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ICSH

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
Mantido pelo CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO BRASIL

LICENCIATURA EM LETRAS

LEONARNO SANTOS LOPES

O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA À LUZ DAS


POLÍTICAS PÚBLICAS AFIRMATIVAS ÉTNICOS
RACIAIS E ANTIRRACISTAS ATRAVÉS DA LEI
11.648/08

VALPARAISO DE GOIÁS-GO
2020
I
I

ICSH
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
Mantido pelo CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO BRASIL

LICENCIATURA EM LETRAS

LEONARNO SANTOS LOPES

O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA À LUZ DAS


POLÍTICAS PÚBLICAS AFIRMATIVAS ÉTNICOS
RACIAIS E ANTIRRACISTAS ATRAVÉS DA LEI
11.648/08

Trabalho de Conclusão de Curso – exigência


parcial para obtenção do Grau de Licenciado
e Letra/inglês pelo Instituto de Ciências
Sociais e Humanas - ICSH.

VALPARAISO DE GOIÁS-GO
2020
I
II

DEDICATÓRIA

Dedico esse meu Trabalho de Conclusão do Curso de Letras/Inglês:


Ao Professor Marcus Maciel pelas orientações e
discussões sobre o tema, principalmente em relação aos conhecimentos
das religiões de matrizes africana e divindades do Candomblé e da Umbanda.
E a Eduardo Alves dos Santos, meu companheiro de todas as horas...
I
V

AGRADECIMENTOS

A todo Panteão da Umbanda pela orientação espiritual,


de se preocupar com nossas vidas, de aconselhar, de avisar...
Obrigado por nos ensinar a cada trabalho,
a importância da caridade e humildade.
A Waléria Maciel e a todas as suas entidades,
Obrigado por me apresentar a fé, o amor, e o AXÉ.
A Mãe Dany de Ogum por partilhar conhecimentos ancestrais
Com Humildade Maestria e Sapiência!
Um agradecimento Especial à minha Orientadora
Professora Doutora: Vanildes Menezes Oliveira
Por fim, à minha família, que sempre me apoiou em meus estudos!
V

Agô-iê, Agô-iê, Agô


Mutumbá, Mutumbá
Pai maior, oni-babá!
Trazidos por navios negreiros
Do solo africano para o torrão brasileiro (bis)
Os negros escravos
Que entre gemidos e lamentos de dor
Traziam em seus corações sofridos
Seus Orixás de fé
Hoje tão venerados no Brasil
Nos rituais de Umbanda e Candomblé
Neste terreiro em festa
Entre mil adobás
Prestamos nosso tributo
Aos Orixás
Ao rei das matas: Okê bamboclim!
Ao vencedor das demandas: Guarumifá!
À cacarucaia dos Orixás: Saluba!
À grande guerreira da lei: Eparrei!
Nos rios e nas cachoeiras: Yalodê!
Ao dono da pedreira: Kaô, Kaô!
À rainha do mar: Ado fiaba mamãe!
E ao curandeiro das pestes: Atotô!
Agô-iê, Agô-iê, Agô
Mutumbá, Mutumbá
Pai maior, oni-babá!

TRIBUTO AOS ORIXÁS


(Clara Nunes, 1972)
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O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA À LUZ DAS


POLÍTICAS PÚBLICAS AFIRMATIVAS ÉTNICOS
RACIAIS E ANTIRRACISTAS ATRAVÉS DA LEI
11.648/08
LOPES, Leonardo Santos (autor)1
OLIVEIRA, Vanildes Menezes (orientador)2

RESUMO

O presente artigo evidencia a aplicabilidade da lei 11.645/08 promovendo o combate


ao racismo o pertencimento, empoderamento, conhecimento e reconhecimento
étnico entre estudantes. Ao incluir no currículo oficial o ensino d'História e cultura
afro-brasileira e indígena, o Estado estabeleceu ‘políticas públicas’ combatendo o
racismo no ambiente escolar. O Objetivo Geral deste trabalho foi demonstrar a
eficácia d’O Ensino da Língua Inglesa à luz das políticas públicas afirmativas étnicos
raciais e antirracistas através da Lei 11.648/08. Elegemos três objetivos específicos:
Informar a professores de LI a respeito da interdisciplinaridade que a legislação
versa sobre o ensino da História e cultura ameríndia, afro-brasileira e africana,
ressaltando a importância dessas culturas na formação da sociedade brasileira;
Elencar os elementos fundamentais sobre a cultura religiosa dos ameríndios e
afrodescendentes; Demonstrar a possibilidade da inclusão social de alunos
ameríndios e afro descendentes no dia-a-dia das aulas de LI através do uso da
diversidade cultural, fazendo uso de textos que envolvam a História dos ameríndios
e dos afrodescendentes com seus mitos, contos e lendas. Utilizou-se a metodologia
da pesquisa aplicada, do estudo qualitativo e descritivo; com procedimentos técnicos
bibliográficos. Conclui-se que a preservação da saga de ameríndios e dos afro
descendentes é a garantia do Estado de Direito/Democrático, fazendo com que o
respeito as diversidades humanas seja garantido, e consequente a queda da
intolerância, do racismo, das desigualdades de gênero, acadêmicas, profissionais e
salariais, resta os profissionais da Educação, em especial professores de LI vestirem
a camisa desta luta que é coletiva!

Palavras-chave: Língua Inglesa; Ações antirracistas; Lei 11.648/08.

1
Graduando em Letras/Inglês pelo CESB, Valparaiso de Goiás; Graduado em Letras-Espanhol pela Faculdade
Michelangelo, Brasília – DF; Graduado em Pedagogia pela Faculdade IESA Brasília -DF; Especialista em
Orientação Educacional Faculdade de Tecnologia Equipe Darwin; Professor Temporário da SEE/GDF, nas
Disciplinas Português e Espanhol para o biênio 2018/2020. E-mail: leosanlopes@hotmail.com.
2
Graduada em Pedagogia, com Habilitação em: Administração Escolar, Orientação Educacional; Supervisão
Pedagógica e; Especialização em: Direito Educacional no Processo Ensino-aprendizagem; O Processo Ensino-
aprendizagem; Psicopedagogia no Processo Ensino-aprendizagem; Supervisão Escolar; Teoria e Prática em
Supervisão Educacional. Mestrado em Educação: Tema: A ressignificação do saber do contexto escolar; Título
da dissertação: “A ressignificação da aprendizagem escolar nos anos iniciais do ensino fundamental” (defesa não
concluída). Escritora e membro da Academia de Letras de Unaí e Região–ALUR. E-mail:
vanildesmenezes@hotmail.com.
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ABSTRACT

This article highlights the applicability of Law 11.645 / 08 promoting the fight against
racism, belonging, empowerment, knowledge and ethnic recognition among students.
By including in the official curriculum the teaching of Afro-Brazilian and indigenous
history and culture, the State established ‘public policies’ combating racism in the
school environment. The General Objective of this work was to demonstrate the
effectiveness of The Teaching of the English Language in the light of the racial and
anti-racist affirmative public policies through Law 11.648 / 08. We elected three
specific objectives: Informing LI teachers about the interdisciplinarity that the
legislation deals with the teaching of Amerindian, Afro-Brazilian and African history
and culture, emphasizing the importance of these cultures in the formation of
Brazilian society; List the fundamental elements about the religious culture of
Amerindians and Afro-descendants; Demonstrate the possibility of social inclusion of
Amerindian and Afro-descendent students in the daily life of LI classes through the
use of cultural diversity, making use of texts that involve the history of Amerindians
and Afro-descendants with their myths, tales and legends. The methodology of
applied research, qualitative and descriptive study was used; with bibliographic
technical procedures. It is concluded that the preservation of the saga of Amerindians
and Afro descendants is the guarantee of the Rule of Law / Democratic, ensuring that
respect for human diversity is guaranteed, and consequently the fall of intolerance,
racism, gender inequalities, academic, professional and salary, education
professionals, especially LI teachers, are left to wear the shirt of this collective
struggle!

Keywords: English language; Anti-racist actions; Law 11.648/08.

INTRODUÇÃO
Dados condensados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), tendo como referência o Censo de 2010, concluíram ser o Brasil o segundo
maior país negro do mundo1 com 96.795.294 habitantes.
Divulga o IBGE (2010) que em relação a população ameríndia, aferida no
mesmo estudo, pelo quesito ‘cor ou raça’ esta somou 818 mil pessoas; sem levar em
conta o contingente de 78.900 mil indivíduos, que no mesmo quesito se declararam
‘de outra cor ou raça’, mas, que consideradas as tradições, costumes, cultura e
antepassados, culturalmente são consideradas ameríndios. Levando o IBGE a fazer
esta soma e concluir que a população brasileira tem um total de 896.900 indivíduos
ameríndios.
O crescimento exponencial de indivíduos que se auto declararam protestante
foi da ordem de 64,45% entre 2000/2010, o que totaliza aproximadamente 42
milhões de brasileiros (IBGE, 2010), desta forma, podemos concluir que esta parcela
populacional professa uma religião protestante ou evangélica.
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Estudiosos da Ciência da Religião para efeito didático dividiram o campo


religioso evangélico brasileiro em: "Protestantismo Histórico" (Luteranos e
Anglicanos, Batistas, Presbiterianos e Congregacionais) e "Pentecostal", que é
subdividido no: "Pentecostalismo Clássico" (Assembleia de Deus e Congregação
Cristã); "Deuteropentecostalismo" (Brasil Para Cristo, Igreja Quadrangular, Deus é
Amor), e "Neopentecostalismo" (IURD, Igreja Internacional da Graça de Deus, Igreja
Apostólica Renascer em Cristo, Igreja Mundial do Poder de Deus, Sara Nossa Terra,
Catedral do Avivamento etc.)
A Constituição Federal declara que “todos são iguais perante a lei” [...] (art. 5º
“caput”), mas a desigualdade e discriminação são históricas e permanentes, fazendo
parte da atual realidade brasileira.
Se por um lado, este trabalho pretende analisar e/ou demonstrar que a
igualdade formal não é suficiente, por si só, para efetivamente diminuir o racismo, o
preconceito e qualquer outra forma de discriminação.
Por outro lado, apresenta as ações afirmativas como um porto seguro para
implementação de medidas compensatórias, propondo uma discriminação positiva
de inclusão social, que atenda o princípio da isonomia como base de sustentação do
Estado Democrático de Direito.
Então, como promover a igualdade neste contexto para atender o princípio da
isonomia previsto na Constituição Federal?
Expressa o Art. 5º, § VI: "é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei,
a proteção aos locais de culto e a suas liturgias". (BRASIL, CF, 1988)
Muito embora, esteja exarado na Constituição Federal de 1988, também
conhecida como ‘Constituição Cidadã’; que o Estado Brasileiro é laico/secular, isso
é, teoricamente, prega a desagregação da religião e seus valores sobre os atos
governamentais. Mas, no dia a dia as coisas não acontecem assim...
A Educação brasileira tem enfrentado percalços racistas e de intolerância
contra escolares ameríndios e afro descendentes.
Diuturnamente assistimos, lemos e ouvimos nos telejornais, noticiários
radiofônicos em revistas e jornais casos de agressão por intolerância racial e
religiosa, principalmente contra escolares de unidades públicas de ensino, na
maioria das vezes praticadas por pessoas que se dizem católicos, protestantes,
9

pentecostais e neopentecostais e que frequentam agremiações religiosas que


cultuam o Cristianismo.
Mais recentemente, estes atos de violência contra pessoas, evoluíram para
ataques de vandalismo contra os ‘terreiros’ – os templos sagrados de
candomblecistas, juremeiros e umbandistas – onde são destruídos: o imóvel
propriamente dito, imagens, plantações de ervas sagradas e a criação de animais
destinados a imolação tradicional e ritualística para as divindades.
Será que se houvesse uma maior divulgação e conhecimento a respeito da
cultura ameríndia e dos afro descendentes, aqueles que professam as religiões de
matriz afro-ameríndia como a Umbanda, a Jurema e o Candomblé estariam menos
propícios a intolerância?
Tendo como base o ideário defendido por alguns estudiosos educacionais
que veem o ambiente escolar como recurso de discussão e pluralizador de ideais em
criticidade nos arranjos discursivos, este estudo investigativo buscou a percepção da
possível aplicação dos conteúdos da norma 11.645/08; onde o legislador fez do
ambiente escolar a principal trincheira para o Estado combater a intolerância e o
racismo; no ensino da Língua Inglesa utilizando a interdisciplinaridade com as
disciplinas de Artes, História e Língua Portuguesa.
O presente estudo há de amenizar as inquietações do autor, homem negro,
pobre, que professa como religião, a Umbanda e viveu toda a sua vida o racismo
estrutural e social, e que precisou sempre trabalhar para sustentar sua ascensão
acadêmica.
O Objetivo Geral para este estudo foi demonstrar a eficácia d’O Ensino da
Língua Inglesa à luz das políticas públicas afirmativas étnicos raciais e antirracistas
através da Lei 11.648/08.
Dessa forma, foram três os objetivos específicos eleitos: Informar a
professores de Língua Inglesa a respeito da interdisciplinaridade que a legislação
versa sobre o ensino da História e cultura ameríndia, afro-brasileira e africana,
ressaltando a importância dessas culturas na formação da sociedade brasileira;
Elencar os elementos fundamentais sobre a cultura religiosa dos ameríndios e
afrodescendentes; Demonstrar a possibilidade da inclusão social de alunos
ameríndios e afro descendentes no dia-a-dia das aulas de Língua Inglesa através do
uso da diversidade cultural, fazendo uso de textos que envolvam a História dos
ameríndios e dos afrodescendentes com seus mitos, contos e suas lendas.
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Para a presente pesquisa utilizar-se-á a seguinte metodologia: uma pesquisa


aplicada, optamos por realizar um estudo qualitativo; desenvolveremos um estudo
descritivo; para tanto, realizaremos como procedimentos técnicos uma pesquisa
bibliográfica, tendo em vista, a atual situação gerada pelo Covid19, que resultou no
isolamento social, impedindo a realização de pesquisa de campo conforme era a
intenção inicial.
Para facilitar o entendimento o presente estudo, este, foi assim dividido: esta
Introdução, três títulos e as Considerações Finais. Temos pois: o Titulo I - A História
não contada; onde é apresentado de forma pontual todo o pano de fundo que
motivou a pesquisa, onde são abordados os temas: O Nativo ou Ameríndio; e O
Negro escravizado.
Enquanto que no Título II - A Reação do Estado e a Convocatória da Escola
na luta antirracista; quando é apresentada a Fundamentação Teórica e as
Metodologias utilizadas no estudo.
No Título III - Um Brasil Negro e Ameríndio, são apresentados os dados
coletados e analisados, e, por derradeiro as Considerações Finais comentando os
resultados das pesquisas.

2. A HISTÓRIA NÃO CONTADA


Neste título trazemos alguns acontecimentos históricos pontuais, que por
muito tempo estiveram ausentes dos livros didáticos, haja vista, que a elite
eurocêntrica preferia manter a cultura ameríndia e afro-brasileira à margem da
História oficial, conforme teoriza Martins (2020) o processo colonizador é:
voltado especificamente a substituição da cultura aborígene pela europeia,
uma espécie de humanismo, a colonização é um processo simultaneamente
material e simbólico, por meio do qual, as práticas econômicas dos seus
agentes se vinculam aos seus meios de sobrevivência, memória, modos de
representação de si, dos outros, desejos e esperanças, desse mesmo
modo, a colonização se dirige não entre os hábitos pressupostos e hábitos
culturais do povo nativo, assim extirpa-los e faze-lo desaparecer de maneira
a permitir que as suas terras fossem ocupadas e seus recursos naturais
explorados sem qualquer resistência efetiva, as diversas ações dirigidas a
dominação plena dos povos antigos resultando nos desaparecimentos de
sua cultura e sua memória. (MARTINS, 2020, p.345)

A participação ameríndia e afro-brasileira só começa a ser reconhecida


oficialmente pelo Estado Brasileiro a partir da promulgação da Lei 10.639/03 que
abre caminho para a formulação da Lei 11.648/08, tornando obrigatório nos
11

currículos do Ensino Fundamental, Médio e Superior a História e Cultura ameríndia e


Afro-brasileira.

2.1 O Nativo ou Ameríndio

Historicamente os primeiros contatos com os nativos foram estabelecidos em


1500 com a chegada das primeiras naus na nova terra, chamada inicialmente de
Pindorama2 ou ‘terra das palmeiras’; as populações que aqui estavam possuíam
costumes bastante diferenciados do explorador e colonizador, encontravam-se
organizados em pequenos grupos, que o europeu chamou de tribos, possuindo uma
organização social e de trabalho diferentes do invasor. Consoante a tradição de
Colombo ao denominar os nativos de índios, pensando ter chegado as Índias, o
mesmo fez Cabral. (RIBEIRO e GONÇALVES, 2014)
Maher, (2006, p.12) estima que em 1500 – com a chegada dos europeus ao
Brasil –, a população indígena local girasse em torno de 2 a 4 milhões de pessoas.
Os números aqui apresentados demonstram a discrepância demográfica que
ocorreu nesses 520 anos de nossa História, a população afro descendente cresceu
a ponto de sermos o segundo país negro do mundo, já em relação aos ameríndios,
temos que foi promovido um verdadeiro genocídio no mesmo período, pois, quando
o invasor europeu aqui chegou somavam quase 5 milhões indivíduos e hoje, não
chegam a um quinto da população inicial.
Ainda com relação aos ameríndios, há quinze anos Maher, (2006, p.12) de
forma veemente explicava que: “essa depopulação foi resultado de políticas
públicas, ora mais, ora menos explícitas, de extermínio físico e/ou cultural
historicamente impostas aos grupos indígenas em nosso país”.
Maher, (2006, p.12) é taxativa ao comentar: “Essas políticas explicam
também o número de línguas indígenas desaparecidas: das 1300/1500 línguas que,
presume-se, existiam quando Cabral aqui chegou com suas esquadras, restam hoje
cerca de 180."
Relata Wittman (2015, p.12):
A visão de índio genérico, sem história, cristalizado pelo tempo e destinado
ao desaparecimento, é construída ao longo do século XIX, pelos intelectuais
do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB). A pedido do imperador
Pedro II, os intelectuais da época tiveram a tarefa de escrever a história do
Brasil colonial, seguindo um modelo europeu, vinculado aos debates
racistas e evolucionistas da época.

Por fim, Maher, (2006) conclui:


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Mas se, por um lado, os números que venho apresentando não são
alentadores, por outro, eles revelam a incrível tenacidade e capacidade de
resistência dos povos indígenas: garruchas, decretos, bíblias, epidemias,
usurpações territoriais e tantas outras ações predatórias que os vêm
acometendo ao longo da História não conseguiram erradicá-los totalmente
do território brasileiro! (MAHER, 2006, p.12)

As colocações de Maher trazidas à baila, apenas confirmam a situação vivida


pelos povos originais e todo o descaso como a elite burguesa, preconceituosa que
nos governa há 520 anos os renegou.

2.2 O Negro escravizado

Destaca Guimarães (2008) que registros dos primeiros encontros dos


viajantes europeus com a África reportam que a cor negra dos africanos
subsaarianos foi o que mais chamou a atenção dos conquistadores e aventureiros. E
daí brota uma primeira fonte de sentimento negativo, ou preconceituoso, pois, no
simbolismo das cores, no Ocidente cristão, o negro significava a derrota, a morte, o
pecado3, enquanto o branco significava o sucesso, a pureza e a sabedoria.
No processo de diáspora iniciado no século XVI, ao embarcarem nos
‘tumbeiros’4 os povos africanos trouxeram em sua bagagem suas culturas, crenças,
religiosidades, artes, linguagens e saberes que segundo Coelho (2016), “aqui foram
ressignificados/recriados/reinventados por eles e seus descendentes, em função das
novas condições sociais, econômicas e políticas encontradas, formando uma nova
identidade afro-diaspórica.”
Revela Eltis (2019), no levantamento divulgado em 2019 pelo Banco de
Dados de Comércio de Escravos Transatlântico (The Trans-Atlantic Slave Trade
Database) o registro de navios portugueses ou brasileiros embarcando escravos em
quase 90 portos africanos, realizando mais de 11,4 mil viagens negreiras. Sendo
que destas, 9.2 mil, destinavam-se ao Brasil, assim, um total aproximado de 4.8
milhões de pessoas negras escravizadas chegaram em algum porto do litoral
brasileiro.
Passados 132 anos da Lei Áurea, em entrevista pela passagem no dia 13 de
maio, Pereira (2020), afirmou que: “56,10% dos brasileiros que se declaram negros
— ainda continuam social e economicamente atrás de outros grupos”, aguardando
alcançar a liberdade econômico-financeira, acadêmica e social.
Maciel (2015, p.2) esclarece: notório é que os escolares brasileiros vivem e
são ensinadas sob a égide de uma educação imaginativa eurocêntrica, "as meninas
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se veem como princesas loiras e com a pele alvíssima no estilo Cinderela, já os


meninos com a ideia de príncipes com seus corpos bem torneados e também
brancos que chegam montados em alazões branquíssimos, semelhantes ao Rei
Arthur."
Com seus estudos e pesquisas Maciel traz a lume que:
Temos em nossa História várias princesas e príncipes, mas não neste
molde, as nossas rainhas, princesas, reis e príncipes são encontrados em
grande número na nossa ancestralidade, vieram juntos e misturados aos
negros, vindos de África na rota do tráfico negreiro atlântico para o Brasil no
século XV de forma desumana, e quando aqui chegaram, foram
escravizados e vendidos como se objetos fossem. (MACIEL, 2015, p.2)

Sabido é, que esses dois grupos: ameríndios e afrodescendentes;


representam uma busca de reconhecimento social de sua participação na
constituição da cultura nacional e a aceitação cultural do que foge aos padrões
ocidentais europeus.
Partindo-se das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação que
incluíram as Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Ameríndia,
Afro-Brasileira e africana, deslumbra-se um caminhar frutífero de discussões e
possibilidades de ambientação sócio-política num ambiente escolar, isento de
bullying, intolerância e de atitudes racistas.

2.3 O Racismo

O Brasil foi a última nação do ocidente a abolir a escravatura, entre o fim do


século XIX e início do XX, e não criou nenhuma condição para a inserção digna da
população negra na sociedade. Ao contrário, diversas obras, políticas e instituições
disseminaram a ideia de um país mestiço, no qual o convívio é harmonioso entre as
diferentes raças.
Atesta Machado (2011, p.18) que: “a denominada ‘abolição da escravatura’
ficou mesmo para ‘Inglês ver’, já que era a Grã Bretanha que exigia o fim da
escravidão”.
Conforme estudos de Maciel (2017, p.255) temos:
O tempo se encarregou de derrubar o Mito da Democracia Racial5 que a
elite acadêmica opressora (Donald Pierson e Marvin Harris) dizia existir no
Brasil, no entanto, mesmo com todos os avanços que já aconteceram,
levando ao resgate do pertencimento e da ancestralidade afrodescendente,
ainda se vive no Brasil uma sociedade hostil onde à própria identidade
cultural é renegada e não raro, temos casos de discriminação étnica, social
e religiosa.
14

Dessa maneira, o racismo estrutural foi sendo construído como processo


histórico, que, segundo Pires e Silva, hoje funciona como:
...uma espécie de sistema de convergência de interesses, fazendo com que
o racismo, de um lado, implique a subalternização e destituição material e
simbólica dos bens sociais que geram respeito e estima social aos negros –
ciclo de desvantagens – e, de outro, coloque os brancos imersos em um
sistema de privilégios assumido como natural, como norma. (PIRES e
SILVA, 2015, p. 66)

O conjunto de preconceitos direcionados à população negra está enraizado


no inconsciente e na subjetividade de indivíduos e instituições, se expressando em
ações e atitudes discriminatórias regulares, mensuráveis e observáveis, assim
temos: violência policial direcionada a população negra, maior número de mortes
proporcionalmente aos doentes na atual crise da Covid-19 e todos os dados de
desigualdade na educação já mencionados são alguns exemplos.
Muitos avanços foram conquistados ao longo das últimas décadas a partir da
luta histórica dos movimentos negros, que muitas vezes não é visibilizada devido ao
mesmo racismo que ousa enfrentar.
A professora Nilma Lino Gomes (2017), em seminário on-line promovido pela
Fundação Santillana, ratificou o que já escrevera em seu livro: “Fica parecendo que
no Brasil tudo acontece sem conflito, mas nós somos uma sociedade em ebulição.
Isso tem sido mostrado nos últimos tempos, mesmo que se inspirando
contraditoriamente na realidade estadunidense”.
Apregoa o antropólogo, Munanga (2005), que parte da mudança está na
desconstrução do mito da superioridade branca e da inferioridade negra e
ameríndia, e que esse paradigma atravessa todos os campos da educação,
informação e imagem, reproduzidas cotidianamente e interiorizadas por toda a
sociedade.
Estima Munanga (2005, p.23), que é na educação principalmente que se
constroem essas imagens estereotipadas e discriminatórias do sujeito e da
população negra, de modo que apenas a prática educativa tem o poder de
desconstruí-las: “Só a própria educação é capaz de desconstruir os monstros que
criou e construir novos indivíduos que valorizem e convivam com as diferenças.”
15

2.4 A Intolerância Religiosa

Explica Guimarães (2008, p.6): “Segundo relatos de viajantes ingleses no


século XVII, por exemplo, haveria na África uma inversão da preferência europeia,
sendo o demônio representado pelos africanos como branco”.
Bastide (1991) nos ensina:
Nós herdamos dos gregos e do cristianismo a polaridade branco-preto como
expressão da pureza e do demoníaco. Lembramos o véu negro de Teseu,
quando retornou de Creta, como símbolo da derrota, e o seu véu branco
como sinônimo da vitória. Os eleitos, no cristianismo, vestem túnicas
brancas e os diabos são negros. E esse dualismo se encontra até mesmo
no nosso jogo de cartas! Sem nos darmos conta, essa ligação da negrura
com o Inferno, a morte, as trevas da noite e o pecado não deixa de exercer
influência sobre nossa visão dos africanos, como se uma maldição
estivesse colada à sua pele. (BASTIDE, 1991, p.39)

Debruçada nos dados do IBGE (2010), Coelho (2016, p.12) revelou que “esse
aumento é um fator importante a ser considerado, pois, desta ‘onda evangélica’
emergiram grupos ortodoxos extremamente combativos cujo discurso de “militância
religiosa” antagoniza-se diretamente com as religiões de matriz afro-brasileira”.
Revela Oliveira (et.al. 2013), as tipologias criadas para distinguir os vários
pentecostalismos no Brasil que tentam dar conta da circularidade de suas práticas e
crenças ao longo do tempo. Essa circularidade de práticas e crenças cria um fio
tênue de separação entre elas:
Por exemplo, se as características da Igreja Universal do Reino de Deus
(IURD), tipificada como neopentecostal são – para além da gestão
empresarial e da teologia da prosperidade – a guerra espiritual, o
exorcismo, o transe e a manipulação mágica, alguns desses elementos já
eram praticados pela Assembleia de Deus no Brasil e pela Igreja do
Evangelho Quadrangular. Essa última, quando ainda chamada de “Prece
Poderosa”, já realizava sessões de curas, oferecia “óleos e bênção a
dinheiro” ainda nos anos 1950, portanto, antes da IURD. Em comum a todas
elas está o desenvolvimento dos dons do Espírito Santo. (OLIVEIRA, et. al.,
2013, p.115 - grifos nossos)

Aduz Silva (2016, p.1) que a intolerância religiosa contra estudantes


praticantes do candomblé advém do conceito de demônio e diabo que: "saem da
Bíblia, livro sagrado de um grupo no oriente médio, cuja língua pátria é o hebraico,
entra no universo europeu e aporta nas Américas com significados e
correspondentes estereotipados".
Em seu livro: Educação nos terreiros – e como a escola se relaciona com
crianças do candomblé, que é o ápice da pesquisa realizada por mais de vinte anos
16

Caputo (2012), acompanhou o crescimento de um grupo de crianças de quatro


Casas de Santo da Baixada Fluminense/Rio de Janeiro.
Com relação a este trabalho encontramos em Maciel (2016, p.6) que:
O inédito do estudo de CAPUTO (2012) é que pela primeira vez trouxe a
público um lado desconhecido; quer seja; os terreiros de candomblé como
redes de conhecimentos e significações, onde crianças aprendem a língua,
as danças, os mitos, a culinária sagrada, os toques de atabaques, as
cantigas, revelou também, algo mais impressionante; a existência de muito
preconceito e discriminação contra crianças e jovens candomblecistas na
sua relação com a educação formal, principalmente em escola pública onde
o provedor é um Estado que se diz laico.

Caputo (2012) ilustra com algumas citações dos escolares pesquisados,


escolhemos duas bastante interessantes:
“Eu quero ser crente. Na escola só gostam dos alunos crentes!” Vi
Luana Navarro, sempre feliz no candomblé, religião que sempre disse amar
e desejar seguir. Depois de vivenciar com alegria uma noite inteira de festa,
ela me disse que na escola “começou a sentir vergonha de sua fé e que
desejava escolher outra religião para ser aceita e amada na escola, tanto
pelas professoras quanta pelos demais alunos e alunas”. (CAPUTO, 2012,
p.197) (grifos nossos)

E ainda:
Jailson dos Santos, aos 12 anos, dizia: “Sou Amúisan6, mas na escola eu
não digo que sou”. Oito anos depois, ao entrevistar novamente Jailson, ele
me diz que nunca se sentiu discriminado na escola, “a não ser aquele
preconceito normal”. “Como assim, preconceito normal?”, pergunto. “De
me chamarem de macumbeiro e de acharem que macumbeiro sempre está
pronto para fazer mal para alguém”. (CAPUTO, 2012, p.201) (grifos nossos)

Tudo que foi discorrido até o momento, deixa claro o quanto peleja o
Professor em sala de aula, principalmente de escolas públicas, estes relatos
ocorrem diuturnamente, a violência contra escolares que professam religiões de
matriz afro-ameríndia: como o Candomblé, a Jurema e a Umbanda são os mais
molestados.
A aprovação das duas leis que embasam este estudo, propiciaram as
professoras e professores a oportunidade de através do conhecimento da cultura
desses dois grupos amenizarem a intolerância religiosa em sala de aula.

3. A REAÇÃO DO ESTADO E A CONVOCATÓRIA DA ESCOLA NA LUTA


ANTIRRACISTA
Esclarece Junqueira (2009, p.7), que a escola brasileira foi chamada a
contribuir de maneira mais eficaz “no enfrentamento do que impede ou dificulta a
17

participação social e política e que, ao mesmo tempo, contribui para a reprodução de


lógicas perversas de opressão e incremento das desigualdades.”

3.1 A Violência Exposta

Abramoway (et. al. 2009, p.19) aponta que: “A violência não é um problema
novo, nem específico da contemporaneidade. A diferença histórica no trato da
questão é a visibilidade dada à violência nos últimos tempos, especialmente pela
imprensa [...].”
Aduz Maciel (2012, p.7) que: "Inserida nesse contexto a escola expõe uma
realidade de despreparo e até de apatia dos profissionais de educação, diante de
tais situações de conflito, muitas vezes, carecendo de entendimento dessas
relações."

3.2 A Intolerância, o Racismo e a Violência Escolar


Na tentativa de amenizar esses eventos o Estado brasileiro partiu para
através da educação e do conhecimento seguindo os ditames de Paulo Freire (2000,
p.67): “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a
sociedade muda”.
Conforme teoriza Cavalleiro (2003, p.47) é notório que a escola atua na
difusão de preconceito e da discriminação “[...] Tais práticas, embora não se iniciem
na escola, contam com seu reforço, a partir das relações diárias, na difusão de
valores, crenças, comportamentos e atitudes de hostilidade em relação ao grupo
negro [...]”, vê-se assim, que a escola perpetuando desigualdades de tratamento e
minado efetivas oportunidades igualitárias a todas as crianças.
Desta forma, este artigo corrobora com o pensamento de Maher (2006):
É preciso ensinar as crianças brasileiras, desde a mais tenra idade, que o
Brasil tinha donos quando aqui os europeus aportaram, e da maior
importância esclarecer que houve um projeto europeu, que não era nada
pacífico, tendo por objetivo a conquista e que os povos indígenas aqui
lotados perderam essa guerra. Quanto mais cedo o cidadão brasileiro se
inteirar da real história de seu país, mais condições ele terá de exercer, de
forma responsável e solidaria sua cidadania no futuro. (MAHER, 2006, p.13)

3.3 Leis para mudar esse quadro

Muito embora, tenha sido endereçada à todas as disciplinas escolares, a Lei


10.639/03 privilegiou as disciplinas de Língua Portuguesa, Artes e História, fazendo
incluir nos currículos oficiais de todo o ensino básico a “História e Cultura Afro-
Brasileira”, que sem dúvidas, foi o ápice da militância dos movimentos da sociedade
18

civil organizada por quase três dezenas de anos, tendo com destaque para o
Movimento Negro.
Com relação a esta nova norma Maciel (2020, p.260) esclarece:
A sociedade brasileira formada a partir das heranças culturais europeias,
indígenas e africanas não era contemplada, de maneira equilibrada, com as
suas contribuições no sistema educacional brasileiro até a publicação da Lei
nº 10.639 em 2003 e suas alterações, um simples exemplo seria a ausência
de ilustrações e textos enaltecendo a etnia africana e indígena, até então,
só apareciam de forma depreciativa. O efetivo respeito e cumprimento das
prerrogativas dessa Lei são essenciais para a construção de uma sociedade
mais igualitária.
A 'Lei da Afro-Educação'; como vem sendo chamada, nomeia a escola
como sendo o lugar da construção, não só do conhecimento, mas também
da identidade, de valores, de afetos, enfim, onde o ser humano, sem deixar
de ser o que é, venha se moldar de acordo com sua sociedade. Esta norma
abre a possibilidade de professores trabalharem à Educação Patrimonial da
cultura afro descendente sem receios, uma vez que ainda impera um
racismo institucionalizado e velado em nossa sociedade, causando certo
desconforto.

Na justificativa do projeto da Lei 11.645/08 temos colocações sobre a


fundamental e relevante participação ameríndia na cultura brasileira, fato
reconhecido por estudiosos do assunto, como Vera Lúcia Romariz Correia de
Araújo, Doutora em Literatura Brasileira – Universidade Federal de Alagoas (UFAL):
Cultura Brasileira: A África e a Índia Dentro de Nós. Quando Adonias Filho
representa o complexo cultural brasileiro, seu olhar incide sobre a cidade
americana iletrada, seu patrimônio de oralidade e manifestações de um
sagrado voltado para a natureza, “o teísmo silvestre” apontado por Bernardo
Bernardi (1988, p.396), na antiga cultura oral grega. De forma subsidiária,
aparecem manifestações laicas, no cenário urbano, quando o autor
representa elementos da cultura popular brasileira. O autor escolhe as
representações africanas e indígenas como interfaces básicas de nossa
identidade cultural de quem o interlocutor seria a alteridade europeia. A
cada passo de sua narrativa, inferimos que essas culturas integrariam o
interior de nosso complexo cultural, mediadas, sobretudo, pelo sagrado e
pela oralidade. In Espéculo, Revista de estudios literarios. Universidad
Complutense de Madrid. (ARAÚJO, 2000, p.149)

Na metade do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi


sancionada a Lei 11.645/08, que incluiu a “História e Cultura Indígena” nos
currículos escolares de todo ensino básico das redes públicas e privadas, ampliando
assim o reconhecimento do Estado brasileiro a respeito de nossa miscigenação
racial e cultural que esteve anos a fio renegada a um segundo plano.
O Legislador muito embora não tenha explicitado em seu proposição, nem na
justificativa do Projeto de Lei, mas a própria CF dá todo embasamento para a norma,
vejamos o que diz o artigo 216:
19

Art. 216. Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material


e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de
expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas,
artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e
demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais... (BRASIL,
CF, 1988, p.139).

Aponta Ferreira (2010, p.13) que a intenção do legislador com essas


mudanças curriculares, foi proporcionar uma nova perspectiva educacional de
cidadania e democracia, entendendo ser a escola a melhor formadora social e
responsável pelo desempenho estatal, bem como o local ideal para a construção e
elaboração d’um ambiente dinâmico na prática ensino-aprendizagem, valorizando a
história e cultura dos povos ameríndios, africanos, afro-brasileiros com suas
contribuições históricas na construção de nosso país.
Partindo-se das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
(DCNs), aprovadas em 2009 e que incluíram as Relações Étnico-Raciais e o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira, africana e ameríndia, deslumbra-se um
caminhar frutífero de discussões e possibilidades de ambientação sócio-política num
ambiente escolar, isento de bullying, intolerância e de atitudes racistas.
A Lei 11.645/08 fez o Estado um verdadeiro propulsor de transformações
sociais, possibilitando, assim, um novo olhar para a cultura ameríndia em nosso
país, tendo como base os novos conteúdos preconizados pela legislação federal,
que através da Lei 10.639, em março de 2003, já havia alterado a LDB, instituindo a
obrigatoriedade do ensino da História da África e dos africanos no currículo escolar
do ensino fundamental e médio, desta forma, a nova norma novamente altera a
LDB, contribuindo ainda mais, para a formação democrática educacional e crítica do
país no âmbito étnico, ao incluir a saga dos ‘nossos’ ameríndios.

3.4 Caminhos Metodológicos

Para a presente pesquisa utilizou-se a seguinte metodologia:


De uma pesquisa aplicada, conforme bem define Thiollent (2009, p.36)
A pesquisa aplicada concentra-se em torno dos problemas presentes nas
atividades das instituições, organizações, grupos ou atores sociais. Está
empenhada na elaboração de diagnósticos, identificação de problemas e
busca de soluções. Respondem a uma demanda formulada por “clientes,
atores sociais ou instituições”.
20

Optou-se por realizar um estudo qualitativo, cônsono defende Minayo, (2013,


p.18):
O método qualitativo de pesquisa "é como aquele que se ocupa do nível
subjetivo e relacional da realidade social e é tratado por meio da história, do
universo, dos significados, dos motivos, das crenças, dos valores e das
atitudes dos atores sociais".

Desenvolveu-se um estudo descritivo de acordo com as teorias de Triviños


(1987, p.110):
O estudo descritivo pretende descrever “com exatidão” os fatos e
fenômenos de determinada realidade, de modo que o estudo descritivo é
utilizado quando a intenção do pesquisador é conhecer determinada
comunidade, suas características, valores e problemas relacionados à
cultura.

Realizou-se procedimentos técnicos de uma pesquisa bibliográfica, uma vez


que teve-se como base a legislação existente, livros Monografias, Teses e
Dissertações que abordem a temática escolhida, essa opção deve-se ao fato de ser
o tipo de pesquisa muito utilizado no meio acadêmico na área das Ciências
Humanas, em especial na Educação. Neste tipo de estudo o pesquisador se baseia
em pesquisas já existentes para fundamentar seu trabalho e “utiliza-se de dados ou
de categorias já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados”.
Severino (2007, p.122).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chego ao final de mais uma jornada: a graduação em Letras/Inglês, e


simultaneamente ao término da construção de um artigo cientifico, onde foi possível
interagir a teoria com a prática, que há de propiciar um melhor horizonte para os
escolares que poderão ser assistidos por esse futuro professor de Língua Inglesa.
Foi uma jornada exaustiva, para preparar, executar e concluir, inclusive
utilizando ferramentas que não estavam no meu habitué, numa época onde tudo
passou a ser diferente, tendo em vista as medidas de restrição para evitar a
propagação do Covid19.
A presteza e maestria da minha orientadora, há de marcar toda a minha vida
profissional, pois, mesmo longe, estávamos juntos na elucidação de minhas
inquietações e dúvidas, num aprendizado efêmero, porém caudaloso.
21

Foram centenas de horas de pesquisa, leitura e escrita, para desenvolver o


projeto que fez construir esse artigo: O Ensino da Língua Inglesa à luz das políticas
públicas afirmativas étnicos raciais e antirracistas através da Lei 11.648/08.
Não podem ser esquecidos os verdadeiros ‘donos’ dessa Terra Brasilis, antes
do colonizador europeu chegar, pois, ainda hoje somos privilegiados, já que só aqui
ainda existem floresta à fora, tribos isoladas que carecem ser protegidas e
preservadas, é público que a agroindústria com seus parceiros endinheirados está
de prontidão para cercear direitos e verdadeiros tesouros escondidos em terras
ameríndias protegidas; nos três reinos naturais: o mineral, o vegetal e o animal com
a diversidade que só um país continental pode oferecer.
Também discorreram aqui as mais diversas teorias trazidas por
pesquisadores que há anos estudam e tentam não deixar apagar toda uma
ancestralidade afrodescendente que o povo Negro oriundo da diáspora
transatlântica lutou para preservar através, principalmente, da oralidade na
transmissão de conhecimentos de seu sagrado, e que acabou por transbordar em
vários segmentos culturais nacionais, da língua com verbetes que apropriamos, aos
mais diversos passos de várias danças típicas e regionais, permeando com nossa
riquíssima gastronomia, criando uma cultura invejável...
Trouxe através desse estudo a sugestão para o leitor refletir sobre o mundo e
o homem pós-modernos e em especial as professoras e professores de Língua
Inglesa, levando-os a refletirem na possibilidade de estarem inovando em sala de
aula utilizando o lúdico para apresentar os mitos, lendas e itan dos povos ameríndios
e afrodescendentes além, de estarem aplicando a legislação que determinou o
Ensino da História e Cultura Ameríndia, Afrodescendente e Africana, estarão
contribuindo no combate a intolerância, violência e ao racismo contra escolares de
descendência ameríndia e afro-brasileira.
Era certo que não seria possível esgotar o assunto intolerância, violência
escolar e racismo contra ameríndios e afrodescendentes, todavia, buscamos levar o
leitor a tomar conhecimento, sobre o que tem sido produzido na atualização da
legislação e mostrar a possibilidade de nossos pares nas aulas de Língua Inglesa
efetivamente participarem do combate a esta que é a pior mazela humana, o
racismo.
Tínhamos como arcabouço para sustentar nossa hipótese e o Objetivo Geral,
os Objetivos Específicos, que discorridos um a um durante o estudo quiçá poderiam
22

ser comprovados ou refutados, no caso deste estudo, tanto hipótese e Objetivos


Específicos foi possível sua comprovação.
Concluímos sim, que é possível através d’O Ensino da Língua Inglesa à luz
das políticas públicas afirmativas étnicos raciais e antirracistas através da Lei
11.648/08, conter a onda de intolerância, violência e racismo contra os escolares,
principalmente no que tange a diversidade cultural e religiosa dos descendentes de
ameríndios e negros.
Como futuro Professor de Língua Inglesa, e professando a Umbanda -
Religião genuinamente brasileira, tenho em mente ser um ponto de resistência para
que a minha ancestralidade não seja esquecida nem passe pelo branqueamento que
uma elite ariana e racista tenta imputar nesses mais de quinhentos anos da
sociedade brasileira.
Me resta lutar para que Exu o poderoso e imenso Orixá negro que mais se
assemelha aos seres humanos, uma vez, que traz à vontade, o desejo, a
sexualidade, sensualidade e a dúvida, e que esses sentimentos, passe a ser bem-
vindo na escola e afaste a falácia que a Igreja Católica tratou de associá-lo ao mal e
ao Diabo (ao Diabo deles), para trazer o Jesus loirinho dos livros didáticos da Editora
Vozes.
Acredito que foi possível levar o leitor a conhecer um pouco sobre o que seja
a pós-modernidade em uma sala de aula de Língua Estrangeira, como se
comportam e como respondem a suas inquietações os escolares deste tempo que
estamos vivenciando e que possamos prepara-los para o que está por vir.
23

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1
O IBGE apesar de aferirem em separado cada um dos grupos, (Negros 14.517.961 indivíduos e
Pardos 82.277.333 indivíduos), para afirmarem que somos a segunda população NEGRA somaram
os dois grupos, assim ficamos em segundo lugar em população Negra, já que a Nigéria como
primeira colocada possui 148 milhões de habitantes Negros.
2
Etimologicamente existem duas hipóteses para a palavra "Pindorama": viria do tupi pindó-rama ou
pindó-retama, "terra/lugar/região das palmeiras"; viria da junção do tupi pin'dob ("palmeira") com "-
orama" ("espetáculo"), significando, portanto, "espetáculo das palmeiras".
3
Alguns traçam mesmo a etimologia da palavra ao grego necro, que significava morto, outros do latim
nigrum.

4
Nome dado a um tipo de navio de pequeno porte, que fazia o tráfico de escravos da África para o
Brasil na época de sua colonização. eram chamados assim, pois no trajeto, metade dos viajantes
morria, devido as péssimas condições.
5
Termo cunhado pela elite acadêmica da época, dentre os quais antropólogos e sociólogos e que
Gilberto Freyre em Casa Grande & Senzala em 1933 catalisou os fundamentos de um mito construído
historicamente pela classe dominante, contudo aceito, no geral, por camadas das demais classes
sociais e, em particular, por um setor da população negra.
6
Amúisan Termo em Yorubá = aquele que é iniciado no culto de ‘Egungum’ (espíritos ancestrais).

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