não senhor.
— Ele fala inglês, pelo jeito fluente, mas vou lá verifica isto.
— O que foi aquilo na entrada?
— Ele é alguém a manter por perto Carlos, alguém que
conhece gente no exercito, que fala inglês, e pelo que entendi, terá
3 contas jurídicas no banco.
— Três?
— Ele me perguntou se teria problema dele trazer ao banco
as empresas que está societariamente envolvido, uma pelo jeito já
existe, parece que um bar no Largo, não entendi ainda, mas ele está
se juntando a outros e fundando um cursinho e uma gráfica, ele
pode ser simples, não ficar bem em um terno, andar em uma
Brasília caindo aos pedaços, ter mãos grossas, mas ele parece saber
o que quer da vida.
— Acho que vendo ele falar com o cliente, ele não vai ficar na
agencia senhor, assim que perceberem, o puxarão para os cargos
superiores.
Joaquim chega perto e fala.
— Ele está na sede do São Francisco, quer ir lá senhor?
— Uma pergunta, ele fala português?
— Sim, aquele sotaque bem marcado.
— Melhor ir com o meu carro. – O gerente.
— Então vamos. – Joaquim.
Joaquim foi dando a dica de onde iriam e param a frente do
bar que pretendia abrir com Jonas, na parte baixa da Paula Gomes,
dali nem se via o bar na descida da Rua João Manoel, e entram,
Jonas veio ao lado de Fernandes e foram ao escritório que tinham
montado e o gerente foi observando e perguntou.
— Qual o tamanho do empreendimento?
Fernandes olha para ele e fala.
— Temos ramos diversos, estamos criando nossa empresa
que deve contratar uns rapazes para começar, temos o parte das
hotéis, que devemos contratar inicialmente 144 pessoas, para 4
hotéis, temos os oito restaurantes que devem gerar outros 96

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funcionários e os 6 motéis, que devem gerar próximo disto também,
na cidade.
— Qual a quantidade que pretendem ter de funcionários na
cidade.
— Na cidade uns poucos, uns 500.
O gerente sorriu e Joaquim viu que aquele sotaque e parte da
estrutura em volta, faziam do senhor naquele lugar alguém
encantado.
Joaquim olha para Fernandes e pergunta em inglês.
— Como estão as coisas, os documentos?
— Em dia, não entendi a conversa.
— Eu não posso ser o dono de tudo diante dele.
— Isto entendi, mas estamos com os documentos em criação.
Pelo que entendi dos papeis.
Joaquim olha para o gerente vendo ele falar em inglês e fala.
— Ele disse que pretende ter a base nacional da empresa dele
na cidade senhor.
— E quantos funcionários a nível Brasil?
Fernandes olha para o senhor e responde o que lera nos
papeis que Joaquim deixara.
— Entre 5 e 10 mil funcionários.
— Vamos preparar os documentos da empresa, e assim que
tiver os demais podemos começar a abrir a conta.
O senhor mostrou os documentos de criação de algumas
coisas, e o gerente olha para o local que apresentam a ele, quando
os dois saem, ele fala.
— Numa quadra na parte histórica, este é dos que investem
pesado, nem saberia quem eram os donos destes terrenos.
Joaquim olha para o senhor como se não querendo falar e
vão a agencia, Joaquim foi a parte de atender alguns, enquanto o
gerente chama Carlos.
— Vou mandar uma proposta oficial, a parte no Largo, é
grande, estão já com a estrutura de um hotel, de um
estacionamento, eles fizeram em uma das casas, uma sede da
empresa, e o senhor falou em deixar aqui a base nacional da
empresa.

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— Muitos funcionários?
— 500 na cidade, mais de 5 mil no país.
— Pensei que seria mais.
— O senhor falou que pode chegar a 10 mil, mas vamos
começar pela parte que ele acha possível.
— Como foi a conversa.
— O senhor fala bem o português, arrastado, mas bem.
— E o rapaz?
— As vezes parecia meio inseguro.
— E quem não estaria, é o segundo dia dele.
— Verdade.
— Então acredita que vamos passar os demais para trás
referente a este cliente? – Carlos.
— Sim, mas vamos manter fechado até termos os
documentos, tem muita gente que adoraria saber nossa proposta e
apenas propor algo diferente.
O rapaz concorda, era sexta, a semana estava acabando, e
Joaquim sai de lá de taxi e vai a sede da empresa e olha para
Fernandes.
— Agora vamos conversar.
— Não entendi.
— Nosso dinheiro entra sempre pelo Banco do Brasil, eles
que controlam boa parte disto, mas um dos hotéis, o mais discreto
no bairro mais residencial, vamos oferecer aos agentes locais da CIA,
vamos garantir uma renda fixa ai, mas teremos nossas sedes e
vamos as tornar invisíveis a distraídos.
— Invisíveis como este bar?
— Sim, invisíveis como este bar.
— Mas porque tanta gente?
— Lhe mostro.
Joaquim olha para Jonas e pergunta.
— Me dá uma carona até a faculdade?
— Vai pegar a grande Brasília?
— Sim.
Jonas deixa os dois e Joaquim bate a janela de Emanuelle que
se assusta e fala.

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— Me assustou, ou que faz aqui?
— Este é John Fernandes.
O rapaz entendeu, pela apresentação em inglês que era uma
agente, a que ele não conhecia.
— O que faz aqui? – Emanuelle.
— Só avisando, que vou pegar minha Brasília, se quer nos
seguir, sinta-se a vontade.
Emanuelle olha para Joaquim indo no sentido do carro, ela
ficou ali de campana a noite inteira e agora Joaquim iria sair com o
carro, ele era o dono, ela ficou furiosa.
Os dois entram no carro e sobem para o Cabral, onde
Joaquim apresenta o prédio que estava sendo acabado, e o que
faria nos demais lugares, que mandaria para ali parte do que tinham
de comida e bebida dos depósitos.
Dai deram um pulo no Capanema e o rapaz viu que tinham
um segundo restaurante, teriam uma casa de shows, um hotel, e
algo que ele não entendeu, mas tinham os barracões no centro de
gravação e ali a seleção de pessoas, foram para o terreno no Portão,
era de uma antiga olaria, e Fernandes viu que a ideia era complexa e
voltam a sede no Capanema.
— O que entendeu?
— Quase nada.
— É que não viu nada de estoque, por isto não entendeu
nada.
— Verdade. – Os dois sentam-se no bar em construção,
pegam uma cerveja.
— A estrutura que tens aqui é de assustar.
— Sim, mas terei uma estrutura assim em Santos, uma em
São Vicente, uma em Cubatão, uma em Praia Grande e uma em
Guarujá.
— E me quer tocando lá?
— Sim, teremos entrada e saída por aquele porto, sabemos
que a ordem é fazer vistas grossas para aquele lugar.
— Sabe que eles não gostam de que se use para entrada de
Drogas, mas se vamos tomar o lugar do Joaquim, que pelo que você
fala, nunca existiu, podemos montar nosso esquema.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Bem isto Fernandes, nosso, nada de Kentucky, nada de
Host, e daqui a pouco Emanuelle não se aguenta no carro e entra.
— A conhece de onde?
— A conheci em Cuba, lados contrários, eu tive de me meter
com uma Cubana, para ter acesso aos métodos da KGB, dai em uma
operação próximo a Guantánamo, nos conhecemos.
— Ela não lhe vê como um fantasma.
— Ela não precisa saber, ela me vê como um Brasileiro que
atira bem, apenas isto.
— Um brasileiro que atira bem deste fim de mundo? –
Fernandes.
— Sim.
— Ela acha que você é Moreira.
— Ela sabe que sou Joaquim Jose Moreira, ou o sargento
Moreira, ela me viu em ação em Angola, contra a insurreição
Comunista, mas o não ter apoio oficial nos fez perder gente lá.
— Um fantasma odiado, entendi porque deixar Host de fora.
— Fernandes, nunca puxe uma arma para mim, se não tiver a
certeza que não tenho como ver que vais puxar a arma, não vou
morrer para covardes de escritório, porque ele resolveu mostrar
para os demais que precisava que eu morresse.
— Você atirou nele mesmo.
— Que saiba sou o único ser no planeta que atingiu o chefe
da CIA e está vivo.
— E vai montar sua estrutura aqui?
— Sim – Joaquim ouve o som as costas e fala – Entra
Emanuelle, estamos apenas tomando uma cerveja.
A moça se ergue e fala.
— Explicando para Fernandes quem é?
— Chega ai, estava onde que lhe mandaram para cá?
— Apoio a insurreição no Araguaia.
— Eles nem sabem atirar para ser uma insurreição. – Joaquim.
— Sempre do lado errado. – Emanuelle.
— Faz tempo, o que a traz aqui de verdade Manu?

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— Mandaram ficar de olho em algo que estava começando a
preocupar Host na cidade, algo sobre ter matado um grupo de
policiais e o exercito ter feito vistas grossas.
— Nunca escolho os tiros por lado, e sim por meta.
— E o que seria uma meta, que o fez despertar?
— Todos querendo minha morte, matam minha mãe em uma
cadeira de rodas, metralhada.
— E como se vingou?
— Não me prendo a vinganças, e sim, pontos a avançar, sou
exercito, CIA, KGB, sou o que precisa ser onde se precisa que seja,
então não se assustem com mortes sequenciais, por estarem em
lugares errados.
— Pretende avançar então.
— Digamos que pretendo apoiar os novos caminhos.
— E porque Host não falou que era você?
— Ele quer que você fale quem é, não lhe de serviços sem sair
de casa, sabe que ele adora nos enfiar em buracos.
— Nunca entendi se é ou foi um agente duplo?
— Para ser um fantasma Emanuelle, tem de se falar, Russo,
Alemão, Frances, Espanhol e mais duas línguas, então nunca fomos
agentes duplos, somos agentes múltiplos, a direção nos odeia, mas
é parte do nosso serviço ser odiado.
— E de quem veio a ordem? – Emanuelle.
— Não olho, apenas a cumpro, recebo, me preparo para estar
em campo, não preciso ficar na politica, por isto nunca fui além de
um Sargento neste exercito.
— E qual a ordem.
— Deixar claro, eu tenho uma ordem, e tenho uma meta
pessoal, se um não bater no outro, vou avançar, Fernandes eu estou
colocando no comando do Cais 9 de Santos, Host nem o citou, ele
passou a ser para a Lei Local, Joaquim Jones.
— Porque ele?
— Precisamos aqui de alguém que fale fluente o espanhol,
não um cara que se denomina de Fidel, e não sabe nem falar
português direito.
— Meu português não é bom. – Fernandes.

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— Precisa de exercício de dicção para isto Fernandes, verá
que muda as coisas.
— Vai o ensinar a falar como os locais?
Joaquim faz um som com a língua e responde Emanuelle em
Grego, ela era grega de nascimento.
— Sim, se quiser umas dicas, fica por perto.
Emanuelle sorri e responde em inglês.
— Este é Moreira, o cara que falava um Russo tão perfeito
que ouvi comandos da KGB mandarem o resgatar em meio a um
ataque em Cuba, sem saber quem ele era, vi Fidel mandar proteção
para o rapaz da inteligência, e Host se colocar no campo, 3 lados, e
os 3 apostavam que você estava ao lado deles, fazendo espionagem.
— Manu, as pessoas as vezes se perdem, tem um detalhe em
tudo, a forma de pensar de cada frase, tradução direta não faz
sentido no Alemão, no Russo e muito menos no Grego.
— Mas o que falo para Host?
— Seu serviço, estava explicando que as ordens estabelecem
fixar pontos de ganho neste país, com informação, o que está
olhando em volta, é um ponto de estrutura, mas assim como terei
na região 5 pontos, terei em Santos, depois em São Paulo, Rio de
Janeiro, os 20 pontos no país, com estruturas semelhantes a que
Fernandes viu.
Fernandes toma um gole a mais e fala.
— Então está estruturando contra a ordem da direção, mas
com apoio pesado de alguém, pois se formos fazer isto em 20
pontos como este lugar, deixa de ser ruim vir ao Brasil.
— Como disse Fernandes, quando abrirmos as nossas bases
em Fortaleza, no Ceará, verá um clima bem mais Caribenho, quando
tivermos o nosso ponto de entrada em Porto Alegre, também vai
ser algo referente a nos fixarmos, Host pode reclamar, mas vamos
os servir com aquelas vagas no Cabral Fernandes.
— Se iriamos fazer isto, porque entregar as armas?
— Acha mesmo que entreguei as armas, por sinal Manu, com
quem era o acordo de entrega das armas?
— General Rosa.

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— Sem falar que lhe falei algo, afirma que vai entregar as
armas.
— Mas ele disse que foi desviado.
— Ele não precisa saber a verdade Manu, apenas confirma
uma data e um lugar, e entregamos.
— Nunca entendi este jogo de dois lados do General Rosa?
— Nem eu, não pretendo entender.
Fernandes olha para Joaquim.
— Você que desviou toda arma do barracão.
— Vamos melhorar aquela entrada Fernandes, os caras
querem algo discreto e me mandam caixas que tem de ser
descarregadas por estivadores, demorei a entender porque Fidel
estava com um grupo de viciados de favela, ele precisava de braços
fortes.
— E como o fazer então?
— Já ouviu falar em contêineres fechados?
— Sim, mas fica caro. – Fernandes.
— Caro de implementar, quando colocado, se descarrega um
contêiner de 20 toneladas em 5minutos, sem ninguém ver o que
tem dentro.
— Mas como conseguiria os contêineres?
— O lixo sempre acaba aqui Fernandes, na contravenção local,
existe um método, surgiu em Porto Alegre, eles chamam de caixa de
desmontar, um contêiner todo furado, eles colocam lá os desafetos,
vivos ou mortos, e soltam na baia ou na entrada de qualquer baia
por ai.
— Sem corpos? – Emanuelle.
— Sim, sem corpos, com buracos que pequenos peixes
possam entrar, vira um pequeno grupo de corais ao oceano depois
de anos.
— E pretende por algo lá assim.
— Navios menores, sei que existem imensos que fazem isto,
mas podemos com calma montar uma estrutura mais eficiente.
— E não pretende dizer isto para Host.
— Se ele não sabe ainda, pede a conta Emanuelle, pensa,
estourei o ponto deles no Rio, eles queriam fazer um acordo com

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Cali, fora do sistema de Host e ele continuava a lhes dar apoio,
estouramos e mudamos a estrutura em Santos, Fidel estava
desviando carga, e tomei um pequeno espaço nesta cidade, gosto
dela, se Host não viu, ele é cego.
— Kentucky está colocando todos para descobrir algo, mas
parece impossível que o que falou esteja realmente acontecendo.
Fernandes olha para Emanuelle e fala.
— Lógico que a informação principal ainda esta nas
entrelinhas moça, mas estamos nos dedicando, estamos entrando e
tomando espaço como nos foi dado ordem, ampliando estrutura, a
estrutura própria para agentes na cidade, vai chegar a 96 vagas, se
vamos fazer algo assim em 20 pontos, estamos falando em
estrutura própria para mais de 1900 agentes que vão poder se
passar por pessoas normais, se passarem por empresários, e
obterem espaço, pelo que entendi da ideia, ele vai priorizar dois
pontos no estado de São Paulo, mas é que São Paulo é o estado
mais populoso, e depois disto, 18 capitais, sabe que a estrutura
atual é bem ruim.
— Eles odeiam este lugar.
— Odiaria este lugar Emanuelle?
— Sei onde fica.
Eles vão a sede no Cabral e Joaquim mostra a estrutura.
Joaquim sorriu, pega uma cerveja no frízer e apresenta para
Fernandes onde ele ficaria, olha para Emanuelle e fala que se ela
quisesse um quarto, ainda não tinham serviços, pois ainda estava
em implementação, a moça entra no quarto e olha que era uma
casa toda mobiliada, olha pela janela Joaquim pegar a Brasília e sair.
Emanuelle olha para Fernandes e pergunta.
— Qual a ordem?
— Dar cobertura as operações, nunca fui estrutural, apenas
cobertura, mas pelo jeito o conhece melhor.
— Ele não se envolve com problemas, ele sempre disse que
eu era problema, mas assim como eu o conheci em Cuba, no pouco
tempo de exercito dele, ele fez operações em varias partes do
mundo, cruzei com ele em Israel, Bacu no Cáspio, até em um treino
no Japão.

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— E ele fala mesmo grego?
— Sim, mas ele altera a nuance da fala, ele confunde as
pessoas, ele vai adaptando o seu inglês para a região.
— Mas esta estrutura que ele está montando não pode ser
algo sem apoio.
— Também não entendi, mas pensa em um maluco, que foi
estrutural em alguns confrontos que oficialmente a nação dele, esta
é a nação dele, participou, mas ele foi expulso por se meter com a
filha do general Rosa.
— Então ele se envolve com problema.
— Digamos que ele é imprevisível.
Emanuelle olha os quartos, as estruturas e pergunta.
— O que ele pretende aqui?
— Pelo que entendi, fazer dinheiro.
— Nisto não duvido, mas Kentucky disse que armaria uma
arapuca para ele, mas ele não pareceu estar em uma arapuca.
Os dois foram a seus quartos.
Joaquim vai a uma casa na região sul da cidade, ele faz sinal
para o rapaz no portão e o militar abre a porta.
Joaquim estaciona ao fundo e olha o general com dois
rapazes a cadeira, e fala.
— Eles não vão falar Joaquim.
— Tortura requer calma senhor, não pressa, mas tenho
certeza, eles falam, mas preciso apenas de tempo.
— Eles estão ficando malucos com aquele LSD, não sei se isto
funciona.
— Com alguns, outros não, apenas tira os demais, e fica ao
longe, não sei o que pretendem, mas estas calças me lembram CIA.
— Certo, sapatos e calças que nos remetem a CIA, e não seria
bom eles morrerem nas nossas mãos. – General Rosa.
— Emanuelle vai ligar para o senhor e falar em entregar
aquela encomenda que pediu para ela.
— Mas...
— Se tivesse falado que era você que o fez, não teria
desviado general, apenas isto.
— Não nos falamos tanto.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Mas tira os rapazes, e me dá meia hora.
Joaquim olhava eles de longe, quando o pessoal foi sendo
tirado, ele chega como se tentasse não ser visto e fala em um inglês
quase Texano, olhando para os rapazes.
— Vou os tirar daqui, apenas mantenham a calma.
— Mas quem é você?
— Fantasmas não tem nome.
— Quem vai nos dar apoio para saída, aquele desgraçado não
nos deu apoio.
— Não sei de sua operação rapaz, não preciso saber.
— Cuida para não dar as costas para aquele Kentucky.
— Pensei que fosse Emanuelle as costas pela burrada.
— Ela estava lá também.
— Deixa esvaziar que os tiro daqui, o general não saiu ainda.
— Certo, tentamos nos manter firme.
Joaquim chega a parte bem a frente e pega sua Brasília,
voltando ao Cabral, olha os agentes a entrada do local, olha ao
longe, pega a pistola, põem silenciador, apoiado ao veiculo a duas
quadras, derruba os 4 rapazes a porta, os coloca nos carros
sentados e entra pelo fundo da obra.
Ele chega a sala principal e olha para Kentucky, ouviu
Fernandes falando solto.
— Eu não sei quem deu a ordem.
— Vai nos contar Fernandes, não tem como um falso
Fantasma fazer isto.
Emanuelle entra na peça e olha para Kentucky e pergunta.
— Porque não gosta da ideia Kentucky?
— Sabe que não pode ser real.
— Não está olhando Kentucky, qual o problema?
— Locais assim nos tornam alvos.
— Onde estão os rapazes da parte da manha?
— Eles não vão falar nada, e o governo local não é maluco de
os matar.
— Se eles não falarem nada, estão mortos, sabe disto, pois
eles acharão que são revolucionários e vão morrer.
— Todo ser que entra na CIA sabe os riscos.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Fernandes estava olhando assustado, e ouve um som ao
fundo, olha sem entender, Kentucky olha para a entrada.
— Vai matar alguém que não sabe nada Kentucky? – Moreira.
Emanuelle olha para ele e pergunta.
— Sabia disto?
— Fernandes é um bom rapaz, bom demais para CIA, diria
Host, mas para mim Host é bonzinho demais para CIA, pois se eu
estivesse lá já teria matado Kentucky.
Kentucky entendeu que Moreira o achava descartável.
— Não sabe do que fala.
— Kentucky, sei que foi você que deu entrada a Fidel na ilha
vindo do México, Host também sabe, mas que ideia estupida deve
ter sido.
— E como saberia?
— Eu leio Russo, você não, esta é a diferença.
— Mas não pode ser um Fantasma. – Kentucky.
— O que ninguém conta, Emanuelle, é que os Fantasmas que
falam ser de Host, nunca foram de Host, é Pentágono, não CIA,
dentro da CIA temos alguns, mas Host os caça, pois ele odeia ser
vigiado, mas ele sabe por si, que isto é impossível.
— Então o projeto é Pentágono, não CIA? – Fernandes.
— Isto é segredo Fernandes, se falar os dois tem de ser
mortos, não é uma boa ideia.
— Acha que acredito? – Kentucky.
— Você sabe Kentucky, mas a regra é, acredita, confirma,
mata, qual o problema, sei que pode parar, pode tentar me matar,
mas não pode nem relatar.
— Host já sabe que é você, um nada no Brasil, não sei o que
tanto lhe dão valor.
— Logico que ele sabe, quando ele mandou Emanuelle, soube
que ele já sabia, mas eu cumpro minhas missões, e você Kentucky?
— Estou o fazendo.
— Não, esta diminuído o pessoal da CIA, matando aliados,
porque segue um covarde, mas como disse, estou aqui, quer tentar
me matar.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Dois rapazes ao fundo apontam as armas, Joaquim estava
estático e ouve.
— Vai ser um prazer matar uma lenda.
— Não sou uma lenda Kentucky, eu sou real.
Os rapazes destravam as duas armas e Joaquim apenas saca
as duas pistolas e Kentucky olha os dois caindo mortos e ouve.
— Não entendeu Kentucky, esta operação não aconteceu.
— Matou dos nossos.
— Está fazendo isto Kentucky, não se faz de inocente, quer
dizer que quem você quer pode, mesmo sem ordens, e quem você
não quer, não pode?
Kentucky não via o exercito cercando o lugar, e tirando os
carros, o rapaz achava que após os tiros os demais entrariam e fala.
— E não vai sair correndo?
— Não provoca Kentucky, desamarra o Fernandes, sentamos,
conversamos e tudo termina bem.
— Não acha que vamos conversar, é louco.
— Louco.
Kentucky olha o exercito entrando as costas de Moreira, olha
assustado, olha para a entrada do fundo e olha para mais gente e
fala.
— Não veio sozinho?
— Kentucky, quem defendeu a entrega da CIA para o exercito,
foi Fernandes, não você, e você o quer torturar pois não pode deixar
sua incompetência chegar ao chefinho covarde, pois não entendeu,
que você é descartável, Fernandes, Emanuelle não são.
— Mas o que falou não é real?
— Acho que Inteligência se faz por ações, não por tentativas
de entender posições contarias, se for pelo Real, os Cubanos
levaram azar, os dois lados podres armaram para tirar o Governo de
lá, e o que sobrou? Esta é a realidade, mas ela não serve para
ninguém Kentucky.
— E vai o dar cobertura?
— Vou lhe dar cobertura para sair seguro do país, após 3
mortes que não deveriam ter acontecido, e vou atribuir a você,
quem manda eles tratarem coisas com drogados da favela.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Acha que defendo você lá?
— Espero que não Kentucky, pois dai o Host com seu ódio, vai
se voltar contra você, como se fosse meu aliado.
— Mas...
— Não inventa que está bom, quem fez foi Fernandes e
Emanuelle, eu não existo, e fantasmas, não precisam de autorização
de Host para dar proteção a CIA, mesmo que eles não gostem de
nós.
— Todos de mãos para cima. - O general entrando na peça e
olhando para Moreira.
— Tinha de ter você aqui? – General Souza Matos.
Moreira estica as mãos e mesmo Emanuelle que conhecia o
general não se atreveu a não erguer, eram muitas armas.
— O que quer general?
— Paz senhor Moreira, é difícil?
Moreira olha para o general, estava com duas armas a mão,
então ele era a parte que tinha mais armas para ele.
— Demorou General, para querer paz, parecia mais que
eliminasse todos.
— Não me espantaria nem um pouco.
— Posso guardar as armas?
— Sim.
Joaquim guarda as armas e volta a levantar as mãos e fala.
— O que quer general?
— Entender o problema Sargento Moreira,
— Acho que poucos entenderam a verdade, quando se tem
uma parte do exercito que quer resistência, para justificar mortes e
tem parte que enfrenta os problemas gerados por isto, se tem de se
equilibrar na ponta da faca.
— E você quer oque?
— Queria me formar, me acalmar, mas o exercito que serve
para proibir os revolucionários, é o mesmo que fornece arma para
grupos de trafico, que me tiraram da inercia.
— E não vai parar?
— General, se o general Rosa não teve coragem de vir e lhe
mandou, não posso explicar mais do que já, falei.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Não foi claro.
Moreira olha para o senhor e fala.
— O problema general, é que assim como guardei as armas,
poderia apenas ter me jogado ao chão, e todos vocês a volta
estariam mortos, se morreram pessoas como os aos carros, os ali ao
chão, é porque não veio resolver, veio recolher corpos.
O general não gostou da afirmativa e fala.
— Prendam todos.
O sorriso de Moreira foi de quem recebera o brinde, e foram
conduzidos ao caminhão.
— Você é maluco? – Emanuelle.
Joaquim olha para ela e fala em grego.
— Considere um brinde, a ordem deles era entrar atirando.
Kentucky olha para ela e pergunta.
— O que ele falou?
— Que a ordem era entrarem atirando.
— E porque não entraram?
— Digamos que existira como você falou, uma lenda ali
dentro, uma que com duas armas na mão, faz todos a volta
pensarem se era uma boa ideia, o general entrou porque não ouviu
os tiros.
Moreira olha para o caminhão parando e apenas ouve o
tumultuo do lado de fora e fala.
— Kentucky, esquece quem morreu, vamos partir para outra.
— Mas...
— O caminhão esta dando a volta. – Moreira.
— As vezes você assusta com esta calma Joaquim. –
Fernandes.
— Fui para lá pois estava lá Fernandes, seria uma perda que
me faria de ter de recomeçar as coisas em Santos até mandarem
alguém competente novamente.
A forma que Emanuelle olhou para ele foi de revolta, mas
Joaquim não colocaria ela que tinha de voltar, em um problema
pessoal.
Eles ouvem o caminhão parar, alguém faz sinal para
destravarem a parte de traz, e se ouve os carros se afastando,

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim abre e olha que estavam à entrada do mesmo lugar no
Cabral.
Os demais descem e Kentucky verifica que tinham tirado os
carros e seguranças, ele não os viu mortos, mas era uma das
possibilidade e olha para Moreira.
— Quer dizer que tem aliados e inimigos no local.
— Todos os lugares é assim Kentucky, ninguém gosta de uma
peça fora do tabuleiro deles.
— E não se preocupa em estar fora do tabuleiro.
— Na verdade eu estou no tabuleiro, mas poucos sabem qual
é o tabuleiro rapaz, aproveita a dica, pega um taxi e some daqui.
Ele desce a rua e mais a frente na avenida pega um taxi para
o aeroporto, Joaquim não veria aquele rapaz novamente, pois em
outra missão morreria.
Emanuelle olha para ele e pergunta;
— Voltou apenas por Fernandes.
Joaquim olha para ela e fala.
— Se não querem uma região para vocês, some Emanuelle.
— Você não entendeu nada do problema Moreira.
— Eu sei que não entendi, talvez porque não queira entender.
A moça sai e Joaquim olha para Fernandes e fala.
— Vou por alguém para lhe cobrir as costas, pensei que
soubessem se defender.
— Host mandou me matar.
— Vamos inverter isto, tem gente que queria dizer que fez o
que sabemos que não fez.
— Eles queriam se fazer sobre algo que nem eu vi acontecer?
— Sim, mas volta a Santos, vamos dar entrada nos
documentos e vamos lhe acionar apenas quando for a hora, dá uma
geral nos dois cais, arruma a bagunça que teremos duas semanas de
obras para começarmos a operar lá, vou mandar uns caminhões e
tirar parte daquilo de lá.
— Vou pelo jeito apenas olhar.
— Se deu bem nisto por anos.
— Verdade, mas pelo jeito você realmente não treme, agora
sei que atiras de verdade.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Me defendo.
Moreira saiu, entra em sua Brasília e se manda para a região
do Capanema.
Ele senta-se ao restaurante que montavam na João Negrão e
olha para Marcia chegar a ele.
— Sumido.
— Não está dando certo, e tenho de fazer de conta que esta
dando.
— O que não está dando certo?
— Inventei uma historia na minha cabeça, as pessoas não vão
engolir, tenho de pensar em uma saída, pois não vai dar certo.
— E pensou em algo?
— Sim, pensei, e sei que vai ser complicado.
— Vai cancelar isto? – Marcia olhando o local.
— Não, mas terei de fazer as pazes com alguém que não
confio, isto quer dizer ter problemas bem a frente.
— Está falando de que?
— Marcia, no começo você estará visível, mas depois, vai para
a invisibilidade, mesmo eu vou estar em um ponto que verei as
coisas funcionando, mas não estarei aqui.
— Porque está serio?
— Quando as mortes não justificam o dia, mas elas
acontecem, sinal que o caminho não é o correto.
— Vi que andou olhando de noite as fotos.
— A ideia é bem aquela.
— Existem 3 tipos de garotas ali, algumas não temos como
por neste tipo de serviço Joaquim.
— Então não as colocamos.
— Mas elas podem vir a falar algo.
— Sei disto, mas mantem a calma, na quarta começa a
filmagem do primeiro anuncio que vamos fazer.
— Para quem?
— Uma marca de sutiã.
— Vai usar as meninas.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Logico que usarei uma das meninas, mas na sexta começa
a propaganda do colégio, as roupas chegam da quinta, vamos
ajustar e preparar uma sala de aula no barracão no Largo da Ordem.
— E pretende usar quais?
— As que você apontar como ideais para a propaganda.
— Não escolheu?
— Não me passaram o conteúdo da propaganda, mas vamos
começar a fazer propaganda, e vamos tentar ganhar uns trocados.
— Trocados, sei.
—Deveria ter saído da cidade, fiquei e perdi tempo.
— E porque não foi?
— Não me deram os dados que precisava, parece que ando
ao acaso Marcia, mas eu tento não andar as cegas.
— E resolveu ficar por quê?
— Eu estou escolhendo apoios, me deram um nome em Porto
Alegre, mas me parece uma péssima ideia, mesmo que o nome
tenha sido indicado por um general, é uma criança do outro lado.
— Você adora crianças.
— Sim, mas aqui eu lhes cubro as costas, em Porto Alegre,
parece apenas por uma bala na cabeça de mais alguém.
— E lhe indicaram ela porque?
— Ela montou um barracão de desembarque, junto ao rio
Guaíba, isolado, com segurança própria.
— Uma criança não faria isto sozinha.
— Isto que estou observando, algo está acontecendo, ou os
dados estão subestimado ou superestimados, pois algo a mais tem
de ter ai.
— E ficou pensando nisto e não foi.
— Não adiantaria chegar uma semana antes da remessa.
— E pelo jeito quer ir lá?
— Vou, mas acho que nem sempre as pessoas querem eu no
lugar, meu primo está em contato com vários lá, mas ainda estou
montando as coisas naquela cidade.
— E vai fazer oque?
— Dormir um pouco, estou pregado, ficando velho.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— As vezes acho que ganhou um charme com o tempo
Quinho, as vezes nos isola, mas em semanas mudou toda a região, e
não parece querer os méritos.
— Não quero parar ainda, pois morreria.
— Morreria?
— Ficaria ali parado, ganharia dinheiro, o tempo passaria e
velho morreria, gordo ao sofá de uma sala sozinho.
— Acho que é só porque quer.
— Não sei fazer o dia seguinte Marcia, eu não sou alguém
que gosta da sensação de preso, mas sei que existem pessoas que
me fariam parar, então as deixo afastadas.
— Parece ter medo da velhice.
— Tenho, estranho, mas tenho.
Marcia o abraça e fala.
— Lá vem Rita.
— Esta é outra que tenho de deixar longe, é maluca e
ciumenta.
— Você não presta.
— Sei disto.
Joaquim se levanta e olha para o terreno, e vai a Brasília e se
manda para casa.
Rita chega e pergunta.
— Ele vai fugir de mim?
— Com certeza.
— Sabe onde ele vai?
— Está com cara de quem não dormiu ainda.
As duas veem aquela Brasília fazer fumaça e sair pela rua.
—O que vamos fazer hoje? – Rita.
— Não sei quem vai aparecer, hoje é sábado, muitas estão
em casa, as vezes é bom ver as coisas calmas, ontem tinha muita
gente olhando.
As duas entram, as obras evoluíram, mas sábado tinha pouco
de obra ali, e talvez pouco mudasse no fim de semana.
Joaquim dorme e acorda assustado, olha o telefone tocando,
seu primo confirmando quando iria, ele passa no posto de gasolina,
enche o tanque e se manda para estrada, foi pela 116, o que foi

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
uma viagem demorada, ele estava cansado, talvez meio indisposto,
ele nem parecia o mesmo, confirmou com o primo onde eram os
pontos de entrega e passa os esquemas, teriam onde deixar coisas
em Curitiba, em Santos, e uma entrega grande para o Rio de Janeiro,
ele queria não perder muito, sabia que o que gerava aumento de
custos neste mercado era ter comprador e perda de material.
Era começo do Domingo quando ele entra em uma praça na
região no porto, olha para seu primo e chega a uma mesa, olha
aquela menina e pergunta se era Priscila Fatima de Senna, a moça
se assustou, ele deixou claro o que queriam, se ela teria como
fornecer o lugar, deixou para encima da hora para não vazar onde, e
torcia mesmo em sua arrogância que ela aceitasse.
Ele acerta e sai, chegaria no dia seguinte, ele não estaria na
cidade, ele viria pegar a carga na sexta seguinte, era uma semana de
estruturação para dar certo.
Viu que a menina tinha sistema de segurança próprio, se
inteirou que ela tinha uma fabrica de plástico, ainda eram poucas
no país, e as embalagens estavam mudando todas para o plástico,
saindo das garrafas de vidro em refrigerante para plástico, pela
primeira vez olhou alguém no caminho que fazia as coisas
profissionalizadas, fica a observar, pega o carro no fim daquele dia e
sobe de novo para Curitiba.
Joaquim acorda sedo na segunda, teria de manter a atenção,
era o dia de desembarque, sabia que se outros soubessem, iriam
querer a carga.
Joaquim tenta algumas investidas na segunda referente a
outras empresas na região, mas era apenas um gerente tentando
clientes novos, nada de novo, era bom para ser apontado a rua, isto
ele não gostava, um alvo.
Viver com a adrenalina da contravenção e a calma enervante
de ficar detido 8 horas dentro de uma empresa.
Tedioso, diria Joaquim, ele sai com 3 pequenos prospectos,
era normal ser daquele jeito no começo, fala o gerente, que teria de
formar sua leva de clientes.
“Minha leva?” – Pensa Moreira, eram clientes para a agencia,
depois mudariam ele e os clientes ficariam.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Seu primo passa uma mensagem afirmando que o
desembarque foi tranquilo, ele ficou pensando se o lugar era seguro,
o general Rosa disse que ali ele teria como manter os olhos, isto o
deixou mais inseguro do que seguro.
Foi ao Largo da Ordem, e o leitor as vezes verá o personagem
falar em São Francisco, a região é a mesma, bairro de São Francisco,
conhecida por Largo da Ordem.
Quando ele entra na obra do bar, Paulo Tavares olha para ele
e fala.
— Veio olhar?
— Tenho usado fora do horário, mas como está a estrutura?
— Bem, estranhei que o senhor que indicou para fazer a obra,
não lhe conhece, ele perguntou quem era este Joaquim, que lhe
estava indicando a obra.
— Ele me conhece como pedreiro, não como dono de um
negocio, estranho o que achava que era uma mão para a eternidade,
em duas semanas sem pegar no grosso do cimento, já está voltando
a uma mão suave demais, para alguém como eu.
— Se quiser inaugurar em uma semanas, o físico estará
pronto.
— Bom saber, tenho de ver os fornecimentos, por sinal, vão
mandar um caminhão de produtos vindos de Santos, se puder por
no estoque.
— Importação?
— Sim, vinhos, champanhes, algumas coisas de preço mais
caro, mas que não é para qualquer um, como caviar enlatado.
— Pensei que não estava pensando no cardápio ainda.
— Não pensei, vamos sentar daqui a pouco e falar disto, mas
apareceu um lote em Santos, eles torraram, então estamos
comprando.
— Certo, aproveitando a oportunidade?
— Sim, vim pois preciso ver como está a instalação da parte
de filmagem no barracão ao fundo.
— O que tanto entregaram ali.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Produtos de filmagem, biombos, carteiras de estudante,
pois vamos filmar 3 propagandas esta semana, e sei que muitos vão
se perguntar onde foi filmado, e não vamos falar.
— Certo, estão começando ainda, mas sinal que a ideia
ganhou uma parte a mais.
— A ideia é grande, apenas algumas avançam, outras se
esquece no caminho Paulo, eu não paro para chorar uma ideia mal
desenvolvida.
Joaquim foi ao local e viu Amanda ali, este era um dos
problemas dele, ela não estava nos lugares para ajudar, mas para
fazer dar errado, ele estava tentando evitar e fala.
— Entregaram tudo?
— Não sei, Jonas nem deu atenção direito a TSS hoje, por esta
sua ideia maluca.
— Deixa eu ver o que estão aprontando.
Joaquim entra e olha que o que era um imenso salão, se você
filmasse focado, seriam vários locais, chega ao fundo e pergunta.
— O que temos aqui Jonas?
— Trabalho, falou serio em me por para trabalhar.
— Sim, mas como estão as entregas, em dia?
— Complicado de entender tudo, mas não entendo do que
está precisando, tem gente esperando na sala ao fundo.
— Seleção tripla hoje.
— Vi que está tentando não parar no Banco, mas não entendi
a seleção.
— Eu também não entendo muito, mas deixa eu ir lá.
Joaquim chega ao local e viu Maria Rogéria, ou Rogéria para
os demais, era um transformista que fazia apresentações de rua, e
que Joaquim conheceu na UFPR, ele olha para ele e fala.
— Disposto a trabalhar João?
— Só você parar de insistir em me chamar assim! – Rogéria.
— Como estão as coisas?
— Lhe esperando, pensei que não vinha mais.
— Marquei este horário, pois é quando posso, sabe disto.
— O bancário, isto não combina com Loco.
— Tenho de concordar.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
O rapaz montado sorri e os dois entram na sala ao lado e
olham os candidatos, estavam separados e Joaquim era direto.
— Deixar claro, antes de qualquer coisas, esta empresa pode
vir a ser grande, mas começa hoje, vocês ou a farão grande ou
fechar, se alguém tem medo de por a mão na massa, quer algo já
pronto, não é seu lugar aqui.
Rogéria viu que alguns se olham e fala.
— Estamos selecionando 10 maquiadores, 10 iluminadores, 8
cinegrafistas, 5 técnicos de luz, 5 técnicos de som, mas como temos
menos candidatos que vagas, primeiro queremos saber se tem
disposição, se encarariam um desafio.
Um rapaz ao fundo fala.
— Qual o desafio exato?
— Temos um bom vendedor de propaganda, mas precisamos
as filmar, seremos uma agencia de propaganda, filmadora de filmes,
e uma produtora.
— Tem projetos contratados? – O mesmo rapaz.
— Sim, sei que estamos começando as pressas por isto, mas
por trás destas paredes, se erguem estruturas, entregam
equipamentos, e temos um cronograma, de pelo menos 16
propagandas pedidas, para o mês corrente, mas ainda não temos
nem pessoal para isto.
— Estão vendendo sem ter o grupo formado?
— Na verdade a culpa foi de Joaquim ao lado, ele em si, falou
com um amigo sobre a aquisição deste local e a implementação
desta ideia, e o que era uma ideia a uma semana, este empresário,
lhe perguntou se poderia fazer o lançamento dos próximos 6
produtos da sua empresa, dai surgiu pequenos amigos que precisam
de algo mais profissional do que o que tem no mercado.
— E existe capital para montagem de algo assim em meio a
esta crise? – Uma moça ao fundo.
— Na crise, os grandes investem mais em marketing, é a hora
de crescer, estamos terminando de levantar o capital, mas ele já foi
aprovado, para implementação do projeto, verão que existe um
grupo multinacional que assim que nos instalarmos quer executar
alguns projetos de propaganda, mas ai é para dentro de 45 dias.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Algo grande?
— Uma rede de hotéis, que terá uma sede local, e sede em
outras 18 cidades no país.
— Ainda vendendo?
— Não adianta os ter aqui parados, e quero o melhor, eu
tenho de confessar que me assustei com o preço de importação do
rolo de filmagem.
— E farão a seleção que horário?
— Estou convidando vocês a participar, sei que as primeiras
propagandas, não tem tecnologia para ser um primor, mas temos
uma encomenda, que depende de liberação, vindo da Califórnia, de
mesa de som, iluminação e mesas de masterização, que devem
chegar em no máximo 45 dias, estamos convidando a fazer historia,
mas a escolha é de vocês.
Os demais se olham, era um convite, não uma seleção, isto
pareceu diminuir a pressão, e alguns pareceram perder o interesse
e Joaquim fala.
— Ser sincero, eu esperava mais interessados, sinal que ou
não levaram a serio, ou não entenderam a proposta, sei que devem
me olhar e se perguntar, quem é este dai? Porque trabalhar aqui?
Mas o prospecto se mostrou necessário ao mercado nacional,
estranho existir mercado e por medo da censura, ninguém estar
investido, e quando surge um grupo, todos nos olham como
aventureiros.
— Estamos pensando em nossas carreiras.
— A proposta está de pé, amanha cedo as moças na entrada,
estarão pegando os documentos de quem quer começar, então
sabem, não depende de seleção, e sim de querer, boa noite.
Joaquim viu que eles não fizeram pergunta, Rogéria olha para
ele e pergunta.
— Não vai insistir?
— Eles não querem trabalhar aqui, problema sério, mas não
incontornável, mantem o foco, quero você a frente disto, sabe disto,
lhe propus parceria acionaria João.
— Sei, se conseguir fazer, será sair da inercia para o estrelato.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Rogéria viu Joaquim entrar e subir na única sala de direção e
olhar para a moça sentada lá.
— Prazer, sou Joaquim, um dos sócios.
— Prazer, o que precisa senhor.
— Amanha você vai me fazer uma coisa, tudo bem?
— Sim.
— Vai pegar documentos apenas pela manha para cadastro,
todos os que aparecerem pela manha, e estiverem abaixo da
quantidade máxima, você vai pegar estes documentos e passar para
nosso escritório contábil. – Joaquim colocando o papel a mesa – Os
que vierem a partir da tarde, mesmo que não tenhamos um
iluminador, um maquiador, diz que a vaga está preenchida.
Rogéria olha desconfiada.
— Porque disto Loco?
— Estamos fazendo uma empresa, foi um convite a participar,
sei que alguns podem não ter os documentos, mas ninguém nos
indagou sobre isto, e vamos formar os nossos profissionais, pois
estava olhando as mesas de som e luz que temos na cidade, mesmo
na Globo, é inferior ao que chegará em 45 dias.
— Certo, mas faremos como?
— Vamos pegar os que aparecerem, eu virei sempre no fim
do dia, mas a partir de amanha, temos a esquematização de 3
propagandas, os grupos que estiverem, vão ter de começar a pensar
nos prospectos das 3 propagandas, vamos apresentar as candidatas
por book, e precisamos de projeto de luz, posição de câmeras e
local de locação.
— Tem os prospectos? – Rogéria.
A moça aponta a pasta que entregaram e ele passa a João
que olha e fala.
— Acha que dá para fazer algo com isto?
— Tem coisa que vai ficar apenas na ideia dos clientes, mas
quero gente falando de nossas propagandas.
— E tem os prospectos de quem usaremos?
— Ninguém do ramo Rogéria, mas todas modelos jovens, com
contrato de exclusividade com a empresa.
— Está querendo fazer mercado, se entendi.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Sim, o que tem de mal nisto?
— Nada, eles lhe veem como um qualquer, mas vi que temos
espaço, comprou o melhor do que temos no país, e está falando
que vira coisa bem melhor, tenho de me atualizar, pois pensei que
era algo mais primário que isto, está falando serio em fazer
propaganda.
— Rogéria, tenho o prospecto de 4 filmes infanto-juvenis,
tenho as crianças, tenho o lugar, tenho os croquis iniciais, e a única
coisa que preciso, é de gente querendo fazer isto.
— E não teria nada contra eu aparecer um pouco?
— Rogéria, a única coisa que não pode, é se perder, achar
que já é famosa e parar de trabalhar, pois aqui, seremos uma
equipe, se todos trabalharem direito, todos ganham, se todos
trabalharem mal, todos perdemos.
— Mas não tem nada contra?
— Os filmes adultos ainda não sei se filmarei aqui, mas com
certeza teremos alguns também Rogéria.
— Pelo jeito quer realmente fazer disto parte da historia da
cidade.
— Não sou alguém que se contenta em viver no ovo, quero
sair da casca e fazer parte da historia do país.
Rogéria sorriu e falou olhando a secretária.
— Vamos ter de verificar aqueles prospectos, pensei que
eram apenas teóricos.
A secretaria não falou nada, mas falou que estavam na pasta
a implementação.
Joaquim desce e olha um dos rapazes a olhar na parte baixa,
ele olha-o e fala.
— Poderia me dizer uma coisa?
— Se souber?
— Existe plano de carreira interna?
— Não.
Rogéria na parte alta olha para Joaquim.
— Mas então porque viríamos à empresa.
— Rapaz, plano de carreira, estabelece que todos sobem, isto
é uma enganação, desculpa quebrar o encanto, mas esta é uma

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
empresa de iniciativa privada, não tenho como garantir crescimento
a todos, não quer dizer que os melhores e mais dedicados não
cresçam, não virem parceiros do negocio, mas o que entendem
como plano de carreira, estabelece crescimento prometido a todos,
isto não existe na iniciativa privada, um motorista pode se
aposentar na empresa, mas ele continuará sendo o motorista, mas
sei que não é este motivo que os afastará, sei que muitos me olham
desconfiado, se perguntando quem sou eu?
— Esta é outra pergunta, pois não tem como surgir alguém
assim do nada.
— Digamos que não surgi do nada, apenas ninguém me viu
ainda, e não faço questão que vejam por enquanto.
— Mas tem alguma empresa conhecida?
— Não, sou apenas um bancário do Banco do Brasil, para
noventa por cento das pessoas.
— E para os demais 10%?
— Isto os que fazem parte de um grupo seleto, sabem.
— E não fala assim.
— Rapaz, quer saber quem sou, digamos que alguém que
pensa, sei que seu nome é Marcos, fez faculdade de Musica e tem
formação em teatro, perdeu seu pai aos 16, fez CEFET, tem quase
minha idade, nasceu no Rio, morou quase a vida inteira no Hugo
Lange, onde fez primeiro grau, perdeu um primo o ano passado por
assalto no Rio, eu mandei os convites para quem eu queria aqui,
mas a escolha é de vocês, mas sei quem são, mesmo que não fale.
Se olhar em volta, estamos em uma área nobre, metade de uma
quadra para implementação de 9 projetos, entre eles, esta empresa
de publicidade, propaganda e filmes de longa metragem. Em
investimento, estou gastando para ter uma empresa séria, mas
ainda estou começando, a burocracia neste país faz com que segure
as coisas. Estou me adaptando ao andar do país, pois eu gosto das
coisas aceleradas, não vejo problema em fixar algo com uma
empresa hoje e filmar amanhã, mas sei que muitos estão
acostumados com esta inercia, até condenam atividades assim.
O rapaz olha para Joaquim e fala.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Quer dizer que não chamou qualquer um, saberia o nome
de todos que estavam aqui.
— Sim, e uma dica, falei que amanha pela manha, quem
estava aqui, tem a vaga garantida, mas à tarde, eu pretendo já ter
fechado o prospecto de funcionários, mesmo incompleto, pois não
obrigo ninguém a vir, eu gosto de pessoas decididas e trabalhadoras,
pois sei o peso que inertes tem em equipes de trabalho.
— Mesmo que não tenha os demais postos?
— Eu tenho a lista 2 e 3, eu não chamei uma grande
quantidade, talvez todos estejam acostumados com este tipo de
seleção, onde para selecionar um, se menospreza e decai o
concorrente, não gosto destes métodos e não seria meu método.
— E o que vamos fazer neste espaço?
— Filmes, propagandas, curtas, contar a historia, documentar
a historia que pode não ser permitida hoje, mas que alguém tem de
ter os registros.
— Está falando em criar um acervo.
— Sim, documentar os acontecimentos, pois toda a nossa
memoria está gravada apenas por poucas empresas com interesses
econômicos, fica difícil ter acesso.
O rapaz se despede e sai, Moreira olha para Rogéria (João),
sabia que nem todos ficariam e ouve.
— Se você os quer fazendo algo, tem de falar como fez com
estes?
— Este não me conhece, mas eu o conheço, e diferente, nem
todos eu teria argumentos, mas é que não queria argumentar,
todos neste país querem entrar em uma empresa que já se deu bem
e se dar bem, eu quero levantar do zero.
Rogéria desceu as escadas e falou.
— Sei que a ideia é boa, sei que você está receoso, costuma
falar mais firme sobre seus negócios.
— Esta semana Rogéria, pode ser a primeira ou a ultima
semana de uma boa vida, é uma semana inteira até segunda que
vem, uma semana que pode me dizer, acelera, ou freia.
— E vai manter eles como então?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Rogéria, eu tenho plano alternativo de funcionamento,
mas isto quer dizer, podemos ter de desviar recursos de outros
empreendimentos, ou ser o fornecimento de recursos, prefiro o
segundo caminho.
— E está agitado.
— Lá vou eu para os projetos a mais.
Joaquim saiu pela porta frontal e deu a volta na quadra e
entrou pela frente da empresa de segurança, na frente, se esticava
uma grande escudo com um i estrelado a fachada da empresa,
Joaquim havia pensado em registrar Intercept e descobriu que já
existia, e já tinha mandado fazer os escudos, estava pensando ainda
e sua mente tinha este entre tantos problemas a mente.
Ele vinha falando palavras com I e olha para os demais e sorri,
ele tinha achado em um sinônimo mental de arapuca a palavra que
poderia usar, ainda mais que poderia usar ela com o sentido de
estratagema.
Os rapazes viram Joaquim chegando, muito poucos
conheciam ele, mas tinha gente ali da policia Civil, da Militar, gente
que deixou o exercito e não tinha o que fazer, ele olha o grupo e
olha os demais e fala.
— A postos.
Os rapazes ficaram na duvida, e se postaram a frente de
Joaquim e ele falou.
— Vejo que temos menos do que pretendo usar, e gostaria de
sinceridade nesta seleção.
— Sim senhor. – Um rapaz ao fundo.
— Responderam o questionário ao fundo?
Alguns sins deixaram Joaquim na duvida.
— Alguém não preencheu?
Um rapaz a frente fala.
— Não posso por meu nome naquilo senhor, sou concursado,
esta é uma dúvida que tenho.
— Alguém mais?
Dois eu no meio.
— Primeiro ponto, este é um grupo de segurança, e primeira
regra, como todo grupo, é nos protegermos, se não temos a

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
informação básica, não podemos nos proteger, segundo ponto,
mesmo os que não podem ser contratados com carteira assinada,
precisamos de um contrato de prestação de serviço, não porque eu
queira, mas porque comprometimento é essencial ao grupo.
Joaquim olha os demais e fala.
— Vou colocar um grupo de pessoas esta semana para lhes
avaliar, será primeiro a avaliação física, depois, a psicológica, após
isto, vamos iniciar uma preparação física e de tiro, com táticas de
imobilização, uso de equipamento e desativação de bombas, é um
treinamento intensivo, mas que pode ser alocado em qualquer
horário disponível, mas o de tiro, vou fazer questão, não vou por
gente a rua que sai disparando a esmo.
— E quem vai nos ensinar a atirar?
— Por enquanto eu, não serão mais uma empresa de
segurança, serão a empresa que dará segurança aos negócios dos
parceiros econômicos, então os quero como os melhores.
— Qual o nome da empresa?
— Insídia Segurança.

Os rostos de dúvida e isto foi um bom sinal para Joaquim, ele


olha os demais e fala.
— A escolha é de vocês, se fazem parte, mas se resolverem
fazer, sei que chegarão cansados no fim de 3 semanas, pois os
quero bons no que fazem.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— E vamos aprender a atirar com que armas?
— Estou no processo de legalização e registro da empresa e
de seu armamento de defesa, mas teremos ensino de tiro em 8
tipos de armas, da de pequeno calibre, a de distancia alta, os quero
preparados para proteger o ponto nem que ele esteja a 200 metros
de vocês.
Um rapaz da civil olha para Joaquim e pergunta.
— Mas tiro de precisão não se usa no dia a dia.
— Digamos que Insídia pode ser sinônimo de Estratagema,
mas eu a estou usando como sinônimo de Arapuca. Temos um
sistema de posicionamento, de ensinamento de tiro, que vou passar
a vocês, as aulas de tiro requerem lugar especial, então
provavelmente será na próxima semana, mas a parte técnica, a
parte preparação, esta já começaremos amanha para quem quiser
fazer parte desta empresa.
— Vai pagar o piso apenas? – Um senhor ao fundo.
Joaquim olha o senhor, gordo e fala.
— Vou pagar as semanas de treinamento o piso, vale
transporte e refeição, depois verificamos as funções que cada um
vai se adaptar.
Joaquim circulou por eles e falou.
— Podem descansar, a partir de amanha os que estiverem a
fim do treinamento, comparecer com documentos e com vontade
de aprender, mesmo que pareça básico para alguns, quero ter
certeza que instruímos da melhor forma possível.
— Qual a dinâmica de participação de concursados que não
podem dispor de tempo integral.
— Pede para a moça o relatório para concursados, ela vai lhes
passar, lá tem os seus dados, mas o principal, os horários possíveis
para estarem em serviço.
Joaquim entra e olha a moça na recepção e ela fala.
— Tem uma moça querendo falar com você Joaquim.
Joaquim estranhou, olha pela porta entre aberta e sorri,
Nádia, ele passa as instruções e entra na sala.
— Perdida aqui?
— Vim ver onde o Jota está escondido.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— No BB.
— O que está criando aqui?
— Algo que não sei se vai dar certo, mas vou tentar fazer dar
certo.
— Não entendi.
— Algo para fazer agora?
— Não.
Joaquim a olha e fala.
— Lhe apresento o que parece ser uma bagunça.
— Soube que saiu da sociedade com Jonas, não sei o que ele
pretende.
— Que eu volte, mas agora resolvi que vou dispor de mais
energia, vou emagrecer na marra.
Ela chega perto e lhe beija e fala.
— Sumiu.
— Eu?
— Verdade, eu me afastei, mas sabe o problema.
— Sei, eu bêbado, você gravida, resolve que não queria um
filho meu.
— Não foi isto, você é uma incerteza eterna Joaquim.
— Eu?
— Eu parei com a Cherry, agora o Nacional me mandou
embora e estou correndo atrás, tenho contas a pagar.
— Procurando um emprego?
— Vai me oferecer um?
— Não sei, você não disse se está procurando.
— Estou, mas não sei se quero estar tão perto destes seus
amigos, eles parecem sempre o querendo levar para a festa.
— Sim, eles me levando para a festa que nos conhecemos.
— Verdade.
Os dois saem e a secretária pediu duas assinaturas de
Joaquim, lhe passou um envelope e ele falou.
— A ideia aqui parece simples, mas não é.
— Qual a ideia.
— A casa ao lado, está em reforma, é para onde quero me
mudar em um mês, com tudo pronto.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— E a casa da sua mãe?
— Vou alugar, não consigo ficar nela, lembranças tristes.
— Está se cuidando.
— Não, mas ao lado, estou fundando um dos 4 hotéis desta
bandeira em Curitiba, esta bandeira está chegando ao Brasil e está
captando parceiros para tocar, deve inaugurar 80 hotéis no Brasil
inteiro, e pretendo tentar tocar os 4 de Curitiba, dai consegui um
investidor Americano, e num investimento meio a meio, vamos
abrir um bar aqui e um no Rebouças.
— Vai virar mesmo um nome respeitado, deixar de ser
apenas a sombra destes seus amigos.
— Eu nunca fui a sombra deles.
— Não vou discutir isto Jota, você era sim a sombra deles.
Joaquim sorriu, alguém o querendo entender era sempre
perigoso.
— E por ultimo a empresa de publicidade que terei em
parceria com Jonas.
— Tinha de ter ele por perto.
— Sim, ele tem ideias boas, eu sou apenas de ter as medianas,
então preciso dele na parte de propaganda.
— Mas vão fazer o que a nível de propaganda?
— Propaganda de Radio, TV e Jornal, ainda implantando as
coisas, não sei ao certo tudo.
— Então largou o bar e os muros, para criar suas empresas.
— As vezes terei de erguer paredes, para acalmar a alma.
— Só você acha que levantar paredes acalma a alma.
— Quem tem a calma na alma não entende.
— Então tem estado ocupado, mas onde me ofereceria o
emprego, pelo jeito está tudo andando.
— Eu preciso de um centro nervoso disto, onde eu possa
controlar o andar das 4 empresas que vou inaugurar.
— Quatro?
— Esqueci, realmente, são cinco, tem a Empresa de
Publicidade e Propaganda, Empresa de Segurança, os Bares, Hotel e
os dois motéis que eu e Jonas vamos fazer na entrada da cidade.
— E vai estar no banco também?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Concursado, tenho de conseguir me manter lá, é a
estabilidade.
— Então esta cara é de cansaço?
— Sim, é de cansaço.
Ela fez massagem nas costas de Joaquim que relaxa e fala.
— As vezes tenho medo de parar e não dar certo.
— O que tanto projeta?
— Fui fazer um símbolo achei o nome e descobri que já
existia o nome da empresa, então amanha tento um novo nome, e
espero que esteja disponível.
— A parte burocrática, mas é serio que me quer trabalhando
aqui?
— A sede central seria no Cabral.
— Cabral?
— Sim, teremos o segundo hotel lá, e estamos construindo,
mas hoje não estou disposto de lhe mostrar lá, mas conversamos
mais, não suma.
— Pelo jeito o convite não é de verdade.
— É de verdade Nádia, mas iria falar com você somente
semana que vem, o lugar e as coisas não existem ainda, estão todas
na parte de contabilidade, de reforma, de implantação legal, mas sei
que as contas não esperam uma semana, quando atrasam.
— Verdade, mas vou pensar, quer dizer que lá está mais
bagunçado que aqui.
Os dois foram ao bar e Paulo olha Joaquim e fala.
— Esposa?
— Ainda não. – Joaquim.
— Ele não parece alguém que casaria.
Paulo olha e senta-se a mesa.
— A parte estrutural está pronta, não sei como vai ser a
publicidade, mas sabe que temos de preparar o cardápio.
— Estou dispondo de uma ideia simples ainda, mas a
prefeitura não aprovou que funcionássemos 24 horas, vamos
descansar um pouco.
— Certo, e pretende funcionar de que horas a que horas?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Abrir as 16 horas e fechas as 8 horas, de segunda a
segunda.
— Oito horas para descansar?
— Vamos assim ter 2 turnos de funcionamento, a ideia era 3,
mas se não aprovaram, alguém pressionou para não acontecer, ou
foi a inercia que pressionou, mas todas as entregas, marca pela
tarde, depois das 16 horas, não vamos somar horas extras sem
necessidade.
— Certo, e o nome?
— Tasca do Joaquim.
— Tasca? – Paulo.
— Estava entre Tasca e Baiuca, mas no símbolo ficou melhor
TJ do que BJ.
— Pelo jeito estava pensando em algo que não fosse normal.
— Na verdade estava olhando uma letra onde o T fosse
confundido com o C, para gerar aqueles que nos chamariam de
outra forma.
— Não entendi. – Nádia.
Joaquim abre o envelope que pegara com a secretária, e
alcança o símbolo para Paulo.
— Pensei em algo assim.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Simples, mas que pode dar certo, pelo jeito não quer
complicar a propaganda.
— Algo que não remeta a nada que tem na região, que olhem
e digam, é do Tasca, ou do Casca.
Paulo sorriu e perguntou.
— E o cardápio?
— Temos de decidir, a noite temos uma linha de bares que
servem sopas, cremes, mas pensei em algo incrementado, os
cremes e sopas frios, também servidos na França, são geralmente
mais leves, pois gordura não dá para deixar frio.
— Certo, tem as receitas?
— Ainda não, e pretendo homenagear alguns bares, teremos
o Caldo Gato Preto, o Bife Sujo, Sopa Alemã, mas não vai ser tão
diferente, vamos apenas dar nossos nomes, não vai passar de 20
ofertas, tudo que formos oferecer, tem de se poder deixar pré
pronto, pois não quero correria Paulo.
— Certo, porções de acordo com a necessidade.
— Sim, e fáceis, sabor não é complexidade, caprichamos no
visual de entrega, não nos condimentos.
— Pelo jeito pensou muito nisto.
— Comi um Quibe Cru maravilhoso em Porto Alegre ontem,
mas fiquei pensando na engenharia de ter algo assim, acho que
temos de ter fluxo de pessoas para por coisas assim.
— Certo, quer deixar uma cartada para mais a frente.
— Estava pensando, não sei, nunca tive um bar, eu gosto de
cerveja, mas o Chopp dá mais lucro, e tem muita gente que
consome.
— Esta ainda fechando a ideia?
— Sim, sei que teremos uma linha de alto valor, mas isto é
para poucos, e não sei nem o gosto que tem, pois consegui uma
carga de mexilhões, caviar, champanhe francesa, vinhos italianos e
alemães, que nem sei o gosto, mas pelos preços da concorrência,
devem ser bons.
— E como por algo assim no cardápio?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Vamos por em uma pagina final, se não sair, eles tem prazo
de validade, os comestíveis, se não soubermos o que fazer,
comemos.
— Não leva a serio mesmo Joaquim. – Nádia.
— Eu descobri que tem uma garrafa de vinho francês no lote,
que vendem em São Paulo por 400 mil cruzeiros novos a garrafa.
— 5mil dólares, realmente algo caro, pagou quanto.
— Só a caixa com 12 destes que tem lá, paga o que paguei
por tudo.
— Sabe a procedência?
— Foi leilão – Mente Joaquim – De uma remessa de produtos
que foram apreendidos em Santos, era pegar a carga toda, vendo
pouco, arrisquei, mas ainda tenho de tirar do porto, então deve vir
parte esta semana para cá.
— Algo interessante e vendável neste estoque? – Paulo.
— 600 garrafas de Uísque 18 anos.
— 600?
— Sim.
— Sei o que não pedir para o estoque, mas quero ver,
verificar se é um 18 anos.
— Nisto não posso lhe ajudar Paulo, gosto de uma boa pinga
com meia maturação de Minas.
— Eu verifico, mas então vai esperar chegar para fazer o
cardápio total?
— Sim, quero ter porções de Caviar, de Mexilhões, não sei se
vai sair, mas com certeza estará no cardápio.
— Um diferencial, um incremento, pelo jeito estamos falando
de uma casa capaz de atrair gente com dinheiro da cidade.
— Se conseguirmos Paulo, pode ter certeza, seu salario vai
dobrar rapidinho.
— E vai selecionar o pessoal quando?
— Você vai selecionar, agora sabe o nome, tem gráfica
recebendo os prospectos de cartão, de Outdoor, a propaganda vai
ser filmada a semana que vem, e quero mandar o cardápio para
fazer assim que me disser, este pode ser, este não.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Me escreve a sua ideia de cardápio, pelo jeito pensei em
algo mais básico, você em algo mais incrementado.
— Passo.
Nádia viu que a ideia era algo grande, não aquela ideia de
barzinho que ouviu de amigos.
Olha em volta e olha para a parte baixa e fala.
— Para quantas pessoas dá esta casa?
— Isto que vim verificar Nádia, meu Gerente geral desta ideia,
me falou de algo que não vi.
Paulo sorriu e apontou uma parede ao fundo.
— Se lembrar, falou em fazer os banheiros ali, que era para
verificar se era um respiro ou algo assim.
— Sim, e o que achou.
— Lhe mostro.
Joaquim se levantou e Nádia veio junto.
Onde parecia uma parede de respiro, tinha uma escada
oculta para baixo, e Paulo falou.
— Estamos abrindo o buraco na laje para baixo, na altura da
cozinha, pois teríamos como ter ela em 3 pisos, o que facilitaria
dispor das coisas, do estoque e da organização geral.
O senhor acendeu as luzes, e Joaquim olha o espaço e
perguntou.
— Alguma ideia?
— Pensei em por mesas.
— Não, isto é um porão, já verificou se puser um som aqui, o
que chega na parte alta?
— Não, alguma ideia?
— Eu sou da época do porão do Linus, mas não é o publico
que temos aqui.
— Não entendi.
— Uma pergunta simples, tem como isolar estas escadas,
com uma entrada frontal na altura da escada.
— Sim, mas qual a ideia?
— Dois bares, não um, certo que a cozinha seria a mesma,
mas não acredito que fosse problema, fazemos cardápios diferentes,
e teríamos um bar com cadeiras acima, e um espaço de shows bem

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
diferentes, mas preciso saber como isolar o som de uma na outra,
principalmente do porão.
— Você é maluco, eu pensando em por mesas e está
pensando em que?
— Tem coisa que dá para testar, e uma delas, lançar bandas
locais no espaço embaixo, com lançamento de LP.
— Fechamos a parte alta, pois dava visão do palco central da
parte alta?
— Não sei, dei uma ideia, me prova que ela é ruim, ou me dá
uma ideia Paulo.
— Vou pensar, mas gostei da ideia, um palco baixo poderia
ser para algo mais agitado ou mais lento, já que o palco central é
aquelas musicas clássicas que ouvi em alguns bares próximos.
— Deixa eu olhar aquela parte que quer deixar separado.
— Vamos lá então.
Nádia sorriu, estava em uma estrutura que daria para fazer
algo muito bom, mas que dependia de ideias, ou de comida.
Eles chegam na parte dos fundos, Joaquim olha para cima e
entendeu, era isolado, estava abaixo do Denver Bar, então não dava
para fazer além de mesas.
Talvez fosse até boa a ideia, mas olhou para Nádia, Paulo
entendeu que não era uma das moças da casa e apenas falou.
— Sabe que aqui queremos evitar problemas de reclamação
com o bar acima.
— Espero que em 8 anos, Paulo, isto não nos seja problema.
— Fica no Terreno?
— Sim, mas o aluguel só viria para meu bolso após
transferência final, isto requer 8 anos dando certo, estamos no
Brasil.
— Certo.
Joaquim pega a pasta e faz alguns traços sobre a folha,
pensando no que faria, olha para o esquema e coloca os quadrados
das mesas, usava para saber o que cabia, uma comparação sempre
ajudava a pensar, olha as coisas sobre o projeto que o senhor
passou e ficou a imaginar olhando em volta.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas

Joaquim olha os prospectos e sorriu, parecia que agora após


riscar os pontos que tinha uma ideia, mas teria de estabelecer um
nome, ou uma condição diferencial do mesmo espaço.
— Temos umas segunda alternativa Paulo.
— Qual?
— Sistema de cortinas e passagem, para ser o mesmo lugar,
mas estar pronto para algo diferente, o espaço de entrada frontal
alternativo, daria para alugar a casamentos, formaturas, eventos
especiais, ou poderia ser um salão de musica lenta.
— Uma ideia dentro da outra?
— Sim, um bar que pudesse estabelecer mudanças reais, já
que pelo que vi, dependendo do show no nosso palco quase
externo, parte do pessoal do bar ao lado veria o mesmo.
— Acha que devemos mudar.
— Não, acho que devemos fazer melhor que lá, se querem
olhar para cá, é um péssimo negocio para o negocio acima.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Eles estão olhando a uma semana.
— Imagino.
Joaquim olha a hora e se despede, deixa Nádia em casa, ela o
convida a subir, ele recusa, teria de acordar bem cedo, e não sabia
ainda o como se portar, ela o tirava as palavras, os atos
coordenados, com as demais sempre se colocava, falava
independente de magoar, ela parecia algo diferente.
Em Porto Alegre, Priscila senta-se ao Shopping e o General
Rosa chega a ela e pergunta.
— Como foram as coisas?
— Calmas, o agito deve começar assim que este seu amigo
tirar a droga.
— Ele não é amigo, é um Sargento que sabe atirar, não sei ao
certo porque ele resolveu sair da inercia, mas precisava que ele
usasse nosso esquema Priscila, não um qualquer.
— Porque General?
— Porque é a forma mais fácil de controlar, ele tende a
querer se por na cidade, e a única que posso ter uma forma de
entender o que ele está fazendo, é Porto Alegre.
— Mas qual o interesse nele?
— Ele consegue fazer algo que não consigo, envolver lados
opostos em um projeto, ele tem o poder de atrair confusão, mas
sabe se safar da maioria.
— Não foi claro.
— Se puder achar uma forma de aprender a atirar, ele seria
uma forma de aprender rápido, sei que tentei lhe ensinar, mas
nunca consegui chega perto do tiro dele.
— Ele nem estava armado, não entendo?
— Pode ter certeza, ele estava armado.
— E de que tipo de arma ele gosta?
— Leves de grande poder de imobilização rápida, ele não para
em tipo de arma, sempre digo que nunca vi alguém se adaptar a
armas como ele.
— E o que ele desembarcou?
— Não sei ao certo, estão em caixas de madeira, os rapazes
trouxeram, mas pelo preço, pela procedência, aposto em Cocaína.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Moreira e cocaína não combina.
— O chamou como?
— Certo, Loco e cocaína combinam, esqueço que ele está
fazendo mercado, não entendi o problema, como este navio veio
parar aqui, mas ele pelo jeito desembarcou muito.
— Se tivéssemos sistemas de contêineres seria mais rápido,
mas como tivemos de os abrir e desembarcar, demorou bem mais.
— Acha que vale o investimento?
— Muito cedo para saber General.
Os dois acertam segurança e o general sai a rua, Priscila
nunca falou para Carlos, seu companheiro referente conhecer o
general, então foi algo longe dos olhos dos demais.
Terça começa com Joaquim ouvindo uma buzina a porta, sai
da cama e olha pela janela, sai a porta e olha para Candido.
— Problemas?
— Temos de conversar.
— Entra.
Joaquim viu que o rapaz entrou armado, problemas, olha
para a rua e viu o carro da civil a ponta e pensa em qual foi o
maluco que lhe queria sacanear.
Joaquim coloca uma roupa e chega a sala novamente e olha
para Candido.
—Qual o problema que o faz pensar em me tirar do negocio
Candido?
O senhor olha assustado e fala.
— O que sabe?
—Perguntei antes.
— Não estamos achando justo.
— Eu não toquei em um centavo, então de que justo estão
falando?
— Todos sabem que tem gasto fortunas, você de alguma
forma está nos passando para trás.
— O que trabalho, e arrecado, não tem haver com o que o
ponto arrecada, então não entendo, onde estou ganhando, onde
vocês estão perdendo.
— Todos falam de suas aquisições?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Minhas?
— Que você comprou um terreno no centro.
— Vou pagar ele em 8 anos de trabalho, e todos sabem disto.
— Você não nos dá segurança nos pontos.
— O que saiu errado que precisava de que estivesse encima?
— A paralisação destes dias.
— Alguma perda?
— Não foi o que disse, mas paramos.
— Candido, me quer fora, é isto?
— Queremos o que nos é direito.
Joaquim olha para ele e fala.
— Certo, lhes dou o que é direito. – Joaquim pega a jaqueta,
uma sacola, põem as poucas roupas, 4 armas e a chave do carro e
fala.
— Façam bom proveito de tudo, não quero discutir hoje.
Candido olha para Joaquim saindo e fala.
— Não quero a casa.
— Agora é sua, o ponto, seu, a responsabilidade sua, querem
o que não sabem nem o que é.
Joaquim sai pela rua caminhando, chega a porta da viatura da
civil e olha que é da 4ª, atira no vidro que despedaça e dois tiros na
cabeça dos rapazes ali.
Continua a caminhar na rua, e para a frente da PUC, olha em
volta e pensa se ele fora feito para aquilo.
Lembrou da pergunta, qual era o ponto fraco de Loco, a
paciência, ele não a tinha, ele estourava e detonava tudo, por anos
preso dentro dele, olhava procurando para onde ia, deixara a
Brasília a frente e caminha até um ponto de taxi e foi para o Cajuru.
Candido olha para os seguranças, queriam uma justificativa e
um pergunta.
— O que faremos?
— Não sei, não mudou nada, ele se manda, como ele disse,
não estava perto, não pegou o dinheiro, mas todos querem o que
ele tem, o que tem nesta casa?
— Nada.
— Ele anda naquele lixo de carro.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Sim, mas o que fazemos.
— Deixa correr, não sei ainda o que vai acontecer.
— Se o delegado perguntar quem matou os rapazes?
— Não vimos.
Candido sai da casa, muitos olhavam ao longe, alguns
pensando que o grupo começava a rachar.
Joaquim olha para o relógio, faltava ainda 2 horas para a
abertura da agencia, ele pede para parar a porta do 4º DP de Policia
Civil, Roubo de Carga e Estelionato.
Moreira encosta na entrada a sacola em uma lixeira, pega a
camisa de Alemão, com a suástica ao peito, coloca o capuz,
calmamente, põe o óculos escuro, ajeita duas pistolas a frente, duas
as costas.
Ele olha os policiais chegando, chega ao carro deles atirando,
quando ele coloca fogo no primeiro carro, muitos vieram olhar o
que estava acontecendo, ele entra atirando na delegacia, ele estava
querendo fazer algo e não estava funcionando, ele mesmo achava
que não despertara ainda.
Caminha as detenções, com as armas dos policiais do
caminho, abre a porta e foi alcançando as mesmas para os rapazes,
que saem, se ouve os tiros, ele vai ao fundo, ala feminina, poucos
tiros a mais, olha a saída do fundo, delegado chegando, alguns tiros
a mais, tudo na altura do peito, teve de se controlar para não dar
um tiro apenas em cada.
Ele puxa o delegado para fora do carro, morto, dirige 4
quadras, estaciona calmamente, tira a camiseta, tira o capuz, sai do
carro, olha para o carro e o deixa com a chave na ignição e com a
porta aberta.
Ele caminha calmamente até a delegacia, pega a sacola, e sai
a caminhar, todos olhavam assustados, mas ele chega a entrada do
banco, põem suas coisas em um armário para este fim, o fecha e
senta-se a pensar no que faria.
Ele estava longe, pensando em como as coisas estavam
andando, quando o gerente Carlos parou a sua frente.
— Longe pelo jeito.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Passei vindo próximo a Delegacia, está uma bagunça,
tentando entender o que está acontecendo neste país.
— Sem o carro hoje?
— Ele me funciona perfeitamente, afasta os interesseiros, as
Maria Gasolina, até os cobradores.
— O Heitor – Poucos falavam o nome do gerente que estava
se aposentando, o chamavam de Gerente apenas, então até
Joaquim estranhou – me falou que tens duas empresas, e que as
pretende as trazer ao banco, sinceramente não sei se é uma boa
ideia.
— Nem eu, as vezes penso nisto, as vezes dá medo de
misturar as coisas.
— Mas porque pensou em nosso banco?
— Mais agencias no Brasil, tenho entradas que vem de vários
bancos, pois quando se fala em Banestado, tem em poucos estados,
então acaba virando TED.
— E não tem medo que olhem suas contas?
— Não tem tanto dinheiro assim.
Joaquim olha para a rua, a policia civil fechando e fala.
— Hoje o meu problema vai ser a Civil, será que perco o
emprego qualquer dia por eles não terem culpados e resolverem
me culpar?
— Não entendo o que lhe liga a todos estes que muitos
acham perigosos.
— Eu também não sei, pareço atrair confusão, mas se o
gerente perguntar, diz que provavelmente volto rápido, apenas um
pulo no Sétimo DP.
— Não demore, mas pelo jeito sabia que viriam?
— Sim.
O rapaz que veio a frente, foi um dos que estiveram na
empresa de segurança na noite anterior e fala.
— Senhor Joaquim Jose Moreira?
— Sim.
— Temos determinação de lhe conduzir ao Sétimo DP.
Joaquim sai e uma moça veio perguntar.
— O que é hoje?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Não sei, como ele falava outro dia, ele mora no Capanema
ainda, às vezes algo referente a região que mora, ele parecia saber
que algo aconteceria.
Carlos olha a moça e fala.
— Qualquer coisa diz que ele foi verificar um cliente.
— O dando cobertura?
— Ele tem a capacidade de nos tornar diferente, mas teremos
de o modelar.
A moça sorriu, enquanto Joaquim chegava ao carro da policia,
e é conduzido a delegacia.
O delegado Plinio olha para ele e pergunta.
— O que está acontecendo no Capanema?
— Estava indo para meu dia de bancário Delegado.
— E não dormiu lá?
— Dormi, Candido queria conversar, mas não estava para
conversa, algo sobre eu não estar dividindo as coisas, acho que
alguém o está pressionando, mas tinha de trabalhar, deixei para
depois das 16 horas.
— Deixou seu carro lá?
— Não pegou, tinha de trabalhar.
— Alguns estão espalhando lá que Candido deu fim em você.
— Quem.
— Investigador Jamil.
— Então estou morto neste instante?
— Ele acha que sim.
— Me preocupo com os demais, posso dar uma ligação.
— Sim.
Joaquim liga para a TSS, ouve o inicio e fala.
— Dori, chama a Bia.
— Quem.
— Joaquim.
A moça olha para Bia e fala.
— Joaquim para você.
Bia olha para o senhor a sua frente e fala.
— Vamos ver se sua valentia vai durar muito senhor Jamil.
Ele desliga o telefone e ouve Bia falar.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Se ele tinha duvida, agora ele tem certeza que está aqui
senhor.
Plinio olha para Joaquim olhar para o rapaz ao fundo e fala.
— Consegue alertar o pessoal que ele está lá na TSS de novo
Delegado.
— Não entendo isto.
— Sei disto, mas preciso voltar ao banco, e sair de novo
senhor.
— As vezes queria entender sua logica.
— Pensei que meu problema fosse outro hoje.
— Depois falamos do delegado Siqueira.
— Problemas?
— Acho que Candido o matou.
— Merda. – Fala Joaquim olhando o delegado – estou detido
ainda?
— Investigador, deixa ele na agencia.
Joaquim volta a Agencia, olha para o rapaz da civil e fala.
— Me espera um pouco.
Sai do carro e entra na agencia e olha para o Gerente.
— Bom dia.
— Soube que houve um problema, algo grave?
— Sim, mas não precisava tanto alarde.
— Não entendi?
— Algo referente a invadirem minha casa, e a policia estar a
cercando, não entendi ainda o que vai acontecer, mas o delegado
queria saber se tinha caminhos de entrada lateral.
— E tem?
— Não, é uma casa simples, mas parece que tudo que
acontece lá passa por mim esta semana.
— Melhor, pensei que não voltaria.
— Eu marquei com 3 clientes externos hoje, tenho de ver se
ainda posso ir, pois estou atrasado, vou ligar antes de sair, pois não
é um bom começo. – Joaquim.
— E vai como?
— Nada tão longe assim senhor.
— Você é um modelo diferente de funcionários.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Espero que seja um elogio.
O gerente sorriu, Joaquim chega as suas coisas, pega o Pager
e passa uma mensagem para alguns, e Candido entende que pegou
pesado com o cara errado.
Jamil estava discutindo com Bia quando olha os dois policiais
de seu grupo a porta sendo imobilizados, e ouve.
— No chão senhor.
— Sou...
— No chão.
Quando Amanda chegou ao local, soube pela bagunça que
algo havia acontecido, mas ninguém sabia o que havia acontecido,
um grupo que não se identificou tirou o senhor e 4 policiais e os
dois veículos da policia do local, sem falar nada.
Joaquim chega ao carro da Civil novamente e fala.
— Me deixa no Capanema e volta a delegacia.
— O pessoal da Insídia já tirou Jamil da TSS.
— Deixa isto em OF, ninguém precisa saber quem o fez.
— Vai sumir com ele?
— Ainda não sei, mas com certeza, vou o por para correr,
depende da rapidez dele sair vivo.
— Mas vai onde?
— Resolver o problema.
— O delegado está querendo pegar Candido.
— Candido tem de saber de que lado está.
Joaquim desce a porta de sua casa, pega o veiculo e vai a sede
na João Negrão, olha para Candido lá e fala.
— Quer morrer Candido, mexe com as minhas coisas.
— Mas...
— Aqui você não faz parte, fora.
— Acha que...
Joaquim entrou e pegou duas pistolas e coloca a frente do
corpo e fala.
— Acho sim, que respeito é bom Candido, vocês esquecem
rápido demais, que não está pronto para se dividir, mas fora daqui
agora, se quer sair caminhando, e se souber que esteve aqui, morre
você e toda sua família, peço desculpar para sua mãe no final.

105
J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Os rapazes sabiam que Loco era aquele rapaz, todos
poderiam fazer de conta que não, mas era.
Ele pega duas cabeças de leão das fantasias, pega uma capa,
e um óculos, entra no carro e vai no sentido do Batel.
Ele entra na empresa dos Curi e olha para o segurança, um
direto de esquerda, um senhor olhando ele assustado, ele apenas
aponta a arma para deitar no chão, chega a sala do Curi, ele aponta
a arma com aquela cara de Leão e faz sinal para ele virar de costas,
ele algema e coloca uma venda e a segunda cabeça no rapaz e saem
pela porta, ele o empurra no banco de trás e sai dali.
Ele saiu andando normal, chega a sede do Cabral, entra na
parte do fundo, uma casa abandonada e amarra o rapaz a cadeira, o
amordaça e volta a colocar a cabeça de leão, o rapaz estava
assustado, não conseguia se mexer, Joaquim sai pela porta e volta
ao banco, mas agora com o carro.
Termina o expediente e olha para um carro parado a frente
da agencia e olha o Deputado sair do carro a frente furioso.
— O que fez com meu filho.
Obvio que os demais olharam, não era qualquer um, era o
presidente da câmera, era o apoio do governador.
— Eu, estava trabalhando senhor.
— Quero meu filho agora.
—Perguntou para aquele seu amigo, Jamil?
— Não tenho amigo com este nome.
— Então não sei com quem ele estaria senhor.
Joaquim olha ao fundo e olha os seguranças do Deputado
chegar ao lado e um falar.
— Vai por bem ou por mal.
Joaquim olha para trás e fala jogando a chave.
— Recolhe meu carro Pereira, e se sumir sabe quem foi que
deu fim em mim, Deputado Curi, avisa o delegado Plinio que o
problema dele deve ser o Deputado.
Os rapazes olham o rapaz e o mesmo olha se afastando, e fala.
— Aviso.

106
J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim é jogado no porta malas, todos viram a rua, e o carro
sai no sentido da empresa do Deputado, que Joaquim nunca soube
o que ela fazia.
Joaquim é sentado a uma cadeira e o deputado olha para ele.
— Vai falar por bem ou mal.
— Falar o que senhor, eu trabalho, não sou vagabundo como
seu filho, como saber o que ele está fazendo?
— Me indicaram você como quem iria me indicar onde ele
está, e quem me indicou foi o delegado Siqueira.
Joaquim olha para o senhor e fala.
— Porque mente Deputado.
— Não minto.
— Certo, não mente, que horas o seu filho sumiu?
— Perto do meio dia.
— O delegado Siqueira está morto desde as 8 da manhã e
tem coragem de dizer que não mente?
— Você o matou?
— Não, mas um contraventor me tirou de casa, a pedido do
Delegado pela manha, não entendi, logo depois de ter matado ele,
disse que estava tomando tudo no Capanema para ele.
— Candido não mataria o Delegado, e ele também me
apontou para você.
— Sim, e porque eu Deputado, não sabe encarar a
concorrência sem este tipo de armação?
— Você não me faz concorrência.
— Então não tem nada haver com o Sitio da Mirley?
— Não meche com elas que lhe mato.
— Então um aviso, acha que está por cima deputado, mas se
algo acontecer comigo, com certeza, seu filho morre, aquele Jamil,
morre, e tenho certeza, eles vão tomar sua casa de prazeres
Deputado Santinho do Pau Oco, bem Oco.
— Acha que vão se preocupar com um qualquer?
Joaquim tira um fio de arame da costura da camisa, passa no
segredo da algema e a abre, e olha para o senhor.
— Acho que não entendeu senhor.
— Acha que não acabo com aquela TSS?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Jogo de covarde aquilo, por alguém para fechar algo que
nem concorre com você.
— Não entendeu que vou fazer algo melhor.
— Duvido, pois se fosse ser melhor não estava sabotando a
concorrência, mas não entende, quanto mais concorrência, maior o
publico alvo, não o contrario.
— Não vou deixar vocês neste ramo rapaz.
Joaquim olha os dois seguranças, põem a mão para frente,
põem as duas algemas em uma das mãos, rapidamente, levanta e
soca o primeiro e abaixa a cabeça dele violentamente contra a
cadeira, se ouviu o quebrar da cadeira, o segundo veio violento e
Joaquim apenas inverteu a mão e socou o segundo, muito rápido
para os desacordar, olha o Deputado e o segura a parede com a
mão e fala.
— Do que falava?
— Não pode me matar rapaz.
— Um aviso, se continuar neste caminho Deputado, eu lhe
mato, mas antes, lhe tiro cada centavo, e não duvide, eu não tenho
problemas em ir preso, por livrar o estado do lixo que é você.
— Você..
Joaquim deu com força no estomago do senhor, gordo e
terminou.
— Nos deixa em paz, e vive, vou falar o mesmo para seu filho
quando o encontrar, e se ver armação não vou conversar, não vou
fazer de conta, vai feder senhor, entendeu?
Joaquim socou o estomago do senhor novamente o
segurando e repetiu.
— Entendeu?
O senhor estava assustado, os dois seguranças no chão, e fala
tremulo.
— Entendi, mas não mata meu filho.
— Vou o transformar em um homem, não no rato que você
está o transformando deputado.
Joaquim o empurra e o mesmo encosta na parede e Joaquim
pega as armas dos seguranças, põem as costas, e sai pela portas,

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
não sabia que o rapaz havia entendido, mas quando ele saiu a porta
o rapaz encostou o carro a frente e ele apenas entrou.
— Pensei que teríamos de o tirar dai.
— Era uma das possibilidades, mas ainda não quero vocês
invadindo um lugar sem treinamento e equipamento.
O rapaz o deixou onde estava seu carro e foi ao Cabral e entra
na casa, tira a mascara do rapaz e fala.
— Vamos ser sinceros Curi?
— Não pode me amarrar e prender.
— Podemos?
— O que fez?
— O que eu fiz? Você e seu papai, estão investindo contra um
negocio meu e de Jonas, se continuarem alguém vai morrer, e pior,
por trocado.
— Meu pai disse que aquele negocio dá dinheiro.
— Seu pai acha 24 mil dólares muito dinheiro?
— Mas Jonas arrota alto.
— Sim, mas não é dinheiro grosso, sei que seu pai tira muito
mais em uma noite, porque por nós contra vocês, sei que meus
planos vão invadir o mercado, mas nada do que vou oferecer ele
oferece, eu não tenho Paquitas fazendo programa por 10 mil
dólares, eu não tenho a estrutura que ele tem de buscar as
melhores no estado, então estão mexendo com fogo, por trocado.
Joaquim desamarra o rapaz e fala.
— Some antes que eu faça besteira Curi, odeio gente covarde.
O rapaz se levanta, olha em volta, e sai a rua, Joaquim não viu
o rapaz pegar um taxi e se mandar embora.
Joaquim foi à faculdade, olha para a cantina e sobe, tinha de
ter presença, e não tinha nada que ele pudesse mudar nisto.
No intervalo entra na cantina e vê Curi sentado a mesa de
Jonas e senta-se nela.
— Você é maluco Joaquim? – Jonas.
— Sim, papai de Curi me tirou do Banco, com dois grandes
seguranças, me tiraram a casa no Capanema, o ponto do Capanema,
e colocaram Jamil na TSS, papai Deputado me falou que acabaria
com a TSS de qualquer forma, e eu que sou maluco.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Meu pai disse que socou ele? – Curi.
— Desculpa, quebrei dois nariz de seguranças, mas bater
naquela barriga, com certeza não feriu nada.
— Ele está uma fúria.
— Ele, então não adiantou nada hoje, tanto você quanto seu
papai, aprontam, tentamos dizer, parem, vai dar merda, e
continuam fazendo, quando perder o papai, e tiver de correr atrás
Curi, lembra, eu tentei.
— Ele quer lhe parar.
— Toda vez que alguém tentou, deu merda, então lá vou eu
para mais um dia de merdas.
Curi olha para Jonas e fala.
— Segura seu sócio, meu pai está uma fúria.
— Vou falar com ele.
Curi saiu e Jonas falou.
— Tem de acalmar.
— Acalmar com Deputado mandando os Seguranças dele me
conduzirem ao carro dele, quer mesmo que pegue leve Jonas?
— Sei que pode parecer que foram eles mas...
— Foram eles, o deputado confirmou Jonas.
— Deve ter entendido errado.
Joaquim se ergueu e olha para o delegado Plinio entrando na
cantina e lhe olhar, senta novamente e fala.
— Talvez tenha de sumir de vez, isto sim.
Plinio chega a mesa e fala.
— O deputado está reclamando de você por sequestro.
— Se vai me prender Delegado, não faz sala.
— Não gosto disto.
— Todos querem este porco na politica, meus sócios
preferem o porco, Candido prefere o porco, para que me importar
se vão se matar.
Joaquim saiu algemado dali, e foi levado a delegacia, muitos
viram isto, Joaquim senta a cela e olha em volta, lotado, pensa na
possibilidade de enfrentar, seu único telefonema foi para Marcia,
falando para dispensar todos até ele sair da cadeia, mas apenas se

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
encosta ao canto e fica a olhar a cela, não conseguia dormir, por
mais que tentasse.
Amanhece e Joaquim ia para o primeiro dia de falta, mas se
eles queriam se matar, Joaquim não interferiria, e se o Curi achou
que ganhara, não havia entendido, isto faria ele bater forte, cada
vez mais forte.
No banco a informação de prisão não foi bem aceita, mas
todos viam o filho do Curi solto e a acusação de sequestro não
parecia encaixar.
As meninas não saíram de casa, pois Marcia deu a contra
Ordem, Carla olha para Candido naquela manha e pergunta.
— Vai mesmo pelo mesmo caminho de Cezinha?
— Você não entendeu moça, Cezinha provavelmente não
morreu, e não posso deixar Loco no comando, sei que alguns me
temem hoje, pois não sei o que ele fez ontem, mas ele fez com que
me respeitassem.
— E retribui com traição?
— Some moça, ainda acho que você levou sorte da vez
anterior.
— Sim, pensei que estava fazendo o certo, quando falei para
Loco que a comunidade precisava disto funcionando, que muitos
viviam disto, esqueci que a comunidade esquece rápido de coisas
boas.
Carla sai dali, ela observava o amigo ao longe a alguns dias,
ele estava a poupando, mas também isolando, não entendia antes,
mas pareceu que era bem para a poupar.
Marcia vinha pela rua e Carla para a sua frente.
— O que ele pediu Marcia?
— Para poupar as meninas, as obras continuam, o projeto
dele parece continuar, mas sem expor ninguém.
— Alguém se mexeu para o defender?
— Jonas está fazendo de conta que vai fazer algo, não
entendi, mas todos acharam que ele pegou pesado ontem.
— Todos?
— Os aliados dele, não sei, todos falam horrores dele.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Pensa numa coisa Marcia, ele não faz as coisas por motivos
fúteis, mas deixa eu verificar algumas coisas, ele é de explosões,
mas ele queria algo.
— Ele estava dizendo no sábado, que não estava no caminho
certo, que embora parecesse que estava tudo andando, quando
mortes aconteciam e nada mudava, o caminho era errado.
— Se cuida.
Fernandes no inicio da tarde chega a Curitiba, manda um
advogado a delegacia, e olha para os documentos, chega a agencia
e pede para falar com Moreira, o gerente o atendeu, mas o saber
que a agencia não defendia um funcionário, o fez fechar a pasta e
sair.
— Problemas senhor? – Carlos.
— Ele não gostou de Moreira não estar aqui.
— Esta prisão é estranha senhor. Mas ele não vai deixar com
a gente, só porque o rapaz foi preso.
— As frases do senhor foram pesadas Carlos.
— Pesadas?
— Ele disse com todas as palavras “Achava que éramos um
grupo organizado que defendia os seus funcionários de armações
politico administrativas.”
— Mas o que poderíamos ter feito.
— Não sei, mas ele esperava que tivéssemos feito, não sei o
que este rapaz falou, mas ficou nítido que a proposta dele que o
senhor aceitou, não a do banco.
— Isto não é padrão.
— Verdade, mas sabe de algo sobre ele?
— Nada, parece que ninguém nem relatou, alguns rádios
falam que o filho do Deputado foi sequestrado ontem e que uma
operação da policia o libertou e o culpado foi preso.
— Parece armação.
— É armação senhor, mas como revertemos o caso do senhor
ali, era a meta do ano.
— Tenho de pensar, quando ele entrou com os documentos a
mão, pensei que estávamos com ele na rede, mas pelo jeito a rede
que pegou ele está presa hoje.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Prisão na hora errada.
— Bem errada, parece que algo ainda prende o rapaz ao
passado, vimos isto em três dias.
— Verdade, acha que o afastam?
— Ele passou o treinamento com mérito, isto o trouxe para cá,
mas parece que algo aconteceu neste entremeio.
— Vou ligar para o sindicato, embora eles não se metem em
problemas políticos.
O advogado chega a delegacia e pede para falar com o
delegado.
— O que quer com esta petição senhor. – O delegado.
— Se não a leu, não vou explicar, ele é do Exercito, ele
responde no exercito as acusações, porque não o liberaram para lá.
— A acusação é pesada.
— Quer dizer infundada, pois todos relatam o Deputado
gritando a porta do trabalho do rapaz na tarde de ontem, quando
ele saia do trabalho.
— Temos testemunhas.
— Os dois seguranças – O advogado.
— Sabe que sim.
— Eles o tiraram a marra do serviço, se não tem estes
depoimentos é porque não perguntou para seu investigador senhor,
pois se estou na cidade a 2 horas e tenho este dado, deve o ter
desde ontem.
— Acha que fala com quem?
— Alguém que Joaquim Jose Moreira, considerava parte de
seu esquema, mas parece, que ele subestimou o esquema.
— Me acusando.
— Delegado, a pergunta que preciso fazer, ele vai ficar aqui,
ou vai o transferir, já que ele por lei responde isto no exercito.
— O exercito não o requereu.
— Ótimo, esquece a petição Delegado Plinio, mas eu tirava os
seus rapazes de perto do Deputado, alguém vai se machucar.
— Quem é você?
— CIA senhor, advogado no Brasil, mas o esquema que ele
está montando, nos colocou de olho nele.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Olho nele?
— Senhor, a briga dele com Candido, é que o mesmo queria
inundar as ruas com Cocaína, e se falou com ele, ele é pelo controlar
do processo.
— Dizem que ele pode ter matado o Delegado Siqueira.
— Se ele o fez, me explica como delegado.
— Ele é uma lenda rapaz. – Plinio.
— Ele ainda está se tornando uma lenda, pois ninguém nem
sabia quem ele era a 2 meses.
— Alguns sabiam.
— Senhor, não vejo ganho nesta prisão, se vai o manter ai,
depois não reclama.
O advogado saiu e o investigador entrou.
— O que precisa delegado.
— Que mantenha silencio sobre o escândalo na porta do
banco, muitos devem estar falando.
O investigador não falou nada, era a prova que o Deputado
não estava falando toda a verdade.
Na chácara em Colombo duas Kombi chegam a frente e
descem armados, desarmando os seguranças, põem todas as
meninas em um dos veículos, e espalham combustível na chácara.
Era duas da tarde os bombeiros são chamados, quando
chegam a casa, apenas a cafetina amarrada ao portão do fundo, a
casa ao fundo queimada, e o Deputado foi chamado ao local.
O ver que a chácara queimou, pergunta a Mirley.
— Quem foi?
— Encapuzados, não sei o que fizeram com as meninas.
— Falaram algo?
— Muito pouco, os seguranças devem estar no celeiro ao
fundo.
Os rapazes foram interrogados e o senhor não poderia jogar
sobre o rapaz, mas Jonas viu que as acusações foram para ele, ele
não se mexeu para gerar um advogado, agora tinham uma
insinuação nas palavras do Deputado.
O deputado estava a falar algo, e um rapaz chega ao fundo,
afobado, dizendo que alguém tinha entrado na casa dele no Batel.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
O deputado se despede e olha para sua casa pegando fogo,
quando chega a ela.
Tiveram de o segurar para ele não entrar, ele estava com o
estoque de dólares para a próxima campanha na casa, e começa a
passar mal.
O escritório dele no mesmo bairro, tem a entrada de ativistas
que colocam os funcionários para fora, e começam a quebrar tudo.
Quando a policia chega, a de repressão, eles já tinham saído,
mas a bagunça já estava feita, o deputado entra na sala dele e olha
que o cofre estava arrombado, olha para os quadros a parede, nada
estava lá.
O deputado estava parado, tudo desandando, e descobre que
até sua casa em sua cidade natal, estava pegando fogo, e vai a
delegacia falar com o Delegado Plinio, chega e olha que estava tudo
calmo, e o delegado pergunta.
— Precisamos de seu depoimento para deixar ele preso
senhor.
— Alguém veio o representar?
— Uma representação estranha, gente que parece não o
querer solto, e sim mais enrolado.
— Quem o quer enrolar?
— CIA.
— Ele deu algum telefonema?
— Apenas um para uma administradora, ouvimos senhor, ele
apenas dispensou todos, até ele sair da cadeia.
— E quem está retaliando minha pessoa.
— Não sei do que o senhor está falando.
— Chácara da Mirley queimou hoje, minha casa no batel,
queimou, invadiram meu escritório e roubaram os recursos do mês
que tinha em um cofre, até minha casa em Quitandinha queimou
nesta tarde, quem está por trás do rapaz.
— Não sei, tem certeza que é ele, pois sei que o senhor
estava gritando com ele na porta do banco ontem fim de
expediente deputado, eu sei que os dois seguranças que dizem que
viram ele sequestrar seu filho, eram os que o conduziram sei lá para

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
onde ontem a noite, tenho apenas seus funcionários falando que
ele foi sequestrado, não tenho nem gente a rua afirmando ver isto.
— Me acusando delegado.
— Querendo entender a enrascada que está se metendo
senhor, sabe o que ele me falou quando o prendi?
— Não.
— “Todos querem este porco na politica, meus sócios
preferem o porco, Candido prefere o porco, para que me importar
se vão se matar.”
— Desgraçado, mas quem ele acha que vai se matar?
— Não sei, pensa em alguém odiado, por você, pela CIA, pelo
Exercito, pelo nome mais importante do Trafico local, e que se eu
cruzasse com ele na rua a 15 dias, não saberia quem é.
— Candido é gato pequeno.
— Não preciso saber Deputado, melhor não saber.
— Mas tenho de concordar que para um nada, é muita coisa,
sinal que ele não é tão pouco.
— Eu sei que ele não é pouco, mas o senhor resolveu bater
forte pelo jeito, a pergunta, quem está tomando as dores.
— E o banco, mandou representante para perguntar?
— Não.
—Posso falar com ele.
— Acha que muda algo senhor.
— Delegado, quem tem inimigos no exercito e está vivo neste
país?
— Os de dentro senhor.
— O que falou é verdade Delegado, eu a 15 dias, nunca havia
ouvido falar em Sargento Moreira, ouvi apenas quando pedi um
favor, a um amigo de infância, que precisava atrapalhar os negócios
de um Jonas naquele endereço e ele falou que enquanto Moreira
desse segurança, ele não se meteria no local, mas o que via era um
pedreiro, não um sargento, mas vi que ele não se mostra todo dia,
não sei o que aconteceu que o tirou da inercia?
— Lembra do Cezinha?
— Outro idiota.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Tentando pegar o senhor, metralhou a mãe deste rapaz, na
cadeira de rodas, no centro da casa dele, isto o tirou da inercia,
ninguém fala daquele dia senhor, mas em um dia, morreram 32
traficantes e acompanhantes, 26 policiais, um delegado, e não ficou
nada para ligar a ninguém.
— Está dizendo que o grupo de extermínio do Capanema, não
foi um grupo.
— Os indícios falam em grupo, mas ninguém viu, e somente
uma coisa surgiu naquele lugar após as mortes, e foi este rapaz.
— Este grupo que pode estar me retalhando?
— Eles não existem oficialmente, não sabemos quem, não
temos indícios de onde se escondem, e pior, ele vai ficar pior com o
tempo.
— Pior?
— Ele fundou esta semana uma empresa de segurança, ele
vai ter 120 neguinhos prontos para agir.
— Não entendi?
— Acha mesmo que aquele rapaz é inocente senhor?
— O que quer falar?
— O que acha que Candido está fazendo agora?
— Tocando o ponto que pegou do rapaz?
— Não, tentando manter a união, ele esquece que medo,
mantem todos juntos, e este rapaz ai dentro, consegue manter as
coisas na rédea, mas ele saiu sem discutir, Candido foi se gabar, mas
esqueceu, ele não o fez, foi o rapaz.
— Mas que pontos ele estava tocando?
— Todos os de Cezinha?
— Quem tá fornecendo para o rapaz?
— Ninguém fala, mas alguns apontam ele como quem deu
uma desarticulada na CIA em Santos, para abrir um cais de entrada.
— Está falando serio?
— Sim, ele está calmo ali, mas fora daqui, está um agito só.
— Acha que Candido dá conta?
— Ele não entendeu nada, pelo jeito alguém vai o por para
correr e tocar tudo.
— E quem seria o maluco que faria isto?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— No Capanema estão chamando o cara de Loco, não
consegui ainda uma imagem dele.
— Consegue que fale com ele?
O delegado olha para o investigador a porta e fala.
— Traz o rapaz.
Joaquim olha o rapaz da carceragem o mandar ficar de costas,
coloca a algema e fala.
— O delegado quer lhe falar.
Joaquim sai e olha para as celas, ele sente que dependia dele
sair dali, mas não sabia se queria.
É colocado a sala e olha para o Deputado, não o encara, olha
para o Delegado e espera a pergunta.
— Estamos fazendo uma acareação, mas o deputado quer lhe
falar.
O delegado sai e olha para o investigador e fala.
— Deixa os dois conversarem.
O deputado olha para Joaquim, ele olhava para o chão, estava
pensando se valia o esforço e pergunta.
— O que quer me desarticulando.
Joaquim olha para o senhor, não falou nada.
— Acha que sai daqui se não quiser?
— Eu não tenho pressa para sair senhor, todos lá fora são
alvos, porque sair agora?
— Seu emprego.
— Vai me atrapalhar algumas coisas se o perder, mas não
quer dizer que não me vire.
— Porque está retaliando?
— Não estou senhor, se diz informado, desculpa, es uma
criança na câmera, eu saberia em 15 minutos tudo que o senhor faz,
de horas que acorda a hora que vai a cama de alguém na chácara da
Mirley, da hora que almoça a hora que descansa, mas acha que não
existe isto, é que nunca precisou olhar para as costas, nossa
diferença, sei que todos as costas tem mais dinheiro que eu, então,
sei que eles me matariam por trocado, mas quando antes de ontem,
eu estava em Porto Alegre, você combinou com Candinho esta
traição, quando fez pressão para não sair a renovação da empresa

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
de Acompanhantes, quando resolveu atirar, sem olhar em quem,
tive de reagir, quando você me denunciou, só me faz pensar em
uma coisa, da próxima vez, lhe entrego o corpo, pois não entende
de sinal de boa intensão.
— Quer pelo jeito ficar aqui uma vida?
— O senhor que escolhe como sairei senhor, mentiras, geram
mentiras, manter mentiras é difícil, mas quando precisar, avisa, eu
posso estar aqui, mas minhas terras, minhas empresas, meu pessoal
está protegido.
— Acha que não vou atrapalhar?
— O senhor não sabe o que come Deputado, eu sei, quer
mesmo entrar nesta guerra, eu estava saindo para me manter
calmo e quieto, mas parece que ninguém me quer quieto.
— Você matou o delegado Siqueira?
— Não, quem o matou foi quem o colocou em atividade hoje
contra o pessoal do Capanema, nem sei quem foi, mas tem jeito de
Loco.
— Quem é este?
— Um amigo, apenas isto.
— Acha que terei medo de você?
— Não pedi para ter medo, pedi respeito, apenas isto.
— E não se preocupa em ficar preso.
— O senhor não pode acusar fantasmas de crimes, que nem
sei se estão já acontecendo, mas quando começarem, somente
minha liberdade os pararão, pois tem coisa que poucos entendem, e
uma delas, é respeito.
— E não sabe mesmo o que está acontecendo?
— Não, fui preso antes de uma boa noite de sono, pensando
em ir a Porto Alegre, no próximo fim de semana.
— O que está fazendo lá?
— Namorando, conheci uma menina de olhos azuis que
prenderam o meu coração.
— Acha que vou acreditar nisto?
— Quando ouvir, daqui para frente, alguém falar em Priscila
de Sena, de Poa, saiba, protegida minha e de Loco, tem de
considerar que só isto a estabelece respeito.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Uma cafetina?
— Não, mas isto é no futuro.
— E não vai implorar para lhe tirar dai?
— Eu não preciso implorar senhor, sei que para me manter
aqui, vai ter de omitir algumas coisas.
— E não vai falar a verdade?
— Verdade é questão de ponto de vista, a sua, somente o seu
ponto de vista defende Deputado, sabe disto.
— Vou ter de pensar no seu caso.
Joaquim segura-se para não responder, o delegado entra e
olha para o Deputado.
— Um advogado mandando para o defender, vai ou não
assinar a denuncia Deputado.
— Sabe que ele não é inocente, não se faz de inocente, mas
quem vai o defender?
— Um grupo de advogados, não entendi, mas tem um
pedindo o inquérito e as condições de prisão.
— Vai me pagar cada imóvel queimado que este louco
destruir rapaz.
Joaquim sorriu e falou.
— Eu não controlo as pessoas assim, e deixa eu pensar, em
meu nome, tem apenas um imóvel lá no Ahú.
— Não leva a serio.
— Quando tiver de ressuscitar os mortos, me avisa.
O deputado entendeu, fogo se reconstruía, mas se
começassem as mortes, não haveria volta.
— Sabe que posso revidar.
— Sei, assim que começam guerras, dois lados teimosos, dois
lados perdendo coisas importantes, mas não sou eu lá fora senhor,
eu estou aqui, pelo jeito apenas para averiguação, pois não assinou
o seu depoimento ou não o fez, está querendo mudar ele, esquece,
tudo que falar a favor ou contra, não muda minha prisão.
O deputado vai a parte externa e um advogado chega a sala e
pergunta.
— Está bem rapaz?
— Sim.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Jonas demorou para se inteirar do problema, e me
comunicar que era ti que estava preso Jota.
Joaquim olha em volta e fala.
— Ele não estava preocupado, mas o que está acontecendo
que ele lhe acionou.
— Você está preso, porque mais?
— Ele não é assim Carvalho.
— Não entendi, algo sobre uma pressão para não sair a
renovação de alvará, pressão politica sobre o prefeito.
— E o que eles tem?
— Estão levantando provas?
— Algo que aponte para mim?
— Os funcionários e o filho do Deputado depuseram, o rapaz
falou que você o libertou.
— Quer um caminho fácil?
— Sim.
— Levanta os seguros do Deputado nos imóveis queimados,
depois coloca as pressões dele para nos fechar, e uma acusação
vinda apenas de funcionários do senhor.
— Acha que eles engolem?
— Ele precisa de dinheiro para campanha do ano que vem ai,
e as vezes ele faz isto.
— Acha que ele recua?
— Acho que o risco de não receber o seguro, vai deixar ele
mais preocupado do que todo resto.
O rapaz sorriu e o delegado entra novamente pela porta.
— Sabe a encrenca que está?
— Sei que estou tentando manter a calma delegado.
— Sabe que está se encrencando cada vez mais.
— Delegado, se precisar me soltar, solta, se não precisar, me
viro, não preciso pena.
— As vezes penso no nosso acordo, mas não estava nele
sequestro.
— Eu não sequestrei, quem diz que fiz, funcionários e filho do
senhor, que pressiona para fechar a TSS, ele não é qualquer um,
mas os passos dele são bem previsíveis.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Acha que ele mantem a acusação?
— Eu não sei, mas estou perdendo presença na faculdade,
isto pode me complicar no fim do ano, mas como não tenho opção,
não estou pensando nisto também.
— O deputado está lá falando com alguém.
— Senhor, lembra a 7 anos, os imóveis dele também
queimaram, ele acusou alguém, recebeu o dinheiro do seguro, e por
fim o processo não deu em nada, mas ele teve dinheiro para se
reeleger.
— E porque ele faria isto agora?
— Ele me denuncia e depois pressiona para o fechar da
empresa, já que pelo jeito a ideia de por Jamil lá dentro não
funcionou.
— E mantem a calma.
— Nada do que tenho lá está funcionando senhor, ainda tem
15 dias de implementação, mas sexta tento ter liberdade.
— Porque Sexta?
— Marquei com uma linda moça em Porto Alegre, seria
sacanagem ter de desmarcar.
— Linda?
— Muito linda.
— Não está levando a serio.
— Ainda não é serio senhor.
O delegado manda o levar a cela novamente e o deputado
entra na sala.
— Sabe por onde ele vai se defender?
— Atacando, como mais? – O delegado.
— Não entendi.
— A 7 anos, o senhor denunciou um inimigo politico de lhe
querer morto, recebeu os seguros, e não deu entrada no processo
de crime, está se repetindo, ele vai acionar os seguros, que provem
que aconteceu o que você falou.
O deputado olha para o delegado.
— Ele não tem este poder para fazer isto.
— Mas pode ter certeza deputado, toda a oposição, sabe que
o senhor faz estas coisas, e ainda pressiona para fechar a empresa

122
J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
do rapaz, uma concorrente, pode ser qualquer coisa, menos normal
senhor.
— Acha que ele se livra?
— Ele não está preocupado, eu me preparava senhor, mexeu
com alguém quieto, se prepara.
— Mas...
— Ele vai dormir na cela senhor, ele não vai fazer nada, então
se cuida com os demais.
O senhor sai, olha o advogado e para a sua frente.
— Vai querer se meter comigo advogadinho porta de cadeia.
— Uma ameaça deputado?
A frase alta fez todos olharem e fala.
— Não falei isto.
— Então pensa no que vai fazer, pois ninguém estava
querendo os moralistas olhando para nós, para você, mas parece
que esqueceu, eles fazem, mas não contam, então a discrição era o
segredo deste negocio. Dos dois negócios, quer escancarar, tem
certeza senhor?
O deputado olha em volta e fala.
— Vocês provocaram.
O advogado apenas sorri, e o deputado fala arrogante.
— Seu chefinho, vai apodrecer ai.
— Eu não tenho chefinho, por sinal, quem gosta de ser
chamado assim na cama não sou eu Deputado, mas Joaquim Jose
Moreira, é um amigo, sabe o que é ter amigos?
— Ele é um assassino.
— Se sabia disto, porque pisou no calo dele senhor, agora,
melhor ficar olhando para as costas o tempo inteiro.
O Deputado olha para o advogado, ele não negara a pior
parte, ele olha em volta e viu que não estavam mais por ali,
ninguém diria que ouviu, e fala.
— Acha que pode comigo?
— Eu não, mas cuida com Loco, ele é maluco mesmo.
— Outro assassino.
— Senhor, para de bater em quem não precisa bater, Moreira
não era conhecido como assassino, no DOPS, ele era conhecido por

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
manter a pessoa viva, tanto tempo, que a pessoa falava tudo para
ter o direito a morte.
— Ele foi DOPS?
— Exercito, DOPS, Inteligência, tem uma memoria fotográfica,
então ele sabe com quem falou. Cuida senhor, não está falando com
qualquer um, ele está calmo ali, pois ele sabe quem o traiu, e não
espere que eles estejam vivos pela manhã, você que sabe como vai
terminar a semana.
O advogado entra novamente e o senhor olha para ele, olha
em volta, e do outro lado da rua, alguém solta fogos, ele se recolhe
a porta, os seguranças chegam rápido e o senhor viu que foi fogos,
mas o susto foi a alma do senhor.
O delegado pega as indagações e ouve do advogado.
— Não sei se quero ele fora esta noite.
— Acha que o juiz assinaria a saída?
— Sim, mas vou entregar amanha as 9 o que ele determinar,
é mais seguro a meu cliente.
O delegado entendeu, algo aconteceria, a forma que o
deputado estava esperando a porta fez o delegado sorrir.
O advogado olha o motorista chegar, entra e sai rápido,
enquanto Moreira sentava ao canto e um rapaz vem a sua frente.
— O que faz aqui Quinzinho?
— Melhor estar aqui hoje a noite Paulinho.
— Problemas com quem?
— Candinho e companhia.
— Gente teimosa e burra, mas acha que eles se controlam?
— Tem uma coisa que não entende rapaz, que existe um
fantasma no Capanema, este fantasma, vai limpar a área esta noite,
e na manha seguinte, ninguém viu nada.
— Um dia bom para estar na cela?
— Sim, um dia bom para estar na cela.
— Soube do agito na 5ª?
— Diz que foi uma rebelião, mataram até o delegado, não
entendi, estava trabalhando.
— E está trabalhando onde, sempre erguendo muros?
— Banco do Brasil.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
O rapaz pensou que Joaquim estava erguendo muros para o
Banco, e Joaquim se encosta, outros viram que Joaquim era alguém
do grupo do Capanema e o deixam quieto.
Quando Paula chega a casa de Francisco o menino abria uma
porta e ela perguntou.
— O que vai fazer?
— Vai para casa Paula, hoje as ruas não serão seguras.
— Mas o que vai fazer, se cuida.
— Eu me cuido, mas se perguntarem amanha algo, foi Loco.
— Mas ele está preso?
— Acho que não entendeu, mas vai.
Paula sai e o rapaz, pega duas pistolas e coloca a mesa,
carrega e sobe para o telhado da casa, olha para a arma de longa
distancia que estava no telhado.
Ele olha para o caminho, os dois telhados a frente, e olha os
lança granada.
Sorri e começa a olhar os homens de Candido chegando dos
outros pontos, ele olha para os demais, coloca um capuz, um sapato
alto, aproveitou que estava frio e colocou um colete e umas 3 blusas,
para ficar com o corpo maior.
Quando o primeiro a porta começa a ajeitar os papelotes,
Francisco olha para o lança granada e atira na janela do carro onde
Candinho estava, todos olham envolta procurando de onde veio o
estampido, e veem o carro explodir, os demais se armam, e
Paulinho na entrada fecha a porta e para de vender, ele estava
pressionado a manter, mas todos queriam as coisas como estava
antes, não com alguém apontando arma e dizendo para se manter
na linha, ameaças e agressões.
Um dia e Candido mostrava aos do Capanema porque não se
daria bem ali.
A arma de longa distancia a mais de 300 metros, começa a
atirar, quando o grupo estava ao chão, Paulinho faz sinal para
fecharem a entrada, e fala.
— Hoje não vamos funcionar, pelo jeito Loco está por ai, é
dele o ponto.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Os demais entenderam, todos que o queriam mal, estavam
mortos naquela rua sem saída, ele olha em volta, não viu de onde
veio os tiros, olha para Carlinhos na ponta e fala.
— Pega um dos carros deles, põem tudo dentro e põem fogo
na avenida a frente.
— Um carro?
— Todos, vamos fechar a Avenida das Torres, que venha a
policia.
Francisco estava olhando a entrada, quando o segundo grupo
de Candido entrou, foi recebido com o tiro na cabeça do motorista,
os demais saem do carro olhando assustados, olham em volta e
foram se escondendo atrás do carro, e aos poucos, com calma, cada
um foi caindo.
Dois rapazes se escondiam atrás do carro, Paulinho olha para
o sobrado e soube que era alguém sobre a casa de Francisco, mas
não parecia ele, mais forte.
Francisco aciona o lança granadas e uma entra pelo vidro da
frente e o carro explode, os rapazes assustados ficam visíveis e
caem e Paulinho na parte de baixo fala.
— Vamos dar cobertura, eles acham que podem mandar em
nós.
O grupo começa a se organizar, 4 carros fechavam a avenida,
em fogo, o transito estava um caos, se ouvia os tiros na favela.
O segundo grupo de corpos foi abandonado na Avenida João
Negrão bem a frente, parando mais um ponto da noite.
Quando o quarto grupo de apoio já estava morto, Francisco
desce do telhado, entra em casa, troca de roupa e fica a olhar pela
janela, como se esperando que algo acontecesse, ele queria ir ao
próximo ponto, mas ainda era cedo.
Paulinho bate a porta e Francisco olha para ele e fala.
— Entra.
O rapaz olha que Francisco estava dando cobertura a porta,
não sabia quem estava na parte alta.
— O que está acontecendo Chico?
— Apenas dando cobertura por enquanto?
— E depois?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Recolhe o pessoal, deixa a policia bater em todo lugar
Paulinho, não é hora de aparecermos, é hora da invisibilidade.
— Certo, e o atirador no telhado.
— Já foi, oficialmente ele está na delegacia preso Paulinho.
— Certo, ele não pode ser preso se estiver lá.
Os rapazes saem e Francisco olha para a rua, pega uma
mochila, põem algumas coisas e sai de bicicleta no sentido do
centro.
O menino tinha seguido o deputado o dia inteiro, e sabia que
ele e a família, se hospedaram em um hotel no centro, ele olhou
todos os lados e descobriu um apartamento ao lado oposto que
dava visibilidade para os quartos, mas ele não conseguia a janela de
lado nenhum, ele não tinha como acertar o Deputado, então ele se
posicionou, remontou sobre o telhado vizinho o lança granadas, ele
teria 3 tiros, e teria de sair dali.
Ele atira nas janelas do corredor do 10º, 11º e 12º andares, as
granadas começam a explodir nos corredores, Francisco desce por
uma escada lateral chegando a calçada, sai de bicicleta voltando ao
Capanema.
O deputado estava deitado quando ouve a primeira explosão,
ele se assusta, ouve a segunda e a terceira, pessoas começam a sair
dos quartos, assustadas, o prédio começa a pegar fogo nas regiões
atingidas e o sistema de segurança começa a apagar, as pessoas
foram sendo evacuadas enquanto os bombeiros chegavam ao lugar.
O deputado olha para o delegado chegar e falar.
— Vamos ter de lhe dar proteção senhor.
— Problemas?
— Mais de 30 mortos no Capanema, todo o grupo de Candido,
até ele, estão mortos.
— Quem o dá cobertura?
— Qualquer um que prendamos, não vai ser, é um jogo de
gato e rato, e eles estão se dando melhor.
— Mas alguém tem de estar fazendo.
— Todos que vigiamos, não foram.
— E como paramos isto?
— Não sei senhor.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— O delegado Siqueira dizia que Candido era uma peça de
confiança dele, agora os dois estão mortos.
O delegado não fala nada, ele abraça a esposa e ficaram ali na
parte interna do hotel, a imprensa foi pressionada para não relatar,
não iriam dizer que existia resistência armada em Curitiba, este tipo
de coisas não saia na imprensa.
Quando amanhece Joaquim olhava para fora e o delegado
recebia o pedido de liberdade dele, assinado e justificado.
— Não sei o que você é rapaz, mas a cidade está em pânico?
— Sou alguém que estava detido sem motivos reais, pois os
reais, não estavam no pedido de prisão delegado.
— E vai fazer oque?
— Vou tentar dar uma geral neste terno, e ver se ainda tenho
emprego.
— Eles nem deram falta de você.
— Espero que seja verdade, pois dai não lembram que não
estava lá senhor.
Joaquim sai dali e vai a casa de sua mãe, ele não gostava de ir
lá, mas não queria voltar no mesmo dia a casa de Cezinha.
Toma um banho, se ajeita e vai ao banco, sabia que seria um
dia de bronca, e não sabia como receberia aquilo, talvez tivesse de
pensar em uma forma diferente de fazer o que queria.
Com calma ele vai ao banco, poucos sabiam que ele estava
livre já, ele não fez estardalhaço, e óbvio, quando ele chegou o
gerente o chamou e falou.
— Tem uma determinação para lhe repreender Joaquim, mas
quero lhe ouvir antes.
— Sei disto senhor, não tenho orgulho do dia de ontem,
odeio ser tido como culpado, apenas porque um Deputado quer ter
um culpado para as coisas, mas nem me inteirei do problema total,
vim trabalhar, apenas passei em casa e tomei um banho, mas estou
aqui para acatar o que falar senhor.
— Aquele senhor Fernandes, veio ontem e pareceu não
gostar do que viu, que você não estava ai.
— Desculpa, nem sei o que falar para ele, não era para ele vir
ontem, mas o que ele falou.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Liga para ele e tenta desfazer o mal entendido.
Joaquim vai a sua mesa e liga pra Fernandes e pergunta em
inglês.
— Como está sócio?
— Está onde?
— No banco.
— Está um terror esta cidade, a inteligência está segurando as
informações, mas ontem à noite, teve duas avenidas com carros
queimando, granadas pelas janelas de um hotel no centro, eles
querem abafar, e você preso.
— Melhor lugar para estar, e dai, vem firmar a conta?
— Sim, vê se consegue se manter ai até eu chegar.
— Vou tentar, lhe espero.
Joaquim liga para Marcia e pergunta.
— Como estão as coisas Marcia?
— Complicadas, e você?
— No banco.
— Aqui estão todos falando dos tiros da noite, não sei o que
aconteceu, mas você fora, é uma dica.
— Sai pela manha.
— Não entendi.
— Sei disto, mas marca com as meninas a tarde, não sei ainda
quando vamos começar, mas hoje é um bom dia.
— Certo, eu marco.
Joaquim liga para Rogéria e pergunta como estava, ela explica
que estava começando a passar aos grupos os prospectos,
perguntou se ele estava bem, e por fim ele liga para Paulo.
Acalmado na cidade, liga para o primo em Porto Alegre e
confirma que está tudo bem.
O gerente chega e fala.
— Ele vem?
— Não entendi tudo, mas ele vem, só não me garantiu
quando, não entendi, disse que teve explosões no hotel dele a noite,
ele estava assustado.
— Também não entendi, estão falando em terrorismo no
centro, mas a inteligência está tentando ocultar.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Ele pareceu assustado, eu também estaria se algo
explodisse enquanto eu dormia.
O gerente entendeu que o senhor saíra dali revoltado e
passara susto e pergunta.
— Ele não falou em cancelar os prospectos?
— Não, vou falar com ele, quem sabe ele não investe mais no
lugar de menos.
— Não entendi.
— Quando ele chegar falamos.
Joaquim levanta e vai a mesa de Carlos e fala.
— Eu tenho estas outras 3 empresas, eu gostaria de saber se
teria como as ter no banco do Brasil.
Carlos olha os documentos e olha para Joaquim.
— Não vai explicar ontem.
— Os documentos explicam por si, mas não falo disto com a
maioria Carlos.
O gerente olha para os documentos e fala.
— É sócio da TSS?
— Minoria acionaria.
— E da Insídia, vi que estão se instalando na cidade.
— Ainda único proprietário.
— Hotel com restaurante, não é fraco não.
Joaquim olha para o rapaz e passa os prospectos e fala.
— Se tiver faltando algo fala.
— Quantas empresas você tem de verdade?
— 9 delas.
— 9?
Joaquim alcança o cartão do Tasca do Joaquim e fala.
— Inaugura na Sexta Feira agora.
Carlos olha o convite e fala.
— E pelo jeito pisou no calo do deputado.
— Eu não, mas ele pensou que era eu que estava pisando, se
defendeu atacando, mas eu ainda tenho as acusações dele, mas
espero resolver o problema em duas semanas.
— Duas semanas?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Todas as empresas, as 9 estarão com alvará aprovados, dai
termina a pressão legal, dai fica somente o administrar.
— Tudo recente?
— Sim, por isto tenho de perguntar se aceitam, pouco mais
de 600 funcionários no total até hoje.
— E se lhe afastassem daqui?
— Sobraria mais tempo para me meter em problemas.
Carlos sorriu e Joaquim viu Fernandes chegando, ele vai a
frente, conduz a sua mesa, pega os documentos, olha os mesmos,
conversam um tempo em inglês, o gerente fica a olhar a forma que
Joaquim conduziu, desta vez conversando apenas em inglês, e
explicou tudo em inglês, o que fez outros olharem para ele.
Joaquim passa os documentos para Carlos que olha que
tinham conseguido tudo e mais um pouco, e olha que as empresas
estavam já com contratados.
Os documentos, os cartões de assinatura, e todos os
documentos padrões, o senhor mostra uma mala de deposito da
conta aberta para a empresa, com documentação de conversão na
manha anterior daquele dinheiro, pensar que o senhor entrou com
a pasta no dia anterior, o gerente viu que começavam a transformar
o cliente em real.
Joaquim não estabeleceu detalhes, a conversa sobre como
estavam as coisas em Santos, fez Fernandes olhar em baixo e fala.
— Soube que colocou todos para correr daqui, vem gente de
Washington semana que vem, se cuida.
— Precisamos um acordo, sei que sem um teria de ficar
sempre de costas para a porta Fernandes.
— Acha que eles fazem o acordo.
— Eu vou propor, se Host não aceitar, ele que peça a conta da
Companhia, já que todos vão pedir sua cabeça.
— Não vai pegar leve.
— Eu tenho documentado que a ordem de Host era lhe matar
Fernandes, se é este tipo de consideração que ele tem a bons
agentes, tem de escolher, quer isto publico, todos vão olhar ele com
medo, mas o grande escalão o tiram de lá, pois eles tem medo, nós
morrermos é uma coisa, eles, nunca.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Provocou, mas quero mesmo uma garantia de ganhos.
— Se cuida, ainda estamos em guerra Fernandes.
Ele sorriu e falou.
— Todos nos olham como ETs.
Moreira gargalhou e todos olham ele, o gerente olha
desconfiado, mas é que gargalhadas não eram padrão, aqueles
seres todos certinhos sem problemas.
Joaquim acompanha o senhor a entrada, e se despede, logico
que teria um dia inteiro de trabalho, mas obvio, ele começa a se
inteirar, pega a lista de funcionários, começa fazer as fixas de
assinatura, depois as descrições, tudo na Maquina Elétrica, olha as
fichas, anexa os documentos, organizando aquilo, o gerente chega a
mesa e pergunta.
— Como foi?
— Ele depositou o equivalente a 3 meses de salário, indiquei
uma aplicação para que não perdesse valor para a inflação, ele
passou os documentos de 543 funcionários, estou os organizando.
O senhor olha os documentos e falou.
— Sabe que não gosto de gargalhadas, mostra falta de foco,
tem de manter a discrição Joaquim.
Joaquim olha para o senhor e não responde, ele não deixaria
de ser ele, para que um gerente se aposentando ficasse feliz.
Pega a próxima fixa, bate nome do cliente, dados pessoais,
sabia que teria trabalho para 3 dias naquilo.
— É serio rapaz.
— Entendi, o que mais senhor? – Joaquim olhou ele serio e
ficou a olhar o senhor, enquanto digitava mais uma ficha, só olhou o
papel para confirmar se tinha digitado certo.
— Deixa tudo ajeitado, vou por dois escriturários para lhe
ajudar, temos pouco tempo para o primeiro salario.
— Sem problemas, não sei qual a linha de números de conta.
— Começa a partir do 1630 até – o senhor somou na mente o
numero e fala – 2173 para esta linha de clientes.
Joaquim que não entendia muito daquela agencia, entendeu
que ele fora a ultima conta aberta naquela agencia, um cliente
fantasma criado por ele, era a ultima conta aberta, agora iriam

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
somar quase um quarto de todos os clientes já existentes naquela
agencia.
Ele continua e Carlos olhando o gerente ir a sua sala chega a
ele e pergunta.
— Problemas gerente?
— Não, ele é frio o suficiente para somar 25% dos clientes,
somar em clientes, o senhor depositou 200 mil dólares para garantir
os 3 primeiros meses de salario, e fico olhando a simplicidade que
parece ter sido feito.
— Ele criou uma conta base para os depósitos, vai ficar
parado?
— Não, ele recomendou 3 investimentos, todos de pequeno
prazo, mas vejo nos papeis que ele deixou claro que o prazo mínimo
de saque é 30 dias, então temos depósitos em investimentos acima
da meta mensal estabelecidos hoje Carlos.
— E se assustou?
— Viu os prospectos das empresas daquele rapaz?
— Vi, ele naquela simplicidade, vai ter mais funcionários que
o senhor, acha que ele vai depositar algo assim?
— Acho que este é o problema, viu de onde vem o dinheiro?
— Sim, TSS, Traição Scort Service, o que quer dizer que ele
tem uma empresa que todos falam mal, mas sei de muitos que
usam o serviço senhor.
— Mas não combina com o ser, se estou sendo claro.
— Sei, ele parece simples, pobre, anda em uma Brasília
caindo os pedaços, mas tem de ver que ele fala inglês corrente, ele
tem quase formação superior, mas sei que quem aperta as mãos
grossas dele deve estranhar.
— Ele parece não caber naquele ser, parece um disfarce.
— Isto que o perturba senhor?
— Ele não tem medo de trabalho, vimos que ele pode ser
qualquer coisa, menos desconhecido, podem não saber quem ele é,
mas garanto, se puxar numa conversar, qualquer uma, sobre o que
acham destas empresas de Acompanhamento, todos vão falar desta
TSS.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim continua a fazer as fichas, ele estava acelerando, ele
separou parte, pediu mais fixas para o dia seguinte, e teria de
esperar, mas organizou os 270 cartões de conta do dia.
Joaquim sai e vai na direção do Capanema, olha para a casa
de Cezinha e vê Paulinho chegar a ele.
— Estão dando uma batida geral no bairro.
— Pegaram algo?
— Uns rapazes meio devagar, que não entenderam que tudo
deveria estar calmo pela manha.
— Vou tentar resolver isto legalmente Paulinho.
— Não entendi.
— Hora de por os planos no papel, se der tudo certo, semana
que vem surge um caminho, mas preciso de calma para chegar na
semana que vem.
— Certo, não entendemos ontem a noite.
— Tem coisa que eles não sabem que você fez, assim como
tem coisa que outros grupos não sabem quem fez Paulinho.
— E sabe quem fez oque?
— Como estão as meninas da Mirley?
— Assustadas?
— Perguntei como?
— Em um barracão, na região que pegamos elas, com capuz e
sem comunicação ainda apenas amarradas a cadeiras.
— Mais tarde, solta elas, no centro de Colombo, sem
ninguém ver nada.
— Elas vão estar apavoradas.
— Sei disto, mas não podemos ser envolvidos nisto, então
tem de ser bem feito.
— Certo, coloco alguém que nem sabe o que foi feito lá, para
as soltar as cegas.
— Rouba 3 Kombi em algum lugar, as coloca dentro e deixa
elas lá, elas que saiam e vejam que estão soltas.
— Entendi.
Joaquim olha para os policiais chegarem a casa e apontarem a
arma para ele e um fala.
— Mãos ao alto.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim estica a mão para cima e olha o rapaz.
— Bom saber que o delegado não me serve para nada.
— Não entendeu nada marginal, no chão.
Joaquim não abaixou, ficou ali de pé, Paulinho olha os demais
apontarem armas e perguntou.
— Acha que a ideia deles é qual?
As costas de Joaquim estavam duas automáticas, então ele
não daria as costas e nem se abaixaria, ele sabia que seria preso
novamente e olha para o policial, andando para a frente, e fala.
— Acho que eles querem morrer Paulinho, eles vieram
apenas depois de tudo feito, ou eles fizeram, dai eles querem nos
matar, ou eles serão mortos, e sabe que nem você e nem eu
estávamos aqui, pois Loco estava fora de controle.
O rapaz viu os demais destravarem as armas e Joaquim olhar
o delegado ao fundo.
— Bom saber que o acordo não vale de nada.
— Você por aqui é problema serio rapaz.
— Vi que se mataram ontem e não tinha policial por perto,
estranho alguém dizer, não se preocupe, ninguém chegará lá, e
temos o líder local morto, 30 rapazes mortos, só uma dica Delegado,
quer sair vivo, é agora, depois, não reclama.
O delegado via aquele rapaz de mãos erguidas, o encarando,
tinha pelo menos 3 armas destravadas, Joaquim sabia os que
estavam apontando para ele.
— Vamos acalmar rapazes. – O delegado.
Joaquim olhava ele serio e fala.
— Os retiro, mas ontem a noite, ainda não entendo o que
aconteceu.
— Sabe que não fui eu senhor, eu estava preso, disse que
aconteceria, mas parece que queriam isto.
— Eles não sabem quem é você.
— Eles não precisam saber quem sou.
O delegado fala alto e os rapazes com as armas apontadas
estranham.
— Saindo.
— Mas senhor, não revistamos tudo ainda.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Hora de deixar o local, já temos as apreensões do dia,
melhor sairmos agora.
O delegado não sabia de onde, mas sabia que estavam em
uma região aberta, aquela porta de Cezinha, parecia ter sido
pensada para que quem ali chegasse, fosse alvo de todos os pontos
a volta.
Joaquim ainda estava com as mãos ao alto e não tirou os
olhos dos rapazes antes deles saírem da vista.
— Ele lhe teme.
— Ele achava que tinham atiradores no telhado.
— Ele sabia que tinha. - Paulinho.
— E quem estava lá? – Joaquim.
— Não sei, aquele seu protegido deu cobertura a ele, nós
acabamos o dando proteção, mas da laje superior da casa dele este
Loco, detonou com Candido.
Joaquim olha para Paulinho e fala.
— Então temos um problema duplo, mas falo com Loco.
— Ele não gosta de você?
— Acordo de não agressão, apenas isto, este é meu acordo
com o delegado, ele estava prestes a quebrar o acordo, mas
resolveu recuar.
Os rapazes olham para os policiais saindo e um fala.
— E o que faria se eles viessem.
— Eu sempre indico, quando eu puxar as armas, se joguem no
chão, pois eles vão revidar, e eu me protejo, então se protejam
enquanto eles caem.
— Maluco.
— Se Loco estava ao telhado, ele esperava que puxasse
minha arma rapaz, e se ele desse o primeiro tiro, sabia que teria de
matar todos a minha frente, pois senão teríamos problemas.
— E vai ficar?
— Vamos reorganizar, os pontos abrem a noite, lembra deles
Paulinho.
— Não sei ainda se tudo vai estar no lugar, Candido ficou
bravo, pois ele não tinha drogas para todos os pontos.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Ele me manda correr e não sabe o básico, e se diz
traficante?
Paulinho sorriu e falou.
— Acha seguro aquele sistema de saída dos recursos?
— Abriram a conta Paulinho?
— Sim, Comunidade Favela Pinto, abriu uma poupança no
Bamerindus.
— Vamos ver como resolvemos isto, mas algo da comunidade,
receber recursos, é uma forma de legalizar isto.
— E confia naquela menina? – Paulinho.
— Ela sabe fazer contas complexas Paulinho, não me adianta
por alguém de confiança, que vai errar cálculos e terei de matar
porque ele errou o calculo, e como ninguém confiaria que foi erro,
pediriam a cabeça dele.
— Certo, mas os depósitos estão entrando em 6 poupanças,
de 6 comunidades, não sei se não vão nos barrar.
— Sei que é complicado Paulinho, mas vamos organizar, eu
vou separar a parte de cada um, e pagar toda segunda, melhor
vocês cuidarem do próprio dinheiro.
— Candido disse que não tinha o dinheiro para nos pagar.
— Não tinha mesmo, mas a partir da segunda teremos os
números e as pessoas, vamos fazer isto funcionar Paulinho.
Ele sorriu, viu Joaquim ajeitar as armas as costas, jogar uma
Jaqueta as cortas e ir a Brasília e Paulinho olha para o rapaz ao
fundo.
— Leva como regra Silvio, se ele puxar as armas, se protejam.
— Ele não seria maluco.
— Ele é maluco, dizem que ele no exercito tem mais
condecorações que muitos, mas por proteger os seus, ele foi
expulso, pelo jeito, queriam o matar.
Joaquim chega a sede da João Negrão, olha para Marcia que
fala.
— Podemos conversar.
— Vamos entrar e tratamos tudo.
— A noite todos ficaram assustados, não entendi, quem é o
matador que chamam de Loco.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— As vezes um, as vezes outro, para que pareça não ser
nenhum dos dois.
— Certo, alguém capaz de atirar com uma precisão que todos
ficaram assustados.
— Marcia, eu estava preso, se não acontecesse, eu
continuaria preso, favoreceu a minha saída, apenas isto.
— E como vamos fazer aqui?
— Como estão os prospectos?
— Bons.
— Deve ter um rapaz ai dentro, esperando.
— Sim, disse que você marcou aqui.
— Rita tá ai também?
— Agora diz querer fazer programa.
— Como estão os prospectos?
— Bem, quer ver.
— Sim, e a seleção das meninas.
— Não sei ainda.
Entram e o rapaz olha para Joaquim e fala.
— Estou a disposição senhor Moreira.
— Como está seu porte de arma Ramalho?
— Do exercito.
— Quer trabalhar em algo leve?
— Você oferecendo trabalho leve?
— O que vamos falar não sai pela porta Ramalho.
— Certo, ilegal pelo jeito.
— Sim, imoral diria eu, ilegal, diria você, lucrativo, dirão todos.
O rapaz olha Rita entrar e Joaquim a olha e fala.
— Põem uma roupa normal e volta para cá.
— Mas...
— Quer mesmo ganhar trocados?
Ela sai e Joaquim olha para o rapaz e fala.
— A menina estará sobre sua responsabilidade Ramalho, sua
missão, ser o motorista dela, e a dar proteção.
— O que tem de imoral nisto?
— Ela estará em ambientes que normalmente crianças não
entram, oferecendo crianças a tarados, mas isto, sobre pagamento

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
antecipado e remunerando as meninas por algo que já sofrem em
sua casas na maioria delas.
— Entendi, e não falamos disto na parte de fora.
— Se perguntar, foi contratado como motorista e segurança
dela, apenas isto.
— E se precisar de apoio.
— Neste lugar para a avenida, terá um barracão de uma
empresa de segurança, Insídia Segurança Privada, somente nesta
sede, 35 pessoas, 15 carros, 15 motos, e dois blindados de
transporte.
— Então serei desta empresa.
— Não, lá se ganha metade do que você vai ganhar aqui, e
ninguém precisa saber do seu salario.
Rita entra e Joaquim fala.
— Senta menina.
— Mas quero ganhar dinheiro.
Marcia passa a pasta para ele que olha e fala.
— Hoje começa a ganhar dinheiro Rita, mas vai a um clube no
Cabral, este é Ramalho, seu segurança e motorista, vai lá apenas
sentar e uma moça do local, vai a indicar aos clientes, se vão marcar
não sei, mas se começarem a marcar, você vai passar por
mensagem hora e dia, e o numero que está sobre a menina.
— Mas ai elas vão ganhar dinheiro e eu não.
— Quer mesmo discutir isto Rita?
— Não entendi como vai me pagar?
— De acordo com a produtividade, mas Marcia vai lhe passar
os preços, e Ramalho vai lhe conduzir ao local, pode parecer fácil,
mas nem tudo é flores.
— Mas vai me pagar?
— Lógico, e temos de manter sigilo no processo, então temos
de ter calma, discrição e organização.
Joaquim entra na divisão que as meninas estavam e olha para
Marcia.
—Mandou as 3 meninas para as filmagens?
— Sim, até tirei elas do catalogo por uma semana, acha que
vai dar mais dinheiro?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Espero que sim, não é para ganhar pouco.
— E as outras moças?
— Amanha sai uma anuncio de meia pagina, nos 3 jornais de
maior fluxo em Curitiba, Elite Acompanhantes, e o telefone ao
fundo deve começar a tocar.
— Jonas vai reclamar.
— Vai, mas eu convidei ele para ser meu sócio, ele fica se
enrolando, então temos de cuidar com sabotagens, mas preciso
começar e se as meninas estão ai, sei que não estou lançando o
nível maior, mas com calma chegamos a elas.
— Para isto as moças da seleção, que estava lá, verificar a voz,
não o visual?
— Sim, ouvir elas por telefone é mais importante que
pessoalmente, mas estamos começando a montar nosso grupo,
então algumas vão ficar, outras vão sair, mas temos de começar a
girar a roda.
Joaquim sai dali e vai a uma fazenda ao sul da cidade, alugara
ela por dois meses, lembra de ir ali com sua mãe ainda criança, a
casa da benzedeira não existia mais, mas suas lembranças lhe
levaram a ela.
Ele olha os rapazes que selecionaram no dia anterior, viu um
dos rapazes da civil e olha para eles.
— Boa tarde, alguns devem se perguntar, o que faremos aqui,
treino de tiro, não me adianta vocês serem bons em tiro, e
acabarem mortos por falta de pratica.
Joaquim chega a frente e aponta a parede e fala.
— Temos armas de baixo calibre, leves, a de alto calibre, sei
que os demais temem as imensas, mas elas são desajeitadas e de
pouca eficiência tática. Vamos começar com as pequenas, e vamos
as grandes, não é potencia, é eficiência, não me adianta lhe dar uma
submetralhadora se achas que pode ficar visível antes de ter todos a
mira a e certeza do acerto, pois armas maiores, são desajeitadas,
mesmo as pequenas, não recomendo o que alguns dizem que faço
por ai, mas requer anos de treino para isto.
Joaquim olha para eles e fala.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Quando se fala em tiro, quero gente capaz de atirar e
acertar um alvo, seja ele a 5 metros seja a 100 metros. – Joaquim
pega uma pequena semiautomática – quando se fala em
semiautomáticas, é que iniciado o tiro, não tem parada, então se
deve tirar o dedo o máximo, pois senão pode dar 3 tiros e queria
dar um – os rapazes ao fundo, vão explicar as técnicas de pega da
arma, os dedos e posição, e que atirar com os dois olhos abertos,
lhe dará sempre desvio. – Ele carrega a arma, ao fundo tinha 6
manequins e engatilha a arma e fala.
— Quando se fala em defesa, se fala em saber como reagir,
terá de decidir sempre, quer resposta ao tiro ou não. – Joaquim
atira dos 6 manequins e todos olham as 6 mãos a esquerda, as mãos
direitas dos manequins, girarem, e fala. – Mas tudo depende onde
estejam, e saibam, se não for na mão ou na perna, a sociedade a
volta lhes vai condenar, mas as vezes, temos de decidir, um
processo ou voltar para casa em um saco – Ele pega a outra arma, e
atira na cabeça dos seis manequins.
— Quando estiverem bons em tiros estáticos, praticarão tiros
em movimento, primeiro do alvo, depois de vocês e por ultimo, os
dois se movendo. – Joaquim olha os rapazes e fala.
— Entre os treinos de tiro, pois tiro é treino, não é só teórico,
terão cursos de guerrilha, pois enfrentamentos em favelas, é
guerrilha, não declarada, e com menos efeitos positivos, não temos
como estourar um sobrado com um morteiro, para que eles se
separem, então é guerra sempre em desigualdade, então quanto
mais preparados, equipados e fisicamente bem estiverem, menor o
risco para suas vidas.
Os rapazes olham para o policial civil, pois a maioria o
conhecia e um pergunta.
— Disto que falava?
— Frieza, pode parecer fácil, tiro preciso sem desvio, mas se
vamos nos preparar para ser assim, melhor do que como somos
preparados, tendo de aprender na pratica ou com armas que não
podemos usar.
O policial olha a arma, o rapaz que iria instruir olha para ele
esticar a arma e fala.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Para todos, se observaram armas de baixo calibre, podem
parecer leves, mas a posição da mão, como o rapaz pegou, pode os
gerar uma segurança no pegar da arma.
Ele foi alcançando as armas e cada um sentiu o peso e ouviu.
— Estamos iniciando, mas recomendamos um peso de um
quilo, de ferro para cada um, no mínimo um exercício de 30 minutos
por dia com ele, parece besteira, mas o acostumar a mão com o
peso, faz que ela não trema, e ganhe em resistência e precisão,
existe um manual que iremos recomendar, mas está sobre feitura,
elaboração, mas todo enfrentamento, tem de ser considerado como
execução rápida se estas a rua, não existe grandes batalhas a rua,
pois 6 tiros é o padrão nacional, existem semiautomáticas vindas da
Europa, que estão com 15 tiros, elas não chegaram ao porto ainda,
mas pode ser a diferença entre sua vida e sua morte a surpresa.
— Vão nos preparar para guerrilha, não entendi? – Um rapaz.
— Quando se enfrenta em grande número você está sempre
em vantagem, então exércitos não ensinam guerrilha sem estrutura,
mas segurança privada, você as vezes está sozinho, no máximo em 3
na maioria das operações, então você tem de considerar, o numero
de balas, a quantidade de adversários, e que você conhece o
ambiente que protege, eles não.
O rapaz começa a ensinar enquanto Joaquim saia do local,
indo na direção do Largo da Ordem, no Bairro São Francisco, ele
chega ao local de filmagem e viu Marcos a ajeitar a câmera e olha
para ele.
— Um conhecido pelo menos.
— Muitos estão estranhando, mas se vamos fazer
propaganda, não entendi o contexto.
— Este vai para uma revenda de Fugi em São Paulo, sei que
parece indecente, mas é para ser engraçado.
— Eles que deram o conteúdo?
— Sim, eles que deram o conteúdo, mas eles estão ampliando
a venda de câmeras de fotografia, e como estão no ramo da
revelação, estão querendo as pessoas falando bem ou mal deles.
— Uma ideia até simples demais.
— Acha que a menina consegue falar com menos r?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Rogéria está a dando dicas de dicção, temos 4 meninas,
três prospectos de filmagem, mas a quarta pelo jeito, é o mais
complicado, pois não me passaram nada.
— Vai ser filmado nos vestiários femininos do Santa Maria,
uma propaganda de primeiro sutiã, o local deve ser totalmente
desativado em 2 meses, e aquele lugar é incrível para a filmagem.
— Pelo jeito ajeitou tudo.
— Pedi para Rogéria não ficar me olhando, pois eu saía, foi
apenas uma briga inútil entre um nada e um deputado.
— Certo, acha que podemos documentar o local, antes de
desmontarem.
— Vou tentar fechar um enredo, tenho as meninas, os
meninos, e 5 textos, que podemos transformar em uma historia
adolescente, cinema, se me entende, documentando o local.
— Bem interessante, pelo jeito está disposto a fazer historia.
— A fazer diferente, mas prepara os comerciais, sei que
atrapalhei, mas se estão funcionando, melhor.
Joaquim vai a obra do bar e olha para Paulo.
— Problemas? – Joaquim olhando assustado uma
determinação judicial.
— Eles querem parar tudo.
Joaquim pega a determinação de um órgão que nem sabia
existir, de preservação do Valor Histórico da Cidade de Curitiba,
olha descrente se sorri.
— Mantem a calma, e aproveita a casa do fundo para treinar
o pessoal nos pratos, recebeu as ideias?
— Sim, aquela Raquel parece entender disto.
— Nem falei com ela, mas verifica se é possível, custos e
vamos ao problema.
Joaquim sobe ao escritório e olha para o recado de Nádia,
sorri, a deixara em casa e tudo desandara naquele dia, se tivesse
dormido na casa dela, poderia ter sido tudo diferente.
Pega os documentos e liga para um primo, e combina no
lugar, espera ele olhando o processo, olhando os recados de Rita, e
sabia que algo estava começando a gerar dinheiro, e não poderia

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
dizer que era a parte que lhe motivava mais, ele olhava pelo
dinheiro, tentando ignorar a dor, a raiva, a decepção de muitas.
Pablo chega ao local e fala.
— O que precisa primo.
— Está trabalhando para quem Pablo?
— Terminando minha pós, pensei em montar um escritório,
mas pelo jeito, está com problemas.
— Uma proposta Pablo, simples, montar um escritório em
Curitiba, com 10 especializações, com 20 “Doutores” – o tom foi de
deboche no Doutores – para representar as empresa que estão
surgindo com a entrada de capital estrangeiro, tenho um cliente
que vai ter processos em 20 cidades, mas a empresa terá sede
nestes 20 municípios, e não sei se é maluquice minha querer algo
assim.
— Não sei primo, tenho de pensar, pois é algo superior a tudo
que pensei, e pelo jeito os problemas vão começar.
— Fui preso ontem sem provas apenas porque um Deputado
queria fechar uma de nossas empresas, hoje vem pressão sobre o
restaurante aqui, pois é o mais visível.
— Quem pressiona.
— Patrimônio Histórico municipal.
O rapaz olha para Joaquim, pensa um momento e pergunta.
— Pediu permissão para a obra?
— Sim.
— Tem uma copia?
Joaquim abriu um arquivo e tirou os documentos referente
ao imóvel e o rapaz olhou os códigos, e fala.
— Isto é apenas pressão Joaquim, pois a prefeitura não
considera a quadra como de preservação, é só olhar o código de
obras e liberação, sei de um amigo que resolve isto rápido na
prefeitura, mas falo com ele, isto realmente tem jeito de pressão
politica, mas eles teriam de tirar os bar a frente, o colégio ao fundo,
se fosse área de preservação histórica original, que é quando se tem
de levantar os imóveis como eram nos anos iniciais.
Joaquim foi a uma copiadora que comprou, e tira uma copia
de cada um dos documentos e passa para ele em uma pasta e fala.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Consegue resolver, depois me passa o preço.
— Vou pensar no que propôs, é algo que pelo jeito terá
representação nacional.
— Sim, uma das sedes é Brasília.
O rapaz sorriu e fala.
— Algo mais?
— Não esquece dos advogados criminais, pois parece que
todos querem me complicar, só porque me mexi um pouco.
O rapaz sai e Rogéria entra no local e fala.
— Não sei se pode me falar algumas coisas Joaquim?
— Fala?
— Acha que estas meninas sabem algo, elas são cruas para
isto, muito cruas.
— Sei disto, eu iria perguntar, o que precisa para moldar
estas meninas João, pois estas eu tenho contrato de exclusividade,
empresarial, se eu pegar alguém famoso, isto com o tempo vai
acontecer, temos de saber o preço antes de passar o preço ao
cliente.
— E pelo jeito está trazendo gente de pouca cultura.
— Eu as pedi notas escolares, matriculamos em um curso de
dicção e um de teatro, eu estou investindo nelas, nem todas vão dar
dinheiro João, mas elas, são para se lapidar, o lapidado, eu teria de
pagar fortunas para uma propaganda básica.
— Certo, quer criar seu grupo de pessoas, não vi ainda atores
normais da cidade.
— Vamos fazer aos poucos por um lado, acelerado por outro.
Rogéria sorriu e falou.
— Sabe que tem gente que riu das duas primeiras filmagens,
pior que vi que estão pagas, mandei uma amostra para a empresa,
não sei o que eles vão fazer, mas pelo menos ficou engraçado,
forçado, mas engraçado, sabe o que vão falar por ai. – Fala Rogéria
olhando serio para Joaquim.
— Que estamos induzindo a algo, que realmente a
propaganda faz, comedia faz isto, tudo bem, então vamos
aproveitar, sei que vamos ter problemas com a censura, então
espero que tenha mandado uma copia de permissão a eles também.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Estranho, pois não tendo palavrões, eles não regularam o
texto, eles até deram um adendo positivo.
— Não entendo mesmo este pessoal. – Fala Joaquim sorrindo.
Rogéria mostra a mesa de masterização e ouve Joaquim falar.
— Queria entender algo disto, mas não entendo nada.
Ele(a) explica para ele que os rolos eram colocados ali, o som
passava pelo fundo, e de acordo com o som, uma vez estabelecido,
com todo o conjunto dos 30 segundos, eles começam o prospecto
de começo, conteúdo e fim da propaganda, no mínimo 2 segundos
com a marca final a sua vista, para marcar a mesma.
Joaquim olha que o que parecia para ele um monte de
pedaços, eles juntavam manualmente de parte em parte até ter o
final, e quando se marterizava, se fazia uma copia integral, com os
conteúdos e sons finais.
Rogéria via que ele queria entender apenas o básico, não o
técnico, ele não queria estar na câmera, ele queria estar no controle,
e parecia que as coisas estavam caminhando ali.
Ele olha para o Pager e fala.
— Hoje pelo jeito será calmo, amanha mais um dia corrido,
mas deixa eu ver como Paulo está se virando.
— Pararam a obra, tem contorno?
— Esta quadra não é tida como histórica, e quando o fizerem,
espero que seja dentro de algo que possa ser estabelecido.
— Então vai desviar o parar da obra.
— Tenho data de inauguração, não posso mais ficar apenas
olhando Rogéria.
— E o que eles estão fazendo?
— Vamos provar, vamos ver se aprovamos o que estão
fazendo – Joaquim olha para o portão e viu aquele caminhão
encostando e fala – Chegando algo também.
Joaquim foi ao portão, viu o que era, abriu o mesmo e pediu
para colocar o caminhão para dentro, ele viu que eram 3 deles, e de
ré somente dois conseguiam estacionar ali, não conseguiam por os
três para dentro de um vez.
Joaquim olha para o pessoal, teria de ajudar, não era uma boa
hora para deixar as coisas paradas, então começam a colocar para

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
fora do caminhão, Paulo chegou e viu que eram caixas de vinho, de
Caviar, de Mexilhões Mexicanos, vinho, champanhes e vinho
Frances, Italiano e Português, vinagres Portugueses, óleo de Oliva
português, mais caixas de vinho, começa a olhar que estavam no
primeiro de 3 caminhões e já não sabia onde colocaria tudo.
— Calma, não é um restaurante, é um complexo de ideias e
locais, quando dividirmos não ficará tanto assim.
— Certo, mas quando falou que viria, eu ainda achava que
eram poucas unidades, temos mais de 100 caixas de 100 unidade de
200gramas de Caviar.
— Eu não sei ainda tudo que tem nisto Paulo, eu comprei o
lote, lembra disto?
— Certo, mas acha que mantemos o dia de inauguração?
— Sim, mas eu vou tirar o anuncio da inauguração dos jornais
por 1 dia, para deixar eles confiantes que nos pararam. Mas nem
que com permissão judicial, inauguramos na Sexta.
— E tem como contornar?
— Coloquei gente trabalhando nisto Paulo, desculpa
atrapalhar a prova.
— Pelo jeito não esperava que chegasse agora?
— Eu estava preso ontem, então não lembrei de perguntar
para Fernandes quando ele me mandaria isto.
— Fernandes é o americano que lhe emprestou dinheiro para
levantar isto? – Paulo.
— Não, Fernandes é o representante da CIA no Brasil, que
tem como limpar algumas barras, e coloquei ele nisto para ficar com
um aspecto de empresa de capital misto.
— CIA? – Rogéria.
— Gente de escritório, não aqueles agentes destemidos.
— Vou fazer de conta que acredito. – Rogéria olhando
Joaquim, que para ela era Loco, da Universidade.
Foram esvaziando o primeiro, o segundo, e quando chegou ao
fim do terceiro, era perto da uma da manha, cansados, Raquel os
convida a provar os pratos do restaurante e Joaquim que não era de
frescuras, come como o peão de obras que era e Paulo fala.
— Vamos ter de esconder o proprietário dos clientes chiques.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim sorriu e falou.
— Sei que tenho ainda de controlar a boca, mas está gostoso,
o principal, está com um sabor diferenciado, eu gostei.
Rogéria olha para a senhora e fala.
— Muito bons, pensei que estavam preparando o local.
— Joaquim a 4 dias me passou um recado, perguntando se
teria como fazer algo especial e simples, que fosse pratico de servir,
pelo que vi, teremos apenas de enfeitar o prato de alguns, pois vem
em porção certa, em embalagens bem protegidas, mas a parte
interna, acho que dá para exatar os 35 processos de pratos quentes
que teremos na casa.
— Exatar? – Joaquim.
— Está é a parte que não sei se concorda Joaquim, mas para
oferecer algumas coisas, teríamos de ter alguns produtos frescos,
comprados diariamente, não sabia que teríamos queixo Frances e
Italiano, que teríamos 4 barris de óleo de oliva português, mas isto
com calma amanha eu acerto com Paulo, e fechamos o cardápio,
mas a pergunta, vamos conseguir inaugurar?
— Lógico que vamos. – Joaquim.
— A lógica nem sempre ajuda nesta hora. – Raquel.
— Sei disto, mas amanha eles estarão olhando para outro
lugar, e nos dará calma de reverter esta parte.
— Outra parte?
— Com calma chegamos ao dia de amanha.
Joaquim sai dali, vai para casa, dorme pouco, pois aquela
noite pareceu curta demais.
Acorda com o despertador, olha para fora, teria de voltar a se
exercitar, estava mole.
Ele olha para o ponto e Paulinho passa ali e fala.
— Noite de boa.
— Bom.
O rapaz foi para a parte do fundo, se via que alguns ainda
estavam no ponto, e o dia começava sempre acelerado, o colocar
um emprego no meio do dia, o reduzia, isto que aprecia não estar
certo, mas Joaquim queria tentar.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Marcia passa o prospecto das meninas para manha e ouve o
telefone tocar.
Atende e ouve alguém gritando.
— Você me traiu, abriu outra empresa e está reduzindo a
nossa demanda. – Jonas.
— Acalma primeiro Jonas.
— Mas...
— Se não quer ouvir, depois não reclama.
Jonas para olhando o anuncio da Empresa a Gazeta e
pergunta.
— O que quer que ouça.
— Em um dia, terá no mercado pelo menos 14 garotas que
seriam capa de qualquer revista masculina no mercado, e não posso
as trazer para cá, uma amiga vai indicar contato com Bia, as absorve
primeiro, depois vamos nos digladiar nas paginas Jonas.
— Mas de onde vem as garotas.
— Passo ai para conversar as 5, marca com Bia, com duas
garotas para os telefones e com Amanda.
— Mas o que vai propor.
— Jonas, tem de parar de pensar pequeno, você sempre dizia
para mim, mas nos falamos a tarde.
Joaquim passou no escritório e pegou os prospectos da
empresa de Comunicação, e os prospectos dos restaurantes, do
pessoal, dos prospectos da empresa de segurança, do pessoal, do
prospecto dos seus 12 hotéis, em 6 cidades, e do pessoal, tudo em
uma pasta e foi ao banco, olha para o gerente geral que fala.
— Sabe que temos de ter dinâmica de funcionamento normal
antes do começo do mês, pois os empregados vão ter de ter o
dinheiro na conta, e preciso de todos os pedidos para pedir os
cartões e cheques.
— Pediu as folhas de conta corrente senhor.
— Chegaram da Marechal, eles devem achar que pedimos de
mais, pois pedi o que estava no seu prospecto, mas não entendi,
você pediu duas mil fichas de salario.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Senhor, se vamos atingir a meta hoje, amanha, pelo que
entendi, eles querem a meta baseado no mês anterior, tenho de
pensar que isto transforma em impossível, se não nos dedicarmos.
— Certo, mas a meta é 100 novas contas mês, não somos um
banco para pobres Joaquim.
— Sei disto, mas como disse, perguntei pois pretendo se
aprovado trazer as poucas empresas que toco para dentro, dispor
minhas economias neste banco senhor, certo que não é muito para
me dizer rico, mas pode ter certeza, vem de pelo menos 6 bancos,
pois cada um tem uma poupança referente ao que deveria ser meu
salario nas empresas, e estavam lá parados.
— Porque disto? Parece querer montar algo grande.
— Senhor, posso ser sincero?
— Sim.
— Quando indicaram o senhor Fernandes, pensei que ele iria
gerar mais de dois mil empregos de cara, com deposito inicial
próximo a 2 milhões de dólares, eu não gostei da conversa de
ontem, ele ficou com medo, ele estava no hotel que explodiram
parece que granadas nos corredores.
— Acha que ele desistiu de algo?
— Acho que ele não veio ainda senhor, pois 600 funcionários
eu tenho, desculpa, pensei em algo maior que minha estrutura, não
alguém com menos.
O gerente para olhando para ele e fala.
— Sabe que não temos espaço para certos tipos de clientes.
— Senhor, sei que todos tem medo de quando falo, tenho
20% de uma empresa de acompanhante, mas eu não mando lá, lá
foi uma das formas de conseguir recursos, e pode não parecer, mas
lá é tudo legal.
— E o que pretende, pois pelo jeito ainda quer trazer os
funcionários do senhor.
— Quero ver se termino a semana que vem o convencendo
da vir de verdade ao banco, sei que poderia ter forçado, mas como
ele demonstrou medo, resolvi não forçar, não queria parecer que
estava o colocando na parede e ele perceber que poderia fazer em
outro lugar senhor.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Mas e estes 600 funcionários seus, eles são de que área?
— Eu ainda estou contratando senhor, fechamos a segurança
de 10 grupos em Curitiba, e somente a empresa de segurança, deve
ter mais de 140 funcionários na cidade, mais de 700 a nível das 4
cidades que terei sede.
— Empresa se segurança, que tipo de segurança?
— Vamos dar segurança em portas de bancos privados, como
Bradesco e Bamerindus, para clubes e festas fechadas, para casas de
shows em datas especiais, e para os 10 grupos de empresários que
nos colocaram no mercado.
— Sabe que é difícil acreditar em ti assim.
— Imagino, mas com calma, vou apresentando cada ideia,
tenho um prospecto que gostaria de trazer para o banco, pois é
mais fácil os depósitos e as transferências.
— Qual?
— “Ideia”, é uma empresa de marketing, filmagem de
propaganda e documentários, tenho ela aberta a apenas 4 dias,
demorou os papeis, mas estou com contrato de execução de 20
propagandas, mais de 2 milhões de Cruzeiros Novos em contratos.
O gerente viu que Joaquim não estava brincando e perguntou.
— E quantos funcionários tem nesta empresa.
— Por enquanto, somente 22 fixos, todos com recebíveis
acima de 10 salários mínimos senhor. Não são pedreiros, são
técnicos de alto salario.
— E como se consegue vender em 4 dias tudo isto?
— Às vezes acertamos senhor, estou na fase criativa, resolvi
começar rápido, e levei sorte, pessoas encararam o desafio e
começam a produzir, ainda não temos os equipamentos que
precisamos, mas já temos duas propagandas filmadas, e uma
prestes a receber, então quando alguns depósitos virem de São
Paulo para minha conta recém aberta, é por não ter a conta da
empresa ainda senhor.
— E acha que força o senhor trazer perto de dois milhões de
dólares a esta agencia?
— Eu vou verificar qual o medo dele, tenho um primo que
conhece bem melhor os técnicos do senhor Fernandes e ele vai me

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
passar as coordenadas segunda que vem, vamos tentar por as
contas dele em dia, que dai, temos calma para as demais.
— Certo, foco no que temos, gosto disto, mas apresenta ao
Carlos os prospectos da empresa que falou, sabe que terá de
depositar os recursos em dia, não é por ser do banco que vamos
facilitar isto.
— Apresento senhor.
Joaquim havia apresentado parte no dia anterior, mas vai a
mesa de Carlos e fala.
— Referente aos documentos de ontem, tenho a confirmação
dos 22 nomes da Ideia, os 140 primeiros nomes da Insídia, e os 40
funcionários do Tasca do Joaquim.
O rapaz olha que Joaquim colocou o cheque de abertura da
empresa vindo de outros bancos como garantia de 5 meses de
salario, e Carlos olha atento.
— Pelo jeito, vai agitar a agencia mesmo.
— Falei que semana que vem, pretendo trazer de verdade
Fernandes para a agencia, dai sim, correria.
— Mas não o trouxe?
— Pelo que me informaram, ele traria mais de 2 milhões para
deposito e garantias locais, ele depositou 10% disto.
— E o quer trazer com tudo isto para dentro.
— Carlos, ele é um empresário internacional, eu me sentiria o
tal, se ele tivesse menos funcionários que eu, e entrasse com
depósitos inferiores aos meus, tem de entender, ele tem mais, tem
de entrar com mais, mas tem outra coisa a trazer, e tenho de ver se
existe como os trazer para dentro do banco também.
— Quem?
— A comunidade do Capanema, está começando a se
organizar, e criaram uma associação com pressuposto de dar maior
apoio as mulheres agredidas, ao tirar de crianças do trafico, e de
enfrentar a evasão escolar destas mesmas, mas eles pediram uma
verba federal mensal e parece que vai entrar, seria o ter desta
poupança deles no nosso banco, não no Banestado.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Certo, tentando pensar em trazer fundos, sabe que as
vezes lhe olhando é difícil de acreditar que tem o que estes papeis
falam.
— Fica entre nós Carlos, não preciso de gente querendo estar
ao lado deste ser carente, por dinheiro.
— Vou verificar estes documentos, já fechou o numero de
conta máxima da empresa?
— 2173 é meu ultimo.
— Vou fazer a de publicidade, pelo que vi, tem urgência.
— A do restaurante também, mas com calma chegamos a
estes documentos juntos Carlos, todos os que não posso tocar, sabe
que vou passar para você.
— Sim, entendi.
Carlos não reparou que parte dos recursos vinham de um
cheque assinado por Cezinha, ou nem sabia que o traficante havia
morrido, transferindo para a empresa de Joaquim de Comunicação,
a soma de uma poupança de recursos que ele tinha juntado, mas
quando comparou as assinaturas, era a do rapaz, e não tinha nada
que proibisse aquela operação.
Joaquim estava legalizando recursos, estava tentando não
parecer ilegal, mas para os seus hotéis, tinha verbas vindas do
desviar de dinheiro da CIA em Santos, documentos assinados sobre
tortura, mas que Joaquim parecia esquecer fácil de suas atrocidades,
o grupo de segurança tirou os recursos em dólar da casa do
Deputado antes de por fogo, teria de cuidar para não vazar nada.
Quando Joaquim saiu para o almoço o gerente Geral chega a
mesa de Carlos e pergunta.
— Entendeu a ideia dele?
— Senhor, lembra que disse que não parece possível ele ter
tudo isto?
— Sim.
— Hoje ele pediu a abertura das contas de 6 das 9 empresas
que ele tem, o deposito para garantias de salários e investimentos,
vem de 6 bancos, mas somou perto de 3 milhões e duzentos mil
cruzeiros novos, ele depositou perto de 1 milhão de dólares hoje no
banco senhor.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Todos com procedência?
— Todos vindos de outros bancos senhor, e pelo jeito, ele em
si deve ser algo invisível aos demais, mas se olhar as ideias, bem
estruturadas, e sobre 4 locais bases na cidade.
— A minha pergunta, porque alguém assim vem a um
emprego que deve lhe gerar trocado em comparação aos demais
ganhos.
— Senhor, como disse, ele é simples, mas é inteligente, onde
ele pode aprender muito sobre regras bancarias, se ele ficar aqui
poucos anos, é mais que tudo que ele aprendeu lá fora sobre banco,
vejo que ele era o mais preparado, dos que entraram, mas mesmo
ele se bate a absorver todo o complexo de regras internas.
— Sim, mas pensa em alguém que entrou agora, e duas
agencias já o disputavam, e eu não tinha nenhuma noção de que ele
traria em uma tarde, mais de 3 milhões em investimentos, sabe que
muitos vão olhar para nós agora.
Carlos sorriu e falou.
— Sim, ele trouxe 6 das empresas senhor, ele diz ter 9, então
ainda faltam 3 delas.
— Olhando ele como cliente.
— Senhor, as contas dele ele não pode administrar, então ele
está forçando o senhor não poder o escolher como gerente no seu
posto, e parece querer que fique bem claro isto.
— Certo, você está defendendo o seu cargo, mas os
documentos estão em ordem?
— Sim, estão em ordem.
O senhor olha as pastas e fala.
— Está ficando organizado, gosto disto Carlos.
Carlos sorriu, pois chegara organizado, entendera que o rapaz
não queria disputar o cargo, mas os dois não conseguiam ver que
ele estava legalizando entradas ilegais, já em contas do Banco do
Brasil em contas de suas empresas.
Joaquim volta e acelera o fazer das contas e no fim do dia,
antes de sair, passa ao gerente geral as pastas de todas as contas
que estavam prontas e preparadas para pedir cheque e cartões, o
gerente viu que Joaquim acelerou, então se no fim do dia estavam

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
com 743 novos clientes, pois os dois gerentes estavam acelerando,
e a agencia passara de 1630 clientes de salario, para 2375, o gerente
geral sorri dos números, ele olha o prospecto de fechamento para o
fim do ano, e tinha o batido em 50 da previsão mais otimista, e os
montantes de deposito colocavam realmente o rapaz, como o
cliente com maior fluxo de recursos, naquele momento tinham um
funcionário interno que tinha mais recursos em conta para salario
que a RFSS, parecia algo impensável há uma semana.
Carlos apresenta os prospectos e o gerente fala.
— Esta disputa esta sendo útil a agencia, mas como você
reparou antes de mim Carlos, ele passou a ser como representante
de empresas privadas, o que tem maior quantidade de recursos
parados no banco.
— E saiu de Brasília Verde.
— Ele pareceu mais calmo hoje.
— Não quero passar o que ele passou esta semana senhor,
nós vimos os rapazes do Deputado o tirarem na marra daqui, depois
o acusarem de sequestro, por sinal senhor, a seguradora do banco,
que segura um dos imóveis queimados do senhor, pediu que a
central confirme se o filho do deputado foi mesmo sequestrado.
— Eles com certeza vão verificar bem minuciosamente isto,
pois se não foi, eles vão querer prova de que não foi crime
encomendado pelo próprio deputado.
— Acha que foi?
— Ano que vem tem eleição, e eles foram sempre ligados à
extrema direita.
Joaquim estaciona a Brasília no fundo do prédio da TSS, sobe
pelas escadas, parecia uma eternidade que havia saído, e não fazia,
ele abre a porta e Jonas estava a cozinha e pergunta.
— Vai assumir o que fez?
— A Amanda já chegou?
— Está chegando.
— Tem duas moças para o telefone ou quer indicação para
isto Jonas?
— Nunca entendi seus métodos, mas não sei se vou gostar.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Sabe que não, eu sempre chego com trabalho, você quer
glamour, então vamos conversar.
Joaquim chega a sala de Bia e fala.
— Consegue parar um pouco para conversarmos.
— Jonas está uma fúria.
— Amanda vai ficar mais ainda, então deixa as meninas
atendendo, e vem à cozinha.
Joaquim olha as meninas e volta, senta-se a cozinha, e olha
para Jonas.
— Quer parar ou acelerar?
— O que quer dizer com isto?
— Jonas, eu estou sacrificando uma semana da faculdade,
para tentar ajeitar as coisas, mas a Elite era sua ideia, você a
colocou de lado, insisti em fazê-la, você disse que não tinha
mercado para ela, lembra.
— Mas você tomou meia pagina.
— Não tem programa de menos de 200 dólares lá Jonas.
— E como está indo?
— Vim falar com você antes de ir lá, mas sei que lá, alguns
projetos estão andando.
— Porque fez hoje?
— Porque a prefeitura está querendo fechar o Tasca, e não
quero brigar com o prefeito, não quero brigar com ninguém hoje,
apenas ver as coisas funcionando.
Joaquim olha para o Pager e se inteira que a inauguração
estava confirmada para o dia seguinte, passa mensagem para o
jornal e confirma meia pagina em 3 jornais locais, passa mensagem
para a gráfica, para Paulo e enquanto falava com Jonas, a correria
toma outro ponto da cidade.
— O que aconteceu?
— Amanha está confirmado, inauguração do Tasca do
Joaquim.
— Acha que vai dar gente?
— Acho que amanha alguns vão estranhar, mas acredito que
sim, confirmado o Show do Blindagem para o palco pequeno, e som
lento no porão.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Não vi aquilo depois de pronto.
— Não vamos dispersar Jonas. – Joaquim passa uma
mensagem para Paulinho e confirma se ele não conseguiu soltar as
moças ainda neste dia, e passa uma mensagem para Marcia, em
uma hora tentar consolar a amiga.
Espera um pouco e olha para Jonas.
— Amigo, tem de confiar, eu tentei o colocar na sociedade da
outra, lembra?
— Sim, mas não falou que iria me desafiar.
— Sempre falei que o seu amigo na Gazeta, se eu pedisse
segredo, ele manteria a boca fechada, você não acreditava.
— Mas o que faremos?
Joaquim abre a pasta que trouxera e fala.
— Esta é a nova autorização de funcionamento, em teoria
ainda está aqui, mas estará na casa a frente.
— Não entendi.
— Jonas, o seu alvará de funcionamento vai ser casado
amanha, então para funcionar, temos um novo alvará de
funcionamento.
— Quem vai o caçar?
— Pressão de um deputadinho, se estou sendo claro.
— Certo, mas qual a deia.
Joaquim coloca um recorte a frente e fala.
— Se der certo, este anuncio estará na mesma pagina que a
TSS e a Elite.
Jonas olha o Diamont no topo, acompanhantes no meio de
um diamante ao centro, os telefones em destaque na parte baixa,
incisivo, sem o visual das demais, mas diamantes são coisas assim.
— Mas quem serão as meninas que vão estar nesta empresa,
pois não temos sobras, e você me barrou no conseguir das meninas
da sua nova empreitada.
— Jonas, talvez você tenha razão, pois somando as empresas
de acompanhamento, todas elas, vamos estar oferecendo perto de
200 garotas no mercado, então é obvio, temos concorrência, mas
isto, cresce consumo, e isto que quero, forçar crescimento de
consumo do que oferecemos.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— E acha que a cidade comporta?
— Acho que não temos muito mais tempo neste tipo de
negocio Jonas, é hora de ganhar em dois anos, o que não ganhamos
nos últimos 3.
— Por quê?
— Tudo indica mudança, mas eu não detonei a concorrência
para ficarmos com pouco do mercado.
— Você detonou o Deputado mesmo, é maluco.
— Amanha ele vai ter de provar que o filho foi sequestrado, e
se não provar, ele vai ter problemas com os recursos de campanha
do ano que vem.
— Vai ferrar com ele?
— Ele tem de entender Jonas, nós vamos fazer as regras.
— Está ficando perigoso pelo jeito.
Amanda entrou pela porta e olha Joaquim.
— Ele já explicou?
— Pelo jeito vou ter de mastigar, mas já que chegou, vamos
atravessar a rua.
Jonas não entendeu, mas saíram pela frente e ele abriu a
porta de um casarão a frente e olha para Jonas.
— A parte a frente, tem os telefones instalados do anuncio, e
vão mobiliar esta casa amanha, mas é a segunda sede da empresa.
— E de quem é esta casa, como conseguiu?
— Vou ter de pagar ainda, mas esta parte não é parte dos
acordos, o aluguel é minha parte nesta empreitada Jonas.
— Certo, está falando que a Diamont é parceria a dois.
— Sim, mas aqui vou ficar de olho, e a pergunta ainda está no
ar, tem as meninas para o telefone?
— Não, foi difícil segurar as meninas da casa, você e o
deputado gerando concorrência juntos.
— A estreia da propaganda do deputado era para amanha no
jornal, está pago, espero que ele tenha esquecido disto.
— Esta dizendo que vai sair propaganda dele, mas...
— Ele não tem as garotas e nem a estrutura que disporia para
os telefones.
— Você detonou ele pensando nisto? – Amanda.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Amanda, tenta não estragar, tenta deixar seu pai longe,
que daqui a pouco o susto desaparece e ele reaparece.
— Pensei que tinha dado fim nele, minha mãe está
preocupada.
— Preocupada por ele ter morrido ou por não ter? – Joaquim
frio como sempre, sabia que a senhora adoraria receber a
aposentadoria do senhor.
— Eles se entendiam quando queriam.
— Certo. — Joaquim chega a sacada da casa e faz sinal para
Bia ainda na parte alta do prédio de 4 andares a frente e ela sai de lá
e Jonas pergunta.
— Confia nela?
— Como confio em você Jonas, mas não entende mesmo que
não preciso de tanto para viver.
— E qual a ideia?
— Volta lá, vamos começar a receber pessoas assustadas, e
melhor não estar aqui no primeiro dia Jonas.
— Gente assustada?
— Sim. – Joaquim olhando o Pager e ouve.
— Montou uma estrutura por mensagem, está ficando rápido
nisto.
— Vai, não sei como elas vão chegar, mas Marcia vai me
confirmar que horas em momentos, e começa a pensar, ligar para
as meninas que faziam parte, confirma todas que ainda querem
estar no esquema, todas que não estiverem, vou por na lista de
pessoas a não receber nas outras e vamos com calma, voltando ao
normal, mas o principal, tem alvará de funcionamento, tem
estrutura dobrada, e agora, deixa eu tentar entender o problema.
Bia entrava e olha para Joaquim.
— Eles pediram para ficar lá.
— Sei que Jonas é as vezes, pelo emotivo, não pelo racional,
mas preciso de você aqui hoje ajudando uma menina.
— Ajudando?
— Amanha temos o primeiro dia do funcionamento de uma
agencia de acompanhamento nesta casa Bia, de nome, “Diamont” –
Joaquim pronunciou em inglês, e ela sorriu.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— E como fazemos para começar amanha.
— Se não der certo começamos depois de amanha Bia,
acredito que amanha será o inicio, mas Marcia está chegando de
carro ai, vinda do Capanema, com duas moças, estas são atendentes,
elas nunca fizeram o que fazemos aqui.
— As selecionou para outra empresa?
— Não, estava pensando nesta mesmo, mas junto com ela,
vem 6 meninas que estão meio assustadas, não sabemos de nada
referente ao que passaram, temos de dar apoio.
— Apoio?
— Elas trabalhavam para a Mirley, mas elas parecem
assustadas, vieram do interior, não tem nem onde ficar.
— Certo, vai ficar até quando?
— Tem de ver que estou tirando uma peça da inauguração da
outra agencia, bem na inauguração, para ver se funciona sem ela lá,
para elas aprenderem a ligar e resolver o problema.
— Sempre nos deixando no estouro do problema.
— Bia, enquanto estava no banco, sem ninguém ver, foram
feitos 20 programas de mil dólares, então uma empresa fora das
que está vendo, colocou 10 mil dólares na conta hoje.
— E esta não estamos vendo.
— Não tem anuncio, e tem uma única vendedora, e se
entendi, tem programas agendados, até daqui a 15 dias, e começou
a funcionar ontem, programas que variam de mil a dois mil dólares,
e temos só 58 outros programas agendados para os próximos 15
dias, não consigo agendar mais de 20 por dia, mas amanha está com
o grupo fechado, e se isto se repetir apenas 4 vezes por mês, vai me
dar mais do que a empresa ai a frente.
— E quer algo mais radical.
— Bia, lembra que falei uma vez, coisas que dão dinheiro alto,
ou são ilegais ou imorais, estou também investindo no que engorda
a partir de amanha.
— Certo, e o que teremos aqui.
— Vamos tentar mostrar um lugar capaz de as acolher,
explicar que aqui não ficam a disposição em um salão, Marcia vai
propor fazer um book delas.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Ela fotografa?
— Sim, e temos o lugar para as fotos na região do largo.
Bia viu dois carros entrarem e viu que vieram de taxi, viu
aquela moça sair do carro ignorando que aquela imensa moça era
de menor.
Elas entraram e Marcia chega a frente de Joaquim.
— Podemos conversar Joaquim.
— Sim, algum problema? – Era encenação.
— Uma amiga me ligou hoje, estava assustada, tentou
contato com a antiga agenciadora, e não tem nem onde morar.
— Sabe que damos proteção, mas não entendi. – Joaquim
olhando a moça ao fundo – Podem entrar, nada aqui é escondido.
— O que tem aqui?
— Pelo jeito um projeto que muda neste instante, mas
entrem.
Joaquim as mediu, Bia também e sorriu.
— Qual o verdadeiro problema, não entendi, agenciar?
Trabalhavam para quem? – Joaquim.
— Não sei se conhece Mirley?
— Pessoalmente nunca fomos apresentados, sei quem é.
— Trabalhávamos na chácara dela.
Joaquim olha para Marcia e fala.
— Sabe a encrenca que esta me colocando menina?
— Elas precisam Loco.
Bia observava e ouve a moça.
— Se ele não tem como ajudar tentamos em outro lugar
Monica.
Joaquim olha para a moça e fala.
— Não disse que não tenho, mas o Deputado Curi, para
ganhar os seguros, me acusou de ter colocado fogo na chácara
menina, vocês aqui, ele vai dizer que fiz mesmo, mesmo eu preso,
ele insistirá que fui eu.
— Mas quem é você? – A moça de nome Catarina.
— No prédio a frente, funciona a TSS moça, Bia, é minha
representante nesta empresa a frente, ele tenta nos fechar a tempo,
mas tem de saber, o deputado joga sujo.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Ele nos deixou e nem nos atendeu rapaz.
— Então vamos fazer o seguinte, vocês já atenderam a
domicilio?
— Nunca. – Uma moça ao fundo.
Joaquim olha para a Bia e fala.
— Mantem na TSS as meninas que viriam para cá, vamos ver
se ajeitamos as coisas – olha para Marcia – Trouxe o equipamento
de fotografia?
— Sim, sabe que iriamos fotografar o bar, para as
propagandas da semana que vem.
— Se toparem moças, vamos fazer um book de atendimento,
exclusivo, não divulgado, não sei quanto vocês ganham por noite,
temos de estabelecer preços, e precisamos de uma forma de
estarem na mídia, mas acho que começamos com o básico, não sei
quantas aceitam.
— Teria onde nos abrigar?
— Temos 6 quartos nesta casa, mas ela não é usada como na
chácara, nada acontece aqui, aqui é a casa das moças que aqui
estiverem, atendimento por telefone ou por marcação antecipada,
mas acho que só 3 quartos estão mobiliados, pois iriamos terminar
de mobiliar amanha.
Catarina, olha para outra moça e fala.
— O que acha?
— Um lugar melhor que aquela espelunca da Mirley Catarina,
estranho pois diziam que eles não tinham estrutura, estamos dentro
de uma mansão, na cidade, não lá no fim de mundo, sem poder
nem sair a rua.
Ela olha outras e fala olhando Joaquim.
— Temos umas amigas ainda perdidas na cidade, não sei se
teria como as ajudar a todas?
— Quantas?
— 26 moças. – Catarina.
— Vamos ao Largo da Ordem e terminamos esta conversa,
acho que aqui não vai dar para dispor delas todas, e temos de
terminar de organizar.
Joaquim olha para as moças e olha para Bia.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Tem como mandar um taxi no local que as moças estão?
— Precisamos apenas do endereço.
— E chama para nós e nos acompanha ao largo, pelo menos
lá eu tenho 30 quartos.
Catarina olha para Joaquim e pergunta.
— Tem um lugar com 30 quartos?
— Sim, mas vamos para lá, e verificamos, ainda não tenho o
lugar pronto, está uma correria, e tudo que preciso, é começar a
estabelecer o que vai ser estrutura do que.
— Vai nos prender em um imóvel no centro.
— Moças, eu não prendo ninguém, se quiserem ir a
concorrência, não tenho medo de concorrência, mas o local do
centro, é o local de saída, aqui, a organização, sempre digo que
quem está aqui, sabemos que está disponível, marcamos com
tempo de chegar ao local, ou de pegarem você no ponto que
marcamos, mas não seguramos nada, não temos uma boate, nós
somos invisíveis, ninguém sabe que somos uma agencia, apenas
sabem que existe uma, mas quem está por trás disto, ninguém sabe.
— E esta ideia de book?
— A ideia estamos montando agora, para o grupo que
tínhamos, pois existem fantasias sexuais, e quando pedem uma
enfermeira, fornecemos uma, se pedem uma dominadora,
entregamos, é uma álbum de possibilidades, não temos fotos nuas
ou coisas vulgares neste book, vendemos a possibilidade, de algo
diferente.
Os taxis chegam e saem todos para a região do restaurante,
quando ele entra, as moças viram que era um restaurante, ele faz
sinal para Marcia mostrar o prédio e ela pergunta.
— Qual?
— O do palco em baixo.
Paulo olha para Joaquim, estavam colocando as folhas nos
cardápios, estavam preparando os garçons, estavam estabelecendo
preços, dinâmica de atendimento, Raquel olha ele e pergunta.
— Pelo jeito não estava brincando em contornar o problema.
— Como estão as coisas?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Somamos porções de produtos que não tínhamos e vinhos
e champanhes no cardápio, uma correria, Paulo está sorrindo,
temos reserva para toda a parte baixa, e não sabemos como vai ser
o primeiro dia.
— Confirmei o Blindagem para começar, e um rapaz para
animar antes e depois deles.
— Certo, temos som ao vivo.
— Sim, com todas as taxas pagas e regulamentadas, não sei
quantas reservas para amanha?
— 46 mesas, reserva para 180 pessoas, já na lista.
— Capricha Raquel, se der certo, espero ser referencia.
— Vai estar aqui amanha?
— Não prometo, eu sou alguém que normalmente não
frequentaria um lugar destes.
— Monta um restaurante de luxo que não vai frequentar?
Joaquim levanta os ombros, viu que estavam correndo e não
quis atrapalhar.
As pessoas estavam se preparando, viu o pessoal chegar para
testar o som, e saiu pelo fundo.
Marcia o esperava e olha para o local e fala.
— Cada dia mais longe Loco.
— Sabe que nem tudo é sorrisos.
— Tenho amigas sorrindo hoje Loco, e elas nem faziam isto
até ontem.
— Sabe que aquilo é algo entre nós.
— Sim, mas a existência de um book daqueles já é um crime,
e aquela menina, como ela não faz sala, ela não tenta vender, mas
ela em si, na posição de não fazer esforço, faz os senhores pagarem.
— Está funcionando?
— Sim, depósitos antecipados, meninas preparadas, sabe que
estamos usando aquele espaço, conduzindo os senhores ao local.
— Imagino, mas estou ficando longe.
— Certo, mas uma coisa é falar para alguém, você vai receber
500 dólares mês, outra, ela receber isto 3 horas após começado.
— A ideia, é conseguir abrir poupanças, que elas não saiam
torrando por ai.

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— Entendi isto, mas e estas?
— É o passar a perna na Mirley, se eles demorarem para ter o
plantel, sei que teremos alguns programas mais caros no nosso
Book, mas preciso saber se elas vão ficar, e se entendem o como
funciona o esquema aqui.
Bia chega perto e fala.
— Estas sim são diamante, Jonas nem as viu, e garanto, vão
estar no assunto dos demais.
— Sei disto, mas vamos oferecer também aos políticos de
bom dinheiro, espero este abrir de porta Bia, não precisa dizer para
todos, solta com o Vereador, que as moças da Mirley estão nesta
agencia Diamont e garanto, eles espalham.
— E quanto será os programas?
— Não sei como elas ganhavam lá Bia, estamos aqui para
saber isto, para estabelecer o preço a partir de amanha.
Joaquim entra na sala e duas moças olham para ele e uma
fala.
— Sou a Thaty, tens mão de pedreiro, mas não posso dizer
que esta estrutura não me agrade, pois lá tínhamos uma mansão,
aqui, um prédio com apartamentos todos integrados, com esta
parte baixa, mas não parece querer transformar em uma casa
noturna. Um lugar aberto, na cidade, pensei que iriamos a outra
chácara com restrições de locomoção.
— Thaty, tem de entender, tudo nesta vida, é rápido, paga
bem, mas é rápido, é o ganhar destes que nos esfolam com
impostos e empresas caras, parte do dinheiro que eles tem, mas
esta estrutura, era para a nova empresa que estou montando
naquele endereço que viu, são bem vindas, pois não gosto de gente
presa, nem que por mim.
— E porque o chamam de Loco?
— Digamos que parte do contrabando, me chama assim,
parte dos conhecidos da Universidade, me chamam assim, e se um
dia me ver Loco, não vai estranhar.
— Dizem que tem um contrabandista famoso nas rodas de
cocaína que tem este apelido, fornece da boa?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Moça, uma coisa que não faço, é misturar negócios, se
quer comprar, consumir, longe daqui.
— Careta?
— Não, mas a policia adora dar batidas para apreender
drogas, e não gosto de reclamações por gente doida na cama.
— Alguns não reclamavam na Mirley.
— Garanto que ela fornecia, e lhes extorquia no preço.
— E não vai nos fornecer.
— Moça, eu sedo a casa, mas todos os seus gastos, são seus,
não sei como ela pagava.
— Por programa.
— Quanto?
— Dependia do consumo do senhor.
— Ficavam vendendo bebidas então?
— Sim.
— Então vou explicar como nos estabelecemos neste
mercado, e se toparem, faremos dinheiro.
Outras chegam perto e Joaquim fala.
— Nosso contato é por telefone, tendemos agendar em
media, um programa por noite nos dias normais, até 3 por dia na
sexta e sábado, mas garotas como vocês, pagamos em media, 200
dólares por programa, sei de garota que chega a tirar 6 mil dólares
mês, não mantemos seus gastos, mantemos apenas a casa,
pagamos diariamente os programas, fez, recebe, mas como falei,
existem outras formas de pagamento, estamos nos conhecendo, os
programas duram no máximo 3 horas, se for festas fechadas, os
preços crescem, mas dai, verificamos o preço e passamos as
interessadas.
— Mirley era menos pão dura. – Uma moça ao fundo.
Outra a cutucou e Joaquim sorriu.
— Estou expondo o como funcionamos, ninguém está presa
aqui, estou tentando ajudar, me complicando, mas a escolha é de
vocês, não precisam decidir isto agora, pois Marcia me explicou que
passaram medo, então primeiro se recuperem, parece que teremos
de investir em roupas, documentos, e coisas assim, isto vou cobrar
de vocês, mas sei que sem isto, não podem nem sair a rua direito, e

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
não quero ninguém presa a mim se não quiser, esta vida já é
complicada sem gente dependendo da gente.
— Os pagamentos de 200 dólares será descontada a parte da
casa? – Outra.
— Não, 200 é a sua parte, a casa já terá tirado a parte dela,
nós as exploraremos em 50%, e não precisam achar isto justo, mas é
como funcionamos e geramos locais assim, para poderem ficar, isto
não é nosso, e locado, e precisamos mantermo-nos aqui.
— Vamos pensar. – Thaty.
Joaquim vê Marcia olhar as moças, algumas se dispuseram a
fazer o book, outras não, obvio que não estava preocupado ainda.
Sai dali e vai a universidade, primeira ida a universidade
aquela semana, distribui poucos convites para a inauguração do dia
seguinte.
Olha a hora e foi ao Capanema, olha para Mariana que lhe
olha de canto.
— Pensei que não vinha.
— Não sei se está acompanhando as coisas.
— Muita correria, mas as vezes me assusto, tirou Marcia
daqui.
— Problemas que precisava contornar, mas como estão as
coisas?
— Rita pergunta de você o tempo inteiro.
— Onde ela está?
— Deve estar no ponto na viela, ela acha que vai passar por lá.
— Tentar me adivinhar é difícil, nem eu consigo, mas como
estão as coisas.
— Meninas sorrindo, sinal que foi legal, algumas estavam
tentando manter o sorriso fora do rosto, mas pelo jeito, quando se
falava que Jonas tocava, você que teve a ideia.
— A ideia não foi nossa, mas quem vai ficar quando você sair
para dormir?
— Falei com Paula.
— Que horas vai sair, mais exatamente.
— As 8 da manha, ela fez a parte dia, eu faço a parte noite.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Qualquer coisa, passa um recado para Francisco, é que eu
tenho sono pesado, então se precisar, estou dizendo se não
conseguir contornar, pois se eu sair da cama, tem de ser grave.
— Certo, vi que a segurança foi reforçada, e mesmo assim,
sem ter acesso ao interior.
— Eles não sabem o que acontece aqui dentro, mas logo vão
se tocar pelas entradas e saídas.
— Veio apenas observar?
— Sim.
Joaquim entra na divisão das meninas e olha para a bagunça,
começa a organizar, olha duas ao canto encolhidas e chega a elas.
— Problemas meninas?
Francisca era uma menina de 14 anos que olhando Joaquim
falou.
— Você disse que teria para todas.
— Não disse isto, esta empresa está começando.
— Mas Marcia nos tirou do catalogo, eu e Maria estamos
afim de sair.
— Chica, eu não sei como foi o dia, primeiro dia, mas desistir
no primeiro dia, é uma escolha sua, não minha.
— Não vai insistir.
— Chica, Maria, eu investi em local, em roupa, as fiz se
matricular em cursos de teatro e dicção, acham mesmo que pensei
em vocês ganhando muito dinheiro apenas no primeiro dia?
— Mas Rita não soube nos dizer por que Marcia tirou nossos
nomes do catalogo.
— Não perguntaram para Marcia?
— Deixamos para perguntar e ela sumiu depois.
Joaquim sorriu e chega ao catalogo e olha as imagens e fala.
— As duas que sabem, eu não obrigo ninguém a ficar, mesmo
que depois tenha problemas com isto.
— Mas o que vamos falar para nossos pais, com certeza as
demais devem estar falando que ganharam dinheiro hoje.
— Maria, as vezes, quem ganha no primeiro dia, perde 3 dias
para ter o próximo ganho, mas existem meninas que Marcia

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
separou, ela tem projetos maiores geralmente para quem ela
separou.
— Não teria como saber se tem algo para nós, a duvida Loco,
é o que falar quando chegar em casa. – Chica.
Joaquim não queria atrapalhar, e passa uma mensagem com
uma pergunta rápida e Marcia responde rápido, sinal que deveria
estar chegando.
— Esperem um pouco que ela está chegando ai.
— Mas acha que ela tem projetos?
— Meninas, eu não falei com Rita, pensei que ela estaria aqui
ainda, mas se Marcia está chegando, sinal que teremos calma aqui.
— Mas acha que devemos não desistir.
— Meninas, isto não é algo fácil, vocês estão reclamando de
não as termos explorado hoje, eu as vezes não sei como defender
minha ideia, mas ela em si, estabelece que parte de vocês tem uma
festa em 12 dias, tem gente que tem programa para amanha, mas
não sei ainda o que foi projetado para vocês.
Joaquim não sabia qual delas ela tinha selecionado, mas tinha
cara de pedido de Rogéria, e isto poderia gerar para uma delas
muito dinheiro.
— Mas porque ela tiraria nós do catalogo.
— Tem gente que não está no catalogo, sabem disto.
— Mas porque estão em outro lugar, nem sei o que algumas
estão fazendo. – Chica.
— Propaganda, é o que estão fazendo.
Marcia chegou e olha as duas e olha Joaquim.
— Perdido aqui?
— Acho que as vezes não custa falar com as meninas, elas
estão pensando em pular fora Marcia.
— Mas Rita não explicou?
— Acho que Rita funciona porque ela não ouve, ela apenas
funciona na linha que se dá para ela funcionar.
Marcia olha as duas e fala.
— Desculpa, estava corrido, estava indo para casa quando
Joaquim me passou a mensagem, mas eu pedi para Rita passar a

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
mensagem para as duas falarem com o motorista amanha pela
tarde, ele as levará a produtora de vídeos.
— Mas o que faremos lá?
— Meninas, lá o cache não é tão grande, mas temos uma
propaganda de Jeans, que as duas estão escaladas, é texto rápido,
não tem nada de mais, e esperamos na semana seguinte, fechar o
horário das duas, mas o que vou falar aqui, fica aqui.
— Fala.
— Estamos pensando em preços mais altos enquanto tiver os
clientes, a propaganda vai passar 1 mês na TV, confirmado temos
esta propaganda, mas se der certo, vão estar escaladas para a
continuação, mas por isto as estamos isolando, é para ganhos em
volumes maiores, mas pensei em falar sobre isto amanha.
Chica baixa a cabeça e fala.
— Desculpa, eu pensei que nos tinham colocado para fora,
não sei as demais, mas me sinto insegura com tudo isto.
— Todas somos jovens Francisca, apenas precisa conversar,
tem cronograma para as propagandas amanha no São Francisco,
espero as duas lá amanha.
— Falamos com quem lá?
— Rogéria, é um transformista, mas é gente boa, textos
simples, mas que parecem interessar aos vendedores.
Joaquim entendeu, a segunda empresa dentro desta
ilegalidade começaria a funcionar.
Maria olha para Francisca e fala.
— Melhor a gente ir, nossos pais devem estar preocupados.
— Com certeza.
As meninas saem e Marcia olha a bagunça.
— Vou ter de as fazer organizar as coisas.
— Foi a bagunça que me fez achar as duas quietas ao canto,
elas devem estar pensando no que falar em casa.
— As outras se deram bem, e elas nada ainda, imagino a
frustração de algo assim, mas contornamos isto.
— Já pagou as meninas?
— Não, mas amanha elas tem recebíveis.
— Explicou para a Rita quanto ela vai ganhar?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Ela não entende nada de calculo.
Joaquim dá um beijo no rosto de Marcia e fala.
— Vou descansar, espero conseguir dormir um pouco esta
noite, noite anterior foi uma merda.
Marcia sorri o vendo ajeitar a jaqueta.
Joaquim se despede e passa na sede de venda de drogas, olha
ao fundo, um carro da Civil, apenas a observar, entra e olha para
Rita ao sofá.
— Não vai mais para casa?
— Preciso trocar uma ideia, você sumiu.
— Vamos lá em casa e conversamos.
— Não vai rolar Loco.
— Não quer conversar, não reclama, to pregado.
Joaquim sai e Rita se levanta rápido e grita para Paula.
— Indo na casa de Loco.
Um rapaz a porta olha para Loco e fala.
— Tranquilo por enquanto, mas ontem foi um regaço.
— Tem gente que tem de aprender a respeitar acordos.
Joaquim foi a rua e caminha pela viela estreita que cortava
caminho até a casa de Cezinha, ele sente Rita enganchar no braço
direito e sentiu alguém no esquerdo, era Paula, e caminham, ele
não discutiria a rua aquilo.
Entra, pega uma cerveja a geladeira e olha Rita.
— Como foi as reservas.
— Este pessoal é bem atirado Loco, eles tentam a qualquer
custo que eu faça programa, e a pergunta, porque não.
— Porque eles querem acesso ao todo, não é ter acesso a
você, é ter acesso a estrutura, a intimidade que lhes daria o
caminho de entrada, todos muito atenciosos no começo, e depois,
nada de pagar nada.
— Fala como se já tivesse vivido isto.
— Garotas de programa, são carentes por natureza Rita, não
sei o que sentem, mas com certeza, querem ser amadas, não
compradas, isto lhes deixa a um passo de serem usadas e
humilhadas, então temos de ter cuidado com isto.
— Não sei quanto ganhei hoje.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— O que propus pagar.
— Mas elas ganharam uma grana boa e eu fiquei apenas com
o trabalho.
— Não, elas fizeram o trabalho que você vendeu Rita, e você
ganha sobre isto.
— Mas se não me pagar mais que para elas vou querer fazer
o que elas fazem.
— A escolha é sua Rita, por sinal, passou a mensagem para as
meninas se apresentarem ao motorista amanha logo no inicio da
tarde, para irem a outra cede?
— Esqueci.
Joaquim a olhou serio.
— Certo, eu falo com elas amanha pela manha, mas não acho
certo elas ganharem mais que quem dedicou a tarde inteira para
isto, e você não está facilitando.
— Certo – Joaquim estava com um sorriso no rosto e
pergunta para Paula – E dai, como foi o dia.
— Clientes cheirosos, sempre é bem vindo, acho que o senhor
gozou antes de penetrar, trabalho fácil e bem remunerado.
— Não vejo isto como fácil Paula.
— Mas foi.
— Marcia vai acertar amanha?
— Sim.
— Pense em montar uma poupança menina, pois as coisas
nem sempre serão fáceis.
— Pensei, mas quando falou que não ganharíamos 8, não
pensei em 100 vezes isto por algo menos nojento.
— Nem todo dia terá cliente, sabe que o problema, é que
logo alguém vai tentar nos parar, Rita não entendeu ainda, que está
ganhando sobre cada uma de vocês, sem ter de ir a cama de
ninguém, e não sei como explicar ainda, que todas, vão ter de
construir uma historia e uma vida, para quando esta fase acabar.
— Rita foge de qualquer calculo simples.
— Como então largar dinheiro na mão dela, vai acabar
torrando, se largar na mão da mãe dela, ela vai reclamar.
— Mas é meu direito.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Sei disto, mas quero seu bem, então vou passar parte para
você e parte para sua mãe abrir uma poupança.
— Mas se não concordar.
— Coloco outra para fazer o que está fazendo, garanto que
Paula adoraria ganhar sem ter de fazer o que fez, pois ela entendeu
Rita, que o ponto que estou colocando você, se mantem por anos, o
dela, vai diminuindo de valor com os anos.
— Mas elas receberam vales, eu não.
— O vale é para que todas soubessem o quanto vão receber
amanha, por sinal, pensei que algumas não teriam programa hoje e
todas saíram.
— Mas quanto eu vou receber.
— 5% da casa, foi o que falei para você.
— Não entendo esta coisa de Bruto ou Liquido, Marcia fala e
parece que tenho de saber o que é o Bruto.
— Bruto é o total de programas no dia, sobre isto que recebe,
algumas meninas, podem não fazer programas sempre, mas você,
recebe sobre as que fizerem, todos os dias.
— E quanto vai ser minha parte.
— A de hoje, o dobro da de Paula.
— Dobro, porque vocês falam difícil, o que quer dizer isto.
Joaquim olha para Paula e fala.
— Estamos perdidos se alguém indagar algo para ela.
Rita bate no Braço de Joaquim que fala.
— Agora vai me bater?
— Você tirou sarro de mim.
— Por isto vou passar a sua mãe, pois você nem saberia
cuidar deste dinheiro, e pelo jeito, terei de lhe por em um reforço
de matemática.
— Odeio Matemática.
— Dinheiro é matemática Rita, tem certeza que odeia
Matemática?
— Não gosto de fazer calculo.
— Mas precisa aprender e rápido.
— Pensei que traria alguém para casa. – Rita.
Joaquim sorri e fala.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Vou tomar um banho, preciso descansar, parece que
noites em cadeias acabam com a gente.
Joaquim subiu e Paula olha para Rita.
— E fica reclamando por ai ainda.
— Não entendi o que ele falou.
— Digamos que você ganha um pouco, não muito, mas de
todos os programas feitos naquela divisão de meninas, então
quando eu não for chamada, não estou ganhando nada, mas
alguém sempre é chamada, e você ganha neste dia, o que ele quis
dizer é que as vezes, parece muito dinheiro, mas temos de cuidar
com os gastos.
— Mas quanto?
— Eu não sei Rita, eu não converti, amanha eu tento fazer
este calculo, a minha parte, mil dólares, a sua dois mil dólares, sei
que meu pai quando ganha muito, fala que o salario teria de ser
maior que ganhar 70 dólares é um absurdo.
— Ele ganha isto por dia?
— Não Rita, por mês ele ganha isto.
— E vai fazer oque com este dinheiro.
— Não o vi ainda, mas com certeza, vou abrir uma poupança.
— Seu pai vai reclamar.
Paula sorriu e falou.
— Deixa eu agradecer o Loco por ter me feito ganhar em um
dia o que meu pai ganha no ano.
Rita ficou vendo a menina entrar no banheiro, ela queria fazer
o mesmo, mas ficou ali olhando por um tempo, depois entrou
também, ela não entendera ainda como poderia aquilo ter
acontecido.
As vezes o tentar achar sentido, é que complica algumas
mentes, como poderia ter gente com tanto dinheiro e tantos, com
quase nada.
Joaquim estava ensaboado quando sente Paula as costas e
pergunta.
— Perdida aqui?
— Vim agradecer o ter criado as coisas que criou, está
mudando nossas vidas Loco.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Ele sente ela lhe abraçar, e se enxágua e a abraça.
— Pelo jeito o primeiro dia foi bom.
— Sim, mas porque Rita vai ganhar tão bem.
— Ela vai estar a contatar os clientes, ela que vai receber as
cantadas e não pode ceder, ela que vai lhes garantir ter clientes.
— Certo, se ela não vender, não temos trabalho.
“Trabalho?” – Pensa sorrindo Joaquim.
— Cada uma vai ganhar diferente da outra, é inevitável,
teremos as que vão ganhar mais, as que vão ganhar menos, no
começo tudo é novidade, depois, verá que eles vão pedir algumas
em especial, e tem de estar preparada para estas horas.
Rita entra no banheiro e fala olhando os dois.
— Vão parar com a pouca vergonha?
— Nem começamos a pouca vergonha. – Joaquim.
— Tem de saber que não vou ficar.
— Perdendo tempo Rita, perdendo tempo, quer sair, sai, mas
fecha a porta.
— Não vai insistir mesmo? – Rita olhando para o chão.
— Sabe que está fazendo de uma forma que vai acabar se
afastando menina.
Rita bate a porta saindo e Joaquim termina o banho, depois
se seca e vai para a cama, lá estava Rita, olhando os dois entrar.
Joaquim foi a cama, e apenas se cobriu, estava frio, então ele
queria era dormir.
Amanhece e Joaquim desce, passa o terno e olha para a rua,
calma, uma garoa na sexta feira era para desaminar qualquer um,
mas ele tinha de se preparar para descer para Porto Alegre, para o
carro em uma oficina a uma quadra do banco, pede para fazer uma
revisão, mas precisava do carro no fim do dia.
O senhor olha desconfiado, mas aquele rapaz de terno, fez
ele ficar olhando para onde ele ia, quando Joaquim entrou no banco,
o rapaz ao lado falou.
— Este é o rapaz que falei.
— Qual? – O senhor dono da oficina.
— Que o deputado Curi acusou de sequestro e tirou a força
do banco na quarta.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Ele trabalha no banco?
— Sim, mas acha que dá para confiar senhor?
— Pelo menos temos onde ele trabalha, não é qualquer um,
mas ele disse que passa meio dia para saber o custo, dependendo
da cara, não fazemos tudo.
— Certo senhor.
O rapaz levanta o carro e olha as molas e fala.
— Molas e suspensão todas novas senhor.
— Verifica, pelo jeito é destes malucos que gostam de carros
duros podendo ter um carro leve.
Joaquim entra no banco, olha para todos olhando para ele, se
olha no espelho e não entendeu, normal, mas vai a sua mesa e o
gerente chega a ele e fala.
— Como está hoje Joaquim?
— Algo especial para hoje senhor?
O senhor põem a propaganda da inauguração do restaurante
na primeira capa da Gazeta e uma reportagem sobre um novo
empresário paranaense.
Folha e olha reportagem, passou os olhos e falou.
— Ele não me conhece senhor, mas publicidade é sempre
bom para os negócios.
— Todos querem convite, sabe como é?
— Se nem sei se vou a inauguração, posso ter de ir a Porto
Alegre ainda hoje.
— Problemas?
— Um primo não está bem, e família é família senhor. Mas a
inauguração estará cheia, mais fácil para a semana que vem senhor.
— Já tem tudo reservado?
— Sim, estranhei ter investido na publicidade e não poder
acomodar todos, mas espero mesmo que dê certo, investi naquilo
um bom dinheiro.
— Recebemos a parabenizassão do cumprimento da meta do
ano, uma saída por cima para quem como eu dediquei minha vida a
este banco, mas tenho de agradecer a você ter conquistado o
cliente que muitas agencias procuravam em Curitiba.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Apenas levei sorte, mas deixa eu preparar as coisas, tenho
de passar ao senhor que as contas foram abertas, sabe quando
chegam os cheques e os cartões?
— Semana que vem.
— Vou então falar com ele na segunda, quando tiver a data
que ele pode mandar os funcionários tirarem os cartões e cheques.
— Bom, dar um retorno também faz parte de manter os
clientes bons no banco.
Joaquim vai a sua mesa, um dia normal, cheio de filas de
pagamento de contas, descontos de cheque, foi pegando o
esquema do sistema, olha para as contas de Cezinha, estavam
quase vazias, olha para o saldo das suas contas, mas não poderia
mexer, olha para a conta de Cezinha, nada, alguém que tinha uma
conta, uma movimentação alta e nada de dinheiro.
No bar o agito se faz, tudo sendo ajeitado para a inauguração,
eles abririam as portas as 14 horas, mas não era quando agitaria,
mas teriam o tempo de posicionar as pessoas, primeiro dia sempre
era tenso, em todos os sentidos.
Joaquim passa ao meio dia e acerta o concerto, o senhor
pensou que o rapaz pagaria em cheque, e viu ele pagar com
dinheiro, faz sinal para fazerem e garante que estaria pronto as 16
horas.
Paulo no bar confirma todas as reservas, olha Raquel e fala.
— Ou dá certo ou afundamos no primeiro dia.
— Lotado?
— Sim, temos de por os reservados nas mesas, já que seria
chato os que reservaram chega e não terem lugar.
— Alguma ideia?
— Deixa eu verificar.
Paulo desce e tinham uma região de grama, mas tinhas ainda
as lajotas da construção, ele chama o rapaz da obra, ele estava a
fazer algo no prédio ao lado, sabia que teria outro bar a baixo que
estava prestes a inaugurar, pede se não teria como dispor daquelas
lajotas sobre a grama, o senhor olha desconfiado, faltava uma hora
para abrir, ele olha Paulo e fala.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— São tapetes de grama, podemos tirar eles, por baixo é
quase pedra, mas qual a ideia?
— Dispor de cadeiras e mesas aqui.
O senhor chamou os rapazes e começam a tirar a grama por
um lado, colocar as lajotas por outro, foram apenas ajeitando e
sabendo que teriam de refazer no dia seguinte, ou na segunda, mas
Paulo não queria não ter alternativa para o dia, começou com um
dia chuvoso e começava abrir o sol.
Ele dispõem de cadeiras e Raquel chega junto, ele estava
mudando disposição, olha o piso e fala.
— Depois temos de falar com Joaquim.
— Sim, nem que reduzamos novamente depois, mas com 111
mesas, conseguimos administrar melhor Raquel.
Ela sorri e fala.
— Certo, acha que podemos dispor destas vagas para amanha
nas reservas?
— Não temos um local coberto para estas, não podemos
dispor delas como fixas, mas isto estabelece que se está um dia
bonito, podemos dispor delas.
— Certo, acha que se chover temos problemas?
— Sim, vou falar como o pedreiro para improvisar amanha
uma saída de agua ao fundo, para se chover não correr para este
lado.
— A inclinação não deve dificultar.
— Não, mas é bom estar mais adaptado.
— Espero que Joaquim não fique chateado, acabamos com a
grama.
— Ele vai entender.
Raquel sorri, Paulo não conhecia Joaquim, embora ele não
improvisara, ele apenas usara a área e resolveu dispor de um piso,
grama não é algo para saltos e pessoas da noite.
Paulo falou com os garçons, redistribuiu as mesas, que cada
um deles atenderia, sabia que existiria diferenças entre algumas
mais próximas do palco e de umas mais distantes, ele viu Ivo entrar
pela porta e olhar o palco, o musico pede uma cerveja, ajeitam os
instrumentos e Paulo apresenta a casa, ele olha para o palco inferior

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
e pergunta se teriam show ali, ele confirma que o um rapaz
esquentaria, eles entrariam, depois ele tocaria na inferior, fariam o
show, depois outro tocaria após.
Os rapazes olham o espaço e Paulo viu que eles tomariam
muito antes do Show, nem haviam aberto ainda.
Eles saíram e deixaram pendurada a cerveja, teriam de
controlar isto, Paulo não conhecia o Blindagem, estranhou a forma
espontânea deles, Joaquim sempre dizia que o Blindagem
representava bem as coisas em Curitiba, pois ninguém nascia na
cidade, mas a diferença dos que nasciam aqui, eles se desgrudavam
fácil, já os que chegavam, juravam que um dia sairiam e nunca
conseguiam.
O abrir das portas, as 14 horas, estabelecia que iriam atender
normalmente 18 horas, então teriam dois grupos que atenderiam e
teriam de cuidar do entrosamento entre equipes.
Os garçons queriam fazer tempo integral, mas era pesado
para fazer 18 horas todo dia, e ainda teriam de ter o grupo de
Segunda a quarta, grupo que daria aos demais direito a descanso.
Foram dias corridos, Paulo sabia que a imprensa estaria por
ali, assim como não teria o proprietário por perto tão cedo.
Um rapaz chega a Paulo e fala.
— Se tiver problemas, a Insídia está com 4 rapazes prontos
para retirar o encrenqueiro, não se estressa com estes Paulo.
Ele olha o rapaz da segurança e sorri, isto talvez não
acontecesse naquele dia, mas estava tenso, medo de um erro que
estragasse tudo,
Joaquim chega ao fim de expediente da Sexta, ele não iria dar
convites, ele não tinha esta coisa de facilitar, e não se pagava a
entrada no local, mas obvio, tinham limites, para não virar confusão.
Passa na oficina, viu que o carro estava até limpo e sorriu,
confirmou se estava pronto, pegou a chave e atravessa a cidade,
para no Capanema, olha para Marcia e pergunta.
— Como está as coisas?
— Tranquilas, não está na inauguração?
— Vou trocar de roupa, e ver se consigo não beber hoje.
— Problemas hoje?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Quero estar amanha cedo em Porto Alegre, mas quero ir
de carro.
— Algum motivo especial?
— Sim, dispor de uma impressão inversa ao que falam.
— Usando a Brasília como anti-marketing?
— Ainda.
Joaquim passa em casa, põem uma roupa mais confortável,
liga para Nádia e a pega em casa.
— Lembrou de mim?
— Sabe que esqueço até o que almoço.
Ela sorriu e falou.
— Ainda neste Brasília?
— Ainda.
Ela entrou e falou.
— Estofamento novo e som, pelo menos isto.
— Ainda não sei como vai ser o dia, mas tenho de ficar pouco
hoje.
— Problemas?
— Tenho de verificar um investidor em Porto Alegre amanha.
— Posso ir.
— Se quiser, mas é reunião chata, aquelas que é bom mostrar
que não está passeando, e sim querendo dinheiro.
— Vai da avião?
— Brasília.
— Tô fora.
Joaquim sorriu e foram ao restaurante, Paulo viu Joaquim
chegando e foi a ele, o mesmo olha as mesas sobre onde tinha
grama e olha para Paulo.
— Matou minhas minhocas?
— Não gostou?
— Calma, se precisou do espaço, depois vejo o que o pedreiro
pode fazer para transformar em agradável.
Joaquim vai a parte interna e olha Raquel.
— Como estamos?

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Paulo está tenso, ainda vazio, tem uns senhores tomando
whisky ao fundo, mas nada de quantidade ainda, gente fazendo um
fim de dia no local.
— Sei que é tenso o primeiro dia, depois acostumamos com
os horários sem ninguém.
— Vai ficar?
— Hoje meu escritório vai ser aqui, é bom pois assim ninguém
nem olha para o outro lado.
— Aprontando?
— Não. Tem alguma mesa não reservada?
— As externas.
Joaquim foi a uma mesa e olha para o garçom e pede uma
cerveja, olha para Nádia e pergunta.
— Porque parece sempre no começo que nada vai dar certo.
— Medo, isto se chama medo.
— E dai, já conseguiu um emprego?
— Esperando um empresário local, que está ficando famoso,
me convidar para trabalhar.
— Tenho medo de confundir as coisas Nádia.
— Medo que veja que não é perfeito?
— Todos sabem que perfeito nunca foi algo que se encaixasse
em mim, mas parece que as coisas começam a andar hoje.
— E vai beber mesmo tendo de pegar a estrada?
— Quando ver que não dá mais para dirigir, talvez invente um
motivo para não ir.
— Querendo dar o fora em alguém, mas quer ter uma
desculpa?
— Sempre.
Joaquim viu que um rapaz subiu ao palco com seu violão, e
começa a cantar algumas musicas, não tinha muitos, mas começava
a escurecer e já não estava vazio.
Viu as mesas próximas começarem a encher, talvez por não
estarem reservadas.
— O que o deixa tenso?
— Nádia, eu resolvi ter hotéis, restaurantes e motéis, mas eu
não entendo nada disto.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Vi que Jonas montou uma nova agencia, dizem ser duas,
mas ele sempre usa a mesma estrutura, acha que ele vem ai?
— Sim, acredito que alguns tendem a vir. – Joaquim vendo
um senhor olhar na entrada e olhar para ele.
— O primeiro problema chegando.
Nádia olha o deputado sentando em uma mesa reservada, os
seguranças dele não entraram, mas veio com a esposa e o filho,
sinal que ou queriam confusão ou paz, Joaquim não sabia ainda e vê
Fernandes entrar e vir a ele, ele apresenta Nádia e ouve a pergunta
em inglês.
— Host parece que quer vir ao Brasil semana que vem.
— Mais calmo?
— Ele não parecia calmo, mas a confirmação da entrega das
armas ao General Rosa, fez ele relevar algumas coisas e parece que
quer falar com você.
— Uma noticia boa.
A conversa em inglês fez Nádia perguntar.
— Problemas?
— Quando o chefe da CIA diz que vem semana que vem ao
Brasil para conversar comigo, tenho de pensar.
Joaquim olha para Fernandes e fala.
— Semana que vem vai depositar parte dos recursos no
Banco, naquela conta funcionários.
— Quanto?
— 1,8 milhões de dólares.
O senhor sorriu e perguntou.
— E já esquematizou tudo?
— Sim, mas este fim de semana eu vou a Porto alegre, dai
vou aproveitar o feriado de Corpus Christis e passar em Santos.
— E como vamos esquematizar as coisas lá?
— Não sei ainda.
Nádia olhava para Joaquim de uma forma que nunca olhara,
ele estava investindo, vendo ele falar em inglês, ficou a olhar como
se esta parte daquele pedreiro não conhecera antes.
Fernandes não ficou muito tempo, mas Joaquim viu o
delegado chegar e vir a ele, cumprimentar e depois ir a uma mesa

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
mais a frente, com a esposa e uma moça, sorri, nunca diria que
Ângela era filha de um delegado.
— Já se abrindo para outra? – Nádia.
— Não, é que às vezes o ovo em que moramos, nos mostra
uma moça que trabalha para Jonas, como filha de um Delegado.
Nádia a olha e fala.
— Bonita, o Jonas está selecionando melhor mesmo.
Observar sem saberem quem ele era, dava a tranquilidade de
estar ali, mas uma hora um rapaz chega a mesa e pergunta.
— Joaquim Moreira?
— Se não for cobrador, sim. – Joaquim.
— Marcos Robson, Gazeta, me daria uma entrevista.
— Senta, toma algo?
— Estou trabalhando.
— O que quer saber? – Joaquim.
O rapaz sentou-se e abriu um caderninho.
— Vai mesmo inaugurar 4 hotéis na cidade?
— Com calma sim.
— Resolveu o problema com o Deputado Curi?
— Não entendi ainda o que ele queria tentando que não
abríssemos hoje, mas contornamos todas as tentativas executando
todas as obras de acordo com o projeto.
— Confirma que vai inaugurar mais 3 restaurantes na cidade?
— Sim, tenho coisas a fazer até o fim do ano, 4 hotéis, 2
motéis, mais 3 restaurantes, uma empresa de segurança, uma
empresa de propaganda, um Cursinho, uma Gráfica e uma
danceteria.
O rapaz anotou e perguntou.
— Fará apenas com seus recursos?
— Não, ainda estou buscando investidores, tenho um sócio
Norte Americano neste Restaurante.
— Todos falam que o Brasil não é um bom lugar para investir
neste momento, acha que estes analistas estão errados?
— Acredito que se todos pararem, eles acabam provando
suas teses, mas não vejo a crise como problema, apenas como um
limite que podemos demorar a passar, ou atravessar rapidamente.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim deu aquela entrevista, a casa começa a encher.
O chegar a mesa de Curi Filho, fez Joaquim olhar ele serio.
— Meu pai quer paz Joaquim, tem chance?
— Sim, mas ele quer paz mesmo?
— Sim, ele me colocou aqui, mas o lugar é bom, pensei que
seria um boteco, tem caviar no cardápio.
— Ainda tenho de aprender sobre vinhos, mas este lugar é
para quem entende do que é bom Curi.
— Ele falou que precisa falar com você.
Joaquim olha para ele e fala.
— Faz companhia a minha convidada um pouco?
Nádia sorriu, pois Joaquim estava sendo chamado a conversar
com um Deputado, Curi foi cliente da Cherry, mas poucos sabiam da
função de Nádia lá, pois quem atendia o telefone era a Betinha.
Joaquim olha para o pager e passa uma pergunta para Marica,
e soube que 12 moças não estavam querendo ficar ali e levanta-se e
vai a mesa e olha o Deputado e fala.
— Vamos conversar mais ao fundo Deputado?
— Onde?
— Onde não tenhamos de gritar e possamos estabelecer
algumas coisas.
O senhor pediu um tempo a esposa que parecia Jovem
demais para aquele senhor, Joaquim saberia mais a frente que não
era a mãe do rapaz, e sim a nova esposa do senhor, que parecia se
divertir naquele lugar chique, mas pela forma de pegar o garfo, veio
das mesmas origens de Moreira.
Os dois vão ao fundo, Joaquim abre o portão para o terreno
no fundo e o senhor falou.
— Sabe que não tenho opção.
— Vamos conversar senhor, tem gente que me procurou e
que não sei o que fazer, pois não tenho estrutura para absorver.
— Não entendi.
— 12 moças procuraram minha administradora aqui, e
querem proteção, e não tenho como absorver e nem programas
que as contemplariam.
— Pensei que não seria direto.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— Senhor, este terreno não é meu, é dos Dias.
O senhor olha em volta e fala.
— Certo, você é uma peça, não um grande, só não entendo
porque tantos tem medo de você.
— Quando eles querem serviços limpos, eles me contatam
senhor, eles me conhecem por fazer o que eles não teriam como
fazer.
— Certo, esqueci de olhar para este lado.
— Senhor, quer paz mesmo?
— Sim, mas o que teria a propor/
— Parceria no abri da sua agencia, que soube que não está
funcionando, mas isto seria sem Jonas saber.
— Parceria?
— Deve saber hoje o que faço na agencia do Jonas, garanto a
segurança, e a estrutura, não o dia a dia.
— E saberia ter uma parceria com pessoas que pediram sua
morte?
— Dizem que sou suicida, mas sim.
O senhor sorriu e perguntou.
— E o que temos aqui?
— Um prédio para festas fechadas, um segundo bar, um hotel,
um motel, uma sede da empresa de segurança, uma estrutura para
peto de 200 moças, uma empresa de publicidade e propaganda.
O senhor olha em volta e fala.
— E não pretende parar?
— Senhor, unidos e em paz, todos ganhamos, em delegacias,
podemos aparentar inimigos, mas lá, é para que um Delegado não
nos estorça mais do que já leva.
— Sabe a complicação que me colocou?
— Senhor, tem de escolher alguém que pode ter sequestrado
seu filho, eu estava no banco, o dia inteiro, se quer alguém para isto,
não escolhe alguém que não teria como estar lá.
— Certo, e os seus não vai entregar.
— Senhor, eu estou começando, saindo da sombra, ainda é
começo, mas é que não tenho paciência para politica ou para a fazer
sala, mas sei reagir.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— E colocamos uma pedra nisto?
— Sim.
— Quer as meninas no trabalho ainda hoje?
— Acha que teria como?
— Sim, não esquece, é as noites que isto da dinheiro, mas
como falei, aceito a parceria, mas sem os demais saberem, entre
nós senhor.
— E me disseram que você não conversava.
— Com aquele Jamil realmente não converso senhor, ele não
tem noção do que poderia ser, casou com uma mulher que
cafetinava as duas filhas, e suas amigas, e nunca viu naquilo um
ganho, quando Jonas se envolveu com a mais velha, que ele quis o
dinheiro que nunca lhe interessou antes.
— E como fazemos?
— A esposa sabe das coisas?
— Estou a deixando fora.
— Então um momento.
Joaquim passa uma mensagem para Marcia que lhe responde
rápido que estavam na parte dos quartos, viu Marcia olhar da parte
alta do prédio e passa uma mensagem, para as 12 meninas se
encontrarem com ele na parte do segundo bar.
Joaquim caminha até a entrada do fundo daquele bar que
inaugurariam ainda e pergunta.
— Não sei onde iria por as meninas?
— Iria deixar na chácara, porque?
— Quer servir apenas Colombo?
Curi sorriu, não havia pensado no problema de tempo e fala.
— Alguma ideia?
— Sim – Joaquim foi acendendo a luz, pegou uma cerveja no
fundo e dois copos, serviu e falou.
— Tenho uma estrutura no Portão, não sei se interessa, entro
com o local, acertamos o aluguel, pouca coisa, e a sociedade de
estrutura e proteção senhor.
— Pensei seriamente que o Jonas era quem tocava as coisas.
— Ele toca, acha que fico para o dia a dia senhor?
— Não, entendo, alguém a tocar é menos dor de cabeça.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— A vida é para se viver, não para ficar administração do que
nos gera o recurso senhor.
— E como fazemos?
— Topa a sociedade senhor?
— Pelo que entendi, você toca mais coisas do que vi, pois de
alguma forma, você montou tudo isto.
Joaquim levanta e pega um papel no balcão e fala.
— Senhor, a ideia, sei que pode mudar de ideia, mas é usar
uma estrutura organizada, mas a espalhar, não sou de ficar no ovo,
mas com um local como este ao lado, com um bar, para saídas, uma
residência, que ninguém saiba onde é, tenho um local para 80
moças no bairro do Portão, colocamos os telefones e começamos.
— Acha que da pouco como o meu filho falou que Jonas
arrecada.
— Senhor, Jonas não é um bom administrador, eu tenho um
sistema que me garante por dia, 10 mil dólares no bolço em um
esquema semelhante com um book, que ele não sabe.
— A sua parte?
— Sim, a minha parte.
— Então ele arrota alto, e nem tem ideia do que se ganha
com isto?
— Ele tem boas ideias, mas ele está grudado em alguém que
só o vai levar para baixo, aquela família do Jamil, é tudo gente que
se contenta com pouco senhor.
— Vi no cardápio ali que montou algo que não tem na cidade,
pensei que seria algo simples, vinhos selecionados, pratos especiais,
acho que estar ali e ver que não é um local que existe em Curitiba
me fez entender, você não é de projetos pequenos.
Joaquim olha o movimente e fala.
— Entra Marcia?
O senhor olha para trás e olha as moças entrando e um sorriu
e falou.
— Perdido aqui Patrãozinho?
Joaquim tentou não rir, mas teve vontade, e o senhor fala.
— Sentem, soube que passaram ontem problema, tive de ir
ao interior, colocaram fogo na minha casa lá também.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
— E o que conversam ai? – Uma das moças que estivera na
casa no dia anterior.
— Estou tentando decretar paz com o senhor Moreira.
— Sabe que eles não são tão sem estrutura como falou.
— Isto que estávamos conversando, eu achava que a
estrutura era do rapaz que toca para ele, não tinha entendido, mas
pelo que soube, vamos montar um local no Portão.
— Sabe que algumas não vão vir.
— Conseguimos outras, mas o que fazem aqui?
— Marcia nos apresentou ao senhor ontem, ele nos arranjou
onde dormir. – Joaquim viu que as moças foram bem contidas nas
palavras, não sabia o que estava acontecendo, mas ver os dois
conversando, parecia o estabelecer de uma trégua.
— E quando olhamos o local?
Joaquim olha para o senhor e fala.
— Vamos lá, mas – Joaquim olha para Marcia – chama uns
taxi, eu vou de carro, mas só tenho de alertar que já volto para
alguém lá dentro.
— Quem tem de alertar?
— Nádia?
— Quem é Nádia? – Curi.
— A antiga dona da Cherry.
— Mas a dona não era aquela Betinha?
Joaquim sorriu e levantou-se e foi ao bar, deu um beijo em
Nádia e fala.
— Tenho de acertar paz com o pai do rapaz ai, se me esperar,
eu volto.
— O que está acontecendo? – Curi filho.
— Apenas ele quer me propor algo, não entendi ainda.
— Lhe espero, mas não tenho dinheiro.
— Volto para acertar, mas qualquer coisa, faz o Curi pagar.
O rapaz sorriu e Joaquim voltou a parte do fundo, o rapaz viu
que a segurança saiu e falou a Nádia.
— Senta com a gente, o pai acerta a conta na volta.
— Pelo jeito os dois tem algo a acertar?
— Não entendi ainda o problema.

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J. J. Moreira 2 – Guerras Nada Santas
Joaquim entra naquela Brasília, as moças nos taxis, e Curi no
carro com motorista e seguranças, e vão no sentido do Portão,
param em uma quadra toda isolada, e o senhor viu o predinho na
ponta, entram, acertam os taxi e entram no predinho e o senhor
olha.
— Tua estrutura?
— Ainda a adquirindo.
— Quantos quartos falou?
— Quarenta quartos com duas camas, não é uma boate, as
camas são se solteiro senhor.
— E o que temos aqui?
O senhor olha a central de telefonemas colocada e os
aparelhos ao lado dos telefones e pergunta.
— O que é isto?
— Isto é um identificador de chamadas senhor, ninguém sabe
que temos, mas ele nos permite saber quem liga, antes dele nos
passar o numero do telefone.
— E tem isto na empresa de Jonas?
— Sim.
— E Jamil não me falou disto.
— Senhor, a ideia, estamos com 4 moças selecionadas no
centro, sem lugar para trabalhar, temos o local, precisamos de mais
moças, mas sei que tem quem indicar para tocar isto.
— Pensei que indicaria a moça que veio junto.
— Senhor, Marcia, é minha fotografa, ela monta os books, ela
é parte de um sistema que ninguém vê.
— E acha que conseguimos reverter, tivemos dois dias de
números parados, pois o local onde estariam os telefones, nem
existe mais.
— Acho que o senhor pode até se acomodar na cobertura do
hotel ali na esquina, depois me paga as diárias.
— Vai ter um hotel aqui?
— Sim, 4 hotéis pequenos, um que pretendo ter os hospedes
fixos, e acertar isto semana que vem, eles devem começar a
funcionar a semana que vem em condição total, ainda os
restaurantes não estão operacionais.

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— Acha que daria para transferir para cá?
— Sim, mas pensa nisto, estarei em Porto Alegre amanha
cedo, então na segunda terminamos de fechar isto.
— Você pelo jeito tem amigos e inimigos no mesmo peso.
— Senhor, alguém tomou as minhas dores, não sei quem foi,
ele ainda não me falou, para que peça que lhe ajude a reconstruir as
casas, mas com certeza, o farei, não pedi para queimar nada, eu sou
pelo que estamos fazendo, conversar e ganhar dinheiro.
O senhor olha as moças e pergunta.
— Acham que conseguem se instalar?
As moças sorriram e uma fala.
— Vai nos prende aqui?
— Porque da duvida. – Curi.
A moça olha atravessado, mas ela escolheu estar ali, e não na
outra estrutura, as vezes se dizer Deputado, faz os demais acharem
que tem mais estrutura que um Joaquim qualquer.
Joaquim apresenta o local e fala.
— Mas elas podem ficar onde estão senhor, até terminarmos
aqui, e o que falamos aqui, não se fala para Jonas.
— Certo, não quer surpresa.
— Segura até com seu filho o todo, sei que os dois são muito
amigos, não quero problema nos trocados.
O senhor sorriu, chamaram os taxi, e voltam todos a região,
Curi convidou as moças a se juntar a eles, e Joaquim sabia que
estava gerando problema, pois teriam uma mesa com muita gente,
ele chega ao local, se despede e arrasta Nádia para a mesa do fundo
novamente.
O movimento estava bom, e pareceu que o senhor relaxou e
começa a achar que as coisas voltariam a normalidade.
Nádia olha para Joaquim como se cobrasse.
— Agora vai se meter com estes, são mais nojentos do que
aquele Jonas.
— Eu não quero nada com ele Nádia, mas acabei preso
porque aquele pai da Amanda, tem negócios com este senhor ali, e
acabou querendo cobrar de quem estava em volta, preciso de paz
para montar e viver, não de agito.

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— Não entendi a sua prisão?
— Estava tentando entender, pensei que ele ainda iria querer
briga, mas ainda acho cedo para relaxar referente ao Deputado.
— A casa encheu, acha que vão falar bem amanha?
— Amanha não vai dar tempo, então amanhã podem existir
as criticas, mas quero entender isto antes de qualquer coisa.
Jonas chega e cumprimenta os dois e olha para Nádia.
— Perdida aqui?
— Tentando entender como Joaquim pode criar algo assim.
Jonas olha Joaquim e fala.
— Começando a funcionar, ainda quero você de novo lá como
meu sócio Joaquim.
— Senta ai. – Joaquim.
— Vi que o preço aqui não é para todos.
Joaquim fez sinal para ele sentar, Amanda sentou, viu a irmã
chegar a mesa, olhando para Joaquim.
— Ficou bonito, pelo jeito é serio que virou a mesa, que
passou a ser um bom partido da cidade.
Joaquim a olha e fala.
— Um partido que levanta as paredes com as mãos, mas que
os demais não veem isto, quando pronto.
Nádia olha Joaquim, ele tenta não dar bola e olha para ela.
— E dai, quer começar na segunda no Cabral?
— Se é serio.
Joaquim pega um cartão e alcança para ela e fala.
— Esta é a parte profissional, melhor não misturar.
Ela guarda o cartão e fala.
— E vai me paga bem?
— Vamos falar disto quando não tiver gente ouvindo.
Ela sorriu e lhe deu um beijo.
Caio filho olha para o pai na mesa mais a frente, vendo
Joaquim com Nádia e pergunta.
— Nem sabia que eles se conheciam.
— Eles?
— Nádia e Joaquim.
— Conhece ela?

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— Uma técnica competente, na parte de programação e
transferência de dados do Nacional, parece que o banco está com
problemas e começou a mandar gente embora, centralizando as
estruturas.
— Serio que ela era a dona da Sherry?
— Sim, e enquanto Jonas está com aquela moça filha do seu
amigo, o rapaz se envolve com alguém mais inteligente e dinâmica.
O deputado olha para o local e fala.
— E pelo jeito, nem você o levava a serio filho.
— Mãos grossas de pedreiro, mesmo sendo as melhores
conversas, parecia alguém que não chegaria longe pai.
— A inauguração está sendo lucrativa pelo jeito para o rapaz,
viu o nível de atendimento e produto.
— Sim, ele não contratou os garçons normais da região, ele
não colocou o padrão das piores, ele homenageou toda a estrutura
da volta, muitos vão falar da casa pai.
— E não fala, mas vamos ter algo junto filho.
— Vai o querer por perto.
— Filho, ele com aquela simplicidade, se olhar para a mesa,
diria que Jonas que está pagando a conta lá, ou não?
— Sim.
— Ele naquela simplicidade, tem estrutura.
As moças a volta tentavam não demonstrar estar ouvindo,
mas viram que o rapaz, impressionou o Deputado, elas falaram que
não iriam ficar no esquema, Marcia as deu o caminho de volta para
a estrutura do Deputado, nem poderiam reclamar.
Algumas saem pela frente e vão ao prédio do fundo, pela
entrada lateral, e Ketlen olha para Maria e pergunta.
— Acha que o Deputado vai nos dar liberdade, como as que
preferiram ficar?
— Acho que ele vai pressionar para elas voltarem, mas viu o
encanto dele pelo lugar lá?
— Estranhei, pois o Deputado sempre com unhas feitas, com
carrão, pareceu impressionado por algo daquele senhor com a
Brasília.

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— Ketlen, o senhor da Brasília, é o senhor que vai receber
aquele dinheiro gasto ali no bar, não é qualquer coisas, mas obvio,
se todos acham que o deputado tem muito, todos sabem, que ele
tem de se reeleger para continuar tendo.
As duas vão aos seus quartos, elas estavam na duvida, mas
elas se propuseram a fazer parte da outra casa, então sabiam que o
Deputado as deixaria em paz, até a segunda.
Joaquim estava a cantar mais uma musica, se mantendo no
divertir-se e viu Paulo olhar para ele do bar.
Ele fez sinal e Joaquim pediu um momento e foi a parte baixa,
e entrou na cozinha, onde dava para a conversar.
— Problemas Paulo?
— Apenas alertando o tamanho da conta do Deputado.
— Passa para ele, se ele não pagar, não se estressa, faz
assinar uma promissória que eu cobro na segunda, mas não
esquenta.
— Fiquei pensando se ele não lhe quer enganar.
— Se ele o fizer, a melhor hora dele mostrar que não
entendeu o recado e a conversa será hoje.
— Muitos estão saindo satisfeitos, não sei para você, mas
para mim, parece um sucesso.
— Agora vem a parte chata, fazer a mesma coisa, por anos.
Paulo sorriu e Joaquim voltou a mesa, faz sinal para o garçom,
se despede dos demais pagou a conta e saiu com Nádia dali.
Acabou na cama da moça, pensando em pegar a estrada.

Continua...

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