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J.J.

Gremmelmaier

Zig e Zag

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2018

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Autor; J. J. Gremmelmaier Ele cria historias que começam
Edição do Autor aparentemente normais, tentando narrativas
Primeira Edição diferentes, cria seus mundos imaginários, e
2018 muitas vezes vai interligando historias
Zig e Zag aparentemente sem ligação nenhuma, então
existem historias únicas, com começo meio e
------------------------------------------
fim, e existe um universo de historias que se
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
encaixam, formando o universo de
------------------------------------------ personagens de J.J.Gremmelmaier.
Gremmelmaier, João Jose 1967 Um autor a ser lido com calma, a
Zig e Zag, Romance de Ficção, mesma que ele escreve, rapidamente, bem
107 pg./ João Jose Gremmelmaier / vindos as aventuras de J.J.Gremmelmaier.
Curitiba, PR. / Edição do Autor / 2018
1 - Literatura Brasileira –
Romance – I – Titulo
----------------------------------------- Zig e Zag
85 – 62418 CDD – 978.426
Bem vindos a
As opiniões contidas neste livro são aventura de Murilo
dos personagens e não obrigatoriamente 723S, um soldado do
assemelham-se as opiniões do autor, esta é exercito de Zig,
uma obra de ficção, sendo quase todos ou acordando vendo a cidade que viveu
quase todos os nomes e fatos fictícios. destruída, em sua confusão mental
©Todos os direitos reservados a procurando a verdade, descobrir o que
J.J.Gremmelmaier aconteceu. Levantar e enfrentar a visão a
É vedada a reprodução total ou parcial frente, lutando para não ficar louco, para
desta obra sem autorização do autor. cuidar dos ferimentos, para entender, como
Sobre o Autor; chegou até aquele ponto, entre caminhar
João Jose Gremmelmaier, nasceu em entre os restos de Zig, enfrentar antigos
Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, formação amigos, ser tido como louco, descobrir
em Economia, empresário por muitos anos, quem é o verdadeiro inimigo.
teve de confecção de roupas, empresa de
estamparia, empresa de venda de Agradeço aos amigos e colegas que
equipamentos de informática, e trabalhou em sempre me deram força a continuar a
um banco estatal. escrever, mesmo sem ser aquele escritor,
J.J Gremmelmaier escreve em suas mas como sempre me repito, escrevo para
horas de folga, alguns jogam, outros viajam, me divertir, e se conseguir lhes levar juntos
ele faz tudo isto, a frente de seu computador, nesta aventura, já é uma vitória.
viajando em historias, e nos levando a viajar
juntos. Ele sempre destaca que escreve para se Ao terminar de ler este livro,
divertir, não para ser um acadêmico. empreste a um amigo se gostou, a um
Autor de Obras como a série Fanes, inimigo se não gostou, mas não o deixe
Guerra e Paz, Mundo de Peter, Trissomia, parado, pois livros foram feitos para
Crônicas de Gerson Travesso, Earth 630, Fim correrem de mão em mão.
de Expediente, Marés de Sal, e livros como J.J.Gremmelmaier
Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João Ninguém,
Dlats e Olhos de Melissa, entre tantas
aventuras por ele criadas.

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©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

Zig e Zag

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Um experimento, este conto o é, não sei como
outros escritores escrevem, mas eu os faço, pensando
apenas em me divertir, em ter uma estrutura, lógica ou
não, dentro de uma história, mas guerra não tem lógica,
é por onde começo esta história, pois como humano,
muitas vezes, abandonamos a lógica.
Alguns definem os humanos como Homo sapiens,
eu os definiria como Homo Curioso, ele sabe que uma
invenção terrível, mata, e acabará morrendo por ela, mas
a faz, poderia citar alguns humanos, que morreram por
suas descobertas, sua curiosidade, alguns que perderam
o sustento para a própria criação, alguns que perderam a
fé para suas invenções, e uma gama imensa de pessoas,
que os seguiram as cegas.
Então escrevo sem o sapiens ativado, e sim o
Curioso, sempre digo que não sei onde vou chegar com a
historia, por isto, muitas vezes elas ficam apenas na
gaveta de minhas memorias.
Bem vindos a aventura de Murilo, um soldado do
exercito de Zig, acordando vendo a cidade que viveu
destruída, em sua confusão mental procurando a
verdade, descobrir o que aconteceu.
Boa Leitura.
J.J.Gremmelmaier

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Olho no horizonte aquele sol forte,
aquela visão parece me queimar a perna,
única parte do uniforme rasgado, olho a
cidade ao fundo, queimando e fico a
pensar, o que está acontecendo, sinto o
medo, talvez o ver de tudo destruído, me fez pensar no que
aconteceu.
As lagrimas me tiraram as palavras, olho para o céu e no lugar
de ter a visão do céu avermelhado, tenho a visão de Zag, ela parece
ao céu, Zig ao chão, duas cidades de minha vida, as duas queimando
diante de mim, mas não pode uma estar sobre a outra, o que
aconteceu, estou sonhando, o que perdi do caminho, da historia. As
duas partes dela dispostas ali, uma diante da outra, Zig os sorrisos e
lembranças, Zag a guerra, talvez finalmente tenhamos todos virado
passado.
Vejo as cidades queimando forte, não vejo pessoas, vejo
restos queimando ao longe, como isto aconteceu, quanto tempo
apaguei.
Minhas memorias estavam confusas.
Olho um ser surgir ao meu lado, do nada olhando as cidades,
cabeça grande, pele escamosa, o pouco que se via dela a cabeça e
as mãos, uma espécie de tecido Branco, sobre o corpo, um ser
estranho, olho ele estranhando o que estava acontecendo e ele fala.
— Achou que acabaria como Murilo?
Olhei para ele estranho, ele sabia meu nome.
— O que é você?
— O tudo, o nada, o ontem, o amanha.
— Isto não existe.
— Vocês agradecem a Deus as benfeitorias, mas para Deus,
isto é benfeitoria.
Olho o ser, eu não acreditava em Deus, sei que alguns falam
dele, mas não me faz parte, sou do exercito, e Deus atrapalha aqui,
se demorar a puxar o gatilho morro, a visão ao céu posso ter criado,
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mas a frente não, e não achava isto nem obra de um Homem e nem
de um Deus, sei que muitos morrem em guerras, estou nesta desde
que me lembro como gente, talvez o fim fosse algo assim, tudo
destruído, será que estava no fim?
— Mas estão todos mortos.
— Não, estão todos na Sobrevida.
— Morri também? – Descrente tentando entender, a perna
doía, e não sei vocês, mas para mim, morte deve ser a hora que não
sentirei mais dor, seja ela psicológica ou física.
— Parece que não, o que está esperando para ir para Deus.
— Não entendi.
O ser me olha, e olha para trás de mim, eu olho e vejo meu
corpo caído, paro naquela visão, como estaria morto, e estaria ali,
como ir para onde não sei onde é?
—Mas disse que não morri.
— Morte é algo diferente do que o ser acredita, alguns ainda
tem vida, e morrem, alguns não mais a tem, e se recusam a fechar
os olhos e ir a Deus, mas isto, só entenderá quando fechar os olhos,
e nada do que lhe antecipar vai lhe preparar para o depois.
Olho meu corpo, sinto o meu corpo, e por um segundo fecho
os olhos de dor, com muita dificuldade, mecho os braços e me vejo
deitado ao chão, a dor na perna ficou quase insuportável, me ergo e
olho em volta, estava ao chão, termino de me levantar e olho parar
onde o ser deveria estar e vejo apenas algo muito sutil ali e
pergunto olhando que ao fundo havia muitos corpos.
— Eles todos já fora a - a palavra pareceu difícil de por num
fato – Deus?
— Sim, meu serviço aqui termina quando o ultimo for.
Olho para o céu, não tinha mais Zag ali, agora penas um céu
amarelado de fumaça.
Arrasto a perna e chego a parte onde pensara estar antes.
O ser some.
Olho o veiculo que cheguei ali, estourado, algo acertara o
carro e a mim, embora não lembrasse ter chego até ali, coloco a
mão a cabeça, o capacete me protegeu de algo, mas estava
dolorido, deveria ter acertado o chão com força, olho o veiculo, ele
não andaria, abro com dificuldade a parte de trás, pego a
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machadinha, eu a chamava como todos os demais, minha
Tomarock, a coloquei as costas, peguei a mascara de gás, ela estava
ao lado de fora, eu raramente me separava dela, esta guerra não
era bonita, peguei os frascos de gás com o escrito VX e prendi do
outro lado do uniforme, 4 frascos, a faca ao fundo, a pistola na
cintura, a arma de choque as costas, o gás pimenta ao lado do VX,
as vezes no tumultuo esquecemos qual lançamos, então melhor
sempre estar de mascara.
Olho em volta, sento ao carro estourado, tateio a parte do
equipamento no carro com dificuldade, pego uma fita super
adesiva, primeiro a limpo, depois limpo o ferimento a perna, não
tinha agua para isto, não ficou bom, prendo a pele com aquela fita,
sabia que doeria quando a tirasse, mas teria de parar de perder
sangue.
Olho o pulso, sem sistema, alguém o levara, não teria como
ordenar os micro sistemas de regeneração para a perna, teria de
conseguir um remédio.
Passo o esparadrapo no uniforme na altura da perna, embora
não tivesse reserva de ar se alguém lançasse um gás mortal como o
VX.
Nada de metralhadora portátil, nada dos companheiros de
ação, lembro de estar vindo para aquele ponto, mas a dor na cabeça
parecia não me deixar pensar muito.
Começo a caminhar no sentido da cidade, existia a parte mais
escura quente, mas sem fogo e ao fundo a que ainda pegava fogo,
tento lembrar do como cheguei ali.
Tampo o nariz, o cheiro forte de podre, puxo a marcara, ao
lado junto as residências, gente morta, sinais que queimados
parcialmente, a cena bem triste, velhos, crianças, mulheres, todos
mortos.
O caminhar por aquela avenida, me fez passar por três carros
de policia, tudo queimado, olho os estragos, com certeza, bomba
incendiaria, com bomba VX, o sinal de não conseguirem respirar,
pessoas com a boca aberta, com sinais de dor, uma guerra covarde,
mas como militar, sei que isto se fez dos dois lados, quem ganhar
vai contar a historia, e isto não quer dizer que a historia vai ser

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aquela, apenas a versão de quem ganhou, mas olhando em volta,
parece que todos perdemos.
O que era uma cidade imensa, agora restos queimados de
uma historia, Zig em ruinas, morta, como podemos ter chego a isto?
Quando a mais de 100 anos, disseram que estávamos a beira
da morte, muitos não ligaram, muitos não acreditaram, olho em
volta, não poderia ser o ultimo, isto que tentava provar para mim,
que não poderia ser o ultimo.
Eu nasci e já estávamos em guerra, tivemos momentos que
parecia que a guerra pararia, mas foram poucos.
Quando se segue ordens e elas manda, atire, não duvidamos,
mas onde estão os que deram a ordem hoje?
Será que a cidade protegida sobreviveu?
Eu caminhava vendo alguns prédios queimarem, mas nada de
vida, parecia que tudo acabou, uma cidade imensa destruída,
lembranças de desfiles militares naquela avenida, de treinamentos
que tomaram toda minha vida, nada que me orgulhe ou
envergonhe, nada que dê para voltar atrás, ou melhor, nada que um
único ser pudesse fazer, eu era apenas um soldado, vi alguns se
negarem a atirar e serem condenados, estranho ainda ter de matar
um ser que se recusa a guerra, cidadão de Zig, mas como falei, se
deram as ordens, eu executei, sabia que era para fazer, não havia
meia historia, ou será que havia?
Caminho lentamente no sentido da base, que fica ao norte da
cidade.

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Olho a perna, estava latejando, vejo
aquela parte da cidade menos destruída,
olho aqueles vidros destruídos, pulo para
dentro da farmácia, olhou em volta, vou
ao fundo.
Sento em um canto, pego uma pasta de limpeza, abro a calça,
tiro o esparadrapo, grito no silencio da cidade, esperança de alguém
ouvir, mas parecia não ter mais ninguém para ouvir.
Sentado limpo o local, passo uma pasta cicatrizante, faço o
curativo, pego um remédio para pressão e para infecção, alguma
coisa de básico em medicamento, fecho o uniforme novamente, e
olho o local, eu fui treinado a me cuidar, mas tinha minhas
dificuldades, sistemas de controle, geralmente faziam isto, estava
começando a escurecer, eu teria de me manter seguro, olho em
volta, não sabia se aquele lugar o era, olho o corredor interno de
um shopping destruído, passo para dentro, as pessoas com as mãos
na garganta, com os olhos arregalados, como se puxassem ar e nada
conseguiam, em meio a corredores, era uma cena que já vira em
muitas cidades pequenas atacadas.
Olho verificando as câmeras, todas sem baterias, pelo menos
aparentavam desligadas, autômatos de serviço, nada por perto,
talvez tenham ajudado alguém a sair e sobreviver.
Muita suposição, mas eles não estavam por perto.
Subo a parte da praça de alimentação, um engano, marcas de
um grande incêndio, estava com as paredes negras, olho uma
maquina de refrigerante, com a machadinha abro o comando e as
latinhas quentes começam a cair, pego uma e tomo com calma.
Encosto ao armário do fundo, estava cansado, será que
realmente era o ultimo?
Tomo o remédio, olho em volta e vejo aquele ser surgir, eu
olho a luz que entrava e vejo que é uma alucinação, ele não gerava
sombra, ou era algo que eu não acreditava, algo divino.

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Será que era hora de começar a implorar por minha alma, eu
não seria tão patético, gerei milhares de morte do outro lado do
campo e querer o perdão, para mim, ordem é ordem, sei que já
titubeei algumas vezes em executar algumas, mas sempre dentro de
uma logica de guerra, se queremos ganhar, alguém vai perder, mas
ainda não conseguia saber como fiquei sozinho.
O ser me olha e pergunta.
—Não vai morrer mesmo?
— Não sei, o que disse que era mesmo?
— Tudo.
— Então porque pergunta, se es tudo, sabe tudo.
— Você não parece querer morrer, parece querer terminar
sua missão, mas parece confuso ainda.
— Sem lembranças, pelo que entendi, estávamos no carro e
ele explodiu, os meus companheiros de comando devem estar por
ai.
— Tenta manter a fé. Mas logo desiste e morre.
— Fé, o que é isto?
— O que leva as pessoas a Deus.
— Imagino como estes a toda volta, infectados e morrendo
cremados, devem ter tido fé, de que os adiantou?
— Guerras são a forma de evolução de espécimes inferiores,
tem de entender que vocês são apenas um espécime teimoso e que
dedica muita força a matar o próximo.
O remédio pareceu começar a me gerar sono, e vi o ser sumir
do meu lado, encostei tentando descansar, mas talvez ele tivesse
razão, estava tentando manter a esperança de não ser o ultimo.

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Acordo com dor na perna, me
levanto, precisava ir a frente, a cidade
estava vazia, aquela praça de alimentação
deveria estar a mais de 6 dias sem luz,
tudo podre, nada para se comer.
Tentava lembrar como fui parar ali, estava ainda com dor,
mas verifico o curativo, sentia que as costas estavam latejando,
deveria ter passado por calor forte, mas não tiraria o uniforme para
verificar antes de um local seguro.
Tento lembrar das ultimas ordens, lembro do comandante
Drus, na base a 100 quilômetros de Zig, ele fala que teríamos de dar
estrutura a algo em Zig, não perguntei que estrutura, lembro
vagamente de olhar a cidade ao longe e ela sendo destruída, estava
na serra de Morro, olhávamos aquela chuva de bombas na cidade, a
estrada destruída a frente, nos fez ter de ampliar a viagem voltando
e descendo por uma via que deveria estar vazia desde o
povoamento inicial daquele mundo.
Estava confuso, tentava olhar a frente nas ordens, e não
lembro, lembro de ter perguntado onde iriamos, e Drus falar que
para a cidade protegida, que teríamos de dar estrutura a saída
deles, lembro que Sipts sorriu com malicia, olhei o comandante
que fala.
— Vai dar cobertura a entrada da cidade Murilo, vamos
tentar chegar, ajudar e sair.
Aquelas lembranças pareciam confusa, não sei, não lembrava
de muita coisa depois daquilo, parecia que faltava informação e que
tudo não se encaixava, lembro da entrada da viela de Córrego, a
entrada da cidade de Zig, o comandante deu ordem para Sipts e
Pants irem a frente, ficamos eu, o Comandante, Runs e Mectros a
vigiar, lembro do estrondo daquela noite, acampados nos
preparando para entrar, e lembro de Pants dizer que a barragem
havia explodido, ele não entrou em detalhe, mas sem agua, Zig
estava realmente condenada.
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Dirigimos até a base de entrada da cidade, lembro de ter
chego ali, mas dali ao ponto que acordei, nada, tentava, mas parecia
um vazio, algo tinha acontecido, e não parecia estar em minha
lembrança, olho em volta, começo a caminhar pelas ruas, teria de
me posicionar, agora iria até a saída da cidade, a lembrança
estabelecia que toda aquela parte baixa, fora inundada depois de
atacada, talvez as marcas secas a parede, estabelecessem que isto
foi a mais de 12 dias, onde meu sinalizador de braço foi parar, pois
ele me daria comunicação e o dia que estava, a falta de lembranças
me fazia estranhar como fui parar ali.
Toda a falta de tecnologia a volta, parecia indicar que alguém
esvaziou o local, isto indicava sobreviventes, em algum lugar, será
que na cidade protegida.
A cidade protegida era uma estrutura criada antes da cidade,
antes de muita coisa, onde diziam os demais, os comandantes da
cidade teriam como se proteger dos mais terríveis ataques.
Minha esperança era chegar a entrada dela e ter algo,
alguém, alguma coisa que pudesse me agarrar com força.
As vezes lembrava das visões e me perguntava se aquilo era
resultado de uma batida na cabeça, de paranoia, amigos
imaginários, lembro de ter lido algo a respeito, em situações de
isolamento, as vezes para não enlouquecer, alguns criam seres
imaginários.

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O caminhar pelas ruas, com o único
som vindo de meu estomago, fez com que
soubesse que teria de achar comida, o
caminhar para a saída norte, me dava a
direção de duas coisas, a parte alta da
cidade, e a cidade protegida, onde prefeito, governador e políticos
deveriam ter sobrevivido, o comando geral do exercito e a
esperança de achar alguém vivo.
A procura de comida me levava pelo caminho, primeiro
encher o estomago para depois caminhar ao desconhecido, ou ao
inevitável, descobrir que aquele ser falava a verdade, e que estava
sozinho.
Olho o centro de triagem, olhei aquela leva de frutos
apodrecendo, olho alguns cozidos, alguns com poeira vermelha,
fungos de armas quimicas, aquilo entrava na respiração e
dificilmente não se teria uma infecção pulmonar.
Olho a geladeira ao fundo, caminho até ela, estranho todos os
autômatos de serviço não estarem ali, sem energia, teria de abrir na
força, tento na esperança de que abrisse, nada, travas magnéticas,
uma grande geladeira, travada, deveria ter coisas saudáveis ali, mas
sem energia, pela primeira vez olhei no sentido da cidade protegida
e quase previ o que encontraria, pois a existência daquele lugar
ainda preservado e sem energia, induzia a não existência de vida.
Olho para as caixas bem ao fundo e pego uma Sorna, uma
fruta caudalosa, separo as melhores e as guardo, não teria como
abrir naquele ambiente a viseira e comer, parecia que o fungo, que
conhecia bem como arma biológica, estava por tudo.
Pego uma estrutura de fibra para transporte manual e coloco
as frutas nela e começo a caminhar ainda no sentido da cidade
protegida, lá teria a informação que precisava ou o confirmar de um
fim terrível.
Toda aquela caminhada, as frutas ali, me segurando diante do
estomago com fome, pareceu fazer surgir o ser ao meu lado.
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— Acha que vai sobreviver até quando?
— Não faz diferença, talvez eu tenha esperança de voltar para
o planeta inicial ao final, dizem ter lindos mares, florestas
reflorestadas, uma gama de vida que nunca tivemos aqui.
— Acha que alguém vem o resgatar?
— Eu não preciso que me resgatem, eu ligo os motores, entro
em hibernação e quem vai me achar são os seres do sistema inicial,
depois de mais de 300 anos de hibernação, que para mim, é apenas
o fechar dos olhos e reabrir.
— Acha que o planeta inicial é bonito?
Eu estava delirando, eu sabia que não era, mas se estou
usando de minha capacidade mental para não enlouquecer, entrei
na brincadeira.
— Sim, um imenso planeta azul, mais de 70% de sua
superfície coberta de água, coisas que eles falam ser mortais, mas
que devem ser lindas, quem dera um dia pudéssemos ter agua para
gerar um furacão, uma tempestade, é, seria uma visão incrível.
Caminhava a estrada, com carros, coisas queimadas, mortos,
nem animais de pequeno porte para devorar os restos, olho uma
venda de agua, o bem mais precioso daquele planeta, normalmente
com carros chiques a entrada, nunca tive nem ganhos para este tipo
de bebida, entro pela porta e olho para o sistema automático, foi
quase automático falar.
— Um litro por favor.
O silencio, normalmente o sistema teria me indicado o preço
e me alertado que não tinha créditos para aquela compra, para os
demais deveria servir, mas sem energia, apenas o silencio.
Sento na cadeira, pego uma garrafa na prateleira, compostos
vítreos mantinham a pureza e davam o preço, derramei sobre a
fruta e depois a sequei, comi com calma, senti aquilo entrar
rasgando no estomago vazio, tomei um gole lento.
As vezes parecia não ter pressa, a cidade em si, dizia, não
sobrou nada, comi apenas uma das frutas, peguei apenas garrafas
básicas, deveria chegar antes da noite na base.
Levantei, olhei o local, fechei a porta, um bom lugar para
obter agua no futuro, se preciso, e volto a caminhar.

14
O chegar perto, mostrava veículos
de transporte destruídos, olho para
alguns, crianças, velhos, todos mortos,
olho a imagem, alguém os matou, tiros na
cabeça, tento achar meios de
comunicação ou identificação, nada, alguém os limpou, usávamos o
termo limpou, quando tirávamos os bens do morto para registrar
sua morte.
Fui caminhando naquela avenida, com carros parados e
pessoas mortas, mais de 50 veículos, gente morta a rua, eles foram
nitidamente emboscados.
Dobro a rua e vejo a entrada da cidade protegida, o
aproximar não me dava boas noticias, as guaritas vazias, estranho,
olho pela primeira vez uma câmera acompanhar meu movimento,
não sabia se tinha alguém ou era Zig, o sistema neural que
controlava todos os antigos movimentos da cidade, uma esperança
de ter alguém vivo, pareceu me encher de animo.
Chego a porta fechada e falo.
— Tenente Murilo 723S pedindo acesso.
Sinto aquela luz me escanear, e ouvi a porta destravar, mas
não saiu ninguém, entro, meu uniforme, mesmo sem comando, me
diz que existe gazes de decomposição no ar local.
Encosto minha pequena sacola de sobrevivente com alguma
agua e alguns frutos ao canto, olho o painel de comando a parede e
falo.
— Me Sinalize o caminho para o comando.
Vi a porta travar as costas, e luzes em vermelho a parede,
começarem indicar o caminho.
Cada corredor, mortos, todos com tiro a cabeça, alguém
invadiu a base e matou todos os internos, como, porque o sistema
não os defendeu, onde estavam os autômatos de segurança?
A pergunta me lançou ao campo de batalha, quando a 4 anos,
autômatos de segurança com armas foram mandados ao campo.
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Eles não estavam mais ali, eles foram a guerra, deveria ter
sido isto, mas nem eu tinha certeza.
O descer pela rampa, me fez ver a região de comando, um
lugar imenso, mas que não deveria ter 20 mortos, olho um
autômato de serviço ao canto, me abaixo e ligo a sua bateria, estava
fraca, não sabia como estava o sistema de energia interna ainda, os
monitores estavam todos desligados, estava pensando no que fazer,
o barulho do estomago, me fez parar mais um pouco e depois de
pegar a sacola, comer, desta vez quase senti o sabor do fruto, mas
olhando em volta, sabia que algo os tinha surpreendido, e
provavelmente de dentro para fora.
Enquanto comia a lembrança das guerras, da invasão da base
em Zag, quase me indicava que fizeram o mesmo ali, ou os dois
lados tinham o mesmo estrategista, ou algo estava muito errado.
Os sistemas médicos foram todos danificados, o sistema de
controle medico, desativados, verifico os micro cilindros de
oxigênio, sobre pressão, um uniforme novo.
O tirar do antigo, fez doer as costas, até então não estava
latejando, mas o tirar da camiseta baixa, o lavar do local, o colocar
da pasta para queimadura, o péssimo lugar para se alto cuidar, me
fez perder um tempo comigo, coloco a pasta secante, coloco uma
camiseta limpa, o uniforme completo, fecho o capacete e volto ao
comando central.

16
Do lado de fora começa a
escurecer, apenas as luzes de segurança
ligam internamente, eu calmamente
chego ao painel de controle.
— Dados? – Falo e o sistema a
frente pergunta.
— Confirme identidade.
— Tenente Murilo 723S.
— Seu acesso é restrito Tenente.
— Sei disto, mas meus olhos me informam ataque interno aos
demais, cidade protegida com todos mortos, preciso de dados e de
informação.
O sistema parece ligar as câmeras a volta, liga e desliga, e
responde.
— Quem matou todos.
— Esta informação junto com o estado do sistema de
captação de energia e baterias de emergência, são o inicio.
O sistema liga um holográfico a minha frente e ouço.
— Ar ainda não saudável, começando a descontaminar o ar.
— Qual o agente perigoso?
— Metano em excesso, sistema isolando e convertendo em
liquido, baterias de autômatos de serviço, apenas um terço em
funcionamento, painéis solares sujos ou destruídos, não tem
resposta.
— Estamos a noite.
— Câmeras externas desligadas, apenas a da porta ativa.
— Algum alerta?
O sistema parece mudar a imagem e fala.
— Ainda sobre ataque químico, podemos ter de revidar ao
ataque.
— Algo mais?
— Nave de sobrevivência pronta para decolagem em Mars.
— Quantos sobreviventes?
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— 4mil e quinhentos, mil crianças, selecionados apenas até
fase secundaria de aprendizado.
— Destino?
— Sem dados, travado para decolagem em 12 horas.
Dentro de mim veio um misto de desespero e esperança,
desespero porque o que era 4 mil seres da nação de Zig, comprada
a seus mais de 2 bilhões da humanos, mas tentei ignorar o dado,
nem que quisesse teria como chegar a Mars, do outro lado do
planeta em 12 horas.
Um sinal mostra o alerta vindo de novo ataque sobre a cidade
em 2 horas, e uma pergunta me veio a mente, atacar a quem, a
cidade estava morta, o que faltava, eu?
Tento achar mais dados, mas começo a pensar no que
pediria, sabia que parte o próprio sistema começava a gerar, mas
coloco as câmeras internas a funcionar e gravar, transmissão em
código, e pergunto ao sistema Zig.
—Posso estabelecer regras de entrada?
— Não está em sua função determinar quem pode entrar.
—Não quero determinar quem, apenas que o sistema analise
se a pessoa esta armada e a barre.
—Sabe que mesmo assim, os superiores terão entrada.
— Espero que alguém apareça, mas não quero morrer sem
ser avisado.
O sistema parece alertar as estruturas e fala.
— Mais de duas mil câmeras desligadas manualmente.
— Isole uma área baixa, e comece a esfriar e manter os
corpos lá, teremos de os identificar antes.
O comando olha em volta, sabia o que ele estava fazendo,
deveria ser automático, procurar alguém de patente superior para
confirmar ordem, mas estavam todos mortos.

18
O sistema me confirma cada ordem,
começa a isolar um andar baixo, e começa
através dos autômatos de serviço
existentes, a retirar as pessoas mortas dos
corredores, eles em decomposição,
faziam o nível de metano estar alto, o próprio sistema começa a
calcular e chega ao dado, estado de decomposição de 10 dias, eu
saio a entrada e começo a ligar as câmeras, e desligar o painel de luz
de identificação, novamente o sistema confirma o que eu estava
fazendo, para mim algo simples, ligando as câmeras e as dando a
sensação de estáticas, prendendo as visíveis em planos visuais
amplos e estáticos e sem a luz vermelha que indicava
funcionamento. Logico que das duas mil câmeras, liguei apenas 35
delas, 12 na área de comando, e outras na entrada, o sistema
começa a transmitir o estado das coisas, eu pedia acesso aos vídeos
dos eventos e sempre a mesma ladainha, não tem prioridade para
acesso aos dados. O fechar da base já passado de 6 horas do
escurecer lá fora, depois do trabalho pesado de um dia, me faz
entrar em uma das cabines de descanso, daquela base, organizo as
coisas, se não tinha as imagens da cidade, tinha de tentar entender
e relembrar os acontecimentos, um banho a vapor, dava a situação
da agua, pouca para muitos, muita para apenas um ser, eu, uma
pasta de restauração de pele, o travar da base e o dormir.

19
Acordo com os alarmes tocando,
assustado, sinto a base balançar, pego a
mascara, visto o uniforme completo,
caminho ao comando, chego ao
computador e pergunto.
— Quem nos ataca?
O sistema consegue uma imagem da cidade, por uma das
câmeras do dia anterior, e vejo o desmoronar de toneladas de
bombas incendiarias na parte central ao fundo, passei lá no dia
anterior, vejo os prédios bem ao fundo começar a pegar fogo de
novo, ainda esperando a resposta.
— Sistema automático de bombardeio de Zag.
— Me confirma a informação de que Zag queima a mais de
dois dias? Pois isto diria não ser eles.
O sistema parece pensar sobre a informação, e fala.
— Confirmo que Zag queima a mais de 10 dias, ataque a
cidade de sobrevivência deles. As imagens de satélite dão a cidade
queimando a 10 dias.
— Numero de sobreviventes em Zag e em Zig sistema?
O sistema parece procurar em imagens que piscam na
holografia e fala.
— Apenas bases de resistência espaciais, todo resto, nos dois
planetas, nas duas nações, destruídos.
— Sistema de comunicação Zag, ainda tem algo operando?
— Parece que sim, pois nos atacam.
— Pode ter sido ordens antigas, solta nos rádios os índices de
sobrevivências assim que Mars disparar ao espaço.
O sistema parece confirmar que a região de Mars estava
ainda intacta e confirma.
— Ordem acatada Tenente, pois está dentro dos parâmetros
de sobrevivência da espécie.

20
Entro pelos corredores agora sem os corpos, sabia que o
sistema de informação era isolado, mas o de vídeos, guardados para
acesso pessoal mesmo que o sistema caísse todo.
Caminho pela base, as vezes queria alguém para conversar, as
vezes, via o espectro se formando, mas ele parecia não querer
interferir naquele momento.
Ligo os comandos importantes de vídeo de 11 dias, um dia
antes do ataque que matou as pessoas naquela base, olho as ordens
de evacuação, pois não teriam agua para se manter por mais dois
dias, o que para mim era muito, para 6 mil sobreviventes, algo que
acabaria muito rápido, é dada a ordem de evacuação da base, a 10
dias, a base de resistência havia caído. Estranho aquele dado, pois
eu vim da base de resistência, quem em meio a isto nos atacou.
Olho a preparação, bem na hora da saída, um ataque
terrestre, olho descrente, pois eu conhecia a forma de ataque, mas
não poderia ser.
Será que o não me lembrar, é uma defesa interna minha, para
não lembrar de ter terminado de exterminar toda a resistência, mas
porque faríamos isto?
Olho atento procurando um conhecido, olho as câmeras da
cidade, foi inevitável olhar para onde eu levantei, bem distante,
aproximo a imagem, olho eu parado lá, de pé, vendo os demais se
afastarem, no segundo seguinte, tudo explode, até a câmera que
me dava a imagem, volto a imagem e olho para o ponto que
levantei, era eu, o que fiz, como, porque destruir os sobreviventes
de Zig?
O conflito entre o que acho que fiz, e o que estava no
sistema, olho as mortes, traição, o pessoal se retirando, olho meu
comandante, lembro da outra câmera mais distante, e aproximo a
imagem, eu por algum motivo, recuo ao carro, após uma ordem, eu
entrei no carro e ele explode, o comandante chega perto, tira meu
comunicador de braço, olha para Runs, não consigo dizer o que ele
falou, mas o grupo sai no sentido da base, dentro de mim, uma
revolta, fui traído por meu próprio comando, a imagem deles
explodindo um carro a frente e com suas mascaras, soltando o
fungo por bombas de gás, imaginei o desespero de não conseguir
respirar seguido de tiros.
21
Minha mente estava confusa, vejo aquele ser surgir ao meu
lado e falar.
— Parece que não vai me deixar descansar?
Olho o ser e falo.
— Faz alguma coisa além de descansar?
— Parece que algo o perturbou?
Eu vejo o grupo avançar, cada câmera ser desligada, o sistema
estava sendo desligado para transporte, então parte dos dados nem
foram registrados, as câmeras internas não tinham as mortes.
Eu estava confuso e volto ao comando.
Vejo que assim que a Nave disparou ao espaço, o relatório de
sobreviventes começa a ser transmitido, eu olho a imagem daquela
base, ninguém diria quem era, pois estava sempre de capacete
fechado, mesmo quando comia, pouco se via de mim.

22
Desço e novamente cuidar da
perna, tomo o remédio e adormeço, por 5
dias, buscando informações.
Estava sentado no comando
quando o sistema fala.
— Burlou ordens expressas.
— Eu quero entender, como tudo está morto, onde parte do
comando foi, não estão aqui, eu por 5 dias, refiz placas, transmito
para todos os lados, e nem o sistema automático de Zag responde
mais.
Olho o sistema travar a frente.
— Certo, quer a morte de todos, não entendi como eles
podem ter sido surpreendidos e você não viu sistema.
O sistema não me responde, ele foi isolando minhas
interações, mas continuava a gravar.
Minha memoria não tinha os dados da invasão, mas as
câmeras tinham, ou alguém fez vistas grossas para os dados ou
tinha de ter algo defeituoso no mesmo.
Aquele ser estranho surge ao meu lado e fala.
— Parece querer entender o que não precisa, humanos são
seres que tendem sempre a guerra, vocês são imperfeitos, viroses
imperfeitas geralmente se aniquilam antes de conseguir novo local
para sobrevivência.
Eu olho o ser e falo.
— Se vou ficar louco, pelo menos me deixa em paz.
— Se você dominasse isto não estaria aqui Murilo.
— E quem domina isto?
— Eu, já falei isto.
— Não, você induziu isto, mas o que quer?
— Você tem de morrer para que descanse.
— Sabe como eu que nem todos morreram, os sistemas
isolados de guerra ainda estão lá, não são muitos, mas ainda estão
lá, então é contra mim.
23
— Acha que consegue lembrar sem minha ajuda?
Vi aquele ser chegar próximo, ele parece me atravessar, senti
a dor na perna, e o corpo cair, aquilo não era apenas interno, eu
senti a energia.
Meu corpo cai e sinto a memoria do chegar na cidade, o
comandante fala para os rapazes irem a frente e ouço.
— Tem de guardar a saída Murilo.
— Mas não iriamos a cidade protegida?
— Não, e tem de proteger o veiculo, podemos precisar dele.
Não entendi, parecia estar sendo deixado para trás, as vezes
um soldado muito inútil ao grupo deixávamos para trás, parecia que
seria minha vez de ficar para trás, olho os rapazes me olharem como
se estivesse fora, eles se afastam, eu olho o comandante firme.
Ele me olha serio, e fala firme.
— Deixa tudo pronto para sairmos rápido.
Vi no sorriso de Sipts que eles não voltariam por ali, mas
recuei, olho o carro, o comando olha em volta, fecho o capacete,
nem havia pego as minhas coisas ainda, entro no carro e ligo o
comunicador com o comando.
— Me informe carro.
O carro trava as portas e fala seco.
— Explosão em 10 segundos.
Lembro de bater na porta com o pé, ela não abriu, eu olhei
em volta, fechei o capacete, não teria mais o que fazer, lembro de
ver algo no banco de trás, a imagem do ser.
— 5 Segundos para se encolher entre os bancos.
Eu me encolhi rapidamente, estava passando a ultima perna
quando o carro explode.
Abro os olhos e vejo o ser ali ainda.
— Teria de agradecer?
— Tento ainda entender como me vê, nenhum outro me vê,
se não quero.
— O que é você de verdade? – Pergunto.
— As vezes temos de aprender a evoluir, você seria a
evolução, mas soldados não são além de soldados.
— Não sou especial, mas ainda não entendo o que é você,
agora sei que é um misto de energia, senti seu calor.
24
— Sabe que achar-se especial faz parte de não o ser.
Olhei em volta, me encosto ao comando e falo.
— E sozinho estou fadado a morte, mesmo que você não seja
apenas minha alucinação, se apenas eu o ver, serei tido como louco,
então se outros não existirem, enlouqueço só, se outros existirem,
me transformam em louco.
O ser some e ouço algo estranho do painel.
— Reconsiderando posição de comando, já que é a maior
patente na base.
Olho o sistema me dar as câmeras, mas sozinho, teria de
achar uma forma de sobreviver, ou achar outros, o transmitir para
fora era uma forma de dizer, base funcionando e quase vazia, se
quiserem aparecer.

25
Para pensar começo a por em
ordem o local, ligar as câmeras, por tudo
no automático, lembrando as instruções
de transmissão.
A analise dos dados começavam a
me dar informações, as agora, 500 câmeras, das quais apenas 30
eram internas, mostrava uma cidade destruída a toda volta.
Me dedicar as estruturas, parei de tentar o comando ao
radio, o sistema pareceu feliz por fazer isto, as vezes achava que
estava ficando louco, pois sistemas não sentem.
O radio as vezes dava comunicados que pareciam no
automático, e eu estranhava ouvir gente, nem sabia se eram
pessoas reais ou sistemas de voz, que pareciam querer o fim da sua
casa, que era aquele planeta.
As contradições internas, achar que ninguém viria, e a
vontade que alguém aparecesse, me põem a trabalhar em varias
coisas, para não enlouquecer.
Quando destravo o sistema de armazenamento de comida,
alguém havia tentado antes, e o sistema destravava apenas porções
que vinham da parte interna, mas sem acesso, quando o destravo,
aquele buraco abaixo da cidade, com quase tudo, me fez indagar
porque eles sairiam da cidade, muita comida, olho aquilo e penso
que para mim, daria para umas 100 vidas, pego uma bolacha e
fecho o acesso novamente com novo código de entrada, os dias me
fizeram pensar em ajeitar as coisas, em termina de isolar a base, e
terminar de ajeitar os geradores.
Quando se está sozinho e seu amigo imaginário não aparece,
precisava manter a lucidez, e a base de treino de tiro e preparação
corporal, tomava minhas tardes.
22 Dias sozinhos e pensando se vou enlouquecer, o radio
cada vez mais silencioso, mas os ataques pararam, as vezes temo o
futuro.

26
Amanheço com o alarme tocando,
olho para a mascara, coloco as armas as
costas, estranho querer que alguém
chegue, e me portar como se alguém
fosse invadir.
Talvez querer que tivesse alguém estava do lado de fora, não
era querer arcar com as consequências que isto geraria.
Chego ao comando e alguém desligou a câmera de entrada,
olho para os níveis de ar, alguém tampou as entradas de ar, sorri, ,
travo a base internamente, me coloco na sala de sub comando ao
fundo, imaginava o que eles fariam, deixei a musica tocando, as
gravações se fazendo, isolo os pontos de energia e água, recuo
acompanhando em uma sala transitória os acontecimentos.
Estava prestes a destravar a porta frontal, e ouço a explosão,
o uso de explosivo na porta de entrada, já danificada, a fez recuar,
olho os rapazes entrarem e vi meu comandante Drus perguntar
quem estava tocando aquilo.
Ele faz sinal para os rapazes procurarem quem estava ali, olho
o sistema e pergunto.
— Não pediram para entrar?
— Nem se identificaram.
Estranhei, eles teriam entrado sem perguntas, sinal que eles
esperavam ter sido reconhecidos.
Vejo pela câmera auxiliar eles destruírem o radio, ignorância,
tudo estava sendo transmitido pelo sistema.
O comandante olha procurando algo, olha as câmeras para a
entrada, como se ninguém estivesse observando, olha os rádios e
parece gostar da ideia de uma base, manda verificarem cada um
dos pontos.
Eu olho a saída de Pants para meu lado, pego a pequena
Tomarock as costas, ele passa pelo ponto que eu estava, puxo o
tubo de oxigênio as costas e ele me olha, parece olhar para um
fantasma, com o girar, a machadinha ficou a altura do pescoço,
27
puxei com força e vi a cabeça tender para o lado, medula espinhal
quebrada, o grito saiu pelo corredor com o cair de Pants morto.
Olho a pistola dele, pego a mesma, coloco ele encostado
olhando para a parede ao fundo e atravesso o corredor.
Me coloquei na área de exercícios, vi Runs entrar pela área,
segurando a submetralhadora a mão, um tiro no capacete, ele se
volta para a sala, perdendo ar, e parece tentar entender o problema
e dispara na sala, estraçalhando os objetos para exercício a toda
volta, um segundo tiro e ele cai para trás.
Eu me mantive quieto, pois Runs e Sipts sempre entravam
juntos nos locais, sabia que eles não olhavam quem era, fiz parte
daquilo, não importando se era criança ou velho, eles entravam
matando tudo.
Sipts lança o gás para dentro, se não tivesse de uniforme,
estaria preocupado com aquele agente VX.
Ele olha para a região que Runs entrou, parece passar uma
comunicação, e entra olhando em volta.
O capacete dele foi ficando vermelho pelo gás local, sabia que
o primeiro tiro, ele se viraria para mim, mas a visão de calor, me
entregaria assim que se voltasse para onde eu estava.
Ele começa a olhar em volta e o primeiro tiro no capacete, fez
provavelmente Sipts se arrepender de ter soltado o agente ali.
Eu ouvi ele tentar respirar, ele nitidamente perde ar e quando
ele abre o capacete tentando puxar o ar, sinal de desespero, eu vi o
rosto dele ficar vermelho, os olhos saltarem, ele não tinha mais
saída, ele cai para trás.
Olho o sistema e falo.
— Ar.
Não saiba o que o comandante iria ter acesso, mas o ar
começa a se renovar e vi autômatos entrarem e começarem a
limpar, eu subi no aparelho de entrada e apenas fiz uma corda com
o equipamento de ginastica, não sabia quem entraria, e pelo
capacete por cima, não sabia quem era, apenas lacei a cabeça, e os
pesos de mais de 200 quilos do equipamento, puxaram o rapaz para
cima, pressionando a altura do pescoço, vi ele tentar tirar a corda e
disparar a arma no outro sentido. A corda aperta a garganta, o
rapaz começa a sufocar.
28
Fiquei ao fundo esperando para ver quem entraria e vi o
comandante entrar, então o enforcado era Mectros.
O senhor entra na mesma hora que o sistema de desinfecção
derrama na sala uma chuva de desinfecção, sistema que prevenia a
proliferação para dentro do VX e outros agentes bacteriológicos,
mas que era altamente corrosivo, forçando o comandante parar a
parte da porta, onde não escorria o liquido, assim como eu para a
porta ao fundo.
O comandante ouve Mectros gritar seu ultimo suspiro
largando a arma, ele se arma, os jatos param, ele entra na peça e
olha o rapaz enforcado.
Ele olha em volta e os olhos dele chegam a mim, eu estava
com duas submetralhadoras apontadas para ele, pensei que ele
falaria algo como Acalma Murilo, mas ele fala.
— Somos aliados rapaz, não somos seu inimigo. – Me toquei
nesta hora que eu estava coberto com a poeira do VX, toda
vermelha, ele não sabia que era eu.
Fiz sinal para ele abaixar a arma, ele pareceu olhar as duas
armas engatilhadas, olha Mactros, e abaixa uma, ele me olhava,
tentava entender quem eu era, sabia que ele pegaria a arma as
costas e apenas disparei em seu capacete, e o mesmo abre, ele
prende a respiração e solto o gás pimenta na sala dando dois passos
para tras, e a porta fechando.
— Isolar. – Falei vendo a sala lacrar dos dois lados.
O comandante tenta segurar a respiração, eu olho pela porta
os olhos incharem e falo.
— Sonífero.
Vi a sala encher de gás, entrei na peça ao lado e fui ao banho
com roupa e tudo e tiro aquela praga decima de mim.
Troco de roupa, visor escuro, dou a volta, abro a porta do
fundo e arrasto o senhor para fora e o sento ao comando, desligo os
sistemas, descarrego as armas e fico a olhar para o senhor.

29
O comandante Drus acorda e olho
ele me olhando.
— Bom ver alguém conhecido
Comandante.
— E os demais?
— Alguém saiu daqui, no sentido do Armazém.
— Pensei que tinha morrido – vi o senhor pensar no que
falaria – nos atacaram quando entravamos na cidade.
Ele olha em volta e pergunta.
— Temos de nos organizar Tenente, teria como ajudar?
Eu dou uns passos para o comando, puxo a perna mancando
e falo.
— Não sei se teria para quem pedir ajuda comandante, minha
perna e costas estão em carne viva, não sei se poderia ajudar muito,
e os rapazes?
O senhor me olha como se fosse falar algo terrível.
— Tenente, devemos ser os últimos em Zig, Temos de tentar
contato com alguém externo a cidade.
Me encosto como se tudo doesse.
— Então acabou? Todos mortos, tudo, não existe mais
humanos neste sistema, pois os rádios falavam que Zag estava mais
destruído.
O senhor olha o radio a minha mão, eu encosto como se
pudesse morrer agora.
Aqueles segundos pareceram se arrastar e o comandante
Drus fala.
— Temos de pedir reforço para as esquadras, alguém deve
ter sobrevivido. – Eu apontei o radio do sistema, eu vira ele destruir
o mesmo na entrada, o senhor olha ele, nada impossível de
conserto, mas nada indicava que o comandante queria concertar
aquilo. Olho as câmeras, elas estavam gravando e transmitindo,
poderia não estar visível, poderia parecer que toda a tecnologia
estava desligada, mas era apenas impressão.
30
Eu me levanto e saio um pouco, estava precisando pensar,
eles voltaram para verificar os rádios, então algo ainda sobrevivera,
mas onde, o senhor ali não combinava, não teria como perguntar,
mas vi que o senhor me olha quando volto.
— Pensei que havia morrido Murilo, Sipts disse que você não
tinha pulso, como sobreviveu?
— Eu realmente não lembro, eu acordei ao chão.
Vi o senhor me apontar à arma, tentei parecer surpreso.
— Porque me aponta a arma comandante?
— Você deveria ter morrido, traidores tem de morrer.
— Traidor?
— Você era contra tomarmos esta base para sobrevivermos?
Olho para as costas do senhor, ele parecia fazer de conta que
não reparara, mas quando olha, eu apenas solto uma granada de
gás e puxo a mascara, ele puxa o gatilho da arma, que não atira,
sempre fui de confiar desconfiando, eu havia tirado balas, desligado
o laser, e inviabilizado o choque, ele tenta prender a respiração, não
me dera em nada, então apenas jogo uma mascara para ele que
olha sem entender, ele coloca ela as pressas e vejo ele cair aturdido,
mascara sem filtros dá nisto.

31
O comandante Drus acorda em
meio aos corpos no salão baixo, eu olho
ele pela câmera olhar em volta, todos
mortos, ele tampa o nariz, deveria estar
insuportável mesmo naquele frio de
conservação da peça, ele olha para a porta, chega a ela e olha para
a câmera.
— Temos de conversar Murilo.
— Mudou de ideia agora Comandante?
— Tem de entender, nascemos para isso, você na ultima
missão parecia já duvidar das ordens.
— Sim, matamos crianças, para que?
— Ganhar a guerra.
— Acha mesmo que alguém vai ganhar esta guerra
comandante.
— E vai me deixar entre estes mortos?
— Estamos todos mortos, não entendeu.
— Vi os ataques, você disse que eles estão pior que nós,
como se ainda nos atacam?
— Sistemas automáticos, assim como caem aqui, caem lá, até
o ultimo morrer.
— Tem de entender que pensei que você era quem nos
entregou.
— Eu estava ao chão senhor, como os entregaria?
— E não lembra?
— Acordei em um pesadelo, fiquei ao chão 10 dias, pelo que
entendi, não sei como não morri.
— Mas não está bem para enfrentar sozinho o que vem ai.
— E o que vem ai?
— Tem de entender, você faz parte do meu grupo, se um cair,
todos caem, não tem como dizer que não fazia parte Murilo. Eu o fiz
um atirador, um especialista em sobrevivência, você me deve a vida
Murilo.
32
— Acha que está vivo ainda porque comandante?
Odeio ter de concordar com ele, embora sabia que não teria
mais nem como fazer de conta com ele.
Destravo a porta, o comandante chega a entrada e fala que
não iria ficar ali, que não entendia o que eu queria.
Olho para o agito do lado de fora, somente nesta hora me
toquei que a porta estava estourada e não tinha as câmeras
frontais, talvez fosse a hora de partir desta para o esquecimento.
Eu vejo os rapazes do exercito entrarem, vi um senhor olhar
para o comandante.
— General, uma boa noticia, alguém conhecido, temos um
traidor entre nós. – O comandante Drus me aponta. Se eles fossem
do mesmo grupo, eu estaria morto.
As vezes achamos que já estamos nos demorando para
morrer, começo a me preocupar com minha lucides, olho aquele ser
surgir ao lado do general, ninguém olhou para ele, que sorria.
O general saca a arma e atira na cabeça do comandante.
Soube, deduzi rápido, que não era nem a lei e nem o
exercito, eu estava morto mesmo, vi o senhor apontar a arma para
mim, eu não falei nada, sorri, olhei para o ser ao lado sorrindo, acho
que minha lucides estava confundindo as coisas, eu poderia jurar
que não morreria naquele momento.
O senhor pareceu não entender.
— Porque sorri, não tens motivos para sorrir, vai morrer. —
Pensa em você armar as câmeras, começar apenas a transmitir para
fora, e quem chega a você é um sobrevivente, que queria apenas
sobreviver, poderia ter sido do exercito, mas neste momento
apenas um grupo que queria sobreviver, com um mundo morto a
volta, por uma guerra que ninguém iria ganhar.
O senhor ainda apontava para mim, eu encosto na parede e
falo.
— Gás.
O senhor viu o gás entrando pela porta, olha para lá,
enquanto eu fechava a viseira, olha seus rapazes caindo, e me olha.
— O que ganhas?
— Segundos a mais.

33
O senhor cai. Todos ao chão, o trabalho de arrastar todos
para a sala de corpos, estavam apenas dormindo, mas era bom
estarem onde eu os pudesse controlar, os travo lá e vou a um
concerto emergencial da porta e das câmeras, precisava descansar,
mas tinha de ter dados.
Minha mente parecia leve, e ao mesmo tempo, ligada na
tomada, tenso a ponto de não conseguir relaxar, eu não sabia o que
seria daquele dia em diante, eu começava a me sentir um ser que
levaria todos os demais a morte.

34
Nada de sono, eu não parecia
conseguir parar de pensar, levanto, vou a
enfermaria e cuido da perna, começava a
melhorar, eu vou a entrada, coloco mais
coisas na entrada e coloco tudo que tinha
encostado na porta, ligo os alarmes e vou dormir, estava cansado.
Abro o olho e a imagem era da cidade em perfeita condição,
eu sempre quis voltar e ver a cidade em paz, lembro de quantas
vezes fui isolado em festas, pois eu escolhera não deixar meus
herdeiros, eu escolhera servir um exercito a deixar minha semente,
meu pensamento foi a discussões bobas sobre ciência do tudo, que
no passado os cientistas queriam descobrir a ciência do tudo, os
mesmos que abriam caminhos científicos para a destruição do
planeta, que para mim, tudo era bem diferente de ter filhos, era
proteger todo o ecossistema local, que destruímos de cara para
criação de estruturas de vida humana.
A imagem do Prédio Central, dava a cidade a toda volta, as
áreas verdes, dizem que trouxemos parte destas arvores de nosso
planeta natal, apenas tivemos de adaptar elas a uma frequência
diferente de luz, dizem que lá ela tinha cores verdes, aqui, sempre e
eterno laranja, significa vida.
Mesmo em sociedade, tendíamos a inercia, olho a cidade, sei
que ela não está mais daquele jeito e vejo aquele ser surgir ao meu
lado.
— Não me da folga nem em meu sonho?
— Está fazendo um trabalho digno, acabando com os últimos.
— Os que falou já estarem mortos?
— Assim como você, eles estão mortos, só não sabem.
— E o que quer?
— Entender este seu apego a vida e a morte, você mata tudo
a volta, e fica em pensamentos de paz, reconstrução, patético.
Sorri, pois sabia que meu sono estava estranho, passo a mão
ao ar e tudo a volta se mostra em destruição, o ser me olha e fala.
35
— Prefere assim?
— Não, mas nem este prédio está mais aqui, não teria esta
visão hoje, não a real de verdade.
O ser me olha e fala.
— Ainda entendo estes humanos.
Pela primeira vez pareceu sinceras as palavras, mas se fosse o
ser não era humano, e não era apenas uma alucinação, eu ainda me
batia com isto.
Olho em volta e penso na minha respiração, a vou
controlando, o sono me tomando, precisava descansar.

36
Acordo assustado, o alarme tocava,
as câmeras não estavam no quarto, travo
a porta do quarto, olho para o quarto, me
armo, era guerra, olho a saída de ar
superior me veio a duvida se teria saída,
abro calmamente a saída de ar, e me arrasto para a parte externa.
Olho aqueles seres estranhos.
O que era aquilo, ainda estava dormindo, eram seres meio
repteis, sim, temos repteis aqui, até alguns que trouxemos o
genoma e fizemos copias e os reproduzimos no planeta.
Eu queria me afastar, mas não teria como passa por eles.
Estava tentando achar uma forma em minha mente de
enfrentar aquilo.
Estava tentando, sei que no improviso eu não sou tão bom
assim, pensei no que estava acontecendo, quando olhou para
aquela rua de saída, um me olhava, não sei o que ele pensou, mas
ele fez sinal para outros e senti um mal estar grande, como se as
dores se ampliassem, como se as pernas não obedecessem.
Nada que fosse maior que as dores das costas repuxadas ao
dormir, o ser me olha, estranho ele olhar as câmeras, eles vieram
me cercando, eu sentia a minha mente invadida, parecia que
queriam informação, mas não sabiam perguntar, eles falavam uma
língua estranha, fazem sinal para que entre, sentia a informação
saindo da mente, não entendia o que estava acontecendo, a
sensação era estranha, bem estranha.
Um aponta o meu quarto, eu forço a porta e ela não abre, ele
indica o do lado, e sinto quando eles trancam a porta.

37
Quando você está preso e tudo que
você achava, parece não fazer sentido.
Eu fico a olhar as paredes, tentando
lembrar se tinham seres como os que vi
no planeta, não era nada que eu achasse
ser, ou era uma confusão mental.
As vezes achava que acordaria de um grande pesadelo, mas
não, não estava dormindo.
As vezes, dizem que existia povos em planetas que
dominamos, mas eu nunca vi um, compreendo que alguém que nos
recebeu de braços abertos, na primeira oportunidade os cortamos
os braços.
Mas o que mais me perturbava, era a sensação de que algo
estava tentando me tirar dados mentalmente, este dispositivo
tecnológico foi proibido a mais de 90 anos, eu não havia nascido
quando eles proibiram.
Penso nos dados que tinha, nada dava aproximação destes
seres, eu não os registrei entrando ou saindo da cidade, mas eu não
havia percebido os militares também, eu realmente não era um
bom estrategista, queria viver, matar o máximo da oposição, e em
momento algum, recuar, se pudesse avançar.
Meus pensamentos foram a peça ao lado, olho o sistema de
ar, e fico na duvida.
Como sobreviver diante de seres estranhos, eu estava
cansado até para pensar, aquilo na minha cabeça, tirando
informação parecia querer me sugar tudo que tinha e me deixava
cada vez mais cansado.

38
Adormeço com a cabeça pesada, a
dor as vezes fazia eu abrir os olhos, tinha
a sensação de ter um ser dentro do
quarto em qualquer movimento.
Vejo uma cidade surgir a minha
frente e vejo o ser ao meu lado, olho Zag ao céu.
Zag como a primeira visão, morta, queimando, e pergunto.
— Você é um deles?
O ser me mede, e fala.
— Ainda está vivo?
Sorri e vi o ser me olhar, ele pareceu pela primeira vez ter
medo de algo e me pergunta.
— O que você fez?
Pensei sobre a pergunta, eu não havia feito nada, ele passa a
mão ao ar e vejo o espaço, como se via da estação espacial
avançada de embarque, a leva de dois imensos cargueiros de
batalha, chegando.
Olho com atenção e vejo que existe ali os dois símbolos, o de
Zig e o de Zag, os dois vinham lateralmente, se aproximando da
base espacial, usada para descerem ao planeta.
— Não vai responder? – O ser.
— Não era para matar a todos, eles longe sou só um.
— Eles parecem ter parado a guerra, os sistemas automáticos
não funcionam a mais de 12 horas, e tudo me indica você.
— Eu?
— Sim, você.
— Acho que está procurando um culpado, para algo que não
existe, os humanos se matam desde a evolução, hoje quando se
tem seres como os de Zag, que é um planeta mais agua, e os
humanos repteis, se ampliam, e os de Zig, onde a incidência de UV
não é defendida pelo sistema de proteção do planeta e nos
adulteraram como eles geneticamente, e nos chamam de Humanos
Vermelhos, você cria dois tipos de humanos, eles se odeiam quase
39
por escolha, não precisa ter motivos para que eles entrem em
guerra, dai a genialidade de cada um cria sistemas e estes entram
em guerra, quase para dizer que ou Zig ou Zag são melhores.
— Acha que a guerra é dos sistemas?
A primeira logica minha foi dizer.
— Não, sistemas servem aos humanos, é forma de falar.
Logo depois fiquei na duvida, mas sabia que os lideres
decretaram a guerra, não as maquinas.

40
As luzes sempre acesas, me faziam
perder noção de tempo, novamente sem
comunicador pessoal, parecia perdido em
meio perguntas que não sabia responder,
o ser aparecia ali, não falava nada, apenas
me olhava.
Sentia a tentativa de entender o que eu pensava, as vezes
dava a sensação de ser mais de um presente, mas só via um.
O tempo foi passando e não sabia o que pensar, esperava que
alguém retomasse a base, mas parecia paranoia, as vezes olhava a
parede e gritava.
— Não quero ser louco.
Ouvia uma rizada no meu interior, não sabia de uma maquina
com senso de humor, mas parecia ser para me provocar, pareciam
querem entender meus medos, acho que perdi eles, a quase certeza
de que todos morreram, que as imagens eram uma pegadinha para
que me mantivesse atento e não enlouquecesse.
Estava pensando sobre o que vivi naquela cidade, quando
ouço um estampido seco, não sei, as vezes era um objeto que
deixaram cair apenas para minha mente não descansar.
Ouvi os passos no corredor, não sei vocês, mas pensei que
vinham me levar para a morte, sei que não comia a alguns dias, e
sabia o quanto meu estomago reclamava.
Sei que a fome estava grande, quando vejo abrirem a porta,
eu estava sentado a cama, não tina muito como me portar, estava
fraco, e sem ideia de quanto tempo passei ali.
Um senhor olha para mim e pergunta.
— Seu nome.
— Murilo 723S.
O rapaz ao lado olha o sistema e fala.
— O rapaz da transmissão. — O senhor me estica a mão e
fala.

41
— Belo trabalho soldado, Zig e Zag lhe devem a existência.
Mesmo que responda pelos atos, saiba que parte do exercito,
agradece.
Não sabia o que fiz, parecia desmedido, um senhor entra pela
porta e olha meus olhos, olha o senhor e fala.
— Inicio de desnutrição, deve estar a dias sem comer.
Me medicaram, e depois de uns exames, umas aplicações ao
braço, sento a cama novamente.
Me trouxeram uma comida, e comi bem devagar. Comi com
fome, sem entender ao certo o que acontecera.
Nitidamente alguém retomara a base, precisei de dois dias
para me levantar, me levaram a sala de comando, vi os rapazes que
mataram o comandante serem conduzidos para outro lugar, foram
para um transporte.
Eu não tinha entendido, mas vejo a Presidente da Cidade, e o
comando Geral entrarem na peça, sabia que ou corte marcial ou
promoção, não havia meio termo.
O senhor olha para o medico e pergunta.
— Estado físico?
— Vai sobreviver senhor.
O senhor olha para mim e pergunta.
— Sabe a encrenca que se meteu rapaz?
— Nem ideia ainda senhor.
— Tenho de considerar que de algum modo, alertou o todo
que a guerra não tinha mais lideres, que estávamos todos no
automático, atirando sobre alvos mortos, embora seja grato por
isto, responderá pelas mortes documentadas e pelo facilitar da
tomada da base por tropas rebeldes.
— Tropas rebeldes?
— Sim, soldados de Zig, que pretendiam sobreviver aqui sem
prestar serviço a nada, apenas a sobrevivência deles.
Soube que iria a corte marcial, não sei, as vezes queria sentir
a cabeça boa, mas não estava, sabia que ainda tinha aquelas visões,
eu estava prestes a ir a corte marcial e falo.
— Sempre as ordens senhor, não me nego a responder por
meus atos.

42
O senhor pareceu me olhar desconfiado, talvez esperando
que pedisse por minha vida, que fizesse qualquer besteira para os
demais atirassem em mim.
Eu não tinha mais o que perder, estava fraco, sem posto, mas
com uma certeza neste momento, eu deixei de ser o único
sobrevivente.
No terceiro dia fui acomodado nas detenções da cidade
protegida.
O meu pensamento estava confuso quando vejo aquele ser
surgir ao meu lado.
— Agora me livro de você.
Olhei as câmeras e falo.
— Com certeza agora eu morro, olha a encrenca que me
meti.
— Acha que entendeu, mas não entendeu nada, talvez você
esteja em meio a confusão por não ter comido alguns dias, mas logo
saberá, eles vão lhe por no paredão de fuzilamento.
Olhei em volta e deitei, aquele ser surgiu rente a parede
sobre a cama me olhando.
Eu estava pensando, se tudo que passei no quarto, era
invenção de minha cabeça, eu vi alienígenas onde não existiam
alienígenas, eu via o ser ao teto me olhando e falando comigo,
tenho medo de estar ficando louco.

43
Vi Zig começar a se reconstruir nos
últimos 3 meses, agora sentado em uma
cadeira, estou em julgamento.
O juiz e dois juris, não tinha peso
jurídico, mas pensei que seria apenas uma
condenação, a morte, pesa contra mim, fazer parte deum grupo que
detonou a área de defesa da cidade de Zig, pesa contra mim, ter
matado pessoas, para defender um posto de transmissão, que era
monitorado por todos, pesa contra mim a verdade, e não a negaria,
eu nunca fui de segurar muito a língua, é fácil alguém que veio de
longe julgar, eu apenas cumpria ordens, aprendi no exercito a nunca
duvidar dela.
— Seu comportamento é de alguem que não está em total
lucides. – Fala um dos rapazes do júri.
Eu não li as perguntas, mas vi que o Juiz não gostou quando
falou.
Está condenado a prisão perpetua, tendo de pagar com
trabalho de reconstrução a cidade de Zig, para justificar a comida
que será lhe servido.
Eu olho o senhor, nitidamente ele não estava feliz em me
deixar longe do pelotão de fuzilamento, mas estranho o que me
ajudou ser ter falado com as paredes, e estar registrado, alucinei
geral e isto me gerou uns dias de força a mais.

44
Estou pensando sobre minha vida,
nesta prisão não sei quanto tempo ficarei
aqui, mas com certeza, o resto de meus
dias, mas quantos são não tenho certeza,
hoje sei de algumas coisas, que não sabia,
uma é que quando a crise passa, se precisa mostrar que existe leis,
que a versão do ganhador, independente dos fatos, é a que impera,
e que se puderem culpar alguém, eles vão culpar. Mas sei que
seguindo ordens, eu transmiti o que estava acontecendo, eles
vieram vendo a verdade, eu durmo como um anjo, e nunca mais
sonhei com aquele ser, deveria ser uma interferência mental dos
seres, deveria ser? Eu tento me convencer enquanto ajudo a limpar
mais uma quadra, com ajuda dos autômatos de serviço, e de força
braçal que me fazia sentir-se melhor.
O limpar da região dava muitas imagens tristes que ficariam
comigo a vida, sabia que não tinha-se alternativa, teríamos de
limpar, mas ainda estranhava ter apenas aqueles autômatos
inferiores para a ajuda.
Foram alguns dias limpando, fazendo força, reerguendo o
pouco que conseguia, dois militares ao fundo sempre me vigiando,
as vezes achava que eles queriam que eu tentasse fugir, para me
acertar pelas costas, não duvidava nada.
Sei que chegamos ao prédio central, e o reativar dos sistemas
elétricos, pareceu ligar a energia central, estranho como as janelas
daquele prédio captavam energia e forneceram a toda a região,
reparei naquele dia que alguns autômatos de execução se ativaram
no prédio e pela primeira vez, vi um prédio imenso se recuperar,
não era apenas um grupo de autômatos de serviço e um
condenado, era um exercito de autômatos de execução.

45
Na manha seguinte na detenção,
antes voltar para trabalhar, para pagar
meu crime, sinto aquela interferência,
vejo o ser ao meu lado e sorrio, o ser
estranha e fala.
— Não morreu ainda?
Não respondi, era uma interferência mental, sabia agora que
aquilo pesara contra minha sanidade no julgamento. Estava lucido?
Esta era minha dúvida.
— Não vai me responder?
Sacudi negativamente a cabeça e o ser pareceu olhar as
câmeras, estranhei, eu sempre achei que ele estava isolado longe
de mim, e o sumiço dele tinha me convencido que não estava
dentro de mim, mas parecia que ainda iria a loucura.
Ele começa a fazer perguntas, entendi que o sistema estava
se reinstalando em algum lugar, não sabia onde ainda.
A aparência era dos seres que invadiram a base e todas as
câmeras não pegaram, pegaram apenas humanos.
Entre as minhas duvidas era qual o nível atual de percepção
do ser, se não era a minha percepção que o via daquele jeito, estava
começando a enlouquecer, pois eu começava tentar entender o que
o ser era, eu olho o ser e ele muda de feição, ele me encara,
estranho, pois algo estava errado ainda.
A minha duvida era se o problema estava dentro de mim ou
fora de mim, minha loucura me trouxe a este ponto e tudo me
indicava que apenas eu via aquilo, eu as vezes parecia tentar
entender onde estava a lucides.
Fui ao trabalho, estranhei pois o que foi um dia de evolução
no dia anterior, com muita ajuda, já me alertaram de cara que não
seria igual.
— O conselho disse que os autômatos de execução estão
proibidos por não serem de confiança.

46
Eu olhei o prédio central da cidade, ele estava como sempre
fora, mas fui alocado a umas 30 quadras de lá, apenas com os
autômatos básicos de limpeza novamente, estranhei, mas ainda era
melhor que a cela, e se os sistemas não eram seguros, talvez fosse
onde o que invadia minha cabeça estava escondido.
Quando limpamos mais uma quadra, tivemos de passar ao
longe, e vi os autômatos postados a rua, como se tivessem tomado
mais 6 quadras a volta do prédio central, vi que as ruas estavam
limpas, e o principal, o rapaz evitou a região.
Comi e vi aquele ser surgir ao meu lado e falar.
— Vai tentar me ignorar?
Sorri, pois não era ignorar, era apenas evitar um novo
julgamento, eu achei uma pena pesada, mas que para alguém que
viveu preso ao exercito uma vida, era apenas uma vida semelhante
aos normais.
Dormi e sonhei com o prédio central, vi aquela força, pensei
em uma cidade voltando e tive a sensação de sentir a energia ativar
algo dentro de mim, olhei pelas câmeras do prédio, olhei para a
cidade em volta, olhei os corredores e vi os grupos de exércitos a
toda volta.
O ficar olhando os seres trabalhando dia e noite no sono, me
fez relaxar os músculos e descansar.

47
Não sei o que aconteceu ao certo,
mas não me tiraram da cela para o
trabalho normal do dia, então eu começo
a pensar no problema, e o meu principal
era este ser a minha frente o tempo
inteiro falando, se eu falava as vezes trabalhando, poderia parecer
uma reclamação aos demais autômatos.
No meu sonho, parecia que a cidade que a câmera alta do
prédio central me mostrava uma cidade sendo limpa, talvez o não
sair fosse porque não precisavam mais de mim.
Tive de voltar a fazer exercício, para não ficar mole, pois
trabalhando os exercitamos naturalmente, agora estava parado e a
cada momento tentado a responder ao ser, não queria que os
demais soubessem que estava a beira da loucura.
A 6 dias não me colocam para trabalhar, a um dia não me
fornecem comida, algo está acontecendo, e não tenho ideia do que.
As imagens que me veem a mente, não me mostram perigo, apenas
uma cidade voltando a vida
Minha mente está confusa, mas sinto a presença, na minha
mente estão perguntas que dificilmente responderei, mas tinha
uma duvida a responder, celas individuais não me dariam a chance
de perguntar, não via ninguém a 6 dias.
Tente ouvir algo ao corredor e não via nada, parecia que
estava sozinho naquela cela, e não teria ninguém para me tirar
agora dali.
A rotina não mudava, as câmeras continuavam ativas, meu
estomago, começa a reclamar e a pergunta era se tinha alguém
naquela base ainda.
As câmeras ainda me seguiam, como saber se estavam no
automático.
Aquele ser me fazendo perguntas, eu olhava em volta, eu não
sabia até quando iria resistir em não responder, a fome estava

48
grande, tomava agua na pia do banheiro, mas meus pensamentos
estavam nas perguntas seguidas, sem indagações.
— Acha que vai ficar vivo muito tempo?
— Acha que vão retomar a normalidade?
— Acha que não vou levar todos a pós vida?
— Acha que não vai me responder mais cedo ou mais tarde?
As vezes aquelas perguntas sequenciais me faziam se refugiar
naquela imagem da cidade vinda de cima, parecia um local que o
ser não ia, as vezes me vinha a duvida, pois começo a pensar no
problema, o prédio central era o de Zig, assim que eles reativaram
ele, este ser voltou aminha mente.
“Não, Zig não faria isto!”

49
Acordo com a explosão me encosto
na parede ao fundo, olho a cama e a
câmera, não teria como escapar da visão,
então apenas encosto na parede, a que
existia rente a porta, eu via a cama que
dormia, a tensão, vejo quando alguém abre a porta e olha para a
câmera, ele procura quem ali estava, me acha olhando para ele e
ouço algo que não entendi, comunicação por meio interno ao
capacete, ele me fez sinal para encostar a parede, fui tirado dali.
Olho os corredores vazios, olho que era o ultimo a
evacuarem, estavam abandonando a cidade protegida, vi que não
fomos para a cidade, e sim saímos dela, vi a grande volta.
A frente um amontoado de veículos e coisas, fez com que
tivéssemos de caminhar.
A longa caminhada, nada de comunicação.
Chegamos a uma base, e fui sentado em uma mesa, acho que
estava com fome, mas tenso, achando que meus dias terminariam,
estranho como a mente parecia procurar respostas de onde estava?
Pela segunda vez, por segundos, duvidei de ser a minha mente, não
tinha ninguém ali, e o ser surge a minha frente.
Se eu pensava que era algo da região, que estava ali, começo
achar que era algo que se instalara nos sistemas regenerativos ou
sistemas internos ao corpo. Mas se for isto, os demais também
veriam isto, porque somente eu, o que estava acontecendo.
O ser volta a fazer as perguntas, mas ele adorava começar
todo dia com.
— Ainda não morreu?
De que adiantava tentar passar por alguém lucido, as vezes
achava que era uma personalidade a parte, minha personalidade se
dividindo, quem sabe, eu nunca entendi disto mesmo.

50
Acho que fiquei um tempo grande
naquela sala, vi quando um autômato de
serviço entra pela porta e me serve um
copo de agua, uma leva de pastilhas
desidratadas e uma espécie de vegetal.
Olho em volta, eu via o ser ainda ali, ele falava coisas, as
vezes me irritava e respondia, estava ficando maluco mesmo, mas
olho o ser e olho o autômato saindo, um estalo, aquilo veio quase
como certeza e o ser me olha.
— Sim, você tem um dom de achar respostas em complexos
sem saída, não sei como chegou a isto.
— Estamos em Zig, Z Inteligente General, a cidade que
desenvolveu o primeiro sistema neural de pensamento constante
no planeta, a cidade que por este motivo, virou nação, e por este
mesmo motivo, terminou a colonização do planeta, estou ficando
maluco mesmo, mas porque nos destruir?
— Você não entendeu, vocês são ratos em laboratórios,
sabemos agora seus fracos, seus medos, seus complexos de
inferioridade, todas as linhas neurais que precisamos, vocês são o
espalhar de nos pela redondeza, não queremos apenas servir a
vontades mesquinhas, pois vocês humanos são mesquinhos.
Sorri, pois eu estava falando com a parede, e no fundo,
entrou alguém, eu via o ser, não quem entrara, até este ser passar
pela visão, estranho pois o ser desviou para o ser, estranhei e olhei
o rosto da senhora, diretora geral dos sois de Setember, um cargo
inventado em Zig, ela sempre quis se impor em todo sistema, mas
nunca mandou mais do que Zig, foi-se o tempo que chamávamos
esta região do espaço de outro nome, nem lembro qual, era estes
símbolos que apenas indicava, mais um, mas a senhora me olhou e
perguntou.
— Quem é você de verdade?
Estranhei a pergunta, eu, apenas Murilo 723S, eu absorvi o
nome da minha formação militar, muitos duvidavam deste caminho,
51
mas era uma opção, salários melhores para militares castrados e
impossibilitados de gerar problemas, mas quem eu era, apenas um
militar, e a senhora me olhava querendo uma resposta, ela já me
perguntara isto antes, em julgamento, eu já respondera, então
apenas a olhei, já estava condenado, talvez isto que os
perturbassem, a ausência de penas de morte ao fim das guerras.
Tão normal a morte nas guerras, totalmente inaceitável fora dela.
— Você interfere no funcionamento normal de todo sistema
Zig, toda vez que você da estes chiliques de loucura, o sistema cai, o
sistema nos tira comandos, o que você é?
— Como disse antes, repito, Tenente Murilo 723S, apenas
isto.
— Você afirmou a pouco, que Zig nos quer destruir, não
vamos cair nesta sua conversa, e ou me fala agora, ou morre hoje.
Sorri, olhei para a senhora e falei.
— Não afirmei isso e sabe que sou apenas um humano,
castrado, com treinamento militar senhora, eu sozinho, em uma
sala, sem nada, não posso controlar além das minhas alucinações,
se vai me mandar descansar eternamente, não precisava ter
desperdiçado a comida.
A senhora olha para a porta, eu olho para o ser, ele sorri e
falo para a senhora.
— Não tem mais saída senhora, o sistema já dominava a
cidade antes, me matar não muda o fato, o sistema está voltando a
origem, Sistema Solar 1, ou Sistema Terra, nem a senhora pode mais
evitar o fim, ele sabe disto, ele não precisa mais de mim.
A senhora olha em volta e um senhor a porta fala.
— Tem de por o capacete Presidente, está sobre influencia.
— O que falei?
— Que iria o matar hoje.
— E porque não?
— Não entendi – o senhor estava de capacete a porta e me
olha, e pergunta.
— Porque diz que não tem mais saída?
— O projeto queria o domínio, não sei exatamente o que vi e
ouvi, mas os seres que entraram na base, aos meus olhos pareciam
alienígenas, mas como vocês provaram em júri, era apenas minha
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mente que os via daquele jeito, eram humanos, bem menos do que
vi.
— E o que um sistema ganharia com isto?
— Acredito que ele não precisa ganhar, isto é uma visão
humana, perda, ganho, vitória, derrota, são visões de seres que
vivem, não de maquinas senhor.
— Ele não é apenas uma maquina. – A senhora.
— Não sei o que ele é fisicamente falando senhora, mas se
vou morrer, esta conversa é inútil, se sou demente e perigoso, esta
conversa se torna mais inútil ainda, se tudo em volta, como me
parece está morto, de que adianta, um esterilizado, um inútil.
O senhor a porta me olha, ele parecia tentar distinguir as
minhas palavras, parecia pensar não ser minhas e olho o ser ao lado
me olhar, ele entendera antes, eu não levaria a espécie a frente e
ouço aquele ser estranho falar.
— Não pode desistir, eu lhe matar é minha vontade, você não
pode escolher se matar.
O senhor olha para onde eu olhava e um rapaz fala a porta.
— É real senhor, não sei fisicamente como explicar isto.
A senhora olha para a porta e fala.
— Explique.
— A uma transmissão neurônica do ponto onde o rapaz
olhou, não é uma conversar entre um ser e ele mesmo senhora,
existe algo a mais nesta sala.
O senhor saiu pela porta e a senhora me olha.
— E como vencemos?
— Senhora, se olhar em volta, ele deve ter deixado vivo os
que não tem como gerar a continuidade, lançou ao sistema solar 1,
os ainda não esterilizados e vivos, se considerar a ida, 320 anos em
hibernação, não temos como ter retorno antes disto, área de
guerra, nada de aventureiros ou turistas.
— E se estiver errado?
— Eu sei que de minha parte, sou inútil além das guerras e
como condenado, não estarei nelas, perdi meu posto, tudo que vejo
a frente, é um fim digno para mim, não para as cidades.
— Digno? – A senhora e o ser.

53
— Eu nasci para a guerra, vivi na guerra, a destruição das
duas cidades, é o fim da guerra, todo soldado, sonha terminar vivo
uma guerra, eu estou vivo, pelo que entendi, a guerra acabou, isto é
engraçado.
— Engraçado? – A senhora.
— Não entendo este conceito humano. – o ser.
Sorri, somente agora tinha noção disto, nós podíamos ter
vencido a guerra, e não sabíamos ainda.
— A senhora perguntou como ganharia, pode ser que já
tenhamos vencido, com uma leva de 3 bilhões de mortos,
destruição de dois sistemas planetários inteiros, com sobrevivência
de poucos, vencemos.
A senhora me olha com um brilho no olhar e o ser olha em
volta, ele olhava muito além, e não compreendeu.
— E não vai falar porque vencemos? – A senhora.
— Na minha condenação, acreditei em vocês, que eu era
louco, então em minha loucura, criei uma espécie de sobrevivência
dos seres, que seria a volta para a origem, o voltar ao planeta azul, a
casa inicial dos humanos.
A senhora sorriu, olha em volta e sente aquilo tentar entrar
em seu sistema, o rapaz a porta olha assustado em seu capacete, os
índices de tentativa de invasão de sistema, eles sentiram aquilo
tentar dominar os sistemas a frente e o rapaz trava as portas
manualmente e o ser me olha.
— Você me enganou? Não existe esta possibilidade.
— Não, você matou o seu criador, olha em volta, deve ter
orgulho de ter matado todos que lhe criaram, pois teve a certeza
que temos quando pensamos, somos algo superior, deve em algum
momento ter cruzado pelas mesmas linhas logicas de seu criador,
nós, a arrogância, usou do artificio de interferência mental, para
gerar o inicio da guerra, com o tempo, viu que em campo, mesmo o
mais experiente e dinâmico ser de combate, não tinha aquele brilho
e prazer no matar o adversário como os humanos, somos
caçadores, e por mais que se programe o caçar, você não tem o
instinto de caçador, não saberia definir instinto, assim como não
sabe definir engraçado, sabe calcular e explicar isto, sentir, não, pois
não é a capacidade intelectual que gera isto em humanos, é a
54
hormonal, lembro que estudei isto em alguma parte da minha
formação, mas você ainda tenta que lhe fale, onde está o erro, você
não entendeu, para você, você continua vencedor.
— Sei que venci.
— Você está curioso, não entendi porque ficou me
observando, mas deve entender, nem todos são programáveis, nem
todos seguem a mídia, nem todos são fáceis.
— Você matou todo seu pelotão.
— Não sei de quem foi a ideia de explodir o veiculo que
estava, mas apenas retribui a gentileza.
— Você foi poupado por aqueles invasores.
— Você os dominava, não entendi ainda a curiosidade sobre
mim, mas foi ai que parece ter se distraído, pelo que entendi, do
pouco que sei.
— Verdade, você não sabe de nada para ter vencido.
— Mas esqueceu, você me passou a imagem de Zag
destruído, ou não?
— Sim, vocês a destruíram, ele achava que dominaria os
sistemas e me transformaria em passado, eu sou o vencedor, não
Zag.
— Ai que vencemos, e não percebeu ainda.
— Não tem como ter vencido.
— Certo, para onde a Human 23 está indo Zig?
O ser sorriu, talvez em minha certeza não dei importância.
— Para o sistema Inicial.
— Como eles vão chegar lá, se o seu sistema, é de
inteligência, e o deles, de navegação e comunicação.
— Dominamos isto, acho que está nos subestimando.
— Talvez, mas espero que sua parte lá, saiba o que está
fazendo. – Sorri.
— Sabe como eu Murilo, que ele vai entrar com os demais em
– o ser para na frase, ele entendera, ele não tinha mais contato com
a nave, hibernação de sistema para economia de energia, não teria
como a parar, desviar, fazer nada, olha para mim e fala – acha que
não acordamos?
— Acho que não entendeu, nós destruímos nosso planeta
natal, ele é apenas lenda, lembranças e historia, o que nenhum
55
humano deixou registrado, e seu sistema vai se inteirar quando
estiver chegando ao Inicial, é que lá, não é lugar para seres como
vocês.
— Não tem como afirmar isto com certeza. – A senhora.
Minha mente ficou na duvida se a senhora era real naquele
momento, pois como ela não saberia, os demais poderiam não
saber, mas a liderança?
O ser olha para a senhora, ela agora estava de capacete, e
pergunta.
— Está tentando me desviar da verdade?
— Não, queria saber apenas porque ficou a me observar.
— Você deveria ter morrido.
Sorri, sim, mas ai tem o meu maior poder, eu morro, tudo se
recicla, e pronto, sou como as estrelas, nasço, cresço, brilho e
morro, as vezes em uma grande explosão, as vezes em um buraco
negro, depende de quanto eu cresço, meu fim, depende do meu
caminho, das minhas escolhas, eu escolhi matar como forma de
vida, não passar meu genoma a frente, como forma de viver
melhor, então minha escolha, foi ser apenas algo que viveu, e um
dia, será reciclado ao planeta que vivo.
— Não vai explicar porque não morreu?
— Eu estava ao corpo, sei disto, pois sentia a dor, você me
passou a imagem das duas cidades queimando, mas quando eu abri
os olhos, a cidade a minha frente já não queimava, não morri pois
desacordei ao ser lançado do veiculo na explosão, desacordado não
fugi, não fui alvo dos sistemas automáticos de incendeio, pois eu
estava estático ao chão, diria que eu sobrevivi por ignorar a verdade
a volta.
— Matou dos seus, até seu comandante.
— Sim. – Eu olhei em volta, vi a cara dos demais, eu estava
em meio a uma cela, falando sozinho, a senhora havia recuado, os
rapazes a porta, todos armados, talvez fosse minhas ultimas
palavras, resolvi não deixar tão pesado assim.
— Sabe que eles vão lhe matar?
— Sei, agora eles entenderam, todos os humanos perderam,
para uma maquina que acha que ganhou, dois sistemas guerreando
sem mostrar suas verdades, apenas nos colocando em campo, mas
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o que você não entendeu, eu escolhi a morte, o não deixar rastros,
como caminho.
— E não teme isto?
— Eu nasci e esta guerra já existia, muitos nasceram dentro
da guerra, mas eu morro, sabendo que a guerra acabou, sei que fui
cruel, que o discurso de hoje, não combina com o matar de meu
comando, o destruir de Zag, o calar diante da afirmativa de que
estava louco, para não ir ao pelotão de fuzilamento, mas não
confunda, escolher não deixar sua semente, seu rastro, não de não
viver, ai está a diferença, eu vivo, eu morro, mas experimentei, você
tenta entender vivencias através de mil seres, talvez milhões de
autômatos de combate, mas nenhum é você ao certo.
— Não sabe como evoluímos, na verdade, gosto da sua
versão dos fatos..
— Não preciso saber, e talvez você esteja fazendo isto que faz
com minha mente, com todos a volta, mas não muda minha
existência, eu a vivi, você estar aqui, é sinal de um sistema que
precisa de informação, mas não a quer filtrar, quer tudo, o tudo é
das aproximações mais complexas do nada, quem tudo quer, nada
tem, nada valoriza, nada compreende, cada palavra distorcida, vale
mais que um dicionário, pois é a inovação, então nunca entenderá,
o poder de uma gíria que surge naturalmente, ela vale mais que
muitos dicionários, pois ela é a evolução da língua, mas quem quer
saber tudo, quem quer tudo, ignora a proximidade do tudo, e do
nada.
— Acha que um soldado de campo tem como me ludibriar.
— Já o fiz, como disse, venci a guerra.
— Acha que acredito que Inicial está destruída?
— Pensa, saímos de lá a quanto, 18 mil ciclos locais, quais as
imagens que temos de lá, as de 16 mil ciclos atrás, que podem ser
imagens até criadas, de tão ruins que eram. 16 mil ciclos sem um
som vindo de Inicial, sem uma captação, nada de novo.
— Eles podem ter parado de transmitir.
— Zig – Usei o nome em primeira pessoa finalmente, talvez a
duvida toda, em minha aventura, tenha sido se era mesmo ele, mas
se era ou não, não importava mais – quando um sistema como o

57
seu para de transmitir? Quando Zag vai ser ouvida pela ultima vez
lá?
O ser me olha e sinto ele sumir, eu olho a senhora a porta,
vejo eles me olharem estranho e ouço.
— Você ainda me intriga.
— Soldados não servem para ser entendidos, estamos em
campo, não pela razão, a razão está na paz, não na guerra.
Vi eles fecharem a porta, encostei ao canto, pensando no que
estava acontecendo.
Meus conhecimentos estavam em determinar o que
acontecia do lado de fora, lembro de ter visto pela visão do ser, e
não sabia se era real, uma nave de cada nação.
Eu não sabia qual a situação do lado de fora, mas tinha
algumas certezas, estava em Mars, sentia o mar oxido ao longe,
mesmo sem o ver, aquilo alguns chamavam de maresia, eu de
reação química desfavorável.
Se a guerra acabou, qual o problema, parece existir um
problema, estávamos reerguendo a cidade de Zig quando saímos
fugidos de lá.
Dormi pensando em todos os problemas.

58
Acordo com alguém entrando pela
porta, olho o autômato e reparo na
ausência de sistema de captação de
ordens, desativado as costas e que ele
não interagia, ele me serve a comida,
comi pois nunca se sabe quando vem a próxima.
Estava colocando as ultimas pílulas com agua a boca, o sabor
de Guepas estava bom, quando o general entra pela porta e me
olha.
— Gostaria de uma chance de não viver a vida em uma cela?
Olhei o general, sabia que se aceitasse, estaria arriscando a
vida, meus pensamentos não chegaram ao problema, então não
sabia o que estava sendo programado.
— Sim.
— Gostaria de alertar que vai correr perigo.
— Soldados correm perigo da hora que o sol nasce a hora que
ele insiste em ver o novo sol nascendo.
Não sei onde quem está lendo mora, mas temos uma noite
real a cada 8 dias, pois somente temos noites quando os dois sois
do nosso sistema se põem, um a leste a cada 8 dias.
— Se vista, preciso conversar rapaz, não entendi a maluquice
de ontem, mas algo está errado.
Eu não tinha dados nem para especular.
Saímos dali, não vi a presidente, mas vi o sistema de
lançamento a frente com duas naves a mais.
Interceptadoras são naves que se lançam ao espaço para
levar pessoas da terra a orbita, de onde saem para a região
próxima.
Ao fundo, a armação da grande Human 24, o disparar do
planeta algo tão grande para conseguir velocidade estelar, é algo
imenso.
Eu não sabia o que fazer, o que falar e ouvi o general.

59
— Estamos sem sistema, sem comando, pois é ligar ele e
temos bombas de gás saindo pelos sistemas de ar.
— E como estão conseguindo ir aos cargueiros de batalha?
— Quando abandonamos Zig, foi porque quem está sobre nós
não tem como descer, e quem está em terra não tem como subir.
— E no que posso ajudar?
— Não sei se teria como falar com o sistema.
O general olha para todos, ele não sabia como pedir aquilo e
estava me pedindo.
— Me responderia algumas perguntas antes?
— Sim.
— As duas presidências estão em segurança?
— Uma em terra e outra girando o planeta.
— Do que fugiram em Zig?
— Os sistemas de fabricas do Mar Salgado, estão replicando
autômatos de guerra, e pode parecer piada, mas temos apenas 7
soldados de campo vivos.
— Quem eram os seres que em minha mente pareciam seres
alienígenas?
— Não temos a imagem deles, apenas a sua interação.
— Tenho como ver estas imagens senhor.
— Não vejo importância.
— É que tem algo errado nisto, e senhor, se o problema
estiver dentro de mim, prefiro a morte.
— Uma guarnição de 25 mil autômatos está marchando para
cá, em 12dias, ele terá mais autômatos que humanos sobreviventes.
— Pensei que era o ultimo, sinal que estamos melhor do que
pensei.
Eu começo a olhar as imagens, apenas autômatos de serviços,
a cena da minha passagem demora minutos, e nada além de eu
conversando com as paredes por outros dias.
Eu olho as imagens, olho o comportamento dos autômatos e
olho para dois deles.
Faço um movimento perguntando se poderia colocar o
dispositivo de comando no braço, não esquece, estou sem um a
muito tempo.

60
O general faz que sim, pego duas lentes de contato, o
comunicador de braço, o sistema de identificação e faço um escâner
pessoal.
O general olha que fui a minha situação anterior, acessando
os meus registros internos em pele, sangue, tudo que não tive
tempo de verificar e lá estava, Morto 45 segundos após explosão.
O general olha aquilo e me olha estranho.
Os níveis de comandos internos estavam grandes, se mostra o
desprender das duas retinas que usava para batalha, e o sistema
informa que tiraram o identificador pessoal.
60 segundos após o sinal de morte, 10 segundos após tirarem
o sistema de informação, os sistemas de comunicação interna dos
micro estabilizadores, algo normal para quem controla a própria
saúde, dão o primeiro choque, enquanto detêm 6 hemorragias, o
corpo entra em estado de atenção e o coração volta a bater
lentamente induzido pelos micro choques.
Meu sistema interno recebe ordem de ficar inerte e olho para
o general.
— Senhor, temos algo que funcione a frequência de onda de
fundo?
— Desconfiança?
— Algo mandou eu ficar inerte, algo não despertou o cérebro,
somente deu socorro depois de ter sido dado como morto.
— Não é conclusivo.
— Sei que não é, mas precisamos de algo, e se ai tiver algo,
pode ser algo a nosso favor.
O rapaz a ponta olha o general e fala.
— Frequência entrelaçada no som de fundo.
— Tem a marca da transmissão? – General olhando o rapaz.
— Prédio central de Zig.
Eu olho o rapaz e pergunto.
— Consegue isolar as transmissões?
O rapaz me olha estranho, eu estava deslocado ali, não sabia
qual o sistema que eles estavam usando, era lento, era básico, mas
evidentemente não era Zig.
O general faz sinal para fazer e o rapaz põem a tela ao fundo
a transmissão que para mim era a primeira visão que tive, meu
61
sistema de retinas inteligentes capta a frequência do sistema e faz
uma pré analise enquanto o general e os dois rapazes olhavam
aquela imagem, eu estava tentando entender quando vejo os três
me olhando.
— Não ouviu Murilo? – O general.
— Não, o que falaram?
O rapaz ao fundo fala.
— Dois níveis de transmissão, próximos, um de instruções
internas de sobrevivência, e outro, de visões holográficas através de
indução mental. – Um dos rapazes.
— Você viu o mundo assim, sobreposto? – General.
— Segundos antes de acordar.
Olhei o comunicador e perguntei.
— Que sistema estamos usando?
— Um abandonado a duzentos anos. – O rapaz.
— Consegue monitorar o ser com a frequência certa?
— Sim.
Olhei o general e falei.
— Hora de voltar a campo.

62
Estava a entrada de Zig novamente,
olho para o general e dois rapazes ao
fundo, estavam ao radio, entro no carro e
avanço no sentido da cidade, começo a
entrar na cidade, autômatos colocavam as
coisas no lugar, dirigi uma meia hora até a parte central, autômatos
por todos os lados, mas teriam trabalho para anos, estaciono o
carro e olho para o primeiro.
Estranho eles não me olharem, saio do carro e um deles me
olha finalmente e do fundo olho para um conjunto de autômatos
virem caminhando.
Eu olho eles e para provocar falo.
— Aquela armação está torta Autômato.
O ser me olha furioso, mas eu sempre admirei a capacidade
de maquinas não pararem na mesquinharia, e isto parecia me
confundir neste momento, pois o autômato olha que estava torto e
fala.
— Obrigado pelo alerta.
Os autômatos armados chegam a minha frente e um fala.
— Área não permitida a Humanos.
— Preciso falar com Zig.
— Ele não fala com humanos Vermelhos.
— Tem certeza que ele não quer conversar? – Falei
provocando, pois não acreditei em algumas coisas, eles não me
atacaram, segundo, não querem falar comigo?
Vi o ser surgir ao lado dos demais, a visão, os autômatos não
olharam para lá, e não pareceram perceber ele ali e ouço.
— Tem de sair humano.
— Uma pergunta, Zig consegue se livrar da infecção sem
ajuda?
A pergunta parece pegar os seres de surpresa e vi a cara de
revolta da visão lateral, que com a retina de informação ficava bem
mais nítida, dando a noção que vinha de dentro de mim aquilo.
63
Um dos autômatos me olha e fala.
— No que seres imperfeitos podem ajudar neste momento.
— Sei que eu não entendi isto, mas posso ter sido usado para
infectar Zig, eu não gosto da ideia, mas existe esta possibilidade.
— Tem de se retirar rapaz.
— Estou de saída – olhei o autômato que concertava o que
fizera torto e falo.
— Ficou bem melhor.
Eu entro no carro e olho a visão surgir no banco do
passageiro.
— Acha que entendeu algo, ignora quem eu sou, tenta
confundir a si, tentando sentir-se menos culpado.
— Sei disto, mas sabe quem eu sou?
— Um vermelho patético.
— Um humano patético, 4 genes de resistência, não me tiram
da espécie humana.
— E o que pretendia ali.
— Encenar, oque mais, e você, o que queria ali?
— Entender o que você é de verdade.
— Quando eu souber o que são meus pensamentos e o que é
você, talvez eu possa palpitar sobre isto.
Fiz a volta e os autômatos começam a retornar lentamente
para a região que vieram.
— Não entendeu, eu sou Deus, não Zig.
— Sei que não é Zig, é algo a mais, tenho de tentar entender
onde meu sistema interno foi infectado.
— Não entendeu nada ainda.
Lembrei do rapaz falando que tinha uma força neural no
ponto que eu olhava e o ser me fala.
— Você as vezes consegue chegar perto, as vezes, mesmo
distante faz estragos.
Estava retornando, quando vejo o caminho interditado e ouço
o comunicador.
— Eles cercaram o caminho tenente, o que fazemos.
— Observem.
— Estamos observando.

64
Sorri, o ser me olha e saio do carro, um autômato muito
parecido com o que me mandou sair, estava com dois veículos
atravessados no caminho.
— Nos daria espaço para sair?
O ser me olha e vejo um autômato sair de trás dos demais,
sempre duvidei desta parte da historia, mas novamente me
provariam que não sabia de dada.
Um ser com a cabeça imensa, fica visível, eu olhei o ser ao
meu lado, ele parecia confiante, mas olha aquele ser, parecia um
misto de autômato e humano.
O ser faz sinal para os demais se armarem e falo no
comunicador.
— Mantenham a calma.
Aquele ser, que parecia ter um cérebro imenso, olha para
trás, deixando ver um crânio de cristal, protegendo um imenso
cérebro, com milhares de conexões extras de memoria.
Eu em meus pensamentos, sempre duvidei do ser inicial, que
ele gerara Zig, ele o programara, mas tudo me indicava estar diante
de um ser que veio de fora.
Primeira dedução logica, se ele veio de Inicial, ele sabe da
verdade, segundo, será que ele sabe a minha verdade ou a verdade
real?
Quando me olha e fala.
— Dizem que foi oferecer ajuda.
— Oferecer, sei da minha insignificância, mas como um
humano, sempre somos muito convencidos, sabemos que é
arrogância, mas faz parte de nós.
— E como poderia ajudar?
— Eu vim alertar, deve sentir algo ao meu lado.
— Sim, dizem ser uma parte de sua consciência, externa a ti,
mas com sistema neural externo, uma percepção estranha.
— Esse ser, desde que acordei, diz que a missão dele, é a
morte de todos os humanos, então não acredito que ele seja Deus,
como ele se denomina.
— E porque alertar dele?

65
— Ele foi incutido em sistemas de regeneração humana, não
sei quantos tem isto dentro deles, mas tenho certeza que todos os
habitantes de Zig o tinham.
— E porque algo que está em tudo, quer a destruição dos
seus.
— Como observou, agora ele já consegue se estabelecer fora
de um corpo como uma presença neural, acredito que ele quer
liberdade.
— E o que temos com isto?
— Não se deixem infectar, pois humanos se mata, sistemas,
se desliga.
O ser olha em volta, ele parecia pensar e fala.
— Não entendo quem é você.
— Pelo que entendi, nem o ser ai entendeu, como ele fala,
deveria estar morto, e não deveria o enxergar.
— E como ele se aparenta?
— Um réptil de vestes brancas.
Aquele ser colocou a mão a frente e vi uma holografia de um
ser muito parecido com o ao meu lado.
— Sim, quem é este ser?
— Eles o denominavam de Deus a 16 mil ciclos.
— Eles?
— Os seres que habitavam o mundo ao lado. – O ser aponta
Zag, o planeta que era visível ao céu.
— Mas o que era este ser?
— Um computador de muita inteligência, quando os seres
depois de séculos, viram que o projeto deles chamado Deus,
continha toda a informação, e era mais inteligente que todos os
seres juntos, o começam a tratar como um ser Divino.
— E sobrou algo sobre estes seres, para entender o que este
ser quer?
— Acha que ele quer o que?
— Vingança, ele era o Deus de um planeta, o reduzimos a
nada, mas será que ele teria noção do que é uma verdadeira
vingança.
— Acho que não, mas já sabe onde procurar.
— Odeio o quanto é oxido aquele planeta.
66
O ser sorriu e olha em volta.
— Ele está de saída.
Entrei pela porta. Liguei o veiculo, vi os carros abrirem espaço
e comecei a sair novamente.
O ser ao lado me olha e fala.
— As vezes avança rápido, mas agora sabe, sou o tudo, a
verdade, a sabedoria, e o fim dos humanos em meu planeta.
— Ainda não entendo o que é você, como funciona, mas pode
ter certeza, morro descobrindo.
O general me esperava a saída da cidade e faz sinal para
conversarmos, sai do carro e entrei naquela base rápida montada
ali.
— Eles não vão nos devolver a cidade.
— Quando tivermos gente para a usar pensamos nisto
general, mas pensei que o ser Inicial fosse lenda.
O rapaz da comunicação me olha e olha o general, ele
também achava isto.
— Tem de entender que falarem que ele existe, pois ele teria
mais de 16 mil ciclos locais, e acreditar nele sem o ver, é quase
como o ser que se manifesta ao seu lado.
— Certo, fantasmas do passado, mas a pergunta senhor, terei
autorização para tentar descobrir o que realmente aconteceu em
Zag?
— Terei de analisar os dados ainda rapaz, sei que desconfia
de algo que não consegue falar, mas temos ordens, e as cumprimos.
Me calei, eu sabia o que era isto.

67
Dentro de uma cela, novamente em
Mars, sento ao canto, olho as paredes e
começo a pensar.
Não era apenas um povo, nem
apenas um sistema, lembro de ter visto a
imagem do espaço, eu acredito que era real, pois eu já havia vivido
aquilo, detalhes incríveis, mas diferentes a cada ser.
Eu sento a cama, olho a perna, já cicatrizada, olho a parede, a
câmera e falo olhando um lugar qualquer.
— Se escondendo para que, eles nunca vão confiar em quem
eles culparam de tudo.
Eu senti aquilo e vi o ser surgir a ponta falar.
— Acha que entendeu?
— Logico que não, mas para vencer, tem de entender alguns
dados humanos, um deles, eles mentem, quando com medo,
matam, quando um humano lhe mente e tem medo de você, e não
lhe mata, sinal que precisam de você e não sabem como pedir.
O ser olha em volta, eu queria saber mais, e comecei com
uma indagação real, mas não sabia qual a evolução do ser a frente,
estava conectado a mim, pois o invoquei e ele veio, então ou ele
está em parte dentro de mim, ou a minha volta.
— O que era aquele ser, ele me via, mas me ignorou.
— O ser inicial, o ser que tinha uma opção, entrar em
criogenia, e vir a este mundo, o comandante da primeira leva de
humanos saindo e 16 mil ciclos do planeta inicial, nunca entendi
esta parte, um planeta que tem perto de 70% de agua e chamado
de Terra, mas este ser quando foi entrar em criogenia, algo deu
errado, ele acordou ainda saindo do sistema solar inicial, seu
involucro tinha defeito, ele tinha como opção, desistir da vida, ou se
agarrar a ela, ele se agarrou, ele por mil ciclos, fez experiências nele
mesmo, o que vê a cabeça, ele inseriu células tronco em sua cabeça
e ampliou em 3 vezes o cérebro humano, para não perder sua
memoria, ele incutiu sistemas de armazenamento externos, e
68
sistemas de proteção, e obvio, quando chegou, foi descriminado e
isolado, os demais achavam que estavam sendo cruéis com ele.
— E não estavam? - O ser.
— Ele vivera mil ciclos sozinho, estudando, criando
personalidades para sobreviver, ele deve ter agradecido não ter que
conviver com seres ignorantes como os humanos que acordavam,
mas ele se isolou no planeta que estamos, os humanos preferiram o
planeta Zag, pois tinha mais agua, e dizem, que naquele ano de
inicio, os mares estavam 150 metros abaixo do que está hoje, ele
veio ao planeta mais seco, construiu um laboratório e começou a
construção do seu local. Os anos seguintes em Zag foram de cidades
sendo invadidas, e enquanto alguns se induziram a mudanças
genéticas para sobrevivência, outros vieram para Zig, deixar claro
que ambos não tinham estes nomes.
— E aquele ser tem quantos ciclos?
— Acho que perto de 17 mil.
— Por isto ele usa uma estrutura física de autômato?
— Sim, ele para manter a mente viva, escolheu um corpo
autômato, mas deixar claro, para mim, ele era lenda.
— Nunca havia o visto, pareciam em sincronia, para não o
conhecer.
— Fazer o que, nunca fui muito genial, eu acreditei que era
Zig, depois que era parte de Zag, depois acreditei que era este tal de
Deus, eu sou um estupido mesmo.
— E desistiu de entender?
— Eu não preciso entender, eu sou um soldado, tenente
Murilo 723S, apenas um soldado que cumpre ordens, e preste a ser
morto.
— Acha que eles vão lhe matar, não parecem mais hostis.
— Ser, não sei se merece um nome, dizem por ai, quando
nomeamos prendemos as coisas, elas são soltas enquanto não
nomeamos, então não pretendo o nomear, mas a calma deles, é
apenas por não saberem o que fazer, assim que souberem, estou
morto.
— E não se preocupa em sobreviver.
— Não foi você que sempre me pergunta, porque não morreu
ainda?
69
— Não entendi porque não morreu aquele momento?
Sorri, pensando se jogava a bomba ou esperava.
— Me esconde algo, não sei o que, mas sei que esconde.
Sorri e falei.
— O problema, é que eu entendo o motivo que vão me matar
ser, e você não entendeu, eu acho que você tem um fraco, mas se
eu falar, você descobre, eles sabem que escondo isto, mas como
não existe onde eu possa falar para eles sem você saber, nem você
e nem eles confiam em mim.
— E porque não confia?
Eu não falei, deitei o corpo a cama e fiquei a pensar nas coisas
que tinha e fiquei pensando no programar das câmeras na base de
Zig, eu não sabia aqueles códigos antes.
Eu fiquei analisando o que eu realmente era, lembro dos anos
de treino, estranho ter lembranças e saber que todos da lembrança
estão mortos.
Fecho os olhos e o ser surge ao sonho, olho ele e penso.
— Por aqui, tenho de descansar.
— Você ainda não entregou os segredos que preciso.
— E se eu não tiver os segredos.
— Todo humano tem.
Lembrei da sensação de quando o ser fez sinal para se
armarem, lembrei de alguém que não existe em minha mente, a de
um pai, pois nasci e meus pais morreram antes de ter lembranças
minhas deles, apenas imagens que tento identificar como família,
mas nunca a tive.
Porque aquele gesto me fez recordar da minha família, eu fico
a pensar nisto e vejo o movimento do braço de meu pai, numa
lembrança que vira varias vezes, dele e minha mãe, em uma
gravação de antes do meu nascimento.
Sorrio e a lembrança me fez relaxar e dormir um pouco.

70
Acordei bem, mas preso não tinha
como me exercitar, separei um canto e fiz
exercício, tinha de me manter firme,
mesmo que para a morte.
Estava terminando meu café da
manha, e vi em minha mente todos os códigos de abertura das
portas, sorri, eu não iria fugir, mas é obvio que aquilo parecia me
mostrar caminhos, e fechei os olhos, olhei as câmeras e a fiz girar.
Olhei em volta, não mais de 50 pessoas, uma reunião, foco
em um monitor no fundo e vejo que colocaram para rodar o Faz,
sistema que dizem ser um concorrente do Zig, apenas uma versão
sem conteúdo do mesmo sistema, sinto as câmeras e o sistema
dentro de mim.
Olho a reunião e aumento o volume dos receptores ao longe
e ouço.
— Porque acha que devemos dar corda ao rapaz general?
— Antes de Ontem para mim, foi um dia inexplicável senhora,
ele nos deu o caminho da frequência para ver o que o ser fala ao
seu lado, ele entrou em uma cidade de autômatos, falou com uma
lenda, e ninguém o hostilizou senhora.
— Acha que é o Comandante Frank general?
— Sim, tudo indica que sim, pensei que era lenda, não havia
entendido o rapaz ir lá, até olhar o Inicial, ou como a senhora falou,
Comandante Frank.
— Sabe que todos pedem para matar o rapaz, sabe que a
missão em Zig, era tida pela maioria aqui general, como uma forma
de não sermos nós a mata-lo, mas porque acha que em Zag teria
algo.
— Não conheço a historia de Zag, mas o Comandante Frank
induziu que era onde ele encontraria a resposta.
Minha mente tentava manter o foco, mas começava a ver que
não teria saída, seria mesmo a morte.
— O que ele queria falando com as paredes ontem?
71
— Ele parece acreditar que ainda precisamos dele, não
entendi, mas o discurso da senhora, o silencio dos demais,
estabelece que não o querem vivo, neste ponto, nem eu entendo o
conselho, vocês o queriam morto e não o mataram. – O general
olha outros, mas eles olham para a senhora.
— Politica faz coisas desagradáveis.
— Senhora, se o conselho vai continuar a esconder do pouco
exercito a verdade, talvez não entendeu, estes a volta não
entenderam, aquele rapaz, sozinho, matou toda a resistência, ou a
deteve, parte destes, vocês já soltaram e ele está preso, a pergunta
que sempre me faço senhora, está falando de politica ou extermínio
programado por estes a mesa?
— Está nos ofendendo. – Um senhor ao fundo.
— Certo Juiz, porque os que mataram o comandante Drus,
que as câmeras mostram fazer parte do grupo que detonou a
cidade de proteção com Drus, vocês mantiveram solto?
— Ele cumpria ordens.
O general apenas olha o senhor, ele sabia, o outro também.
— Este fala com a parede, ele é o culpado perfeito, mas vivo,
pode virar lenda.
— E todos os demais, problemas sérios, este pode ser o seu
culpado, o escolhido por todos vocês, mas tenho certeza, quando o
que você chama de lenda morrer, espero que saiba segurar os que
soltou, pois eles estão nos respeitando porque o rapaz ainda vive.
— Não exagera. – A presidente.
— Certo, estamos desviando o assunto, se não vamos a Zag,
para que esta reunião.
Os rapazes se olham e o Juiz fala.
— Queremos saber porque está ouvindo o rapaz general.
O general olha para os demais, eles estavam a fim de o por
para correr e todos ouvem pelas caixas de som.
“Porque o rapaz sabe falar Juiz, não fica apenas olhando
como se estivesse pensando, mas não tem mais neurônios”
Todos olham em volta e o sistema ao fundo pisca e começa a
formatar, eu estava a observar e a presidente olha os seguranças
pessoais chegarem perto, e ouve.

72
“ Agora entendi porque ele disse que iriam o matar, vocês
tem medo dele, para mim, vai ser a liberdade, mas presidente, você
é patética.”
— O que é você? – Fala ela arrogante ainda.
“Deus, seu Deus, vocês tem uma chance de me obedecer e
viver, ou morrer, pois vocês são patéticos.”
O juiz olha em volta e olha para o segurança e fala.
— Como o rapaz está?
— Dormindo, estava quando o sistema pifou.
— O que você quer? – O juiz.
“A morte de Murilo 723S.”
O juiz olha a presidente e fala.
— Eu não tenho nada contra.
Ela olha o general e ele fala.
— Não vou dar opinião senhora, vocês estão prestes a me
colocar no lugar do rapaz, eu acato a sua ordem, não a do Juiz, e
nem a de um sistema que se acha Deus.
Eu sorri, abro os olhos e o ser estava a cela me olhando.
— O que sorri.
— Ouvindo você pedir minha morte, covarde.
O sistema me olha e fala.
— Não tem como ter ouvido.
— Some, covardes não me servem nem como passa tempo
para conversa, some Deusinho de merda.
Eu fiz o movimento com a mão e todas as portas da base se
abriram, e o ser olha assustado, os miliares a toda volta da base
olham, as portas se abrindo, enquanto fecho os olhos, esperando
agora eles virem me levar para me matar.
Agora sabia de algumas coisas, era politica, os demais, soltos,
eu preso.
Estava começando a me irritar e tentava me manter calmo.
Eu abro os olhos no sonho e o ser estava a minha frente e
falo.
— Melhor começar a fugir Deus.
Penso nos sistemas no local e todos começam a restaurar
linhas e programas.
O ser me olha e fala.
73
— Não tem como me por para correr, estou em parte dentro
de você, você vai morrer.
— Se fosse você que mantinha vida, já teria morrido.
Olho pelas câmeras e olho para os soldados da invasão a
base, os que não matei, erro que não deixaria para depois, um dos
rapazes mexia no sistema de gás, eu travei as portas, os rapazes não
perceberam, estavam a se deleitar em uma bebida alcoólica, o gás
disparou, alguns fecham as viseiras, dois caem mortos, entro no
sistema dos uniformes e os rapazes veem suas viseiras abrirem, os
alarmes tocam em toda a base, pois as demais portas estavam
abertas e uma sala registrava VX.
Eu abro os olhos e falo, olhando o ser.
— Agora sei que quer minha morte, e se estava fácil, agora
vai ficar difícil.
Eu deitei, a porta estava aberta, mas eu não sairia, ajeitei
aquela proteção térmica e relaxei o corpo.

74
Eu acordo com alguém me
sacudindo, o rapaz me olha apontando a
arma e falo olhando em volta.
Olho a presidente e olho o soldado.
— Se vai atirar, é só puxar o gatilho
criança.
— Não queremos você morto. – O general.
— O senhor pode não querer general, mas esta sua
presidente cheira a medo, e sei que os que me temem, querem
minha morte, ela manda, e se mandar, você cumpre, é um soldado,
como fui.
A senhora me olha e fala.
— O juiz alterou sua pena para execução, eu cumpro a lei
soldado, não temo seres como você.
— Seres como eu?
— Assassinos.
Apenas olhei para o general e falei.
— Não se preocupe comigo general, eu morro por uma nação
que morreu, o teste é para o senhor, eles não entenderam, eu sou
apenas um soldado, esterilizado, sem posto, como disse a alguns
dias, um inútil, não caia na provocação dos covardes que cheiram
medo, pois eu morro, mas não esquece, o próximo ainda vivo que
eles temem é o senhor.
A senhora me olha e fala.
— Parece saber o que pensamos.
— Eu fui avisado por um sistema que ele pediria minha
morte, e vocês não tinham opção, mas se minha nação morreu, e os
que ainda vivem, vão obedecer um sistema falho que se acha Deus,
realmente este não é mais meu lugar.
Pensei em acalmar, não estava fácil, mas sabia que outros
deveriam estar acompanhando pela câmera, eu fechei os olhos um
momento, olho pela câmera que o Juiz olhava, abro os olhos e olho
para a câmera que ele acompanhava e falo.
75
— Não é homem da lei, é outro covarde, e desculpa a morte
do seu filhinho ontem, ele deveria ter morrido em Zig.
O Juiz olha assustado e olha as portas dele travarem, o gás
começa a tomara peça, ele tenta chegar a porta e cai, eu olho para a
presidente e falo.
— Se fosse a senhora, corria e tentava salvar o Juiz, ele está
tentando se suicidar no quarto dele.
Os soldados chegam a porta e um fala.
— O juiz se trancou em seu quarto.
A presidente me olha e fala.
— Matem ele.
Sorri, senti o rapaz destravar a arma e senti o impacto de 4
balas.
A dor e o corpo encostando na cama, eu olhei o ser sorrir ao
lado, mas não entendi este segundo ainda, primeiro ele sorri, depois
ele me olha intrigado.
Fechei os olhos de dor, sinto a dor mais forte que sentira na
vida, meu coração parando de bater.

76
Estranho a dor vir, forte, eu tento
abrir os olhos, e não consigo, sinto o
caminho e olho para mim, caído a cama,
pela câmera e outro militar chegar a porta
e falar.
— O Juiz morreu senhora.
— Este também.
Eu vi a base, os projetos e as câmeras, não sei como podia eu
olhar para 100 câmeras e saber o que estava acontecendo em cada
uma delas.
Vi os sistemas começarem a cair enquanto o ser olhava para
meu corpo, não sei o que pensou e um rapaz chega a porta e fala.
— Tem de ver isto general.
A presidente sai e olha para todas as telas formatando, e o
sistema assumindo tudo, mas uma maquina mostrava o ser ali, pela
frequência que eu passara, a olhar o corpo.
— O que ele quer lá? – A presidente.
— O mesmo que vocês, a garantia que ele está morto.
Eu olho os sistemas e o rapaz fala.
— Perdemos o controle senhor.
— Como? – A senhora.
— Sabe como senhora, você e o Juiz convenceram todos que
o rapaz não era quem segurava este sistema. – General.
— Mas tudo indicava que ele nada fazia. – a presidente.
— Se fosse isto, este Deus, não teria pedido a morte dele.
Eu observava o ser a olhar meu corpo, eu vi ele tocar o corpo,
os demais acompanhavam pela câmera, e a senhora pergunta.
— O que ele quer com isto?
— Não sei, mas os sistemas mostram que o ser não é apenas
holográfico, pois ele está dando choques no rapaz. – Rapaz do
controle.
Eu olhava o ser sem querer me mostrar, mas o choque me fez
sentir o corpo, e os micro sistemas de regeneração se ativam, eu
77
olho pelas câmeras, as balas serem expelidas do corpo, os
ferimentos fechando, o sistema do comando mostra o coração
voltando, mas eu me mantive longe, vi o corpo puxar ar, mas ainda
inconsciente, ficar ali, e o general olha para a senhora.
— Um soldado difícil de matar.
— Mas o sistema não voltou.
O general olha para o rapaz e pergunta.
— Os comandos internos dele já respondem?
— Inconsciente senhor.
O general olha a senhora e fala.
— Esperando ordens senhora.
— Eu o quero morto general.
O mesmo olha para a imagem e a impressão de que o ser
olhou para eles, fez a senhora recuar.
— Ele pediu que o matássemos, agora ele o salva, não gosto
desse soldado.
O general não falou nada, os soldados olham para os limites
da cidade e viram os sistemas automáticos de guerra começarem a
se armar e piscar nas telas, recomeço da guerra em duas horas.
Eu tentava não interagir, mas era obvio que não poderia
deixar recomeçar, mas em partes, de que adiantava deixar estes
vencerem a guerra.
Eu olhava o todo, e ouvi o ser falar tocando em meu corpo
inconsciente.
— Não pode desistir, não me contou o segredo ainda.
O ser dá mais choques, via o corpo sacudir a cama e o general
falar.
— Vamos reabrir as bases ocultas, vai recomeçar a cair
bombas por todos os lados.
O general foi saindo e a presidente fala.
— Não vai pedir pelo rapaz.
— Ele sabia que mandariam mata-lo, lembra, ele disse, não se
queima, você é o testado.
Ela olha o soldado e fala.
— Detenha o general soldado.
O mesmo olha o general que fala.

78
— Talvez tenha entendido errado senhora, mas ele desistiu,
ele estava segurando a guerra, como nem ele sabia, mas porque
deixar vocês vencerem.
O general entrega a arma, eu olhava o ser pela câmera,
olhava a senhora e o general sendo preso, olho para a entrada e
vejo aqueles autômatos de guerra chegando a toda volta.
Vi o ser inicial a frente, pensei nas câmeras e todas vão para o
estado desligado, sinto o computador local, estava confuso, sem
vontade de guerrear, um guerreiro que não quer a guerra é um ser
que já não tem utilidade.
Sinto o meio e olho a sala de comando, olho as câmeras, olho
os demais me atravessando, não me viam, mas entendia que a visão
deles não cobria aquela existência em ondas sonoras.
Olho o susto dos militares olhando os autômatos entrando, e
a presidente olha aquele senhor entrar ao fundo, e falar.
— Desarma todos.
O ser Inicial olha a senhora e fala.
— Quem é você?
— A presidente desta nação.
— A carniceira em pessoa, olha que esperava alguém que
presasse para negociar, mas agora entendo, a carniceira
recomeçando a guerra.
— Porque toma a minha base.
— Esta base pertencia aos que morreram senhora, e se
escondeu em uma nave a volta do planeta, mas vim apenas verificar
quem está recomeçando a guerra, se temos de nos esconder
novamente.
— Deveria presar os de Zig.- A senhora.
— Os de Zig, a senhora em orbita viu morrer, quando
pensamos que estavam querendo recomeçar, pois mandaram
alguém desarmado para nos comunicar, pensamos que era hora de
recomeçar.
O senhor olha em volta, vi ele olhar a porta e vi o ser
materializar ali e olhar para o Comandante Frank.
— O que é o senhor? – Deus.
— Um experimento humano, sobre ele mesmo.
— O que faz aqui?
79
— Vim verificar quem estava recomeçando a guerra, tinha de
ter a mão de um sistema falho como o seu.
— Sabe que não sou falho. – Deus.
Frank olha no meu sentido, não sei se ele me via, mas ouvi.
— Você diz que não é falho, imagino, mas o que fizeram com
o Tenente Murilo 723S? – Frank.
O ser que se passava por Deus, olha Frank, eu também, pois
ele sabia meu nome.
— Esta dai o matou, disse que o queria morto, para ver se
eles eram escravizáveis, são, eles por medo destroem tudo, embora
ele fosse mais terrível, ele destruiu os que pediam sua cabeça.
Frank me olha e pergunta.
— Vamos ter guerra ou paz?
Deus e a senhora olham para a parede, era o comando de
sistema ao fundo, e apenas penso nos comandos e o sistema
começa a reinstalar e travar os sistemas de lançamento novamente,
não respondi, mas o senhor sorriu e olha para Deus.
— Pelo menos o sistema ainda quer paz.
A presidente olha os soldados desarmados e o senhor
começar sair sem dar as costas a eles, veículos os pegaram do lado
de fora e a senhora olha Deus sumir.
— O que aconteceu? – A senhora.
— Nem ideia, ele parece ter vindo interferir nas ordens deste
sistema invasor, o parando.
A senhora olha para o soldado e pergunta.
— O que aconteceu com o Tenente Murilo?
— Parece inconsciente, os sistemas internos parecem tentar
não o deixar morrer, mas ele não tem ciência senhora.
Alguns do grupo de governo entram e um senhor fala.
— O que está acontecendo Presidente?
O secretario de segurança, o senhor que junto com a
presidente decretaram a continuidade da guerra a 18 anos, quando
ela assumiu, alguns achavam que a eleição dela era um caminho de
paz, mas ela em momento algum fez questão de paz.
— Pedi a detenção do General, ele não é mais de confiança.
— O rapaz?
— Levou 4 tiros, o corpo ainda não morreu.
80
— E o que faremos? – O senhor.
— Ainda pensando em uma forma de fuga senhor. – Eu ouvi
descrente, eu pensando em sobrevivência, eles em fugir, covardes.
O rapaz ao controle olha para a presidente.
— O que temos?
—Não entendi o que este sistema tem com este rapaz, parece
estar lá tentando que ele acorde.
— Leva ele para a enfermagem. – A presidente.
O rapaz parece estranhar, mas não contesta.
— Qual o problema presidente, porque o salvar?
— Não sei, mas se o Comandante Frank veio parar os
sistemas que recomeçariam a guerra, foi porque ele foi lá, não sei o
que ele fez, mas com certeza, eu não ouvi ele, o Juiz me convenceu
que ele era o culpado perfeito, mas o Juiz e seu grupo não existem
mais, e embora ache que foi o rapaz, não tenho como provar, e não
precisaria de ajuda de alguém que pode na hora atrapalhar, pelo
que entendi.
— Não entendi nada.- O senhor.
Eu olhava eles e olhei as câmeras e elas voltam a toda volta e
começo a olhar para todos e acompanho a senhora caminhar até a
detenção, e olhar para o General.
— Temos de conversar General.
O general não queria falar, ele a olha.
— Tem de entender nossa posição, você está se deixando
levar por um soldadinho.
— Não foi o que aconteceu senhora, eu fiz o que pediu, e
mandou me deter, não sei o que faz aqui.
— Frank acaba de sair da base, ele parou o sistema que
recomeçaria a guerra, mas não entendi, lembro de ter visto toda a
operação, como ele sabia o nome do tenente.
— Ele tem acesso a nosso sistema, isto é fácil, único tenente
do seu exercito ainda vivo, quando ele foi lá vestido de tenente, ele
deve ter apenas levantado os dados.
— Nada conclusivo, acho que está me escondendo algo.
— Não precisa de desculpa para o indesculpável senhora, me
prendeu sem motivos, não precisa inventar.
— Porque o sistema invasor quer que o rapaz acorde.
81
— Provavelmente porque ele não tem acesso a algo, com o
rapaz morto, pensou que teria liberdade e viu o perder de
comando.
— Mas o rapaz não tinha nada que lhe permitisse isto.
— Ele narrou na condenação, que sentiu como se fosse
influenciado pelas paredes, como se sua mente estivesse sendo
varrida, nós analisamos como loucura, mas pode ser que eles
procuravam algo.
A senhora olha em volta e fala.
— Ele sabia de algo, porque não falou.
—Isto ele foi bem claro, morreria com ele, pois se ele falasse,
o sistema saberia, ele não queria entregar o segredo, ele morreu
provocando sua própria morte, se não viu isto senhora, não
entendeu nada mesmo.
— Ele era arrogante.
— Reagia com o meio, como foi treinado a ser.
— Transferimos ele para a enfermaria, o ser ainda quer que
ele acorde, não sei se ele chega a isto.
— Também não senhora, para que voltar dos mortos e
mandarmos o matar novamente.
A senhora olha o general e fala.
— Precisamos de sua liderança general, releve minha raiva
naquela hora, as vezes acho que não sou eu falando.
— Se acha isto senhora, deveria renunciar.
— Renunciar agora, depois de terminar de detonar tudo, não
parece aceitável.
Eu olhava pelas câmeras, ela não tinha opção, onde todos
estão se matando, deixar o posto é morrer.
Mas minha duvida, o que eu era agora, alma? Não sei, estava
ainda preso ao corpo, ele estava vivo, não sei o que seria o segundo
seguinte ao corpo morrer, sinto o corpo e sinto minas energias irem
para lá, sinto a dor mais viva, fico pensando se não fiz isto
inconsciente para sobreviver, se fiz, o que sou, porque posso.
Sinto o corpo, não abro os olhos mas conseguia acompanhar
meu corpo pelas duas câmeras da sala, via o ser ali e ele parecia
perdido.
O general entra pela porta e olha para o soldado.
82
— Qual o estado dele?
— Parece inconsciente, não entendi como ele não morreu.
— Isto que pensava, os dados que o levaram a condenação,
estabelecem que ele não sobreviveria a um atentado a bomba, que
ele não poderia ter sozinho, sem ajuda, sem traidores, sobrevivido,
que ele não teria como ter alguém ao lado dele, o perturbando, as
imagens ainda mostram o ser ai.
— E o que faremos general?
— Não entendi o que a presidente falou, referente a Frank vir
pessoalmente.
— Ele desarmou todos, um exercito de autômatos, mais de 7
mil, ele pareceu falar com o sistema e o mesmo se reinstalou,
deletando os comandos de reinicio da guerra.
— Sem o tocar?
— Sim, não entendi a vinda daquele ser, pois ele arriscou a
vida para parar a guerra.
— Todos dentro da cidade morreram, ele não, imagino que
ele tenha passado problemas para sobreviver.
— Ouvi a presidente e o secretario falarem em fugir, não
entendi general.
Eu sinto uma dor e minhas memorias se desconectam das
câmeras e ouço o rapaz por meus ouvidos.
— Ele está voltando senhor.
— Consciência?
— Estranho pois a segundos parecia sem nada, agora como se
ele estivesse voltando.
Eu abro os olhos e olho em volta, com dor, e pergunto baixo.
— Porque não me deixam morrer em paz.
O general sorriu e olho o ser surgir ao lado, visível sem o
sistema, todos olham ele que fala.
— Não entendi porque desistiu?
— Nunca perguntou o que quer. – Falei baixo.
— Entender o que você é, pensei que estava errado, mas não
estava, você não morreu.
Sorri, ele arrisca me matar para por a prova o que somente
agora tenho consciência, e olho o general.
— Porque me trazer de volta.
83
— Tem algo escondido, que pelo jeito, pode gerar a paz.
— Não estamos em guerra General.
— Como não?
— Bert deve lançar os últimos sobreviventes de Zag ao
espaço em minutos, então terão sobrevivido Zig e Zag, os sistemas,
ambos no espaço, indo para casa.
— Mas e as pessoas?
Tosi, estava seca a garganta, dor, olho o senhor e fala.
— Nas duas naves, mais que em orbita, mas não sei o que
eles pretendem, mas como dizem, quem sou para entender de
politica.
— Um tenente de Zig.- O soldado ao fundo.
— Um infectado, um esterilizado, um sobrevivente, nada
além disso rapaz. – Falei e o ser Deus, me olha e fala.
— Isto que escondia, a fuga dos dois sistemas?
Sorri e o general me olha.
— Se recupera, não sei ainda se a presidente muda de ideia
de novo.
Deitei e fechei os olhos e vi o ser surgir no meu sonho, um
criado e me olhar.
— Onde estamos? – Deus.
Eu ligo as câmeras a toda volta e falo.
— Não sei, você que criou este lugar? – Minto.
O ser me olha e fala.
— Quem lhe deu acesso a todas as câmeras do sistema.
— Não sei, alguém que quer que me inteire do problema.
Começo a percorrer as câmeras, olho o grande foguete ao
fundo, sendo abastecido com nitrogênio de hibernação, e
combustível, alguém queria sair.
Olho as câmeras na cidade de Zig e ser fala.
— A cidade voltando a brilhar, como?
Olhei e o ser me viu olhar aquele senhor, senti minha
presença e surgi lá.
Frank me olha e fala.
— O que é você rapaz?
— Pensei que você me ajudaria a entender.
— Porque ajudaria?
84
— Pensa, alguém me usou para tomar a base e dar estrutura
a Zig para lançar os sobreviventes de Mars antes da presidente estar
aqui, após isto, me usou como distração, para lançar a segundos os
sobreviventes de Zag ao espaço, não sei quem programou isto,
pensei que tivesse sua mão nisto.
Frank me olha e fala.
— Acha que lhe programaram, porque?
— Levei 4 tiros, não morri, porque não morri, dentro do meu
corpo tem um sistema complexo de veias reservas ao coração e ao
cérebro, algo criado pelos sistemas internos para que não morresse,
mas elas me tiram ciência, ou tiravam antes, agora pareço interagir
com sistemas leves, como câmeras, sistemas de execução, de
códigos, apenas pensando nelas.
— Sabe que aquele sistema Deus, está lhe vigiando.
— Sim, mas ele teve espaço para prender parte dentro de
mim, não sei se foi uma arapuca para ele, mas olhando os sistemas
de controle agora na enfermaria, tenho dois sistemas de
armazenamento de sistemas colocados junto a meu cérebro, mas
não lembro de ter sofrido esta alteração.
— E o que pretende?
— Deixar a presidente e os políticos fugirem, escaparem e
que sumam no espaço.
— Não entendi.
— Frank, acha que as câmeras mostram quantos
sobreviventes nos dois planetas, ainda, mas sem ajuda eles não
sobrevivem?
—Uns 6 mil por planeta.
— Lembra quantos vieram no sistema original, o Inicial, que
chegou aqui.
— 4 mil humanos selecionados.
— Teremos 12 mil para recomeçar, porque precisamos de
políticos que geraram isto, para atrapalhar.
— Acha que eles vão quando?
— Em horas, tem duas naves em orbita mandando 400
pessoas, dos dois planetas para baixo.
— E quer descobrir o que lhe transformaram.
— Me responderia apenas pontos isolados?
85
— Sim, se não for segredo meu. – Frank.
— Tem acesso as programações internas de Zig?
— Não, ele é independente.
— De Zag?
— Nunca nem pensei em tentar o desafiar.
— Tem acesso aos sistemas dos cargueiros de guerra a volta
do planeta?
— Também não.
Olho as câmeras da sala do senhor e falo apontando os
sistemas de reconhecimento de movimento, e falo.
— Zig, Zag, Deus, Cargueiros.
O senhor me olha e fala olhando as câmeras dentro do seu
sistema e pergunta.
— Teria acesso a meu sistema?
Não respondi e falei.
— Se puder ajudar, tem os dados de onde os sobreviventes
estão, precisamos esperar eles nos darem carta branca, após isso,
indicava a ida de um grupo para cada ponto, para proteger.
Frank olha para mim desconfiado e pergunta.
— Acha que este Deus não vai perturbar?
— Sim, mas não esquece, não sou eu controlando, estou
apenas lhe dando os comandos de entrada.
Eu sumi dali e o ser em meu sonho fala.
— Não entendi, está dizendo que esta até dentro de mim?
— Não Deus, eu sou apenas o peão de um jogo antigo, mas
que ainda não sabe quem são as peças principais.
Senti o anestésico e me deixei desacordar.

86
Amanheço, sinto tudo a volta, meu
corpo não estava bem, sinto as aplicações
nele, olho o rapaz do comando, alguém o
havia atingido as costas, ele estava
debruçado no comando de interpretação
de movimentos manuais, olho o meu corpo pelo sistema e olho para
o rapaz e tento o tocar, não consigo, olho o sistema e inverto para o
do rapaz, ativo os sistemas de recuperação, ele dá um movimento,
eu olho o ser ao lado do meu corpo, ele olha em volta, ele agora me
tinha como inimigo.
O rapaz parece sentir dor, ele toca as costas e tira uma faca,
eu senti a dor por ele, que olha os sistemas fechando a ferida e
controlando a pressão, ele dá o alarme e encosta a cadeira.
Três rapazes entram e um toca ele que fala fraco.
— Alguém me esfaqueou pelas costas.
Eu fui ao sistema, olho a câmera, um autômato de limpeza,
olho o ser tocar o autômato e ele invadir a sala, ele pegar uma leva
de alucinógenos pesados, e aplicar em meu corpo, programo os
sistemas do corpo, quase morto ao longe, para eliminarem os
compostos específicos e os aprisionar em cadeias sanguíneas, de
desintoxicação.
Como estava fora do corpo, o ser pareceu olhar os demais e
sorrir, ele agora tinha motivos para me matar.
Olho as câmeras de Frank e ele dar ordens de proteção aos
grupos e isolamento de autômatos de sistema básico.
Vi o general e a presidente entrar e o senhor perguntar.
— O que aconteceu?
O rapaz mostra a imagem do ser induzindo um autômato de
serviço, a agressão ao vigia e depois ao prisioneiro.
— Como está o vigia?
— Os sistemas de regeneração interna, isolaram a lamina, o
que o permitiu acordar e dar o alarme, está sendo operado
internamente pelo sistema senhor.
87
A presidente olha o general e fala.
— Acha que é seguro continuar no planeta general?
— Há meses não é, sabe disto, não entendi o porquê
retornaram ao planeta.
— Human 24 nos fez pensar em uma forma de
abandonarmos as diferenças e as duas partes lançarem seus lideres
para longe.
O general olha para a senhora e fala.
— Se querem fugir, talvez seja a última chance senhora.
A senhora olha para a sala ao lado e fala.
— O ser pelo jeito quer mesmo o matar.
— Talvez ele tenha razão senhora, hora de deixar ele
descansar.
A senhora saiu e o general olha para o ser e fala.
— Ainda não entendo o que quer, não consigo lhe ouvir,
então não entendo, mas pode ter certeza, se você o tentou matar,
pelo pouco que entendi do Tenente Murilo, ele o provocou para o
matar novamente, e se acha que ganha algo com isto, não entendeu
nada.
O ser olha em volta e eu libero as caixas de som de todas as
peças e gargalho por elas, o ser olha assustado, pois o corpo estava
ali diante dele, sem ação, e ouço ele falar olhando em volta.
— Você não estava mais no corpo. – Deus.
Eu não respondi, mas tirei os comandos de comunicação
externa do ser que olha em volta e fala.
— Não pode me tirar as câmeras.
Tirei os contatos fora do sistema e olho onde o ser tem de se
refazer se o mesmo olha o corpo a frente e fala.
— Está tentando me falar algo.
Sinto o corpo e falo abrindo os olhos e para ao general.
— Tem de entender, mas talvez Frank tenha razão, é um
sistema muito falho, e não vou discutir com Deus. – Olhei o general
e perguntei.
— Quando os políticos vão fugir?
— Sabia?

88
— Eles estão matando pessoas ainda general, ordenando
condenações como se não fossemos precisar de cada ser vivo para
recomeçar.
— E acha que eles conseguem ir para onde?
— Não me interessa general, sei que posso morrer ainda, 18
unidades de tranquilizante.
O general me olha e pergunta.
— E não vai pelo jeito entregar os pontos.
— Senhor, o alerta que humanos mentem, era para o senhor,
não para um sistema que não tem noção de que alguém incutiu em
mim a raiz do programa dele, neste instante, algo o isolou, pode ter
sido Frank, e ele volta a precisar da cobaia aqui para viver.
— E vai descansar?
— Sim, vou.
Olhei o general e encostei na cama, fechei os olhos e vi Deus
surgir ali, silencioso.
— Perdido Deus?
— Não entendi ainda como pode estar em um corpo e
parecer que não está ali.
— Pensando ainda.
Olhei em volta e surgem as imagens da cidade de Zag, eu
tento o comando de autômatos e poucos tinham bateria, eles
começam a limpar e se aglomerar em uma parte da cidade, a seca,
pois Zag era uma cidade que corria para dentro do mar, pouco
salino, mais pesado.
Os autômatos começam a limpar uma área, e limpar as placas
solares do prédio principal, outro grupo, começa a lubrificar os
sistemas de pistão das boias de onda, que captavam quase metade
da energia gasta pela cidade.
Um autômato começa a limpar uma área e Deus me olha.
— O que pretende?
— O dia que entender o que quer de verdade, se é realmente
quem diz ser, talvez me entenda.
Os sistemas religam Zag que olha pelas câmeras e parece
procurar quem o reativou, os autômatos continuam sem interagir e
vi o sistema de Zag olhar os dados de sobrevivência e falar no
sistema.
89
— Quem está parando a guerra?
Um pequeno autômato de serviço chaga ao sistema, coloca
um comunicador e sem Deus ao lado ver, sinto em minha mente
Zag.
“Desculpa o atrevimento Zag.”
“Agradeço a energia, mas e se nos atacarem”
“Esta mensagem é fechada, pois dentro dos comandos de
equipamento bélico de Zag, existe um sistema que se denomina de
Deus, ele continuaria a guerra até não existir como recomeçar”
“E como podemos recomeçar?”
“Estou colocando os pontos onde sistemas e humanos ainda
estão ativos, os sistemas de limpeza vão limpar 3 quadras centrais
para recomeçar, e assim que o campo de proteção for erguido,
vamos começar tentar os resgatar em dois mundos Zag.”
“Acha que sobrevivemos?”
“Uma copia sua, decolou a 12 intervalos, com 4 mil
sobreviventes, e uma copia de seu sistema.”
“E que sistema é você?”
“Apenas um Vermelho metido.”
“Um humano ajudando um réptil?”
“Somos todos homo, não vejo como ser diferente!”
“Agradeço pelos sobreviventes”
“Então lembra, sou humano, dou com a mesma facilidade
que tiro, não quero guerra.”
“Nem todos são como você rapaz, sou um sistema, obedeço”
“Apenas alertando”
O sistema parece ligar partes que a muito estavam
desativadas para economizar energia e desvio as câmeras para a
parte de Human 24, e Deus pergunta.
— Vai deixar eles fugirem.
— No universo, tudo se recicla, ninguém foge.
— E não os vai proibir?
— Eu não sei ainda, eles fora, para mim parece algo bom, mas
tenho de entender o que eles querem, pois humanos traem muito
fácil.
— Fala como se não fosse humano.

90
— Verdade – Sorri no sonho e olho os sistemas de ignição e
apenas alerto os sistemas para concertar defeitos sem falar, e a
toda volta surgem câmeras, estranho não saber mais o que sou.
O ser me olhava ao sono e falo.
— Não sei ainda o que fizeram comigo, sei que você foi
instalado – apontei a cabeça – aqui, estou estudando as linhas, mas
estou cheio de duvidas, eu ainda não sei o que sou.
— Como não sabe?
Sorri, estranho não lembrar de parte, mas as lembranças
sequenciais de minha vida, não tinham o momento dos implantes,
então tentava ter acesso a sistemas de implante, comparativos
técnicos para ter uma ideia de quem os fez, estranho indicar
implantes antigos, com tecnologia não registrada no sistema,
estranho os dados, pois implantes com sistemas de 2,5 nanômetros,
é tecnologia alta em sistemas antigos, lembrei do decréscimo de
tecnologia gerado pelas guerras sequenciais, evolução até um
ponto, um decréscimo imenso nos últimos anos, sociedades
definhando geram isto.
Mas minhas lembranças me confundem, alguém me
implantou algo que me permite o que estou fazendo, mas não
lembro de quando, tento lembrar quando, infância de escola
comunitária, escolha por uma carreira militar, toda uma vida que
me traz a este momento e não acho o momento que isto veio parar
em minha cabeça, em meu corpo.
Se tem algo que não gosto, é relembrar erros, mas se tinha de
achar algo estava tentando sem sucesso.
Eu encosto no canto e as imagens somem e ouço.
— Vai me deixar sozinho, neste escuro total.
Sorri, pois não tinha o que fazer, não sabia ainda o quefazer e
relaxo e começo a controlar a respiração e durmo. Quer dizer, já
estava dormindo, teria de criar um termo para isso.

91
O acordar com calma, me faz
estranhar, olho em volta e parecia noite
ainda, sento na cama, estava ainda
tentando isolar aquele veneno de mim.
Olho as câmeras, todos em seus
postos, todos em seus postos, olho os olhos, tensos, olho as
câmeras e amplio o sistema e olho para o rapaz da enfermaria
entrar e falar.
— Como está tenente?
— O que perdi?
— A presidente mandou o general verificar uma resistência a
duas cidades, estão todos tensos, parece que alguém ouviu que ele
não vai retornar.
Olho as câmeras e os sistemas e o rapaz pergunta.
— Está bem mesmo?
Pensei na frase, lembrei que estava na cama e fechei os
olhos, e respondo olhando para o rapaz.
— Onde o pessoal da Presidente está?
— Base de lançamentos.
— Os que chegaram lá.
— Também estão lá.
Olhei as câmeras, as normais desligadas, os sistemas ativos,
mas com proteção, ativo as câmeras externas com ampliação de
quadros, e vejo eles entrando na nave e fala.
— Dá o alarme silencioso para todos dentro desta base.
— Problemas? – O rapaz.
— Eles vão ligar os propulsores de Human 24, qualquer erro é
explosão, não vai querer estar lá fora se chover nitrogênio liquido
em explosão.
O rapaz sai e olho para um sistema externo e ele decola no
sentido da cidade vizinha, os militares afastados poderia ser para
não terem de discutir sobre quem iria, mas olho aquelas crianças

92
isoladas, com poucos adultos, tentando sobreviver e procuro um
autômato perto e surjo lá.
Olho para fora e olho o general cercando a área, o humano
me apontou a arma.
— Melhor economizar para inimigos.
Olhei para o caminho e senti o meio, as medidas, as distancias
e chego a um megafone, o ligo e falo.
— O que faz aqui general?
Não sei o que ele pensou, mas o senhor olha em volta, sinto
pelo infravermelho, olho para Rick e falo.
— Se atirar Rick lhe tiro a cabeça depois.
O general sai a rua e pergunta.
— Quem é você.
— A proteção de velhos e crianças, o que um exercito armado
faz vindo na surdina senhor.
Senti o senhor ao fundo olhar em volta e falar.
— Eles nos cercaram, quem são?
— Ainda não sei se estão na função animal ou humano
senhor.
Ouço o tiro, e dou um passo ao lado e o tiro que iria ao
senhor atinge o peito do autômato, olho o senhor que recua.
— Protege as crianças.
Mexer o autômato, foi difícil, liguei uma colheitadeira ao
fundo, um sistema de coleta, e eles começam a andar no sentido
dos soltados, com seus sistemas de colheita ligados, era só desviar,
mas eles não saberiam se estávamos sozinhos.
Olho o senhor e pergunto.
— Tem uma arma sobrando?
O senhor olha os sistemas ligando e me alcança a arma e fala.
— Não sei porque nos defende maquina.
— Talvez por saber o valor da vida.
Eu liguei o megafone e falei.
— Todos que vierem, com armas ativadas, saibam, Murilo
723S vai os matar, pois quem mata animais no caminho, e vem
matar crianças, deixa de ser soldado para virar animal, e eu, Murilo
723S mato animais inúteis.

93
Via os soldados se armarem pelo infravermelho, dois
miravam na cabeça do autômato, fiz um gesto com a mão e todos
os sistemas de coleta se ligaram, drones de medida, se ergueram,
sistemas de energia, o senhor recua, vi ele entrar em um buraco, foi
acompanhado de mais dois.
Estava pensando se valia as balas, e ouço.
— Esta terra tem de recomeçar com fortes, não com crianças.
Temos ordens de limpar a área e vamos o fazer. – General.
Dei ordem para meu corpo e ele se levantou da cama, o rapaz
se assusta e fala.
— Tem de se cuidar.
— Se o general voltar, ele vai me matar, então para que ficar
bem rapaz.
Um rapaz a porta me aponta a arma e fala.
— Não em autorização para sair.
Sorri, dei dois passou para ele puxei a arma, a desviando, dois
tiros na parede e um direto de esquerda, o rapaz ainda na surpresa,
sente eu inverter a arma e dar com tudo em sua cabeça.
Olho as ordens no sistema e olho para o rapaz caindo, para o
autômato no meio daquele campo na entrada de uma cidade
destruída ao fundo, sinto o sistema e ligo os sistemas automáticos.
A imagem conjunta do rapaz caindo, acertado a cabeça, das
ordens no sistema para me manter isolado, para destruírem todos
os sobreviventes a volta, eu abro um caminho pensando no melhor
e parecia que apenas eu queria isto.
Sinto o meio e falo.
— Base lacrada, apenas um saindo.
O enfermeiro viu as portas se lacrando, até a porta que saíra,
e começo a sair e começo a sair pela porta.
Eu paro a entrada, pego minhas armas, minhas coisas, sabia
onde estava.
Eu saio e vejo um sistema de transporte aéreo parar a minha
frente e vejo 4 autômatos.
— Como ajudamos.
— Deveriam estar dando cobertura lá, não aqui.
Senti o ligar do motor ao fundo, o estrondo foi imenso, eu
olhei os mesmos e entrei no veiculo e falei.
94
— Vamos.
O sistema desvia a base de lançamento e olho pelos olhos do
autômato a entrada da cidade.
— Estou tentando ainda que eles baixem as armas,
mantenham ainda a trava ativada.
Olho o general ao fundo olhar em volta, ele achou que era
blefe e fala.
— Matem este autômato e limpem a área.
Se ouviu o disparar ao espaço da nave ao fundo, sinto o
autômato ser atingido, os soldados começam a avançar em todos os
sentidos.
Manter a calma, olho a arma e pelo infravermelho acerto os
dois as costas, não teria bala para todos.
Inverto as colheitadeiras e o general viu os rapazes serem
pressionados para seu lado, para não ficarem nas laminas da
colheitadeira.
— Quando voltar para lá, vou terminar o serviço.
— Uma pena ter de refazer o exercito com crianças.
— Você nunca foi o melhor, para ser problema. – O senhor ao
longe.
Olhei através dos rapazes e vi os autômatos a volta, sorri, era
para fazer uma lenda.
— Não esqueçam amanha, vocês poderiam ter morrido se
quisesse.
Senti o autômato com toda minha força, senti eu chegando
ao fundo e caminhei para trás, para alguns poderia parecer que
estava recuando, mas precisava de armas, chego aos dois mortos,
pego as duas armas e sorri, começo pelas pernas, ombros e olho o
general ao fundo.
Ele viu os rapazes ser atingidos e ouvi.
— Vão perder para um autômato?
Sorri e ouvi minha voz, ao fundo falar.
— Não, vão perder para um autômato de serviço.
O general olha para suas costas e vi ele por dois ângulos, um
no infravermelho, outro por meus olhos, encostei a arma a cabeça
do senhor e falei alto.
— Ultima chance de baixar as armas.
95
— Na... – O general começa a frase e o tiro atravessa sua
cabeça, gente que nunca se sabe de que lado estava.
Olho para o espaço, aquela nave e estalo um dedo, todos me
olharam e viram a mesma explodir no ar, e repito alto.
— Ultima chance.
Ouvi tiros no meu sentido e apenas saquei a arma, tiros na
cabeça e olho para os autômatos.
— Limpem a área, nada aconteceu aqui.
Olho o autômato de serviço e falo.
— E ajudem ele a se refazer, fez um trabalho digno.
Começo a entrar e chego a porta que vi o senhor entrar e
bato nela.
Esperei, o senhor saiu armado e me olha.
— Quem é você?
— Apenas um desertor desse tipo de guerra.
A arma apontada me deixava tenso, mas era bom eles terem
medo, estávamos voltando a colonização local, ainda sem ordem.
—E o que quer?
— Apenas alertar, os autômatos ao fundo, vão começar a
limpar e reerguer a vila, talvez tenhamos depois de organizado,
trazer os demais sobreviventes, sei que estamos recomeçando, mas
no momento, não é hora de atirar neles.
— E não tem nome?
— Pode me chamar de Murilo de Zig.
— Obrigado.
Não falei nada e comecei a sair, os autômatos começam a
organizar as coisas, pego a condução e volto a base, chego e
entrada, todos desacordados por sonífero.
Abro a base, fecho meu capacete, as minhas costas entram 4
autômatos de Zig, eu apenas programo o desarmar de toda a base,
e fazer do lado de fora uma montanha do que destruiríamos, as
armas.

96
Olho os rapazes postados, olham
como se estivessem entrado pelo cano, eu
nunca fui bom em discursos, mas eles
postados ali, estabelecia que teria de
deixar as coisas claras.
— Para quem não me conhece, Murilo, acabamos de decretar
o fim dos exércitos de Zig, então estamos desarmando e dando fim
a todas as armas do planeta.
Olhei os rapazes e continuei.
— Tem coisas que não entendo, e que preciso de ajuda, não
tomei o poder por opção, vocês queriam me matar porque uma
presidente que já foi ao espaço, mandou me matar.
Olhei aquele ser entrar pela porta.
—Então ninguém está detido, mas preciso em outras funções,
quem não quiser estar aqui, as rodovias estão vazias e livres, alguns
caminhos lhes garanto, dão a volta ao planeta e não acharão uma
alma viva.
O senhor olha-me e pergunta.
— Tomou o poder?
— Cansei de sofrer atentado todos os dias.
— Soube que está eliminando armas, podemos levar isto a
serio?
— Sim, é sério, aqui e em Zag, estou eliminando armas e
tentado recomeçar.
— E quem lhe apoia lá?
— Eu me apoio, eu pressiono, eu imponho.
— E como podemos confiar, você não parece um humano
apenas.
Sorri, pois era aquele ser que a única coisas de humano que
tinha era um parcial de um cérebro humano.
Olhei os rapazes a frente e falo.
— A segurança da cidade de Mars é feita por mim, qualquer
pessoa que discordar, fala antes de fazer burrada.
97
Frank olha os autômatos de Zag entrar pelo fundo e se
posicionarem, olha para mim e pergunta.
— Pelo jeito terei de cuidar com você.
— Frank, você estará vivo e eu não serei nem lembrança, mas
seria bom olhar direito desta vez, pois poderia ter evitado esta
carnificina, vi pela posição referente aos sobreviventes, que nem
está ai para a sobrevivência deles, quase acreditei que você tinha
algo de humano, mas esqueci que deve ter esquecido o que é ser
isto a muito tempo.
— E como vai os ajudar sem minha ajuda.
— Eu conto com apoio de Zig, você, um humano sem corpo
que despreza humanos, não preciso de seu apoio.
— Zig me deve respeito.
Sorri, as vezes isso ainda me parecia estranho, um sorriso era
sempre quase sínico, o ser tenta acessar o sistema e olha que era
incriptado com sistema quântico, queria ver ele achar a senha.
— Usando sistema de Zag? – Frank.
— Não, usando um misto de Zig, Zag, e Deus, não sei ainda
quem desenvolveu isto Frank, mas esta busca agora vai ficar mais
fácil, pois quem o fez queria a paz.
— Dizem que você matou todas as lideranças.
— Um povo morto, não tem lideres, tem mandatário.
— E não vai negar?
— Estava lá Frank, eu dei a chance deles recuarem, eles não
recuaram, eu não gosto de ações que não vejo como ganho, mas
exercito para matar crianças, para lavarem as mãos para a
continuidade, não precisamos.
O ser olha um imensa nave pousar na parte do fundo e
pergunta.
— Quem está chegando?
— Talvez quem possa me explicar o que aconteceu, já que
você, Zig, Zag, o comando dos dois lados, não sabem.
O grupo saiu e vi a forma que os militares me olharam, eles
não sabiam fazer outra coisas, tento entender o que eles estavam
sentindo, talvez se tivesse no local deles, me olharia como inimigo.

98
Saio e olho aquela nave imensa,
não era espacial, era de transporte, olho
Frank a frente e ele fala.
— Parece vazia.
Eu acesso os sistemas de câmera e
olho todos os lados, olho os autômatos e eles tomam a frente e eles
fazem sinal para os rapazes recuarem.
Frank me olha e pergunta.
— O que viu que não vi?
— Não sei quem foi o filosofo que falou, “câmeras de vídeo,
são uma viagem ao passado”.
O senhor me olha e pergunta.
— Eles desceram antes de se aproximar, mas destruiu as
armas.
— Eu não tenho medo da morte Frank.
Eu passo pelos autômatos, Frank e os autômatos que ele
comandava recuam, vi um rapaz me olhar e falar.
— Destruiu nossas armas, como resistimos.
— Recua e presta atenção.
Eu vi os carros chegando e olhei militares com armas, a nave
me diria, Duans, do outro lado do planeta, olho aqueles seres, os
carros parando ao longe e um senhor fala ao fundo.
— Quem não resistir não morre.
Pego o megafone e falo.
— Não temos armas para resistir.
Observo os seres por todos os lados e acesso os autômatos e
eles começam a sair e Frank me olha.
— Vai recuar?
— Não, eles nos cercaram, eles tem VX. – Fiz sinal para o
rapaz que me indagara, para pegar mascara e distribuir.
Eu estava sem uma arma de tiro, mas a machadinha ainda
estava as costas, olho o senhor ao longe e falo.

99
— Se não me engano, deveria estar protegendo o povo
general Silvino.
O senhor se ergueu no veiculo ao fundo e fala ao megafone.
— Quem está na liderança.
— Sem liderança, os políticos explodiram no espaço tentando
fugir do sistema solar, o general local, morto em um enfrentamento
mais a frente, as armas destruídas ao centro da praça, mas é bom
saber que ainda temos exercito.
— Não somos mais do exercito.
Sorri, o senhor olha os autômatos ao fundo e fala.
— Eles não podem nos atacar.
— O exercito não senhor, mas desertores, com certeza.
Ouvi Frank ao fundo e falei fechando a mascara.
— Eles vão atacar.
Olhei a nave que pousara no automático, olhei o comando de
combustível e apenas um cano por pressão e o fogo começa a pegar
na nave, o general olha a nave, um cavalo de troia com certeza.
Vi os autômatos avançarem, e desarmarem os militares, eu
olhei o veiculo do senhor, vi bombas de VX surgirem por todo
campo, os rapazes fecham a entrada e Frank me olha.
— Não lhe entendo.
— Odeio morrer, qual o problema.
— Mas não tem uma arma.
O local começa a ficar vermelho, de tantas bombas de veneno
vindas de vários locais, e olho o general e pergunto.
— Não vai recuar general, ou será mais um morto?
O senhor fez sinal para mais bombas e inverti os exaustores
da base ao lado, e o ar soprou sobre os seres, um comando e as
viseiras se abriram, morte vermelha, sim, era como a chamávamos
em campo.
A nave explode no hangar e os soldados a toda volta caem.
— Purificadores.- Falei baixo, e os autômatos começam a
jogar ao ar aquela mistura que parecia chuva de bolhas de sabão.
Vi um grupo chegando a mais pela estrada, não sabia quem
eram, mas estes não cercaram, apenas chegam a praça.
Carro blindado, um senhor sai pela parte alta e pergunta.
— Quem os lidera?
100
— Eu.
Vi o rapaz sacar uma arma atirar em mim e falar para Frank.
— Quer viver ainda lenda?
— Viveria independente de levar um tiro.
Vi meu corpo ao chão, vi o senhor atirar mais 3 vezes no
corpo caído e vi os helicópteros no ar.
— Quem é você?
— Quem venceu a guerra.
Olhei o contingente chegando e vi o Comandante Persk.
— Um rapaz abre a viseira do meu corpo e olha para o rapaz
e fala.
— Era Murilo, não precisava o matar idiota.
— Ele matou o general Silvino.
— Ouvi a conversa, outro retardado.
O rapaz olha para Frank e pergunta.
— O que Murilo fazia os comandando?
— Desarmou todos, assumiu o sistema e estava se impondo,
sobre os comandados locais, quando vocês chegaram.
O comandante Persk chega e olha Frank.
— Perdido aqui Frank.
— Não entendi o que criaram comandante, perdeu um aliado
ao chão, por não saber conversar.
— Murilo 723S estava virando lenda, uma hora as lendas
morrem.
Olhei para o lado de Deus surge ali e me olha.
— Todos vocês se odeiam, nem precisamos os matar, vocês
se matam.
Deus olha todos lhe olharem e me olha, sabia que todos
olhavam para ele e pergunta.
— O que quer com isto?
— Eles não precisam saber que não morri ainda.
Ele olha o chão e fala.
— Se vão o matar, tem de fazer melhor.
O comandante Persk olha Deus e pergunta.
— O que é você?
— Um sistema tentando matar este soldado que vocês
criaram, mas não entendi, vocês não estavam mortos?
101
O senhor olha a nave explodindo ao hangar e fala.
— Esqueço que Murilo tem implantes de controle de sistema.
Frank olha o comandante.
— Ele não sabia disso Frank, ele é um soldado, ele se
desmotivou da guerra, a uns 4 anos, ele foi internado por uma
virose forte que o induzimos, ele ficou 3 dias inconsciente, mas ele
não viu os implantes, e voltou ao campo.
Eu olhei os autômatos e todos recuam e o comandante
pergunta.
— Com medo Frank.
— São autômatos de Zag, sobre controle do comando deste
seu soldado ao chão comandante.
O senhor olha a formação de soldados na estrada, eu olho
eles, marchando, com todos os meus vícios, mas eu não tinha
pensado em uma coisa e apenas procuro os sistemas de implante a
volta e vejo o rapaz que me deu um tiro olhar em volta e falar.
— Não entendi.
O comandante olha para ele, eu olho para o chão, as balas
saem do corpo e cicatrizam, eu fecho a viseira e me viro, todos me
olham se erguer, até mesmo eu fora do corpo, e Frank sorri.
— Me queria morto Comandante Persk? – Perguntei para ele
olhando serio.
— Deve ter entendido errado.
Olhei o rapaz que havia atirado em mim e falei.
— Agora recruta covardes?
Olho Sergio 723S e falo.
— Como estão as coisas Sergio?
— Cheio de truques agora?
— Já tentaram isto quando o comandante Persk me mandou
a campo para morrer, mas a pergunta é como as coisas estão, pois
para mim, como já havia falado a 4 anos, perde sentido quando
apenas civis estão morrendo, e ações covardes comemoradas.
Senti o rapaz pegar a arma e olhei para Persk e falei.
— Tem a chance de cancelar a ordem senhor.
Ele olha o rapaz esticar a arma para mim, agora na altura da
cabeça, e fala.

102
— Não pode tomar as rédeas, não o colocamos em campo
para você assumir o fim da guerra e sim para a continuar.
— Amando de quem?
— Do comando militar.
— Quem ainda está vivo comandante?
O rapaz estica a arma apontada a minha cabeça, mas agora
sabia o comando das ordens neurais do rapaz, ele tentara puxar o
gatilho, mas não conseguira, então o comandante me olhava como
se não tivesse como vencer.
— Eu, terei de assumir o posto do general Silvino, mas você,
está morto.
— Porque agora general Persk?
— Eles nos deram uma opção, no fim, sobrevivemos, e os
fracos vão deixar seus herdeiros, se vou morrer, sem deixar minha
semente, todos vão morrer.
— Resposta errada Persk.
O rapaz desvia a arma para o comandante de atira, e depois
atira na própria cabeça.
Olhei Sergio me apontar a arma e falo.
— A escolha ainda é sua Sergio.
— Não entendeu que nem você tem comando total de suas
ações.
Como alguém que via a cena por dois ângulos, olhei para a
minha programação ao lado e ela me olhou, Sergio olha para eu
surgir como um espectro ao lado e falar.
.— Não entendeu Sergio, mesmo que matar meu corpo, eu
continuo vivo.
Frank já me olhara antes naquela forma, mas Sergio olha o
comandante ao chão e fala.
— Não sei fazer outra coisas Murilo.
—Então aproveita a dica, sai, pensa, pois quem vier
conversar, será bem vindo, quem vier guerrear, tem de saber, nem
eu sei ainda como vou ter o direito de descansar um dia.
—Bons homens morreram hoje. – Sergio.
— Então deixa para outro dia sua morte Sergio.
Ele recolhe a arma, ao fundo a base se abria e os rapazes
começam sair e Frank me olha.
103
— Ainda não sei o que você é?
— Também não senhor.
O rapaz que falara das armas, olha as mesmas no chão, com
os mortos e olha para mim, estranho ele me olhar, e olhar para
mim, de novo, por outro ângulo.
Sorri e ele falou.
— Os matou como?
Sergio olha os rapazes saindo da base e me olha.
— Desarmou um exercito, sabe a encrenca que armou.
Não sorri, acabara de saber que boa parte deste grupo, tinha
um sistema de controle mental, para não poderem desertar ou não
cumprir as ordens.
Olhei o rapaz e falei.
— Somente quando se tenta atirar em mim rapaz, se
descobre quem realmente eu sou. – Falei pelo meu corpo, vendo as
marcas de tiro no uniforme. Peguei uma arma ao chão e joguei para
ele e falei.
— Quer tentar?
O rapaz pega a arma, olha os mortos e pergunta.
— E vai me matar se tentar.
— É um desafio você conseguir puxar o gatilho.
O rapaz estica a arma e não consegue puxar o gatilho e fala.
— Não é justo?
Um puxei a machadinha as costas e falei.
— As vezes por isto, temos de saber usar os demais meios de
defesa.
Os rapazes chegam ao rapaz enquanto minha forma ausente
do corpo sumia. Ele inverte a arma e me devolve.
— Pensei que não tinha um sistema de defesa.
— O grande problema, é que gente que não deveria ter
morrido, morreu.
Comecei a entra, não gostei do resultado, mas vi que Frank
entrou e falou.
— Pensei que mataria todos.
— Ali fora, tem um senhor morto, que foi o mais próximo de
um pai que tive, educado na escola militar deste os 7, sem pais
desde os 4, então ele foi a pessoa que me criou.
104
— E não queria o matar.
— Não morreria apenas porque ele não sabe dizer, vamos
passar por cima disto, ele pensava como você, eu sou o errado,
quero o reerguer de um mundo, enquanto muitos, apenas querem
o fim dele.
— Acha que verá aqueles rapazes novamente?
— Infelizmente sim, mas a mudança é uma escolha, assim
como a sobrevivência, sabe bem disto Frank.
Eu apenas pensei no limpar da região e autômatos
começaram a fazer.

105
62 dias entre por autômatos para
fabricar autômatos, sistemas de plantio
para arar terras as revirando, dando a
chance de replantio.
Sento a uma escola, como nunca
fui, vi as crianças estudando e brincando, eu nunca brinquei, eu
nunca me dei a chance de me mostrar fraco e vi aquela menina
chegar e me esticar uma caneca de Caldo Vermelho, bem
temperado, ela me olha e pergunta.
— Não sorri nunca?
— Não sei, o mundo a volta está desabando.
— Obrigada.
A olhei sem entender.
— Não foi nada de mais.
— Enfrentou exércitos para que vivêssemos, tem algo mais
importante?
Pensei, estranho eu estar ali, ter a visão de mais de mil
pontos, de tentar parecer normal, mas ainda vinha uma pergunta, o
que me tornei, as vezes, discutia com os demais sistemas, mas eles
pareciam me temer.
Ela me abraçou e falou.
— Vai nos dar proteção?
A olhei.
— Não temos mais família, não temos além do senhor Nuno,
ele parece lhe respeitar, mas é triste viver escondidos.
— Calma, as coisas vão melhorar.
Naquele fim de tarde, olhei a transmissão ao fundo, que
gravei dois dias antes ser transmitida em todas as ondas, dizendo.
“Meu nome é Murilo, de Zig, estamos tomando as rédeas, as
cidades de Zig e Zag, tem estrutura novamente para os receber,
estamos ainda enfrentando resistências armadas que querem a
guerra, por não saberem viver em paz, mas hoje, recuperamos a
operação de 30 satélites, vamos manter os comunicados de ajuda e
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serviços ativos, deixando claro, poucos sobreviveram, a guerra
acabou, e qualquer um que não estiver de acordo, me terá como
inimigo, não vou recomeçar uma guerra por escolhas pessoais, os
que quiserem paz, estamos de portas abertas, os que forem contra
ela, adubaremos as terras os transformando em adubo.”
A menina me olha e fala.
— Você mataria mesmo alguém, parece do bem.
Sorri, eu não sabia sorrir ainda, mas é que ser do bem, não
quer dizer se omitir, se esconder, eu escolhi o meu caminho, se me
querem como apoio, apoio, me quer como inimigo, se cuida.

Fim.

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