Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE ARTES, DEPARTAMENTO DE TEORIA DA ARTE E MÚSICA, METODOLOGIA


DA PESQUISA

Tayná Batista Lorenção

RESENHA CRÍTICA SOBRE O FILME UMA VIDA ILUMINADA

VITÓRIA
2019
O filme “Uma vida iluminada” é baseado no livro do autor Jonathan
Safran Froer “Tudo se ilumina”, uma extensão de sua tese para uma ficção
baseada em uma viagem que ele próprio realizou para a Ucrânia em busca
de informações sobre sua família.

Pode-se entender que a narrativa do filme é organizada pela visão de


um pesquisador, dividida por capítulos, tanto pelo livro, quanto pelo olhar do
diretor Liev Shreiber, e como numa pesquisa cientifica, onde Safran Foer
realizou uma investigação documental e biográfica sobre sua própria história
e a transformou nesta história de ficção.

O filme mostra um jovem judeu chamado Jonathan que viajou para a


Ucrânia em busca de mais detalhes sobre a história de seu avô, que teve a
sua família assassinada pelos nazistas e só conseguiu escapar da morte com
a ajuda de uma mulher chamada Augustine, que o teria escondido. A única
informação que o jovem tinha era de que seu avô era de Trachimbrod, uma
pequena aldeia.

O personagem Jonathan é um colecionador. Ele possui uma parede


repleta de objetos de pessoas que o cercam, coletados e guardados dentro
de pequenos sacos plásticos. Ele, o pesquisador, tem uma interação direta
entre o objeto, sua família, que é a sua realidade.

Além disso, Jonathan detém de um caderno onde ele faz um controle


dos objetos que ele guarda, anotando a data e o nome de quem ele pertencia,
a fim de melhor classificá-los e organiza-los. Isto na pesquisa garante um
controle das condições e relações em que os fenômenos estudados ocorrem,
assegurando uma clareza e validade dos fatos.

Portanto, estes objetos pertenciam a pessoas que os atribuíram


diferentes significados, e que formam uma coleta de dados de um grupo
específico, que possui um determinado cotidiano, memória, e que vive em
determinado contexto e tempo.

Outro personagem chama-se Alexander Perchov, que junto ao seu avô


foram os guias na viagem de Jonathan. Alexander também é o narrador, o
que nos faz ver a história de Jonathan de sua perspectiva. Em sua primeira
aparição, ele surge contando sobre cada membro de sua família de forma
biográfica, e depois o filme segue mostrando o encontro dos três
personagens, a viagem e por fim o livro, onde Alexander escreve tudo o que
aconteceu, como um relato de experiência.

No trajeto também ocorrem alguns choques de cultura, quando o filme


mostra em uma cena em um restaurante a estranheza de Alexander e seu
avô por Jonathan ser vegetariano. Este fato sugere na pesquisa um olhar
neutro do investigador, respeitando as diferentes visões apesar das
divergências, não discriminando autores ou o próprio objeto investigado ou
entrevistado.
Outro ponto, é a atenção à forma que o pesquisador vai escrever sobre
algo e como essa informação vai chegar ao receptor, isto é, a quem está
lendo, com o significado correto. Ainda na cena do restaurante vemos um
exemplo disso quando é feito o pedido “uma batata sem carne” se referindo
a uma sopa de batatas para Jonathan, e a suposta cozinheira entrega
literalmente uma única batata cozida.

O filme também mostra muitas cenas com ruínas de construções,


lugares abandonados, que remete ao passado do local, ou seja, o
acontecimento da Segunda Guerra Mundial que gerou muita destruição e a
morte de muitas pessoas, como as da família de Jonathan. Na pesquisa isso
dirige a uma contextualização histórica do tema abordado, pois relatando o
que aconteceu em determinado momento da história se conhece a realidade
que cerca determinado fenômeno, desta forma sabendo o que aconteceu à
família e ao avô de Jonathan.

O último personagem que surge é uma senhora, irmã de Augustine,


que era a única a restar da pequena aldeia judaica que foi reduzida a nada
pelos nazistas no passado. Como Jonathan, ela também guardou todos os
objetos que conseguiu encontrar do que restou de Trachimbrod, e os guardou
em caixas, para as lembranças da pequena aldeia não caírem no
esquecimento.

E assim, finalizo esta resenha, destacando a importância do trabalho


do pesquisador, como Jonathan, Alexander e a senhora fizeram no filme.
Resgatar a memória, questionar o passado e o presente nos faz adquirir uma
leitura melhor do mundo, do que está acontecendo ao nosso redor, e para
conhecer e entender culturas diferentes das nossas. Pesquisas são de
importante necessidade para o entendimento e andamento da sociedade.

Você também pode gostar