Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Volume I
COORDENADORA
GENACÉIA DA SILVA ALBERTON
ORGANIZADORA
CLAUDIA GAY BARBEDO
ISBN 978-85-89676-30-4
MEDIAÇÃO EM MOVIMENTO
VOLUME I
Porto Alegre
TJ-RS
2018
EXPEDIENTE
ISBN (e-book)
CDU 347.925
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
ADMINISTRAÇÃO 2018-2019
APRESENTAÇÃO................................................................................................ 11
Genacéia da Silva Alberton
AS APACS........................................................................................................... 49
Gilmar Bortolotto
16
ANTROPOLOGIA, DIREITO E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: ÉTICA, DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS
17
Kátia Sento Sé Mello
18
ANTROPOLOGIA, DIREITO E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: ÉTICA, DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS
2 – O caso Sileide e André: casal que havia se separado há quase três anos,
após dois anos de convivência conjugal, e foram encaminhados para a
mediação pelo juiz de uma das Varas de Família do Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro.
Questões morais:
▪▪ André endureceu em relação ao que considerava intransigências de Sileide
e que ele, sendo o pai, tinha o direito de ver a filha quando quisesse e que
também podia levá-la para a casa dele.
▪▪ Sileide alegava que a casa onde ele vivia com a recente esposa não era
uma casa apropriada para a filha, que havia os filhos da mulher, que não
recebiam bem a sua filha.
▪▪ Sileide dizia que ele não podia ser um bom pai, que havia abandonado
ela e a filha. Que ela, como boa mãe, sempre esteve junto à filha, vendo-a
crescer, acompanhando na escola, cuidando dela quando doente. Isso era
ser boa mãe. Perguntava: onde ele estava quando eu acordava durante a
noite para dar remédio para baixar a febre dela? Eu é que tenho direitos
sobre ela.
▪▪ André dizia que Sileide era mentirosa e que fazia de tudo para impedir
que ele se aproximasse da filha.
19
Kátia Sento Sé Mello
20
ANTROPOLOGIA, DIREITO E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS: ÉTICA, DIÁLOGOS E PERSPECTIVAS
21
MEDIAÇÃO FAMILIAR NA ATUAL POLÍTICA JUDICIÁRIA
Mediação privada.
Não há qualquer propósito em disponibilizar mediadores voluntários para
atuar em prol de quem tem condições de remunerar o serviço de mediação.
Tal proposição (que mediadores atendam de graça quem pode remunerar
seu trabalho) desvaloriza a mediação e retira o necessário reconhecimento ao
serviço voluntário, esvaziando-o de qualquer sentido.
Evidentemente, a questão da remuneração dos mediadores pelo próprio
Tribunal é complexa e de difícil solução a curto prazo. Todavia, essa constatação só
faz aumentar a necessidade de oportunizar que os mediadores sejam remunerados
pelas partes que tem condições de pagar pelo serviço.2
24
MEDIAÇÃO FAMILIAR NA ATUAL POLÍTICA JUDICIÁRIA
25
Roberto Arriada Lorea
CONCLUSÃO
Pode-se concluir que não obstante o esforço realizado pelo TJRS para
difundir o uso dos métodos autocompositivos, no que concerne à jurisdição de
família, a atual política judiciária não se mostra capaz de atender a nova legislação
– notadamente, os artigos 694 e 695, do NCPC.
É preciso repensar o papel do NUPEMEC-TJRS na política judiciária,
redirecionando sua atuação para o efetivo estímulo aos métodos autocompositivos,
dentro e fora dos espaços do Judiciário.
Examinando-se o conjunto de iniciativas adotadas por outros Tribunais
de Justiça, vislumbram-se diversas possibilidades de aprimoramento. Contudo,
a mudança dependerá da disposição do NUPEMEC-TJRS para estabelecer um
diálogo emancipatório com juízes e mediadores que atuam na jurisdição de
família, reconhecendo-os como sujeitos da política judiciária.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, André Gomma de. Retrospectiva 2014 - Conciliação e mediação têm
perspectivas ainda melhores após excelente ano. Fonte: http://www.conjur.com.
br/2015-jan-04/retrospectiva-2014-conciliacao-mediacao-boas-perspectivas.
Consultado em 12/08/2017.
TJES, Tribunal de Justiça do Espírito Santo. Ato Normativo 267/2015. (Cria Grupo de
Trabalho de Mediação Familiar). Fonte: https://sistemas.tjes.jus.br/ediario/index.
php/component/ediario/333069?view=content. Consultado em 1º/07/2017.
26
MEDIAÇÃO FAMILIAR NA ATUAL POLÍTICA JUDICIÁRIA
27
TÉCNICAS DE COMO LIDAR COM EMOÇÕES NO PROCESSO DE
MEDIAÇÃO
1 – Eduardo Fontoura é advogado formado pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul em 1994 no Curso de Ciência Jurídicas e Sociais e Mestre em Dispute Resolution
pela Pepperdine School of Law, Straus Institute de Malibu, Califórnia. É fundador e principal associado
na Fontoura & Mesquita Advogados Associados desde 1997. Sua principal atividade é relacionada a
Contratos Comerciais, e desenvolvimento de soluções para conflito familiares e empresariais. Trabalha
com a Direito de Família e Consumidores. É um autodidata em mediação muito antes do litígio ser a
principal opção para a solução do conflito.
Eduardo Fontoura Filho
2 – Richard Birke, em Neuroscience and Settlement: An Examination of Scientific Innovations and Practical
Applications, Ohio State Journal on Dispute Resolution, Vol. 25:2, 2010, p. 477 – 530;
3 – Daniel Kahneman, Rápido e Devagar, duas formas de pensar, Ed. Saraiva, 2012;
4 – Randal L. Kaiser, et al, Let’s not make a deal: an empirical study of decision making in unsuccessful
settlement negotiations, Journal of Empirical Legal Studies, vol. 5, Issue 3, 551-591, September 2008;
5 – Leonard Riskin, Managing Inner and Outer Conflict, 18 Harv. Negotiation L. Rev. 1, 2013
6 – Leonard Riskin, Decision Making in Mediation: The New Old Grid and the New New Grid System, 79
Notre dame L. Rev. 1, 2003;
30
TÉCNICAS DE COMO LIDAR COM EMOÇÕES NO PROCESSO DE MEDIAÇÃO
31
Eduardo Fontoura Filho
9 – John J. Ratey, Spark: The Revolutionary New Sciensce of Exercise and the Brain, Little Brown & Co.,
2013;
10 – Roderick Swaab, Face-First: Pre-mediation Caucuses and Face on Employment Disputes;
32
TÉCNICAS DE COMO LIDAR COM EMOÇÕES NO PROCESSO DE MEDIAÇÃO
33
Eduardo Fontoura Filho
12 – Bill Eddy, High Conflict People in Legal Disputes, 2nd. Edition - 2016.
34
TÉCNICAS DE COMO LIDAR COM EMOÇÕES NO PROCESSO DE MEDIAÇÃO
acontece, isso não é por falha na aplicação da ferramenta, mas porque algumas
mentes não tem os mesmos processos de racionalidade – e isso é natural. Para
estes casos, existem outras formas de soluções e não é a mediação que solucionará
o conflito interno destas pessoas.
A mediação não funciona para todos e tudo. A mediação é uma ferramenta e
como toda ferramenta tem situações adequadas para ajudar a solucionar impasses
e isto depende das partes envolvidas. Isso faz lembrar os três P’s da Mediação13:
Problema, Pessoas, e Processo. O mediador pode verificar o problema e analisar
a solução viável como a solução de uma equação. O mediador pode dominar o
processo de mediação e saber como evoluir do princípio ao fim. A incógnita nesta
trinômio são as pessoas que estão envolvidas – o “P” mais importante da equação
conflituosa.
Isto demonstra que o processo de mediação é um processo multidisciplinar
e impõe ao mediador buscar informações nas mais diversas áreas, tais como
neurociência, comportamento humano, psicologia, sociologia, relações intercultu
rais, e mediação, entre outras. E o mediador necessita estar atento e atualizado
nas mais diversas áreas que envolvem conflitos e soluções destes. Assim poderá
atualizar a caixa de ferramentas das técnicas para lidar com emoções durante o
processo de mediação – uma atualização que é um processo sem fim.
13 – Eemeli Isoaho & Suvi Tuuli, Lessons learned from Mediation Process, 2013;
35
MEDIAÇÃO VÍTIMA-OFENSOR: OUTRO CAMINHO PARA O
ENFRENTAMENTO DE CONFLITOS DE NATUREZA PENAL
INTRODUÇÃO
Este trabalho objetiva refletir e propor outra forma de tratamento aos
conflitos que desbordam para a esfera penal, haja vista a ineficiência da resposta
criminal pelo viés da justiça retributiva.
Segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça, no ano de 2014,
a população carcerária brasileira estava em torno de 711.463 presos. Nosso país
ocupava a terceira posição mundial de presos, ficando atrás somente dos Estados
Unidos e China.
Havia ainda um déficit de 354 mil vagas no sistema carcerário e, se
considerados os mandados de prisão em aberto, a população carcerária saltaria
para mais de um milhão de pessoas.
Considerando que a população brasileira aumenta 7% a cada ano, hoje
teremos aproximadamente 872.000 presos, com um índice de reincidência em
torno de 70%.
No Rio Grande do Sul a população carcerária está em torno de 37 mil presos.
Segundo dados estatísticos, a grande maioria da população carcerária,
possui entre 18 e 29 anos, portanto, se constitui de indivíduos jovens.
Os crimes pelos quais a maioria dos indivíduos está encarcerada são contra
o patrimônio (46%), Lei de Drogas (28%) e contra a pessoa (13%).
Um dado importante foi o crescimento do número de mulheres encar
ceradas, das quais 64% cumprem pena por delitos relacionados ao tráfico de
entorpecentes.
Diante dessa realidade, possível concluir que não prendemos pouco.
Prendemos mal.
Necessário, portanto, reperspectivar a maneira como tratamos os conflitos
que, de alguma forma, adentram a seara do direito criminal.
2 – ZEHR, Howard. Trocando as Lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. São Paulo: Palas Atena,
2008.p. 24.
38
MEDIAÇÃO VÍTIMA-OFENSOR: OUTRO CAMINHO PARA O ENFRENTAMENTO DE CONFLITOS DE NATUREZA PENAL
3 – ZEHR, Howard. Trocando as Lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. São Paulo: Palas Atena,
2008. p. 79.
39
Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak
crime, nem visa sua recuperação. A vítima precisa lidar com suas perdas e vê-
las ressarcidas. Necessita de respostas e de informações. Precisa saber o que
aconteceu realmente. Por que comigo? Precisa oportunidade para expressar e
validar suas emoções (empoderamento). Tem necessidade de uma experiência
de justiça, sem a qual sua recuperação poderá ser inviável. Também, precisa
saber que providências estão sendo tomadas para corrigir as injustiças e reduzir
as oportunidades de reincidência. Quer ser, ao menos em certos aspectos,
consultada e envolvida no processo. A vítima desatendida poderá ter dificuldade
para recuperar-se ou ter uma recuperação incompleta e, no modelo tradicional
retributivo, não há qualquer participação sua na solução da causa, o que a deixa
totalmente alheia ao resultado e sem confiança na justiça.
O ofensor, de outro lado, sofre as conseqüências punitivas: - prisão ou
penas alternativas. Porém, o processo estimula a focar nos erros cometidos,
desviando a atenção que deveria estar sobre o dano causado à vítima, dando ao
ofensor uma visão limitada e abstrata de sua responsabilidade. As conseqüências
por seus atos são escolhidas por outros – os ofensores não se responsabilizam
por elas e, por isso, acabam acreditando que o que fizeram não é tão grave.
Geralmente, culpam outras pessoas – a sociedade e até a própria vítima. Não
dão atenção aos danos causados, nem têm noção da dimensão de seus atos.
Ficam envolvidos com sua própria situação jurídica. Não olham para o custo
humano dos atos cometidos. “As decisões responsabilizam os ofensores, mas não
os tornam responsáveis”4
A somar, a idéia de que o delito foi cometido contra a sociedade é abstrata,
sem identificação e o processo penal contribui para essa percepção porque quem
move a causa é o Estado, um ente abstrato. O acusado pode mentir sem qualquer
conseqüência jurídica e, de regra, é essa a orientação defensiva predominante,
com o que a decisão judicial é algo que não lhe afeta, porque imposta, não
gerando responsabilidade no cumprimento da sanção, estimulando, desse modo,
a imaturidade.
Não obstante, o ofensor precisa assumir a responsabilidade por seu
comportamento. Ser estimulado a formar uma compreensão o mais completa
possível daquilo que fez. O que suas ações representaram para as outras pessoas
envolvidas e qual foi o seu papel. Ser encorajado a corrigir seus erros, na medida
4 – ZEHR, Howard. Trocando as Lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. São Paulo: Palas Atena,
2008. p. 41.
40
MEDIAÇÃO VÍTIMA-OFENSOR: OUTRO CAMINHO PARA O ENFRENTAMENTO DE CONFLITOS DE NATUREZA PENAL
41
Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak
42
MEDIAÇÃO VÍTIMA-OFENSOR: OUTRO CAMINHO PARA O ENFRENTAMENTO DE CONFLITOS DE NATUREZA PENAL
43
Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak
44
MEDIAÇÃO VÍTIMA-OFENSOR: OUTRO CAMINHO PARA O ENFRENTAMENTO DE CONFLITOS DE NATUREZA PENAL
45
Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak
Algumas considerações
Não se trata de medida para beneficiar infratores, nem de incentivo à
impunidade, muito pelo contrário – é uma ferramenta de RESPONSABILIZAÇÃO
do ofensor que visa também à humanização do processo penal (vítima e
ofensores na sua condição de humanidade com oportunidade de participação e
empoderamento).
É uma política de desencarceramento pela promoção de consensos, evitando
a reiteração delitiva e o ingresso de indivíduos com potencial para mudança de
comportamento frente ao crime nas caóticas e medievais prisões de nosso país.
7 – LUSKIN, Dr. Fred, O Poder do Perdão, Uma receita provada para a saúde e felicidade, Ed. Francis, 2002.
46
MEDIAÇÃO VÍTIMA-OFENSOR: OUTRO CAMINHO PARA O ENFRENTAMENTO DE CONFLITOS DE NATUREZA PENAL
REFERÊNCIAS
ACHTTI, Daniel, Justiça Restaurativa e Abolicionismo Penal, Modelos Contempo
râneos de Justiça Criminal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
CARAM, Maria Helena. Hacia La mediación penal. Buenos Aires: La ley, 2000.
LUSKIN, Fred. O Poder do Perdão. Tradução de Carlos Szlak. São Paulo: Francis,
2002.
ZEHR, Howard. Trocando as Lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. São
Paulo: Palas Atena, 2008.
47
AS APACS
Gilmar Bortolotto1
1 – Procurador de Justiça – atuação na fiscalização de casas prisionais por 17 anos. Voluntário da APAC.
Gilmar Bortolotto
50
AS APACS
51
Gilmar Bortolotto
52
AS APACS
53
A EXPERIÊNCIA DO MÉTODO APAC COMO UMA ALTERNATIVA
VIÁVEL AO SISTEMA PRISIONAL TRADICIONAL
Elizana Prodorutti1
56
A EXPERIÊNCIA DO MÉTODO APAC COMO UMA ALTERNATIVA VIÁVEL AO SISTEMA PRISIONAL TRADICIONAL
57
Elizana Prodorutti
2 – A Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados – FBAC – é uma associação sem fins
lucrativos, dotada de personalidade jurídica própria. A entidade tem sede em Itaúna-MG, tem como
objetivo auxiliar a implantação de unidades de APACs nos Estados da federação, promover cursos de
formação de voluntários na aplicação do método, fiscalização, além da padronização do emprego da
metodologia no Brasil e no exterior.
3 – Disponível em www.fbac.org.br
4 – ZEFERINO, Genilson Ribeiro. Execução Penal – APAC. In: SILVA, Jane Ribeiro (Org). A Execução Penal à
Luz do Método APAC. Belo Horizonte: Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, 2012.
5 – Pesquisa realizada no site do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, www.tjmg.jus.br em 26
de setembro de 2012.
58
A EXPERIÊNCIA DO MÉTODO APAC COMO UMA ALTERNATIVA VIÁVEL AO SISTEMA PRISIONAL TRADICIONAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A APAC surge nesse contexto, como uma alternativa viável ao cumprimento
da pena privativa de liberdade, com um método que visa a verdadeira recuperação
do preso, através do desenvolvimento humano, espiritual com a participação da
comunidade.
Destacam-se alguns benefícios do método como: tratatamento digno
e respeitosoao preso, participação dacomunidade em todo o processo de
recuperação dos recuperandos, garantindo a saúde, a assistência judiciária, o
trabalho prisional, o direito a valorização e o incentido das relações familiares;
consolidando assim, a correta aplicação dos principios Constitucionais como o da
Dignidade da Pessoa Humana, além da correta execução penal.
Sendo assim, o método APAC proporciona uma gestão prisional viável
caracterizada pela recuperação do homem, peloenvolvimento da sociedade civil e
pelo baixo custo para o Estado.
59
O SURGIMENTO DA APAC EM SOLO GAÚCHO
Roque Reckziegel1
62
O SURGIMENTO DA APAC EM SOLO GAÚCHO
63
Roque Reckziegel
64
CÂMARAS PRIVADAS DE MEDIAÇÃO EM PERSPECTIVA
INTRODUÇÃO
Há um crescente e permanente movimento de consolidação e aperfeiçoa
mento dos mecanismos consensuais de solução e prevenção de litígios, não obstante
a judicialização de conflitos e a arraigada cultura da litigânciaainda excessivas.
A sociedade atual é complexa e plural, sendo evidente que não há apenas um
interesse público, mas muitos, dentre os quais se destaca, para o presente tema,
a efetividade do acesso à justiça, de modo a nos fazer pensar a partir da ótica do
Estado de Direito enquanto vetor axiológico de nossa sociedade contemporânea,
ainda ressentida da maturação própria de uma organização social igualitária,
pluralista e justa.
Se é certo, então, que o direito não é esgotado por nenhum catálogo de
regras ou princípios, cada qual com seu próprio domínio sobre uma esfera de
comportamentos, é pela atitude do direito, expressada em cada cidadão e cada
sistema social, que se alcança o que o direito representa para nossa comunidade.
Já nos ensinava Dworkin6 que:
7 – ANTUNES, Paulo de Bessa. Uma nova introdução ao direito. 2.ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1992, p.202.
66
CÂMARAS PRIVADAS DE MEDIAÇÃO EM PERSPECTIVA
67
Andjanete Mess Hashimoto Celso Luiz Rodrigues Érika Gomes Isabel Cristina Oliveira Taiana Lúcia Soares Kuhn
68
CÂMARAS PRIVADAS DE MEDIAÇÃO EM PERSPECTIVA
69
Andjanete Mess Hashimoto Celso Luiz Rodrigues Érika Gomes Isabel Cristina Oliveira Taiana Lúcia Soares Kuhn
PROSPECÇÃO DE CLIENTES
Primeiramente, as Câmaras Privadas foram constituídas com o objetivo de
se cadastrarem junto aos Tribunais, conforme previsto no artigo 12-C da Resolução
125/2010, vale dizer, as Câmaras Privadas de Conciliação e Mediação ou órgãos
semelhantes, bem como seus mediadores e conciliadores, para que possam
realizar sessões de mediação ou conciliação incidentes a processo judicial, devem
ser cadastradas no Tribunal respectivo (art. 167 do Novo Código de Processo Civil)
ou no Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores, ficando sujeitas
aos termos desta Resolução (redação incluída pela Emenda nº 2, de 08.03.16).
Ainda, no artigo 12-D referida resolução estabelece que os Tribunais
determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser
suportadas pelas Câmaras Privadas de Conciliação e Mediação, com o fim
de atender aos processos em que foi deferida a gratuidade da justiça, como
contrapartida de seu credenciamento (art.169, § 2º, do Novo Código de Processo
70
CÂMARAS PRIVADAS DE MEDIAÇÃO EM PERSPECTIVA
71
Andjanete Mess Hashimoto Celso Luiz Rodrigues Érika Gomes Isabel Cristina Oliveira Taiana Lúcia Soares Kuhn
2. Contrato Social
É a certidão de nascimento da empresa. Nesse documento constam
todos os dados básicos da empresa, como: nomes dos sócios, o endereço
da sede, quais os deveres de cada sócio com o empreendimento e qual o
ramo de atuação e especialidades, entre outros. Toda a empresa no Brasil
necessita de um contrato social para poder operar e registrar-se nos órgãos
públicos, além de abrir uma conta bancária.
8 – A CNAE resulta de um trabalho conjunto das três esferas de governo, elaborada sob a coordenação
da Secretaria da Receita Federal e orientação técnica do IBGE, com representantes da União, dos Estados
e dos Municípios, na Subcomissão Técnica da CNAE, que atua em caráter permanente no âmbito da
Comissão Nacional de Classificação - CONCLA.
72
CÂMARAS PRIVADAS DE MEDIAÇÃO EM PERSPECTIVA
73
Andjanete Mess Hashimoto Celso Luiz Rodrigues Érika Gomes Isabel Cristina Oliveira Taiana Lúcia Soares Kuhn
74
CÂMARAS PRIVADAS DE MEDIAÇÃO EM PERSPECTIVA
CONCLUSÃO
É preciso, agora, difundir e fomentar a cultura do diálogo, cooperação
e protagonismo, sendo certo que a mediação caminha a passos firmes para
consolidação, tanto no âmbito público-judicial quanto no âmbito privado.
As mudanças de paradigma fazem parte do cotidiano e marcam
profundamente as relações de convivência das pessoas, diante de tantas
controvérsias e interesses antagônicos. É necessário encontrar novas formas de
solução das demandas, sejam essas judiciais ou não.
O Conselho Nacional de Justiça, ao promulgar a Resolução 125/2010,
projetou um futuro promissor aos envolvidos em contendas e litígios. Vislumbrava,
assim, uma soluçãopautada no consenso e, principalmente, na abertura de novos
espaços de diálogo, que permitissem buscarcaminhos mais dignos e pacíficosnas
relações de convivência entre os envolvidos. E para auxiliar a entender essa nova
dinâmicadas relações, a Desembargadora do TJRS Genacéia da Silva Alberton,
no capítulo II11ao discorrer sobre NUPEMEC e os Desafios na Implantação dos
Métodos Autocompositivos à Luz do Novo Código de Processo Civil, nos sinaliza
com muita maestria:
75
Andjanete Mess Hashimoto Celso Luiz Rodrigues Érika Gomes Isabel Cristina Oliveira Taiana Lúcia Soares Kuhn
76