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J.J.

Gremmelmaier

Zeta

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2017

1
Autor; J. J. Gremmelmaier tentando narrativas diferentes, cria seus
Edição do Autor mundos imaginários, e muitas vezes vai
interligando historias aparentemente sem
Primeira Edição
ligação nenhuma. Existem historias únicas,
2017 com começo meio e fim, e existe um
Zeta universo de historias que se encaixam,
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte formando o universo de personagens de
Gremmelmaier, João Jose J.J.Gremmelmaier.
Um autor a ser lido com calma, a
Zeta / Romance de Ficção /064
mesma que ele escreve, rapidamente.
pg./ João Jose Gremmelmaier /
Curitiba, PR. / Edição do Autor / 2017
1 - Literatura Brasileira –
Romance – I – Titulo
Zeta
Conto rapido de
85 – 62418 CDD – 978.426 J.J.Gremmelmaier,
As opiniões contidas neste livro que fala de um rapaz,
são dos personagens e não de nome Douglas, que
obrigatoriamente assemelham-se as
acorda preso em uma capsula, e
opiniões do autor, esta é uma obra de
ficção, sendo quase todos ou todos os começa suas lembranças, tentando
nomes e fatos fictícios (ou não). explicar como ele acabou ali.
©Todos os direitos reservados a
J.J.Gremmelmaier Agradeço aos amigos e colegas
É vedada a reprodução total ou que sempre me deram força a
parcial desta obra sem autorização do continuar a escrever, mesmo sem ser
autor. aquele escritor, mas como sempre me
Sobre o Autor; repito, escrevo para me divertir, e se
João Jose Gremmelmaier, nasceu conseguir lhes levar juntos nesta
em Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, aventura, já é uma vitória.
formação em Economia, empresário por
anos, teve de confecção de roupas, Ao terminar de ler este livro,
empresa de estamparia, empresa de venda empreste a um amigo se gostou, a um
de equipamentos de informática, mas inimigo se não gostou, mas não o deixe
também trabalhou em um banco estatal. parado, pois livros foram feitos para
J.J Gremmelmaier escreve em suas correrem de mão em mão.
horas de folga, alguns jogam, outros J.J.Gremmelmaier
viajam, ele faz tudo isto, a frente de seu
computador, viajando em historias, e nos
levando a viajar juntos. Ele sempre destaca
que escreve para se divertir, não para ser
um acadêmico, ele tem uma característica
própria.
Autor de Obras como Fanes,
Guerra e Paz, Mundo de Peter, Trissomia,
Crônicas de Gerson Travesso, Earth 630,
Fim de Expediente, Marés de Sal,
Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João
Ninguém, Dlats e Olhos de Melissa, entre
tantas. Capaz de criar um universo todo
próprio de personagens. Ele cria historias
que começam aparentemente normais,

2
©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

Zeta

3
Nem sempre sei onde vou acabar a historia, esta
surgiu como um pesadelo, lógico que pesadelos não
são racionais, e não poderia deixar mais no ar do que
deixei, em um ano que estava colocando tudo no
papel, surge Douglas, podem dizer que usei um nome
famoso para meu personagem, eu digo, usei apenas
um nome a mais.

Douglas acorda em uma capsula e começa a


recordar com chegou ali, e por ai desenvolve a
historia.

4
Acordo assustado, tento recordar
onde estou, estranho, olho em volta, olho
que estou em uma capsula, me assusto,
abrir os olhos estava difícil, tento levar a
mão aos olhos e ouço o alarme, e olho uma
luz acender, e vir no meu rosto, sinto a dor
nos músculos e ouço algo que não entendia.
Tento me mexer, o alarme estava me irritando, alto, e olho e
tento falar e vejo que tinha alto em minha boca, cuspo e olho para
as luzes mudarem, e uma capsula abrir.
Onde estou, não sei como vim parar aqui, o que lembro estar
fazendo, sentado em um bar em Paris, não, já tinha ido a Londres,
não, já tinha embarcado para New York, tento lembra de ter
desembarcado, não, onde estou, será que o avião caiu?
Tento olhar, tento puxar o braço, esta preso, será que posso
me mexer, onde estou.
Uma capsula, será que acham que morri e estou em um
caixão especial, não, não parecia, quer dizer, nunca estive dentro de
um para saber.
Não sei ainda como vim parar aqui, tendo mexer os braços,
não consigo, não sei, as vezes tenho medo, meus pensamentos
tentam, mas parece que nada está vindo, será que estou morto?
A dor na perna, quando tendo a mexer me diz, não estou
morto, mas estou inerte, não consigo olhar em volta, e estou
tentando não entrar em pânico.
Minha ultima lembrança, tento lembrar, mas devo estar
confuso, dizem que não lembramos das horas próximas a grandes
traumas, mas onde meus pensamentos me levam.
A lembrança da morte de minha mãe, lembro dela na cama,
lembro dela falar que não queria um funeral, os antigos queriam
voltar a vida, ela não, lembro do rosto de desgosto dos tios, quando
ela disse que queria ser cremada, e seus restos jogados ao mar,
lembro pois ela deveria sentir-se como estou agora, presa, sem
movimentos.
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Ela tinha uma doença que a tirou todo o movimento, primeiro
foram as dores, depois ela disse que os remédios estavam a
deixando confusa, e de um dia para outro, eles deixaram de
funcionar, a dor a fazia gritar, lembro da dor nos olhos dela, uma
lagrima me corre ainda aos olhos, quando lembro disto, mas ela
sentia-se viva, dentro de algo assim, apenas olhos se mexendo,
qualquer movimento, dores insuportáveis, lembro da força dela
dizendo que queria ser cremada, e lembro de meus tios, falando
que não deveríamos ouvir os últimos apelos de nossa mãe.
Agora eu estou aqui, será que o destino desta família é este?
Ainda não tinha muita dor, mas sinto um cheiro e isto
pareceu me levar a um passado, estranho, pois sinto o sono me
tomar, mas a mente pareceu ficar ativa, os olhos fecharam, uma paz
me tomou, será que é o fim?

6
Eu sentindo meus pensamentos se
perderem começo a falar comigo mesmo,
“Nome, Douglas, sobrenome, Adams,
quantos anos tenho, iria fazer num dia que
nem sei se estou antes ou depois, pois faria
no dia 26 próximo, 30 anos, o que faço da
vida, tenho em uma distração, pois para mim traduzir textos de
outras línguas para a minha, é uma distração, minha profissão e
ganha pão.”
Porque o cheiro me levou a perto de 6 meses, talvez por sem
o qual, não estaria viajando, me convidaram para um fim de
semana, no dia 4 de Julho, para ir conhecer uma formação geológica
em Utah, eu natural da Califórnia, uma cidade ao norte de nome
Mendoncino, eu gosto de não estar nos grandes centros, para
entender o todo, para quem traduz, tem de estar longe das
tecnologias, elas nos induzem a pensamentos que não são dos
autores.
Lembro, pois chegamos a um vilarejo abandonado ao norte
de Utah, foi uma exploração de carvão, então era uma casa, tempo
frio, com uma mina de carvão ao fundo, lembro de Call falar que ele
e Paul iriam ver se aquela formação ainda era firme, lembro de
Kamile dizer que era perigoso, e apenas os vi sair no sentido da
caverna.
Eu fiquei a arrumar algo para comer, eu sou alguém que
come pouco, então não tenho aquelas reservas corporais de alguns
amigos, dizem que eu faço careta quando estou com fome, e como
dizem que vivo com fome, que sou o mestre das caretas.
Quando estava a terminar de arrumar, lembro de Call entrar
pela porta e me olhar.
Ele trazia o celular a mão e pergunta.
— Você que entende disto, o que seria este símbolo.
Lembro dele me mostra algo que parecia uma arvore, ele
estranhou a frase após.

7
— Tem um salão, depois do corredor principal, e lá tem esta
Arvore, mas o que parecem folhas, são chaves.
— Não entendi.
O rapaz alcança uma para mim, e nela estava o nome da
família de Call e ele fala.
— Estava sobre minha cidade natal e quis olhar, e está meu
sobrenome nele, o que isto quer dizer.
Eu sempre olhei a forma estranha que Call desafiava as
coisas, mas aquilo não estava no normal, e olhei para Kamile e falei
pegando minha câmera digital.
— Vou dar uma olhada.
Lembro de caminhar aqueles quase 300 metros entre a casa e
a entrada da mina.
Lembro de olhar desconfiado para as paredes esculpidas,
nitidamente na dinamite e depois algum tipo de escavação a
maquina que deixava as marcas, se da casa a entrada foi rápido, os
mesmos 300 metros na mina, pareceu bem demorado, via aquela
luz vindo de onde eu iria, ter luz ali já era algo que não esperava, e
quando chego ao local,
Olho aquela arvore, deveria ter perto de um metro e oitenta,
tive de fotografar, já vi algo assim na internet, mas não esperava
algo físico como aquilo.

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Chegar perto, fez olhar para onde eu nascera e foi quase
instintivo querer saber qual a família dali que estaria, e estranho, a
primeira vista, nada, mas vi o Adams se formar e olhei para Call.
— Não entendi, é como se soubesse algo a nível de quem
pega a chave.
— O problema, é que uma vez tirada Douglas, não dá para
retornar, é como se fosse determinado algo, não entendi.
Chego bem perto e olho algumas inscrições e estranho, aquilo
me parecia copta, mas estávamos em Utah, a primeira coisa que
pensei, foi colocado aqui, é algo muito recente, mas olhei em volta,
e olho para a gruta, olho para o teto e não consigo dizer o que
estava brilhando, era o teto inteiro, e Paul fala.
— Não tem como chegar ao teto, e também não sei o que
brilha desta forma, é luz branca, transmite calor, mas se
estivéssemos abaixo de uma lâmpada normal, estaria muito quente
este lugar.
Para mim, ainda estava frio, entendo que as pessoas são
menos sensíveis ao frio, mas eu poderia jurar que toda aquela luz
não parecia esquentar nada.
Eu com a câmera fotografei e filmei e olhei em volta, tento
fotogravar o teto, mas não conseguia olhar pelo visor, teria de olhar
depois se dava para identificar, e sai dali, realmente não consegui
por de volta, uma folha que virou uma chave de 20 centímetros de
comprimento e que tinha meu sobrenome.
Olho para o corredor, depois de uma sala muito brilhosa,
aquele corredor pareceu muito escuro, quando chego a saída, olho
para a entrada da mina, a fotografo, aquilo não era algo normal, não
tinha nenhuma noção do que aquilo me revelaria.
O pessoal foi para um banho e fiquei a olhar a imagem, passei
para a TV a frente por sem fio e ampliei, olhei que parecia ter coisas
escritas nas folhas quando aproximei.
Pego a minha chave e olho que embora no cabo da chave
tivesse o sobrenome do meu pai, na folha, parecia ser um símbolo
diferente, fui a internet e olho para os símbolos, fiquei confuso, pois
não faziam sentido, e aquando olhava de volta, parecia ter mudado,
fiquei cansado e fui deitar.

9
Quando lembrei que era lembrança, tentando me mexer
nesta capsula, estranho, pois não lembro de ter sentido algo
diferente, mas senti que o cano a boca estava ali, senti aquela pasta
correr a garganta, era uma forma de comida, pelo menos não
deveria estar morto, não se alimenta mortos.
Minha mente parecia ficar mais ativa, mas tentava entender o
que era o que sentia o gosto, mas não consegui identificar.

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Eu estava sentindo o gosto e minha
memoria parecia me lançar aquelas férias
estranhas em Utah, lembro que estava
dormindo e sou despertado por um
barulho seco e forte, pulo da cama
assustado, sim, eu um dia já fui do
exercito, mas hoje não mais, então sabia quando ouvi o segundo
tiro, que era alguém atirando, coloco a calça, pego uma arma na
mala, olho aquela chave no bolso da camisa, olho para a porta e
Mary entra e fala.
— Os rapazes estão voltando, mas parece que conseguiram
confusão no vilarejo.
— Que vilarejo?
— Quando você dormiu, eles saíram e foram procurar algo
para fazer, e parece que estão na entrada do lugar, não entendi o
problema.
Saio a porta e olho o caminho, olho para a mina, e aquela luz
continuava lá dentro, olho o caminho, e caminho vendo aqueles
senhores armados, e Call e Paul, Richard e Camacho a olhar eles.
Eles me olharam e fizeram sinal para me abaixar, talvez eu
estivesse dormindo, pois não achei preciso.
Um senhor me olha e pergunta.
— Você que vai pagar os estragos destes?
Eu olhei o senhor e olhei para os rapazes do outro lado e
perguntei.
— Quem fez o maior estrago? – Olhando para Paul, sabia que
ele era o da confusão, mas quando o senhor falou respondendo.
— Aquele hispânico.
Call estava tentando se esconder e olho para Camacho e para
o senhor.
— Duvido senhor, se queria perder dinheiro, acabou de
perder, quer me matar, é homem para atirar e assumir, matei, ou é
como muitos, falam alto e depois dizem que atiramos primeiro?
— O que estes vermes faziam lá?
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Lembrei de uma frase de minha mãe, me pareceu pertinente,
e falei.
— Vermes somos todos, apenas uns, sabem sua origem,
outros, se acham deuses, mas no fundo, todos somos Vermes.
O senhor me olha diferente e estranhei, a vista dele foi a
minha mão, e o rapaz ao lado fala algo que não entendi, mas vi o
senhor olhar os demais e falar.
— Vamos acalmar pessoal.
Um rapaz olha para o senhor e fala.
— Mas eles são invasores senhor.
Eu ainda olhava o senhor então ouvi ele falar, mesmo baixo.
— Quem sabe a origem, sabe o caminho rapaz.
Os rapazes ao fundo começam a ligar os carros e saem, e não
entendi, mas de alguma forma, o senhor quis recuar, e não entendi,
olhei para Camacho e falei.
— Esquece, tem gente que se acha Deus.
— Não entendi, ele brigou apenas comigo, como se não visse
ninguém mais, eles queriam que eu saísse, mas sabe que Call não
deixa ninguém para trás.
Eu olhava o senhor ao fundo e olhei para o rapaz, aquela
tatuagem no braço de um bruxo em ossos e falo.
— Como minha mãe falava Camacho, tem gente que ossos
são símbolo da morte, mas esquecem, enquanto somos vida, em
carne, são eles que nos facilitam a vida, sem eles, seriamos apenas
lesmas ao chão, nem vermes seriamos.
Vi que os olhos do senhor estavam em mim, ele recuou, mas
isto não queria dizer muita coisa, eu não conhecia a região e olhei
para Paul.
— O que acha que aconteceu?
— Não sei, as meninas devem estar chegando, não queríamos
as colocar em confusão.
— Deixou as meninas para trás?
Call sorriu, e falou.
— Eles eram muitos.
— Vi isto, mas Camacho liga o carro, vamos pegar as meninas.
Camacho olha descrente e fala.
— Tem certeza?
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— Call, espera nós voltar, não sei se quero ficar por aqui mais
um dia.
— Certo, pessoal estranho da cidade.
Eu entro no carro e Camacho com medo dirige até onde as
meninas pareciam assediadas por três rapazes, outros olhavam ao
longe, mas pareciam esperar que alguém voltasse, o sorriso de
Kamile para meu lado fez os rapazes me olharem e falei saindo do
carro.
— Depois vou pegar no pé de Paul, as deixou para trás?
Um rapaz grande saiu pela porta e olhou para mim, e falou.
— Acha que tira elas daqui, se não deixarmos? – O uniforme
de policial me fez sorrir e fala.
— A pergunta rapaz, você não deveria ser a lei?
— Nossa lei nos fazemos.
— Na minha, matar imbecis é sempre indicada, pois eles vão
ao julgamento antes da hora, e me abre vagas a gente de bem.
Se Camacho estava assustado, vi ele resmungar e falei.
— Vamos meninas, pelo jeito não deveria as deixar sair sem
escolta, mas pensei que estávamos ainda na parte civilizada, senhor,
aquela igreja ao fundo, eu respeito – olhei em todos os olhos – se é
assim que os famosos Mórmons de Utah se portam, como animais,
pode me matar rapaz, pois com certeza, seu local será meu.
As meninas foram chegando ao carro e um rapaz chega a
minha frente rápido e sinto ele me socar, eu deixo a cabeça para o
lado e falo, virando a outra face.
— Se quer, aproveita, nem sempre, me verá dar a outra face,
mas ainda acho estar em uma comunidade de irmãos, mas não me
queiram como inimigo.
O senhor ao fundo surge a porta e fala.
— Deixa irem Reymond.
Ele parecia ter ódio nos olhos, eu abri a porta, Camacho
estava já andando quando terminei de fechar a porta.
Kamile fala.
— Maluco, eles poderiam lhe matar.
— Eu tentei não ser preso, não agredir, e não morrer, mas o
que aconteceu Kamile.

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— Eles falam que moças escolhidas não podem ficar com
perdidos.
Sorri, lembro que já falei isto no passado, cantada ruim, mas
não entendi o acontecido, e sinto o choque na chave e olho as
folhas e nelas estava escrito.
“Maitland”, o sobrenome de minha mãe varias vezes, olho
para os demais e fico a pensar, eu não sabia o que queria dizer, mas
começava a achar que fora chamado para aquele lugar, mas ainda
noite, e chegando a casa, vi os rapazes olhando descrentes e Call
pergunta.
— Como foi? – Call olhando para Camacho, sinal que ele
queria a parte mais assustada da historia, sabíamos que Camacho
sempre contava historias normais como assustadoras.
Camacho me olha e depois para Call, Paul estava ao fundo.
— Desta vez quase me mijei Call, eles vieram por todos lados,
as meninas estavam lá cercadas, um rapaz com insígnia da policia
disse que só sairíamos de lá se eles quisessem.
Eu sorri e sentei no capô do veiculo, as vezes ouvir a versão
dos demais, me fazia entender como os demais viam o mundo, pois
eu nunca o vi como ameaçador.
— E como saíram?
— Douglas estava maluco desta vez, ele saiu do carro e
chamou sobre ele a atenção, enquanto as moças entravam no carro,
ele disse para o rapaz que disse que sairíamos se eles quisessem,
que matar imbecil, na lei dele era aceitável, as meninas entraram, e
um chegou rápido, mal vi ele chegar a socar Douglas.
— Mas...
— Ele antes de levar o soco, chamou os rapazes de animal,
pois acho que estava na parte civilizada do estado, mas quando o
socaram, ele apenas deu a outra face e falou algo que não entendi,
eu estava ligando o carro para sair.
Senti Kamile me abraçar e falar.
— Foi me tirar de lá, obrigada.
A frase foi uma provocação, mas juro, se soubesse que estaria
nesta capsula, não teria segurado meus instintos naquela
madrugada.

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Quando acordei, olhei a cara de
decepcionada de Kamile, as vezes seria
mais fácil ser diferente, mas se falariam
mal, não estava preocupado, eu olho para
fora, e olho para a mina e vi que não
vinha luz e fui a ela, olho para o corredor
escuro e chego a peça que tinha a luz, e vi que estava vazia, alguém
tinha a tirado dali, olho para o teto, parecia apenas rocha, a luz do
celular não deixava ver muita coisas, mas alguém estivera ali, e não
sabia quem era, não estava me sentido seguro ali, e odeio ficar
onde não me sinto bem.
Sei que os rapazes chegam junto e ouço Call falar.
— Quando tiraram dai?
— Pegou sua chave? – Perguntei.
— Acho que não teve quem resistiu.
— Estranho é que não tem marca de grande movimento,
então é algo estranho do lugar, mas não quero anoitecer aqui de
novo. – Falei.
Paul me olha e fala.
— Eu estou saindo, este lugar foi um erro desde o inicio.
— Nos vemos em San Francisco. – Falei.
— Nos vemos por lá.
O Pessoal começa a sair e vejo Mary me olhar e perguntar.
— O que está pensando Douglas, algo o fez pensar?
— Acho que pode ser uma pegadinha, mas ainda tentando
achar a pegadinha, não sei, vão ficar?
— Vim com Raquel, e ela disse que ainda tem 3 semanas de
férias, e que não queria voltar para casa.
— Eu ainda tenho quase 3, mas não diria que tenho como me
manter longe por mais de 2 semanas, quero estar em Mendoncino
antes do meu aniversario.
— E daqui vai para onde?
— Tentando entender o que senti ontem a noite, não pareceu
eu agindo, muito confiante, sem pensar em atingir ninguém, uma
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calma que pensando hoje, deveria estar dormindo ainda. – Eu
estava tentando adivinhar, e nunca fui bom em adivinhar, e isto não
me parecia um caminho a seguir, mas quando quase todos tinham
ido, vi Kamile sair com Call, crianças achando que pedras suam ou
sentem, embora não me achasse tão inatingível, mas uma coisa que
não me atraia, era gente fácil demais.
Quando o carro deles se afastou, vi aqueles carros vindo pela
estrada, Mary me olha e pergunta.
— O que vai acontecer?
— Eles não viram vocês lá, lembra?
— Sim, os três presentes, não foram ao começo, mas acha
que eles querem oque?
Olhei em volta, tinha algo errado ali, senti como se a energia
estivesse alta na atmosfera, olhei os cabelos de Mary se armarem,
passei a mão no braço e os pelos ficaram erriçados.
Quando vi aquele senhor parar o carro e me olhar.
— Não fugiu ainda.
— Quando entender o problema, fujo, antes, não.
— Soube que a arvore se manifestou, a anos ela não se
manifestava?
— Que arvore? – Mary a porta.
Ela sente algo ruim e fala.
— Desculpa. – Eu não entendi, não naquele momento, mas o
senhor olha a moça e fala.
— O problema é que ela só se manifesta se todos tiverem
direito a chave, não gostamos de gente por perto, mas somente
quando vi a luz da mina, entendi, todos estavam sendo esperados.
Eu não entendi, e deve ter ficado em minha feição isto.
— O que quer dizer com isto? – Mary.
— Que somente se todos os presentes na casa, estiverem no
caminho da Árvore da Vida, ela se manifesta.
Na minha cabeça estava a palavra, mas não entendia o que
eu tinha haver com isto, olhei para Mary e senti aquilo, foi quase
como se viesse a cabeça e falei, o cheiro, que sentia agora, mas
senti naquele campo.
— Quando se fala da arvore da vida, você fala em algo que
vem de baixo para cima, ou de cima para baixo, mas estamos
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entrando nos atalhos de Atziluth, o mundo das emanações, onde
temos três caminhos, e somente diante dos três caminhos,
entendemos os mesmos.
— Quais três caminhos está falando? – O senhor.
— Kether, Hockmah, Binah, mas falar de Ezrach, não é se
achar um senhor.
Mary e o senhor me olham e o senhor pergunta.
— Explique?
— Isto é Judaísmo, não Cristianismo senhor.
— Mas falou em ezr... – não entendi.
— Quanto de chama alguns de “Ezrach”, alguns acham que
estão falando apenas de arvores, mas no original, era Arvore de
Origem da Terra de Israel, então enquanto uns falam de Arvore da
Vida, alguns apenas falam ” Ezrach”.
— E o que seriam as outras três palavras estranhas?
— Kether, a coroa, Hockmah, a sabedoria, Binah a
compreensão, mas é que para que ninguém chegue a estrutura, a
terra, a vida eterna, muitos inverteram a ordem, para se começar o
caminho pelo Malkuth, que está no reino das ações, e que é o Reino
em si, mas como todos querem a coroa, esquecem, que coroa é
riqueza, reino é Deus, eternidade.
— E quem é você, tem o símbolo a mão, sabe se portar, dar a
outra face, quem é você rapaz.
— Todos me conhecem aqui por Douglas Adams.
— Sobrenome de sua mãe?
— Não, minha mãe era uma Maitland.
— E qual nome está na chave.
— O da minha mãe, minha arvore, quem não sabe que o
nome ali tem de ser o da mãe.
— 99% das pessoas a volta duvidam disto rapaz.
— As vezes eu duvido, mas terei de correr alguns lugares, pois
para mim os Maitland não eram Judeus, eram Anglo-saxões
convertidos.
— E acredita que apenas os de origem vão ser salvos?
— Senhor, o problema, é acreditar que um Deus,
estabeleceria uma regra, que não fosse para todos, sempre
acreditei que a salvação era para todos que se permitissem crer.
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— E o que espera para sair?
— Digamos que alguém ligou algo, muito poderoso, me faz
sentir os pelos, os pensamentos vivos, os reflexos ativos, não sei o
que foi ligado, mas algo foi.
— E não desconfia?
— Não me cabe desconfianças, mas crenças.
— E não se interessa e transformar esta desconfiança em
crença?
— Senhor, quando eu transformar duvidas em sabedoria, eu
não serei mais um crente, serei um filo de existência, um
mensageiro da verdade, pois não serei mais crente, serei um sábio.
— E porque falou nas três partes da arvore?
— Digamos que não acredito estar perto do reino ainda,
pareço mais ainda tentado pela riqueza, pela busca da sabedoria
externa a Deus, e muitas vezes, luto para compreender os demais,
esta parte parece ainda difícil para mim.
— E o que viria após isto?
— Ser severo com misericórdia, adquirindo beleza a minha
alma.
— Pelo jeito o caminho é longo.
— Não, uma vez nele, é para ser rápido, depois de conseguir
uma alma bela, que consegue ser severo com misericórdia, tem de
se conseguir, baseado nos fundamentos de sua fé, adquirir as
Vitorias e Esplendores, que lhe dão direito a entrar no Reino de
Deus.
— E pelo jeito estuda isto?
— Sou um tradutor senhor, eu traduzo textos para o inglês,
alguns acho uma boa base, alguns, muita invenção, então tento
diferenciar a base real da base inventada, mas elas são muito
próximas, eu mudou uma palavra, e perco o caminho.
— E pelo jeito sente as energias no ar.
Olho aquele senhor, o cabelo dele não estava erguido, mas
dois ou três no fundo estavam, e falo.
— Estou aprendendo senhor, não sei tudo ainda.
O senhor olha para a mina e vi um rapaz saindo de lá.
— Vazio senhor.
— Pelo jeito algo vai acontecer, e não entendi.
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— Algo sempre acontece. – Falei – Pois muitas vezes,
achamos entender o que não nos é permitido revelar, para que não
nos sintamos confiantes demais e percamos o caminho.
O senhor faz sinal para os rapazes saírem e Mary chega ao
lado e fala.
— O que está acontecendo?
— Acho que nada, mas sente a energia no ar Mary?
— Sim.
— Olha para as pessoas saindo, quantos estão com os cabelos
erguidos e eriçados, estes sentem, o resto não.
— E o que isto quer dizer?
— Que algo despertou, marcou e agora, não sei.
— E como descobrimos.
— Eu vou dar uma volta, tenho duas semanas para estar no
trabalho novamente, quem sabe não descubro algo, antes de pegar
as traduções deste ano.
Eu senti o gosto da comida a boca, e novamente fui trazido
para aquela capsula e me veio a pergunta, o que eles queriam dizer
com Mundo das Emanações, já que emanações derivavam de Gazes,
Ar, Vapores, e o que sabedoria, compreensão e coroa tem haver
com isto, em minha mente tenta achar uma saída, uma resposta,
mas poderia não ter haver com isto, mas sinto o peso do corpo ,
estranho aquilo, nunca foi tão difícil respirar, tento manter a ciência
de quem era, e me veio a lembrança de minha mãe falando.
“Quando entender filho, estarei morta, pois todos falam em
Ezrach, mas pensa, as folhas para uma arvore, tem a mesma
importância das raízes, ele é viva por completo, se tirar uma, pelo
menos a maioria das arvores que conheço morrem, e sem o tronco,
não se mantem em pé.”
Lembro que perguntei para ela como quem era jovem.
“Como então devemos crer mãe?”
“Enquanto crer, não será um escolhido, quando saber da
existência, será um escolhido, mas o saber, não é o todo, é parte da
função, a sociedade é uma árvore, se todas partes funcionam bem,
evolui, se todas não funcionam, se destrói.”
“E como chego a este saber?”

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“Filho, se você dispor de parte de sua vida, em Binah, a
sabedoria, parte no Tipareth, na beleza da vida, não se deixando
atingir pela parte que os sem fé se apegam, aos pesos, e sim as
belezas, parte no Yesod, nos fundamentos da vida, o amar sem
pedir nada, o servir por opção, o agradecer por ser de sua formação,
acredito que sempre terá um pé em Malkult, no reino dos sábio,
somente assim deixando sua Ezrach de pé, alguns se prendem a um
caminho, solto, suas arvores na maioria caem, pois você não tem
como vive no mundo das emanações, sendo carne, sem cair e se
esborrachar ao chão.”
As vezes naquele silencio da capsula quase ouvia meus
pensamentos, e fiquei a pensar sobre estas palavras de minha mãe.

20
Quando meus pensamentos me
remetem a arvore da vida, talvez, desde
criança, lembro de minha mãe apontando
a arvore no Disney's Animal Kingdom, e me
falando.
— Se olhar filho, toda a importância
da arvore, está estabelecida no tronco e mas raízes, as folhas e
frutos são o que nos traz você filho, é a descendência, mas não
confundir, existe a importância da dependência, mas você tem de se
manter ligado a vida, com seu tronco forte, para gerar galhos bons,
viçosos, floridos, para que se tenha frutos e sementes saudáveis.
Lembro dela me olhando aos olhos, e sei que ela me fez e
ainda faz falta, ela olhava dentro de minha alma e falava firme.
— Sei que as vezes sou chata filho, mas eles vem se divertir,
você um dia vai ter de decidir, o que lhe faz feliz, os pensamentos
ou as ações físicas, mas não confunda minhas palavras, não estou
lhe mandando parar de caminhar, de gastar energia, estou falando
de se o que lhe faz feliz é sentir e pensar sobre isto, ou apenas o
vento ao rosto, se quer apenas vento ao rosto, lhe dou um
ventilador e pronto, será feliz para sempre.
Eu ria disto, ela tentava parecer engraçado, mas minhas
lembranças foram a isto pois sai com duas acompanhantes, que
pareciam perdidas em meio a férias me seguindo, e fui para Florida,
talvez eu precisasse olhar a arvore novamente, não era racional esta
meu caminhar, mas fui, talvez pensando em achar algo, embora
lembrasse ainda das palavras de minha mãe, que falava.
— O que tem no chão de entrada do lugar?
Lembro de olhar aquela estilização de uma arvore e ela falar.
— Eles estão dizendo, que o que mais importa, não está para
dentro, e sim, para fora do lugar.
Lembro de olhar para fora, assim como agora lembro de olhar
para fora com as duas moças me olhando e Mari me perguntar.
— Não entendi porque veio para cá?
Eu não sabia, como eu iria responder algo, que não sabia.
21
Olhei a arvore, obvio, quando maior somos, menos
encantados ficamos, lembro que sentamos no restaurante na região
dos Dinossauros, pedimos uns sanduiches e a TV ao fundo, pareceu
colocar algo fora do padrão, vi que alguns olharam e Mary fala.
— Estão falando de uma aparição estranha na Califórnia.
Somente neste momento que olhei, pois estavam falando do
estado que eu morava, parecia mal focado, mas parecia uma grande
rocha emergindo da égua, uma hora estava submergindo
lentamente, na outra, some no sentido oposto da câmera, se vê a
onda formada pela saída daquilo da agua, e a câmera é segura com
dificuldade, enquanto o objetos some da vista.
Lembro do repórter falando que se não fossem as ondas de 5
metros que atingiram toda costa, muitos não teriam dado
credibilidade a imagem.
Lembro de parecer que tinham janelas laterais naquela rocha
que emergiu, lembro do rosto de alguns, incrédulos, e de alguns
assustados.
Sei que a visita a Kingdom não foi proveitosa, talvez eu não
soubesse o que procurar, mas a imagem de um grupo que falava
Hebraico, me fez lembrar de um escritor e enquanto as amigas
comiam liguei para ele, soube que estava em Telavive e como
alguém que parecia querer se meter em encrenca, disse que ia o
visitar.
Lembro que quando voltei para mesa Raquel me perguntou.
— E daqui vamos para onde?
Falei quase que sem pensar, estava imaginando o que
perguntar.
— Telavive.
As duas me olharam estranhando, mas sorriram.

22
Lembro de descer no aeroporto,
todo o sistema de segurança, e fomos a
parte a oeste da cidade, e Josef nos
recebeu a porta de casa, nos apresentou a
esposa e sentamos na sala, ele me olhava
estranho quando perguntei se ele sabia o
que significava aqueles símbolos.
Eu estiquei para ele a folha que ele olha desconfiado.

Lembro dele olhar a folha e pegar uma folha e começar a


escrever símbolos que não via naquela folha e me perguntar onde
havia conseguido aquilo, mostrei a foto da arvore, e expliquei, sem
detalhes, pois não entendera o problema ainda.
Ele olha a esposa que fala.
— Sabe que Cabala é uma forma de interpretação, não de
fato da arvore, mas o que ele falou, nunca ouvi.
O rapaz olha para mim e fala.
— Deve ser armação de alguém Douglas, sei que todos ficam
impressionados, mas você?
— Não estou impressionado, estou curioso, mas se são
símbolos confusos e sem significado fico mais tranquilo.
Lembro que quando guardei a chave, o rapaz ficou olhando a
chave, e não me deu além de um Deus esteja com você, e saímos,
fomos a um hotel a beira mar e Mary me perguntou.
— O que acha, que está escondendo até do rapaz?
— Mary, ele anotou algo que não esperava que ele anotasse,
mas assim que anotou, aquilo vai contra sua fé, e isto o fez recuar,
sempre digo, os dogmas vão tirar mais gente do céu do que as
obras, pois eles se recusarão a ver como verdade.

23
— Mas o que ele anotou.
Entramos no hotel, pedimos dois quartos e fomos ao
restaurante, deveria já estar fazendo caretas.
Eu sentei a mesa e peguei umas folhas e coloquei uma sobre
a mesa.

— Ele desenhou isto, e este é o símbolo da mesma arvore da


vida, mas para os adeptos da Cabala.
— Certo, por isto a moça descartou como realidade.
— Sim, mas entendo eles, quem segue religiões cegamente,
se deixam cegar, pela aceitação, não pela procura de Deus, os iguais
os querem ali, e eles querem estar ali, mas vejo apenas como uma
segunda forma de expressar a mesma arvore. – Eu coloco um papel
a mesa.

24
— Quando se olha a segunda representação Mary, ela é
apenas uma tentativa de tri-dimensionar o que se tem na primeira,
minha mãe sempre a representou de ponta cabeça, disto que falei
ao senhor em Utah, mas se as duas formas representam a mesma
coisa, os símbolos são de Cabala, e o que vi naquele lugar, ainda me
intriga, não sei a vocês.
Raquel me olha e fala.
— Senti algo estranho lá, confiança e medo, é difícil definir
algo que fica entre duas coisas opostas, mas foi o sentimento, e se a
folha tem os símbolos de algo oculto, só deixa a coisa mais
tenebrosa, pois não sei, parece que todos fugiram de lá com medo.
Eu fiquei olhando Raquel e ela olha para minhas costas, foi
inevitável olhar e ver a imagem novamente na TV daquela rocha,
mas agora tirada por um satélite geocêntrico, e a afirmação era
estranha, e meu hebraico direto, uma negação.
— Entende algo? – Raquel me olhando.
— Pouco, que a agencia espacial Europeia fotografou este
estranho objeto a circundar a Terra, e que é algo muito semelhante
com o que foi visto na Califórnia.
As duas olham a imagem e Mary fala.
— E quem pôs isto lá encima?
Eu olhei a imagem e se via em alto relevo o Zeta na lateral
daquela pedra espacial.
Os pensamentos foram a Alfa, Zeta, e a nebulosa do Dragão,
meus pensamentos tentavam achar quando entendi disto, e não
sabia, mas a imagem que a um dia era montagem, nos noticiários,
agora era algo que os governos deveriam explicar, se viu o primeiro
ministro israelita a TV pedindo explicação do governo Americano
referente aquilo.
Eu pego a folha ao bolso, olho para ela e Mary me olha.
— O que tem haver?
— Não sei, mas lembra, sentimos algo poderoso ser ligado,
logo após termos nossos nomes colocados nestas folhas, não sei
quantos o foram, e não esquece, nem tudo, é como pensamos.
Reparei que Mary olhava para a marca em meu dedo e falo.
— Minha mãe fez uma pequena tatuagem na minha mão
direita, ela falava que era a marca para me diferenciarem.
25
Raquel olha para mim e pergunta.
— E um pequeno dragão as costas?
— Não, no Braço direito.
Ela me olha e vejo ela tirar um anel comprido que ela usava a
mão, nunca a vi sem aquele anel e abaixo dele, era o símbolo Beth
em Hebraico, eu tinha na mão o Teth, e vi Mary olha nos dois e
pergunta, tirando um anel e mostrando o símbolo Gimel na direita e
nos olhando o que significava.
— Meu pai não queria, mas minha mãe o fez, nunca entendi,
ela dizia ser como você falou, algo para nos identificar, mas nunca
entendi os significados. – Mary.
Olhei as duas e falei, não sabia se acreditava naquilo, mas era
o significado oculto, e falei.
— Deixar claro que para mim, tem diferença entre real e
minhas interpretações, acho que tudo pode ser entendido de varias
formas, e todas errôneas, mas o símbolo na mão de Raquel é a
segunda letra do alfabeto Hebraico, chamam de Beth, e dizem
corresponder a Grande Sacerdotisa, na sua mão Mary, é o símbolo
Gimel, a terceira letra, é A Imperatriz, o meu, bem mais para baixo,
é Teth, a nona letra, o Eremita, cada um tem um significado, mas
não sei ainda no que estamos envolvidos, é estranho pois não
fomos preparados para isto, mas fomos induzidos a isto, pelo minha
mãe me induziu, mas porque parece tudo estar no lugar errado.
Mary olha a minhas costas, pensei ter algo a TV, me viro, e
olho aquele rapaz nos olhando e falar.
— Turistas?
Quando ele abriu o casaco, na minha vista, vi todos se
afastarem, vi o corpo dele cheio de explosivo e falei, não sei,
porque, mas veio a mente, me erguendo de ficando de frente ao
rapaz.
— Nos vemos nos campos do paraíso rapaz.
Ele me olha, olha as moças e pareceu apertar algo a mão, ele
olha para mim, como se não tivesse funcionado, ele fechou os olhos
para apertar, ele esperava a dor, mas não aconteceu, agora ele
olhava perdido a frente.
Os segundos seguintes, ainda eram confusos na minha
mentem, um policial entra no local, era um hotel, cheio de turistas,
26
aponta a arma para o rapaz, ele apertava desesperadamente o
detonador e nada acontecia.
Os policiais a porta faziam sinal para todos saírem, olhando
para o rapaz, ele me olhava ainda querendo minha morte e
pergunta.
— Alla, Porque não Alla?
— Ele ama seus filhos, não o contrario rapaz.
Eu peguei a chave ao bolso, e estiquei para ele, ele não
entendeu, mas pegou aquela chave com a outra mão, sei que eu
ouvi o estampido, vi o policial se jogar ao chão, e o rapaz me olhar,
vendo seu corpo explodir, ele olha para a mão, em espirito, olha
para a folha e pergunta.
— Que magia é esta?
— Dizem, que tudo é um caminho a percorrer, mas ainda o
percorro, quando souber as respostas, somente neste momento
deixarei de peregrinar.
Olho em volta e o corpo dele era milhares de pedaços
espalhados, mas o espirito dele a minha frente, talvez somente eu
visse, não sabia, o espirito deixa uma lagrima de luz correr ao rosto,
e vi ele se desfazer em energia.
Olhei para minhas costas e as duas estavam estáticas, mas
inteiras, e o policial me olha, eu olho o chão, pego a chave, a coloco
no bolso e ouço o policial falar.
— Mãos onde posso ver.
O policial ao chão se levanta, o rapaz explodira, mas tudo a
volta estava sujo, mas sem danos, além dos pedaços do rapaz
lançados para todos os lados.
O policial chega perto e pergunta.
— Estão bem moças?
— Sim. – Mary com voz assustada, não esquece, estava de
mãos para cima, olhando o senhor que pergunta.
— Conheciam o rapaz?
— Não, somos turistas americanos senhor. – Falei.
— Ele parecia os conhecer.
— Ele parecia querer nos estourar. – Raquel.

27
Mais policiais entraram, eles assim como eu, não estavam
entendendo, mas se ouviu uma explosão mais ao longe, os policiais
se voltam juntos a porta e apenas um me olha.
— O que aconteceu rapaz?
— Pensei que estaria morto, não entendi, mas acho que
ninguém entendeu ainda, pois se olhar ao longe, junto com os
restos, tem o que parecia explosivo, não sei se é.
O policial olha e chega ao fundo e fala.
— E como ele explodiu?
— Não sei.
Ele olha as moças e pergunta.
— Estão juntos?
— Chegamos hoje, mas quem nos receberia em sua casa não
teve como, então viemos ao hotel.
Mary olha para a TV, estranho, mas olho para ela, com
marcas de sangue escorrendo e uma segunda gravação, de algo na
Florida, saindo do mar, parecia a mesma rocha.
— O que é isto Douglas?
— Se soubesse, como falei, algo despertou, mas oque, não
sei.
O policial me olha e fala.
— Pode baixar as mãos, não sei o que fez, mas agradeço, mas
pelo jeito acredita que estas coisas estão mesmo acontecendo.
— Não entendi isto ainda, mas todos os pontos são no
hemisfério norte, 12 tribos, 12 mil por tribo, mas é maluquice
pensar em algo assim senhor.
— Está achando que tem conotação religiosa.
— O que viu senhor? – Perguntei.
— O rapaz explodir e ficar em alma a sua frente, nunca havia
visto uma alma.
Eu pensei, pois pensei que apenas eu teria visto aquilo, e de
repente todos viram, talvez algo realmente estivesse acontecendo,
e olho o senhor e falo.
— Eu também não havia visto senhor.
— Mas estava falando nas 10 tribos.
— Senhor, sempre achei que esta historia mais antiga do que
se conta, não as doze tribos de Israel, pois nem israelitas eram na
28
época, eram os filhos de Abraão, que vem do primeiro homem, mas
sempre pensei nas 12 evoluções dos neandertais, chegando a
evolução já em terras distantes, mas como para muitos só existia a
Europa, e cercanias, mesmo o comercio com o Oriente, ser milenar,
eles ignoravam, como se fosse logo ali, e como se não fossem
muitos lá.
— Acha que as 12 tribos não se referia aos de Israel.
— Acho que um Deus não escolhe um filho ao outro, mas é
meu acho, e não precisa acreditar em mim.
— E porque falar nisto.
— Senhor, o rapaz explodiu, mas os explosivos não, ele não
deixou de viver, mas seu corpo se desfez, isto se chama efeito do
tempo, e não vou explicar que o tempo está terminando, pois isto
só pode acontecer, quando o tempo está muito próximo do
complexo espaço, quase unidos em um, mas me perguntar o que
tem haver com as doze tribos, é não estar vendo, as noticias, os
mensageiros do Grande Dragão estão se erguendo, mas a pergunta
que me faço, quem são, o que querem, sou a favor ou contra.
— E o que aconteceu lá fora?
— Algum outro maluco, não posso proibir eles de se matarem
senhor, a escolha é deles, não nossa.
— E vão ficar?
— Espero algo, preciso esperar, para sair, mas não sei o que
eu espero.
Olhei as meninas e disse que iria subir, e a lembrança de um
banho, pareceu me agradar, lembrar que estava inerte, me parecia
não fazer sentido, a não ser que fosse um escolhido, mas eu?
Porque, e escolhido para que?
Pela primeira vez tive impressão de ver uma luz no fundo
daquele vidro a minha frente, que não conseguia tocar, pois estava
grudado a capsula, mas logo se apagou, e achei ser apenas minha
esperança de que alguém me tirasse dali.

29
Volto as minhas lembranças
tentando entender o todo, e paro naquele
senhor sentando-se a minha mesa, e
olhando para mim, como se procurasse
algo.
— Senhor Adams?
Sacudi a cabeça, estava mastigando, teria de terminar de
engolir para falar algo.
— Dizem que o senhor sobreviveu a um atentado a bomba,
poderia me dar detalhes.
Limpei a boca com o guardanapo e perguntei.
— E quem seria o senhor?
— Alguém estranhando, eles tirarem explosivos da parede,
mas nada de estragos, mas sou apenas um curioso.
— Curioso sobre oque?
— Sobre Apocalipse.
Lembro de sorrir, não era um deboche, mas o rosto do senhor
se alterou.
— Não estou brincando criança. – Ele quis afirmar na frase
que era muito mais velho e merecia respeito e tive de falar.
Tomei um gole de agua e falei.
— Senhor, Apocalipse, depende da interpretação, é uma
palavra grega que significa “Tirar do Véu”, em outras paredes,
descortinar a verdade, mas qual verdade quer descortinar, não foi
um deboche, foi uma constatação, de que existe tantas cortinas
para se abrir, que conseguiríamos executar 200 apocalipses e não
nos extinguiríamos.
— E o que aconteceu no restaurante, transferiram as
alimentações para esta sala na parte alta do hotel.
— Quando alguém implode, fica restos a toda volta, tem de
considerar que estão limpando com cuidado, para não perder
hospedes.
— E como se implode algo, sem uma explosão?

30
— Dizem que a implosão, e a explosão, são como a
ressurreição, quando você aproxima duas das vertentes de
percepção, o tempo e o espaço, a linha pode ficar tão fina, que
permitiria alguém ressuscitar, ou implodir.
— E o que geraria isto?
Pensei, peguei no bolso a folha, sorri, não sabia o que aquilo
fez, mas obvio, quase parou o tempo/espaço, talvez isto tenha
segurado a explosão gerando a implosão, e como o tempo estava
tão lento, vi o espirito, pois espíritos se locomovem a velocidade da
luz, não os vemos, não por não querer, por não ser possível, mas
nossas vistas são muito ruins para ver algo que se move nesta
velocidade.
O senhor me olhava e pergunta.
— Pensou em algo.
— Senhor, eu esporo algo, mas não sei oque, algo que me dê
um caminho a seguir, mas ainda não achei, quando se fala em Zeta,
o que lhe vem a mente?
— A região no espaço da antiga estrela que chamavam de
Zeta.
— Pensei primeiro nisto, mas meu intimo liga a Dzeta,
pronuncia Zeta, letra grega que vem do signo grego, Zai ou Zayin,
que corresponde a 7ª letra do grego, que na cabala é a
representação do Carro, e carro para os gregos, era a condução
levada pelos escravos, que levava os especiais ao destino.
O senhor me olha, ele anota e pergunta.
— E o que faz da vida rapaz?
— Tradutor de testos de varias línguas para o inglês.
— E veio fazer o que em Telavive?
— Falar com um amigo, que não gostou da visita.
— E espera algo?
— Senhor, se olhar as pessoas, parecem agitadas,
impacientes, quase suicidas em seus comportamentos nos últimos 3
dias, algo despertou, acredito pelo que vi na sala ao lado, que algo
está aproximando o espaço do tempo, isto para teóricos que não
tenho conhecimento suficiente para desacreditar, dizem só quando
se viaja por quebras temporais, mas a pergunta, quem vai viajar,
para onde vão, e porque estão deixando bem claro, para todos
31
verem, que está acontecendo, se for algo ligado a crenças reais,
serão 12 Zetas, não sei o que são e para onde vão, mas sei que
Telavive será onde surgira a terceira, e não me pergunte como, mas
vai surgir.
— Está falando daquela rocha que dizem ter saído do mar?
— Sim.
O senhor me olha como maluco e zomba.
Eu sorrio, e apenas pego mais um pouco de comida e
mastigo, olhando o senhor.
— Não teme isto?
— Não tenho ciência suficiente para temer, não tenho nem
para confiar, então ainda apenas não tenho ciência se existe risco
ou não.
— E para você, tudo é causado por uma tecnologia?
— Não disse isto, tudo é gerado por uma interferência,
eletromagnética, ou de grande potencial energético, mas não
entendo o que a gera.
— E acha não ser tecnológica?
— Acho que dispor de estrutura para algo como o que vemos
a TV, ou é enganação, ou é real, mas se for enganação, alguém quer
algo com isto, se for real, teremos manifestações como a do salão
abaixo acontecendo em varias partes do mundo.
— Manifestações?
— Quando você aproxima o espaço/tempo, as mortes deixam
de existir, mas os suicidas, explodem.
— Não entendi a lógica.
— Lógica? – Eu olho o senhor e falo – Se eu entendesse de
dobra espaço/tempo, poderia explicar se existe ou não logica, mas
não sei, sou apenas um tradutor.
Terminei de comer e pedi licença e subi para o meu quarto,
lembro de olhar a TV, olhar para fora, e ver aquela imensa rocha
surgir bem ao fundo, imensa, o subir, o objeto clareou, eu não vi
muito pelos segundos seguintes, seguro no vidro, sinto uma paz,
sinto alguns gritos, os pelos se eriçarem e o disparar daquele objeto
para o espaço, vi a onda vindo e olhei para baixo, e pensei, vai
arrastar os descuidados, mas agora tinha certeza, era real.

32
Lembro de olhar para fora, apoiado no vidro e ver aquela
onda tomar as ruas e sentir alguém ao meu lado, estranhei, pois a
porta estava trancada, vi o ser translucido ao meu lado e perguntei.
— Seu nome?
— All Hassan Bens.
— O que faz aqui ainda rapaz, você já deveria ter ido.
— Quando vejo a rua a quantia de almas perdidas, pois
explodiram, e não entendem estar presas a seus atos, repenso
sobre o que está acontecendo, eles se foram, e não me levaram.
— Estes não levam espíritos Hassan.
— Quem são estes?
— O que entende de Arvore da Vida?
— Uma crença destes seres que nada amam, e se dizem
escolhidos de Deus.
— Não falei deles, mas o que uma arvore faz?
— Gera sombra?
— Gera sombra, frutos, mas isto é para outros, de outra
espécies, o que ela faz para sua espécie?
Aquele ser parecia não entender.
— Ela espalha sementes a volta, estes são os semeadores,
eles levam vivos, não mortos, pois a semente tem de ter vida.
Eu olhava para fora pelo vidro do prédio, e me vejo olhando
para a capsula, que estava, será que fui selecionado para ser uma
semente, porque eu?
Uma lagrima me corre ao rosto e sinto aquele liquido a boca,
me prendo ao sabor, não conseguia ver nada a frente, apenas o
escuro, como seria o espaço?
Voltei a pensar, lembro de ver o espirito olhar para a porta e
olhei para ela e Mary tinha uma lagrima nos olhos.
— Problemas?
— Não acreditei quando falou que eram naves.
— E porque da lagrima?
— Não fomos escolhidos.
Sorri, vi o espirito me olhar e falar algo, e Mary olhar para o
local que vinha o som.
— Vocês se acham escolhidos, nem oram a ala.
Ela me olha e pergunta.
33
— Porque teríamos de orar a Ala?
— Não teríamos, mas minha mãe sempre falava que os que
seguiam cegamente dogmas de religiões, eram a colheita do coisa
ruim, embora ela não parecia acreditar nele.
— Não vou ao inferno. – O espirito quase gritando.
Não respondi, Mary olha para o local e fala.
— Vamos ficar malucos?
Sorri, trazido ao local, por um som, olho bem no fundo do
corredor e realmente parecia ter uma luz, fiquei a olhando, e só
notei ser uma estrela quando ela se alinhou ao corredor e vi que
existiam filas de capsulas, milhares, não sabia o que era aquilo,
talvez aquilo fosse Zeta por dentro, mas não tinha certeza ainda,
poderia ser meu intimo querendo ser um salvo, e estar apenas
morto e sonhando.
Lembro do policial entrar no quarto e me apontar a arma e
falar.
— Os dois encostem na parede.
Encostamos e vi forçarem Raquel para dentro e o rapaz do
restaurante que não tinha falado o nome, olha para nós e pergunta.
— Como você sabia que aquilo surgiria aqui?
— Parou de zombar policial disfarçado de cientista? – Falei.
— Sabia o que eu era, mas o que foi aquilo?
— Não sei, mas pode ter certeza, crer e saber, são coisas
diferentes, e tenta não falar a verdade, quando perguntarem, onde
foram parar os 12 mil desaparecidos no estado de Israel,
documentados no fim do dia.
— Mas o que aconteceu?
Eu não sabia, como saber o que aconteceu, mas vi o espirito
ficar a luz, da janela, e obvio, espíritos não deveriam barrar a luz, e
aquele barrou.
O policial olha para aquilo e fala.
— Você ai, encosta na parede?
O rapaz olha as próprias mãos, ele as conseguia ver, não
entendia e falo para o policial.
— Algo próximo vai gerar mais uma colheita senhor. – Olhei
falando para o policial.
— O que quer dizer com isto.
34
— Almas não são visíveis se o Espaço/Tempo, não estiver fora
do normal, ainda estamos sobre a influencia desta quebra temporal.
O policial não entendeu, mas o rapaz ficou mais translucido,
vi o sol passando cada vez mais e todos vimos ele se transformar em
luz e se desintegrar, olhando para fora, encostado a parede, vi
milhares de feixes de luz saindo do chão e indo ao espaço.
Os policias olham descrentes e olha para todos olhando
assustados, encantados, uma coisa era falar em renascer, outra, ver
espíritos saindo do chão, brilhando e sumindo.
Acho que aquele momento, deve ter sido segundos no
relógio, mas posso jurar, demorou mais de uma hora, vendo os
espíritos atravessando tudo e brilhando.
O senhor me olha e fala gritado.
— Que truque é este?
Fechei a cara, tinha de ser muito estupido para fazer uma
pergunta destas, não respondi, acho que até os policiais olharam
para o senhor, ele queria um culpado, mas culpar alguém por uma
pedra se erguer no mediterrâneo a frente e ir ao espaço, não teria
como.
— Não vai responder rapaz? – O senhor.
— Primeiro, se você é o chefe destes a volta, entendo a
quantidade de atentados, você é um idiota senhor, segundo,
truque, acha que toda a cidade está sendo submetida a uma grande
simulação de evento, tem de ser mais crédulo na tecnologia do que
em Deus para acreditar nisto.
Um senhor entra pela porta e olha para o senhor e pergunta.
— Qual o problemas Hector?
— Não sei, este rapaz falou que aconteceria a nave ao mar,
vim verificar, mas não entendi nada.
O senhor a porta fala.
— Podem baixar as armas, estão assustando as moças.
— Mas...
— O que tem contra o rapaz Hector, além de uma conversa
informal?
— Não acredito nestas crendices idiotas, não vão querer me
convencer que é coisa divina.
O senhor me olha e fala.
35
— Meu nome é David Yadin, desculpa a confusão, mas deve
entender o medo que estamos sentido.
— Sei que não tenho como explicar o todo senhor, sentir que
aconteceria, não é racional.
— E como saberia que algo assim aconteceria?
— Não entendi ainda o que é isto, mas posso estar enganado,
sumiram 12 mil pessoas as ruas. Minha preocupação seria com o
após, não com o momento, o que é estes seres senhor.
— Acha que não são humanos?
— Não vi nada no planeta, a nível intelectual, que me
mostrasse potencia, para erguer aquela rocha, deveria ter mais de
mil metros de diâmetro, mais de 4 mil metros de comprimento,
quanto pesaria aquilo, como se dispara algo deste tamanho para
cima, quanta energia se precisa, seja o que for, não é algo declarado
abertamente senhor.
O senhor David olha para o diretor da policia e fala.
— O que veio fazer aqui Hector?
— Eles narraram que um rapaz que iria explodir, apenas
implodiu no salão inferior, tem de ver que o explosivo estava ali e
nada aconteceu.
— Isto o transforma em um inimigo de quem? – David.
— Transforma ele em algo que não entendo, e não sei o que
está acontecendo.
O senhor me olha novamente:
— E veio fazer o que aqui?
— Senhor, eu vim passear, em duas semanas estou no
trabalho novamente, apenas viemos falar com um amigo escritor,
apenas ele não gosto de estar com minhas amigas, e tivemos de vir
ao hotel.
— E o que acha que aconteceu ali fora?
— Nada do que foi revelado senhor, isto é além das
escrituras, pois não é a destruição, é o semear do universo, mas
poucos entenderão.
— Acha que é apenas uma passagem rápida e que tudo
acalma.
Eu não tinha certeza, mas parecia, mas não iria dar certeza
sobre o que não tinha, as vezes meus pensamentos e lembranças
36
pareciam meio estranhos, não pareciam parte mas de mim, e algo
agora me dizia, estou numa destas Zeta, mas parecia que não sabia
o que estava acontecendo, mas lembro de falar para o senhor.
— Senhor, não sei ainda, mas senti esta energia indo a oeste
em Utah, no dia que apareceu isto nas TVs do mundo na Califórnia,
lembro de me perguntarem porque viajei a Florida na sequência,
não sei, sempre assemelhei arvore da vida, com aquela
apresentação 3D da Arvore na Animal Kingdom, mas não senti nada
quando estava lá, tive de sair de lá para ver pela TV, esta é a
primeira vez que vejo com meus olhos, ninguém falou nas luzes
saindo do chão, nos demais lugares, assim como a TV ao fundo não
fala aqui, eles não tem a imagem, sentiram, viram, mas não tem
registrado.
— E daqui vai para onde?
— Paris, perguntar para meu irmão, se ele lembra de algo,
pois que saiba, minha família não tinha descendência Judaica, eram
Anglo-saxões convertidos senhor.
— Certo, não achava ser um escolhido, mas pode não o ser.
— Sim, mas porque revelariam algo – Parei na frase olhando
o senhor naquele momento e lembro dos meus pensamentos, eu
naquele momento achei que eu não era um escolhido – Verdade,
posso não ser um escolhido, apenas um narrador dos fatos, que no
futuro, ninguém vai acreditar.
— E porque falou que não acabou ainda.
— Não sei ainda senhor, mas tem de ficar de olho nas
noticias, acredito que sejam 12 aparições, todas no hemisfério
norte, e não entendo tanto disto.
— Não entendi o que acha ser?
— Não sei, pensei em uma coisa senhor, mas eu como diz
aquele filme, fui como o senhor deixado para trás, então não me
adianta saber o que eles são se não vamos os deter, não parece ter
algo que o consiga.
— Não entendi, a narrativa da base aérea é que não
conseguiam dar partida em nada na base da aeronáutica.
— Como disse, para vermos espíritos, o tempo/espaço, tem
de estar quase parado, é como se os segundos, fossem horas, não é

37
que não se ligava, mas para ignição se precisa de combustão, e isto
é físico, não se consegue a chama, não se liga.
— E como saberia disto?
— Sabe aquelas coisas que se ouve da mãe, e somente
quando se vive, se entende, e nem tenho minha mãe para
perguntar o que ela queria dizer.
— E o que causaria isto? – O senhor.
— Nenhuma tecnologia narrada, vivida ou passada nos livros,
isto que estranho, não é tecnologia que tenhamos acesso.
— E para onde isto iria?
— Paris, ver meu irmão, já falei isto.
Os policiais saíram e Raquel me olha.
— Nunca vi algo tão incrível.
— Não sei se vi, sonhei, imaginei, mas não discordo, foi algo
que minha mente tenta lembrar detalhes, e parece se perder.
— Vamos a Paris? – Mary.
— Eu vou. – Falei.
As duas sorriram e Raquel perguntou.
— Sua família é de onde?
— Região de Londres, mas primeiro quero falar com um
irmão, depois ver se estou maluco.
— Sinal que tem um ponto a mais?
— Londres, onde mais.
Saímos dali, compramos passagem e esperamos quase 6
horas para o reabrir do espaço aéreo, muita gente assustada,
cancelando voos, e nós querendo sair dali.

38
As lembranças foram a parando o
carro alugado em Paris, e vi meu irmão
sorrir e me abraçar na entrada do prédio,
apresentações e fomos ao quarto andar,
meu irmão apresentou a esposa, a
pequena Isabel, e sentamos a sala.
— O que o trás para cá irmão?
— Estava em Telavive quando vi com meus olhos aquilo sair
do mar Peter.
— Dizem ter sido montagem, mas viu com seus olhos, é isto?
— Sim, mas a sensação de horas de segundos, é o que não sei
explicar naquele momento.
— Não entendi.
— Se olhar as imagens da TV, verá a nave, verá coisas
estranhas, mas repara nas pombas no cais, paradas, estáticas, elas
não sentiram aquilo, elas nem viram aquilo, acho eu.
— Está achando que é aquilo que nossa mãe falava?
— Eu vi um espirito parado a minha frente, perguntar porque
Ala não queria que ele explodisse, e estou tentando dizer que não
estou maluco irmão.
— E a sensação?
— Em Utah sentia o corpo inchado, como se estivesse
despertando, em Telavive, como se não estivesse respirando, pois
estava tudo muito lento a nível processo orgânico.
— E qual sua pergunta?
— Tem alguma chance da família ter alguma origem Judaica?
— Que saiba nenhuma.
Eu olhei aquela família feliz e falei.
— Acho que vim ao lugar errado irmão.
— É sempre bem vindo, sei que fica lá a revirar livros antigos
e estranhos, mas saiba que é sempre bem vindo.
— Obrigado mano, as vezes corremos atrás dos trocados, e
esquecemos que temos família, vida, e coisas assim.
— E não se prendeu a ninguém ainda?
— Não, ainda não.
39
Tomamos um vinho, conversamos sobre o passado, tentando
achar algo, mas nada além do prazer de tomar um vinho com o
irmão, a noticia na TV, dava uma aparição em Singapura e outra em
Tóquio, não era algo Judaico, eles eram apenas uma parte, lembrou
que a arvore surgiu, mas que a região que estávamos, em Utah era
de Hill Creek que era uma reserva indígena, posso ter me enganado
na seleção, não era uma seleção dos Mórmons, ou em parte poderia
o ser, mas poderia ser das aldeias indígenas da região.
Sei que passei uma tarde muito boa, se soubesse que poderia
ser a ultima vez que via meu irmão, teria ficado mais tempo ali.
A capsula as vezes me dava algum movimento de braço, mas
na maioria do tempo, grudado a ela, começava achar que o que me
prendia não era nada além da aceleração.
Tentava ainda achar o ponto em que vim parar a aquele
momento, mas lembro que os relatos de algumas cidades, falavam
de pessoas sumindo ao ar, de um motorista de ônibus estudantil
que sumiu do volante, e o mesmo parou a frente, por não ter
ninguém acelerando, e somente naquele momento as crianças se
deram conta que o motorista não estava lá.
Como algo assim poderia acontecer?
Minha mente sempre tentou achar uma brecha cientifica para
os eventos, para que eu pudesse entender o que era Deus, pois uma
coisas era dizer, a pessoa desapareceu, outra, criando uma dobra
espaço/tempo, eu consigo energia para desintegrar algo e como o
tempo está quase parado, consigo o transportar para longe, sem
perder nada.
Embora possível na lógica, impossível para nossa tecnologia
atual, então eu lembro de estar pensando naquilo, enquanto
pegávamos o trem para Londres.
Lembro de quando o aviso do Canal, senti o reduzir do trem,
foram segundos, escuro, e tudo escureceu, a luz do trem apagou e
Mary me olha.
— Isto não é normal.
— Não.
Se via a preocupação nos olhos, todos negavam as imagens
da TV, mas todos pensavam sobre aquilo, e todos parados sem
saber o que fazer, estávamos provavelmente na parte bem abaixo
40
do canal, lembro dum segurança olhar da porta com uma lanterna e
falar.
— Vamos sair calmamente, existe um sistema de retirada
lateral, não temos posição do que aconteceu.
As pessoas começam a sair e Raquel me olha.
— O que está acontecendo?
— Aqui nada. – Lembro que falei e o senhor ao fundo me
olha, e começamos a sair, uma escada para cima, as luzes estavam
todas na de emergência, e veículos a combustão começam a sair no
sentido da Inglaterra, e aquele veiculo começa a avançar e
chegamos a parte dia, as pessoas pareciam aliviadas, mas não
tínhamos ainda posição do que estava acontecendo, lembro do
rapaz tentar por sistema, olhar para o segundo como se não
conseguisse nada, se via as pessoas xingando seus celulares, olham
descrentes toda aquela inercia, e nada de comunicação, não sabia
se deveria ou não reclamar, estava sem entender algo para
expressar minha opinião, olho para o ar e todos olham aquela
imensa pedra sobrevoar o local rumo sul, sobre nossas cabeças, a
sombra daquilo nos jogou em um escuro forte, quase noite, as
pessoas olham assustadas, umas se escondem, eu apenas olhei e
Mary me olhou.
— Vem de que sentido? – Olhei para a posição do túnel e
falei.
— Londres com certeza.
Um senhor ao fundo olha para o rapaz do trem e fala gritado,
que tinha de chegar rápido, para ver como estava sua filha.
Olho para as moças e falo.
— Vamos a rodovia a frente, não sabemos quanto tempo
para ter um novo trem.
O rapaz do trem me olha como se não fosse uma boa ideia
sacudindo a cabeça e pergunto.
— Muito longe?
Ele sacudiu afirmativamente a cabeça.
Então olhei em volta e sentei esperando o trem novamente, e
este sentar me fez sentir o corpo desgrudar um pouco da capsula,
mas pouco, consegui colocar a mão no vidro a frene e uma duvida
mórbida me veio a mente, já que não existia outra forma de sair
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dali, como saber a temperatura do lado de fora, e o principal, tinha
ar?
Olho a minha mão e vejo que onde havia a tatuagem, estava
pintado de negro, o mesmo símbolo, estranho, mas logo sinto
aquela aceleração e o braço voltar a encostar rente ao corpo.
Lembro do rapaz chamando para voltar ao trem, e ele
retomou a velocidade e chegamos a uma Londres de pessoas
olhando em volta, olhando as ruas ainda no escuro, o fim de tarde,
e o medo nos olhos, lama nas ruas, não sabia o que havia
acontecido, então caminho, com duas pessoas no sentido de
Camden, vejo um taxi e pegamos saindo a norte no sentido da St.
Pancras Way, as duas viram o carro parando a frente de um portão,
ela me olham, e Mary pergunta.
— O que viemos fazer aqui?
— Lembra que me perguntou no trem se algo aconteceria, e
disse que lá nada, mas sinto ainda os pelos eriçados, o corpo
inchado, e preciso saber.
Ele abre o portão e um senhor ao fundo fala.
— Não é mais hora de visita.
— Sei disto senhor, apenas um momento.
Parecia atraído para ali, e se cheguei naquele momento,
lembrando agora, parecia que era para chegar,
Lembro de sentir as energias, vi Mary e Raquel chegarem
bem perto, e vi os espíritos começarem a se soltar, o senhor que iria
nos barrar olha assustado, e chego a lapide onde jogamos os restos
das cinzas de minha mãe, eu não sabia se algo aconteceria, mas
sinto aqueles seres a toda volta se levantarem, St Pancras Old, já foi
um cemitério, hoje apenas lapides antigas, e olho aquela senhora se
erguer a minha frente, o olhar dela meio sem entender, olha em
volta e me olha, não sabia se ela me veria, mas ela sorri, ela olha
para o céu e se desfez em luz, eu estava parado estático, sorrindo
quando Mary perguntou.
— Quem era a senhora bonita?
— Aquela era minha mãe. – Falei quase automático e começo
a sair, o senhor olhava tudo assustado, mas aquilo aconteceu em
toda a cidade, estava quase no portão e o senhor nos olha e
pergunta.
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— O que foi isto?
Sorri apenas, ele não deve ter entendido, mas sorriu.
Saímos e fomos no sentido do aeroporto internacional,
sentamos no saguão e eu olhava minhas mãos e me perguntava, o
que fazer, eu não conseguia trazer a historia para o plausível,
alguém que viveu tentando trazer ao plausível, não conseguia.
A luz voltou, as moças viram que voltaríamos, não sei ela, mas
na hora de apuro, prefiro estar em casa.
O rosto de assustados, de intrigados, em meio ao tumultuo,
fez alguns se olharem, e a TV ao fundo dava a volta da TV ao vivo,
no centro de Londres, o repórter explicava o inexplicável, ele fala
que um objeto veio a superfície do rio Thames, e que trouxe a
estrutura de controle de enchente para cima, tinha os restos dos
dois lados do rio, interrompendo o fluxo do mesmo, aquilo ficou ali
por meia hora, o rio tomou as ruas de Londres, a energia caiu, o
pânico, algumas pessoas sumiram, e depois aquelas luzes que
viram, e que não conseguiam registrar.
— Acha seguro voar Douglas? – Raquel.
— Não sei, mas quero estar em casa, algo está acontecendo,
e não sei oque.
— Sua mãe foi enterrada ali?
— Não, as cinzas dela foram jogadas ali.
— Esperava algo assim?
— Queria saber se todos estavam indo, não lembrei o ponto
exato de mais ninguém.
— Certo, mas não tinha certeza.
— Tudo que olho em volta é incerteza.
Compramos as passagens, um avião para 280 pessoas, parece
que parte dos que pagaram não apareceram, decolamos com ele
quase vazio, lembro que Raquel olhava o dedo, e que algo estava
errado, ela olhava para a marca escurecer e me olha.
— O que está acontecendo?
Não sabia, olhei para a marca no meu dedo, estava
escurecendo, mas agora sei que ela já estava bem escura, Mary olha
para o dedo dela e fala.
— Não entendo o que pode acontecer Douglas, estou com
medo, não sei o que estou fazendo lhe seguindo.
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Sorri sem graça, não tinha 30 pessoas em um voo daquele
que geralmente era lotado.
Olho a aeromoça olhar para fora, ela não falou nada, olhei
para fora e não vi nada, talvez esta seja minha ultima lembrança,
pois eu lembro de ter adormecido, e agora, onde estou?
O corredor a frente, não me deixa ver nada, mas sentida o
corpo grudado a capsula as costas, qual a velocidade que
avançávamos, e minha duvida eterna vem a mente, pois na ficção
sempre se fala em criar uma bolha espaço/tempo, mas a pergunta
que me fazia, o atalho, nos faria sentir o tempo, ou não.
Sei que um momento estava pensando nisto e no momento
seguinte vejo tudo clarear a minha frente, o canudo a minha boca
dobrar para o lado e entrar ao fundo, não via mais onde ele estava,
e senti o corpo desacelerar, mas ainda preso naquele
compartimento.
Ouvi algumas batidas na capsula, me contive em não o fazer.
Sei que a tensão veio aos músculos, mas parece que nada iria
acontecer ainda.

44
Fiquei um tempo de olhos fechados,
pois a luz no corredor estava me irritando a
vista, sinto frio, estranho, e abro os olhos,
as capsulas estava todas de pé e ainda
assim sentia o corpo grudado as costas,
mas senti o chão, começava a ter
gravidade, de alguma forma.
Olho um senhor ao corredor, parecia um, mas ele estava em
uma vestimenta estranha, solta sobre o corpo, mas com certeza
muitos não estava felizes, começava a ouvir reclamações e
lamentos, e o senhor não pareceu gostar disto.
Algumas capsulas, a frente começam a se abrir, vi o senhor
sair e os rapazes olharem os demais, e saírem por onde o senhor foi,
um segundo grupo fez o mesmo, vi Raquel saindo, ela não deveria
me ver, mas a vi olhar assustada, eu estava no fundo do corredor,
então somente depois de ver outros saírem, sai por ultimo, na
capsula ao lado Mary que me olha e não fala nada, ela estava
assustada, mas a estiquei a mão e ela tenta falar, mas parecia com
medo disto.
— Calma, não sabemos ainda o que aconteceu.
— Onde nos meteu Douglas?
Sorri, uma cobrança por primeiro era sempre o que esperava
das pessoas, por melhores que fossem, elas sempre cobravam antes
de qualquer coisa.
Caminhei ao fundo, ela foi a frente, e ouvi um rapaz, não
sabia se ele viera junto, mas tomara a frente.
— Estamos em uma nave, não lembro de ter chego aqui, mas
um senhor ali, que é uma holografia, descobri tentando o parar,
disse que em dois dias estaremos em Terra, mas onde nem ideia.
O rapaz olha os demais e fala.
— Existe um quarto para cada um, não sei ainda o que
estamos fazendo aqui, nem o que é aqui, mas acho que é evidente
que fomos de alguma forma abduzidos para cá.

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Eu esperei os demais se afastarem e olhei para a ordem
alfabética, e entrei em um cubículo que tinha meu nome, existiam
instruções para não usar agua, pois ela era para ser tomada, uma
espécie de toalha, fechei a porta e me lavei, não tinha nada meu ali,
então estava apenas com a roupa que subi ao avião, olhei que
relógio, celular, e aparelhos normais, nos foram tirados, quando
nem lembro.
Coloco a mesma roupa e sento a cama e começo a pensar, o
que eles pretendem, sei que pode parecer infantil, mas eu quero ir
para casa, e minha casa não é este lugar.
Vi uma espécie de holografia fixa a parede, dar a imagem do
planeta a frente, sua atmosfera era composta de mais
hidrocarbonetos que a da Terra, então o planeta era avermelhado
na cor, se via uma espécie de oceano, mas ele refletia a cor do ar,
então parecia bem estranho aos olhos.
Tinha 3 luas, uma maior, duas menores, e vejo mais duas
grandes naves emparelharem indo para o mesmo lugar, olho uma
das luas, estanho, ela não era uma lua, eu chego perto, o reflexo de
aproximar com o puxar com o dedo aproximou o mesmo e vi um
planeta mais azulado, e lá tinha outras duas espaçonaves chegando,
eram planetas gêmeos, eles giravam um em torno do outro e os
dois ao sol a frente.
Estranho como não me sentia em casa, ouvi uma batida a
porta e vi Raquel e Mary, fiz sinal para entrarem e ouvi um alarme e
me levantei.
— Desculpa, não sei as regras internas.
Saímos, elas viram que os corredores tinham seres ao fundo,
que pararam, eles interfeririam, pela primeira vez vi aqueles seres,
peles escuras, misto de verde e azul, eu sentei a frente e ouvi
Raquel perguntar.
— O que fazemos aqui?
— Nem lembro de ter chego a nave, com saber o que
fazemos aqui Raquel, estava tentando saber se caímos no oceano,
ou algo assim.
— O que são aqueles seres?
— Não sei, sempre temi isto, e olha onde acabamos.
— Mas porque disto?
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— Não sei, e duvido que alguém ali no fundo saiba, parecem
os seres que nos conduzem, 4 naves vieram apenas para este
sistema, mas onde estamos, nem ideia.
— O que acha que eles vão fazer?
— Povoar o planeta e nos abandonar ali.
— Porque alguém faria isto?
— Não sei, mas odeio a ideia de pré-história com as mãos.
Raquel viu outros se aproximando e pergunta.
— O que acontece se nos revoltarmos?
— Raquel, ali fora, é zero absoluto, morte.
Ela olha para fora e fala.
— Certo, revoltas podem custar a vida de todos, é isto?
— Sim, é isto.
Um rapaz chega a eles e fala.
— Existem regras a parede, melhor lerem antes de qualquer
coisa rapaz.
— Regras?
— Nada de relações antes de chegar ao planeta?
— Acho que eles teriam um choque em ver que estaríamos
sentados aquela cama apenas conversando, mas tudo bem, quem é
você? – Perguntei olhando o rapaz.
— Nova-iorquino, não sei como acabei aqui.
Olhei o rapaz e falei.
— E a verdade?
O rapaz me olha.
— Acha que estou mentindo.
— Está, mas tudo bem, se não pode falar, não vou lhe forçar,
apenas é que se vai mentir, me dá direito a mentir de volta.
O rapaz me olha, ele olha os seres ao fundo e pergunta.
— E onde está o erro?
Sorri, ele não entendeu, mas se afastou e Raquel olha para
mim como se perguntasse o que quis disser e falo sem ela
perguntar.
— Ainda não sei se podem me lançar para fora Raquel.
— E pelo jeito ficou a reparar as coisas?
Me calei, tinha visto que a alimentação iria ser no quarto,
uma espécie de comida em uma espécie de copo, onde se tinha um
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canudo, e vi que a ração era pouca, sempre fico pensando que
posso ser muito mal humorado quando com fome.
Eu sai e vi que os seres nos observavam ao longe, nós éramos
os orangotango no zoo neste momento.
Olho que toda parte da frente, era isolada, e lembro que era
imensa, então daria para ter muita gente ali, olho os sistemas de
quartos, mas olho a circunferência e tenho a sensação de que os
motores, tem de passar por ali, ou ser independente, mas poderia
existir partes externas a aquela rocha, não via tudo.
O reparar na estrutura, me fez pensar no trabalho para o
fazer, mas a duvida, onde estavam elas, quando a colocaram lá?
Quando sento-me o rapaz chega a mim novamente.
— Curioso pelo jeito?
— Odeio me sentir preso, mas sei que ali fora é morte. – Falei
apontando para o vidro.
— Mas pode andar pela nave.
— A parte de comando, não vão me dar acesso, todo resto,
gente com cara de medo, odeio a sensação de medo nos olhos,
odeio ter medo, e como não conheço o planeta, realmente, estão
nos usando como cobaias de uma experiência, e talvez não nos
saiamos bem.
— E o que faria no comando?
— Não sei, mas seria algo a aprender, já estas, parecem seres
aleatórios em uma seleção maluca.
— E porque acha que é uma experiência?
— Dois planetas, habitáveis, um girando em torno do outro,
um vendo o outro evoluir, mas ainda não sei, posso estar enganado,
lá rico em metais, o que vamos, rico em derivados carbônicos, eles
vão nos dominar em 4 mil anos e nos matar a todos.
— E não vai se preocupar?
— 4 mil anos é muito tempo para me preocupar.
— E o que olhava em volta, procurando algo?
— Como disse, ali fora é morte, gosto de saber se o lugar que
estou é seguro.
— E porque mente?
— Se soubesse que deveria mentir mais e ser excluído, talvez
tivesse o feito, agora acho que não quer me mandar para casa, por
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sinal, nem sei para onde neste céu, seria casa. – Eu estava tentando
obter informação mas o ser parecia que não iria falar.
— Transforme em sua casa?
— Acho que um dia rapaz, quando você vier tirar gente daqui,
para levar para outro lugar, os ao fundo já serão outros, mas
lembra, nem tudo vai ser tão fácil, como foi desta vez.
— Acha que entendeu?
— Eu não entendo de almas, mas sei que a energia delas, é
um poderoso meio de evolução, mas pelo jeito tenho e tentar
dormir um pouco, pois não sei quando será a próxima noite que
durma.
— As vezes queria entender todos vocês, parecem prontos
para a guerra, mesmo quando tudo indica paz.
Sorri, levantei e fui para meu quarto, tomei um copo de agua,
não tivemos acesso a nada, então não nos instruiriam muito, mas
aproximei o planeta e vi que havia diversidade, o problema, como
passar o que sei a frente?
Olho o vazo, o espelho, a cama, tudo muito enxuto, eu olho
para os cantos, pareciam controle, e apenas tirei as lentes delas, e
puxei o fio, não sei o que estavam pensando, mas em 12 mil seres,
acho que não estavam pensando muito.
Eu puxei o fio e coloquei nos bolsos, coloquei as lentes na
barra da calça e pensei, era para testar eles, mas deveriam existir
sistemas menos previsíveis, olhei meu dedo e vi a tatuagem
descolar como se fosse deixar apenas uma casca ao dedo.
Lembrei de uma coisa, tirei as peças do bolço, do sapato, eles
teriam de nos desprover do que trouxemos, eles nos dariam roupas
padrão, quase certeza disto.
Eu tentava pensar como eles, e vi a luz diminuir, e senti um
cheiro e senti o sono me tomar.

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Quando acordei, vi que estava
apenas de peça intima, e existia um recado
a mesa, para me vestir e me apresentar a
sala central, olho para as câmeras refeitas,
sorri e as desfoquei, olhei em volta e
coloquei aquela túnica sobre o corpo, no
estrado da cama, tirei um pedaço de arame, duas lentes e um
pedaço de metal, teria de fazer um bolso, pois aquela veste não
tinha nenhum.
Eu olhei a comida a ponta e comi antes de ir ao local, eu era
daqueles que gostava de desafiar.
Chego ao local, pelo jeito por ultimo e olho todos com
aquelas vezes, olho o rapaz que fala.
— Estamos descendo, vamos liberar a saída lateral, quem não
sair, deixamos no caminho para nossa casa.
Olhei o rapaz e fiz sinal que não.
— Problemas senhor Douglas? – O rapaz.
— Maquinas não tem casa, mente para que?
O ser olha para mim, e sinto as portas se abrirem, e o grupo
começa a acelerar para sair, eu caminhei, ajudei uma menina, a
olhei no dia anterior, procurando um conhecido, mas parecia não
ter, e sai um pouco antes da nave fechar a comporta interna, e pulei
para a relva alta.
— Como é seu nome menina?
— Pietra?
— Está com tanto medo como eu?
— Sim, que cheiro é este?
— O do planeta, cheiraremos peido em pouco tempo. – Sorri.
Raquel me olha chegando com a menina ao colo e pergunta.
— Eles esperam oque?
— Eles vão se esconder, eles são escravos e maquinas, não
quem fez, eles são o carro, e carros são veículos de transporte,
lembra.
— Certo, e o que faremos?
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— Não sei.
Olho em volta e vejo aquela imensa arvore a frente e falo.
— Vamos subir na arvore e ver o que temos a volta.
Raquel sorriu e subimos na arvore, Mary se juntou a nós e um
rapaz que pareceu grudar nela.
Olho em volta e falo.
— O problema é que somos seres de cidades, um a cada 10,
vai sobreviver se tomarmos cuidado.
Eu olhei a nave decolar e senti ela próxima e falei.
— Eles nos observam.
Raquel olha os pelos do braço e fala.
— O que eles querem?
Me calei e vi o resto do grupo se agrupando ao fundo e falo.
— O problema, é que não conhecemos os perigos deste
mundo, pode ser um pernilongo, um ser rastejante de arvore, um
carnívoro de campo, não nos deram tempo de observação, olhem,
se virem.
Eu subi na arvore e peguei uma folha, uma fruta e um pedaço
da carca solta e falei.
— O problema, é que não sabemos qual dos três é
comestível.
Raquel sorriu e falou.
— E teremos de testar?
— Tudo, os campos parecem trigo, mas algo diferente, e
estamos no inicio de um dia, que não prevejo boas coisas.
O rapaz me olha e pergunta.
— E o que pretende?
— Descobrir uma forma de não ser escravo, de não ser
comida, e de não morrer.
Peguei a casca, separei a parte interna e mastiguei com
calma,
Senti o amargo na boca e os demais não nos procuraram, não
sabiam quem era quem, mas 12 mil pessoas, precisam de comida,
rápida, senão morrem, eles não nos deram nada de estrutura e olho
a menina e falo.
— Cuida para não se machucar, estamos em um local que
desconhecemos, e temos de nos inteirar dos problemas.
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Eu subi na arvore, olhei o pessoal ao fundo colhendo aquele
trigo, olho bem ao fundo, sobre um elevado, a nave flutuando, olho
para o outro lado e olho aqueles seres com caninos e falo.
— Problemas?
Raquel olha e fala.
— Vão os pegar de surpresa.
— Eles vão tentar, não saiam da arvore.
Desci e olhei para um rapaz e fiz sinal para recuar, e fui
amassando o trigo daquele ponto para frente e um senhor chega e
fala.
— Não pode fazer isto?
— Carnívoros senhor, em bando, vindo, temos de nos isolar.
O senhor olha assustado e fala.
— E o que faremos?
— Tem uma gruta ao fundo, perto da rocha branca que vê
daqui, colhe naquele sentido, e coloca a palha a entrada, já chego
lá.
O senhor olha para mim assuntado e falo.
— Agora, somos muitos, não sei qual a ideia, mas eu acho
que eles querem nos ver se matando, mas não é uma boa ideia.
— Certo, vou avisando e recuando, mas como faremos fogo.
— Já chego lá.
Raquel na parte alta grita para mim.
— Estão chegando Douglas.
Eu faço sinal para o rapaz recuar e me abaixo no feno do
trigo, poderia destruir tudo aquilo, mas não seria comido vivo.
Pego o vidro, coloco em contato com o sol e vejo ela pegar
fogo fácil, me toquei naquele momento que seria um senhor fogo,
vi o ser parar a minha frente e sentir o cheiro e começar a recuar,
ouvi uma espécie de fala, o ser não era apenas um caçador, estava
no caminho do racional, e vi os demais começarem a recuar,
começo a arrancar das costas o trigo e jogar a frente, e gritei para
Raquel.
— Para a gruta, temos um problema.
— Problema? – O rapaz.
— Índice de metano no ar.
O rapaz vê as moças descendo da arvore e Raquel fala.
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— Rápido, temos de recuar?
— Como uma ação impensada, pode nos matar a todos? –
Xinguei a mim.
— Sempre se condenando por tudo.
Vi um galho e começo a bater no fogo, para tentar apagar,
olho para aquele local e falo.
— Isto não é a Terra, tenho de pensar antes de fazer algo.
As pessoas começam a recuar e Raquel olha para Mary na
arvore e ouve.
— Eles estão dando a volta Raquel.
Os seres começam a atacar em meio ao recuar e arrasta
alguns para longe, Douglas não sabia o que fazer, mas sem o
oxigênio não respirariam e não tinha nada que pudesse enfrentar,
olha para as rochas e olha para Mary e fala.
— Sobe alto.
Olho o chão até achar um galho, e depois um pedaço de
pedra, mais afiada, faço uma lança rápido e espero no caminho, as
pessoas ao fundo foram recuando, via aquele ser vir no meu
sentido, não sabia o que era melhor, não sabia se eles tinham medo
da dor, esperei o primeiro atacar, não o feri para matar, mas para
ele gritar de dor, os demais param o ataque, olham o ser e
começam a recuar de novo, olho para a gruta, ainda tinha gente no
caminho, não teríamos como sobreviver ali, jogados para morrer.
Eu estava trapaceando, mas se eles queriam nos ver morrer
rápido, e deveriam estar olhando outros grupos, teria de alertar
todo um planeta, que aqueles eram inimigos.
Eu olhei um segundo ser daqueles, chegar ao primeiro, o
ajudar e me olhar, era raiva ou fome, mas ele me olha como um ser
pensando em como nos vencer.
Raquel olha para Mary e fala.
— Ela ficou isolada.
Eu chego ao rapaz na entrada e falo.
— Três voluntários, temos de ser rápidos, não sei quando vai
ser noite aqui, e quanto tempo isto dura, mas aqueles seres podem
nos caçar a noite.
— O que precisamos fazer.

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— Não sei se a gruta é segura, mas tem de ter uma vala fora
dela, pois a fumaça para dentro nos mataria, nela, vamos jogar
galhos, palha, tudo que possa pegar fogo, mas de preferencia,
duradouro, não rápido.
— O que mais?
— Pega um rapaz, e começa a selecionar pedras pontudas,
pega o corpo da planta, e amarra firme em galhos.
— Voltamos a pré-história? – Um senhor.
— Não, aquele ser nos olhou como um ser evolutivo, ele está
quase na inteligência, podem estar nos usando, como forma de os
ensinar.
— E pensei que viria ao paraíso.
— Isto é o paraíso, mas quem hoje sobreviveria no paraíso? –
Perguntei, peguei a lança e caminhei até a arvore, Mary desceu e
me vi cercado e ela estava as minhas costas.
Uma lança, 12 seres a frente.
— Me entende? – Falei olhando o ser.
Repeti a frase em 12 línguas, e o ser me olhava estranho.
— Entende? - O ser estranhando.
Olhei para Mary e falei.
— Vai ser difícil.
— O ser fala.
— Sim, seres inteligentes.
Passei a lança para ela, juntei uns ramos ao chão e falei.
— Não quero ter de queimar o vale, mas se precisar.
Pego um galho, prendo a palha a ponta e coloco fogo com o
vidro, e o ser recua, ele parece ver aquilo com medo e admiração,
começamos a recuar, e os seres vieram no mesmo sentido, os
rapazes aceleram, pulamos a vala na entrada e jogo o fogo e o ser
me olha afastando os seus, vendo o fogo cercar a entrada.
Vi o ser olhar a pata e olhar o outro, ele catou um pedaço de
feno e ficou a olhar para ele, os demais fizeram o mesmo, não sabia
o que estava passando na cabeça deles, mas talvez eles nunca
tenham pensado em usar as mãos para algo, e se eles tinham uma
cabeça maior que a minha, não teria como saber o nível de
inteligência deles.
Um senhor olha para mim na entrada e fala.
54
— Não podemos ficar por aqui.
— Sei disto.
Olho a menina e pergunto.
— Como está?
— Dor de barriga.
Olhei Raquel.
— Também.
— Então levei sorte, pois ainda não me deu dor de barriga.
A menina me olha com nojo e fala.
— Mas comeu a casca.
— Verdade.
Eu entrei e olhei aquela caverna imensa, um lugar amplo
demais, com lajes ajeitadas, aquilo não era uma caverna natural, e
olho em volta e olho algo brilhando no escuro, e vejo o rapaz ao
meu lado e falo.
— Alguém tinha de ter plantado aquilo.
Olhei para um senhor a frente, olho para os ao fundo, poucos,
mas vi que eles tinham hastes cortantes a mão, pedras afiadas e o
que era paz, em meio a gente agrupada, virou algo entre dentes e
humanos pré-históricos.
Olhei para a parte que subia e falei para o rapaz.
— Devem estar mais assustados que nós.
Olhei para Raquel e Mary, as duas chegam perto e a pequena
Pietra veio desconfiada.
— O que vamos fazer?
— Sei lá, voltar para casa.
— O que são estes?
— Seres jogados em um planeta que não evoluiu.
— E como voltamos para casa? – Um rapaz ao fundo.
— Ainda não sei, mas sente os pelos?
O rapaz olha para o braço e fala.
— Sim.
— Eles estão sobre esta montanha, eles nos vão observar,
mas não sei se quero eles no planeta, ou apenas a nave deles.
— Certo, mas como descer algo como aquilo?
— Se dominasse a tecnologia, talvez conseguisse, mas ainda
não sei, mas precisamos de uma saída para cima.
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— É impressão minha ou isto foi um templo que virou gruta?
– O rapaz.
— Parece, mas não sei o que foi, mas com certeza, os ali
abaixo, não sabem disto, uma historia perdida, mas preciso achar
uma saída para cima, pois se existir, temos de a fechar.
— Certo, se não dominarmos as entradas e saídas, podem nos
matar dormindo.
Começamos a subir, e começo a olhar para as paredes, elas
estavam se desfazendo, acabamentos que não saberia como foram
feitos, mas a estrutura era firme, metálica, e os andares pareciam
uma espécie de concreto, rampas, agora com pedras, como sujeira,
com seres estranhos se escondendo aos cantos, e chegamos a parte
alta, e olho para os lobos chegando e um rapaz a entrada se assusta
nos vendo, um dos rapazes do grupo abaixo, ele nos aponta a lança
e aponto para aquilo que poderia chamar de lobos, mas era
diferente, as patas estavam mais para felinos, e os ouvidos estavam
mais escondidos.
Eu olhei para cima e ali estava a nave, e falo para o rapaz.
— Como desativamos algo que usa aparentemente
eletromagnetismo?
O rapaz entrou nos apontando a lança afiada e olho para os
lobos e um me olha estranho, como se fosse o que estava na parte
baixa, e falo olhando o ser.
— Não sou inimigo.
O rapaz iria falar algo e vê o ser falar.
—Nimigo...
Ele me olha na duvida.
— O que está acontecendo?
— Nem ideia.
O ser se afasta e olho para cima e falo para o rapaz.
— Algo assim seria casa para muitos, mas eu sempre espero o
pior, e se a outra nave, não tiver humanos?
— O que teria?
— A evolução do ser a nossa frente.
— Seriamos um grande zoo para eles.
Eu chego ao chão, e falo.
— Recua pelo buraco.
56
Faço sinal para o ser ao fundo se afastar, ele parece repetir o
gesto e começa a se afastar, pego uma linha de mato, começo uma
fogueira, eu era maluco, olho aquela linha de gás subir junto ao céu,
os seres se afastam mais rápidos, eu olho para a nave acima, eles
deveriam ser inertes como nós, ou achavam estar protegidos, mas o
fogo, gera dióxido de carbono, e evapora o pouco da agua das
arvores ao chão queimando e o calor subia, e se viu os primeiros
raios, caindo a todo lado, eu achava que não daria efeito, mas olho
aquele seu ficar avermelhado, e começar a correr violentos raios no
céu, vi quando um atingiu a nave, se viu a proteção da mesma,
imaginei que seria assim, mas sinto os pelos do braço descerem,
olho para outra descarga e vejo a tentativa de ligar o motor, e eles
não brilharam, um deles aparentemente saiu fumaça e desci rápido,
ouvindo o barulho daquilo caindo.
O rapaz sorri e fala.
— Maluco.
Eu voltei a subir e pela fresta que dava para fora, vi os seres
escuros, saírem pelas portas que saímos antes, e os “Lobos”,
começarem a vir no sentido, vi quando o primeiro ser atirou no lobo
e o mesmo cai morto, os demais apenas desviaram e foram para o
mato, e ouvi um rapaz ao fundo.
— O que aconteceu?
— Uma descarga elétrica violenta, queimou os sistemas de
proteção.
O rapaz ao lado pergunta o que falaram, expliquei que
parecia Sírio, e que significava, fiz sinal para dar a volta, e
começamos ver os seres saírem, eu entrei e olhei para os
corredores vazios, eu fui a parte da frente e olhei aqueles seres no
comando e ouvi o rapaz falar.
— Estamos perdendo a transmissão, eles vão reclamar.
Olhei as telas a frente dos seres e vi que tinham imagens dos
demais grupos, de gente morrendo em campo, de seres estranhos
em seus uniformes atirando em humanos pré-históricos.
Eu olhei os painéis ao fundo e olho os cabos e começo a
desprender eles, não sabia o que fazia aquilo ao certo, mas eu
entrei para dentro do painel e comecei a soltar tudo que tinha ali,
não vi o que estava fazendo, mas senti os seres começarem a xingar
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e começarem a falar em um comunicador, que estavam com
problemas internos.
Eu me coloquei ao canto e fui tirando mais cabos, mais fio, vi
quando tinha dois quentes e os deixei encostados e comecei a
voltar pelo caminho que entrei, ouvi uma explosão e todos correm
para o sentido que eu estava antes e saio calmamente, olhando os
seres ao fundo, entro na caverna, e o rapaz pergunta.
— O que está acontecendo?
— Vamos ter de deixar alguém de guarda aqui, mas temos de
conversar.
Desci e o pessoal estava assustado, ao fundo parecia que o
fogo não iria segurar muito tempo os seres e chego ao grupo.
— Primeira coisa, temos infiltrados, dos seres lá encima, eles
tem imagem daqui de dentro, e parece ser através de um olho,
então precisamos saber quem é um autômato aqui, segundo, eles
colocaram no planeta dois grupos evolutivos, que pelo jeito, já
viveram por aqui, ou próximo, mas uma nave tínhamos nós, na
outra, seres como aqueles lobos ali fora, fizeram isto no planeta ao
lado também, e transmitem as mortes para alguém, parece um tipo
de jogo, onde no fim, alguém ganha, e fica largado ao planeta, por
milhares de anos, até pensarem em nós novamente.
— E como sabe disto?
— Eu não sou bonzinho, então eles estão tentando religar a
nave que viemos para cá, na saída alta deste lugar.
— E vai querer fazer oque?
— Eles querem uma imagem, então vamos mostrar nós e os
seres caçando eles. Precisamos de vigilância na parte alta.
— E quem é o autômato?
— Não me interessa, se ele transmite, que retransmitam.
Eu começo a sair pela frente e caminho até a arvore e pega a
casca e sento diante da arvore e espero aquele ser parar a minha
frente, eu coloco uma casca virada para cima e o ser cheira e lambe,
me olha e fala.
— Que ser?
— Aliado.
— E aquilo?
— Inimigo.
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O ser senta-se nas patas de trás e come e outros chegam, tiro
mais algumas cascas e o ser me olha sair dali, o rapaz a entrada me
olha assustado e fala.
— Fazendo aliados?
— Tentando os tirar a fome, mas para mim, não deu dor de
barriga, não sei para eles.
Peguei mais alguns galhos e joguei na vala e olhei aqueles
veículos que não vira antes, flutuando sobre o local, e olho para os
seres, me armo com a lança e olho para o rapaz.
— Recua todos que puderem ser afetados,
Eu olho o ser ao fundo, e olho para aquele ser sem nariz,
entre a cor verde e azul, mãos com 6 dedos, pele estranha.
— Já na barbárie? – O autômato eu dirigia.
— Lhe tiro o sistema e nem barbárie é autômato.
— Não tem como o fazer.
— Sim, não tenho um imã, senão o faria apenas para provar
ser possível.
Os seres olham para mim e um fala.
— Vamos tomar sua gruta.
— Por quê? A nave não é suficiente para vocês todos?
— Não sabemos ainda a consequência, mas algo transformou
o ar interno em toxico para nós.
— Sintam-se a vontade.
— Não entenderam, vamos os tirar dai.
Olho para o rapaz e falo.
— Põem todos para sair pela outra saída, não vamos dar de
comer aos lobos hoje.
Os seres não eram mais de 30 em dois veículos, vi como eles
olharam para a menina, e sorri, eu a conduzi.
Eu dei as costas e olhei para o senhor e na parte interna.
— Agora querem a nossa gruta.
Começamos a sair, os senhores não sabiam para onde
iriamos, mas obvio, eu entrei na nave e isolei os cabos e a fumaça
parou, não entendia os comandos, mas aquele botão verde fez o ar
começar a refazer, as pessoas começam a se acomodar, as
comportas se fecham e eu olho a menina e falo.
— Quais as regras?
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— Acha que vou falar fácil?
— Você que sabe. Sem regras, todos morrem.
— Eles não se preocupam com todos mortos.
Sorri, ela não entendeu, eu fiz sinal para os lobos e eles
começam a entrar pela parte alta da gruta, eu desço e começo a
pegar muito trigo e fui jogando na vala, o fogo ergueu, o ar com
muito gás parecia transformar aquilo em algo que gerava raios, e
vejo começar aquela chuva de raios a toda volta.
A menina olha através do fogo e olha os logos atacarem os
seres e fala.
— Não pode os matar.
— Não entendeu a frase criança, sem regras, todos morrem.
Olho os veículos ao fundo, subo em um, e começo a voltar a
parte do fundo, a menina que caminhasse, eu vejo o grupo de lobos
saindo da caverna, arrastando os corpos para longe, não veria eles
comer, mas com certeza, deveriam existir agrupamentos maiores
daqueles seres.
Eu entro na nave e começo a testar botões, fui ao painel e
comecei a ligar todos os cabos que havia desfeito e vejo o campo de
energia se erguer a volta da nave, e a linha de transmissão surgir a
minha frente.
Vi que havia uma imagem que vinha do agrupamento de
humanos na caverna, e um do grupo de lobos, a imagem do seres
sendo devorados, pareceu chocar alguns, e ouço a ordem da outra
se locomover no sentido dos “Naic” e os exterminar.
Eu peguei aquilo e decolei a nave, não sabia bem como o
fazer, ela parecia ainda não me obedecer como eu queria.
Chego ao grupo de “Naic” e desço e olho para o líder dos que
foram abandonados ali e este me olha.
— Quem ser?
Eu coloquei a imagem dos seres pedindo a morte dos Naic.
— Eles não fariam.
Olhei os seres comendo humanos ao fundo e falei.
— Herbívoros como nós, que adoram carne, dois erros da
evolução.
O ser não entendeu, mas eu fechei a comunicação e olhei
para o rapaz.
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— Se caçar deles novamente, vou chegar atirando, não me
importa se vou ser odiado.
Entro na nave e começo a voltar, eu parei a nave sobre o
acampamento dos Pré-Naic e olho para a segunda nave chegar ali, a
menina do lado de fora, viu eu no comando, ela parecia alertar eles
que algo estava totalmente fora do controle, mas eles tinham o
registro de eu falando que mataria os demais, se eles cassassem
humanos, então eles achavam que estaria contra os abaixo.
Eu liguei o campo de força ao máximo, e quando os seres
saíram armados para caçar, se vingar, as armas vieram a proteção
eletromagnética, eles tentam segurar, eles ficam sem armas, depois
os veículos se invertem e grudam na nave.
A valentia com armas, vira corrida nos campos, de seres
desarmados.
A maioria descansando, comendo aquele troço que nos
deram, e eu a olhar o sistema da segunda nave.
Eu não sabia o que aconteceria, estava com fome, e olho para
aquela casca, não sabia o que era aquilo, mas era bom, se era
mortal também não sabia, mas olho para o grupo de Naic me olhar
e um ser a frente falar em uma língua estranha, um.
— Grato.
Eu olho os comandos da segunda, estavam melhores, mas a
que estava tinha baterias de volta, sinal que os seres vieram de bem
mais longe.
O descer da nave e deixar das proteções erguidas, protegia
até quem estava na caverna e no clarão entre as duas montanhas,
em que a nave estava acomodada.
Entro na segunda e faço sinal para a menina, que entra e me
olha.
— O que quer?
— Alguém tem de documentar isto.
— Eles vão acabar com seu povo.
— Eles que se virem, eu estarei por aqui.
A nave decola e começa a ir no sentido dos outros humanos,
no planeta vizinho, desce olhando o medo nos olhos, eles me veem
saindo do veiculo e falo jogando as armas para eles.
— Vamos equiparar isto.
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O rapaz fala em uma língua que não entendo, será que era de
outro mundo, uma diversão.
Eu via o sistema dizendo que a nave sobre o morro ao longe
estava ligando seus motores, e inverto a potencia dos motores e a
nave sobre nós começa a ter problemas de estabilidade, ainda bem
que regras físicas, são mais confiáveis no universo do que a
evolutiva, que parece sempre premiar os mais cruéis.
Eletromagnetismo como forma de abrir espaço/tempo,
requer sempre muito cuidado, eu não entedia isto, mas começava
entender como não funcionava, a ação do motor baixo, tirava a
energia do de cima, e ouço o desmoronar da nave, os demais se
assustam e se afastam.
A menina me olha e fala.
— Está estragando o jogo.
— Estou gostando do jogo, e pode ter certeza, próxima
parada, o planeta deles, vamos fazer uma colheita e por em campo,
contra estes seres primitivos e vamos ver se eles sobrevivem.
— Mas eles não deixarão?
— Estou esperando eles terminarem de levar choque no
comando acima, para ir lá.
Eu olho o ser e faço sinal para se afastarem, e pego uma
condução e vou a outra nave, e começo a entrar atirando, se na
primeira os coloquei para correr, nesta, iria fazer uma oferta de paz,
com carne de seres estranhos.
Olho a nave rachada no meio, não resistiu ao choque e ela
começa a queimar por dentro, e saio dali, com a menina me
olhando.
— Eles vão mandar mais deles para lhe matar.
— Estou esperando, que mandem os melhores, mas eles são
covardes, vão mandar outro povo, eu não tenho pena de covardes.
— Eles querem saber como parar as matanças?
— A pergunta foi para você ou para mim?
— Querem uma trégua.
Sorri e ergui a nave que estava por baixo e a sobre ela escorre
pela proteção ao lado, olho para a outra chegando e penso se valia
a pena, estava longe de casa, com fome e talvez alucinando com
aquela raiz.
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O sistema acende e vejo um autômato com aparência
humana olhar para mim.
— Como paramos estas matanças?
— Eles não tem coragem de falar comigo, ou não se rebaixam
a isto autômato?
— Eles querem uma trégua.
— Eu quero eles longe dos humanos, mas esqueço que esta
brincadeira deve ter espalhado os humanos no espaço.
— Eles querem uma garantia de que não vai ao planeta deles.
Sorri, não poderia falar, mas não sabia onde era o planeta
deles, não entendia aquelas coordenadas, não me adiantava muito,
mas teria de ver como o fazer.
Olho o ser ao lado do autômato e pergunto.
— E as outras 10 naves de humanos do meu planeta?
— Eles se comprometem em não os pegar mais e tentar tirar
os seus dos planetas.
“Mentindo” pensei eu, e o ser olha para mim e fala.
— O que pretende.
Eu estava fazendo uma manobra lenta, todos olhando pelo
monitor, e ligo os motores ao máximo, e sinto a energia dos dois
motores, entrarem em reação, olho o autômato ficar sem expressão
e cair, o ser olha assustado e vê o motor desativar, a nave cai, e eles
se armam, e quando saem, os humanos ao chão começam a os
caçar, eu olho a nave ser tomada, ligo a que estou e volto ao
planeta ao lado, as pessoas estavam ainda dormindo, quando
acerto o destino e entro em uma espécie de comando e sinto o
corpo colar na cadeira e aquele tubo de comida vir a boca.
As vezes queria pensar para fazer, mas disparei, esperando
ser o endereço certo.

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Quando eu deixei a nave, dias
depois, eu sai sem falar nada, as pessoas
surgem em suas ruas, meio confusas, e eu
caminho para minha casa, e penso em
como parar aquilo.
Os governos Americano e Chinês, se
apoderam das duas naves, e começa uma nova corrida tecnológica,
pois uma coisa eu sei, se eles demorarem para descobrir de onde
saiu o maluco que os detonou, já estaremos melhor preparados,
ainda não entendi o como funciona o reorganizar da energia das
almas, não sei se eles o fazem ou é consequência, mas sei que
sentar aqui e traduzir mesmo o mais incrível livro de ficção, começa
me parecer monótono.
Mary surge a porta e fala.
— Não vai falar nada?
— Alguém acreditaria?
— Não sei como você nos trouxe de volta.
— Sei que preciso pensar, algo não aconteceu como deveria,
mas com certeza, estar em casa, nunca foi tão bom.
Olhei para a rua de Mendoncino e sorri, estranho como as
percepções mudaram, eu olho Mary olhar para o mar e falar.
— Acho que nunca mais vou conseguir dormir como antes.
Sorri, pois acho que nunca dormi tão bem desde que voltei,
talvez o trabalho nunca seja como antes, mas olhar para o espaço,
com certeza, nunca mais será como antes.

Fim.

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