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J.J.

Gremmelmaier

Ladrão de Laços

Edição do Autor
Primeira Edição
Curitiba
2017

1
Autor; J. J. Gremmelmaier Ele cria historias que começam
Edição do Autor aparentemente normais, tentando narrativas
Primeira Edição diferentes, cria seus mundos imaginários, e
2017 muitas vezes vai interligando historias
Ladrão de Laços aparentemente sem ligação nenhuma, então
existem historias únicas, com começo meio e
------------------------------------------
fim, e existe um universo de historias que se
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
encaixam, formando o universo de
------------------------------------------ personagens de J.J.Gremmelmaier.
Gremmelmaier, João Jose Um autor a ser lido com calma, a
Ladrão de Laços, Romance de mesma que ele escreve, rapidamente, bem
Ficção, 061 pg./ João Jose vindos as aventuras de J.J.Gremmelmaier.
Gremmelmaier / Curitiba, PR. / Edição
do Autor / 2017
1 - Literatura Brasileira –
Romance – I – Titulo
-----------------------------------------
85 – 62418 CDD – 978.426

As opiniões contidas neste livro são


dos personagens e não obrigatoriamente
assemelham-se as opiniões do autor, esta é
uma obra de ficção, sendo quase todos ou
quase todos os nomes e fatos fictícios.
©Todos os direitos reservados a
J.J.Gremmelmaier
É vedada a reprodução total ou parcial Ladrão de Laços
desta obra sem autorização do autor.
Sobre o Autor; Luiz Candido é um Curitibano, que
João Jose Gremmelmaier, nasceu em está em eterna evolução, um personagem
Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, formação sem moral, sem certo ou errado, que tentou
em Economia, empresário por mais de 15 se converter e acabou em guerra, pessoal,
anos, teve de confecção de roupas, empresa de energias e de posicionamento referente
de estamparia, empresa de venda de aos demais.
equipamentos de informática, trabalhou em
um banco estatal. Agradeço aos amigos e colegas que
J.J Gremmelmaier escreve em suas sempre me deram força a continuar a
horas de folga, alguns jogam, outros viajam, escrever, mesmo sem ser aquele escritor,
ele faz tudo isto, a frente de seu computador, mas como sempre me repito, escrevo para
viajando em historias, e nos levando a viajar me divertir, e se conseguir lhes levar juntos
juntos. Ele sempre destaca que escreve para se nesta aventura, já é uma vitória.
divertir, não para ser um acadêmico.
Autor de Obras como a série Fanes, Ao terminar de ler este livro,
Guerra e Paz, Mundo de Peter, Trissomia, empreste a um amigo se gostou, a um
Crônicas de Gerson Travesso, Earth 630, Fim inimigo se não gostou, mas não o deixe
de Expediente, Marés de Sal, e livros como parado, pois livros foram feitos para
Anacrônicos, Ciguapa, Magog, João Ninguém, correrem de mão em mão.
Dlats e Olhos de Melissa, entre tantas J.J.Gremmelmaier
aventuras por ele criadas.
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©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier

J.J.Gremmelmaier

Ladrão de Laços

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P ela visão dos demais, Luiz era um rapaz, normal, em
uma rua normal, os vizinhos viam ele sair pela manha,
voltar pela noite, sempre com uma camisa fechada até
o ultimo botão, gravata, calça social, um tênis bem maior que o pé,
mas naquela manha, algo acontecia em sua casa, os vizinhos
olhavam aquele carro da policia a porta da casa do rapaz.
Luiz foi tirado da cama, reviraram a casa, jogado ao
camburão, foi quieto, como se não fosse com ele.
A imprensa tenta entender o que estava acontecendo e os
policiais apenas afirmam que estavam realizando uma operação,
nome, Ladrão de Laços, algo que não parecia fazer sentido, mas que
com um preso, classe media, não chega a dar repercussão.
Quando o Delegado Ribas olha para Luiz, no fim da manha,
pergunta.
— Ele falou algo?
— Nem um som sequer.
— Tem certeza que pegamos o ser correto.
— Nome e endereço batem senhor.
O delegado chega a frente do rapaz e pergunta.
— Quer dar um telefonema, chamar um advogado?
Luiz olha o senhor e faz que não com a cabeça e o senhor
pergunta.
— Vou fazer perguntas diretas rapaz, temos uma denuncia
contra você. – O delegado pega uma foto, mostra ao rapaz e
pergunta – Conhece esta menina.
Luiz olha a foto, era Maria, uma moça da rua, sim conhecia,
mas não sabia se falaria isto, mas era obvio, que se conheciam, mas
as suas lembranças o fazem ficar serio.
— Sim, mora a três casas da minha.
— Sabe o nome?
— Acredito, não tenho certeza que seja Maria Silva.
— Ela está sumida a três dias, e todos apontam para você
como ultima pessoa a falar com ela.

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Luiz não falou nada, eles não teriam como saber se foi,
mesmo que tivesse sido.
Luiz olha o delegado esperando a próxima pergunta.
— Sabe algo sobre o paradeiro desta moça.
Luiz sacode negativamente a cabeça.
— Esta detido para averiguação, tem direito a um advogado
ou o ministério publico se responsabilizara por sua defesa.
— Não tenho dinheiro para advogados senhor.
O delegado olhava Luiz pensando se era o suspeito certo,
parecia alguém desleixado, sem nada de especial, nada de
tatuagens, nada de sinais de briga ao rosto, cabelos cortados e
desajeitados, parecia um qualquer.
Dão as coordenadas e Luiz vai a cela, não teria para a fiança.
Alguém tão normal que os demais olham como um coitado
que acabou ali, mas os olhares para suas roupas e seu tênis, fizeram
de uma noite que parecia normal, virar um pesadelo de pontapés,
agressões, violência, os olhos de Luiz tentavam se manter lucidos.
Quando os carcereiros foram olhar pela manha, estava Luiz
nu ao canto, sem nada, os demais não falaram nada, mas era obvio,
o sangue e a violência que ocorreu ali.
O delegado chega e olha para o rapaz.
— Quem não olhou Investigador.
— Dizem não ter percebido nada Delegado.
— Se ninguém assumir que dormiu, vou ter de afastar todos,
não quero saber de não percebemos.
O rapaz foi ao grupo da noite, conseguiram uma roupa para
Luiz e olham para ele com raiva, ele apanhara, eles não fizeram
nada, e olhavam ele com raiva.
Era inicio da tarde quando ele é colocado para correr, da
delegacia, com palavras como “estamos de olho em você”.
Os vizinhos o veem chegar e não vão lá, ninguém falava com
ele, então ter falado com uma vizinha parecia a muitos um absurdo,
existe uma lenda Urbana em algumas cidades do Brasil, que vizinho
não fala com vizinho, mas posso lhe garantir, eles se amam ou se
odeiam.
Luiz chega a cama, descansa aquele fim de dia, mas na manha
seguinte, vai a feira onde vendia alho para defender um trocado.
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Talvez a postura de ter vivido em um templo, estava em sua
alma, mas o que vivia nele era uma raiva, e sabia que quando a
colocava para fora, não tinha quem o segurava.
Fim de noite, ele estava ainda com a marca da surra no rosto,
doido, vai ao posto de gasolina na estrada, sempre tinha alguém
que dormia se tanta segurança, entra em uma cabine a
arrombando, o caminhoneiro acorda assustado, vem com violência
para cima de Luiz que teve dificuldades de o colocar para dormir
novamente.
O amarra no banco dos passageiros, olha para a carreta de
combustível, o senhor tentava entender o que estavam fazendo,
pois o rapaz o prendera ali, e estavam indo ao centro.
Luiz olha para a descida que dava na delegacia na parte baixa,
olha para o caminhão.
Olha o senhor e fala.
— O céu é para sofredores.
Luiz deixa em ponto morto, solta o freio de mão, e o veiculo
começa a andar na descida, abre a porta e pula para fora, olha o
caminhão acelerar a acertar os carros na parte de trás e os jogar
todos para a entrada dos fundos, o peso da carreta lotada de etanol
arrasta tudo para dentro, a carreta vira e o combustível começa a
vazar, o fogo começa, Luiz não ficou olhando, sobe umas quadras e
volta para casa.

Luiz levanta cedo, pega as embalagens de alho, põem na


mochila e vai a mais um dia de vendas, poucas em fim de mês, mas
que garantiam o comer e o básico da casa.
O dia não foi fácil, volta para casa e olha aquele senhor na
porta da igreja na descida da casa dele.
— Vai colher as ofensas, acha que Deus vai abrir alguma porta
para você?
— Porta? Que saiba não quer porta pastor, quer carteiras, e
como desempregado, realmente, não serei bem aceito ai.
O senhor começa a falar aquelas coisas de gente que não tem
conhecimento, como:
— Sai daqui demônio, você está possuído, Deus nos livre de
alguém como você.
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Luiz era odiado por alguns, agora seria desprezado, mas sabia
que não brigaria em publico com alvos, mas o senhor não sabia o
que era isto, ele sai e vai a sua casa, olha o portão pichado.
“Assassino”
Luiz olha para fora, ninguém, passa a mão na tinta, fresca,
entra e pega uma embalagem de tinta e sai para fora, ninguém
olhava mesmo, escondido em suas casas, abre o spray e escreve.
“Melhor começar a correr, morto”
Luiz fecha o portão, obvio que ninguém diria que pichou, mas
todos viram naquela rua alguém o fazer, e o rapaz não ficou na
defesa, foi ao ataque.

Amanheceu com mais policia na porta.


— Senhor Luiz Candido.
— Nos acompanha.
— Posso trocar de roupa.
— Sim.
Luiz colocou a camisa fechada até encima, colocou um tênis
novo, uma calça social e foi ao veiculo da policia.
Um senhor o conduz a delegacia da sétima, a decima tinha
queimado toda, mas Luiz não olhava assuntos que lhe complicariam
olhar.
O delegado responsável olha para Luiz e fala.
— Andou brigando.
— Apanhando.
— E não deu queixa?
— Foi dentro da cela da 10 a 3 dias senhor, não preciso dar
queixa disto.
— Qual o motivo da prisão?
— Averiguação sobre o sumiço de uma vizinha, como não
tinham ninguém, me jogara, na cela, se morresse, quem sabe o
delegado de lá, tivesse concluído que eu era o culpado.
— E faz oque para viver?
— Vendo alho a feira senhor.
— Algo que dê dinheiro.
— Garanto que dá mais do que alguns empregos bonitos da
cidade senhor, só tenho de manter a qualidade do fornecimento.
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— Estão lhe acusando de ter ameaçado um pastor.
— Eu não ameacei senhor, apenas passei a frente e ele disse
que eu iria colher as ofensas que fiz a Deus, pensei que ele estava
falando em Deus me penalizar, não inventar uma agressão.
— Porque não se dá com o pastor.
— Senhor, aquilo não é uma casa cristã, eles usam uma placa
dizendo ser igreja, mas extorquem em nome de Deus, quando não
se tem mais o que extorquir, e eles veem que não podem lhe deixar
ao lado, você vira o demônio para eles.
— Ele tem testemunhas.
— Fazemos uma acareação senhor, ele mente, as
testemunhas, mentem, mas alerta eles, se me chamarem de
demônio, eu os processo por discriminação religiosa.
— Temos um outro problema.
Luiz olha para o senhor serio, estava começando parecer
perseguição, mas sabia que era resultado de suas ações.
— Estou à disposição senhor.
— O delegado da 10ª está chegando ai e quer lhe falar.
— Pelo jeito este fim de mês vai ser pior em vendas que o
anterior.
O delegado da outra delegacia entra, os dois se
cumprimentam e o delegado Ribas olha para Luiz.
— Problemas com nosso menino?
— Uma denuncia de um pastor, um deputado pressionou
para abrirmos inquérito.
— Sinal que ele não é apenas o que aparenta. – Ribas.
— Fala demais para ser culpado.
— Ele levou azar na decima delegado.
— E vocês, o que aconteceu?
— Um caminhoneiro perdeu os freios e parece que invadiu a
delegacia, combustível para todo lado, os policiais saem correndo
do fogo e os presos não tiveram a mesma sorte.
Luiz olha para o senhor e fala.
— Então não vou reclamar ter levado a surra.
O delegado olha para Luiz.
— Tem gente dizendo ter lhe visto na região.
Luiz sorri e balança a cabeça negativamente.
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— Acha engraçado? É serio.
— Fiz oque, peguei um caminhão de combustível, deve ter
aos montes abandonados por ai, dirigi até a sua delegacia e acelerei
na entrada, e sai sem problemas de lá?
— Tem de ver que tinha um motivo?
— Motivo?
— Vingança pela surra.
— Não joguei um caminhão na porta do delegado,
responsável pelo local e cumplice das agressões, eles são os pobres
senhor, quer inventar cria outra historia.
— Me acusando.
— Entrei vestido na sua delegacia, sai com a veste de um
presidiário que deveria estar a uns 4 anos sem uso, mas minha
roupa, não teve coragem de pegar de volta, pensei que mandava lá.
O delegado da sexta viu que o rapaz sofrera na delegacia e o
delegado parecia querer o dar uma lição.
— E o que fez contra o Pastor Zico?
— Deixei de pagar dizimo, senão ele mesmo me odiando, não
me acusaria, mas entrei em uma igreja que diz seguir um senhor
que expulsou os vendedores da igreja, que pregava o amar ao
próximo, mas eles odeiam todos que não são da igreja ou não
compram seus produtos, sai pois isto me fazia mal, apenas isto.
— A moça que morreu era da igreja, não falava com ela lá?
— Senhor, ninguém fala com o vendedor de alho, ele cheira a
alho, ele come alho, ninguém gosta do vendedor de alho.
— Não é brincadeira rapaz. – Ribas.
— Pelo jeito, mais uma noite a cela.
O delegado da sexta olha para Luiz e pergunta.
— Não saia da cidade.
— Não tenho dinheiro para isto senhor.
— Alguns dizem que você ameaçou alguns vizinhos de morte.
— A pichação no meu muro é o contrario senhor.
O delegado libera Luiz, que sai olhando em volta, sabia que as
energias negativas estavam nele, ele atraíra para a morte energias
do bem, agora, sentia a falta destas energias, ele sentia-se culpado
e começava a se perder naquele caminho obscuro.

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Na sua mente tinha aquele nome da operação, Ladrão de
Laços, e sentado ao ponto de ônibus, a mente dele procurava
entender, pois se eles sabiam dos demais laços, porque não o
prenderam, ou eles estavam esperando algo.

O delegado Ribas olha para o delegado Camargo.


— O que acha Camargo.
— Não parece ser ele, como ele disse, ele trabalha o dia
inteiro, para sobreviver de vender alho, ele tem de passar o dia a
vender, e os rapazes verificaram que ele realmente ficou lá
vendendo.
— Ele saiu?
— Eles acompanharam ele até em casa, depois vieram
embora.
— O que o Deputado falou para pressionar.
— Que ele era envolvido com magia negra.
— Direito a credo, será que o deputado não ouviu falar disto.
— Ele sabe disto, mas alguém saiu da igreja e não parece
querer entrar em outra, é fácil falar mal sem falar.
— Algo sobre a moça?
— Não sabemos nem se ela não saiu de casa, não temos nada
nem para acusar de algo.
— E este papo de Laços.
— O deputado espalhou ai que pessoas ligadas a ele estavam
morrendo, então alguém tirou sarro que eram os Laços do
Deputado, para não falar Amantes, e sabe que não podemos jogar
esta possibilidade fora.
— Ai sairia de nossa jurisdição.

Luiz chega em casa e olha para os rapazes ao longe, policia


vigiando a casa, legal.
Luiz pega a mochila, e vai a feira, alguns já achavam que ele
não apareceria, mas uma de suas compradoras prioritária, garantiu
a venda daquele dia, Luiz sabia que estava sendo vigiado.
O rapaz ao carro fala.
— Ele sabia que tinha clientes, pensei que estava usando
como desculpa para sair.
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— Ele vende bem, vejo gente na parte oposta, mesmo preço,
vender quase nada.
— Deve estar ai há muito tempo.
— O delegado acha que isto ai fez oque?
— Não sei, mas ele é uma figura conhecida do local.
— Reparei, todos o cumprimentam, parece conhecer as
pessoas pelos nomes aqui.
— Estranho, pois perguntei ao vizinho dele se conhecia o Luiz
e tive de explicar quem era o Luiz, aqui todos o cumprimentam por
Luiz do Alho, direto.
— Ele pelo jeito não vive em casa.

Luiz volta para casa, estava no fim de sexta e pensa se iria


tomar uma cerveja, lembra que ele sempre provocava os próximos,
pois ele discordava dos crentes não beberem, cristo bebia, e para
Luiz, só se conhecia o verdadeiro eu das pessoas, quando as tirava
um pouco da sobriedade, seres sóbrios se dizendo do bem, e que
não se atreviam a um gole, parecia alguém mentindo para eles
mesmos.
Luiz olha para os rapazes que o vigiavam e caminha até eles.
— Querem um alho?
— Não rapaz, fica para outra hora.
— Se vão me vigiar, só uma dica, vou beber.
Os rapazes ficaram olhando Luiz entrar de novo na casa, toma
um banho, escova os dentes, um perfume, uma camisa, uma
gravata, uma calça, um tenis, um perfume, carteira no bolso e sai a
rua, ele pega o ônibus e vai ao centro, de lá para Bacacheri, entra
em um bar de Punk Rock, pega uma cerveja e senta-se ao fundo.
Luiz não queria pensar, ele ainda queria se livrar do peso, e
sabia que quando ele bebia, ele sentia o pouco de “Dani”, que ainda
existia, ela pedia ajuda, ela pedia para ser liberta, mas ainda não
tinha como chegar a ela.
Lembra daquela vez que entrou na igreja central da
congregação, e viu aquela pedra negra, o senhor ao altar dizia ser
algo de bem, mas foi o dia que deixou a igreja, todos chegavam e
tocavam a pedra, Luiz sentiu o local leve, chega ao local, mas sentiu

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quando tocou a pedra, Dani, alguns outros seres de magia, tira a
mão e o pastor Zico fala.
— Que todos os males fiquem na pedra.
— Males? – Saiu sem ele sentir.
— Tudo que não é cristo, é do mal.
Luiz afasta a mão, lembra da pedra mudar de cor, olha para a
marca a mão, negra, parecia uma tinta, o pastor olha revoltado, os
seguranças afastaram Luiz que olha para aquela pedra se desfazer,
em pó ao altar, não entendeu por dois dias, mas o pastor o afastou,
falou que ele não era bem vindo, ele destruiu uma peça de poder.
Luiz sorri, pois quantas vezes ele ouviu crentes e evangélicos
acusarem os católicos de adorar estatuas, mas se o pastor os vende
uma vassoura que limpa o mal de casa, eles não veem que é a
mesma coisa.
Luiz pega a segunda cerveja e um rapaz senta-se a mesa.
— Perdido aqui Luiz?
— Senta ai Eduardo, mas melhor não fumar hoje na minha
frente.
— Parou?
— Não, é que tem dois policiais civis querendo me complicar
hoje, de campana, então evita.
— Fez oque que estão na sua cola.
— Parei de pagar dizimo e resolvi comprar cerveja.
— Está querendo oque hoje?
— Confusão, é isto que quero hoje.
— Quem lhe vê nestas vestes, não sabem como bate Luiz.
— Força não se faz por gordura exposta na barriga e
tatuagem no braço.
— Afiado hoje.
Luiz sorri e olha para tudo ficar bem limpo ao ar e fala.
— Algo estranho vai acontecer.
Eduardo olha em volta e fala.
— Não vejo nada.
— Mas pode ter certeza, vai acontecer.
Os policiais ao fundo olham o lugar e um fala.
— Turma da pesada, mas muitos cumprimentam o rapaz.
— Ele veio beber bem longe de casa.
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Eles olhavam para a mesa e veem aquela luz surgir no meio
do salão, os dois olham desconfiados e o garçom fala.
— Não estragando nada, não interfiro.
Os policiais estranharam e viram aquela moça em luz
caminhar até a mesa de Luiz e Eduardo sair.
— Um gole? – Luiz.
— Sabe que não é bem vindo.
— Sei que ninguém gosta de mim.
— Vai se retirar por bem?
Luiz olha para a moça e fala.
— Eu sair não trará Dani de volta.
— Mas ela ainda implora em algum lugar, você sabe onde.
Luiz sente a moça tocar ele com aquela mão quente na altura
do pescoço e todos veem ela o erguer, e falar.
— Intrusos eu tiro, não gosto de você Luiz.
Todos no bar abriram caminho, os policiais estranharam e
viram Luiz ser atirado para fora pela porta, a moça em plena calçada
some.
Luiz se levanta, olha o bar, o rapaz a porta fez sinal para ele
não voltar, pega a carteira, ajeita a camisa, olha os arranhões no
braço e começa a andar pela avenida, ele chega a um bar mais a
frente, compra entrada e se aloja em uma mesa ao fundo.
Os policiais se olham, saem e olham ele andando para outro
bar, não entenderam, o que era aquilo, eles veem ele entrar em
outro bar e pedir outra cerveja.
Eles entram e o segurança recebeu carteirada quando quis os
desarmar, eles sentam ao bar e olham para Luiz a ponta.
— O que foi aquilo?
Um deles mostra a gravação do celular e fala.
— A moça não parece, não se ouve, mas algo sobre uma Dani.
— Sabe que nunca havia visto algo assim.
— E ele não levou para o pessoal, saiu e veio ao próximo.
— E parece querer sentir as coisas, ele olha em volta, ele
sabia que seria posto para fora.
— Talvez por isto o Deputado mandou ficar de olho nele, ele
representa algo que alguns não concordam.
Os dois olham uma moça chegar a mesa e Luiz ouve.
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— Perdido aqui Luiz.
Luiz a olha e fala.
— Vai um alho ai?
— Não, tomando um gole?
— Patrícia me tirou do Lino.
— Lhe tirou?
— Aquelas coisas que amanha alguém diz ser uma
montagem, um rapaz voando pela sala, e sendo atirado na rua.
— Certo, o que fez?
— Ela me culpa por Dani.
— E não teve nada com aquilo?
— Tive, eu entrei naquela casa de vigaristas, ela deve ter me
seguido, mas oque aconteceu nem eu sei ao certo.
— E vai beber apenas hoje?
— Os dois rapazes no balcão, civil, de olho em mim.
— Encrencado?
— O deputado ligado a igreja, mandou me ferrar.
— Por quê?
— Digamos que a pedra dos milagres, vinda do Egito que
absorvia todas as pragas e maus de sua vida, se tornou pó, depois
que toquei nela.
— Foi você, muitos riram daquele vídeo que vazou.
— Não teve graça, temo pelas almas perdidas nestas
enganações.
Luiz tomou um gole a mais e fala.
— Só não se estressa hoje Carla.
— Problemas?
Luiz olha como se tudo ficasse novamente limpo demais.
Os policiais ao balcão olham para aquele apagão, tudo escuro
e viram aqueles seres de luz surgirem ao local, a maioria apenas
ligou os celulares e continuaram a beber, e a frente de Luiz uma
pequena “Ane” surge.
— Veio se gabar?
— Apenas beber Anelais.
— Não é bem vindo.
— Por quê?
— Gente com seu peso, não são bem vindos.
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— Minha saída não muda nada para os Ane.
— Por bem ou por mal.
Luiz pega a comanda, passa no caixa, paga e sai novamente
do lugar.
Os policiais viram as luzes voltarem e os dois saem.
— Mundo maluco este.
— Ele está provocando, não sei oque, mas ele está
provocando.
— Ele caminha fácil, ainda nem bebeu direito.
— Pelo que vi, pagou 3 cervejas e só bebeu a primeira.
Os dois seguem ele, que pegou pela Avenida Nossa Senhora
da Luz, quando ele começa a descer pela Itupava, os policiais
sabiam que ele iria provocar algo a mais.
Ele entra em um bar, o segurança o barra e fala.
— Veio fazer oque Luiz.
— Tentar defender um trocado.
O rapaz sorriu, o rapaz ao bar fala.
— Se ele conseguir atrair gente, pagamos, sabe disto.
Luiz chega ao rapaz que pegou um violão ao fundo e lhe
alcança, ele vai ao pequeno palco e começa por Bidê ou Balde, Foi a
Gripe Forte, estava tocando Motorocker quando o rapaz ao balcão
viu aqueles seres translúcidos entrarem na casa, as pessoas se
afastarem, os policiais estavam tentando registrar, mas pegavam
apenas a reação das pessoas, não os eventos.
Um dos seres para a frente de Luiz e fala.
— Você não é mais bem vindo a cidade.
— Nem vocês, o que muda isto? – Luiz.
— Eles não tem seu peso.
— Não os vejo enfrentando, os deixam tomar espaço, culto,
lhes chamar de demônios, e no lugar de os enfrentar, colocam
gente como Ricardo, João, agora eu para fora, posso sair Plout, mas
o covarde aqui não sou eu.
Todos recuaram, Plout se materializa, imenso e dá um direto
de direita em Luiz, ele sacode os ombros e fala.
— Quer provar o que falei, é isto?
— Tem até segunda para sair da cidade.
— Estarei na feira, vendendo alho, na segunda.
16
— Avisado.
Os seres saem e o rapaz do balcão fala.
— Vou descontar da apresentação a confusão.
Luiz sorriu e falou.
— Então deixa eu levar meu violão, pois em casa de medroso
e explorador, cansei de entrar.
Luiz saiu e todos olham o senhor, pois foi covardia descontar
em Luiz, um policial barra Luiz e fala.
— O que é você?
— Eu, Luiz Candido, apenas um Curitibano.
— E quem era aquele ser.
— Plout, um ser da noite, como muitos, quase extintos na
cidade, a transformação de tudo que não é cristão, judeu ou
mulçumano, em demoníaco, é o forte desta cidade, os seres da
noite, nunca foram cristãos, pois eles existiam antes de Jesus existir,
eles existiam antes de Adão existir, então todos os que falam grosso
comigo, são seres dependentes de crenças que não eram deles, é
estranho estar colhendo as consequências de os ter defendido.
— E porque eles lhe querem fora da cidade.
— Eu estou provocando, se eu fico em minha casa, não saio,
não apareço, eles acham que mandam, quando alguém que eles
mandaram embora, aparece onde eles estão, eles se irritam.
— E não vai falar isto numa delegacia.
— Rapaz, não sei seu nome, mas eu poderia ter me defendido
na delegacia, mas lá, perante a lei, se me defendesse, estaria lá,
algo me mandava sair de lá, na primeira chance o fiz, e todos sabem
o que aconteceu com os que estavam a cela que me colocaram.
— Sabe quem foi?
— Não, mas presos somos fáceis de pegar, soltos, eles tem de
vir a nós, eles odeiam ter de se mostrar, mas se vão me seguir,
ainda estou começando a noite.
— O senhor ali não paga mesmo?
— Ele depois pede para que apareça, ele pelo jeito estava
mais com medo que os demais.
— E o porquê ele vai lhe chamar de volta.

17
— Plout em luz não se filma, mas garanto, ele terá muita
propaganda gratuita esta semana, com a filmagem de Plout me
acertando um direto.
— E vai para onde?
— Largo, onde mais.
— Vai cruzar a cidade.
— Termino na Praça do Gaúcho.
— Onde fica?
— Oficialmente se chama Praça da Redenção, é só me seguir.
Os dois viram o rapaz começar a andar e descer e depois subir
a rua, eles iam de carro ao longe, mas o rapaz o fez caminhando, ele
entra em um bar Punk na Rua Trajano Reis, novamente ele foi ao
fundo, pegou uma cerveja e sentou-se.
Os policias ficam na parte externa, e veem quando a rua se
fecha, não entendia, mas pareceu que o grupo de gente cresceu
muito, não estavam tumultuando, mas eram tantos, que a rua a
frente do bar parou, não tinha como passar.
Luiz estava a mesa quando um senhor senta a mesa.
— O que está acontecendo Luiz?
— Lhe tiraram de casa, doente?
— Serio Luiz.
— Jorge, não sei o que está acontecendo, mas não tem haver
com Piraquara, apenas a noite da cidade.
— Tem um deputado querendo sua cabeça.
— Ele quer a energia de todos da noite, todos querem entrar
nesta sensação, mas é prisão, quando sai, os que deveriam ter me
apoiado, estão todos, contra mim.
— O que eles acham?
— Que matei as forças que estavam presas.
— E não as matou?
— Jorge, como se prende algo como o ser dentro de você.
— Matando.
— Não, ai eu lhe paro, não prendo, eles querem o poder, mas
não podem dizer para estes que pensei serem inteligentes, que
estarão deixando a vida que conhecem.
— E os alertou.

18
— Eles não querem ouvir ainda, me mandaram sair da cidade
até segunda.
— Quem mandou?
— Plout.
— Se cuida, dizem que o direto de direita dele é mortal.
— Sei que está doendo Jorge.
— E daqui vai para onde?
— Estou provocando, mas não era para você a provocação,
tenho até dois policiais civis me seguindo, não sei o que será desta
noite.
— E porque não sabe?
— Porque eles estão olhando, adiando apenas uma semana.
— Certo, não quer problemas, mas se cuida – Jorge alcança o
cartão e fala – precisando me liga.
— Se lhe ligar, não aparece.
Jorge olha desconfiado.
— Por quê?
— Porque deixa de ser seguro, apenas isto.
— Se cuida.
Jorge sai e o policial olha ele saindo e fala.
— Este rapaz pode ser qualquer coisa menos um qualquer.
— Quem é o senhor ali?
— Jorge, o retaliador.
— O dono da Tribuna?
— Este mesmo.
Jorge toma umas 3 cervejas a mais, e sai a caminhar, agora
subindo a rua, no sentido da praça do Gaúcho, os policiais olham ele
parar a olhar dois bêbados na praça e um olha para Luiz.
— Veio, quem lhe segue.
— Meganha.
— E o que faremos?
— Eu vou pular um muro, apenas isto.
— Lhe damos cobertura.
— Cuida com os demais, apenas isto.
Luiz atravessa a rua e sobe ao lado do muro do cemitério,
chega ao portão lateral, o usa como escada e pula para dentro,
caminha pelos corredores vazios, os policiais viram e um falou.
19
— Primeira contravenção do dia.
— Ele caminha como se não tivesse pressa, mas parece viver
sozinho, nada o prendeu em lugar algum.
Luiz chega a um tumulo, senta-se e cruza as pernas e fala.
— Não sei o caminho a andar pai, mãe, irmã, eu por anos,
pensei que estava no caminho certo, eu mudei, muitos mudaram
junto, agora, sinto como se tivesse ido pelo caminho errado e não
tenho como concertar, mas sei que meu certo, nunca lhes agradou.
Luiz sabia que não lhe ouviam, mas estava a desabafar. Fecha
os olhos e ouve Dani.
“Nos levou a morte, te odeio”
“Nunca entendo entidades, odeiam os enganados e se
deixam levar pelos lideres que enganam”
“Você me traiu”
“Sei disto, e somente quando senti que estava presa, me
afastei, mas você ainda me odeia, e continua ai”
“Eles não são ruins”
“Então o que me perturba, se está onde quer, o que fica
chorando e se lamentando” – Luiz perdendo a paciência.
“Você não me disse que teria de largar tudo”
“Você não foi parar ai por mim, vocês me odeiam por uma
escolha minha, que não tinha haver com vocês, vocês escolheram
seguir, agora Patrícia me odeia, por não a permitir lhe seguir”
“Mas ela tem razão”
“Começo a duvidar que seja inteligente Dani”
Luiz de pernas cruzadas e olhos fechados, não viu aqueles
senhores se aproximando.
“Mas sou, saberá da pior forma”
Luiz sente a batida na cabeça e tende para o lado.
Um carro para a frente do cemitério e os dois policiais veem
colocarem o rapaz desacordado no porta malas, seguem o mesmo,
até a casa do deputado Kaiana.
Luiz estava sentado em uma cadeira, quando sente a agua e
acorda assustado, olha que estava amarrado e olha aquele senhor a
sua frente.
— Acha que vai parar tudo?
— Quem é você? – Luiz provocando.
20
— Sabe quem sou, foi de minha igreja.
— Não, fui de uma igreja, não de um ritual de poder e
sangue.
— Não sabe do que fala.
— Não?
— Acha que alguém vai ouvir você apanhando aqui dentro.
— Bom saber que se matar eles, ninguém ouve.
Os seguranças riram e Luiz olhou ele.
— Ria quando for gente para encarar Plout, pois eu fora da
cidade, será ele dando segurança ao deputado, não uns humanos
fedidos.
Os olhos do Deputado estavam em Luiz e pergunta.
— Porque destruiu a pedra, deu trabalho a desviar do Cairo.
Luiz sorriu e falou.
— Quer a verdade ou o que lhe agrada.
— A verdade.
— Falsificações tem de ser destruída.
— Se acha engraçado.
— Disse que não gostaria da verdade.
O deputado saiu e Luiz sentiu a gentileza dos seguranças.

Os dois policiais civis voltam para a delegacia, e o delegado os


chama.
— Não deveriam estar seguindo o sujeito?
— Se ele aparecer morto, foi o deputado delegado.
— Está na casa dele?
— Sim, ele foi fazer algo no cemitério, não sabemos oque,
mas foi jogado em um porta malas, aparentemente desacordado, e
o levaram para a casa do deputado, por isto achamos que está vivo
ainda.
—E o que eles fez?
Os dois se olham e um fala.
— Difícil de explicar delegado. – Ele coloca a gravação do
rapaz flutuando e sendo jogado para fora do primeiro bar.
— O que é isto, montagem?

21
— É o que todos que não estavam lá vão falar, mas um ser em
luz, que parece ter mandado ele sair, com a negação, ela o jogou
para fora.
— Fala serio investigador.
O segundo olha e fala.
— Dai ele vai a um bar a frente, e tudo apaga, fica estas luzes
estranhas, e ele sai, caminha até a Itupava e lá tocou perto de uma
hora quando este ser apareceu.
O delegado olha o ser e fala.
— Andaram fazendo montagem a noite inteira, falem serio.
O rapaz olha o outro que fala.
— Dai ele vai para o Largo, e Jorge, o retaliador senta a mesa,
não temos o que eles falaram, ele bebe um pouco, sobe para a
região do cemitério, e temos a imagem dele sendo jogado no porta
malas.
— Não entendi.
— Entendeu, nada do que vimos, pode entrar em um
relatório, ou acha que devemos por que seres deluz, um ser
disforme, um soco daqueles eu teria caído senhor, um dono de
jornal e os seguranças de um deputado, nada dá para por no papel
senhor.
— Acha que o deputado vai dar fim nele.
— Se ele morrer, o deputado vai esquecer de tudo, fazer de
conta que não pediu nada, sumir, se ele escapar, dai sabe que ele
vai vir com acusações pesadas senhor.
O delegado entendeu, o deputado os colocou nisto, mas o
rapaz resolveu sair a noite, e se sumisse, não poderiam ligar nada a
ninguém, quer dizer, tinham as gravações do tirar dele do cemitério.

Luiz já tinha levado muitos socos no estomago e rosto quando


ele encosta uma mão na outra, sente aquela pedra que absorveu, o
segurança olha para ele e arma o soco e lhe acerta, a mão deforma
como se acertado uma pedra, e o senhor recolhe a mão de dor,
outro tirou sarro, mas eles viram que Luiz estava como se fosse uma
pedra, um pega um cassetete e acerta a cabeça de Luiz, o mesmo se
quebra, mas Luiz prende a respiração e deixa o pescoço cair de lado,
e o outro se assusta.
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— Não era para o matar.
Os seguranças saíram, não sabiam o que falar, mas o
deputado iria querer chegar ao rapaz pela manha, Luiz olha em
volta, tudo escuro, sente a pedra crescer dentro dele e a corda se
desfaz, levanta-se, olha para o corpo e ficou negro, ele olha para a
parede do fundo, bate nela e esta se desmancha, ele sai pelo
escuro.
Ele volta a rua, olha para o ponto do ônibus, olha que estava
sem carteira, sem documentos ou dinheiro.
Senta-se e olha em volta, sente a garoa fina, encosta as mãos
e olha seu corpo voltar ao tamanho normal, olha para um canto e
ficou ali encolhido.
As energias não estavam boas, lembrou que deixou o violão
no bar, lembrou que nada estava no lugar e olha em volta, levanta e
vai a sede da igreja, entra pelo fundo, arrombando, os alarmes
tocam, ele abre a parede do fundo e viu a outra pedra, toca as duas
mãos, se tornando pedra, e ergue a segunda pedra, sai por onde
entrou, enquanto a policia chegava pela frente.
Ele caminha até uma praça, cava com as mãos um buraco,
põem a pedra e volta ao seu tamanho, começa a voltar, olha a casa
do deputado, entra e senta-se, olha para a parede quebrada, não
teria como a repor e apenas fecha os olhos.
O deputado abre a porta e olha a parede quebrada e olha o
rapaz.
O segurança joga a agua, achando que havia o matado, mas
ele abre os olhos e olha o Deputado.
O sangue a boca, as mãos sujas, o corpo todo machucado, fez
o deputado olhar desconfiado.
— Quem quebrou a parede?
— Não sabemos senhor, ela não estava assim a pouco.
Luiz coloca as mãos para frente e olha para o Deputado.
— O que quer deputado, pois não vejo motivos para me
sequestrar se não quer nada.
— Muitos pedem sua morte.
— Pedirem e conseguir me matar, diferente, me pescoço está
se não quebrado, quase quebrado, e estou lhe olhando.
— Não teria como estar me olhando se estivesse.
23
— Verdade, mas se era para me matar, era só ter me matado
no cemitério, me enterrado e pronto.
— Onde está Maria?
— Morta.
— Rita?
— Morta.
— Rose e Katia.
— Mortas.
— Matou a todas.
— Sabe que não, quem as matou foi o senhor, matou a alma
delas.
— Não fala besteira.
— Se queria a confirmação, não precisava me agredir para
isto, era só perguntar.
— Eu odeio você.
O deputado vira-se e soca Luiz, que reage como pedra ao
soco e o senhor recolhe os dedos e ouve.
— Pode ter certeza, quebrou senhor. – Olhando os dedos
incharem do deputado.
— Matem o desgraçado.
— Não vai querer saber onde está a verdadeira pedra.
— Eu sei onde ela está.
— Quer dizer que não lhe informaram ainda, roubaram ela
ontem à noite enquanto eu chamava a atenção de vocês?
O deputado olha com raiva e fala.
— Matem este demônio.
Luiz se ergue e fala.
— Porque tanta violência deputado, não sabe negociar?
Um dos seguranças dá um tiro, resvalou em Luiz como se
fosse pedra.
Ele soca o ser que se deforma e se esborracha a parede, soca
o segundo e quando o terceiro estava ao chão, vê o deputado lhe
apontando a arma.
Luiz encosta na arma e fala segurando o senhor pelo pescoço.
— Atira.
Luiz sentiu o coice, mas não a bala, e o deputado solta a
arma, Luiz aperta seu pescoço e sai pela porta, volta a seu tamanho,
24
olha o carro que o pegaram e joga todos os corpos ali, entra e pega
os seus documentos, olha para a menina na escada e fala.
— Avisa a policia que tem um assassino no lado do cemitério.
— Quem morreu?
— Seu pai.
Luiz dirige até a lateral do cemitério e esperou a policia.
A mesma chega apontando armas e o investigador olha para
Luiz e pergunta.
— Onde está o deputado.
— No porta malas, morto.
O rapaz não acreditou, mas Luiz acionou o porta malas e
outro abriu vendo os 4 mortos lá, e todas as armas apontarem para
ele.
Luiz é levado para a delegacia e o delegado manda ele para a
cela, antes de qualquer coisa, os rapazes o olham como alvo, e
quando o primeiro o encosta na grade, Luiz fala lentamente.
— Quer morrer cara, vai por este caminho.
— Me ameaçando, vou quebrar você.
— Não duvido, mas hoje não estou em um bom dia, como um
filme antigo dizia, afirmo o inverso, não é um bom dia para morrer.
O senhor socou o estomago de Luiz e sentiu os ossos, recolhe
a mão, Luiz inverte ele na grade e fala.
— O que é matar mais um.
Outro mandou soltar o rapaz e Luiz apenas socou o ser a
grade e todos viram o rapaz se torcer de dor, virou para o que vinha
com uma barra e segura a mesma, puxa para ele e fala.
— Me deixando quieto ninguém morre a mais.
Os demais olham o Carlão se contorcendo, e um chamou o
rapaz, eles não vieram, pensaram em dar uma lição no rapaz, mas
quando aparecem pensando em o tirar morto dali, viram o rapaz
morto e ouviram o rapaz reclamar.
— Se fazendo de surdos.
Os rapazes tiram o corpo da cela e os olhos foram a Luiz e o
rapaz pergunta.
— Porque o matou.
— Eu morrer pode, ele não?
— Ele era um bom amigo.
25
— Quer o fazer companhia?
O rapaz recuou, Luiz sentou-se e pouco depois foi levado a
sala de depoimento. Olha que havia um rapaz a ponta, apenas
ouvindo, hoje com escrivão, era real, olha delegado.
— Pode se recusar a responder, mas farei algumas perguntas.
— Sou ouvidos.
— Porque matou o deputado.
— Provem que o matei.
— Foi encontrado no carro dele com ele morto no porta
malas.
— Sei disto, mas não sei o que o matou.
— E não vai afirmar.
— Delegado, se com dois rapazes seus, a noite inteira – Luiz
olha para o escrivão – pode digitar tudo, com dois seus na minha
cola, me veem sendo tirado desacordado e jogado em um porta
malas, e isto não gerou uma operação para me salvar, como o
senhor, pode ser competente ou indicado para esta acareação e
levantamento de dados.
— Acha que esta falando com quem? – O delegado batendo a
mesa.
— Um concursado, que deveria servir ao povo, não a
deputados, mas a pergunta está de pé senhor, eu se morresse,
vocês esqueceriam que me viram ser arrastado para lá, mas a
pergunta, porque eu sou o culpado, achem o culpado.
— E porque não seria.
— Eu acordei e eles estavam mortos, a parede do fundo
estava quebrada, e como não iria chamar vocês lá, os coloquei no
porta malas, não sei quem estava matando lá, mas se fui eu,
provem.
— E vai negar?
— Vou lhes complicar, mas eu aguento o levantamento das
provas senhor, mas manda os demais não virem querer me quebrar,
deixaram o rapaz morrer para não olhar, pode ter certeza senhor
delegado, todos aqui, vão responder pela morte do Carlão, todos
cumplices, meus cumplices.
— Não o matamos.

26
— Me colocaram lá para o matar e se negaram a dar socorro
por mais de meia hora, pode ter certeza, a imprensa engole fácil
esta.
— Não foi o que aconteceu. – O delegado.
Luiz olha ele serio e fala.
— Viu como é bom inverter provas delegado.
O rapaz do ministério público que apenas ouvia olha o
delegado.
— Que papo de dois rapazes o seguindo.
— Os seguranças do deputado o tiraram do cemitério
municipal desacordado.
— E não relatou isto.
— Está no inquérito, mas o morto não foi o rapaz, foi o
deputado.
— E porque o seguiam, tinham determinação judicial.
— Logico. – O delegado.
O rapaz olha para Luiz e pergunta.
— E o que fazia no cemitério de madrugada.
— Sei que é errado, mas meus pais e minha irmã, morreram a
4 anos, em um acidente de transito, as vezes sento no tumulo, acho
que faço isto quase todo fim de semana, deveria imaginar que
alguém me seguiria, mas nem vi me acertarem.
— E o que aconteceu na casa do Deputado.
— Ele queria saber algo sobre uma pedra, que tinha sumido
da igreja dele, que alguns falavam que eu tinha roubado, e
gentilmente os seguranças me bateram, lembro até o ponto que
desacordei.
— Porque tirou os corpos de lá e chamou a policia.
— Uma vez, quando sai da igreja, fui quase linchado, e nem
tinha um deputado pastor morto na sala.
— Pensou nas respostas? – O delegado.
— Obvio.
— Está mentindo?
— Ainda não delegado, vou mentir na parte que passariam
por demente mental, pois não é legal passar por louco e os demais
acharem que você está fingindo loucura.
O advogado do Ministério Público olha para Luiz.
27
— No que vai mentir.
— No causo do meu voar para fora de um bar no Bacacheri e
me ralar todo no chão, sobre uma montagem onde um ser disforme
de nome Plout me dá um soco já no alto da XV, coisas básicas que
me transformariam em alguém fazendo montagens.
O delegado olha para Luiz e fala.
— Sabia que o filmávamos?
— Delegado, você me filmava, o grupo do deputado me
filmava, os curiosos me filmavam.
— E não vai explicar aquilo. – Delegado.
— Senhor, quem estava lá viu, o resto, não precisa saber.
— Certo, não soma no caso, mas como vai provar que não foi
você que matou os demais.
— Espero o IML dizer do que eles morreram, dai falamos
sobre o que pode ter os matado.
— Acha que se livra fácil.
— Logico que não delegado, mas o que não entendeu, é que
todos que provoquei a noite, graças a um deputadinho, acham que
uma pedra que nem sei o formato, está comigo, então onde eu
estiver, eles vão vir.
O delegado olha serio.
— Está falando serio.
— Sim, eu afastava os frágeis servidores públicos, pois depois
vão dizer que os matei.
— Não tem medo?
— Senhor, se eu morrer, venci, se eu não morrer, venci, então
é uma batalha perdida, para o outro lado, que nem é quem me
atacará.
— E se o soltarmos?
— Vou complicar alguém, o que mais.
— E porque acha que não teremos provas.
— Terão de provar que posso dar um soco de 22jaules,
conheço somente um ser capaz de o fazer, mas ele entra
geralmente translucido, nos locais que aparece.
— Esta dizendo que eles foram lhe pegar, mas porque não o
mataram.

28
— Acha que se tivesse certeza que eles não estavam por
perto ainda, não teria ficado por lá delegado.
— E porque acha que um soco destes mataria.
— Sou resistente senhor, mas Carlão não tomou algo superior
a 7jaules de força, e sei o problema que gera internamente isto.
— Pode ser acusado da morte dele.
— Sei, mas melhor ele morto que eu.
— Tem uma linha de pensamento quase de adivinhação, isto
que o faz não temer.
— Senhor, quer uma dica, já que não posso sair e verificar.
— Uma dica?
— Verifica os canis da casa do Deputado, apenas isto.
— O que vamos encontrar lá.
— Não sei que vão encontrar, mas me indicaram que seria
onde estaria as moças que ele disse ter sumido.
— Enterradas? – O rapaz do ministério público.
— Não, tratadas como cães, eles acham isto de todas as
demais crenças senhor, dentro somos abençoados, saímos, cães
que não merecem o céu.
Luiz foi à cela, e uma diligencia retira 10 moças presas, não
havia gente em 4 delas, mas tinha restos de que alguém ficara ali, as
moças estavam bem debilitadas, a esposa quis dizer que não sabia e
não vira nada, mas a imprensa fotografa o local e a reportagem vai a
todos os jornais do pais e exterior, “Deputado Federal do Brasil,
mantinha moças presas como cadelas em casa”.
O silencio de Luiz ao canto, foi cortado por um rapaz que lhe
olha.
— Acha que não vai ter retaliação.
— Acho que se eu sobreviver a esta noite, eu aceito a
retaliação.
O rapaz não entendeu.
O advogado do ministério Público olha as imagens e entende,
o rapaz se metia com coisas estranhas, mas estas imagens quase
passaram desapercebidas, depois da batida na casa do deputado e
libertação de moças que eram tidas como sumidas.
Alguns grupos que estavam se organizando para protestar na
porta da delegacia contra a morte do deputado, ficam na duvida, os
29
pastores querendo gente lá, mas as imagens fez eles cancelarem,
iriam ser enrolados no problema, não era a hora.
Pastor Zico estava a terminar o culto quando dois policiais o
acompanham a um depoimento.
— Tem o direito a ficar calado senhor.
— Do que me acusam?
— Induzir a policia contra alguém que não era da sua religião,
e o corpo acaba de ser encontrado na casa do deputado.
— Mas...
— Sim, criar provas falsas, é crime senhor.
— Mas me adiantaram que eram reais.
— Entendo que pode ter sido usado, mas será investigado
pelo sumiço das moças, pois todas as que resgatamos vivas, eram
da sua paroquia, então saiba, está sobre investigação, não saia da
cidade, e vamos o chamar para cada processo que for aberto.
— Elas estão mentindo delegado.
O delegado não fala nada e olha o senhor saindo e olha para
o rapaz do ministério publico.
— Ele sabia, as moças nem depuseram ainda.
— Lobos na pele de cordeiros.
— Na cela temos outro Lobo no mesmo disfarce.
— Ele sabe o que matou os seguranças, um tinha a mão
quebrada, então ele socou uma parede de pedra antes de ter o
crânio esmagado a parede, o deputado foi erguido e teve a traqueia
quebrada, ele morreu sufocado.
— Muita força?
— Muita força, todos os ossos quebrados onde foram
socados.
— E o rapaz?
— Ele resiste bem a porrada.
— Hematomas reais?
— Sim, ele foi espancado.
— Algo grave?
— Ele recebeu bem as pancadas, ele pelo jeito sabe que não
pode segurar o soco, ele relaxou o corpo.
— De onde saiu este rapaz.
— Esperando o investigador Romário chegar. – Delegado
30
— Ele foi fazer o que?
— Verificar de onde o rapaz conhece o Retaliador.
— Ele conhece aquele ser estranho.
— Sim.
No Bacacheri um ser translucido para a frente de um trilho e
fala.
— O que faremos Plout. – Patrícia.
— Os mestres estão dizendo que ele roubou a pedra.
— Mas quando?
— Não sei, mas eles também omitiram isto antes, agora com
a morte do Deputado, parecem todos com medo.
— Eles prendiam dos seus, para conseguir força, sempre foi o
ponto que mais me pôs receio, agora se deparam com a lei deles
mesmos, mas não são eles que me interessa.
— Ele está em uma delegacia no centro.
— Pensei que acabaria com ele ontem Plout.
— Eu o soquei, sabe o que acontece a humanos com um soco
daqueles.
— Ele desenvolveu algo, e não sei, ele parecia querer
provocar ontem, mas os humanos o pegaram depois que o
deputado resolveu mostrar força sobre ele.
— Estou reunindo o pessoal e vamos a delegacia daqui a
pouco.
As pessoas a rua olhavam aquele grupo se reunindo no trilho,
eles o seguiriam até quase a Delegacia, pouco transito e cortando a
cidade.
O grupo foi crescendo, Luiz sentia a desordem vindo.
Romarinho chega a sala do delegado.
— O que tem para nós Investigador.
— Os dois se conhecem da faculdade, não entendi, mas o
rapaz não parece alguém com curso superior, mas tem em
jornalismo, temos um jornalista que ganha a vida, vendendo alho
nas feiras de Curitiba.
— Mas o que mais conseguiu.
— O rapaz era conhecido como a Pedra, na faculdade, ele
aguentava porrada para valer, mas ele não é um ser como estes da
serra, ele desacorda.
31
— Um humano, mas porque o Retaliador foi até ele ontem.
— Ele que informou o rapaz que falaram para ele, que o
deputado parecia ter algo estranho em casa, nos canis.
— Ele não iria relatar?
— Ele esperava que algo acontecesse, mas não sei oque
ainda.
O investigador entrando de costas com a arma a mão fez o
delegado olhar para a porta.
O senhor olha para fora e aqueles seres começam surgir na
delegacia.
Se ouviu tiros e gritos e o delegado fala.
— Vamos recuar.
— Para onde?
— Eles querem o preso não nós. – Delegado.
O delegado aponta a carceragem e os seres começam a ir no
sentido dela.
Luiz estava sentado, de olhos fechados quando ouve um tiro
e olha para a entrada e fala.
— Quem quer sobreviver, melhor se encolherem bem no
canto.
O rapaz iria perguntar do que e viu aquela moça em luz
passar pela porta, olhar para Luiz se levantando.
— Veio conversar, pois poderia ter o feito no bar, mas me
jogar para fora, sempre é mais divertido né Patrícia.
— Vim lhe matar.
— Não lhe contaram, mortos não se mata.
— Você não é um morto.
Luiz dá um paço a frente na direção dela, e seu corpo fica,
desabando ao chão, e em alma olha para ela e fala.
— Não quer mesmo conversar.
Patrícia tenta segurar ele e a mão passa ao ar e fala.
— Mas almas eu posso pegar.
— Estas que lhe devem a vida, quer dizer, a morte?
— Não entende o problema de ser uma lenda.
— Entendo, “A loira fantasma”, quem na cidade não ouviu,
quem não pegou um taxi assustado de madrugada, mas o que veio
fazer aqui.
32
— Dizem que você roubou a pedra da igreja.
Luiz olha para ela e fala.
— Vocês pensam, ou são idiotas por total.
— Acha que me ofende.
— Vocês já reviraram minha casa, nos meus bolsos, não
caberia uma pedra de mais de 100 quilos, eu não ergueria ela, então
dizer que eu roubei, é não saber quem são seus mestres.
— Eles nos prometeram um espaço no perdão.
Luiz riu, não conseguiu não rir e viu Plout entrar pela porta a
chutando, ele era mais matéria, mas ver o corpo caído e o rapaz de
pé em alma, o fez sorrir, Luiz sorriu de volta e ele fecha a cara.
— Somente um idiota ri da morte de algo, bem humano isto,
está deixando mesmo de ser um animal Plout, está virando
humano.
— Mas quem é nosso inimigo. – Patrícia.
— Eu sou o inimigo. – Pois vocês querem ir ao inferno
sorrindo e eu sou quem está no caminho os proibindo.
— Eles não são o lado ruim.
— Foi o que falei para sua irmã, ela me disse que não sabia o
que estava falando, hoje, fica lá gritando que não sabia que tinha de
abandonar todo resto.
— Não acredito em você.
Luiz em alma toca a cabeça de Patrícia e sua mão a suga,
Plout olha assustado, Luiz olha o chão, e seu corpo sobe ao ponto
que estivera antes e ele em carne, chega a porta e a soca, a mesma
abre e Plout começa a recuar, os seres como ele, começam a ver o
mestre recuar, mesmo os policiais, eles vão recuando, e saindo da
delegacia, olha pra Plout e fala.
— Não veio me enfrentar Plout, onde estão os seus mestres,
que tem de pedir para quem eles juraram um novo caminho, para
voltar ao antigo caminho, matar, para eles, qual a diferença Plout,
se você mata com permissão pode, permissão de quem?
— Você matou Patrícia.
— A coloquei junto a irmã, talvez elas juntas entendam o
problema, mas tira os seus da rua, se os ver de novo, se aparecer
tentando me bater, eu vou revidar Plout.

33
Outro empurra Plout que olha com medo, os demais saem e
ao fundo.
Luiz olha para onde estava as Ane, e encara Anelais, e fala.
— Uma hora teremos de conversar!
— Acha que consegue me convencer a os trair.
— Você está traindo todas as Ane, estou tentando, quando
uma delas entender a merda que está fazendo, não reclame.
Luiz sentiu aquela energia vir a ele, sente a todo lado a
proteção, sente o choque dela, transforma a mão e soca aquilo que
se despedaça em pequenos cacos saindo em todos os sentidos e
olha ela serio.
— Está aprendendo direitinho com estes lideres, como trair,
como enganar, como usar as coisas contra os amigos.
— Você não é meu amigo.
— Eu não a quero mal Anelais.
— Mas eu vou lhe destruir.
— Então melhor não chegar perto, que te mando para onde
quer ir, o paraíso que estes seres prometem existir.
Luiz dá as costas e volta a cela, senta-se e fecha os olhos.
O delegado olha o investigador e fala.
— Isto que viram lá?
— Sim.
— Bem mais assustador pessoalmente.
O advogado olha para o delegado e fala.
— Com o que estão mexendo senhor?
— Não sei, mas viu o medo nos olhos do ser?
— Sim, não entendi, mas esperavam que ele não reagisse,
saísse, mas parece que não vai ser como eles querem.

Domingo termina e Luiz a cela fecha os olhos e olha as duas


irmãs a frente.
— Me enganou também.
— Eu, parem de ser crianças.
— Mas me prendeu.
— Eu? Estão presas na pedra de poder e sinal do poder do
todo poderoso Deus, tocando nesta pedra, vocês teriam todos os
pecados perdoados e estariam prontas a entrar no reino de Jesus.
34
— Mas...
— Pensem, se não conseguem ver o básico, não vão
conseguir sair daqui.
— O que vai fazer?
— Lhes dar companhia.
As duas veem moças, vindas dos dois lados, as que ele
mandara para lá, mas para Luiz, ele estava apenas começando sua
limpeza.

O delegado olha os demais sem saber o que colocar no papel,


era inicio de segunda, e o rapaz do IML confirma as causa mortes,
eles tinham agora até o que poderia ter gerado as mortes, mas não
entendiam quem era o rapaz, quando o escritório de advocacia de
Jorge entra no caso, a soltura saiu e o delegado olha para o rapaz do
ministério publico.
— Agora começam os aliados.
— Não sei se gostaria de o ter como inimigo delegado, viu o
como ele enfrentou os seres?
— Na força, mas eles tinham medo dele, não entendi, uma
certa hora ele falava com algo que não víamos, mas vi aquilo surgir
a toda volta dele, pensei que alguém o deteria, mas pelo jeito,
alguns entraram na guerra, sem entender, quem colocaram na
mesma.
Luiz é solto no fim daquele dia, ele tinha profissão, tinha
residência, e iria responder por morte sem intensão de matar do
companheiro de cela.
As leis no Brasil são moles mesmo.
Era fim da manha ele deixara a arrumação para depois e já
estava no ponto dele a vender alho, na normalidade do dia.
Era inevitável reparar nos rapazes o observando.
Luiz passou em 3 salões da igreja, antes de ir para casa, olha
pra Zico a rua, ele olha atravessado, mas não fala nada.
Na porta de sua casa, a marca do chute, as coisas reviradas,
começa a arrumar, ajeita as coisas e olha aquela moça entrando
pelo portão, não conhecia.
— Senhor Luiz Candido?
— Sim, lhe conheço?
35
— Mandaram verificar se estava tudo bem por aqui, os
vizinhos denunciaram arrombamento.
— Estou apenas colocando as coisas no lugar.
— E não vai dar queixa.
— Tem gente que não existe, como pode se reclamar delas.
— E não leva para o pessoal.
— Eu levo tudo no pessoal, mas isto não quer dizer levar ao
futuro, ou ao interno, sei quem me odeia, e quem ignora que existo.
— O ministério público me indicou para seu caso, o rapaz
anterior, abandonou o caso.
— Ele não relatou que já tenho advogado?
— Não, então dispensou o ministério publico.
— Moça, se não falar o que quer, não sou adivinho.
— Acha que não sou do ministério público.
— Se for, é das poucas que faz hora extra.
— Acha normal entrarem nas casas das pessoas assim.
— Eu e alguns poucos acham que é a prova, que certos
crimes, são legalizados no Brasil.
— Não entendi.
— Arrombamento só dá cadeia em flagrante delito, em casa
de rico, pois arrombamento em casa de pobre, números, a polícia
nem vai vir verificar, o que estiver no BO é o que vale, mas se a
policia é só para registrar o que já aconteceu e não apurar, não
preciso dela.
— E acha normal.
— Eu não tenho nada de valor aqui dentro, não sou alguém
que deu certo, eu me formei e nunca trabalhei no ramo de minha
formação, estava recém formado, e meus pais e irmã morreram,
vindo de São Paulo, dizem que entraram em uma curva e a ponte
tinha sido levada, eles encontraram o carro 3 dias depois, com os
corpos em meio a lama enterrados dentro do rio.
— E se formou em que?
— Jornalismo.
— Teria direito a prisão especial.
— Acho isto uma idiotice.
— Idiotice?

36
— Moça, prisão especial deveria ter quem não sabe da lei e
por acidente a comete, mas gente com grau superior, que sabe as
leis, as quebra, deveriam pagar em dobro, juiz que rouba, deveria
ser hediondo e sem fiança ou redução de pena, pois eles são os
símbolos da lei, a quebrar, sabendo todas elas, deveria ser
penalizado com rigor.
— E não desconfia quem sou.
— Diria que pelo sotaque, paulistana, pela forma que segura
o lápis, canhota, pela forma que usa o relógio na esquerda, IML.
A moça olha para Luiz, e pergunta.
— E perde a vida vendendo alho?
— Não, isto é na hora de folga, no trabalho enfrento os Hon,
mas é difícil os definir, eu quando os vi a primeira vez, achei que
eram extra terrestres, mas eles são algo entre humanos e Lagartos,
fortes, quando não os estou enfrentando, tem as irmãs Hans, os
demais as chamam de loiras fantasmas de Curitiba, eu as chamo de
Patrícia e Dani, as vezes tropeço em uma Ane, isto é crença indígena
da região da serra, pequenos seres voadores, que na Europa
chamam de Fadas, os indígenas chamavam de Ane, ela também não
gostam de mim.
A moça sorriu e Luiz entendeu que ela achou graça, e fala.
— Pelo menos alguém riu disto.
— Não desconfia o que faço aqui?
— Não, vai desenterrar os corpos do quintal?
— Muitos lá?
— Perdi as contas, deve dar uns 30 por mês, nos últimos 3
anos, mais de mil.
— Não leva a serio as coisas mesmo.
— Não sei ainda se estou preso, solto ou em investigação.
— Em investigação.
— Motivo?
— Morte das que foram encontradas mortas na casa do
deputado.
— Eu sou o culpado agora.
— Eles querem saber o que você é, mandaram uma moça,
não sei o medo que eles tem de você.
— Digamos que as vezes falo grosso.
37
Dois rapazes entraram pela porta e ela falou.
— Mandaram tirar uma amostra do seu sangue, por bem ou
por mal.
— Você e mais quantos?
Os dois avançaram e quando eles o tocaram, a moça viu os
dois sumirem, eles surgiram na pedra, ele olha para ela e pergunta.
—Para quem trabalha moça.
— O que fez.
Luiz a toca e ela some no ar, ele sai a porta e olha que os
policiais não estavam lá, pega a mixa na gaveta da cozinha, um
capuz, vai ao carro da moça, dá a partida no carro a frente, fecha o
portão e sai com o carro.
Ainda estava em algo que não entendia, sabia que a agulha da
moça estava com algo, não estava ali para tirar sangue, mas as
vezes ele tenta achar que as pessoas são do bem.
Para a igreja central e quando ele para o carro sobre a
calçada, põem o capuz, os dois seguranças da porta vieram falando
alto, ele apenas os toca e estes somem, Luiz foi entrando e quando
o pastor Roberto viu ele vindo direto, os olhos dele se arregalaram,
ele olha a porta, não tinha mais segurança, olha em volta e recua, as
pessoas olham para aquele ser com capuz chegar e falar.
— Vocês todos estão comprando um lugar no inferno, pior é
que sabem disto, mas – ele toca no pastor que some – mas terão de
esperar um pouco, para fazer companhia ao pastor.
Ele toca as cestas de oferta e no mundo dentro da pedra
negra, começa a chover dinheiro.
Luiz volta ao carro e sai cantando pneu.
Abandona o carro em um estacionamento de shopping a duas
quadras dali e pega um ônibus para voltar.
Em outra igreja, quando o pastor tocou na bíblia ao altar, ele
olha as mãos, viu aquele negro surgir e todos na igreja veem ele
sumir.
O mesmo aconteceu em todas as igrejas que Luiz havia
passado, e quando ele deixa a cama, sabia que estava apenas
somando em inimigos, mas ainda queria paz.
Luiz fecha os olhos e vê Dani lhe olhar.
— Veio tirar sarro.
38
— Não, vim ver como estão, já conseguiram enxergar algo?
— Você...
— Certo, dou mais dias para vocês.
Patrícia olha Dani e fala.
— Ele quer que o perdoemos.
— Estamos aqui porque ele nos enganou.
— Não foi ele que trouxe a pedra, ele tinha seus pecados, o
que o atraiu a igreja, foram seus pecados.
— E estes a volta?
— Eles acham que orar para quem não deram bola até estar
aqui adianta.
Elas olham mais pastores surgirem, viram aquela senhora e os
seguranças, e um senhor chega a moça.
— Pelo jeito não deu certo.
— Onde estamos?
— Não sabemos, estava em meio ao culto quando sumimos,
como se a bíblia nos absorvesse.
— Não nos alertou deste risco pastor.
— Não entendi isto, e não pode ter sido tudo causado por
uma única pessoa.
— Eu sei quem me colocou aqui.
— O que são aqueles seres de luz? – A moça.
— As irmãs Hans.
— As Loiras Fantasmas existem?
— Pelo jeito as conhece.
— Não, mas ele estava tirando sarro que o trabalho dele, era
enfrentar estes seres, não vender alho.

Luiz é acordado pela policia na porta, ele atende, novamente


conduzido a delegacia, entra e olha para o advogado que Jorge
mandara e ouve.
— Eles não tem nada, mas parece que alguns religiosos
sumiram.
Luiz olha para o delegado.
— Pelo jeito o manter aqui não gera mais acusações.
— Qual das acusações precisa que confesse para ficar preso?
– Fala Luiz olhando o delegado.
39
— Não tem medo, mas ele estão com medo de você.
— Senhor, eu aqui, é aqueles seres tentando me pegar, eu
fora daqui, é a igreja inventando que sou eu, e não eles que estão
no caminho deles.
— E porque você.
— Alguém que bate forte, mesmo quando não tem motivos
para bater forte.
— Não entendi.
— Se lembra do começo da nossa primeira conversa, eu não
estava amistoso.
— E o jogamos na cela.
— Sim.
— Temos a imagem de você entrando em algumas igrejas e as
mesmas que entrou, os pastores somem durante o culto.
— Não entendo, eles pregam o arrebatamento, quando
acontece, eu sou o culpado?
— Isto não teve graça.
— Delegado, prove que eu dei sumiço neles, na frente de
câmeras durante um culto. Se eles filmaram, eles tem de ter eu lá
tirando eles, eu tocar em uma bíblia, não transforma a bíblia em
uma passagem para o inferno.
— Os está mandando para o inferno.
Luiz ouve a voz e olha para a porta e vê o líder máximo local
daquela igreja e fala.
— O céu que vocês pregam, com conquistas materiais, com
sobra de dinheiro, com ganhos pessoais, é exatamente o inferno do
anticristo.
O senhor olha o delegado e fala;
— O porque não o prenderam ainda.
— Provas, precisamos de provas, a busca e apreensão na casa
dele não deu em nada, ele não tem nada religioso na casa, as
imagens mostram ele orando e tocando a bíblia, não existe esta
coisa de maldição para a lei senhor.
— Mas os lideres da minha igreja exigem que o prendam.
— Eles oque? – Fala Luiz – Fazem acordo pela minha morte
com os Hon, com as irmãs Hans, e ainda querem mandar na lei?
O senhor vendo o rapaz se erguer, recua.
40
— O senhor está querendo dizer, que se eu – Ele toca no
senhor – o tocar, o senhor vai para o inferno, quem acha que sou,
para ter tanto poder senhor.
— O anticristo.
— Acha mesmo que está fazendo o trabalho de Cristo,
enriquecendo senhor? Lava a boca para falar dele.
O delegado viu o medo do senhor, mas quando não
aconteceu nada, ele pareceu respirar.
A sensação que o próprio delegado teve, era que o senhor iria
sumir.
Luiz volta a sentar e o senhor olha tentando fixar os
pensamentos e fala.
— Ele é um demônio, tem de o prender.
— Provas senhor, e mesmo que fosse um demônio, seria
minha religião, teria de me respeitar diante da lei, falam que
respeitam os demais e nos chamam de demônios, repete, que
quanto mais o senhor falar, mais vou pedir sua prisão por incitação
a ódio por outras religiões.
O senhor viu que o delegado estava ali, o advogado, e fala.
— Nos falamos depois delegado.
O senhor saiu, ele chega ao carro, quando ele encosta no
banco de trás do carro, o negro que ficara na veste do senhor as
costas, interage com o carro, e na reta, saindo dali, o carro acelera
para aquele mundo vazio, parando mais a frente, olhando em volta.
O delegado olha para Luiz e fala.
— Não pode negar que ele tem medo de você.
— Senhor, eu enfrento seres como os Hon, como aquele
Plout que veio aqui me atacar, de frente, acha que tenho medo de
palavras como “Está amarrado, em nome de Jesus”.
— Eles devem o achar um demônio mesmo.
— Se eles não sabem que toda repetição sem dedicação de
palavras, é jogar palavras ao vento, não vou os explicar, quando se
fala isto como um bom dia ou um boa noite, perde sentido,
estranho, pois a 20 anos, o “Está amarrado” era usado em templos
de candomblé, hoje eles usam com uma naturalidade incrível.
— E sabe onde eles foram?

41
— Nem inferno nem céu, o que eles pensam, que existe um
lugar no espaço onde cabe todos os seres que já viveram e
morreram, inteligentes do universo?
— Porque não acredita existir.
— Senhor, os matemáticos poderiam lhe explicar isto, mas
imagina um lugar, contendo, e vamos ser modestos, apenas uma
forma inteligente por galáxia, o que acho muito improvável, mas
mesmo assim, teríamos mais de um bilhão de espécies, e cada lugar
entrasse apenas com um bilhão de salvos, um sétimo do que temos
no planeta hoje, em toda sua historia seria muito mais. Isto daria
um local lotado de um bilhão de espécies, mas o numero de seres,
seria algo como um seguido de 18 zeros, eu não sei falar este
numero, e este ser superior, saberia o que cada um fez, no que cada
um deslizou na vida, considerando que ele desse atenção para você
apenas um segundo de sua vida, ele voltaria a lhe dedicar um
segundo, depois de mais de 760 bilhões de anos. Isto sem
considerar os que ele analisou e ficaram no caminho.
— O gigantismo que eles tentam negar para poder manter
suas fés.
— Eles apenas se apegam a coisas impossíveis, mas não quer
dizer que não exista um tempo paralelo em cada existência, para
onde nossas almas vão, mas não acredito que o que nos norteia
socialmente, norteia a alma.
— Por quê?
— Senhor, estes que ganham dinheiro com cultos, pregavam
a escravidão baseada na bíblia a 100 anos, a mutilação de meninas,
para não ter prazer, a submissão da mulher, o queimar e torturar de
pessoas por desconfiança de serem bruxas, acha mesmo que
qualquer seguidor deles, vai para o céu, para um paraíso?
— Acha que outros vão?
— Deus me livre do paraíso Mulçumano.
— Por quê? – O delegado dando corda.
— Você morre e tem direito a 50 virgens, mas 50 virgens,
depois de 50 dias, são cinquenta mulheres, com suas cargas, nas
regras de Deus, não na das escrituras, depois de 9 meses, pode ser
que sejam 50 filhos.
— E não falou onde eles foram parar?
42
— Senhor, a culpa não é minha, eles tinham um atalho, não
sei de quem eles roubaram no Egito, mas eles trouxeram uma pedra
negra, a promessa era que todos que tocassem, estariam livres de
todos os pecados do passado, e caminhando ao lado das leis de
Deus, teriam um caminho para o paraíso, eles trouxeram roubado
do Egito, dizem ter adquirido, mas quem venderia algo assim? Dai
eles por mais de 4 anos, criaram esta vertente cristã, que tem o
apoio de Jesus, direta, que perdoa seus pecados, independente das
demais, começa a crescer, a fazer templos maiores, a sensação que
se tem ao tocar a pedra, é de liberdade mesmo, aqueles pesos do
passado parecem sumir, junto com a lavagem cerebral praticada,
muitos se voltaram a igreja, eu fui dela por dois anos, até tocar a
pedra e sentir a energia de uma das irmãs Hans, pedindo para sair
de lá, então o pastor Zico me disse que todos os demônios da
cidade seriam atraídos e absorvidos, entendi naquele toque, que a
pedra não dava a sensação de perdão, ela tirava energia espectral,
ela em si, reduzia a magia natural de cada um de nós, e transferia
para a pedra, mas eles tinham uma pedra apenas, então quando a
pedra chegava a cidade, em qualquer templo, as filas, as doações,
multiplicavam-se.
— E o que isto tem de mal.
— Eles prometeram para seres de magia da cidade, eles se
encantaram com a ideia de serem perdoados de todos os pecados
do passado, mas quando a primeira irmã Hans sumiu, eles não
assumiriam que a pedra era uma concentradora de forças, e jogam
sobre quem sente a alma de Dani presa a pedra a culpa, mesmo
tendo ouvido do pastor a verdade, isto foi pessoal, para os demais
seres, a versão mudou.
— Eles prenderam um ser do mal a pedra? – O delegado.
— As irmãs Hans estão mais para crianças mimadas e
estripulentas, mais para o modelo do Saci Pererê de Monteiro
Lobato do que para seres do mal, delegado, quando eu falo, irmãs
Hans, todo taxista da cidade, as chama de Loira Fantasma, mas elas
são gêmeas, então nunca vão identificar uma diferença sutil em um
ser espectral.
O delegado anotou e pergunta.

43
— E o que os levaria para lá, para o mesmo lugar, para onde
eles estão indo?
— Todos eles tocaram na pedra senhor, todos estão ligados
ao mundo da pedra, não sei onde é, mas todos que tocaram, sabem
que posso atalhar o caminho, então não sou eu que fiz o caminho,
não sou eu que os mando para lá, e sim o desejo deles de ir, de ter
seus pecados perdoados.
— Disse que sabe atalhar este caminho?
— Se perguntar para os demais na cela, quando a segunda
irmã Hans veio me pressionar, abri o caminho para lá, pelo menos
as irmãs se apoiam.
O delegado olha o advogado.
— Não sei o que falar.
— Eles falam maluquices, mas faz parte de defender pessoas
ligados a Jorge senhor.
— Sei disto, mas somente quem viu aqueles seres imensos,
sabe que este rapaz não é inocente, mas não quer dizer que seja
culpado de tudo.
Luiz sai dali, novamente e o advogado fala.
— Estamos acompanhando de perto, existe pressão para sua
prisão, mas eles não tem motivo e nem processo fechado.
— Temo mais ser linchado do que preso, por estes fanáticos.
— Se cuida.

Luiz olha para a rua, ele pensa em o que fazer, ele queria
parar de vez aquilo, mas parecia que ninguém o queria ouvir, todos
queriam o perdão, mas a pergunta que Luiz se fazia agora.
“Para que Deus me quer puro?”
“Para que Deus quer os inocentes?”
“Para que Deus quer sofridos e inocentes?”
“Para que eu quero um paraíso, com tudo feito, com tudo
pronto, com nada para duvidar ou executar?”
Luiz olha em volta e fala alto.
“Paraiso é lugar para folgado, mas folgados não vão para o
paraíso, talvez por isto a inocência, para não morrer de tedio.”
Começa a caminhar no sentido da praça que enterrara a
pedra, olha para o local lotado de energias escuras, olha para
44
aqueles humanos de negro e toda volta, como se algo os atraísse ali,
viu que teria um show na outra ponta da praça, mas todos estavam
na ponta que a pedra estava.
Luiz olha para os rapazes, passa olhando, era provocação, um
sorriso nos lábios, que parecia a quem estava ali um deboche.
Ele sente as demais energias chegando ao local.
Luiz nunca foi santo, mas tentara algo para sentir-se livre,
mas sentiu a alma leve demais, não sabia viver sem o peso, ele por
si preferia o peso a viver na promessa de um paraíso, ele não queria
algo fácil, ele quando sentiu seus pecados fora dele, sentiu falta
deles e começou a cometer novos pecados, por dois anos, fez o que
bem quis, atraiu e matou, mais do que o normal, ele sentia a paz do
tirar daquilo dele, e novamente matou, pois não precisava mais se
preocupar com o condenar, mas algo mudou, ele sabia que os seres
de força, estavam sumindo, mas pensou que estavam se afastando,
não seguindo seus passos, estranho saber de cultos apenas para
seres especiais, mas começaram a acontecer, e quando sentiu as
forças de Dani presas, entendeu que não era liberdade que eles
pregavam, era o desequilíbrio total, era o peso total.
Luiz repara em alguns Punks a frente e se vê cercado e ouve.
— O que um burguesinho faz aqui.
Luiz olha em volta e fala.
— Burguesinho não vi nenhum por aqui.
— Acha que sai por bem? – O rapaz a frente, eles estavam
bebendo e pelo jeito resolveram que parariam Luiz que fala.
— Eu saio, você sai?
O rapaz cheio de metais, cabelos espetados para cima, uma
barra na mão toca as costas de Luiz, ele se vira e vê o mesmo virar
um soco de esquerda com um soquete na mão, sente o golpe,
recuando o rosto, mas nada que o parasse.
O rapaz olha para ele lhe olhar e fala.
— Punk covarde, pensei que isto não existia.
Os demais viram que o rapaz não se mexeu, um veio com
uma barra, e Luiz a segurou no ar e olhou para o rapaz.
— Minha briga não é com vocês.

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Luiz olha aqueles seres surgindo em meio a praça, Plout vinha
a frente, Luiz sentia que vieram com proteção contra encantos e
sorri, eles não entenderam o problema.
Os rapazes ao lado se armam vendo aqueles seres estranhos
e ouvem.
— Veio, trouxe diversão para nós?
— Você não pode comigo Plout, não se faz.
— Vi que você traiu Patrícia.
— Me atacam, querem minha morte e me defender é traição,
ainda espero vocês para conversar.
— Não falamos com traidores.
— E o pastor ali no fundo é oque então.
— Ele nos explicou que você roubou a pedra.
— Eu a destruí Plout, eu não quero o perdão fácil, eles
querem lhe dar algo que não têm, mas se ele achou que acharia a
pedra aqui, ele está perdendo tempo.
— Ele sabe que você vai até o que ele chama de pedra.
Plout tinha uma imensa espada a mão direita, daquelas bem
afiadas e a cruza ao ar, Luiz sorriu e fala.
— Acha que tenho medo de me ferir Plout, não me viu ainda
como inimigo, e não estou aqui como inimigo, mas uma hora terá
de me ouvir.
O ser avançou, passou aquilo no ar e uma arvore ao lado
tende no sentido de onde outros punks estavam, os mesmo se
armam, e Plout olha para Luiz e passa no ar a imensa espada e vai
para cima dele, Luiz segura a espada com a mão quando vinha de
cima, empurra para traz, todos viram Luiz crescendo e ficando
negro como pedra, e avançar, Plout o viu puxar a espada e fixar no
chão a frente e vir sobre ele, o socando, Plout sente os punhos de
Luiz, tenta resistir, mas foram minutos para ele cair, os demais
estavam apanhando dos punk a volta, não estavam em uma parte
fácil da cidade, Luiz olha para os que pararam e fala.
— Arrastem este lixo daqui.
Os Hon que sobraram seguram os que desacordaram e estes
somem, Luiz olha para suas mãos, caminha rápido ao carro do
pastor ao fundo e o toca, e este some na calçada.

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Luiz olha os Punk e vai voltando para seu tamanho, ajeita a
camisa, olha eles e fala olhando o que o havia barrado.
— Desculpa, tenho ainda coisas a fazer, fica para a próxima a
briga.
O rapaz olha Luiz saindo e um fala.
— O que é ele?
— Vamos descobrir, mas os Hon não vem para matar, hoje
eles vieram, e não sei como, mas viram com que facilidade o rapaz
desacordou Plout.
— Conhecia o ser?
— Ouvir falar, não é ver, a espada ali na praça, deve pesar
quanto?
O grupo chega e em conjunto não conseguiam a mexer.
Luiz volta a caminhar e vai ao centro novamente, e para em
um bar no largo novamente, calçadão, senta-se e pede uma cerveja,
ele enche o copo e toma um grande gole, encosta as costas na
cadeira.
Olha ao longe, os policiais continuavam a o seguir, mais
problemas depois, olha ao fundo e vê os punk, e não iria parar hoje,
tão cedo, era segunda, a noite era curta em si, mas ainda dava para
provocar.
Os policiais olhavam ao longe e Romário fala.
— Viu a forma que ele tomou quando enfrentou aquele ser?
— Mais de 3 metros, parecia ser uma rocha maleável, negra e
lisa, brilhosa até.
— Sim, e não sei o que ele fez, mas ele realmente, fez o carro
do pastor sumir.
— Pensei que ele faria o ser sumir.
— Não sei o que ele quer, mas parece querer apenas
provocar.
— Os punks estão chegando por todos os lados.
O policial olha e fala.
— Ele não parece preocupado ainda.
Luiz olha o rapaz punk sentar a sua mesa e falar.
— Sou Paulão.
— Luiz.
— O que é você?
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— Alguém bebendo uma cerveja, apenas isto.
— O que foi fazer na praça?
— Provocar Plout, mas não entendi, reunião Punk na
segunda, não me parece padrão daquele lugar.
— Tinha um show na Arena que foi cancelado, mas já
tínhamos combinado com a turma.
— Aquele lugar era para não ter ninguém rapaz, não é seguro
estar em um lugar onde Plout empunha sua espada.
— A lendária espada que nunca perdeu uma batalha?
— A lendária espada que nunca viram em ação.
— E você a tirou dele, ele vai ficar furioso.
— Amanha ou ele recua, ou terei de o fazer recuar na marra,
ainda estou tentando o trazer a lucides.
— E não vai falar quem é?
— Um nome, que ninguém conhece, e vai continuar sendo
assim Paulão.
— E o que veio faze aqui?
— Segunda não acontece nada por aqui, mas ao passar da
meia noite, as Ane vão surgir, é dia de coleta de energia, elas
tendem a aparecer a volta.
— E quem é esta Ane?
— Os europeus chamavam de Fadas, eu chamo de Ane, seres
pequenos, mas seu poder não está no tamanho, e sim, no
conhecimento, um segundo de distração diante de uma, pode lhe
custar a vida, diante de Plout, uma dor de cabeça imensa.
— E porque as tornar visível?
— Elas não precisavam da visibilidade, mas não entendem,
antes enfrentaria Plout em um sub campo de energia, mas eles
foram roubados, e no lugar de olhar os verdadeiros ladrões, estão
todos me culpando por algo que posso ter caminhado, mas eu
caminhar uma calçada errada, sem forçar ou convidar ninguém, não
me torna culpado de outros seres quererem me seguir e se darem
mal.
— Foi impressão ou se tornou pedra.
— Isto é recente em minhas habilidades.
— E vai somando força.

48
— Paulão, somente eu conseguirei tirar aquela espada do
chão, sei que estamos aqui e Plout vai surgir lá, para recuperar sua
espada, mas ele a perdeu em batalha, terá de a pedir, ele vai estar
mais furioso amanha que hoje.
— E não se preocupa.
— Espero o dia, que alguém me pare, não sou santo rapaz, eu
não paro porque alguém ainda respira, eu não tenho pena de matar
um pai a frente de uma filha, eu não tenho certo ou errado, mas eu
respeito as energias locais, as pessoas esquecem do básico e a culpa
sempre é minha.
— O básico?
— Imagina alguém estar sentado a mesa, só teoria, e sentir o
ambiente em volta, as pessoas, as coisas, e focar em algo,
desejando um som – Luiz fica quieto um pouco, começa bater
lentamente o dedo na mesa, e se ouviu os sinos da catedral, da
igreja a frente, das duas mais a cima, acompanharem aquelas 4
batidas – mas isto, poucos reparam a volta.
Paulão olha Luiz e fala.
— Mas como alguém pode sentir tudo assim.
— Isto, é parte do caminhar, mas muitas vezes, faço com
minhas forças, não com a dos seres e energias a volta.
— Suas forças.
— Quando soltei os freios do caminhão de combustível, era
vingança, mas o principal, ninguém ficar com roupas que
transpassaram existências, vestidos como se fossem peças apenas,
tinha de as tirar da existência.
— Está falando que não se preocupa em matar gente.
— Não, não me atenho a regras que não me parecem fazer
sentido.
— O que não lhe parece fazer sentido?
— Todas as religiões pregam que o matar é inadmissível, mas
se estas almas realmente fossem a Deus, você não estaria fazendo
nada além de antecipar uma vontade dele, as libertando do peso.
— Vai dizer que faz um trabalho de Deus.
— Acho que tentando achar Deus, descobri que ele não é
como pensam, então obvio, não faço o serviço de Deus, pois
ninguém o faz, tudo que nasce, morre, regra básica, você pode
49
matar Deus ou o impor a todos, e as pessoas que nascerem,
morrerão.
— E porque fala que mataria na frente de um filho o pai.
— O tirar de alguém da inocência, matando alguém que o
desviaria do bom caminho, não vejo como problema, e todos, todos
mesmos, ninguém é inocente, todos respiram e comem.
— Mas como sente-se tudo a ponto de sentir um sino a mais
de 500 metros.
— Você tem de entrar em um mundo, onde você seja você,
não o que os demais querem, não me visto como os demais
querem, não me faço de inocente, e principalmente, me mantenho
tão atento, que mesmo quando alguém me acerta pelas costas, e
todos a volta pensam que não o vi, apenas desejei que ele não o
fizesse.
— E faz oque para viver?
— Vendo alho em uma feira, de segunda a sábado, sem
folgas, sem chefe, sem nada além de meu trabalho, para gerar meu
sustento.
— E porque a policia o vigia?
— Estão querendo saber se matei ou não aquele desgraçado
do deputado.
— E o matou?
— Não se perdeu nada com aquela morte.
— Matou?
— Isto é detalhe, não matei ninguém hoje ainda, e pode ser
que passe sem uma morte.
— Não se preocupa com metas.
— As vezes, um caminhão faz o trabalho de 3 dias, as vezes,
apenas caminho, e nada acontece.
— E espera oque aqui?
— Mais 15 minutos.
Luiz pede mais uma cerveja e toma com calma, estava
terminando a terceira quando um grupo de roqueiros desce a rua,
vinham da parte alta da rua.
— Se quer sair, a hora é agora.
— Não temo roqueiros.

50
— Eu não defendo ninguém ao lado rapaz, já me custa me
defender.
— E quem vem ali que lhe quer mal?
— O vagabundo do filho do deputado.
Os policiais ao fundo olham aquele grupo de roqueiros
chegando, os Punk estavam a toda volta e obvio, ficou bem tenso o
local.
O chegar do grupo com bastões a volta de Luiz fez o mesmo
olhar para o rapaz a frente.
— Valente como o pai, um covarde.
— Matou meu pai.
— Eu não acho que consiga provar isto Guto.
— Sei que foi você.
— Não sabe, acha, e tem de se mostrar diante dos
amiguinhos.
Luiz viu o rapaz inverter o taco, e virar com violência, ele
segura a mesa, bate na parte baixa, e enquanto o taco vinha na sua
direção, a mesa abaixava ao chão, ele segura a cerveja com a
direita, a deixando de pé ao chão e se protege com a esquerda.
Sente a pancada e se ergue.
Os demais viram ao longe e se afastam, mesmo nas mesas
próximas.
Guto tentou o segundo golpe, Luiz segurou e puxou o bastão
para ele e fala empurrando o rapaz.
— Quer mesmo me matar em publico Guto.
Luiz gira o taco agora a sua mão e o rapaz começa recuar.
Outros vieram para o agredir, segura os dois tacos, os
empurrando no sentido da fonte, ao centro do local, os dois rolam
para trás e Paulão olha para Luiz andar firme, e olhar para os
demais.
— 30 segundos para correr, depois, vão sair em caixões
rapazes.
Uns acharam que ele estava se fazendo, mas Guto recuava,
dois tacos a mais vieram, ele segurou o primeiro, jogou o rapaz
sobre o segundo e deu com força na primeira cabeça, ele gira e bate
na cabeça de Guto, que cai de lado, os demais foram vindo, e
Paulão viu os 32 ao chão, Luiz não parou para ficar olhando, se
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baixou, pega uma chave no bolso de Guto, os policiais ao fundo
olham a briga e um chama uma ambulância e reforço e fala.
— Já viu algo assim?
— Ele enfrenta monstros, o que são roqueiros metidos e
gordos em comparação. – Fala o policial.
Os punk pensaram em entrar na briga, mas quando pensaram
o rapaz já tinha todos no chão.
Luiz sobe a rua, aciona o alarme e olha para o carro, esporte,
entra nele e liga o mesmo, os rapazes ao fundo olham que ele
sairiam dali com o carro do rapaz, os policiais nem viram como ele
saiu.
Os policiais olham o pessoal assustado, viram que tinham
mortos, Romário olha para o outro policial e falou.
— Ele sem uma arma, em 3 minutos, matou os 32 rapazes.
Paulão chega ao lado de Ricardo, outro punk e fala.
— E queríamos o desafiar.
— Ele não tem medo de matar, e nem se mostrou como na
praça.
— 32 a menos na noite.
— O que ele falava lá?
— Ele não quer chamar atenção, quando começaram a olhar,
ele some, viu a forma que ele se porta, ele mal se desmonta,
parecia um boyzinho subindo a rua, como se não tivesse acabado de
sair de uma briga.
— Ele pegou o carro de um deles, antes de sumir.
— Alguma ideia de onde ele vai?
— Nem ideia.
Luiz volta a praça, para o carro, vê que tem um frigobar, pega
dois copos e uma garrafa e viu Plout a tentar tirar a espada.
— Não tem como a tirar dai Plout.
— Eu te mato.
— Se me matar, e não pedir para que lhe devolva, ela vai
enferrujar ai Plout, sabe bem disto.
— Mas veio fazer oque?
— Lhe convidar para um gole e uma conversa, se for um Hon
para aceitar.

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Plout olha para Luiz, sabia que aquele rapaz mesmo antes,
batia forte, mas viu que ele absorvera a pedra, não entendia, mas
parecia que a pedra agora fazia parte dele.
Plout olha ele serio.
— Mas como confiar em ti.
— Não ataquei ninguém, não enfrentei ninguém
mortalmente ainda, dos especiais, mas te coisa que sabe que não
falo com testemunhas Plout.
— O que quer?
— Se afasta da igreja, ela vai lhe matar.
— Mas...
— Você não precisa de perdão de um humano, você
precisaria descer na evolução para ser comparado a um humano,
como pode aceitar que algo vindo de nós lhe dê perdão.
— Mas ele como filho de Deus, não seria apenas humano.
— Ele nunca se disse não Judeu, ele nunca se disse Deus, ele
se disse filho do pai, onde pai era Deus, mas todos somos se
encararmos a vida como eles encaravam, que todos somos
descendentes de um filho de Deus.
— Mas e a sensação de paz.
— Foi o que me levou aquele lugar, mas não posso dizer que
gosto de paz, eu sou a Guerra, com o suor do dia a dia, para que eu
quero paz?
— Mas eles prometeram.
— Plout, você é o portador da Espada de Hon, nenhum deles
tem o poder de a levantar, estes que não tem este poder, dizem
que você tem de a deixar, a destruir, pois eles, nem conseguem a
segurar, mas se fosse Deus ao lado deles, este destruiria sua
espada, não você.
Luiz sentou-se ao gramado, os demais Hon olham a calma de
Luiz, isto os deixava nervosos, viram Plout sentar-se e Luiz servir um
copo para ele.
—Mas como abandonar os demais lá.
— Eles não tem mais a pedra, e pode dizer a todos, para
recuperar a pedra, teriam de saber onde ela está, mas eles a
jogaram no lixo, pois vendo os cacos, não entenderam, aquilo era a
pedra.
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— Mas como se atreve a destruir a pedra.
— Não o fiz, eu a toquei, quando senti Dani, presa, algo
aconteceu, mas ninguém me ouve, mas agora sei o caminho que ela
está, antes nem isto tinha.
— Mas matou Patrícia.
— As irmãs estão juntas Plout, eu não saberia onde Dani está,
se alguém não fosse para lá.
— Mas as prendeu lá.
— Eles estão orando lá dentro, mas esquecem, que eles não
estavam orando a Deus, e sim, a uma igreja, para perdoar crimes,
pensa em alguém poder me perdoar Plout, eu já matei mais gente
que lembro, e a igreja dizia que eu estava perdoado, como, e os
mortos, e os que sofreram, eles não tinha naquela igreja a salvação,
mas eu, o assassino, sim.
— Foi lá tentar o perdão, você ir, fez muitos olharem, você
nos colocou no caminho.
— Eu queria entender, eu achava que se tivesse ido a São
Paulo, sentiria o problema e teria salvo meus pais, minha irmã, eu
não me culpava pelos mortos, mas pelos próximos que não ajudei,
que deixei se afastar, que não protegi, quando vi que Dani estava
presa, senti estar fazendo o mesmo, para me sentir bem, largando
tudo o que conhecia, neste momento, olhando o pastor, vi a pedra
se desfazer, senti o negro me tomar a alma, acho que naquele
momento morri como alma, mas o corpo, ficou aqui, isto que eles
não entendem, ou os ajudo, ou vou piorar a cada ano, em minutos a
policia de toda cidade estará nesta praça Plout, pois eu nunca havia
matado em publico, não vejo problema em o fazer mais.
— E matou eles, e porque não me matou.
— Você é a família Plout, eu brigo com você, pode pegar sua
espada, é sua, mas eles parecem ser qualquer coisa, menos minha
família, me identifico com grupos violentos e traiçoeiros, mas não
com grupos violentos que se fazem de santos e indignados.
— Pensei que me mataria.
— Eu não matei as irmãs, elas que não entenderam nada
ainda.
— Tem como as trazer a casa novamente.
— Lógico, acha que estou nisto para que?
54
— Eles vão continuar lhe odiando.
— Nunca me amaram, nunca nos demos, mas quero apenas a
paz para as trazer de volta Plout.
— Vou segurar os Hon, mas se cuida.
Plout se levanta, vai a espada, que foi a sua mãe e ele some
caminhando ao fundo.
Luiz viu a policia chegar a toda volta, obvio que vieram com
armas apontadas.
Deitou na grama quando mandaram deitar, o algemam e
levam para a delegacia.
Luiz não viu, mas todas as TVs do país mostravam os mortos
em uma briga imensa em uma região turística de Curitiba, que
pegaram o líder dos assassinos, e que os mortos estavam o filho de
um deputado morto a alguns dias.
Luiz sentou-se a cela e os demais olham ele desconfiado.
Ele foi apresentado a imprensa como culpado, muitos que
conheciam ele como vendedor de alho, se perguntam como alguém
tão cruel, se disfarça tão fácil na sociedade.
As imagens de uma câmera de segurança, pegam o rapaz em
ação, não o que ele falou, que haviam outros lá, tentaram complicar
os Punk, mesmo eles não tendo se metido, mas era obvio que os
rapazes não vieram em paz, a imagem é bem clara, ele não atacou
antes, mas o ter matado gera aqueles rapazes, gera aqueles que
defendem que temos de apanhar e morrer quietos, não reagir, que
a policia estava lá para apurar.
Luiz estava no fim do dia na cela quando sente aquela energia
vindo no sentido da delegacia.
O delegado sente a energia cair, o que era um fim de tarde,
parece escurecer com nuvens pesadas, e sem luz, tudo fica escuro,
Luiz estava a cela de olhos fechados, mas ouviu os demais falarem
que iria chover, sorri, aquilo não era nuvem de chuva.
O rapaz de dois dias antes pergunta olhando para Luiz que
sorria.
— Problemas?
— Apenas não entrem em pânico e não matem nada.
— Mas o que é isto?
— Um enxame de Ane.
55
O rapaz olha desconfiado, se via que estava tudo fechado,
Luiz levanta-se e olha para o rapaz da segurança e fala.
— Mantem a calma, apenas isto.
— Algo perigoso?
— Não vivi isto, mas todo local que as Ane se mostram como
força, deixa de existir, então mantem a calma.
— Deixa de existir? – O rapaz ao fundo.
Luiz olha que o escuro aumentou, mas viu uma luz vindo da
parte da entrada, e se ouve tiros, gritos, e o rapaz da carceragem
pergunta.
— Mas o que posso fazer?
— Apenas abre a porta e evita olhar.
O rapaz abre a mesma e se abaixa, os demais se viram a
parede, entenderam, e Luiz viu aquela soma de seres, entrando,
eles juntos pareciam um ser maior, este olha para Luiz e fala, o som
saiu por todo o corpo, pois o ser era feito de milhares de pequenos
seres.
— Porque nos força a lhe destruir rapaz.
— Quem tem ouvido seres sem força não sou eu, sabem
disto.
— Mas dizem que você destruiu o atalho para Deus.
— Se tivesse destruído, eles não estariam ainda atalhando o
caminho.
O ser olha em volta, um ser ao canto olha para o ser e
milhares de pequenos seres avançam e o comem vivo encostado a
parede, milhares de dentes comendo um ser que pareceu se
desmanchar a parede, um dos rapazes da segurança saiu correndo e
foi devorado a entrada, os demais ouvindo os gritos fecham os
olhos como se não pudessem respirar.
— Mente.
— Devolvo mentira com mentira, grande Amane.
— Quer morrer mesmo, me chamando de mentirosa.
— Mentem aos demais Ane, que estão querendo o caminho
de Deus, e na verdade estão negando a mãe maior em troca de uma
sensação de paz, mas como um povo, que representa o limpar das
matas, em nome de Yolokantamulu, quer ser Cristão?
— Nosso peso seria aliviado.
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— O morto a parede, mostra que não fala a verdade, você
matou dois agora, apenas para manter um segredo, isto ainda é
coisa de um servo de Yolokantamulu, não de Cristo.
— Nos desafia?
Luiz sente apedra, mas não toma a forma, e apenas abre os
braços, como se dizendo, estou aqui.
Os seres avançam, e Luiz fala.
— É muito difícil ter de dizer isto Amane, mas os Cândidos,
deixam de ter os Ane como amigos, aliados.
Luiz sentindo os seres tentando o morder, e quebrando os
dentes encantados.
— Não pode resistir.
— Que Amaná não tenha pena de quem a viu pessoalmente e
a renega, em troca de sensações humanas.
Os seres que o mordiam foram surgindo no mundo das
pedras, como eram muitos, avançando um sobre outro, somente
quando a ultima leva de ataque sumiu, o ser a porta, ainda
composto de milhares de seres, vê que perdera parte da família e
fala.
— Não pode os amaldiçoar.
— Eu não os amaldiçoei, você me atacou com os dentes, isto
para mim, é total desconsideração a sua própria mãe, não chamarei
nunca mais vocês de Amane, agora são nada mais que um grupo de
Ane reunidas.
Luiz olha em volta e uma nevoa sai dele e cerca o ser e o
mesmo surge nos campos de religiosos, olha em volta e olha para os
mesmos orando.
Os demais que estavam próximos, começam a sair fugidos, e
mesmo em um fim de dia, ficou mais claro, 15 minutos depois a luz
voltava e Luiz estava ao canto sentado.
Luiz não estava feliz, e de olhos fechados olha para Dani e
fala.
— Pode não entender o que quero Dani, mas olha em volta, o
que está errado?
— Você...
— Sei que errei, mas olha em volta, o que está errado.
— Não tem um Deus.
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— Sim, isto não precisa ser esperto, mas o que os que
pregavam que ai era o atalho para Deus estão fazendo?
— Orando.
— Acha mesmo que num atalho para Deus, se precisa orar?
— Sabe como saímos daqui?
— Apenas se mantem em nevoa, as Ane não vão estar feliz.
— As traiu também.
— Somente as que tentaram me morder.
— E não as vai perdoar?
— Elas vieram me matar, eu não as quero mortas, mas
pensando, talvez elas tenham de entender que vão precisar comer
ai, para manter as forças.
— Mas porque?
— Aqui elas são representação de Yolokantamulu, e como sua
representação, elas tem a energia de Amaná, sem suas forças, elas
precisam comer, então melhor ficar em nevoa Dani.
Luiz ouve seu nome e abre os olhos.
— Luiz Candido?
— Quem quer saber?
O delegado Ribas olha ele e fala.
— Pelo jeito ter você preso não é uma boa ideia mesmo.
— Já falei isto antes.
— Todos os demais, na delegacia estão mortos, montanhas
de restos de carne, não sei o que os atacou, mas ainda está vivo.
— Se querem sensacionalismo, é só dizer que comi eles vivos.
— Mas na sua cela, tem um morto, mas o resto tá vivo.
— As vezes me decepciono com os demais.
Luiz entendeu que todos na delegacia estavam mortos, um
ataque covarde, ele não estava feliz, ele não queria algo assim, mas
se uma manifestação não perdoou quem nada tinha haver com o
problema, ele queria saber duas coisas, quem era o Pastor, e quem
foram os lideres Ane que ordenaram aquilo.
A informação vinda da delegacia que Luiz estava preso, fez as
pessoas ligarem as mortes a ele, mas o colocando como culpado.
O rapaz a cela olha para ele e pergunta.
— Entendi errado?
— Não, todos os demais morreram.
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— Mas o que foi isto?
— Uma quebra de regra, das graves.
— Quebra de regra?
— Rapaz, nem eu sei o problema todo, mas pode ter certeza,
alguém bem pequeno em tamanho, grande em poder, acaba de
pisar em calos que não precisava, por religiosos covardes.
Eles foram mudados de delegacia e a imagem da sala ao lado
era de assustar até Luiz, embora já fizesse coisas assim, mas como
se fala, humano matar humano, aceitável, Ane matar Ane, aceitável,
Hon matar Hon, aceitável, mas um espécime matar outro era
sempre penalizado.
Luiz chega a delegacia do Oitavo e todos estavam com as
imagens da delegacia anterior, e o carcereiro que o conduziu até lá
fala.
— Tenho de agradecer, embora isto é magia negra.
— Sim, mas solta por uma religião dita cristã, na cidade.
— Acha que foram os da Congregação?
— Foram, e não vão parar por ai, mas agora, quero ver se
tudo começa a mudar, pois apenas se mantem longe.
— Vai fazer oque?
— Sair pela porta da frente.
— Sabe que vamos tentar lhe deter.
— Sempre digo, as vezes se salva primeiro e se mata após.
O rapaz fecha a porta todos veem Luiz crescer, socar a porta e
começar a sair, alguns olham assustados, mas era apenas um ser
imenso saindo, alguns deram tiros que resvalaram, ele inverte os
carros da policia a porta, os colocando de lado, e sai no sentido da
avenida Sete de Setembro, entra na cede central e olha aqueles
senhores reunidos.
— Me esperando?
O rosto de surto deles foi grande, mas Luiz olha para Anelais e
fala.
— A traidora dos Ane.
— Você me paga pelos nossos.
Ela manda um feitiço, mas Luiz apenas se torna uma nevoa e
cerca os demais, e todos se veem naquele campo, que nunca
escurecia, e olha para Ane.
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— Traição contra sua espécie, um dia, se merecer ser
perdoada, Amaná que a tire daqui.
Fala Luiz voltando a forma física, ele caminha até a colina
lateral e olha para Dani.
— Difícil de achar este seu caminho.
— Lhe prenderam também.
— Dani, a pergunta, quer mesmo abrir mão de tudo, para
ficar em um campo de oração pela eternidade?
Ela olha para a irmã e pergunta.
— O que fazemos?
— Aqui os pastores nem falam com a gente, parecem ter
medo, não entendo.
— Aqui ninguém morre Patrícia.
— Mas se as Ane comerem uns?
— Não sei a dor de voltar a se refazer, mas dor existe aqui.
— E não tem pena deles.
— Eu sou o que sou, não eles.
— Tem como nos deixar em casa?
Luiz se torna nevoa e some dali, as deixando em frente ao
cemitério municipal, na casa de esquina que nasceram e
assombram até hoje, 130 anos depois.
Luiz caminha por 12 templos, e foi mandando pastores e
farsantes para aquele mundo que ainda não entendia, mas sentia
como sendo parte dele, assim que a pedra se desfez.
No fim do dia assim como saiu, entra pela porta a delegacia, e
senta-se ao fundo.

Os Hon estavam reunidos na praça do dia anterior quando


Plout olha as irmãs vindo pela rua e olharem para ele.
— Temos de conversar.
— Ele reduziu o culto da Congregação a um templo na cidade.
— Aquilo não é o paraíso Plout.
— E como saíram?
— Ele nos tirou de lá, mas os religiosos estão começando a
ter problemas, com as Ane lá.
— E acha que eles se entendem?

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— Se entendi o que Luiz quer, ele os deixou para o tempo os
por em tentação, não sei o que elas fizeram, pois Luiz nunca
enfrentou as Ane.
— Comeram uma delegacia inteira de gente, para chegar
nele.
— Perderam noção de perigo?
— Sim, vi algumas envergonhadas irem para a serra, se
afastando, outras querendo mais confusão, mas parece que estão
pensando em como se reestruturar.
Eles conversam vendo que as energias pessoais começavam a
voltar ao normal, poucos dias depois da pedra ter sumido.

Amanhece na delegacia, e novamente aquela cidade que


ninguém sabe onde fica, Curitiba, estava com imagens assustadoras
de pessoas comidas vivas em uma delegacia.
O ministério público fica na duvida se tinha como manter o
rapaz preso, ele tinha emprego, tinha endereço, e tudo indicava que
ele bateu em 32 pessoas, que vieram armadas, ele não usou uma
arma pessoal, obvio que um enfrentamento com tacos de basebol
fazem estrado nos atingidos.
A determinação de prisão temporária deixa ele por 7 dias
preso, uma vez levantado os fatos, ele volta ao seu ponto, mas se
antes tinha clientes, agora não os tinha, e teria de começar tudo de
novo.
Luiz ainda espera para ser julgado, pois é difícil os demais
colocarem palavras nos relatórios, que não se tem como provar se
Luiz não está por perto, a Congregação foi fechando as portas e
deixou de existir, e as Ane, estão espalhadas na serra, sem líder,
voltando a viver em pequenas comunidades nas arvores.

Fim.

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