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Curso Regular de Língua Portuguesa

Prof. Ludimila Lamounier,

AULA 04

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Teoria e questões comentadas
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Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação.

SUMÁRIO PÁGINA
1. Pronomes 03
1.1 Conceito e Classificações 03
1.2 Pronomes Pessoais 04
1.3 Pronomes Demonstrativos 17
1.4 Pronomes Indefinidos 22
1.5 Pronomes Possessivos 29
1.6 Pronomes Relativos 31
1.7 Pronomes Interrogativos 40
2. Colocação Pronominal 41
2.1 Conceitos e Aspectos Gerais 41
2.2 Regras 43
Questões Propostas 57
Gabarito 69
Questões Comentadas 69

Olá, concurseiro fiscal!


Preparado para a nossa Aula 04 do Curso Regular de Língua
Portuguesa? Estudar para concurso nem sempre é fácil e sabemos
como a prova de Português pode fazer a diferença na hora da
aprovação. Assim, precisamos adiantar ao máximo a nossa
preparação, por meio da fixação da teoria e do treino do assunto com
a resolução de exercícios.
Vamos lá?

DICA DA VEZ – SEM TEMPO PARA ESTUDAR


Neste “Dica da Vez”, falaremos sobre uma queixa recorrente de muitos
concurseiros: a falta de tempo para estudar.
São poucos os candidatos que conseguem parar a vida e dedicar-se
exclusivamente aos estudos. A maioria tem que dividir o tempo da
preparação para concurso com o trabalho ou outros afazeres. Por conta
dessa jornada atribulada, é comum surgir a sensação de que nunca haverá
tempo suficiente para um estudo adequado e profundo, capaz de abarcar
todos os assuntos listados nos editais.
A primeira dica que eu dou para essas pessoas é ter foco! Ou seja,

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escolher um nicho de concursos que possuam matérias semelhantes (por
exemplo, concurso na área fiscal, concurso para tribunais, concurso para a
área bancária, entre outros). Essa escolha é fundamental para direcionar e
otimizar seu estudo e pode colocá-lo na frente de seus concorrentes.
Outro ponto bastante importante é não esperar a hora certa para estudar!
Aguardar aquele momento perfeito, no qual você terá muitas horas
tranquilas de estudo, pode ser um erro grave, sobretudo para quem já tem
o tempo apertado. A vida, hoje em dia, é acelerada para quase todo
mundo – somos acessados e demandados a todo instante –, por isso, é
importante que você aproveite cada minuto livre para estudar!
Assim, não espere aquele momento idealizado para começar o estudo. Se
surgir meia horinha de folga, entre o almoço e o trabalho, por exemplo,
não hesite: procure um lugar calmo, respire, busque concentração e
avance na preparação! Ainda que esse tempo curto não seja suficiente
para aprender um novo assunto, você poderá revisar um tópico já
estudado, ou mesmo realizar alguns exercícios. O importante, aqui, é não
perder tempo!
Claro que você não abrirá mão dos momentos de lazer ou descanso, que
também são importantes para um estudo saudável. No entanto, não deixe
de estudar apenas porque o tempo é curto e porque seu estudo será
interrompido logo mais. Após um período de adaptação, você logo estará
preparado para converter cada minuto livre em conhecimento!

A aula de hoje é bem importante e você deve estudá-la com muita


atenção. Esta aula trata de: Pronomes: emprego, formas de
tratamento e colocação.
Na aula passada, você aprendeu as funções das dez classes de
palavras. Nesta aula, iremos aprofundar os conhecimentos
relacionados aos pronomes, porquanto seja assunto bastante cobrado
nos certames.
No primeiro momento, trarei as Classificações Pronominais, com
muitos exemplos, para que você seja capaz de identificar cada tipo de
pronome em uma oração.
Na segunda parte da aula, falarei de Colocação Pronominal,
possivelmente o assunto mais importante da aula de hoje.
Nessa etapa, é importante que você se dedique a compreender as
regras e a memorizá-las.
Para tanto, é fundamental resolver as questões ao longo e ao final da
aula, bem como, após a tentativa, ler os comentários feitos por mim.
Dito isso, é hora de começarmos! Respire fundo, e vamos lá!

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Pronomes

1.1 Conceito e Classificações

Vimos, na última aula, que pronome é a classe de palavra


variável que substitui ou acompanha o substantivo.
Da definição genérica acima, podemos classificar os pronomes em:
- Pronome substantivo: é a palavra que substitui o substantivo.
- Pronome adjetivo: é a palavra que acompanha o substantivo
para lhe atribuir informações acessórias.
A primeira dúvida que pode surgir dessa definição é a seguinte: se,
como vimos na última aula, os adjetivos, numerais e artigos também
acompanham o substantivo, o que diferencia o pronome adjetivo
dessas outras classes morfológicas?
Para responder a essa pergunta, é importante entender que o
pronome (seja ele adjetivo ou substantivo) irá sempre situar o
substantivo em uma pessoa do discurso:
a) a pessoa que fala: 1ª pessoa (eu e nós);
b) a pessoa com quem se fala: 2ª pessoa (tu e vós);
c) a pessoa (ou coisa) de quem se fala: 3ª pessoa (ele e eles).

Essa é, portanto, a função do pronome – representar ou


acompanhar o substantivo - seja para situá-lo no espaço e no
tempo ou para indicar uma das três pessoas do discurso.
Assim, enquanto o adjetivo atribui características ao substantivo
(“belo”, “salgado”, “azul”), o pronome adiciona, ao substantivo,
informações que o situam em relação à pessoa do discurso.
Com base no que aprendemos até agora, vamos ver alguns exemplos
de pronomes, destacados e classificados nas frases abaixo:

Eles adoraram minha explicação sobre este assunto.


pronome substantivo pronome adjetivo substantivo pronome adjetivo substantivo

Na frase acima, vemos que o pronome “ELES”, ao substituir o


substantivo, funciona na frase como sujeito. O pronome “MINHA”,
por sua vez, acompanha o substantivo ao indicar de quem seria a
“explicação”. Por fim, o pronome “ESTE” refere-se ao substantivo

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“assunto”, de modo demonstrativo, ao indicar a sua posição em
relação ao sujeito.
A classificação acima (pronome substantivo e pronome adjetivo) será
retomada ao longo da aula. Mas, há outra classificação para os
pronomes, mais importante, que leva em conta a função específica
que eles exercem na frase.

São seis as classes pronominais, listadas a seguir:


- pronomes pessoais
- pronomes demonstrativos
- pronomes indefinidos
- pronomes possessivos
- pronomes relativos
- pronomes interrogativos

Já tivemos, na aula anterior, uma noção geral sobre cada uma dessas
classes de pronomes. Na aula de hoje, iremos aprofundar o assunto e
trazer exemplos e questões que ajudarão você a se preparar para a
cobrança nos certames.

1.2 Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais são aqueles que indicam diretamente as


pessoas do discurso, designadas anteriormente. Assim, os
pronomes pessoais representam diretamente o falante (1ª pessoa do
singular e do plural), o ouvinte (1ª pessoa do singular e do plural) ou
aquele/aquilo de que se fala (3ª pessoa do singular e do plural).
Os pronomes pessoais classificam-se em retos, oblíquos e de
tratamento. A seguir, confira o quadro-resumo com as duas
primeiras espécies de pronomes pessoais. Os pronomes de
tratamento serão vistos separadamente.

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PRONOMES PESSOAIS
OBLÍQUOS
RETOS
Átonos Tônicos
EU ME MIM, COMIGO
TU TE TI, CONTIGO
ELE O, A, LHE, SE SI, CONSIGO, ELE, ELA
NÓS NOS CONOSCO, NÓS
VÓS VOS CONVOSCO, VÓS
ELES OS, AS, LHES, SE SI, CONSIGO, ELES, ELAS

 PRONOMES PESSOAIS RETOS

Os pronomes pessoais retos (ou pronomes pessoais do caso reto)


são aqueles que atuam em substituição ao substantivo, com
função sintática de sujeito.
Outras vezes, embora menos frequentemente, eles funcionam,
ainda, como predicativo.

ATENÇÃO! Ao longo desta aula, alguns conhecimentos de sintaxe


serão necessários, como os de “sujeito”, “predicado” e “objeto”, por
exemplo. Fique tranquilo, será possível compreender a aula mesmo
que você não domine completamente o assunto. Após a Aula 07, na
qual o assunto de sintaxe será abordado de maneira profunda, caso
reste alguma dúvida, não hesite em retornar a esta aula. O processo
de conhecimento é assim mesmo, os assuntos estão em permanente
diálogo e muito raramente são apresentados isoladamente.

De volta ao assunto, observe as funções sintáticas dos pronomes


retos nos exemplos a seguir:

João saiu cedo. / Ele saiu cedo. (sujeito)


João e eu iremos à festa. / Nós iremos à festa. (sujeito)
A melhor jogadora é Marta. / A melhor jogadora é ela. (predicativo)
O responsável pelas compras sou eu. (predicativo)

Perceba, nos exemplos acima, que os pronomes retos não são


regidos por preposição, pois sujeitos não são regidos por
preposição.

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Agora, veja os exemplos abaixo, em que os pronomes retos aparecem
depois de preposição. Será que estamos diante de exceções à regra
que impede o uso de preposição antes de pronomes retos?

Onde está o casaco para eu usar?


Maria pediu para tu chegares cedo.

NÃO! Não se trata de exceções! Pronomes retos NÃO são


regidos por preposição.
Nos casos acima, a preposição “para” não está regendo o
pronome, mas sim iniciando uma oração subordinada. Observe
que, nas frases apresentadas, os pronomes “EU” e “TU” (ainda que
estejam localizados depois da preposição) estão funcionando como
sujeito, e não como complemento verbal ou nominal.
Por esse motivo, está correto o uso dos pronomes retos “EU” e
“TU” nos exemplos. Nunca use os pronomes oblíquos “mim” e
“ti” nesses casos, ou seja, nunca diga “Onde está o casaco para
mim usar” ou “Maria pediu para ti chegares cedo”, pois pronomes
oblíquos não exercem função de sujeito.

Agora, observe a frase a seguir, também correta gramaticalmente.

É fácil para mim realizar questões de morfologia.

Temos, aqui, um caso completamente diferente dos analisados


anteriormente.
Em primeiro lugar, a preposição “para” está sim regendo o
pronome oblíquo “mim”, e não iniciando oração subordinada.
Em segundo lugar, o pronome “mim” não exerce função de
sujeito do verbo “realizar” (embora esteja posicionado antes
desse infinitivo), mas sim função de complemento do trecho “É
fácil”.
Uma vez que não se trata de sujeito, mas sim de complemento,
e uma vez que esse complemento está regido por preposição,
deve-se sempre empregar o pronome oblíquo tônico (no
exemplo, o pronome oblíquo tônico “mim”, e não o pronome reto
“eu”).
Vamos reescrever a frase de outras formas, a fim de deixar claro que
o pronome não está exercendo função de sujeito:

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Para mim, é fácil realizar questões de morfologia.


É fácil, para mim, realizar questões de morfologia.

Para que você não se confunda, mais uma vez, digo: pronomes
retos funcionam como sujeito (ou predicativo) e NÃO são
regidos por preposição. Algumas vezes, a preposição é
colocada antes do pronome reto para iniciar orações
subordinadas, e não em função de sua regência.

Pode causar dúvida, no entanto, o fato de as formas “ELE”, “ELA”,


“ELES”, “ELAS”, “NÓS” e “VÓS” terem função tanto de
pronomes pessoais retos quanto de pronomes pessoais
oblíquos (observe, no quadro resumo do início da aula, que eles
figuram tanto na coluna de pronomes retos quanto na coluna de
pronomes oblíquos tônicos).
Mas não há dúvidas na hora de identificar a classe pronominal desses
vocábulos dentro do período: serão pronomes retos se não
estiverem regidos por preposição, e serão pronomes oblíquos
se estiverem regidos por preposição. Confira:

Exemplos:
Disseram a eles que não haverá festa. (“eles” é pronome oblíquo)
João deu muita força para nós. (“nós” é pronome oblíquo)

Uma vez que já começamos a falar dos pronomes oblíquos, vamos


aprender mais sobre eles?

 PRONOMES PESSOAIS OBLÍQUOS

Os pronomes pessoais oblíquos são aqueles que atuam em


substituição ao substantivo, com função sintática de
complemento verbal (objeto direto ou indireto) ou de
complemento nominal.

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Exemplos:
Ofereceram um presente para João. / Ofereceram um presente para
ele.
Pedro não nos fez favores.
Espero que todos estejam satisfeitos conosco.
Maria perguntou-me sobre você.

Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos.

 Pronomes oblíquos átonos:


A primeira coisa que precisamos saber é que os pronomes oblíquos
átonos NÃO são regidos por preposição. Isso será bastante útil
para distingui-los dos pronomes oblíquos tônicos.

Como vimos acima, os pronomes oblíquos (átonos e tônicos)


funcionam, sintaticamente, como complemento verbal ou nominal. Os
oblíquos átonos substituem o substantivo sem o auxílio de
preposição, o que, em tese, dificultaria identificar se atuam como
objeto direto ou objeto indireto.
No entanto, veremos que, para cada pronome oblíquo átono, é
atribuída a função específica ou de objeto direto, ou de objeto
indireto. Observe, a seguir, quais pronomes oblíquos átonos
funcionam como objeto direto1 e quais funcionam como objeto
indireto:

- “O”, “A”, “OS” e “AS”: funcionam apenas como objeto direto.

Ex: Maria viu um livro e comprou-o.


“Maria viu um livro e comprou o livro.”

- “LHE” e “LHES”: funcionam apenas como objeto indireto.

Ex: Ofereceram-lhe um presente.


“Ofereceram a ele um presente.” (preposição “a”)

1
O objeto direto completa o verbo sem o uso de preposição, enquanto o objeto
indireto completa o verbo com o uso de preposição.

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- “ME”, “TE”, “SE”, “NOS” e “VOS”: funcionam tanto como
objeto direto quanto como objeto indireto.

Ex: Ninguém nos contou a verdade. (objeto indireto, pois equivale a


dizer “Ninguém contou a verdade para nós”, com uso de preposição)
Ex: Todos te abandonaram. (objeto direto, pois quem abandona,
abandona algo, sem uso de preposição)

Sobre o emprego dos pronomes pessoais oblíquos átonos, veja


a questão abaixo:

(FCC) Analista Ministerial – MPE – PE/2012


(Adaptada)
Ao se substituir um elemento de determinado segmento,
o pronome foi empregado de modo INCORRETO em:

a) e mantém seu ser = e lhe mantém


b) é dedicado [...] a uma mulher = lhe é dedicado
c) reviver acontecimentos passados = revivê-los
d) para criar uma civilização comum = para criá-la
e) que provê o fundamento = que o provê

Comentários
Esta questão testa seus conhecimentos acerca da função
sintática dos pronomes oblíquos átonos. Vimos, acima, que os
pronomes “O”, “A”, “OS” e “AS” funcionam apenas como
objeto direto; que os pronomes “LHE” e “LHES” funcionam
apenas como objeto indireto; e que os pronomes “ME”,
“TE”, “SE”, “NOS” e “VOS” funcionam tanto como objeto
direto quanto como objeto indireto.
Assim, vamos analisar cada alternativa acima, a fim de
encontrar aquela em que o pronome oblíquo átono foi
empregado de forma INCORRETA.
Alternativa A – No trecho, vemos que o termo “seu ser”
completa o verbo “mantém” sem o uso da preposição (quem
mantém, mantém algo). Assim, “seu ser” funciona como
objeto direto, e o pronome que o substitui também deve sê-
lo. Sabemos que o pronome oblíquo átono “LHE” só
funciona como objeto indireto, razão pela qual esta é a
alternativa incorreta.
Alternativa B – Nesta alternativa, ao contrário da anterior, o
pronome “LHE” foi empregado corretamente, pois
substitui o termo preposicionado “a uma mulher”, objeto
indireto.
Alternativa C – O pronome oblíquo átono “OS” está
empregado adequadamente, com função de objeto direto,
uma vez que o termo substituído (“acontecimentos passados”)

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complementa o verbo “reviver” sem o uso de preposição.
Observe que foi acrescida a letra “L” ao pronome (“LO”), por
estar ligado a verbo terminado em “R”, conforme veremos mais
a frente.
Alternativa D – Também aqui houve o correto emprego do
pronome oblíquo átono “A”, o qual sempre possui função
sintática de objeto direto. Note que o termo substituído
(“uma civilização comum”) completa o verbo “criar” sem
intermédio de preposição. A forma “LA” justifica-se pelo mesmo
motivo acima mencionado (forma verbal terminada em “R”).
Alternativa E – O termo “o fundamento” exerce função de
objeto direto, pois completa o sentido do verbo “provê” sem
auxílio de preposição. Para substituí-lo, o emprego do
pronome oblíquo átono “O” está perfeito, uma vez que
ele exerce função sintática de objeto direto.
GABARITO: A

OBSERVAÇÃO 1: Os vocábulos “ME”, “TE”, “LHE(s)”, “NOS”,


“VOS”, que exercem função típica de pronomes oblíquos átonos,
também podem atuar como pronomes possessivos (que serão vistos
adiante).

Exemplos:
O café manchou-me a camisa. (O café manchou a minha camisa)
Roubaram-lhe a joia. (Roubaram a sua joia)

OBSERVAÇÃO 2:
Os pronomes oblíquos átonos “O”, “A”, “OS”, “AS”, se ligados por
hífen a verbos terminados em “R”, “S” e “Z”, assumem as formas
“LO”, “LA”, “LOS”, “LAS”.

Exemplos:
É preciso estudar o assunto. / É preciso estudá-lo.
Fazer o dever será difícil. / Fazê-lo será difícil.
Fiz os aperitivos rapidamente. / Fi-los rapidamente.
Queremos as nossas roupas. / Queremo-las.

Se ligados por hífen a verbos terminados em “AM”, “EM”, “ÃO”,


“ÕE”, esses mesmos oblíquos assumem as formas “NO”, “NA”,
“NOS”, “NAS”.

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Exemplos:
João e José repartiram a herança. / João e José repartiram-na.
Maria põe o livro sempre na mesa. / Maria põe-no sempre na mesa.
Querem as nossas roupas. / Querem-nas.

Para testar seus conhecimentos acerca das observações feitas


acima, resolva a questão abaixo, retirada de certame aplicado
neste ano.

(FCC) Técnico Judiciário – TRF – 3ª Região/2014


(Adaptada)
As sereias então devoravam impiedosamente os tripulantes....
ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabeça... ... e
fez de tudo para convencer os tripulantes...
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
grifados acima foram corretamente substituídos por um
pronome, na ordem dada, em:

a) devoravam-lhe - impedi-las - convencer-lhes


b) devoravam-no - impedi-las - convencer-lhes
c) devoravam-nos - impedir-lhe - convencê-los
d) devoravam-lhes - impedi-la - convencê-los
e) devoravam-nos - impedi-la - convencê-los

Comentários
Esta questão testa seus conhecimentos acerca da função
sintática dos pronomes oblíquos átonos, bem como acerca do
emprego das formas pronominais variadas “LO(s)”, “LA(s)”,
“NO(s)”, “NA(s)”.
Os pronomes oblíquos átonos “O”, “A”, “OS”, “AS”, se
ligados por hífen a verbos terminados em “R”, “S” e “Z”,
assumem as formas “LO”, “LA”, “LOS”, “LAS”; se ligados
por hífen a verbos terminados em “AM”, “EM”, “ÃO”,
“ÕE”, esses mesmos oblíquos assumem as formas “NO”,
“NA”, “NOS”, “NAS”.

No primeiro trecho (“devoraram impiedosamente os


tripulantes”), o termo “os tripulantes” completa o verbo
“devoraram” sem intermédio de preposição; é, portanto,
objeto direto. Como vimos anteriormente, o pronome
oblíquo átono que substitui termos com função de objeto
direto é o “O” e variações. No caso específico, a variação
pronominal que concorda com o termo substituído “os
tripulantes” (masculino e plural) será “OS”. Além disso,
vimos que esse pronome, ao ligar-se com verbo terminado
em “M”, assume a forma “NOS”. Assim, correto seria dizer
“devoraram-nos”.

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No segundo trecho (“conseguiu impedir a tripulação”), o
termo “a tripulação” completa o verbo “impedir” sem o
intermédio de preposição; temos, novamente, objeto direto.
No caso específico, a variação pronominal que concorda com o
termo substituído “a tripulação” (feminino e singular) será
“A”, que assume a forma “LA” ao ligar-se com verbo
terminado em “R”. Assim, correto seria dizer “impedi-la”.
Por fim, no trecho (“convencer os tripulantes”), o termo “os
tripulantes” aparece outra vez como objeto direto do verbo
“convencer”, terminado em “R”, motivo pelo qual o termo “os
tripulantes” (masculino e plural) será substituído pela forma
“LOS”. Assim, correto seria dizer “convencê-los”.
Desse modo, conforme visto, as corretas substituições seriam:
“devoraram-nos”, “impedi-la” e “convencê-los”. LETRA
E.
GABARITO: E

 Pronomes oblíquos tônicos:


Os pronomes oblíquos tônicos vêm sempre precedidos de
preposição.
As exceções são “COMIGO”, “CONTIGO”, “CONSIGO”,
“CONOSCO”, “CONVOSCO”, que já possuem, em si mesmos, a
preposição “COM”.
Observe os exemplos de pronomes oblíquos tônicos a seguir:

Exemplos:
Eles trouxeram presentes para ti.
Eu pedi que não fossem sem mim.
Ela quer falar conosco amanhã. (preposição “com” embutida)

OBSERVAÇÃO: Já aprendemos que os pronomes “ELE”, “ELA”,


“NÓS”, “VÓS”, “ELES”, “ELAS”, embora sejam tipicamente
pessoais do caso reto, podem funcionar como pronomes
oblíquos. Nesse caso, eles virão regidos por preposição.

EXCEÇÃO: Os pronomes acima (“ELE”, “ELA”, “NÓS”, “VÓS”,


“ELES”, “ELAS”) podem funcionar como OBJETO DIRETO (sem a
preposição) somente se vierem precedidos dos termos
“TODOS”, “SÓ”, “APENAS”, ou se vierem seguidos de numeral.

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Exemplos:
João encontrou-os na festa.
João encontrou todos eles na festa.
João encontrou apenas eles na festa.
João encontrou só eles na festa.
João encontrou eles dois na festa.

Assim, note que é incorreto dizer “eu vi ele ontem”, uma vez que o
pronome “ELE” não exerce função de objeto direto sem o auxílio das
palavras acima. Nesses casos, usaremos um pronome oblíquo que não
exija o emprego da preposição (um pronome oblíquo átono). O
correto é dizer, portanto, “eu o vi ontem”.

Os pronomes “ELE”, “ELA”, “ELES”, “ELAS” também serão


considerados oblíquos se estiverem contraídos com as preposições
“DE” ou “EM” (“DELE”, “DELA”, “DELES”, “DELAS”, “NELE”, “NELAS”,
“NELES”, “NELAS”).

Exemplos:
Necessitamos deles. (pronome oblíquo)
Acreditamos nelas. (pronome oblíquo)

ATENÇÃO: A contração acima mencionada NÃO acontecerá se


esses pronomes estiverem na função de sujeito (casos em que
serão pronomes retos). Aqui, teremos novo caso em que a
preposição (“DE”) não estará regendo o pronome reto, mas sim
iniciando oração subordinada.

Já é o momento de eles tomarem coragem. (Jamais diga “Já é o


momento deles tomarem coragem”.)

Após todas essas explicações, observe que os pronomes “EU” e “TU”


são sempre pronomes retos, portanto, com função sintática de
sujeito, motivo pelo qual não podem ser regidos por preposição.
Dessa maneira, depois de preposição, devem ser empregadas as
formas oblíquas tônicas, e não os pronomes retos acima
mencionados.

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Exemplos:
Há certo desacordo entre mim e ti. (É errado dizer “entre eu e tu”.)
Ele trouxe flores para ti. (É errado dizer “Ele trouxe flores para tu.”)

 Outros casos:
Antes de encerrarmos o assunto sobre pronomes pessoais, vale trazer
uma classificação adotada por certos gramáticos que pode ser
cobrada por algumas bancas de concursos.
Os pronomes oblíquos podem ter um caráter reflexivo. Nesse
caso, o pronome indicará que o sujeito será agente e também
paciente da ação praticada por ele próprio. Essa voz reflexiva será
melhor explorada na Aula 05, ao tratarmos de vozes verbais, contudo
é importante fazermos uma breve introdução ao tema. O pronome
oblíquo reflexivo concorda com a pessoa que ele acompanha, para
conferir uma ideia de a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, a
nós mesmos, a vós mesmos, a si mesmos.
Observação: a construção reflexiva do pronome “se” será estudada de
modo aprofundado na Aula 09, ao tratarmos de particularidades
léxicas e gramaticais.

Exemplos:
Eu me machuquei. (Eu machuquei a mim mesmo.)
O rapaz atirou-se do prédio. (O rapaz atirou a si mesmo.)

Os pronomes oblíquos podem também apresentar um caráter


recíproco. Aqui, a ação verbal tem caráter mútuo, ou seja, a ação é
realizada e sofrida por mais de uma pessoa. A representação é dada
pelos pronomes oblíquos átonos (nos, vos, se) com significado de
reciprocamente, mutuamente, um ao outro.

Exemplos:
Eles se beijaram.
Ambos enganaram-se.

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Dessa maneira, encerramos o estudo dos pronomes pessoais do caso
reto e dos pronomes pessoais oblíquos. Mais tarde, ao falarmos de
Colocação Pronominal, retomaremos o assunto. Por isso, é
necessário que você tenha entendido tudo o que foi dito. Para fixar o
que aprendemos, leia atentamente o resumo abaixo.

RESUMO

Os pronomes retos exercem função sintática de sujeito ou


predicativo. Os pronomes oblíquos exercem função sintática
de complemento verbal (objeto direto, objeto indireto) e
complemento nominal.

Os pronomes retos e os pronomes oblíquos átonos não são


regidos por preposição. Apenas os pronomes oblíquos tônicos
são regidos por preposição.
Exemplos:
Eles (reto) trouxeram presentes para ti (oblíquo tônico).
Não lhe (pronome oblíquo átono) fizeram mal algum.
Eu pedi que não fossem sem mim (pronome oblíquo átono).

Os pronomes “ELE”, “ELA”, “NÓS”, “VÓS”, “ELES”, “ELAS”,


embora sejam tipicamente pessoais do caso reto, também podem
funcionar como pronomes oblíquos. Nesse caso, eles virão
regidos por preposição.
Exceção: esses pronomes funcionarão como objeto direto (sem a
regência de preposição) apenas se precedidos dos termos
“TODOS”, “SÓ”, “APENAS”, ou se vierem seguidos de numeral.

A frase “para eu fazer” é a forma correta gramaticalmente,


pois a preposição NÃO está regendo o pronome reto “EU”, mas
sim iniciando uma oração subordinada. Nesses casos, o pronome
“eu” funciona como sujeito (ainda que esteja localizado depois da
preposição).

 PRONOMES DE TRATAMENTO:

Os pronomes de tratamento são aqueles pronomes pessoais


usados em reverência a autoridades ou em contextos
comunicativos cuja formalidade os exige.

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Abaixo, temos um quadro-resumo com os principais pronomes de
tratamento, bem como seus respectivos usos.

Pronome de tratamento Abreviatura Emprego


você, vocês v. tratamento informal
senhor, senhora Sr. Sr.a tratamento respeitoso
Vossa Alteza V. A. príncipes e duques
Vossa Eminência V. Em.a cardeais
Vossa Excelência V. Ex.a altas autoridades
(presidentes, juízes,
deputados, senadores,
governadores etc.)
Vossa Magnificência V. Mag.a reitores
Vossa Majestade V.M. reis e rainhas
Vossa Reverendíssima V.Rev.ma sacerdotes em geral
Vossa Santidade V.S. papa
Vossa Senhoria V.S.a pessoas que exercem
cargos importantes

ATENÇÃO! É muito comum nas provas de concurso que esse assunto


seja cobrado em conjunto com as regras de correspondência oficial.
Assim, pode ficar tranquilo, pois na Aula 09, ao tratarmos de Redação
Oficial, retornaremos a esse ponto de maneira mais aprofundada.

Sobre os pronomes de tratamento, cabe fazer algumas considerações:

OBSERVAÇÃO 1: Os pronomes de tratamento referem-se à 2ª


pessoa do discurso, ou seja, são utilizados se estiver falando com
a pessoa reverenciada. Apesar disso, exigem a concordância
do verbo e dos demais elementos complementares na 3ª
pessoa.

Exemplos:
Vossa Excelência poderia, por obséquio, apreciar o recurso?
Vossas Majestades fizeram excelentes discursos, parabéns!

OBSERVAÇÃO 2: Emprega-se “SUA”, no lugar de “VOSSA”, se


fizer referência à pessoa, ou seja, ao se falar da pessoa, e não
com a pessoa.

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Ex: Avise-me quando Sua Excelência chegar.

OBSERVAÇÃO 3: Os termos acima, se desprovidos dos elementos


“VOSSA” ou “SUA”, deixam de ser considerados pronomes de
tratamento.

Vamos ver uma questão sobre o assunto, muito comum nas


provas do CESPE.

Questão – (CESPE) Todos os cargos – FUNASA/2013


(Adaptada)
Com base nos seus conhecimentos, julgue o item abaixo.
O tratamento usado em comunicações dirigidas a reitor de
universidade é: Vossa excelência reverendíssima.

Comentários
A questão está ERRADA, pois, como aprendemos agora, o
pronome de tratamento em referência a reitores de
universidade é Vossa Magnificência.
GABARITO: ERRADO

1.3 Pronomes Demonstrativos

Os pronomes demonstrativos são assim designados por


indicarem a posição dos seres em relação às pessoas do
discurso, ou seja, ao situarem as pessoas ou coisas no tempo
ou no espaço.
Eles podem apresentar formas variáveis ou invariáveis, conforme
informa o quadro a seguir.

Pronomes demonstrativos
Variáveis
Invariáveis
Masculinos Femininos
1ª pessoa este, estes esta, estas isto
2ª pessoa esse, esses essa, essas isso
3ª pessoa aquele, aqueles aquela, aquelas aquilo

Esses são os pronomes demonstrativos por excelência. No entanto,


algumas palavras especiais podem exercer função de pronome

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demonstrativo em situações específicas. São estas: MESMO(S),
MESMA(S), PRÓPRIO(S), PRÓPRIA(S), TAL, TAIS,
SEMELHANTE(S).

ATENÇÃO! Esses vocábulos precisam estar acompanhados de


substantivos ou pronomes para exercerem a função de pronomes
demonstrativos.

A maioria das dúvidas, no emprego dos pronomes demonstrativos, diz


respeito a qual demonstrativo específico utilizar para localizar um
referente (termo ao qual o pronome faz referência). Assim, haverá
pronomes demonstrativos específicos para cada caso de
localização do referente no espaço, no tempo e no texto. Vamos
ver a seguir.

EMPREGO DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS

 Com relação à localização do referente NO ESPAÇO:

- Quando o referente encontra-se próximo à pessoa que fala,


empregam-se “ESTE(s)”, “ESTA(s)” e “ISTO”.
Ex: Esta caneta aqui está com defeito.
- Quando o referente encontra-se próximo à pessoa com quem
se fala, empregam-se “ESSE(s)”, “ESSA(s)” e “ISSO”.
Ex: Empreste-me essa caneta que está aí.
- Quando o referente encontra-se distante de quem fala e de
com quem se fala, empregam-se “AQUELE(s)”, “AQUELA(s)” e
“AQUILO”.
Ex: Aquela caneta lá está funcionando?

 Com relação à localização do referente NO TEMPO:


- Quando se faz referência a um tempo presente, empregam-se
“ESTE(s)”, “ESTA(s)” e “ISTO”.
Ex: Este ano está passando rápido.
Observação: algumas bancas de concurso admitem o uso desses
pronomes para fazer referência a um futuro MUITO próximo.
Ex: Esta noite jantarei em casa.

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- Quando se faz referência a um tempo passado ou futuro,
empregam-se “ESSE(s)”, “ESSA(s)” e “ISSO”.
Ex: O ano passado foi bastante triste. Foi nesse ano que meu avô
morreu.
Ex: Em 2015, ficarei mais tranquila, pois é nesse ano que me
aposento.

- Quando se faz referência a um passado longínquo, empregam-


se “AQUELE(s)”, “AQUELA(s)” e “AQUILO”.
Ex: Em 1950, houve grande tristeza no Brasil. Foi naquele ano que o
país perdeu a Copa do Mundo em casa.

 Com relação à localização do referente NO TEXTO:


- Para retomar uma informação já mencionada, empregam-se
“ESSE(s)”, “ESSA(s)” e “ISSO”. Conforme vimos na Aula 01, o
pronome demonstrativo, nesse caso, funciona como elemento de
coesão referencial anafórica.
Ex: A aula de hoje trata dos pronomes. Essa classe gramatical causa
muitas dúvidas.
- Para anunciar uma informação que ainda será mencionada,
empregam-se “ESTE(s)”, “ESTA(s)” e “ISTO”. Conforme vimos na
Aula 01, o pronome demonstrativo, nesse caso, funciona como
elemento de coesão referencial catafórica.
Ex: Este é o tema da aula de hoje: pronomes.
- Para retomar, dentro de um período, o termo mais próximo,
empregam-se “ESTE(s)”, “ESTA(s)” e “ISTO”. Para retomar,
dentro de um período, o termo mais distante, empregam-se
“AQUELE(s)”, “AQUELA(s)” e “AQUILO”.
Ex: Brasil e Argentina estreiam hoje na Copa do Mundo. Esta jogará
contra a Bósnia, enquanto aquela enfrentará a Croácia.

Vamos ver uma questão sobre o assunto, muito comum nas


provas de concurso.

Questão – (ESAF) Assistente de Chancelaria – MRE/2004


(Adaptada)
Na virada do século XX ao XXI os Estados vão deixando de ser
nacionais e plurinacionais e tornandose, os que para isso
dispõem de poder econômico e científico-tecnológico portanto
militar e político, Estados transnacionais: seu poder econômico
lhes é dado por suas empresas também transnacionais, no

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sentido, antes definido, de sediadas num Estado-nação e dele
projetadas em outros. Empresa transnacional e Estado
transnacional acompanham-se, braços da mesma cultura-
civilização que os gerou e mantém, cultura significando o que
são os seus homens, e civilização o que fazem, aquela
enquanto seiva desta.
(Vamireh Chacon, "A divisão do mundo pelos
Estados transnacionais".)

Julgue a afirmativa a seguir como CERTA ou ERRADA.


Os demonstrativos que aparecem na expressão "aquela
enquanto seiva desta" (sublinhada no texto) estão sendo
empregados em razão da situação das pessoas gramaticais no
espaço, isto é, se perto do falante ou do ouvinte.
Comentários
Para responder à questão, vamos, primeiro, observar o trecho
no qual se encontra a expressão grifada:
“(...) cultura significando o que são os seus homens, e
civilização o que fazem, aquela enquanto seiva desta”.
Temos, aí, o uso dos pronomes demonstrativos com
objetivo de localizar os referentes no texto. Nesses casos,
o pronome “aquela” retoma o termo mais distante no
período (“cultura”) e o pronome “desta” retoma o termo
mais próximo no período (“civilização”).
A afirmação está, portanto, ERRADA, pois os
demonstrativos NÃO estão sendo empregados em razão
da situação das pessoas gramaticais no espaço, mas sim
no texto.

GABARITO: ERRADO

OBSERVAÇÃO 1: Algumas vezes (e estes casos caem com frequência


em provas), as formas “O”, “A”, “OS” e “AS” funcionam como
pronomes demonstrativos.
Isso ocorrerá em dois casos:
- Sempre que for possível substituir as formas “O”, “A”, “OS” e “AS”
por “AQUELE(s)”, “AQUELA(s)” ou “AQUILO”.

Exemplos:
Todos ficaram indignados com o que ele disse. (“aquilo que ele disse”)
Os candidatos que estudam português são os que obtêm boas notas.
(“aqueles que obtêm boas notas”)
Se ele sair cedo, eu também o farei. (“eu também farei aquilo”)

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- Sempre que, ao se retirar o substantivo, mantiverem-se os artigos


“O”, “A”, “OS” e “AS”. Nesses casos, as formas deixarão de ser
artigos e passarão a ser, portanto, pronomes demonstrativos.

Exemplos:
A minha voz é mais suave que a sua. (“A minha voz é mais suave que
a sua voz.”)

OBSERVAÇÃO 2: Os vocábulos “TAL” e “SEMELHANTE” serão


pronomes demonstrativos se puderem ser substituídos por “este”,
“esse” ou “aquele”.

Exemplos:
Eles não aprovam tal comportamento.
Eles não aprovam semelhante comportamento.
Tal foi a música à qual me referi ontem.

ATENÇÃO! Algumas bancas não consideram adequado o emprego


desses vocábulos como pronomes demonstrativos na correção de
questões discursivas.

OBSERVAÇÃO 3: Os vocábulos “MESMO” e “PRÓPRIO” serão


pronomes demonstrativos se puderem ser substituídos por “exato”,
“idêntico” ou “em pessoa”, casos em que serão variáveis para
concordar com o substantivo ao qual se referem.

Exemplos:
Foram eles mesmos que fizeram a reforma. (“eles em pessoa”)
Faça a mesma atividade muitas vezes. (“a idêntica atividade”)
Temos que seguir nossos próprios objetivos. (“nossos exatos
objetivos”)
Elas próprias compareceram ao encontro. (“elas em pessoa”)

Por outro lado, se o termo “MESMO” significar “realmente”, “de


fato” ou “até”, não será pronome demonstrativo, e sim
advérbio, caso em que será invariável.

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Exemplos:
Mesmo ela, especialista no assunto, errou a questão. (“até ela”)
Eles não estão errados mesmo. (“Eles não estão errados realmente.”)

ATENÇÃO! Não é correto, na linguagem formal, utilizar “MESMO” na


função de substantivo. Assim, está equivocado o uso do termo na
famosa frase: "Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo
encontra-se parado neste andar".

OBSERVAÇÃO 4: O correto é dizer “ISTO É” (em vez de “isso é”),


“POR ISSO” (em vez de “por isto”), “DESSA MANEIRA” (em vez de
“desta maneira”), “DESSA FORMA” (em vez de “desta forma”) e
“DESSE MODO” (em vez de “deste modo”). Perceba que essas
expressões, com exceção de “isto é”, são empregadas para retomar
algo já dito (função anafórica).
ATENÇÃO! O uso do “isso”, ao retomar uma ideia anterior no texto é
correto, como foi visto na parte de pronomes demonstrativos. Não
confunda com a expressão “isto é”, que tem caráter explicativo,
equivalente a “ou seja”.

Exemplos:
Os pronomes demonstrativos são, em geral, variáveis, isto é,
flexionam-se para concordar com o termo ao qual se referem.
Os pronomes demonstrativos são, em geral, variáveis, por isso,
devemos estar atentos à correta concordância.
O Brasil empatou no último jogo da Copa. Dessa maneira, poderá
não se classificar para a próxima fase.
O Brasil empatou no último jogo da Copa. Dessa forma, poderá não
se classificar para a próxima fase.
O Brasil empatou no último jogo da Copa. Desse modo, poderá não
se classificar para a próxima fase.

1.4 Pronomes Indefinidos

Os pronomes indefinidos são aqueles que se referem à 3ª


pessoa do discurso em sentido vago ou indeterminado.
Muitos são os pronomes indefinidos em nossa língua, a maioria deles
variáveis. Confira alguns exemplos a seguir:

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- Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, cada,


outrem, mais, menos, demais.
- Variáveis: algum (alguns, alguma, algumas), nenhum (nenhuns,
nenhuma, nenhumas), todo (todos, toda, todas), muito (muitos,
muita, muitas), pouco (poucos, pouca, poucas), certo (certos, certa,
certas), vário (vários, vária, várias), tanto (tantos, tanta, tantas),
quanto (quantos, quanta, quantas), um (uns, uma, umas), bastante
(bastantes), qualquer (quaisquer).

A grande dificuldade, na hora de identificar o pronome indefinido, é a


confusão que se pode fazer entre ele e outras classes gramaticais.
Isso porque muitos desses vocábulos, que funcionam prioritariamente
como pronomes indefinidos, podem, em outros contextos, funcionar
como advérbios, adjetivos, etc.
A fim de sanar essas e outras dúvidas, vamos analisar, caso a caso,
alguns pronomes indefinidos.

 “QUALQUER”

A palavra “QUALQUER” (e suas variações) pode exercer função de


pronome indefinido ou função de adjetivo.
Será pronome indefinido se anteceder o substantivo. Para ter
certeza de que se trata de pronome indefinido, aconselho que você
substitua-o por “algum” ou “todo”.

Exemplos:
Qualquer candidato acertaria essa questão. (“todo candidato”)
Eu prefiro você a quaisquer outros amigos. (“a todos os outros”)
Pegue qualquer caneta e escreva o recado. (“alguma caneta”)

Será adjetivo se suceder o substantivo. Nesses casos, em geral, o


“qualquer” é empregado para depreciar o termo anterior.

Ex: Quero um vestido bonito, e não uma roupa qualquer.

 “MAIS” E “MENOS”

As palavras “MAIS” e “MENOS” podem exercer função de pronome


indefinido ou função de advérbio. Em qualquer caso, serão sempre

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invariáveis, ou seja, não existe a forma menas. Observe, abaixo,
seus usos.

Serão pronomes indefinidos se antecederem ou substituírem


substantivo.

Exemplos:
Mais brasileiros estão engajados nas questões sociais.
Ele comeu menos lasanha que você.
Tenho poucos sapatos; quero mais.

Serão advérbios se modificarem o sentido de verbos, advérbios


ou adjetivos.

Exemplos:
Eles ficaram mais aflitos após a notícia. (advérbio de intensidade)
Maria não mora mais aqui. (advérbio de tempo)
Eu como menos quando estou tranquilo. (advérbio de intensidade)

 MUITO, POUCO E BASTANTE

As palavras “MUITO”, “POUCO” e “BASTANTE” podem exercer


função de pronome indefinido, função de advérbio ou função de
adjetivo.
Serão pronomes indefinidos se antecederem o substantivo
para lhe atribuir indeterminação ou vagueza. Nesse caso, a
palavra será variável e concordará com o substantivo. Para ter
certeza de que se trata de pronome indefinido, aconselho que você
substitua o termo por “algum” ou que tente colocar o pronome e o
substantivo no plural.

Exemplos:
Eu prefiro você a muitos amigos.
Pouca gente acertaria essa questão.
Fiz bastantes questões de ortografia.

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Serão advérbios se modificarem o sentido de verbos, advérbios
ou adjetivos. Nesses casos, os termos serão invariáveis, ou seja,
serão sempre “muito”, “pouco” e “bastante”, sem flexionar.

Exemplos:
A polícia chegou muito rapidamente.
Aquelas coxinhas são pouco salgadas.
Os atletas suaram bastante.

Serão adjetivos se atribuírem qualidade a substantivos. Nesses


casos, os termos serão variáveis, ou seja, concordarão com o
substantivo adjetivado.

Exemplos:
Não me aborreço com coisa pouca. (“pequena”)
Aquilo foi bastante para me convencer. (“suficiente”)

 CERTO

A palavra “CERTO” pode exercer as seguintes funções: pronome


indefinido, adjetivo e advérbio.
Será pronome indefinido se anteceder o substantivo. Para você
ter certeza de que o termo está exercendo função de pronome
indefinido, aconselho substituí-lo por “algum”.

Exemplos:
“Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim.”
Ele tem certa afinidade com pessoas generosas.

Será adjetivo se suceder o substantivo. Nesses casos, a palavra


“certo” tem sentido de “correto”, “exato” ou “constante”.

Exemplos:
Essas cartas não possuem destinatários certos. (“exatos”)
Marque as alternativas certas. (“corretas”)

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Será advérbio se equivaler a “certamente”. Esse uso é bem
menos frequente que os dois anteriores.

Ex: Certo, não irei à festa. (“certamente”)

 OUTRO

A palavra “OUTRO” pode exercer função de pronome indefinido ou de


adjetivo. Nos dois casos, será variável.
Será pronome indefinido se equivaler a “algum” ou “algo”.
Nesse caso, o termo “outro” aparece, em geral, dentro de uma
expressão indefinida (“um ao outro”, “um ou outro”, “um do
outro”, “um para o outro”).

Exemplos:
Uma ou outra pessoa atravessava a ponte.
Uns acordam cedo, enquanto outros dormem até tarde.

Será adjetivo se significar “novo”, “diferente”, “semelhante”


ou “igual”.

Exemplos:
Outros casos de emprego dos pronomes serão estudados. (“novos”)
Ela voltou outra das férias. (“diferente”)
Depois disso, todos possuem outra opinião sobre João. (“diferente”)

 TODO

A palavra “TODO” pode exercer função de pronome indefinido e


função de advérbio.
Será pronome indefinido se indicar totalidade ou puder ser
substituído por “qualquer” ou “cada”.
O “todo” seguido de artigo (“todo o”) indica, em geral, inteireza; o
“todo” sem artigo depois significa, em geral, totalidade e pode ser
substituído por “todos os”.

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Exemplos:
Toda cidade tem suas características. (todas as cidades)
Toda a cidade necessita de melhorias. (a cidade inteira)
Meu corpo todo está doendo.
Brigou com os amigos todos.

Será advérbio de modo se acompanhar adjetivo atributivo, com


sentido de “completamente”, “muito”, “em todas as suas
partes”.

Exemplos:
Ela está toda bonita.
Fiquei todo assustado.

 TUDO

A palavra “TUDO” é, quase sempre, pronome indefinido e


funciona ora como pronome indefinido substantivo, ora como
pronome indefinido adjetivo. (neste último caso, aparece nas
combinações “tudo isso”, “tudo aquilo”, “tudo o que”, “tudo o mais”
etc.).

Exemplos:
Eu faria tudo por você. (pronome indefinido substantivo)
Tudo o que fiz foi por você. (pronome indefinido adjetivo)
Ele via novela; tudo o mais o chateava. (pronome indefinido adjetivo)
Tudo isso pode ser resolvido. (pronome indefinido adjetivo)

 ALGUM

O pronome indefinido “ALGUM” é usado com sentido de


“qualquer”, “um” ou “certo”, se vier antes do substantivo. Se
vier depois do substantivo, terá valor negativo e poderá ser
substituído por “nenhum”.

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Exemplos:
Algumas vezes, ele sentia saudades da mãe. (“umas vezes”)
Melhor comermos alguma coisa antes. (“qualquer coisa”)
Demorei algum tempo para perdoar Maria. (“certo tempo”)
Aquela criança não dava trabalho algum. (“nenhum”)
Ficamos sem dinheiro algum. (“nenhum”)

Esses são os casos mais comuns em que os pronomes indefinidos


aparecem nas questões de concurso. Antes de prosseguirmos a mais
uma classe de pronome, atente-se para as observações abaixo.

OBSERVAÇÃO 1: Além dos exemplos vistos acima, existem as


LOCUÇÕES PRONOMINAIS INDEFINIDAS, que consistem na
junção de vocábulos para exercer função igual à dos pronomes
indefinidos.
Exemplos: “cada qual”, “cada um”, “qualquer outro”, “aquele
outro”, “quem quer que seja”, “quanto quer que seja”, “fosse
quem fosse”, “outro qualquer”, “todo aquele”, “tudo o mais”,
“seja qual for”, “seja quem for”, “um ou outro”, “todo o
mundo” etc.

OBSERVAÇÃO 2: Se o pronome indefinido ou a locução


pronominal indefinida estiverem no singular, o verbo também
ficará no singular, ainda que haja substantivo no plural após o
pronome ou locução.

Exemplos:
Cada um dos alunos presentes aprendeu o assunto ensinado.
Algum de nós terá que trabalhar no feriado.

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1.5 Pronomes Possessivos

Os pronomes possessivos são aqueles pronomes que conferem


ideia de posse em relação às pessoas do discurso, ou seja,
indicam a pessoa gramatical a quem pertence algo. Os
pronomes possessivos irão concordar, em gênero e número, com o
“algo” possuído.
Veja, no quadro abaixo, os pronomes possessivos e as pessoas às
quais eles se referem.

PRONOMES POSSESSIVOS
1ª pessoa meu, minha, meus, minhas
Singular 2ª pessoa teu, tua, teus, tuas
3ª pessoa seu, sua, seus, suas
1ª pessoa nosso, nossa, nossos, nossas
Plural 2ª pessoa vosso, vossa, vossos, vossas
3ª pessoa seu, sua, seus, suas

Como dito acima, os pronomes possessivos, em nossa língua,


concordam com a coisa possuída e não com o possuidor.
Observe nos exemplos a seguir.

Exemplos:
As irmãs e sua mãe saíram cedo para a missa. (sua mãe = a mãe das
meninas)
Ela penteou seus cabelos e saiu. (seus cabelos = os cabelos dela)

ATENÇÃO! É bastante comum que os possessivos “seu, sua, seus,


suas” gerem ambiguidade quanto ao possuidor, se usados em
períodos em que há mais de uma terceira pessoa, justamente por
concordarem com a coisa possuída. Nesses casos, é recomendado que
os mencionados pronomes sejam substituídos por “dele, dela, deles,
delas”. Essa dica é bastante importante para a resolução de questões
dissertativas. Observe abaixo.

Maria perguntou a João se poderia convidar sua mãe para a festa.

Da maneira como está redigido o período, surge a dúvida: a mãe de


Maria ou a mãe de João? Após a substituição, a ambiguidade é
sanada. Perceba:

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Maria perguntou a João se poderia convidar a mãe dele para a festa.


(“a mãe de João”)
Maria perguntou a João se poderia convidar a mãe dela para a festa.
(“a mãe de Maria”)

OBSERVAÇÃO 1:
Se o pronome possessivo acompanhar um substantivo
(pronome possessivo adjetivo) é facultado que se use ou não o
artigo antes.
Ex: Não vi seu irmão na festa. / Não vi o seu irmão na festa.
Se, por outro lado, o pronome possessivo substituir um
substantivo (pronome possessivo substantivo), deve-se
obrigatoriamente usar o artigo antes.
Ex: Peguei (a) minha camisa, mas não encontrei a sua.

OBSERVAÇÃO 2:
Conforme vimos, na parte da aula atinente aos pronomes pessoais
oblíquos, os pronomes “ME”, “TE”, “LHE(s)”, “NOS”, “VOS”
podem funcionar também como pronomes possessivos. Note que,
nesses casos, os pronomes podem ser substituídos pelos possessivos
típicos, conforme mostrado nos exemplos a seguir.

Exemplos:
O café manchou-me a camisa. (“manchou a minha camisa”)
O gato viu Maria e agarrou-lhe a perna. (“agarrou a perna dela”,
“agarrou sua perna”)
Comer salada não nos prejudica a saúde. (“não prejudica a nossa
saúde”)

OBSERVAÇÃO 3:
Há casos em que a posição do pronome possessivo (se antes
ou se depois do substantivo) altera o sentido da frase. Observe:

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Exemplos:
O meu livro. (possuo o livro)
O livro meu. (possuo a autoria do livro)
Suas notícias. (notícias dadas por você)
Notícias suas. (notícias sobre você)

1.6 Pronomes Relativos

Os pronomes relativos são aqueles que retomam um termo


expresso anteriormente, a fim de estabelecer uma relação de
subordinação entre duas orações.
Os pronomes relativos podem ser variáveis ou invariáveis, conforme
se observa no quadro a seguir.

PRONOMES RELATIVOS
INVARIÁVEIS VARIÁVEIS
que o qual, a qual, os quais, as quais
quem cujo, cuja, cujos, cujas
onde quanto, quanta, quantos, quantas

Vamos ver, abaixo, nosso primeiro exemplo de emprego dos


pronomes relativos.

Os motoristas de ônibus fizeram protesto nas ruas da cidade.


Os motoristas de ônibus estão com salários atrasados.

Os motoristas de ônibus, que estão com salários atrasados,


fizeram protesto nas ruas da cidade.
OU
Os motoristas de ônibus, os quais estão com salários atrasados,
fizeram protesto nas ruas da cidade.

Observe, no exemplo acima, que os pronomes relativos “que” e “os


quais” retomaram o termo “os motoristas de ônibus”, para que não

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fosse necessário repeti-lo no período. Essa é, basicamente, a função
dos pronomes relativos. Como aprendemos na Aula 01, trata-se de
elementos de coesão referencial anafórica.

Veja mais exemplos de pronomes relativos:

O livro que li é muito interessante. (retoma “o livro”)


Havia muitas pessoas que precisavam de ajuda. (retoma “pessoas”)
Ele visitou a cidade onde nasceu. (retoma “a cidade”)
A menina a quem ajudei ficou muito grata. (retoma “menina”)
Esta é a casa sobre a qual eles falaram. (retoma “a casa”)

Os pronomes relativos podem ou não ser precedidos por


preposição, a depender do que a regência verbal exigir.
Veja que, no quarto exemplo acima, o pronome relativo “quem” é
precedido pela preposição “a”, pois o verbo “ajudar” foi usado em sua
forma transitiva indireta (ajudar a alguém). No último exemplo, de
igual maneira, o pronome relativo “a qual” é precedido pela
preposição “sobre” em razão da transitividade do verbo “falar” (falar
sobre algo).
Outro aspecto importante de se observar é que o pronome relativo,
se variável, concorda com o termo ao qual se refere, ou seja,
com o termo por ele retomado. Assim, o relativo “a qual”, no
último exemplo, é empregado em concordância com “a casa”, no
feminino e no singular.

Feitas essas considerações iniciais, vamos analisar os pronomes


relativos caso a caso.

 “O QUAL”, “A QUAL”, “OS QUAIS”, “AS QUAIS”


Os termos acima funcionam exclusivamente como pronomes
relativos e são as formas variadas (em gênero e número) do
pronome relativo “QUE” (invariável). Eles são empregados para tratar
de “coisas” ou pessoas”, especialmente se o termo a ser retomado
está distante do pronome relativo que os retoma.
Como veremos a seguir, o pronome relativo “QUE” é o mais usado em
nossa língua, por ser invariável (concorda com todos os gêneros e
número) e por referir-se tanto a coisas quanto a pessoas. No entanto,
há casos em que é obrigatória a substituição do pronome

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“QUE” pelas formas variáveis ora analisadas (“o qual”, “a
qual”, “os quais” e “as quais”). Vamos ver esses casos:

- Quando o uso do “que” causar ambiguidade:

O candidato discursou aos eleitores na capital do estado da Bahia,


que completou aniversário ontem.

Observe que, no exemplo acima, não fica claro se foi a capital do


estado ou o estado da Bahia que completou aniversário. Basta, no
entanto, substituir o pronome “que” por uma das formas variáveis
para que se resolva a dúvida.

O candidato discursou aos eleitores na capital do estado da Bahia, a


qual completou aniversário ontem.

- Quando o “que” for precedido de preposição com mais de


uma sílaba:

O concurso sobre o qual lhe falei foi adiado. (e não “sobre o que”)
Essa é a mesquita perante a qual me ajoelhei. (e não “perante que”)
As intempéries, contra as quais lutou bravamente, derrotaram-no. (e
não “contra que”)

- Quando o “que” for precedido das preposições


monossilábicas “sem” e “sob”:

Esta é a música de ninar sem a qual ele não dorme.


O teto sob o qual você deita, um dia ruirá.

Por fim, vale dizer, os pronomes relativos aqui analisados (“o qual”,
“a qual”, “os quais” e “as quais”) são ótimos parâmetros para
avaliarmos se outros termos estão exercendo função de pronome
relativo. Assim, caso você consiga substituir esses termos por uma
das formas variáveis acima, você estará diante de um pronome
relativo.
Dito isso, passemos à análise do pronome “QUE”, um dos
“queridinhos” das provas de concurso.

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 PRONOME RELATIVO “QUE”
O termo “QUE” funciona como pronome relativo se retoma um
termo antecedente, que tanto pode se referir a coisas quanto a
pessoas. Trata-se de pronome invariável (não admite flexão).
Para conferir se o “QUE” está exercendo na oração, de fato, função de
pronome relativo, aconselho substituí-lo pelos também relativos o
qual, a qual, os quais ou as quais, conforme dito no tópico
anterior.
Observe os seguintes exemplos, já mencionados em momento
anterior:

Os motoristas de ônibus, que estão com salários atrasados, fizeram


protesto nas ruas da cidade. (“os quais”)
O livro que li é muito interessante. (“o qual”)
Havia muitas pessoas que precisavam de ajuda. (“as quais”)

OBSERVAÇÃO 1: Já aprendemos que, caso o pronome “que”


venha precedido de preposição com mais de uma sílaba, não se
deve empregar o “QUE”, mas sim os relativos “O QUAL”, “A
QUAL”, “OS QUAIS” ou “AS QUAIS”.

OBSERVAÇÃO 2: O pronome relativo "que" às vezes retoma


uma oração anterior, casos em que poderá ser substituído por
“o que” ou “coisa que”.

Apesar do cansaço, optou por caminhar pelas ruas da cidade, que era
seu grande hábito.

Finalizamos, assim, as explicações sobre o emprego do termo “QUE”


na função de pronome relativo. A compreensão das muitas outras
funções exercidas pelo “que” depende de conhecimentos mais
aprofundados de sintaxe, assunto que será abordado na nossa Aula
07. Em momento posterior, portanto, retornaremos ao assunto de
maneira mais completa, para fixar o que foi dito hoje, bem como para
acrescentar outras informações sobre os usos do “QUE”.

 PRONOME RELATIVO “QUEM”


O pronome relativo “QUEM” é invariável e refere-se a pessoas
ou a coisas personificadas.

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Se o termo antecedente (retomado pelo pronome) estiver expresso na
oração, o “quem” virá sempre regido por alguma preposição.
Observe:

A garota contra quem ele proferiu os xingamentos revoltou-se.


A mãe, de quem sentia muitas saudades, apareceu-lhe nos sonhos.
Preferiu não cumprimentar o lojista, a quem devia grandes quantias
de dinheiro.

 PRONOME RELATIVO “ONDE”


O pronome relativo “ONDE” é invariável e retoma termos que
indiquem noção de lugar. Assim, para verificar se está
empregado corretamente, você deve substituir o “onde” por
“em que” ou pelas formas variáveis “na qual”, “no qual”, “nas
quais” e “nos quais”.

Ficava muito tempo em casa, onde se sentia seguro dos perigos


urbanos.
A cidade onde passou boa parte de sua infância estava
completamente modificada.

 “QUANTO”, “QUANTA”, “QUANTOS”, “QUANTAS”


Os vocábulos acima somente serão considerados pronomes
relativos se forem precedidos por um dos pronomes
indefinidos a seguir: “tudo”, “todo(s)”, “toda(s)”. Nesses casos,
transmitirão ideia de quantidade, intensidade ou número.

Ele fez tudo quanto pôde para agradá-la e não obteve sucesso.
Me dediquei bastante à resolução de questões. Fiz tantas quantas
foram necessárias.

 PRONOME RELATIVO “CUJO”


O pronome relativo “CUJO” (e suas variações “cujos”, “cuja”, “cujas”)
é utilizado, assim como todo pronome relativo, para retomar
termos mencionados anteriormente. Vimos, de maneira
introdutória, o uso do pronome “cujo” na Aula 01, ao
tratarmos de coesão e coerência textual. Agora, vamos
retomar o seu estudo de maneira mais completa.

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Sua particularidade, no entanto, reside na noção de posse que
ele estabelece entre o termo por ele retomado (o termo
anterior a ele) e o termo posterior a ele.
Dessa forma, podemos dizer que o pronome relativo “CUJO”
coloca-se entre dois termos (antecedente e consequente) para
estabelecer uma relação de posse entre eles.
O termo localizado antes do “cujo” (e que é retomado pelo
“cujo”) será possuidor do termo localizado depois do “cujo”.
Observe:

A escola puniu os alunos cujo comportamento era ruim.


A escola puniu os alunos / O comportamento dos alunos era ruim.

Veja que o pronome relativo “cujo”, no exemplo, retoma o termo “os


alunos” e coloca-o na posição de adjunto adnominal do termo “o
comportamento”. Assim, o trecho “cujo comportamento” equivale a
“o comportamento dos alunos”.
O termo anterior será, portanto, o dono (possuidor) do termo
posterior: os alunos possuem o comportamento, por isso se diz “o
comportamento dos alunos”.

Mais exemplos:
A cliente cujo pagamento foi recusado retornou. (cujo pagamento = o
pagamento da cliente)
A porta cujo parafuso está enferrujado emperrou. (cujo parafuso = o
parafuso da porta)

O pronome “cujo” concorda com o termo posterior


(consequente), embora se refira ao termo anterior
(antecedente).
Assim, na frase acima, o pronome “cujo” retoma o termo “a cliente”,
mas a concordância dá-se com relação a “pagamento”. O mesmo
ocorre na frase seguinte: o pronome retoma o termo anterior (“a
porta”), mas concorda com o termo posterior (o parafuso).

ATENÇÃO! Não se usa artigo entre o pronome “cujo” e o


substantivo subsequente.

Jamais diga:
A cliente cujo o pagamento foi recusado retornou. ERRADO

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É bastante comum o pronome relativo “cujo” aparecer


precedido de preposições, como em “para cujo”, “de cujo”,
“ante cujo”, “sobre cujo”, “a cujo”, entre outras. Nesses casos,
em geral, a preposição aparece para compor a regência do verbo
transitivo indireto presente na oração seguinte. Observe:

Ele é o autor em cuja tese ela acredita.

Não se assuste com a presença da preposição “em”, no exemplo


acima, pois o nosso raciocínio será o mesmo de antes! Vamos
analisar a frase por partes, para facilitar a compreensão.
Primeiro, vamos considerar somente o pronome relativo “cuja” e os
termos (antecedente e consequente): dizer “o autor cuja tese”
equivale a dizer “a tese do autor”.
Agora vamos analisar o trecho completo: “o autor em cuja tese ela
acredita”. A ideia aí contida equivale a dizer “ela acredita na tese do
autor”. Veja:

Ele é o autor em cuja tese ela acredita.


Ele é o autor / ela acredita na tese do autor.

A preposição “em” está na frase, portanto, porque o verbo


“acreditar” é transitivo indireto (quem acredita, acredita em algo).

Mais exemplos:
Você é a pessoa de cuja sensatez eu dependo.
Você é a pessoa / eu dependo da sensatez da pessoa.
A casa, para cujo endereço enviei a encomenda, foi demolida.
A casa foi demolida / enviei a encomenda para o endereço da casa.

Em virtude de suas especificidades, o emprego do “CUJO” gera


dúvidas e costuma ser muito cobrado em provas de concurso.
A seguir, temos uma questão recente da FCC, adaptada para
esta aula.

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(FCC) Técnico Judiciário – Enfermagem – TRF 3ª
Região/2014
(Adaptada)
O barulho é um som de valor negativo, uma agressão ao
silêncio ou simplesmente à tranquilidade necessária à vida em
comum. Causa um incômodo àquele que o percebe como um
entrave a seu sentimento de liberdade e se sente agredido por
manifestações que não controla e lhe são impostas, impedindo-
o de repousar e desfrutar sossegadamente de seu espaço.
Traduz uma interferência dolorosa entre o mundo e o eu, uma
distorção da comunicação em razão da qual as significações se
perdem e são substituídas por uma informação parasita que
provoca desagrado ou aborrecimento. (...)
(LE BRETON, David. O Estado de S. Paulo, Aliás, 2 de junho
de 2013, com adaptações.)

Julgue a afirmativa a seguir como CERTA ou ERRADA:


A expressão “por cujo motivo” substitui corretamente o
segmento grifado, sem alteração do sentido original.
Comentários
A questão pede que você julgue (como certa ou errada, do
ponto de vista gramatical) a substituição do termo grifado no
seguinte trecho: “uma distorção da comunicação em razão da
qual as significações se perdem”.
Vamos destrinchar a frase acima. Ao invertermos a ordem,
temos que as significações se perdem em razão de uma
distorção da comunicação. Esse é o sentido que deve ser
mantido.
Caso seja reescrita com a expressão indicada no enunciado, a
frase ficará assim: “uma distorção da comunicação por cujo
motivo as significações se perdem”. Temos, agora, um caso de
emprego do “cujo” precedido de preposição, semelhante aos
exemplos vistos anteriormente.
Já sabemos que o pronome relativo “cujo” retoma o termo
anterior (antecedente) para atribuir uma relação de
posse deste com relação ao termo posterior
(consequente). No caso em análise, note que o termo
posterior a “cujo” é “motivo” e o anterior é “uma distorção da
comunicação”.
Vamos considerar, inicialmente, um trecho simplificado da
frase, para facilitar a compreensão do uso do “cujo”.

uma distorção da comunicação por cujo motivo


=
por motivo de uma distorção da comunicação

Agora, vamos analisar a frase inteira, com a preposição e os


demais elementos que a compõem:

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uma distorção da comunicação por cujo motivo as


significações se perdem
=
as significações se perdem por motivo de uma distorção da
comunicação

Escrita desse jeito, a frase alterada se equivale à original (“uma


distorção da comunicação em razão da qual as significações se
perdem”), pois mantém seu significado. A afirmativa está,
portanto, correta.
GABARITO: CERTO

Espero haver sanado todas as dúvidas com relação ao uso do


pronome “CUJO”. A partir de agora, você deve realizar questões
e ler muitas frases em que o emprego do “cujo” esteja correto
gramaticalmente. Só assim você se familiarizará e responderá às
questões, na prova, com mais tranquilidade.

Agora, para finalizar o estudo dos pronomes relativos, vamos analisar


dois vocábulos que, embora não sejam tipicamente pronomes
relativos, algumas vezes assumem essa função, ao retomar termos da
oração: “COMO” e “QUANDO”.

 COMO
O vocábulo “COMO” terá função de pronome relativo se retomar um
termo que indique “modo, maneira, jeito, forma”. Nesse caso,
poderá ser substituído por “segundo o qual” ou “pelo qual”.

Todos gostam da maneira como ela escreve.


Foi bastante desagradável o jeito como você se comportou.
O modo como ela me olhava deixou-me envergonhado.

 QUANDO
O vocábulo “QUANDO” terá função de pronome relativo se retomar
um termo que indique, sintática e semanticamente, a ideia de tempo.
Nesse caso, poderá ser substituído por “em que”.

Retornemos ao ano de 1985, quando nasci.


Maria sentia saudades do passado quando ele ainda a amava.

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Encerramos, assim, o assunto concernente aos pronomes relativos.
Vamos, agora, ao estudo dos pronomes interrogativos, última espécie
de pronomes a ser vista na aula de hoje.

1.7 Pronomes Interrogativos

Os pronomes interrogativos, última classe pronominal vista na aula


de hoje, são assim chamados se empregamos os pronomes
“QUE”, “QUEM”, “QUAL” e “QUANTO” (também indefinidos) em
orações interrogativas, ou seja, na formulação de perguntas.
Essas perguntas podem ser diretas ou indiretas. Observe:

Quem conseguiu responder corretamente à questão?


Quantas pessoas estiveram presentes?
Gostaria de saber quais as respostas da prova. (pergunta indireta)

O termo “QUE”, já estudado por nós na função de pronome relativo,


também funciona como pronome interrogativo, nas seguintes
situações:
- Quando substituir, na frase, o elemento sobre o qual requer
uma resposta. Como vimos, por substituir o substantivo, será
considerado um pronome interrogativo substantivo. Para conferir
se o “que” está funcionando na frase, de fato, como pronome
interrogativo substantivo, aconselho substituir o “que” por “que
coisa”.

Que você aprontou dessa vez?


Que pensa em fazer hoje à noite?
Que houve?
Ele reclamou de quê? (acentuado, por estar no final da frase)

A forma interrogativa “O QUE” é muito mais usada em nossa língua


do que o pronome “que” sozinho. Alguns gramáticos mais tradicionais,
no entanto, não a recomendam. Observe:

O que você aprontou dessa vez?


O que pensa em fazer hoje à noite?
O que houve?
Ele reclamou do quê? (acentuado, por estar no final da frase)

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- Quando acompanhar substantivo nas frases interrogativas.


Como vimos, por acompanhar o substantivo, será considerado um
pronome interrogativo adjetivo. Para conferir se o “que” está
funcionando na frase, de fato, como pronome interrogativo adjetivo,
aconselho substituir o “que” por “que espécie de”.

Que mal há em estudar à noite?


Que computador você comprou?
Que comida não te agrada?

OBSERVAÇÃO: Na linguagem coloquial, é comum o uso duplicado


do “que”, a fim de conferir ênfase à mensagem.

O que é que houve?

Colocação Pronominal

Este talvez seja, junto com interpretação de textos, o assunto mais


cobrado pelas bancas nas questões de Língua Portuguesa. Todos os
editais de concurso, sem exceção, destacam expressamente a
Colocação Pronominal entre os demais aspectos relacionados ao
estudo dos pronomes.
Em virtude disso, separei esta parte da aula para tratarmos o tema de
maneira clara e aprofundada. Assim, ao final da explicação, espero
que você esteja capacitado para resolver qualquer questão sobre o
assunto e garantir importantes pontos em seu caminho para a
aprovação.
Antes de começarmos, vamos entender o que é a colocação
pronominal e por que seu estudo é considerado tão importante pelas
bancas de concursos e pelos gramáticos.

1. Conceitos e Aspectos Gerais


A parte da gramática denominada Colocação Pronominal trata, em
resumo, da posição adequada dos pronomes oblíquos átonos
junto aos verbos.

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Como vimos no tópico anterior da aula, os pronomes oblíquos são
aqueles que exercem função sintática de complemento. Assim, na
maior parte das vezes, esses pronomes estarão completando o
sentido dos verbos dentro da estrutura oracional.
Também já aprendemos que os pronomes oblíquos podem ser átonos
ou tônicos: os átonos não são regidos por preposição, enquanto os
tônicos são regidos por preposição (exceto “conosco” e “convosco”,
que já possuem a preposição “com” integrada).
Com base nesses conhecimentos, observe as seguintes frases:

Eles trouxeram presentes para ti. (pronome oblíquo tônico)


Eu pedi que não fossem sem mim. (pronome oblíquo tônico)

Ao analisar as orações acima, percebemos que não há dúvidas


quanto à posição do pronome oblíquo tônico. Isso porque ele
sempre virá após a preposição.
Agora, observe o emprego do pronome oblíquo átono “LHE” nos
exemplos abaixo:

Não lhe fizeram mal algum. (pronome oblíquo átono)


Pediram-lhe que chegasse cedo. (pronome oblíquo átono)
Ajudar-lhe-ia, se fosse possível. (pronome oblíquo átono)

Fica claro, nos períodos acima, que os pronomes oblíquos átonos não
seguem uma regra única, como os pronomes oblíquos tônicos. A
posição dos pronomes oblíquos átonos na frase, com relação ao
verbo, poderá variar de três maneiras.

Posições do pronome oblíquo átono com relação ao verbo:


 PRÓCLISE: antes do verbo.
 ÊNCLISE: depois do verbo.
 MESÓCLISE: no meio do verbo.

Na linguagem coloquial, costumamos posicionar o pronome oblíquo


átono antes do verbo, ou seja, usamos a próclise. Dificilmente, você
ouve alguém dizer, em uma conversa informal, a frase “Pediram-lhe
que chegasse cedo”, mas sim “Lhe pediram que chegasse cedo”.
No entanto, na linguagem formal, há regras que indicam se
cada uma das posições acima deve ser empregada. São essas

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regras que precisamos conhecer para acertar as questões de
colocação pronominal, e é isso que faremos agora.

2. Regras

Para facilitar a compreensão das regras de Colocação Pronominal,


eu gosto de orientar meus alunos com a seguinte informação inicial:
Em nossa língua, a regra é o uso da ÊNCLISE (pronome
posicionado após o verbo).
Desse modo, tenha em mente que o uso da próclise ocorrerá em
situações especiais, que analisaremos a seguir.

 USO OBRIGATÓRIO DA PRÓCLISE:

O uso da próclise será obrigatório se houver, antes do verbo,


as seguintes palavras atrativas:

- Palavras de valor negativo (nunca, jamais, ninguém, nenhum,


nada, nem, tampouco, sequer etc.)

Ele jamais se furtou a colaborar conosco.


Não me contaram as novidades.
Eu soube que nunca lhe pediram desculpas.

Observação: Se houver pausa entre a palavra de valor negativo e o


pronome, por meio da vírgula, não se usará a próclise. Observe:

Nunca, prefiro-o longe daqui.


Uma vez que não conhecia nada, sentiu-se perdido.

- Pronomes indefinidos (alguém, algum, ninguém, tudo, todos,


qualquer, outro, outrem, nada, algo, cada, vários, tanto etc.)

Ele disse que tudo o incomoda nessa situação.


Alguém lhe disse que haveria reunião?
Algo se manteve intacto na cena do crime.

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- Pronomes demonstrativos (esse, essa, isso, este, esta, isto,
aquele, aquela, aquilo)

Isso me aborrece bastante.


Ainda bem que aquilo o impediu de seguir adiante.
Maria chamou João, mas este lhe ignorou.

- Pronomes relativos (que, o qual, a qual, os quais, as quais,


quem, cujo, cuja, cujos, cujas, onde, como etc.)

As pessoas que se importam com os amigos são mais felizes.


O modo como me abordou foi ofensivo.
Aqui está o livro de Drummond, sobre o qual lhe falei ontem.

- Pronomes interrogativos

Como se chama sua filha?


Quem lhe deu essa camisa?

- Numeral “AMBOS”

Ambos me cumprimentaram educadamente.

- Advérbios (aqui, já, apenas, somente, só, talvez, ainda, sempre,


também, até, inclusive, mesmo, hoje, provavelmente, onde, como,
quando etc.)

Aqui se observam exemplos de orações subordinadas.


João gostava dela, mas agora se irrita com muita facilidade.
Eu sempre lhe contei tudo sobre minha vida.

Observação: Se houver pausa entre o advérbio e o pronome,


por meio da vírgula, não ocorrerá a próclise. Observe:

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Aqui se observam exemplos de orações subordinadas.


Aqui, observam-se exemplos de orações subordinadas.
João gostava dela, mas agora se irrita com muita facilidade.
João gostava dela, mas, agora, irrita-se com muita facilidade.

- Conjunções subordinativas (que, à medida que, já que, assim


que, quando, se, consoante, porque, embora, enquanto, como etc.)

Logo que o conheci, notei suas intenções.


Não sairemos daqui, ainda que nos obriguem.
É inútil que se esforce tanto.

- Conjunções coordenativas alternativas (Ou... ou, ora... ora,


quer... quer...)

Ora me ama, ora me odeia.


Ou você trata as pessoas bem, ou se conforma de ser evitado.

OBSERVAÇÃO:
Se houver uma expressão intercalada, por meio de vírgulas,
entre o termo atrativo e o verbo, será facultado ocorrer
próclise ou ênclise. Isso vale para todas as partículas atrativas
mencionadas acima. Observe:

Será permitido até, desde que com cuidado, se jogar na piscina.


termo atrativo pronome atraído

Será permitido até, desde que com cuidado, jogar-se na piscina.


termo atrativo ênclise facultativa

 OUTROS CASOS DE USO OBRIGATÓRIO DA PRÓCLISE:

- Orações exclamativas e orações optativas


Orações optativas são aquelas que exprimem desejo.

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Deus o abençoe.
Que besteira você lhe disse!
Vou me vingar!

- Quando o verbo estiver no infinitivo pessoal e for precedido


por preposição:
Infinitivo pessoal é o nome dado ao verbo se seu infinitivo estiver
flexionado, como foi visto na Aula 03, ao tratarmos de Verbo.

Eles iniciaram o namoro por se amarem demais.

- Quando o verbo estiver no gerúndio e for precedido pela


preposição “EM”:

“Em se plantando, tudo dá.”


Duvido que dê certo, em se tratando de alguém como ele.

- Quando a forma verbal for proparoxítona:

Nós o aclamávamos.

Esses são os casos em que será obrigatório posicionar o pronome


oblíquo átono antes do verbo (PRÓCLISE).
Vale ressaltar que alguns estudiosos não consideram que os casos
acima obriguem o uso exclusivo da próclise. Para eles, esses casos
facultam que seja empregada tanto a próclise quanto a ênclise.
Esse não é, no entanto, o entendimento da maioria dos
gramáticos, os quais condenam a ênclise nesses casos.

Dito isso, vamos agora analisar algumas regras proibitivas, ou seja,


regras que proíbem determinadas colocações pronominais.

 REGRAS PROIBITIVAS:

- É proibido iniciar período com o pronome oblíquo átono:

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Disse-me coisas incríveis ontem.


Jamais diga: Me disse coisas incríveis ontem.
Trata-se de grande equívoco iniciar períodos pelo pronome oblíquo.
Jamais diga: Se trata de grande equívoco...

- É proibida a ênclise se o verbo estiver no futuro ou no


particípio:

Quando ele lhe ligar, fale de minha situação. (futuro do subjuntivo)


Jamais diga: Quando ele ligar-lhe...
Se tivesse estudado o assunto, sabê-lo-ia. (futuro do pretérito do indicativo)
Jamais diga: Se tivesse estudado o assunto, saberia-o.
Tornar-me-ei um chato falando assim. (futuro do presente do indicativo)
Jamais diga: Tornarei-me um chato falando assim.
Tenho-lhe falado isso sempre. (particípio)
Jamais diga: Tenho falado-lhe isso sempre.

ATENÇÃO! Algumas vezes, ambos os casos, proibidos acima,


ocorrem juntos. Perceba:

Aprovada-me a construção, logo iniciarei a obra. (PROIBIDA)


Me aprovada a construção, logo iniciarei a obra. (PROIBIDA)

A primeira frase, acima, está equivocada, uma vez que não se


usa a ênclise em verbos no particípio. No entanto, ao trocar a
estrutura para a próclise, a frase continuará equivocada, pois a
próclise é vedada em início de período. Para solucionar o
impasse, sugiro substituir o pronome oblíquo átono “me” pelo
pronome oblíquo tônico “mim”, precedido de preposição.

Aprovada a mim a construção, logo iniciarei a obra.

Essas são as proibições que você deve saber quanto à Colocação


Pronominal. Agora, vamos ver casos em que é autorizado empregar o
pronome oblíquo átono em mais de uma posição.

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 USO FACULTATIVO DE PRÓCLISE OU ÊNCLISE:

- Se o verbo estiver no infinitivo não flexionado, será sempre


possível usar a ÊNCLISE, mesmo que haja um dos casos
obrigatórios de PRÓCLISE. Nesses casos (em que houver termo
atrativo e o verbo estiver no infinitivo), ambas serão permitidas: a
ênclise e a próclise.

Fui embora cedo, para não me arrepender no dia seguinte.


Fui embora cedo, para não arrepender-me no dia seguinte.

ATENÇÃO! Não confunda o infinitivo com o futuro do subjuntivo, pois


eles são escritos iguais. Não se usa ênclise se o verbo está no futuro.

Quando eu me arrepender, será tarde demais. (futuro do subjuntivo)


Não diga: Quando eu arrepender-me, será tarde demais.

 USO DA MESÓCLISE:

- Quando o verbo estiver no futuro do presente do indicativo,


sem palavra atrativa que obrigue a próclise.

Comprarei o livro.
Comprá-lo-ei.
Observação: o uso, aqui, da próclise é proibido, uma vez que não se pode iniciar
período com pronome oblíquo átono.

- Quando o verbo estiver no futuro do pretérito do indicativo,


sem palavra atrativa que obrigue a próclise.

Compraria o livro.
Comprá-lo-ia.
Observação: o uso, aqui, da próclise é proibido, uma vez que não se pode iniciar
período com pronome oblíquo átono.

OBSERVAÇÃO:
Sem palavra atrativa que force a próclise, será facultativo o
uso da próclise ou da mesóclise (nunca da ênclise).

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A menina se convencerá dos argumentos.


A menina convencer-se-á dos argumentos.

Muitas pessoas têm dificuldade de encaixar, de maneira correta, o


pronome no meio do verbo. Para auxiliar você a não se equivocar,
observe esta dica: separe a forma verbal em INFINITIVO-
DESINÊNCIA e coloque o pronome entre essas partes do verbo.

COMPRAREI → COMPRAR-EI → COMPRÁ-LO-EI


COMPRARIA → COMPRAR-IA → COMPRÁ-LO-IA

Perceba que o “R” do verbo, anterior ao pronome, foi suprimido e que


o pronome oblíquo “O” virou a forma “LO”. Tal qual aprendemos na
primeira parte da aula, isso sempre ocorre se encaixamos os
pronomes oblíquos “O”, “A”, “OS, “AS” em verbos terminados em “R”,
“S” ou “Z”.
Na mesóclise, o pronome sempre será encaixado na parte do
verbo que corresponde ao infinitivo (portanto, sempre
terminado em “R”), de modo que sempre haverá a
transformação dos pronomes “O”, “A”, “OS, “AS” em “LO”,
“LA”, “LOS”, “LAS”.

ATENÇÃO!
Se, apesar de o verbo estar em um dos tempos acima (futuro do
presente do indicativo ou futuro do pretérito do indicativo), houver a
presença de um dos casos obrigatórios de próclise (partícula
atrativa), usaremos a PRÓCLISE.

Jamais compraria o livro.


Jamais o compraria.

Observe, agora, mais exemplos, para sanar de vez quaisquer dúvidas


sobre esse tipo de colocação:

Amar-te-ia. E Não te amaria.


Fá-lo-ei. E Não o farei.
Dir-lhe-ei. E Não lhe direi.
Encontrá-lo-ão. E Não o encontrarão.

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Conforme eu comentei durante a aula, é certo que haverá ao menos
uma questão de Colocação Pronominal no seu concurso. Note, a
seguir, como o assunto costuma ser cobrado.

(CESPE) Primeiro Tenente – CBM - CE/2014


(Adaptada)

Uma das histórias de crueldade de Dona Federalina (que deve


ser mentirosa) versa sobre uma dessas negras parideiras e o
filho que seria vendido, embora já estivesse com ela havia mais
de um ano. A escrava, agarrada à criança, correu para o mato,
mas Federalina deu ordem para que fossem atrás e trouxessem
o menino. Na tentativa de proteger o filho, a negra foi
apunhalada; ainda correu para casa, e lá a patroa mandou que
mãe e filho fossem embebidos com querosene, e ela própria
ateou-lhes fogo. A escrava, soltando o filho, debateu-se até
morrer. Conta-se que as marcas de sangue da negra não saíam
nunca da parede, mesmo que a caiassem continuamente. O
reboco teve de ser retirado, e um outro feito em seu lugar.
Rachel de Queiroz e Heloísa Buarque de Hollanda. Matriarcas do Ceará D.
Federalina de Lavras. Internet: <www.ime.usp.br> (com adaptações).

Com base nos seus conhecimentos, julgue o item a


seguir:
Estaria mantida a correção gramatical do trecho grifado no
texto, caso o pronome “lhes” fosse deslocado para antes da
forma verbal “ateou”.

Comentários
A questão pede que você julgue (como certa ou errada, do
ponto de vista gramatical) o deslocamento do pronome oblíquo
átono “LHES” para antes da forma verbal “ATEOU”.
Aprendemos, agora, que a regra geral de Colocação
Pronominal é a ênclise (o pronome posicionado após o
verbo). Há, no entanto, casos em que haverá a
obrigatoriedade da próclise (o pronome posicionado
antes do verbo).
Um desses casos (de próclise obrigatória) é a presença de
pronome demonstrativo, que funciona como partícula
atrativa, puxando o pronome para antes do verbo.
Observe que, no trecho retirado do texto de Rachel de Queiroz
e Heloísa Buarque de Hollanda, há a presença da partícula
atrativa, pois a palavra “PRÓPRIA” está funcionando como
pronome demonstrativo na oração (veja que o termo
“PRÓPRIA” pode ser substituído por “em pessoa”, o que garante
que se trata de pronome demonstrativo).
No entanto, apesar da obrigatoriedade da próclise, as autoras
optaram por usar a ênclise:
(...) ela própria ateou-lhes fogo (...).

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Alguns estudiosos admitem que seja usada tanto a próclise
quanto a ênclise nos casos obrigatórios de próclise (e, assim,
eles deixam de ser denominados “obrigatórios”). Esse não é,
contudo, o entendimento da maioria dos gramáticos, que
condenam a ênclise acima empregada.
Independente da polêmica mencionada, a próclise,
nesses casos, será sempre possível, e até preferível.
Portanto, a frase estaria mais correta se assim estivesse
redigida:
(...) ela própria lhes ateou fogo (...).
A afirmativa do enunciado está, portanto, CORRETA.
GABARITO: CERTO

Espero que você tenha conseguido responder à questão sem grandes


dificuldades. Vamos, agora, para o último item da aula de hoje, ainda
relacionado à Colocação Pronominal.

 COLOCAÇÃO PRONOMINAL EM LOCUÇÕES VERBAIS:


As locuções verbais exigem uma análise à parte, ao se falar em
colocação pronominal. Isso porque, uma vez que consistem na junção
de duas formas verbais, as locuções possibilitam empregar o pronome
em várias posições.

As pessoas precisam tratar-se com respeito. (ênclise ao verbo principal)


As pessoas precisam se tratar com respeito.* (próclise ao verbo principal)
As pessoas precisam-se tratar com respeito. (ênclise ao verbo auxiliar)
As pessoas se precisam tratar com respeito.* (próclise ao verbo auxiliar)

(*) uso não recomendado pela norma culta.

Acima, vemos quatro formas distintas de localização do


pronome oblíquo átono na locução verbal “precisam tratar”.
A depender da locução verbal, no entanto, nem sempre essas
colocações serão todas permitidas.

ATENÇÃO! A próclise com relação ao verbo principal e auxiliar


é polêmica, pois a norma culta condena que se coloque o
pronome solto entre os verbos. Alguns gramáticos, no entanto,
toleram-na. Confira:

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As pessoas precisam se tratar com respeito.


As pessoas seguem se tratando com respeito.
As pessoas têm me sido gentis.
As pessoas se precisam tratar com respeito.
As pessoas se seguem tratando com respeito.
As pessoas me têm sido gentis.

Por via das dúvidas, aconselho a você que evite essa colocação, se
estiver redigindo um texto formal.

Para entender a correta Colocação Pronominal em Locuções


Verbais, precisamos entender como se forma uma locução
verbal:

NO INFINITIVO
VERBO AUXILIAR + VERBO PRINCIPAL NO GERÚNDIO
NO PARTICÍPIO

Nessa estrutura, acima explanada, o pronome oblíquo poderá


localizar-se de acordo com algumas regras que veremos agora.

→ A próclise com relação ao verbo auxiliar é sempre possível,


esteja o verbo principal no infinitivo, no gerúndio ou no
particípio.

As pessoas se precisam tratar com respeito. (*)


As pessoas se seguem tratando com respeito. (*)
As pessoas me têm sido gentis. (*)

(*) uso não recomendado pela norma culta.

A única exceção será se o pronome iniciar o período, caso


proibido, como já foi visto.

Se precisam tratar com respeito, as pessoas. ERRADO

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→ A ênclise com relação ao verbo auxiliar é sempre possível,


esteja o verbo principal no infinitivo, no gerúndio ou no
particípio.

As pessoas precisam-se tratar com respeito.


As pessoas seguem-se tratando com respeito.
As pessoas têm-me sido gentis.

As únicas exceções são: se houver um dos casos de próclise


obrigatória e se o verbo auxiliar estiver no futuro, casos em que
a ênclise é vedada.

As pessoas indignas não precisam-se tratar com respeito. ERRADO


As pessoas precisarão-se tratar com respeito. ERRADO

→ A ênclise com relação ao verbo principal é possível somente


se ele estiver no infinitivo ou no gerúndio.

As pessoas precisam tratar-se com respeito.


As pessoas seguem tratando-se com respeito.

Portanto, não se admite a ênclise com verbo no particípio, como


já vimos.

As pessoas têm sido-me gentis. ERRADO

Agora que analisamos, detalhadamente, as possibilidades específicas


de Colocação Pronominal, podemos perceber que:

→ Quando o verbo principal estiver no infinitivo ou no


gerúndio, todas as quatro posições serão possíveis. No
entanto, cabe ressaltar que alguns gramáticos condenam
a próclise ao verbo principal (que deixa o pronome solto
entre os verbos) e a próclise ao verbo auxiliar.
Exceto: se o pronome iniciar o período (caso em que a
próclise ao verbo auxiliar será vedada) e se houver

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partícula atrativa antes do verbo auxiliar (caso em que a
ênclise ao verbo auxiliar será vedada).
→ Quando o verbo principal estiver no particípio, será
vedado o emprego do pronome após o verbo principal,
pois nunca é possível usar ênclise em verbos no
particípio.
Para que você fixe bem o que foi dito acima, leia atentamente o
quadro-resumo abaixo e os exemplos.

VERBO AUXILIAR + INFINITIVO

Sem As pessoas se precisam tratar com respeito. (*)


partícula
atrativa de As pessoas precisam-se tratar com respeito.
próclise.
As pessoas precisam se tratar com respeito. (*)

As pessoas precisam tratar-se com respeito.

Com As pessoas não se precisam tratar com respeito.


partícula
atrativa de – a ênclise ao auxiliar é vedada –
próclise.
As pessoas não precisam se tratar com respeito. (*)

As pessoas não precisam tratar-se com respeito.


(*) uso não recomendado pela norma culta.

VERBO AUXILIAR + GERÚNDIO

Sem As pessoas se seguem tratando com respeito. (*)


partícula
atrativa de As pessoas seguem-se tratando com respeito.
próclise.
As pessoas seguem se tratando com respeito. (*)

As pessoas seguem tratando-se com respeito.

Com As pessoas não se seguem tratando com respeito.


partícula
atrativa de – a ênclise ao auxiliar é vedada –
próclise.
As pessoas não seguem se tratando com respeito. (*)

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As pessoas não seguem tratando-se com respeito.


(*) uso não recomendado pela norma culta.

VERBO AUXILIAR + PARTICÍPIO

Sem As pessoas me têm sido gentis. (*)


partícula
atrativa de As pessoas têm-me sido gentis.
próclise.
As pessoas têm me sido gentis. (*)

– a ênclise ao particípio sempre é vedada –

Com As pessoas não me têm sido gentis.


partícula
atrativa de – a ênclise ao auxiliar é vedada –
próclise.
As pessoas não têm me sido gentis. (*)

– a ênclise ao particípio é sempre vedada –

(*) uso não recomendado pela norma culta.

OBSERVAÇÃO:
Para finalizar nossa aula de hoje, vamos analisar a seguinte situação:
locução formada por VERBO AUXILIAR + PREPOSIÇÃO + VERBO
PRINCIPAL. Nesses casos, o pronome será posicionado conforme as
mesmas regras acima. Veja:

As pessoas se hão de tratar com respeito. (*)


As pessoas hão de se tratar com respeito. (*)
As pessoas hão de tratar-se com respeito.

(*) uso não recomendado pela norma culta.

Nessas situações, é vedada apenas a ênclise ao verbo auxiliar:

As pessoas hão-se de tratar com respeito. ERRADO

Vamos resolver esta questão, cobrada em concurso recente, na


qual se aborda a Colocação Pronominal em locução verbal:

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(CESPE) Nível Superior – CADE/2014


(Adaptada)
Com base nos seus conhecimentos, julgue o item abaixo:
Em “começam a se parecer”, o pronome “se” poderia ser
deslocado para imediatamente após a forma verbal “parecer”,
escrevendo-se começam a parecer-se.

Comentários
A questão pede que você julgue (como certo ou errado, do
ponto de vista gramatical) o deslocamento do pronome “se”
para depois do verbo “parecer”, na locução verbal “começam
a parecer-se”.
Acabamos de aprender como posicionar corretamente o
pronome oblíquo átono na locução verbal em que há, entre os
verbos, a presença de uma preposição.
Nesse tipo de locução (em que existe a preposição entre
os verbos) haverá uma proibição adicional: não se usará
a ênclise ao verbo auxiliar. Portanto, seria errado dizer
“começam-se a parecer”. No mais, seguiremos as mesmas
regras indicadas para quaisquer locuções verbais.
Trata-se de locução formada por VERBO AUXILIAR +
INFINITIVO, caso em que são permitidas todas as quatro
posições do pronome. EXCETO: se o pronome iniciar o
período (caso em que a próclise ao verbo auxiliar será
vedada) e se houver partícula atrativa antes do verbo
auxiliar (caso em que a ênclise ao verbo auxiliar será
vedada).
Assim, nada impede a ênclise ao verbo principal, que será
possível na frase “começam a parecer-se”, de modo que a
afirmativa está CORRETA.
GABARITO: CERTO

Aqui, encerramos a nossa parte teórica da aula de pronomes. Foi uma


aula extensa, não é mesmo? Caso sinta que ainda está um pouco
confuso sobre o assunto, aconselho que releia a aula depois, mais
uma vez, de modo a melhor fixar o tema.
Para ajudar você no processo, separei 20 questões sobre pronome.
Resolva os exercícios e depois consulte os comentários na parte das
“Questões Comentadas”. Vamos lá?

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QUESTÕES PROPOSTAS

Questão 01 – (FGV) Assistente Administrativo – FUNARTE/2014

A GRATIDÃO
Desta vez, trago-vos algumas histórias e fico grato pelo tempo que possa ser
dispensado à sua leitura. Falam-nos de gratidão e poderão fazer-nos pensar no
quanto a gratidão fará, ou não, parte das nossas vidas. Estou certo de que sabereis
extrair a moral da história. Uma brasileira, sobrevivente de um campo de extermínio
nazista, contou que, por duas vezes, esteve numa fila que a encaminhava para a
câmara de gás. E que, nas duas vezes, o mesmo soldado alemão a retirou da fila.
Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na França. Quando as tropas de
Hitler invadiram o país, Salazar ordenou que não se concedesse visto para quem
tentasse fugir do nazismo. Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus
de uma morte certa. Pagou bem caro pela sua atitude humanitária. Salazar
destituiu-o do cargo e o fez viver na miséria até o fim da vida. Diz um provérbio
judeu que “quem salva uma vida salva a humanidade”. Em sinal de gratidão, há
vinte árvores plantadas em sua memória no Memorial do Holocausto, em Jerusalém.
E Aristides recebeu dos israelenses o título de “Justo entre as Nações”, o que
equivale a uma canonização católica. Quando um empregado de um frigorífico foi
inspecionar a câmara frigorífica, a porta se fechou e ele ficou preso dentro dela.
Bateu na porta, gritou por socorro, mas todos haviam ido para suas casas. Já
estava muito debilitado pela baixa temperatura, quando a porta se abriu e o vigia o
resgatou com vida. Perguntaram ao vigia-salvador: Por que foi abrir a porta da
câmara, se isso não fazia parte de sua rotina de trabalho? Ele explicou: Trabalho
nesta empresa há 35 anos, vejo centenas de empregados que entram e saem, todos
os dias, e esse é o único funcionário que me cumprimenta ao chegar e se despede
ao sair. Hoje ele me disse “bom dia” ao chegar. E não percebi que se despedisse de
mim. Imaginei que poderia lhe ter acontecido algo. Por isso o procurei e o encontrei.
Talvez a gratidão devesse ser uma rotina nas nossas vidas, algo indissociável da
relação humana, mas talvez ande arredada dos nossos cotidianos, dos nossos
gestos. E se começássemos cada dia dando gracias a la vida, como faria a Violeta?
(José Pacheco, Dicionário de valores.)

A primeira frase do texto emprega a expressão “Desta vez”; a forma “esta”


do pronome demonstrativo se justifica porque:

a) se refere a um local próximo ao enunciador


b) se liga a um termo referido anteriormente
c) se prende ao último termo de uma enumeração
d) alude a um momento presente
e) antecipa um termo do futuro do texto

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Questão 02 – (CESPE) Escrivão – Polícia Federal/2013

Com relação à função e à linguagem das correspondências oficiais, julgue o


item seguinte.

Formas de tratamento como Vossa Excelência e Vossa Senhoria, ainda que


sejam empregadas sempre na segunda pessoa do plural e no feminino, exigem
flexão verbal de terceira pessoa; além disso, o pronome possessivo que faz
referência ao pronome de tratamento também deve ser o de terceira pessoa, e o
adjetivo que remete ao pronome de tratamento deve concordar em gênero e
número com a pessoa.

Questão 03 – (FCC) Analista de Procuradoria PGE-BA/2013


(Adaptada)

Apesar de os afilhados saberem que o padrinho não iria enfrentar nenhum litígio,
principalmente depois de viver a intensa experiência do coma, retiveram os
documentos que entregara a eles por ocasião da venda da mansão, e o fizeram a
fim de reivindicar um valor mais alto para a negociação. Eram tantos os prós da
venda, neles inclusos a vultosa soma que receberiam, que todos os parentes
endossaram a iniciativa do velho senhor, mas, ao mesmo tempo, quiseram reforçar
sua dúvida quanto ao destino da quantia apurada, não tanto por verem que as
possibilidades eram muitas, mas principalmente por reconhecerem sua incapacidade
de lidar com aplicações financeiras.

Com base nos seus conhecimentos, julgue o item a seguir:


A ambiguidade apresentada no texto é gerada pelo emprego do pronome
“sua” (sublinhada no texto), que tanto pode remeter a “do velho
senhor” (sublinhada no texto), quanto a “todos os parentes” (sublinhada no texto).

Questão 04 – (ESAF) Analista de Planejamento e Orçamento - MPOG/2010


(Adaptada)

(Texto para as questões 04 e 05)

A experiência da modernidade é algo que só pode ser pensado a partir de alguns


conceitos fundamentais. Um deles é o conceito de civilização. Tal conceito, a
exemplo dos que constituem a base da estrutura da experiência ocidental, é algo
tornado possível apenas por meio de seu contraponto, qual seja, o conceito de
barbárie.
Assim como a ideia de civilização implica a ideia de barbárie, a experiência da
modernidade (que não deve ser pensada como algo que já aconteceu, mas como
algo que deve estar sempre acontecendo, um porvir) implica a experiência da
violência que a tornou possível – a violência fundadora da modernidade. O processo
civilizatório se constitui a partir da conquista de territórios e posições ocupados
pela barbárie. Tal processo se dá de forma contínua, num movimento insistente que
está sendo sempre recomeçado. Pensando em termos de experiência moderna,
todas as grandes conquistas ou invasões das terras alheias tiveram como
justificativa a ocupação dos espaços da barbárie.
(Adaptado de Ruberval Ferreira, Guerra na língua: mídia, poder e terrorismo. 2007, p. 79-80)

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Com base nos seus conhecimentos, julgue o item a seguir:

A flexão de masculino no termo "pensado" (sublinhado no texto) indica que o


pronome relativo "que" (sublinhado no texto) retoma, nas relações de coesão, o
pronome "algo" (sublinhado no texto) e não o substantivo "experiência" (sublinhado
no texto).

Questão 05 – (ESAF) Analista de Planejamento e Orçamento - MPOG/2010


(Adaptada)

(Responda com base no texto da questão anterior.)

Com base nos seus conhecimentos, julgue o item a seguir:

As estruturas sintáticas do texto permitem o deslocamento do pronome átono em


"se constitui" (em negrito no texto) e "se dá" (em negrito no texto) para depois do
verbo, escrevendo-se, respectivamente, constitui-se e dá-se, sem que com isso se
prejudique a correção ou a coerência do texto.

Questão 06 – (FCC) Analista Legislativo – AL-PE/2014

Blogs e Colunistas
Sérgio Rodrigues

Sobre palavras
Nossa língua escrita e falada numa abordagem irreverente

02/02/2012
Consultório
‘No aguardo’, isso está certo?
“Parece que virou praga: de dez e-mails de trabalho que me chegam, sete ou oito
terminam dizendo ‘no aguardo de um retorno’! Ou outra frase parecida com esta,
mas sempre incluindo a palavra ‘aguardo’. Isso está certo? Que diabo de palavra é
esse ‘aguardo’ que não é verbo? Gostaria de conhecer suas considerações a
respeito.”
(Virgílio Mendes Neto)

Virgílio tem razão: uma praga de “no aguardo” anda infestando nossa língua.
Convém tomar cuidado, nem que seja por educação: antes de entrarmos nos
aspectos propriamente linguísticos da questão, vale refletir por um minuto sobre o
que há de rude numa fórmula de comunicação que poderia ser traduzida mais ou
menos assim: “Estou aqui esperando, vê se responde logo!”.
(Onde terá ido parar um clichê consagrado da polidez como “Agradeço
antecipadamente sua resposta”? Resposta possível: foi aposentado
compulsoriamente ao lado de outros bordados verbais do tempo das cartas
manuscritas, porque o meio digital privilegia as mensagens diretas e não tem

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tempo a perder com hipocrisias. O que equivale a dizer que, sendo o meio a
mensagem, como ensinou o teórico da comunicação Marshall McLuhan, a internet é
casca-grossa por natureza. Será mesmo?)
Quanto à questão da existência, bem, o substantivo “aguardo” existe acima de
qualquer dúvida. O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa não o reconhece,
mas isso se explica: estamos diante de um regionalismo brasileiro, um termo que
tem vigência restrita ao território nacional. Desde que foi dicionarizado pela
primeira vez, por Cândido de Figueiredo, em 1899, não faltam lexicógrafos para lhe
conferir “foros de cidade”, como diria Machado de Assis. Trata-se de um vocábulo
formado por derivação regressiva a partir do verbo aguardar. Tal processo, que já
era comum no latim, é o mesmo por meio do qual, por exemplo, do verbo fabricar
se extraiu o substantivo fábrica.

Considerada a norma culta escrita, há correta substituição de estrutura


nominal por pronome em:

a) Agradeço antecipadamente sua resposta (sublinhado no texto) // Agradeço-lhes


antecipadamente
b) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica (sublinhado no texto) // do
verbo fabricar se extraiu-lhe
c) não faltam lexicógrafos (sublinhado no texto) // não faltam-os
d) Gostaria de conhecer suas considerações (sublinhado no texto) // Gostaria de
conhecê-las
e) incluindo a palavra ‘aguardo’ (sublinhado no texto) // incluindo ela

Questão 07 – (CESPE) Auxiliar de Necropsia – SEAD-SE/2009


(Adaptada)

A maturidade do internetês
O internetês, a grafia popularizada pela Internet, vai além das abreviações e
consolida estilo informal e afetivo da comunicação escrita.
Desde a popularização da Internet, em meados da década passada, muita coisa
mudou nos hábitos de escrita e comunicação. Os e-mails, as salas de bate-papo, os
comunicadores instantâneos (MSN), os blogs e as redes sociais (Orkut, Facebook)
são populares entre os adolescentes. Estima-se em 40 milhões o número de
internautas no Brasil.
Muitas pessoas veem no internetês um mal, acreditam no comprometimento da
forma padrão da língua. Outras pessoas, entretanto, dizem que a Internet não tem
culpa, pois haverá sempre a separação entre a língua coloquial e a formal.
Já que o avanço tecnológico é um processo irreversível e deixa marcas na
linguagem, cabe aos pais, aos professores e aos educadores orientar os alunos para
que o interesse virtual reverta-se em produção escrita, não importando se os textos
produzidos forem a tinta ou digitados no computador.
(Edgard Murano. A maturidade do internetês. In: Revista Língua Portuguesa. Osasco –
SP, ano 3, n.º 40. fev. 2009, p. 25-7.) (com adaptações)

Observando o sentido, o emprego e a estrutura das palavras e expressões


do texto, julgue o seguinte item.

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Na expressão “Muitas pessoas” (sublinhada no texto), a palavra “Muitas” indica
intensidade.

Questão 08 – (FCC) Agente de Defensoria – DPE-SP/2013

Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-nos a vila de São Paulo como
centro de amplo sistema de estradas expandindo-se rumo ao sertão e à costa. Os
toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam, não raro, quem pretenda
servir-se desses documentos para a elucidação de algum ponto obscuro de nossa
geografia histórica. Recordam-nos, entretanto, a singular importância dessas
estradas para a região de Piratininga, cujos destinos aparecem assim representados
em um panorama simbólico. Neste caso, como em quase tudo, os adventícios
deveram habituar-se às soluções e muitas vezes aos recursos materiais dos
primitivos moradores da terra. Às estreitas veredas e atalhos que estes tinham
aberto para uso próprio, nada acrescentariam aqueles de considerável, ao menos
durante os primeiros tempos. Para o sertanista branco ou mamaluco, o incipiente
sistema de viação que aqui encontrou foi um auxiliar tão prestimoso e necessário
quanto o fora para o indígena. Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas
selvagens, em que tão bem se revelam suas afinidades com o gentio, mestre e
colaborador inigualável nas entradas, sabiam os paulistas como transpor pelas
passagens mais convenientes as matas espessas ou as montanhas aprumadas, e
como escolher sítio para fazer pouso e plantar mantimentos. Eram de vária espécie
esses tênues e rudimentares caminhos de índios. Quando em terreno fragoso e bem
vestido, distinguiam- se graças aos galhos cortados a mão de espaço a espaço. Uma
sequência de tais galhos, em qualquer floresta, podia significar uma pista. Nas
expedições breves serviam de balizas ou mostradores para a volta. Era o processo
chamado ibapaá, segundo Montoya, caapeno, segundo o padre João Daniel,
cuapaba, segundo Martius, ou ainda caapepena, segundo Stradelli: talvez o mais
generalizado, não só no Brasil como em quase todo o continente americano. Onde
houvesse arvoredo grosso, os caminhos eram comumente assinalados a golpes de
machado nos troncos mais robustos. Em campos extensos, chegavam em alguns
casos a extremos de sutileza. Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na
serra de Tunuí: constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes
desiguais, a maior metida na terra, e a outra, em ângulo reto com a primeira,
mostrando o rio. Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o sinal.
(Sérgio Buarque de Holanda. Caminhos e fronteiras. 3.ed. S. Paulo: Cia. das Letras, 1994.
p.19-20.)

A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os


necessários ajustes, foi realizada de modo INCORRETO em:

a) mostrando o rio = mostrando-o. (sublinhado no texto)


b) como escolher sítio = como escolhê-lo. (sublinhado no texto)
c) transpor [...] as matas espessas = transpor-lhes. (sublinhado no texto)
d) Às estreitas veredas [...] nada acrescentariam = nada lhes acrescentariam.
(sublinhado no texto)
e) viu uma dessas marcas = viu uma delas. (sublinhado no texto)

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Curso Regular
Teoria e questões comentadas
Prof. Ludimila Lamounier – Aula 04
Questão 09 – (FGV) Auditor Fiscal – SEFAZ-RJ/2011
(Adaptada)

Último Desejo
Nosso amor que eu não esqueço
E que teve o seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete
Sem retrato e sem bilhete
Sem luar, sem violão
Perto de você me calo
Tudo penso e nada falo
Tenho medo de chorar
Nunca mais quero o seu beijo
Mas meu último desejo
Você não pode negar
Se alguma pessoa amiga pedir
Que você lhe diga
Se você me quer ou não
Diga que você me adora
Que você lamenta e chora
A nossa separação
Às pessoas que eu detesto
Diga sempre que eu não presto
Que meu lar é o botequim
Que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida
Que você pagou pra mim

(Noel Rosa)

No trecho grifado acima, há quantas ocorrências de pronomes?

a) Sete
b) Seis
c) Oito
d) Cinco

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Teoria e questões comentadas
Prof. Ludimila Lamounier – Aula 04
Questão 10 – (FCC) Analista Judiciário – TRT-16ª Região/2014
(Adaptada)

A lacuna na frase “Um prefácio para o qual nossa inteira atenção esteja
voltada certamente conterá qualidades ______ força é impossível resistir.”
preenche-se adequadamente pelo seguinte elemento:

a) a cuja
b) de cuja a
c) por cuja
d) de que a
e) das quais a

Questão 11 – (FGV) Auditor – CGE-MA/2014


(Adaptada)

“Platão imaginou uma república idílica em que os governantes seriam filósofos, ou


os filósofos governantes”.

Sobre os componentes desse segmento do texto, julgue o item a seguir.

O pronome relativo “que” se refere ao antecedente “república”.

Questão 12 – (FGV) Analista Direito – MPE-RS/2013

Perigosa Intolerância
Recentemente, em "Avenida Brasil" - brilhante novela de João Emanuel Carneiro -
era possível acompanhar uma trama que unia dois homens e uma mulher, e outra
que abordava o casamento entre um homem e três mulheres. Neste segundo
caso, com direito a vestidos nas noivas e beijos enfileirados lado a lado.
Esse fato não provocou o menor alvoroço na sociedade como causa a
manifestação de afeto entre duas pessoas do mesmo sexo. Paradoxalmente,
por algum critério de moralismo seletivo, o tal "beijo gay" ainda continua sendo um
tabu.
Sou casado há 17 anos. Uma relação pública abençoada por toda nossa família. É
importante ressaltar que casamento civil nada tem a ver com nenhuma cerimônia
religiosa. A definição de casamento, segundo o Código Civil, art. 1511: "O
casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e
deveres dos cônjuges".
Por que, afinal, as pessoas querem se casar? Porque em nosso país cidadãos que se
unem para dividir uma vida em comum só têm a ampla proteção, em direitos e
deveres, se realizado o casamento civil, estabelecido no Código Civil. 0 ministro Luiz
Felipe Salomão, do STJ, em decisão sobre casamento civil, declarou em seu voto:
"Com efeito, se é verdade que o casamento civil é a forma pela qual o Estado
melhor protege a família, e sendo múltiplos os 'arranjos' familiares reconhecidos
pela Carta Magna, não há de ser negada essa via a nenhuma família que por ela
optar, independentemente da orientação sexual dos partícipes, uma vez que as
famílias constituídas por pares homoafetivos possuem os mesmos núcleos, a
dignidade das pessoas de seus membros e o afeto".

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Teoria e questões comentadas
Prof. Ludimila Lamounier – Aula 04
No último dia 6, a coluna de um jornalista noticiou que uma conversão de união
estável em casamento entre duas pessoas do mesmo sexo na cidade fluminense de
Sapucaia deve sofrer represália de um grupo religioso que promete uma passeata
contra a união e já roda um abaixo-assinado para tentar anular a decisão. É muito
perigoso esse nível de intolerância e interferência na vida dos outros que tem
acontecido no Brasil. Pessoas têm se unido para fazer com que as regras da sua
religião sejam impostas à sociedade, mesmo aos que não comungam de sua fé.
Reconheço que não vejo a comunidade judaica organizar-se para impor suas regras
e viabilizar um projeto de lei que proíba o consumo de carne de porco no país ou
para que tenhamos de respeitar o shabat. Não vejo a comunidade muçulmana se
organizar para criar uma lei onde todos têm de se ajoelhar para Meca ao meio-dia.
Por que então algumas pessoas "em nome" de determinadas religiões tentam impor
seu Deus e suas regras a toda uma sociedade? Não preciso ser negro para lutar
contra o racismo. Não preciso ser judeu para lutar contra o antissemitismo. E você
não precisa ser homossexual para lutar contra a homofobia.
(Carlos Tufvesson. O Globo. 15/12/2012)

"Neste segundo caso, com direito a vestidos nas noivas e beijos enfileirados lado a
lado. Esse fato não provocou o menor alvoroço na sociedade como causa a
manifestação de afeto entre duas pessoas do mesmo sexo". (trecho em negrito no
texto).

A observação correta sobre o emprego dos demonstrativos sublinhados é:

a) A forma "neste" é incorreta, pois se refere a um termo anterior e, por isso


mesmo, deveria assumir a forma "nesse".
b) A forma "esse" é incorreta, já que se refere a um termo imediatamente
anterior e, por isso, a forma correta seria "este".
c) A forma "esse" é correta, visto que se refere a um fato que ocorre no presente,
tendo em vista o momento de elaboração do texto.
d) A forma "neste" está correta, pois se refere ao elemento mais próximo, entre
dois termos anteriores.
e) As duas formas estão corretas pois se referem, respectivamente, a termos
próximos do falante e do interlocutor.

Questão 13 – (ESAF) Fiscal de Rendas – SMF-RJ/2010

Com o advento do Estado Social e Democrático de Direito, ganhou força a tese que
defende a necessidade de interpretar a relação jurídica tributária de forma
contextualizada com o valor constitucional da solidariedade social. Isso não
significa, porém, que a busca da solidariedade social prevalecerá sempre sobre
todas as demais normas constitucionais, pois sempre existirão situações em que
restará configurada a supremacia de outros valores, também positivados no texto
constitucional.
A solidariedade de que trata a Constituição, no entanto, é a solidariedade genérica,
referente à sociedade como um todo, em oposição à solidariedade de grupos sociais
homogêneos, a qual se refere a direitos e deveres de um grupo social específico. Por
força da solidariedade genérica, é lógico concluir que cabe a cada cidadão brasileiro
dar a sua contribuição para o financiamento do “Estado Social e Tributário de
Direito”.

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Teoria e questões comentadas
Prof. Ludimila Lamounier – Aula 04
Infelizmente, é um fato cultural e histórico o contribuinte ver na arrecadação dos
tributos uma “subtração”, em vez de uma contribuição a um Erário comum. Diante
disso, o tema da solidariedade é fundamental, porque leva a uma reflexão sobre as
razões pelas quais se pagam tributos, ou porque deva existir uma lealdade
tributária.
(Daniel Prochalski, Solidariedade social e tributação.
http://jus2.uol.com.br/Doutrina/texto, acesso em 9/6/2010, com adaptações.)

Com relação ao emprego do pronome relativo, mantêm-se a coerência entre


os argumentos e a correção gramatical do texto ao usar

a) por que em lugar de "pelas quais" (sublinhado no texto)


b) na qual em lugar de "em que" (sublinhado no texto)
c) que em lugar de "de que" (sublinhado no texto)
d) a que em lugar de "a qual" (sublinhado no texto)
e) em que em lugar de "que" (sublinhado no texto)

Questão 14 – (CESPE) Cargos de Nível Superior – MPE-PI/2012


(Adaptada)

Nossa espécie passou os últimos 150 mil anos melhorando o cérebro. Mas uma
pesquisa recém-publicada por uma equipe da Universidade de Cambridge reforçou
uma tese recorrente na neurociência: a de que nossa inteligência chegou a seu
limite. Os estudos ainda devem prosseguir para confirmá-la, mas esse trabalho,
somado aos que vinham sendo realizados nos últimos anos, não deixa margem para
muitas dúvidas.
Se evoluísse ainda mais, nosso sistema nervoso passaria a consumir energia e
oxigênio a tal ponto que atrapalharia o funcionamento do resto do organismo — e
isso nunca vai acontecer porque nos inviabilizaria como espécie. Depois de uma
longa evolução, nos últimos duzentos anos chegamos ao limite da inteligência.
Existe no nosso corpo uma espécie de balança comercial de energia. O custo
mínimo não nos deixa muito inteligentes, enquanto o investimento máximo custa
caro demais para o organismo. Em nossa história evolutiva, caminhamos para
melhorar nossas conexões cerebrais, mas há um momento em que o custo para
manter o sistema nervoso causaria uma pane nos outros órgãos, ou seja: chegamos
a um ponto em que ser ainda mais esperto significa ter um organismo que vai
funcionar mal.
Ed Bullmore. Nosso cérebro chegou ao limite. In: Galileu. Internet:
<http://revistagalileu.globo.com> (com adaptações)

Acerca dos aspectos linguísticos e dos sentidos do texto acima, julgue o


item a seguir.

No trecho “somado aos que vinham sendo realizados nos últimos anos”
(sublinhado no texto), o elemento “aos” poderia ser corretamente substituído
por àqueles.

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Questão 15 – (FCC) Soldado da Polícia Militar – PM-BA/2012

A relação do baiano Dorival Caymmi com a música teve início quando, ainda
menino, cantava no coro da igreja com voz de baixo-cantante. Esse pontapé inicial
foi o estímulo necessário para a construção, já em terras cariocas, entre reis e
rainhas do rádio, de um estilo inconfundível quase sem seguidores na música
popular brasileira.
No Rio, em 1938, depois de pegar um lia (navios que faziam transporte de
passageiros do norte do país em direção ao sul) em busca de melhores
oportunidades de emprego, Dorival Caymmi chegou a pensar em ser jornalista e
ilustrador. No entanto, para felicidade de seu amigo Jorge Amado, acabou sendo
cooptado pelo mar de melodias e poesias que circulava em seu rico processo de
criação.
A obra de Caymmi é equilibrada peta qualidade: melodia e letra apresentam um
grande poder de sintetizar o simples, eternizar o regional, declarar em música as
tradições de sua amada Bahia. O mar, Itapoã, as festas do Bonfim e da Conceição
da Praia, os fortes em ruínas, tudo sobrevive em Caymmi, que cresceu ouvindo
histórias nas praias da Bahia, junto aos pescadores, convivendo com o drama das
mulheres que esperam seus maridos voltarem (ou não) em saveiros e jangadas.
(André Diniz. Almanaque do samba. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Ed., 2006, p. 78)

... tudo sobrevive em Caymmi ... (3º parágrafo)

O pronome grifado acima

a) indica a presença de alguns temas, sobretudo ligados às festividades da Bahia,


que despertavam a curiosidade de alguns cantores nessa época.
b) acentua a importância de Caymmi como um famoso compositor do rádio, o meio
de divulgação mais conhecido no Rio de Janeiro.
c) demonstra as influências recebidas por Caymmi de cantores famosos no Rio de
Janeiro, que garantiram o sucesso de suas músicas.
d) refere-se à presença dos diferentes elementos que serviram de inspiração para
outros compositores, que também faziam sucesso no rádio.
e) sintetiza a sequencia, que vinha sido apresentada, dos temas referentes à Bahia
abordados por Caymmi em suas músicas.

Questão 16 – (CESPE) Analista Comunicação Social – SERPRO/2013

O novo milênio ― designado como era do conhecimento, da informação ― é


marcado por mudanças de relevante importância e por impactos econômicos,
políticos e sociais. Em épocas de transformações tão radicais e abrangentes como
essa, caracterizada pela transição de uma era industrial para uma baseada no
conhecimento, aumenta-se o grau de indefinições e incertezas. Há, portanto, que se
fazer esforço redobrado para identificar e compreender esses novos processos — o
que exige o desenvolvimento de um novo quadro conceitual e analítico que permita
captar, mensurar e avaliar os elementos que determinam essas mudanças — e para
distinguir, entre as características e tendências emergentes, as que são mais
duradouras das que são transitórias, ou seja, lidar com a necessidade do que Milton
Santos resumiu como distinguir o modo da moda.

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No novo padrão técnico-econômico, notam-se a crescente inovação, intensidade e
complexidade dos conhecimentos desenvolvidos e a acelerada incorporação desses
nos bens e serviços produzidos e comercializados pelas organizações e pela
sociedade. Destacam-se, sobretudo, a maior velocidade, a confiabilidade e o baixo
custo de transmissão, armazenamento e processamento de enormes quantidades de
conhecimentos codificados e de outros tipos de informação.
Helena Maria Martins Lastres et al. Desafios e oportunidades da era do conhecimento.
In: São Paulo em Perspectiva, 16(3), 2002, p. 60-1 (com adaptações)

No que se refere às estruturas linguísticas do texto, julgue o item a seguir.

A correção gramatical do texto seria mantida, caso a mesma forma de colocação do


pronome “se” no segmento “que se fazer esforço” (sublinhado no texto) —
anteposição à forma verbal — fosse empregada em “aumenta-se” (sublinhado no
texto), “notam-se” (sublinhado no texto) e “Destacam-se” (sublinhado no texto).

Questão 17 – (FCC) Analista Judiciário – TRT – 18ª Região/2013

No ano de 1296, ao lançarem a pedra fundamental da Igreja de Santa Maria Del


Fiore − a Catedral de Florença −, os governantes da cidade italiana iniciavam uma
empreitada épica que se estenderia por quase 600 anos. Tão grandioso que parece
estabelecer uma conexão entre o casario florentino e o céu, o edifício em questão só
seria concluído no século XIX. A obra foi interrompida por surtos de peste que
chegaram a dizimar quatro quintos da população local. Enfrentaram-se
contratempos para transportar em barquetas ao longo do Rio Arno enormes
quantidades de materiais como o mármore da vizinha Carrara. A dificuldade mais
monumental, contudo, provinha dos desafios técnicos do projeto, como a
construção da cúpula da igreja que ficou sob o comando de Filippo Brunelleschi.
O gênio de Brunelleschi residia em seu domínio da dinâmica dos materiais e da
matemática. Ele inventou um guindaste capaz de içar toneladas de material do chão
ao cume da abóbada da Catedral só com a tração de alguns bois. Mas a grande
façanha da obra foi embutir ao longo dos oito lados da cúpula nove anéis
circulares horizontais − referência aos círculos quecompõem o Paraíso na
Divina Comédia de Dante Alighieri. Os anéis neutralizam as forças de
tensão, mantendo a estrutura suspensa. A façanha fez de Brunelleschi a primeira
celebridade da arquitetura.
Paranoico com o risco de plágio, ele fazia seus projetos em código. Irascível, foi
extremamente rigoroso com pedreiros grevistas. Em outra ocasião, armou uma
farsa para humilhar seu rival, o escultor Lorenzo Ghiberti. Inconformado por ter de
dividir com ele o gerenciamento da construção, Brunelleschi teria se fingido de
doente para que ficasse a cargo de Ghiberti a decisão sobre como tocar a obra. Ao
expor a inépcia do desafeto, ganhou mais poder e triplicou seu salário. Diante do
milagre de Santa Maria Del Fiore, fica uma certeza: cada florim pago ao genioso
arquiteto foi muito bem gasto.
(Adaptado de: Marcelo Marthe. Revista Veja, 12/06/13. p. 136)

...embutir ao longo dos oito lados da cúpula nove anéis circulares horizontais –
referência aos círculos que compõem o Paraíso na Divina Comédia de Dante
Alighieri. Os anéis neutralizam as forças de tensão... (trecho em negrito no texto)

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Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos sublinhados acima


foram corretamente substituídos por um pronome, na ordem dada, em:

a) os embutir - compõem-lhe - as neutralizam


b) embuti-los - compõem-no - neutralizam-nas
c) embutir-lhes - o compõem - lhe neutralizam
d) embuti-los - lhe compõem - as neutralizam
e) embutir-lhes - compõem-o - neutralizam-nas

Questão 18 – (ESAF) Assistente de Chancelaria - MRE/2004

Marque a frase em que o pronome onde está empregado corretamente.

a) Estudo recente sobre a competitividade da economia brasileira revelou que a


produtividade do País está contaminada pela ação da economia informal. De onde
podemos concluir que qualquer redução na informalidade seria benéfica para elevar
a taxa de crescimento.
b) Muitos defendem a informalidade como solução para o desemprego. É uma
percepção equivocada, que não enxerga o quanto cresce o comércio ilegal de
produtos, onde 80% pratica sonegação no varejo de alimentos.
c) Acreditando no potencial criativo e inovador do brasileiro, grandes organizações
estão promovendo concursos de natureza variada, onde os interessados poderão se
inscrever e concorrer a prêmios valiosos.
d) A visita da delegação estrangeira está prevista para a primeira semana de
setembro, onde deverão seus integrantes permanecer durante todo o período
participando de reuniões com políticos e empresários, em Brasília e São Paulo.
e) Depois de longamente debatido na esfera política, o programa de assentamento
foi levado para ser discutido pelas comunidades do Nordeste, região onde têm se
agravado os litígios pela ocupação e posse da terra.

Questão 19 – (FGV) Delegado de Polícia – PC-AP/2010


(Adaptada)

Observa-se o correto emprego do pronome relativo em:

a) O julgamento a que se assistiu foi transmitido via satélite.


b) Eis um programa de TV cujo o assunto me interessa.
c) O escritor que me refiro nasceu e viveu no interior.
d) Foi preso o procurado o qual a imprensa deu destaque.
e) Esse é um medicamento onde sem ele o paciente não sobrevive.

Questão 20 – (FGV) Delegado de Polícia – PC-AP/2010


(Adaptada)

A alternativa que contraria a colocação pronominal exigida pelo padrão


escrito culto é:

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a) Os órgãos aos quais se destinam as verbas desenvolvem projetos de segurança
pública.
b) Dever-se-ia refletir sobre a construção histórica da violência.
c) Não põe-se em prática uma adequada política de prevenção ao crime.
d) O jovem prefeito foi-se afirmando no cenário político.
e) O secretário vai enviar-lhe os resultados da pesquisa no início da semana.

GABARITO
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
D C C C C D E C A A
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
C D A C E E B E A C

QUESTÕES COMENTADAS

Questão 01 – (FGV) Assistente Administrativo –


FUNARTE/2014
GRATIDÃO
Desta vez, trago-vos algumas histórias e fico grato pelo tempo que
possa ser dispensado à sua leitura. Falam-nos de gratidão e poderão
fazer-nos pensar no quanto a gratidão fará, ou não, parte das nossas
vidas. Estou certo de que sabereis extrair a moral da história. Uma
brasileira, sobrevivente de um campo de extermínio nazista, contou
que, por duas vezes, esteve numa fila que a encaminhava para a
câmara de gás. E que, nas duas vezes, o mesmo soldado alemão a
retirou da fila. Aristides de Sousa Mendes foi cônsul de Portugal na
França. Quando as tropas de Hitler invadiram o país, Salazar ordenou
que não se concedesse visto para quem tentasse fugir do nazismo.
Contrariando o ditador, Aristides salvou dez mil judeus de uma morte
certa. Pagou bem caro pela sua atitude humanitária. Salazar
destituiu-o do cargo e o fez viver na miséria até o fim da vida. Diz um
provérbio judeu que “quem salva uma vida salva a humanidade”. Em
sinal de gratidão, há vinte árvores plantadas em sua memória no
Memorial do Holocausto, em Jerusalém. E Aristides recebeu dos
israelenses o título de “Justo entre as Nações”, o que equivale a uma

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Prof. Ludimila Lamounier – Aula 04
canonização católica. Quando um empregado de um frigorífico foi
inspecionar a câmara frigorífica, a porta se fechou e ele ficou preso
dentro dela. Bateu na porta, gritou por socorro, mas todos haviam ido
para suas casas. Já estava muito debilitado pela baixa temperatura,
quando a porta se abriu e o vigia o resgatou com vida. Perguntaram
ao vigia-salvador: Por que foi abrir a porta da câmara, se isso não
fazia parte de sua rotina de trabalho? Ele explicou: Trabalho nesta
empresa há 35 anos, vejo centenas de empregados que entram e
saem, todos os dias, e esse é o único funcionário que me
cumprimenta ao chegar e se despede ao sair. Hoje ele me disse “bom
dia” ao chegar. E não percebi que se despedisse de mim. Imaginei
que poderia lhe ter acontecido algo. Por isso o procurei e o encontrei.
Talvez a gratidão devesse ser uma rotina nas nossas vidas, algo
indissociável da relação humana, mas talvez ande arredada dos
nossos cotidianos, dos nossos gestos. E se começássemos cada dia
dando gracias a la vida, como faria a Violeta?
(José Pacheco, Dicionário de valores.)

A primeira frase do texto emprega a expressão “Desta vez”; a


forma “esta” do pronome demonstrativo se justifica porque:

a) se refere a um local próximo ao enunciador


b) se liga a um termo referido anteriormente
c) se prende ao último termo de uma enumeração
d) alude a um momento presente
e) antecipa um termo do futuro do texto

Comentários
Na parte teórica da aula, aprendemos que os pronomes
demonstrativos são os responsáveis por indicar a posição dos
seres em relação às pessoas do discurso, ou seja, situam as
pessoas ou coisas no tempo ou no espaço.
O pronome a ser analisado na questão é o demonstrativo “esta”.
Vamos, então, relembrar algumas particularidades sobre o seu uso:
- Com relação à localização espacial do referente, é empregado se
o referente encontra-se próximo à pessoa que fala;
- Com relação à localização temporal do referente, é empregado
para fazer referência a um tempo presente;
- Com relação à localização textual do referente, é empregado para
anunciar uma informação que ainda será mencionada.

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Após relembrar as situações de uso do pronome “esta”, você deve


analisar o porquê do seu emprego. Esse tipo de cobrança é recorrente
nos exames, o que exige do candidato mesclar seus conhecimentos
gramaticais com os de interpretação de textos. É importante estar
atento a isso!
Note que a expressão “desta vez”, no contexto, não se refere
diretamente a nenhum elemento apresentado posteriormente, muito
menos foi utilizada para indicar proximidade do referente com relação
à pessoa que fala. “Desta vez” introduz a ideia de agora, de
momento presente. Por meio da expressão, o narrador informa ao
leitor que, já tendo tratado de outros temas, vai, a partir de então,
apresentar outras histórias.
Assim, a forma “esta” do pronome demonstrativo foi
empregada em alusão ao tempo presente, como mostra a
alternativa D.
GABARITO: D

Questão 02 – (CESPE) Escrivão – Polícia Federal/2013

Com relação à função e à linguagem das correspondências


oficiais, julgue o item seguinte.

Formas de tratamento como Vossa Excelência e Vossa Senhoria,


ainda que sejam empregadas sempre na segunda pessoa do plural e
no feminino, exigem flexão verbal de terceira pessoa; além disso, o
pronome possessivo que faz referência ao pronome de tratamento
também deve ser o de terceira pessoa, e o adjetivo que remete ao
pronome de tratamento deve concordar em gênero e número com a
pessoa.

Comentários
Temos, aqui, uma questão de Pronome de Tratamento: pronomes
pessoais usados em reverência a autoridades ou em contextos
comunicativos cuja formalidade os exige.
Você pode ter a impressão de se tratar de uma questão difícil, mas,
ao analisá-la com calma, veremos que não há nenhum “bicho de sete
cabeças”. Vamos analisar a primeira parte da afirmativa:
“Formas de tratamento como Vossa Excelência e Vossa Senhoria,
ainda que sejam empregadas sempre na segunda pessoa do plural e
no feminino, exigem flexão verbal de terceira pessoa (...)”.
Com relação à afirmação acima, vimos, na aula de hoje, que os

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pronomes de tratamento apresentam uma peculiaridade: eles
referem-se à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem
se fala), tanto que usam o termo “VOSSA”. Apesar disso, a
concordância com os demais elementos da oração dar-se-á na
terceira pessoa.
Desse modo, conforme é afirmado na questão, a flexão verbal
ocorrerá na terceira pessoa, e não na segunda. Observe: "Vossa
Senhoria chegou cedo hoje"; "Vossa Excelência julgou bem o
recurso".
Agora, vamos analisar a segunda parte da afirmativa:
“(...) além disso, o pronome possessivo que faz referência ao
pronome de tratamento também deve ser o de terceira pessoa (...)”.
Também, nesse quesito, está correta a afirmativa. Os pronomes
possessivos utilizados em referência a pronomes de
tratamento serão sempre empregados em concordância com a
terceira pessoa. Ex: “Vossa Senhoria já indicou suas preferências”,
ao invés de “Vossa Senhoria já indicou vossas preferências”.
Por fim, temos o trecho final da afirmativa:
“(...) e o adjetivo que remete ao pronome de tratamento deve
concordar em gênero e número com a pessoa.”
Com relação aos adjetivos utilizados em referência aos
pronomes de tratamento, temos que o gênero gramatical deve
concordar com o gênero (sexo) da pessoa a que se refere, e
não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se “Vossa
Senhoria” for homem, devemos dizer: “Vossa Senhoria é muito
capacitado para o cargo”. Se, por outro lado, for mulher, diremos:
“Vossa Senhoria é muito capacitada para o cargo”.
Alternativa CERTA.
GABARITO: CERTO

Questão 03 – (FCC) Analista de Procuradoria PGE-BA/2013


(Adaptada)

Apesar de os afilhados saberem que o padrinho não iria enfrentar


nenhum litígio, principalmente depois de viver a intensa experiência
do coma, retiveram os documentos que entregara a eles por ocasião
da venda da mansão, e o fizeram a fim de reivindicar um valor mais
alto para a negociação. Eram tantos os prós da venda, neles inclusos
a vultosa soma que receberiam, que todos os parentes endossaram a
iniciativa do velho senhor, mas, ao mesmo tempo, quiseram reforçar
sua dúvida quanto ao destino da quantia apurada, não tanto por

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verem que as possibilidades eram muitas, mas principalmente por
reconhecerem sua incapacidade de lidar com aplicações financeiras.

Com base nos seus conhecimentos, julgue o item a seguir:


A ambiguidade apresentada no texto é gerada pelo emprego do
pronome “sua” (sublinhada no texto), que tanto pode remeter a “do
velho senhor” (sublinhada no texto), quanto a “todos os
parentes” (sublinhada no texto).

Comentários
A questão pede que você analise o uso do pronome “SUA” no texto.
Trata-se de pronome possessivo, tipo pronominal que confere
ideia de posse em relação às pessoas do discurso.
O pronome possessivo sempre irá concordar – em gênero (masculino
ou feminino) e número (plural e singular) – com a coisa possuída, e
não com o possuidor.
Vimos, na parte teórica da aula, que os possessivos “seu, sua,
seus, suas” podem gerar ambiguidade quanto ao possuidor,
se usados em períodos em que há mais de uma terceira
pessoa, justamente por concordarem com a coisa possuída (e
não com o possuidor).
De fato, no texto apresentado, fica difícil distinguir se a dúvida
(com a qual concorda o pronome “sua”) pertence ao “velho
senhor” ou a “todos os parentes”.
Nesses casos, o correto seria substituir o pronome possessivo em
comento pelas formas “dele” (caso a dúvida seja do “velho senhor”)
ou “dela” (caso a dúvida seja de “todos os parentes”).
GABARITO: CERTO

Questão 04 – (ESAF) Analista de Planejamento e Orçamento -


MPOG/2010
(Adaptada)

(Texto para as questões 04 e 05)

A experiência da modernidade é algo que só pode ser pensado a partir


de alguns conceitos fundamentais. Um deles é o conceito de
civilização. Tal conceito, a exemplo dos que constituem a base da
estrutura da experiência ocidental, é algo tornado possível apenas por
meio de seu contraponto, qual seja, o conceito de barbárie.

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Assim como a ideia de civilização implica a ideia de barbárie, a
experiência da modernidade (que não deve ser pensada como algo
que já aconteceu, mas como algo que deve estar sempre
acontecendo, um porvir) implica a experiência da violência que a
tornou possível – a violência fundadora da modernidade. O processo
civilizatório se constitui a partir da conquista de territórios e
posições ocupados pela barbárie. Tal processo se dá de forma
contínua, num movimento insistente que está sendo sempre
recomeçado. Pensando em termos de experiência moderna, todas as
grandes conquistas ou invasões das terras alheias tiveram como
justificativa a ocupação dos espaços da barbárie.
(Adaptado de Ruberval Ferreira, Guerra na língua: mídia, poder e terrorismo. 2007,
p. 79-80.)

Com base nos seus conhecimentos, julgue o item a seguir:

A flexão de masculino no termo "pensado" (sublinhado no texto)


indica que o pronome relativo "que" (sublinhado no texto) retoma,
nas relações de coesão, o pronome "algo" (sublinhado no texto) e não
o substantivo "experiência" (sublinhado no texto).

Comentários
Esta questão exige de você conhecimentos ligados a Coesão Textual,
Interpretação de Texto e Pronome. Já aprendemos tudo isso até o
momento, de modo que não haverá dificuldade para você resolvê-la.
A questão pede a análise do seguinte período:
“A experiência da modernidade é algo que só pode ser pensado a
partir de alguns conceitos fundamentais.”
Como vimos na aula de Coesão Textual (Aula 01), os pronomes são
mecanismos de coesão por excelência, porque são amplamente
usados para retomar ou projetar termos em um texto.
No trecho em comento, os pronomes “algo” e “que” funcionam,
ambos, como elementos coesivos anafóricos, pois retomam
termos já expressos no texto.
Note que, embora a ideia retomada pelos dois operadores (“algo” e
“que”) seja a mesma, os termos retomados não o são.
O pronome indefinido “algo” resume a expressão anterior
“experiência da modernidade”. O pronome relativo “que”, por sua
vez, retoma o termo “algo” para ligá-lo ao restante da oração.
Observe, portanto, que a expressão “experiência da modernidade”
foi resumida no pronome indefinido “algo”, e este foi retomado pelo

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pronome relativo “que”. A partir desse momento, na oração, a
concordância dar-se-á com o vocábulo “algo”.
Correta está, portanto, a afirmativa da questão, pois o termo
“pensado” concorda, de fato, com o termo “algo”, e não com
“experiência”.
GABARITO: CERTO

Questão 05 – (ESAF) Analista de Planejamento e Orçamento -


MPOG/2010
(Adaptada)
1

(Responda com base no texto da questão anterior.)

Com base nos seus conhecimentos, julgue o item a seguir:

As estruturas sintáticas do texto permitem o deslocamento do


pronome átono em "se constitui" (em negrito no texto) e "se dá" (em
negrito no texto) para depois do verbo, escrevendo-se,
respectivamente, constitui-se e dá-se, sem que com isso se
prejudique a correção ou a coerência do texto.

Comentários
Temos, aqui, uma questão típica de Colocação Pronominal. Para a
resolução do exercício, vamos relembrar alguns conceitos da aula
teórica.
Aprendemos, ao longo desta aula, que a regra geral de Colocação
Pronominal é a ênclise (o pronome posicionado após o verbo).
Assim, se não estivermos diante de uma das exceções vistas, o mais
indicado é que se utilize a ênclise.
A questão pede que analisemos a colocação dos pronomes nas
seguintes orações: “O processo civilizatório se constitui (...)” e “Tal
processo se dá (...)”.
Em ambas as orações, não se observa a ocorrência de nenhum dos
casos determinantes de próclise ou mesóclise, motivo pelo qual seria
(até mesmo) mais sensato utilizar a ênclise: “O processo civilizatório
constitui-se (...)” e “Tal processo dá-se (...)”.
A afirmativa está, portanto, correta.
GABARITO: CERTO

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Questão 06 – (FCC) Analista Legislativo – AL-PE/2014

Blogs e Colunistas
Sérgio Rodrigues

Sobre palavras
Nossa língua escrita e falada numa abordagem irreverente

02/02/2012
Consultório
‘No aguardo’, isso está certo?
“Parece que virou praga: de dez e-mails de trabalho que me chegam,
sete ou oito terminam dizendo ‘no aguardo de um retorno’! Ou outra
frase parecida com esta, mas sempre incluindo a palavra ‘aguardo’.
Isso está certo? Que diabo de palavra é esse ‘aguardo’ que não é
verbo? Gostaria de conhecer suas considerações a respeito.”
(Virgílio Mendes Neto)

Virgílio tem razão: uma praga de “no aguardo” anda infestando


nossa língua. Convém tomar cuidado, nem que seja por educação:
antes de entrarmos nos aspectos propriamente linguísticos da
questão, vale refletir por um minuto sobre o que há de rude numa
fórmula de comunicação que poderia ser traduzida mais ou menos
assim: “Estou aqui esperando, vê se responde logo!”.
(Onde terá ido parar um clichê consagrado da polidez como
“Agradeço antecipadamente sua resposta”? Resposta possível: foi
aposentado compulsoriamente ao lado de outros bordados verbais do
tempo das cartas manuscritas, porque o meio digital privilegia as
mensagens diretas e não tem tempo a perder com hipocrisias. O que
equivale a dizer que, sendo o meio a mensagem, como ensinou o
teórico da comunicação Marshall McLuhan, a internet é casca-grossa
por natureza. Será mesmo?)
Quanto à questão da existência, bem, o substantivo “aguardo”
existe acima de qualquer dúvida. O dicionário da Academia das
Ciências de Lisboa não o reconhece, mas isso se explica: estamos
diante de um regionalismo brasileiro, um termo que tem vigência
restrita ao território nacional. Desde que foi dicionarizado pela
primeira vez, por Cândido de Figueiredo, em 1899, não faltam
lexicógrafos para lhe conferir “foros de cidade”, como diria Machado
de Assis. Trata-se de um vocábulo formado por derivação regressiva

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a partir do verbo aguardar. Tal processo, que já era comum no latim,
é o mesmo por meio do qual, por exemplo, do verbo fabricar se
extraiu o substantivo fábrica.

Considerada a norma culta escrita, há correta substituição de


estrutura nominal por pronome em:

a) Agradeço antecipadamente sua resposta (sublinhado no texto) //


Agradeço-lhes antecipadamente
b) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica (sublinhado no
texto) // do verbo fabricar se extraiu-lhe
c) não faltam lexicógrafos (sublinhado no texto) // não faltam-os
d) Gostaria de conhecer suas considerações (sublinhado no texto) //
Gostaria de conhecê-las
e) incluindo a palavra ‘aguardo’ (sublinhado no texto) // incluindo ela

Comentários
Esta questão testa seus conhecimentos de pronome. A intenção é
verificar se os termos da oração foram substituídos pelos pronomes
oblíquos adequados, bem como se esses pronomes foram colocados
na posição correta.
Uma vez que não tivemos, ainda, a aula sobre sintaxe, vou
relembrar algo que já informei em alguns momentos da aula: o
objeto direto completa o verbo sem o uso de preposição,
enquanto o objeto indireto completa o verbo com o uso de
preposição.
Vimos, acima, que os pronomes “O”, “A”, “OS” e “AS” funcionam
apenas como objeto direto; que os pronomes “LHE” e “LHES”
funcionam apenas como objeto indireto; e que os pronomes “ME”,
“TE”, “SE”, “NOS” e “VOS” funcionam tanto como objeto direto
quanto como objeto indireto.
Assim, vamos analisar cada alternativa acima, a fim de encontrar
aquela em que o pronome oblíquo átono foi empregado de forma
CORRETA.

Alternativa A – No trecho, vemos que o termo “sua resposta”


completa o verbo “agradeço” sem o uso da preposição. Dessa
forma, “sua resposta” funciona como objeto direto, e o pronome que
o substitui também deve sê-lo. Sabemos que o pronome oblíquo
átono “LHE” só funciona como objeto indireto, razão pela qual a

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alternativa está incorreta. O correto é dizer “Agradeço-a
antecipadamente”.
Alternativa B – Nesta alternativa, assim como na anterior, o
pronome “LHE” foi empregado erroneamente, pois está
substituindo um objeto direto (“o substantivo fábrica”). Como
vimos, o pronome “LHE” deve funcionar apenas como objeto indireto.
Alternativa C – Aqui, houve o emprego do tipo pronominal correto
(“OS”) na função de objeto direto, uma vez que o termo substituído
(“lexicógrafos”) complementa o verbo “faltam” sem o uso de
preposição. Há, no entanto, dois erros na substituição. Se a forma
verbal terminar em “M”, o pronome deve ser acrescido da letra “N”
(“faltam-nos”). Além disso, a palavra “não” funciona como partícula
atrativa do pronome, motivo pelo qual deve ser empregada a
próclise (“não os faltam”). Alternativa incorreta.
Alternativa D – Esta é a alternativa correta, pois empregou-se o
pronome oblíquo átono “AS”, o qual sempre possui função
sintática de objeto direto. Note que o termo substituído (“suas
considerações”) completa o verbo “conhecer” sem intermédio de
preposição. A forma “LAS” justifica-se porque a forma verbal termina
em “R”.
Alternativa E – Aqui, o termo “a palavra aguardo” foi substituído
pelo pronome “ELA”. Nós aprendemos que o vocábulo “ELA”
funcionará como pronome oblíquo apenas com a regência da
preposição. Os únicos casos em que os pronomes “ELE”, “ELA”,
“NÓS”, “VÓS”, “ELES”, “ELAS” podem funcionar como OBJETO
DIRETO (sem a preposição) serão: se vierem precedidos dos
termos “TODOS”, “SÓ”, “APENAS”, ou se vierem seguidos de
numeral. Na frase analisada, não ocorre nenhum desses casos, de
modo que o emprego do “ELA” (com função de objeto direto) está
equivocado.
GABARITO: D

Questão 07 – (CESPE) Auxiliar de Necropsia – SEAD-SE/2009


(Adaptada)

A maturidade do internetês
O internetês, a grafia popularizada pela Internet, vai além das
abreviações e consolida estilo informal e afetivo da comunicação
escrita.
Desde a popularização da Internet, em meados da década passada,
muita coisa mudou nos hábitos de escrita e comunicação. Os e-mails,
as salas de bate-papo, os comunicadores instantâneos (MSN), os
blogs e as redes sociais (Orkut, Facebook) são populares entre os

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adolescentes. Estima-se em 40 milhões o número de internautas no
Brasil.
Muitas pessoas veem no internetês um mal, acreditam no
comprometimento da forma padrão da língua. Outras pessoas,
entretanto, dizem que a Internet não tem culpa, pois haverá sempre a
separação entre a língua coloquial e a formal.
Já que o avanço tecnológico é um processo irreversível e deixa
marcas na linguagem, cabe aos pais, aos professores e aos
educadores orientar os alunos para que o interesse virtual reverta-se
em produção escrita, não importando se os textos produzidos forem a
tinta ou digitados no computador.
(Edgard Murano. A maturidade do internetês. In: Revista Língua Portuguesa.
Osasco – SP, ano 3, n.º 40. fev. 2009, p. 25-7.) (com adaptações)

Observando o sentido, o emprego e a estrutura das palavras e


expressões do texto, julgue o seguinte item.

Na expressão “Muitas pessoas” (sublinhada no texto), a palavra


“Muitas” indica intensidade.

Comentários
Foi observado, na parte teórica da aula, que o pronome “muito” pode
exercer função de pronome indefinido, função de advérbio e função de
adjetivo. Essa múltipla funcionalidade costuma causar confusões e ser
objeto de muitas questões como esta.
Para evitar essas confusões, eu dei algumas dicas, na parte teórica da
aula, que ajudam a identificar a correta função do termo “muito”.
Observe:
Será pronome indefinido se anteceder substantivo para lhe
atribuir indeterminação ou vagueza. O “muito”, nesses casos,
será variável e concordará com o substantivo.
Para ter certeza de que se trata de pronome indefinido,
aconselho que você substitua o termo por “algum” ou que
tente colocar o pronome e o substantivo no plural.
É justamente isso o que ocorre no texto, observe:
Muitas pessoas veem no internetês... (Algumas pessoas veem no
internetês...)
Nessa oração, portanto, o termo “muitas” está funcionando como
pronome indefinido. Seu objetivo é acompanhar o substantivo para
conferir-lhe vagueza e indeterminação, e não intensidade.

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Para dar a ideia de intensidade, como sugere a questão, o vocábulo
“muito” deveria figurar na função de advérbio, caso em que o termo
seria invariável e modificaria o sentido de verbos, advérbios ou
adjetivos.
GABARITO: ERRADO

Questão 08 – (FCC) Agente de Defensoria – DPE-SP/2013

Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-nos a vila de São


Paulo como centro de amplo sistema de estradas expandindo-se rumo
ao sertão e à costa. Os toscos desenhos e os nomes estropiados
desorientam, não raro, quem pretenda servir-se desses documentos
para a elucidação de algum ponto obscuro de nossa geografia
histórica. Recordam-nos, entretanto, a singular importância dessas
estradas para a região de Piratininga, cujos destinos aparecem assim
representados em um panorama simbólico. Neste caso, como em
quase tudo, os adventícios deveram habituar-se às soluções e muitas
vezes aos recursos materiais dos primitivos moradores da terra. Às
estreitas veredas e atalhos que estes tinham aberto para uso próprio,
nada acrescentariam aqueles de considerável, ao menos durante os
primeiros tempos. Para o sertanista branco ou mamaluco, o incipiente
sistema de viação que aqui encontrou foi um auxiliar tão prestimoso e
necessário quanto o fora para o indígena. Donos de uma capacidade
de orientação nas brenhas selvagens, em que tão bem se revelam
suas afinidades com o gentio, mestre e colaborador inigualável nas
entradas, sabiam os paulistas como transpor pelas passagens mais
convenientes as matas espessas ou as montanhas aprumadas, e
como escolher sítio para fazer pouso e plantar mantimentos. Eram de
vária espécie esses tênues e rudimentares caminhos de índios.
Quando em terreno fragoso e bem vestido, distinguiam- se graças aos
galhos cortados a mão de espaço a espaço. Uma sequência de tais
galhos, em qualquer floresta, podia significar uma pista. Nas
expedições breves serviam de balizas ou mostradores para a volta.
Era o processo chamado ibapaá, segundo Montoya, caapeno, segundo
o padre João Daniel, cuapaba, segundo Martius, ou ainda caapepena,
segundo Stradelli: talvez o mais generalizado, não só no Brasil como
em quase todo o continente americano. Onde houvesse arvoredo
grosso, os caminhos eram comumente assinalados a golpes de
machado nos troncos mais robustos. Em campos extensos, chegavam
em alguns casos a extremos de sutileza. Koch-Grünberg viu uma
dessas marcas de caminho na serra de Tunuí: constava simplesmente
de uma vareta quebrada em partes desiguais, a maior metida na
terra, e a outra, em ângulo reto com a primeira, mostrando o rio. Só
a um olhar muito exercitado seria perceptível o sinal.

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(Sérgio Buarque de Holanda. Caminhos e fronteiras. 3.ed. S. Paulo: Cia. das Letras,
1994. p.19-20.)

A substituição do elemento grifado pelo pronome


correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada de
modo INCORRETO em:

a) mostrando o rio = mostrando-o. (sublinhado no texto)


b) como escolher sítio = como escolhê-lo. (sublinhado no texto)
c) transpor [...] as matas espessas = transpor-lhes. (sublinhado no
texto)
d) Às estreitas veredas [...] nada acrescentariam = nada lhes
acrescentariam. (sublinhado no texto)
e) viu uma dessas marcas = viu uma delas. (sublinhado no texto)

Comentários
Eis aqui mais uma questão cuja cobrança recai sobre a função
sintática dos pronomes oblíquos. Vou relembrar, portanto, as
duas informações mais importantes para responder este tipo de
questão:
1) o objeto direto completa o verbo sem o uso de preposição,
enquanto o objeto indireto completa o verbo com o uso de
preposição.
2) os pronomes “O”, “A”, “OS” e “AS” funcionam apenas como
objeto direto; os pronomes “LHE” e “LHES” funcionam apenas
como objeto indireto; e os pronomes “ME”, “TE”, “SE”, “NOS” e
“VOS” funcionam tanto como objeto direto quanto como objeto
indireto.
Assim, vamos analisar cada alternativa para encontrar aquela em que
o pronome oblíquo átono foi empregado de forma INCORRETA.

Alternativa A – No trecho, vemos que o termo “o rio” completa o


verbo “mostrar” sem o uso da preposição (quem mostra, mostra
algo). Funciona, portanto, como objeto direto. O pronome indicado
para substituir objeto direto é o pronome “O”, corretamente
empregado em “mostrando-o”.
Alternativa B – Também, nesta alternativa, houve o correto
emprego do pronome “O”, em substituição ao objeto direto “sítio”. A
variação “LO” (“escolhê-lo”) justifica-se em virtude da terminação,
em letra “R”, do verbo “escolher”.

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Alternativa C – O pronome oblíquo átono “LHES” não está
empregado adequadamente, pois substitui o termo “as matas
espessas”, que possui função de objeto direto. Vimos que o
pronome “LHE” funciona apenas como objeto indireto. Alternativa
incorreta.
Alternativa D – Ao contrário da alternativa anterior, houve, aqui, o
correto emprego do pronome “LHES”, o qual sempre funciona
como objeto indireto. Note que o termo substituído (“às estreitas
veredas”) completa o verbo “acrescentariam” com o intermédio de
preposição (a crase em “ÀS” indica justamente a contração da
preposição “A” com o artigo “AS”). Observe, ainda, que a
colocação do pronome (antes do verbo) também está adequada, em
razão da força atrativa do vocábulo negativo (“nada”).
Alternativa E – A substituição do termo “dessas marcas” pela
contração “delas” (preposição “DE” + pronome “ELAS”) está
adequada.
GABARITO: C

Questão 09 – (FGV) Auditor Fiscal – SEFAZ-RJ/2011


(Adaptada)

Último Desejo
Nosso amor que eu não esqueço
E que teve o seu começo
Numa festa de São João
Morre hoje sem foguete
Sem retrato e sem bilhete
Sem luar, sem violão
Perto de você me calo
Tudo penso e nada falo
Tenho medo de chorar
Nunca mais quero o seu beijo
Mas meu último desejo
Você não pode negar
Se alguma pessoa amiga pedir
Que você lhe diga
Se você me quer ou não
Diga que você me adora

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Que você lamenta e chora
A nossa separação
Às pessoas que eu detesto
Diga sempre que eu não presto
Que meu lar é o botequim
Que eu arruinei sua vida
Que eu não mereço a comida
Que você pagou pra mim

(Noel Rosa)

No trecho grifado acima, há quantas ocorrências de


pronomes?
a) Sete
b) Seis
c) Oito
d) Cinco

Comentários
A questão pede que identifiquemos todos os pronomes do trecho
grifado. Vamos fazer isso por partes.

Diga que você me adora


Que você lamenta e chora

Nos versos acima, há o pronome pessoal de tratamento “você”,


usado duas vezes, e o pronome pessoal oblíquo átono “me”.
OBS: o “que”, nos dois versos, figura como conjunção, e não como
pronome.

A nossa separação

Acima, há o emprego do pronome possessivo “nossa”.

Às pessoas que eu detesto

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Aqui, vemos o pronome relativo “que” e o pronome pessoal reto


“eu”. OBS: O “que” exerce função de pronome relativo porque
retoma o substantivo “pessoas”.

Diga sempre que eu não presto

Aqui, vemos o pronome pessoal reto “eu”. OBS: o “que” figura


como conjunção, e não como pronome.
Foram localizados, portanto, sete pronomes relativos no trecho acima
destacado.
GABARITO: A

Questão 10 – (FCC) Analista Judiciário – TRT-16ª Região/2014


(Adaptada)

“Um prefácio para o qual nossa inteira atenção esteja voltada


certamente conterá qualidades ______ força é impossível resistir.”

O elemento que preenche adequadamente a lacuna acima é:

a) a cuja
b) de cuja a
c) por cuja
d) de que a
e) das quais a

Comentários
O conselho que eu dou, para responder questões deste tipo, é que
leia atentamente a frase em que se encontra a lacuna, a fim de
compreender o sentido dela. Após isso, teste as alternativas para
escolher o termo que melhor preencha a lacuna.
Para melhor examinar a frase, proponho dividi-la em duas. Assim,
será possível antecipar a ideia contida na lacuna:

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Um prefácio para o qual nossa inteira atenção esteja voltada
certamente conterá qualidades. / É impossível resistir à força dessas
qualidades.

O objetivo do termo a ser encaixado na frase deve ser o seguinte:


atribuir uma relação de posse entre o termo anterior à lacuna
(“qualidades”) e o termo posterior (“força”). Vimos que o
pronome relativo “CUJO” exerce justamente essa função.
Na aula de hoje, aprendemos que NUNCA se deve usar artigo após
o pronome relativo “CUJO”. Essa informação já elimina a
Alternativa B.
As demais alternativas em que o “CUJO” aparece são: “A CUJA” e
“POR CUJA”.
Ambas apresentam a forma feminina do pronome, o que está correto,
pois, como vimos, o “cujo” concordará com o consequente (“força”).
Agora, vamos substituir cada uma das duas formas:
1) “(...) certamente conterá qualidades A CUJA força é impossível
resistir (...)” significa dizer que “é impossível resistir à força das
qualidades”. A substituição está correta, pois a preposição “A”, antes
de “cuja”, segue a regência do verbo “resistir” (quem resiste, resiste
a algo).
2) “(...) certamente conterá qualidades POR CUJA força é impossível
resistir (...)” significa dizer que “é impossível resistir por força das
qualidades”. A substituição está errada.
GABARITO: A

Questão 11 – (FGV) Auditor – CGE-MA/2014


(Adaptada)

“Platão imaginou uma república idílica em que os governantes seriam


filósofos, ou os filósofos governantes”.

Sobre os componentes desse segmento do texto, julgue o


item a seguir.

O pronome relativo “que” se refere ao antecedente “república”.

Comentários
Para responder a esta questão, é preciso relembrar que pronome
relativo é aquele pronome que retoma um termo expresso
anteriormente, a fim de estabelecer uma relação de

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subordinação entre duas orações. Como vimos na Aula 01, trata-
se de elemento de coesão referencial anafórica.
O pronome relativo “que” é bastante utilizado na Língua Portuguesa
por ser invariável (concorda com todos os gêneros e número) e por
referir-se tanto a coisas quanto a pessoas.
No caso da questão, veja que a frase pode ser desmembrada da
seguinte maneira:

Platão imaginou uma república idílica.


Na república idílica, os governantes seriam filósofos, ou os filósofos
governantes.

Ao analisarmos as frases acima, entendemos que o pronome


relativo “que” foi utilizado para retomar o termo “república”,
em um mesmo período, para que não fosse necessário repeti-
lo.
Caso ainda reste dúvida quanto à função do “que” na frase, substitua-
o por uma de suas formas variáveis (o qual, os quais, a qual, as
quais):
“Platão imaginou uma república idílica, na qual os governantes...”.
Assim, você terá a confirmação de que o “que” está exercendo função
de pronome relativo, bem como de que se refere mesmo ao termo
“república”.
GABARITO: CERTO

Questão 12 – (FGV) Analista Direito – MPE-RS/2013

Perigosa Intolerância
Recentemente, em "Avenida Brasil" - brilhante novela de João
Emanuel Carneiro - era possível acompanhar uma trama que unia dois
homens e uma mulher, e outra que abordava o casamento entre um
homem e três mulheres. Neste segundo caso, com direito a
vestidos nas noivas e beijos enfileirados lado a lado. Esse fato
não provocou o menor alvoroço na sociedade como causa a
manifestação de afeto entre duas pessoas do mesmo sexo.
Paradoxalmente, por algum critério de moralismo seletivo, o tal "beijo
gay" ainda continua sendo um tabu.
Sou casado há 17 anos. Uma relação pública abençoada por toda
nossa família. É importante ressaltar que casamento civil nada tem a
ver com nenhuma cerimônia religiosa. A definição de casamento,
segundo o Código Civil, art. 1511: "O casamento estabelece

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comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres
dos cônjuges".
Por que, afinal, as pessoas querem se casar? Porque em nosso país
cidadãos que se unem para dividir uma vida em comum só têm a
ampla proteção, em direitos e deveres, se realizado o casamento civil,
estabelecido no Código Civil. 0 ministro Luiz Felipe Salomão, do STJ,
em decisão sobre casamento civil, declarou em seu voto: "Com efeito,
se é verdade que o casamento civil é a forma pela qual o Estado
melhor protege a família, e sendo múltiplos os 'arranjos' familiares
reconhecidos pela Carta Magna, não há de ser negada essa via a
nenhuma família que por ela optar, independentemente da orientação
sexual dos partícipes, uma vez que as famílias constituídas por pares
homoafetivos possuem os mesmos núcleos, a dignidade das pessoas
de seus membros e o afeto".
No último dia 6, a coluna de um jornalista noticiou que uma
conversão de união estável em casamento entre duas pessoas do
mesmo sexo na cidade fluminense de Sapucaia deve sofrer represália
de um grupo religioso que promete uma passeata contra a união e já
roda um abaixo-assinado para tentar anular a decisão. É muito
perigoso esse nível de intolerância e interferência na vida dos outros
que tem acontecido no Brasil. Pessoas têm se unido para fazer com
que as regras da sua religião sejam impostas à sociedade, mesmo aos
que não comungam de sua fé.
Reconheço que não vejo a comunidade judaica organizar-se para
impor suas regras e viabilizar um projeto de lei que proíba o consumo
de carne de porco no país ou para que tenhamos de respeitar o
shabat. Não vejo a comunidade muçulmana se organizar para criar
uma lei onde todos têm de se ajoelhar para Meca ao meio-dia. Por
que então algumas pessoas "em nome" de determinadas religiões
tentam impor seu Deus e suas regras a toda uma sociedade? Não
preciso ser negro para lutar contra o racismo. Não preciso ser judeu
para lutar contra o antissemitismo. E você não precisa ser
homossexual para lutar contra a homofobia.
(Carlos Tufvesson. O Globo. 15/12/2012)

"Neste segundo caso, com direito a vestidos nas noivas e beijos


enfileirados lado a lado. Esse fato não provocou o menor alvoroço na
sociedade como causa a manifestação de afeto entre duas pessoas do
mesmo sexo". (trecho em negrito no texto)

A observação correta sobre o emprego dos demonstrativos


sublinhados é:

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a) A forma "neste" é incorreta, pois se refere a um termo anterior e,
por isso mesmo, deveria assumir a forma "nesse".
b) A forma "esse" é incorreta, já que se refere a um termo
imediatamente anterior e, por isso, a forma correta seria "este".
c) A forma "esse" é correta, visto que se refere a um fato que ocorre
no presente, tendo em vista o momento de elaboração do texto.
d) A forma "neste" está correta, pois se refere ao elemento mais
próximo, entre dois termos anteriores.
e) As duas formas estão corretas pois se referem, respectivamente,
a termos próximos do falante e do interlocutor.

Comentários
Como já visto, os pronomes demonstrativos são aqueles que
indicam a posição dos seres em relação às pessoas do
discurso, ou seja, situam as pessoas ou coisas no tempo ou no
espaço.
Os pronomes apresentados nesta questão são os demonstrativos
“este” e “esse” (a forma “neste” consiste na contração da preposição
“em” com o pronome demonstrativo “este”). Vamos, então, relembrar
algumas particularidades sobre o uso de ambos:

PRONOME “ESTE”
- Com relação à localização espacial do referente, é empregado
quando o referente encontra-se próximo à pessoa que fala;
- Com relação à localização temporal do referente, é empregado
quando se faz referência a um tempo presente;
- Com relação à localização textual do referente, é empregado para
anunciar uma informação que ainda será mencionada, e também para
retomar o termo mais próximo dentre dois termos já citados.

PRONOME “ESSE”
- Com relação à localização espacial do referente, é empregado
quando o referente encontra-se próximo à pessoa com quem fala;
- Com relação à localização temporal do referente, é empregado
quando se faz referência a um tempo passado ou futuro;
- Com relação à localização textual do referente, é empregado para
retomar uma informação já mencionada.

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Ao analisar o contexto em que se encontram os pronomes, percebe-se
que ambos foram utilizados para localizar referentes no texto.
Na primeira frase do texto, são mencionados dois casos: (1) a união
entre dois homens e uma mulher e (2) o casamento entre um homem
e três mulheres. Ao utilizar, logo em seguida, a expressão
“neste segundo caso”, o autor quis retomar o termo mais
próximo, ou seja, o caso mencionado por último (2), em vez do
termo mais distante (o caso 1, mencionado primeiro). Desse modo,
foi correto o emprego do pronome demonstrativo “este”.
No período seguinte, por sua vez, a expressão “esse fato” é
empregada para retomar uma informação já mencionada
anteriormente: o caso em que um homem e três mulheres casaram-
se, com direito a vestidos nas noivas e beijos enfileirados lado a lado.
Não houve, assim, a intenção de retomar o termo mais próximo (em
oposição ao termo mais longínquo), tal qual houve na situação acima
analisada. Correto, portanto, o uso do pronome demonstrativo
“esse” como elemento de coesão referencial anafórica.
Assim, correta é a alternativa D.
GABARITO: D

Questão 13 – (ESAF) Fiscal de Rendas – SMF-RJ/2010


Com o advento do Estado Social e Democrático de Direito, ganhou
força a tese que defende a necessidade de interpretar a relação
jurídica tributária de forma contextualizada com o valor constitucional
da solidariedade social. Isso não significa, porém, que a busca da
solidariedade social prevalecerá sempre sobre todas as demais
normas constitucionais, pois sempre existirão situações em que
restará configurada a supremacia de outros valores, também
positivados no texto constitucional.
A solidariedade de que trata a Constituição, no entanto, é a
solidariedade genérica, referente à sociedade como um todo, em
oposição à solidariedade de grupos sociais homogêneos, a qual se
refere a direitos e deveres de um grupo social específico. Por força da
solidariedade genérica, é lógico concluir que cabe a cada cidadão
brasileiro dar a sua contribuição para o financiamento do “Estado
Social e Tributário de Direito”.
Infelizmente, é um fato cultural e histórico o contribuinte ver na
arrecadação dos tributos uma “subtração”, em vez de uma
contribuição a um Erário comum. Diante disso, o tema da
solidariedade é fundamental, porque leva a uma reflexão sobre as
razões pelas quais se pagam tributos, ou porque deva existir uma
lealdade tributária.
(Daniel Prochalski, Solidariedade social e tributação.

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http://jus2.uol.com.br/Doutrina/texto, acesso em 9/6/2010, com adaptações.)

Com relação ao emprego do pronome relativo, mantêm-se a


coerência entre os argumentos e a correção gramatical do
texto ao usar

a) por que em lugar de "pelas quais" (sublinhado no texto)


b) na qual em lugar de "em que" (sublinhado no texto)
c) que em lugar de "de que" (sublinhado no texto)
d) a que em lugar de "a qual" (sublinhado no texto)
e) em que em lugar de "que" (sublinhado no texto)

Comentários
Esta questão testa seus conhecimentos acerca dos pronomes
relativos, os quais, como vimos, retomam termo expresso
anteriormente, a fim de estabelecer relação de subordinação
entre duas orações.
Para respondê-la, é importante relembrar que o pronome relativo
“que” é invariável, ou seja, pode ser utilizado para retomar termos
de qualquer gênero e número. As formas variáveis “o qual”, “a
qual”, “os quais”, “as quais” serão empregadas em concordância
com o gênero e o número do termo retomado.
Dito isso, vamos analisar cada uma das alternativas acima.
Alternativa A – Na frase “as razões pelas quais se pagam tributos”,
é perfeitamente possível substituir-se o pronome relativo “as
quais” pela forma invariável “que”. É importante, nesse caso,
manter a preposição “POR”, que estava contraída com “AS QUAIS”,
na forma “PELAS QUAIS”. Assim, pode-se dizer “as razões POR QUE
se pagam tributos”. Alternativa correta.
Alternativa B – Na frase “situações em que restará configurada a
supremacia”, para substituir o relativo “que”, devemos utilizar a
forma variável que concorde com o termo retomado. O termo
retomado (“situações”) encontra-se no feminino e no plural.
Assim, correto seria substituir o “em que” por “nas quais”
(contração da preposição “EM” com o pronome relativo feminino e
plural “AS QUAIS”), e não por “na qual”, no singular. Alternativa
incorreta.
Alternativa C – Não está correta a supressão do pronome “DE” na
frase “A solidariedade de que trata a Constituição”. A regência do
verbo “tratar” exige o uso da referida preposição (quem trata,

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trata DE algo). Vale lembrar que veremos de maneira aprofundada o
assunto de Regência Nominal e Verbal na Aula 08. Alternativa
incorreta.
Alternativa D – Na frase “a qual se refere a direitos e deveres”, o
pronome relativo sublinhado retoma o termo “solidariedade”,
expresso anteriormente no período. A retomada do termo tem por
objetivo informar que a solidariedade refere-se a direitos e
deveres. Não há, portanto, o uso de qualquer preposição na oração
mencionada, motivo pelo qual está equivocado o emprego de “a que”
(preposição “A” + relativo “QUE”). A substituição possível seria
“que se refere a direitos e deveres”, sem a preposição “A”.
Alternativa incorreta.
Alternativa E – Não está correta a adição da preposição “EM”
na frase “a tese que defende a necessidade”. Isso porque a regência
do verbo “defender” não aceita o uso da preposição “EM” (quem
defende, defende algo, e não em algo). Alternativa incorreta.
GABARITO: A

Questão 14 – (CESPE) Cargos de Nível Superior – MPE-


PI/2012
(Adaptada)

Nossa espécie passou os últimos 150 mil anos melhorando o cérebro.


Mas uma pesquisa recém-publicada por uma equipe da Universidade
de Cambridge reforçou uma tese recorrente na neurociência: a de que
nossa inteligência chegou a seu limite. Os estudos ainda devem
prosseguir para confirmá-la, mas esse trabalho, somado aos que
vinham sendo realizados nos últimos anos, não deixa margem para
muitas dúvidas.
Se evoluísse ainda mais, nosso sistema nervoso passaria a consumir
energia e oxigênio a tal ponto que atrapalharia o funcionamento do
resto do organismo — e isso nunca vai acontecer porque nos
inviabilizaria como espécie. Depois de uma longa evolução, nos
últimos duzentos anos chegamos ao limite da inteligência.
Existe no nosso corpo uma espécie de balança comercial de energia.
O custo mínimo não nos deixa muito inteligentes, enquanto o
investimento máximo custa caro demais para o organismo. Em nossa
história evolutiva, caminhamos para melhorar nossas conexões
cerebrais, mas há um momento em que o custo para manter o
sistema nervoso causaria uma pane nos outros órgãos, ou seja:
chegamos a um ponto em que ser ainda mais esperto significa ter um
organismo que vai funcionar mal.
Ed Bullmore. Nosso cérebro chegou ao limite. In: Galileu.

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Internet: <http://revistagalileu.globo.com> (com adaptações)

Acerca dos aspectos linguísticos e dos sentidos do texto


acima, julgue o item a seguir.

No trecho “somado aos que vinham sendo realizados nos últimos


anos” (sublinhado no texto), o elemento “aos” poderia ser
corretamente substituído por àqueles.

Comentários
Esta questão cobra conhecimentos acerca dos pronomes
demonstrativos. Para respondê-la, teremos, antes de mais nada, que
analisar o seguinte período:
“Os estudos ainda devem prosseguir para confirmá-la, mas esse trabalho,
somado aos que vinham sendo realizados nos últimos anos, não deixa
margem para muitas dúvidas.”
Agora que analisamos o período em comento, observe a seguinte
informação aprendida na aula de hoje:
Todas as vezes em que, ao se retirar o substantivo,
mantiverem-se os artigos “O”, “A”, “OS” e “AS”, essas formas
deixarão de ser artigos e passarão a ser pronomes
demonstrativos.
Observe que foi exatamente o que ocorreu na situação aqui analisada.
Na mencionada frase, foi retirado o termo “TRABALHOS” e
mantido o artigo “OS” (na contração com a preposição “AOS”).
Assim, ele deixa de ser artigo e passa a ser pronome
demonstrativo. Observe:
“(...) mas esse trabalho, somado aos trabalhos que vinham sendo realizados
nos últimos anos”.

Aprendemos, ainda, que, para testar se o “OS” está, de fato,


exercendo função de pronome demonstrativo, é indicado substituí-lo
por “AQUELE(s)”, “AQUELA(s)” ou “AQUILO”.
Assim, na frase em questão, uma vez que se trata de contração da
preposição “A” com o referido demonstrativo “OS”, a substituição
correta deve manter a preposição.
“ÀQUELES” é, portanto, a forma indicada para a substituição,
pois agrega a preposição “A” + o pronome demonstrativo
“AQUELES”.
GABARITO: CERTO

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Questão 15 – (FCC) Soldado da Polícia Militar – PM-BA/2012

A relação do baiano Dorival Caymmi com a música teve início quando,


ainda menino, cantava no coro da igreja com voz de baixo-cantante.
Esse pontapé inicial foi o estímulo necessário para a construção, já em
terras cariocas, entre reis e rainhas do rádio, de um estilo
inconfundível quase sem seguidores na música popular brasileira.
No Rio, em 1938, depois de pegar um lia (navios que faziam
transporte de passageiros do norte do país em direção ao sul) em
busca de melhores oportunidades de emprego, Dorival Caymmi
chegou a pensar em ser jornalista e ilustrador. No entanto, para
felicidade de seu amigo Jorge Amado, acabou sendo cooptado pelo
mar de melodias e poesias que circulava em seu rico processo de
criação.
A obra de Caymmi é equilibrada peta qualidade: melodia e letra
apresentam um grande poder de sintetizar o simples, eternizar o
regional, declarar em música as tradições de sua amada Bahia. O
mar, Itapoã, as festas do Bonfim e da Conceição da Praia, os fortes
em ruínas, tudo sobrevive em Caymmi, que cresceu ouvindo histórias
nas praias da Bahia, junto aos pescadores, convivendo com o drama
das mulheres que esperam seus maridos voltarem (ou não) em
saveiros e jangadas.
(André Diniz. Almanaque do samba. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Ed., 2006, p. 78)

... tudo sobrevive em Caymmi ... (3º parágrafo)

O pronome grifado acima

a) indica a presença de alguns temas, sobretudo ligados às


festividades da Bahia, que despertavam a curiosidade de alguns
cantores nessa época.
b) acentua a importância de Caymmi como um famoso compositor do
rádio, o meio de divulgação mais conhecido no Rio de Janeiro.
c) demonstra as influências recebidas por Caymmi de cantores
famosos no Rio de Janeiro, que garantiram o sucesso de suas
músicas.
d) refere-se à presença dos diferentes elementos que serviram de
inspiração para outros compositores, que também faziam sucesso no
rádio.
e) sintetiza a sequencia, que vinha sido apresentada, dos temas
referentes à Bahia abordados por Caymmi em suas músicas.

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Comentários
Temos, aqui, uma excelente oportunidade para revisar alguns
assuntos aprendidos na presente aula e nas anteriores. Esta questão
envolve conhecimentos relativos a Interpretação de Textos, Coesão
Textual e Pronomes.
O primeiro passo para respondê-la, como vimos na Aula 00, é ler
atentamente o enunciado, a fim de compreender o que ele pede. Após
isso, iremos ao texto, buscar as informações cobradas.
Da leitura do texto, vemos que se trata de uma pequena dissertação
na qual se aborda aspectos da vida de Dorival Caymmi. No primeiro
parágrafo, o autor introduz o tema, ao afirmar a singularidade
estilística de Caymmi para a música popular brasileira, fato que teve,
como pontapé inicial, sua participação no coro da igreja, quando ainda
era criança. No segundo parágrafo, é relatada sua chegada ao Rio de
Janeiro, onde cogitou trabalhar em outras profissões, até ser levado à
vida artística. No terceiro e último parágrafo, o autor fala da obra de
Caymmi e relaciona essa obra com as lembranças que o autor
carregava de sua vida na Bahia.
Com base no resumo acima, teremos que analisar o emprego do
pronome indefinido “TUDO” na seguinte frase:
“O mar, Itapoã, as festas do Bonfim e da Conceição da Praia, os fortes em
ruínas, tudo sobrevive em Caymmi (...)”.

Os pronomes indefinidos, como já sabemos, são mecanismos de


coesão por excelência. No caso acima, o “TUDO” assume função
anafórica, pois retoma os termos anteriormente mencionados
(“o mar, Itapoã, as festas do Bonfim e da Conceição da Praia,
os fortes em ruínas”), para resumi-los em uma só ideia
(“TUDO”), e relacionar essa ideia ao músico Dorival Caymmi.
Dito isso, notamos que a afirmação correta é a contida na
alternativa E, uma vez que o pronome “TUDO” sintetiza a sequência,
anteriormente apresentada, dos temas referentes à Bahia, abordados
por Caymmi em suas músicas.
Perceba que esta questão, embora fácil, pode confundir o candidato
desatento.
As alternativas A, B, C e D (todas incorretas) trazem informações que
estão, de algum modo, relacionadas ao texto. No entanto, essas
informações não se ligam com o pronome “TUDO”, destacado no texto
e cobrado no enunciado.
GABARITO: E

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Questão 16 – (CESPE) Analista Comunicação Social –


SERPRO/2013

O novo milênio ― designado como era do conhecimento, da


informação ― é marcado por mudanças de relevante importância e
por impactos econômicos, políticos e sociais. Em épocas de
transformações tão radicais e abrangentes como essa, caracterizada
pela transição de uma era industrial para uma baseada no
conhecimento, aumenta-se o grau de indefinições e incertezas. Há,
portanto, que se fazer esforço redobrado para identificar e
compreender esses novos processos — o que exige o
desenvolvimento de um novo quadro conceitual e analítico que
permita captar, mensurar e avaliar os elementos que determinam
essas mudanças — e para distinguir, entre as características e
tendências emergentes, as que são mais duradouras das que são
transitórias, ou seja, lidar com a necessidade do que Milton Santos
resumiu como distinguir o modo da moda.
No novo padrão técnico-econômico, notam-se a crescente inovação,
intensidade e complexidade dos conhecimentos desenvolvidos e a
acelerada incorporação desses nos bens e serviços produzidos e
comercializados pelas organizações e pela sociedade. Destacam-se,
sobretudo, a maior velocidade, a confiabilidade e o baixo custo de
transmissão, armazenamento e processamento de enormes
quantidades de conhecimentos codificados e de outros tipos de
informação.
Helena Maria Martins Lastres et al. Desafios e oportunidades da era
do conhecimento.
In: São Paulo em Perspectiva, 16(3), 2002, p. 60-1 (com adaptações)

No que se refere às estruturas linguísticas do texto, julgue o


item a seguir.

A correção gramatical do texto seria mantida, caso a mesma forma de


colocação do pronome “se” no segmento “que se fazer esforço”
(sublinhado no texto) — anteposição à forma verbal — fosse
empregada em “aumenta-se” (sublinhado no texto), “notam-se”
(sublinhado no texto) e “Destacam-se” (sublinhado no texto).

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Comentários
Esta é uma questão típica de Colocação Pronominal. Para a
resolução do exercício, vamos relembrar alguns conceitos da aula
teórica.
Aprendemos, ao longo desta aula, que a regra geral de Colocação
Pronominal é a ênclise (o pronome posicionado após o verbo).
Assim, se não estivermos diante de uma das exceções vistas, o mais
indicado é que se utilize a ênclise.
No segmento “que se fazer esforço”, o pronome “SE” está
colocado antes do verbo (ênclise) em razão da força atrativa
do pronome relativo (“QUE”), que obriga o uso da próclise.
Nos demais casos destacados, no entanto, não se observa nenhuma
das situações obrigatórias de próclise. Ao contrário, trata-se de casos
em que é recomendado o uso da ênclise.
Em “Destacam-se”, jamais será possível usar a próclise, pois, como
aprendemos, é vedado iniciar-se período pelo pronome oblíquo.
Nos outros casos (“aumenta-se” e “notam-se”), também não se pode
usar a próclise, pois o pronome estaria iniciando a oração, após a
vírgula.
GABARITO: ERRADO

Questão 17 – (FCC) Analista Judiciário – TRT – 18ª


Região/2013

No ano de 1296, ao lançarem a pedra fundamental da Igreja de Santa


Maria Del Fiore − a Catedral de Florença −, os governantes da cidade
italiana iniciavam uma empreitada épica que se estenderia por quase
600 anos. Tão grandioso que parece estabelecer uma conexão entre o
casario florentino e o céu, o edifício em questão só seria concluído no
século XIX. A obra foi interrompida por surtos de peste que chegaram
a dizimar quatro quintos da população local. Enfrentaram-se
contratempos para transportar em barquetas ao longo do Rio Arno
enormes quantidades de materiais como o mármore da vizinha
Carrara. A dificuldade mais monumental, contudo, provinha dos
desafios técnicos do projeto, como a construção da cúpula da igreja
que ficou sob o comando de Filippo Brunelleschi.
O gênio de Brunelleschi residia em seu domínio da dinâmica dos
materiais e da matemática. Ele inventou um guindaste capaz de içar
toneladas de material do chão ao cume da abóbada da Catedral só
com a tração de alguns bois. Mas a grande façanha da obra foi
embutir ao longo dos oito lados da cúpula nove anéis
circulares horizontais − referência aos círculos que compõem o

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Paraíso na Divina Comédia de Dante Alighieri. Os anéis
neutralizam as forças de tensão, mantendo a estrutura suspensa.
A façanha fez de Brunelleschi a primeira celebridade da arquitetura.
Paranoico com o risco de plágio, ele fazia seus projetos em código.
Irascível, foi extremamente rigoroso com pedreiros grevistas. Em
outra ocasião, armou uma farsa para humilhar seu rival, o escultor
Lorenzo Ghiberti. Inconformado por ter de dividir com ele o
gerenciamento da construção, Brunelleschi teria se fingido de doente
para que ficasse a cargo de Ghiberti a decisão sobre como tocar a
obra. Ao expor a inépcia do desafeto, ganhou mais poder e triplicou
seu salário. Diante do milagre de Santa Maria Del Fiore, fica uma
certeza: cada florim pago ao genioso arquiteto foi muito bem gasto.
(Adaptado de: Marcelo Marthe. Revista Veja, 12/06/13. p. 136)

... embutir ao longo dos oito lados da cúpula nove anéis circulares
horizontais - referência aos círculos que compõem o Paraíso na Divina
Comédia de Dante Alighieri. Os anéis neutralizam as forças de
tensão... (trecho em negrito no texto)

Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos


sublinhados acima foram corretamente substituídos por um
pronome, na ordem dada, em:

a) os embutir - compõem-lhe - as neutralizam


b) embuti-los - compõem-no - neutralizam-nas
c) embutir-lhes - o compõem - lhe neutralizam
d) embuti-los - lhe compõem - as neutralizam
e) embutir-lhes - compõem-o - neutralizam-nas

Comentários
Eis, aqui, mais uma questão cuja cobrança recai sobre a função
sintática dos pronomes oblíquos, bem como sobre sua colocação.
Vamos relembrar as duas informações mais importantes para
responder este tipo de questão:
1) o objeto direto completa o verbo sem o uso de preposição,
enquanto o objeto indireto completa o verbo com o uso de
preposição.
2) os pronomes “O”, “A”, “OS” e “AS” funcionam apenas como
objeto direto; os pronomes “LHE” e “LHES” funcionam apenas
como objeto indireto; e os pronomes “ME”, “TE”, “SE”, “NOS” e

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“VOS” funcionam tanto como objeto direto quanto como objeto
indireto.

Na questão, pede-se que se substitua, por pronomes, os termos


grifados nas seguintes frases:
- “embutir nove anéis circulares horizontais”
- “compõem o Paraíso”
- “neutralizam as forças de tensão”

Nos três casos acima, os termos completam os verbos sem a


presença de preposição. Trata-se, portanto, de três objetos diretos.
Como vimos, os pronomes oblíquos átonos que funcionam como
objeto direto são “O”, “A”, “OS” e “AS”, e nunca o pronome
“LHE”.
Com apenas essa informação, já é possível encontrar a resposta
correta, pois as alternativas A, C, D e E utilizam, equivocadamente, o
pronome “LHE” em substituição a objetos diretos.
Assim, correta é a alternativa B. Veja:
- “embutir nove anéis circulares horizontais” = “embuti-los”.
Aqui, foi acrescido o “L” ao pronome “OS” por se tratar de forma
verbal terminada em “R”.
- “compõem o Paraíso” = “compõem-no”. Aqui, foi acrescido o “N”
ao pronome “O” por se tratar de forma verbal terminada em “M”.
- “neutralizam as forças de tensão” = “neutralizam-nas”. Aqui,
também foi acrescido o “N” ao pronome “AS” por se tratar de forma
verbal terminada em “M”.
Observe que o pronome concorda, em número e gênero, com o
termo substituído.
Vale ressaltar, ainda, que a Colocação Pronominal em “círculos que
compõem-no” está equivocada, pois o pronome relativo “que”
funciona como partícula atrativa. Assim, correto seria dizer “círculos
que o compõem”. No entanto, a questão pede apenas a correção da
substituição, motivo pelo qual esta será a alternativa correta.
GABARITO: B

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Questão 18 – (ESAF) Assistente de Chancelaria - MRE/2004

Marque a frase em que o pronome onde está empregado


corretamente.

a) Estudo recente sobre a competitividade da economia brasileira


revelou que a produtividade do País está contaminada pela ação da
economia informal. De onde podemos concluir que qualquer redução
na informalidade seria benéfica para elevar a taxa de crescimento.
b) Muitos defendem a informalidade como solução para o
desemprego. É uma percepção equivocada, que não enxerga o quanto
cresce o comércio ilegal de produtos, onde 80% pratica sonegação no
varejo de alimentos.
c) Acreditando no potencial criativo e inovador do brasileiro, grandes
organizações estão promovendo concursos de natureza variada, onde
os interessados poderão se inscrever e concorrer a prêmios valiosos.
d) A visita da delegação estrangeira está prevista para a primeira
semana de setembro, onde deverão seus integrantes permanecer
durante todo o período participando de reuniões com políticos e
empresários, em Brasília e São Paulo.
e) Depois de longamente debatido na esfera política, o programa de
assentamento foi levado para ser discutido pelas comunidades do
Nordeste, região onde têm se agravado os litígios pela ocupação e
posse da terra.

Comentários
O pronome relativo “ONDE” é invariável e retoma termos que
indicam noção de lugar. Aprendemos que, para verificar se está
empregado corretamente, você deve substituir o “onde” por “em
que” ou pelas formas variáveis “na qual”, “no qual”, “nas quais”
e “nos quais”.
Observe que, entre os casos acima, somente a alternativa E utiliza
o pronome “ONDE” com ideia de lugar (“região”). É, portanto, a
única alternativa correta.
As demais alternativas incorrem em erro bastante comum na
linguagem informal, ao utilizar o pronome “onde” para retomar
termos que não indicam noção de lugar.
GABARITO: E

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Questão 19 – (FGV) Delegado de Polícia – PC-AP/2010


(Adaptada)

Observa-se o correto emprego do pronome relativo em:

a) O julgamento a que se assistiu foi transmitido via satélite.


b) Eis um programa de TV cujo o assunto me interessa.
c) O escritor que me refiro nasceu e viveu no interior.
d) Foi preso o procurado o qual a imprensa deu destaque.
e) Esse é um medicamento onde sem ele o paciente não sobrevive.

Comentários
Já aprendemos que os pronomes relativos são aqueles que
retomam um termo expresso anteriormente, a fim de
estabelecer uma relação de subordinação entre duas orações.
Também vimos que os pronomes relativos podem ou não ser
precedidos por preposição, a depender do que a regência verbal
exigir.
Dito isso, vamos analisar cada alternativa da questão acima:
Alternativa A – No trecho, foi correto o emprego do pronome
relativo “QUE” para retomar o termo “julgamentos”. Também, o
uso da preposição “A” está correto, pois a regência do verbo
“assistir” (quando significar “ver”) exige a presença da preposição.
Alternativa B – Na aula de hoje, aprendemos que NUNCA se
deve usar artigo após o pronome relativo “CUJO”. Assim, está
errado o emprego de “cujo o”.
Alternativa C – Neste caso, correto seria dizer “o escritor a que
me refiro”, pois o verbo “referir” exige o complemento por meio de
preposição (referir-se a algo).
Alternativa D – Também, aqui, o verbo exige complemento
preposicionado (“dar destaque a algo”). Assim, correto seria dizer “foi
preso o procurado ao qual a imprensa deu destaque”.
Alternativa E – Aqui, o vocábulo “ONDE” foi utilizado
equivocadamente na função de pronome relativo, pois o termo por
ele retomado não indica noção de lugar. Correto seria dizer:
“esse é um medicamento sem o qual o paciente não sobrevive”.
GABARITO: A

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Língua Portuguesa para concursos
Curso Regular
Teoria e questões comentadas
Prof. Ludimila Lamounier – Aula 04

Questão 20 – (FGV) Delegado de Polícia – PC-AP/2010

A alternativa que contraria a colocação pronominal exigida


pelo padrão escrito culto é:

a) Os órgãos aos quais se destinam as verbas desenvolvem projetos


de segurança pública.
b) Dever-se-ia refletir sobre a construção histórica da violência.
c) Não põe-se em prática uma adequada política de prevenção ao
crime.
d) O jovem prefeito foi-se afirmando no cenário político.
e) O secretário vai enviar-lhe os resultados da pesquisa no início da
semana.

Comentários
Esta é uma questão típica de Colocação Pronominal. Para a
resolução do exercício, vamos relembrar alguns conceitos da aula
teórica.
Aprendemos, ao longo desta aula, que a regra geral de Colocação
Pronominal é a ênclise (o pronome posicionado após o verbo).
Assim, se não estivermos diante de uma das exceções vistas, o mais
indicado é que se utilize a ênclise.
Dito isso, vamos à análise de cada alternativa.

Alternativa A – Está correta a coloção do pronome oblíquo átono na


frase, pois o pronome relativo “OS QUAIS” funciona como
partícula atrativa e obriga o uso da próclise.
Alternativa B – Está correta a coloção do pronome oblíquo átono
na frase, pois, como vimos, usa-se a mesóclise quando o verbo
estiver no futuro do pretérito do indicativo (“deveria”).
Alternativa C – Está incorreta a colocação do pronome na frase,
pois a palavra “não” funciona como partícula atrativa e obriga
o uso da próclise. Correto seria dizer “não se põe em prática...”.
Alternativa D – Está correta a coloção do pronome oblíquo átono
na frase, pois, como vimos, a regra é que se use a ênclise. Na
frase em comento, não há qualquer situação que obrigue o uso da
próclise.

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Curso Regular
Teoria e questões comentadas
Prof. Ludimila Lamounier – Aula 04
Alternativa E – Aqui, temos um exemplo de colocação
pronominal em locução verbal. Aprendemos que, quando a locução
for formada por verbo auxiliar + infinitivo (como em “vai enviar”),
o pronome pode ser colocado nas quatro posições. A próclise ao verbo
auxiliar e a próclise ao verbo principal, no entanto, não são
recomendadas pela norma culta. Neste caso (“vai enviar-lhe”), o
pronome foi colocado em ênclise ao verbo auxiliar, portanto, correta
está a alternativa.
GABARITO: C

Assim, encerramos nossa Aula 04. Espero que tenha aproveitado a


aula e aprendido um assunto tão importante para as provas de
concurso. Acredite, é quase certo que haverá uma questão de
pronome em uma prova de Língua Portuguesa de concurso público.
Por isso, volte a esta aula quantas vezes for necessário para ter
certeza de que o assunto está bem fixado.
Na próxima aula, aprofundaremos o estudo sobre verbo, outro tópico
fundamental para uma boa preparação. Não desanime, ainda temos
muita teoria e muitos exercícios pela frente.
Em caso de qualquer dúvida, pode me escrever.

Abraços, Ludimila.

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