Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2013
MINISTERIAL
BISPO PRESIDENTE
Revmo. Adonias Pereira do Lago
SUPERINTENDENTES DISTRITAIS
Rev. Jonas Lopes de Oliveira
Rev. Nicanor Lopes
Rev. Bruno de Oliveira Sahb
Revda. Mary de Fátima Santos Agostinho
Rev. Edinei Berteli Reolon
Rev. Márcio Divino de Oliveira
Rev. Tarcísio dos Santos
Rev. Misael Lemos Silva
Rev. Paulo Sérgio de Oliveira Amêndola Filho
Rev. Kleyson Fleury
Rev. Lindolfo de Oliveira Neto
Rev. Wladimir Gustavo Belmudes Rossi
Organizadores
Rev. Flávio Sales Cirqueira
Rev. Fábio Cosme Silva
Rev. Ubiratan Silva
Rev. Ramalho Nunes
Rev. Luciano José Martins da Silva
Revisão
Rev. Luciano José Martins da Silva
Diagramação
Sede Regional da Igreja Metodista
Rev. Flávio Sales Cirqueira
5ª Região Eclesiástica
Rua Padre Anchieta, 229 - Vila Ercília
Divulgação CEP 15013-010 - São José do Rio Preto -SP
Rev. André Luis Pires de Souza Pabx: (17) 3353-1198
A Quinta Região tem apontado de forma determinante que todas as igrejas locais devem
implantar o discipulado o mais brevemente possível. Para tanto, a Câmara Regional do Discipulado
organizou este material a fim de instruir e fornecer ajuda aos pastores e lideranças locais para que
tenham subsídios para cumprirem essa meta, possibilitando a efetivação da transição de uma igreja
de programas para uma igreja ministerial discipuladora da forma mais simples e objetiva possível.
Este material busca apresentar de forma simples e objetiva o que chamamos de trilho do
discipulado numa igreja ministerial. Aqui encontramos o conceito de discipulado e as etapas práticas
de implantação. Constitui uma ferramenta que ajudará as igrejas locais a cumprirem o “Ide e fazei
discípulos”, determinado pelo Senhor Jesus.
Desejamos que estas orientações ajudem aos pastores e pastoras da Quinta Região no
entendimento e na experiência do discipulado, possibilitando-os a construir, juntamente com a
liderança local, uma igreja comprometida com os padrões do discipulado deixado por Jesus Cristo,
experimentando, consequentemente, um crescimento saudável e desejável
Durante seu ministério, Jesus sempre reuniu multidões à sua volta. Notamos, por exemplo,
textos que relatam a presença de cinco mil homens escutando-O, sem contar crianças e mulheres.
Entretanto, nem todos eram tratados de forma idêntica. O pastor SILVA, apresenta um interessante
conceito sobre três tipos de relacionamentos que Jesus desenvolveu com as pessoas em sua volta:
com a multidão, com seguidores ocasionais e com os discípulos1. Há uma clara diferença entre os
níveis de vínculos desenvolvidos por Ele em Sua vida.
Apesar de uma grande multidão estar presente no ministério de Jesus, ela não ocupava um
lugar prioritário. O nível de resposta e compromisso da multidão era baixo, pouco confiável e difícil
de ser conhecido, o que reduzia a muito pouco o impacto e a transformação que Sua Palavra
poderia produzir.
As multidões buscavam apenas curas e sinais (Jo 6.2), elas eram curiosas e sempre ansiavam
presenciar manifestações sobrenaturais. Por esses motivos, Jesus priorizou o desenvolvimento de
vínculos mais profundos com Seus discípulos.
Precisamos ser sábios para discernir aqueles que fazem parte da multidão para não
incorrermos no erro de cobrar destes a atitude de discípulos. Não devemos gerar grandes
expectativas sobre pessoas desse grupo. Não as conhecemos nem somos conhecidos por elas. Não
sabemos como é seu coração, sua motivação e seu compromisso, por isso seria ingenuidade esperar
algo delas.
Jesus tinha consciência disso e sabia que aquele povo O rodeava apenas para “consumir
bênçãos”. Mas, mesmo assim, por Sua infinita bondade, o Senhor não Se negava a atendê-los.
Quando exigimos algo da multidão, é muito provável que ela nos abandone ou nos troque
por outros. Grande parte dos que estavam com Jesus se voltou contra Ele. As opiniões da multidão
oscilam e mudam de acordo com a opinião popular. Esse tipo de gente não está disposta a pagar o
preço do discipulado, da submissão e da transparência que ele exige. A multidão nunca decidiu
escolher a cruz e por isso Jesus não a priorizava.
A intimidade com Jesus sempre foi um mistério para aquela gente, por isso seu
relacionamento com Ele era determinado por um contato impessoal.
Jesus possuía alguns discípulos que O seguiam ocasionalmente, como Nicodemos (Jo 3.1-21) , e
o jovem rico (Mt 19.16-22), o mais ilustrativo de todos. São exemplos de alguém que não pertencia
à multidão, mas apenas admiravam Jesus.
Esse grupo possui duas características principais: fidelidade e cumprimento da lei. Apesar da
fidelidade demonstrada, bastava serem confrontados para desistirem . O jovem rico havia cumprido
toda a lei, mas, quando Jesus lhe mostrou o caminho da cruz, ele retrocedeu.
No meio da igreja, há uma classe de pessoas que escutam a Palavra de Deus, ouvem
conselhos de seus líderes, mas não obedecem. Esses irmãos costumam ir atrás de pastores e líderes e
são bastante assíduos nas reuniões.
É interessante observar que o relacionamento dessas pessoas com Cristo é mais próximo do
que o daquelas que fazem parte da multidão. Frequentemente, elas criticam a multidão por sua falta
de compromisso, mas seu enfoque está apenas na assiduidade e no ativismo. Contudo, o fato de se
comprometerem apenas com o trabalho na Igreja não define absolutamente nada, mas a falta do
discipulado sim, pois poderá fazer delas líderes não confiáveis e imprevisíveis. Muitas vezes, esses
irmãos são intrépidos, eloquentes e possuem forte tino de liderança. Assim, cheios de dons e
habilidades, coléricos, mas ainda sem transformação de caráter, são logo estabelecidos como líderes.
É nesse ponto que muitas igrejas sem visão de discipulado caem ou são muito prejudicadas.
Enquanto é conveniente e lhes agrada, enquanto são vistos pela multidão como líderes,
enquanto recebem algo de Deus e possuem cargos, caminham bem e em unidade. Mas, quando são
Por meio desse e de outros textos, vemos que Jesus priorizou o relacionamento de
discipulado estabelecido com seus seguidores. Aqui, a proximidade foi total. A intimidade e a
liberdade de expressão andavam de mãos dadas. A renúncia e o compromisso foram totais. As
motivações dos discípulos e o potencial de resposta de cada um foram intimamente conhecidas.
Sobre essa base exemplar de discipulado, os desafios foram superados.
Discipulado nos fala de cruz. É interessante ver que Jesus trabalhou com homens comuns
que não possuíam formação religiosa e transferiu a eles todo o Seu ministério, assim como a unção,
a autoridade e a experiência de vida. Em Seu ministério, o Senhor Se concentrou em cuidar
pessoalmente desses homens para que, uma vez edificados e preparados para a obra, continuassem
a estabelecer a Igreja.
Não podemos perder tempo com aqueles que não querem andar no padrão do discipulado
colocado por Jesus. É natural que alguns não queiram esse compromisso, mas nós, como
discipuladores, não podemos dar a primazia para esse grupo de pessoas. Devemos voltar mais os
nossos olhos para aqueles que, de fato, estão compromissados com o discipulado.
O padrão de relacionamentos que desejamos atingir são os vínculos que seguem o princípio
de discipulado de Jesus. Por meio destes, poderemos como Igreja cumprir com maior eficiência o
propósito de Deus em salvar o mundos sendo agentes de salvação, comprometidos com a santidade
e com o serviço a Deus.
Fundamentos e Conceitos
Fundamentos e Conceitos
Essa forma de instrução traz alguns resultados positivos, mas torna-se impessoal e gera
poucos frutos. A deficiência que vemos hoje na formação de discípulos na igreja se dá justamente
porque ficamos presos apenas a essa forma de ensino.
O método praticado por Jesus é o de “ensinar a guardar”. Esse ensino só pode ser atingido
com um profundo grau de identificação entre as partes envolvidas. O/a discípulo/a enxerga a
realidade de vida do/a discipuladora/ e anseia alcançá-la. Jesus não tinha uma sala de aula. Ele
desenvolvia relacionamentos.
Precisamos entender que não são os programas que irão instruir nossos/as discípulos/as. A
Palavra de Deus diz que o Espírito Santo é o responsável pelo crescimento e pela transformação de
um crente. Podemos notar essa verdade quando Paulo escreve à igreja de Filipos “Aquele que em
vós começou a boa obra há de aperfeiçoá-la” (Fp 1.6). Quando oramos e pedimos a Deus que nos
transforme, Ele responde levando-nos a entender em que devemos mudar. Após isso, o próprio
Deus gerará circunstâncias para nos mudar, pois Ele também é prático. É, sobretudo, nesse contexto
que devemos responder positivamente a Ele.
Um discipulado feito apenas de estudos bíblicos gera uma formação teórica e teológica
geralmente desprovida de vivência espiritual. Esse método não produz o necessário para que haja
transformação genuína.
O discipulado é uma estratégia deixada por Jesus para o desenvolvimento de líderes. Foi
num processo de discipulado que Jesus recrutou, escolheu e formou os apóstolos que se tornariam
os líderes da igreja primitiva.
No discipulado, o crescimento é avaliado pelos frutos (como afirma a Bíblia, essa seria a
forma pela qual a árvore devia ser conhecida - Mateus 7.20). Espera-se que o discípulo manifeste
frutos dignos de arrependimento (mudança de atitude, caráter transformado, mudança de valores
que se revelam no estilo de vida, forma de conduta e escolhas, atitude prática de amor ao próximo,
etc.) e também gere outros discípulos de Jesus (2 Timóteo 2.1-2 e Mateus 28.19), capacitando-os a
fazerem o mesmo com outros. Isso só é possível se investirmos tempo para percebermos áreas em
que o discípulo precisa de ajuda para crescer e e se servirmos como um modelo e apoio que o ajude
na mudança. Na maior parte das vezes, desde a infância, aprendemos assim, por meio de modelos
referenciais.
Discípulo é um seguidor integral do mestre, por isso precisamos entender que o/as
discípulo/as são de Jesus, não são nossos, pois apenas Ele é o mestre.Quando o/a discipulador/a se
refere a alguém como seu/sua discípulo/a, na verdade ele só está querendo identificar quem ele/a
tem a responsabilidade de ajudar a crescer e a se aproximar de Jesus para se tornar frutífero. O/a
discipulador/a é na verdade é uma/ facilitador/a, orientador/a, um/a guia que deve servir de modelo
e apoio para levar o/a discípulo/a ao mestre, que é Jesus; por outro lado, ao mesmo tempo que
ajuda o/a discípulo/a a crescer e a se aproximar de Jesus, ele também cresce, pois ele dá e recebe.
O discipulado pressupõe resultados.O discipulado que não tem alvos claros, não tem um
objetivo claro, não prevê resultados, na verdade não é discipulado, torna-se somente um
relacionamento de companheirismo e amizade.
Outro erro que deve ser evitado no discipulado é a interferência do/a discipulador/a na vida
pessoal do/as que estão sendo discipulados/as. Isso só pode acontecer quando o/a discipulador/a é
solicitado/a a tal intervenção ou quando as decisões pessoais e particulares afetarem o testemunho e
o crescimento cristão. Se não acontece nenhuma das coisas citadas, o/a discípulo/a tem a liberdade
para compartilhar ou não suas questões pessoais e particulares. O/a discipuladora/ não deve interferir
para impor seu gosto e escolhas pessoais àqueles/as que discipula.
Para quem pretende se envolver com discipulado, é preciso tomar cuidado para que seu zelo
e amor pelas pessoas com as quais desenvolverá relacionamentos não se transformem em
sentimentos de posse ou ciúmes.
Para alcançar esses objetivos, realizamos quatro ações básicas: ganhar, consolidar, discipular e
enviar, que, na verdade, foi o que Jesus desenvolveu com seus discípulos, recrutando, selecionando,
treinando-os e enviando-os.
3.1. Ganhar
Para que o testemunho possa impactar outros, é preciso estabelecer vias de contato com
pessoas não convertidas, visando ao evangelismo. A isso chamamos contatos evangelísticos.
Aproveitam-se as oportunidades cotidianas de convivência com pessoas não convertidas para serem
transformadas em contatos evangelísticos, como Jesus fez. Devemos ter o cuidado de não nos
tornarmos ‘chatos’, querendo doutrinar ou pregar aos outros. Temos que ter em mente que o
testemunho é o que fala alto.
3.2. Consolidar
Sabemos que lutamos para levar as pessoas das trevas à maravilhosa luz do Senhor, e que,
nesse processo, o príncipe das trevas usará todos os recursos de que dispõe para não permitir que as
pessoas sejam libertas de suas garras, por isso, após decidirem entregar a vida a Jesus, mais do que
nunca elas precisarão de apoio e cuidado para poderem resistir e ficar firmes frente às astutas ciladas
do inimigo.
A consolidação inicia-se na decisão da pessoa por Cristo e vai até o momento em que ela
esteja firme. A consolidação bem feita é que determina que o fruto vingue e cresça com qualidade.
Já vimos o discipulado como conceito. Agora, passaremos a vê-lo como ação e serviço.
Discipular é o caminho prático, isto é, o serviço que em amor nós prestamos aos salvos em
Cristo Jesus. Discipular é compartilhamento de vida: é investir sua vida em outros para que eles
cresçam em Cristo. Como diz Paulo a Timóteo (IITm 2.2), é transmitir o que Deus tem nos dado a
outros para que também eles possam transmitir a outros. Discipular é formar líderes com o caráter
de Cristo.
Discipular exige dedicação do tempo, talentos, dons e recursos que Deus tem nos dado para
o desenvolvimento de pessoas, por isso não é possível de ser realizado com um grande número de
pessoas. Discipulado é comparável a educação de filhos. O ideal é ter tantos discípulos quantos você
possa cuidar e formar com qualidade.
A estrutura que auxilia nisso é o grupo de discipulado (falaremos dele mais a frente no tópico
“Trilho de formação de discípulos”)
Esses discípulos passarão a fazer parte da vida pessoal do/a discipuladora. Serão as pessoas
que nos convidaremos a que venham e vejam onde nós pousamos, como Jesus convidou aos dois
discípulos de João Batista (João 1.37-39). A idéia é que sejam futuros líderes, por isso precisamos
cuidar para não escolher o grupo de discípulos errado.
Existe uma idéia de que devemos trabalhar “com quem quer”, mas a verdade é que nem
sempre quem demonstra o desejo de ser discipulado está disposto a pagar o preço necessário para
crescer, por isso precisamos escolher entre os que foram chamados (os que foram ganhos) os que
iremos discipular. Para isso, deve-se fazer uma seleção.
No discipulado, como na vida, o ensino acontece por meio de padrões referenciais. Então,
para que aqueles que discipulamos possam crescer em Cristo, temos que nos tornar padrões que
eles possam imitar. Devemos poder falar como Paulo: “Sede meus imitadores, como eu sou de
Cristo (ICo 11.1)”. Eles irão aprender pelo exemplo, e não apenas pela conversa. Esse é o maior
desafio que aqueles que pretendem discipular terão de enfrentar: o de santificar-se para que o/as
discípulo/as que têm sob sua responsabilidade também sejam santificado/as na verdade.
Antes de ensinar e mandar o/as discípulo/as fazerem, precisamos fazer, para que ele/as vejam
como se faz. O processo de ensino e formação no discipulado acontece de maneira vivencial, de
acordo com as seguintes etapas:
Pode ser que uma etapa precise ser praticada várias vezes até se passar para outra.
3.4. Enviar
Enviar é a resposta de que quem acolheu a graça salvadora, santificadora e serve a Deus e ao
próximo com alegria. Quando somos enviados em missão, damos resposta clara que o discipulado
em nossa igreja ministerial não se fecha em si mesmo, pelo contrário, sai em serviço de Deus ao
encontro de outras pessoas que necessitam de salvação, santificação e serviço.
Temos que tomar o cuidado para não adiar demais o envio e perder o melhor momento de
frutificação das pessoas. Como Paulo disse a Timóteo, procuramos pessoas fiéis e idôneas (II Timóteo
2:2), ou seja, o que importa é o caráter. Quando Jesus selecionou os apóstolos para estarem com
Ele, eles tinham cerca de um ano e dois meses de caminhada com Ele; Jesus começou a enviá-los
para pregar pouco depois disso, o que significa eles ainda não entendiam muita coisa, não
compreendiam direito nem as palavras de Jesus, mas já estavam pregando, curando, libertando e
batizando. É verdade que falhavam, às vezes, mas estavam prosseguindo, crescendo e aprendendo.
Muitas vezes, nos preocupamos com o quanto as pessoas sabem, ou se são eloquentes e
carismáticas para enviá-las a liderar. Consideramos o conhecimento e a habilidade as características
chaves para avaliar se a pessoa está preparada para liderar. Isso é um erro, pois o que Deus valoriza
é o caráter. Ele seleciona e envia pelo caráter (Êx 18.21; At 6.3).Quando enviamos as pessoas, elas
não estarão perfeitas, precisarão continuar a crescer, mas, se o caráter tem sido tratado e elas têm
correspondido, já estão prontas para serem enviadas.
Esse contato com não crentes deve ser estimulado na vida daqueles que querem fazer
discípulos. Antigamente, as pessoas eram estimuladas a deixarem o mundo, ao invés de serem
ensinadas a se livrarem do mal, uma orientação contrária à intercessão de Jesus (João 17). No
discipulado, as pessoas são estimuladas a irem à seara (o mundo) e a serem sal e luz, testemunhas
vivas do que Deus pode fazer e faz na vida de quem quer.
Muitos podem pensar que não são evangelistas para isso, mas estamos incentivando as
pessoas a serem o que Jesus disse que seriam quando recebessem o Espírito Santo: testemunhas.
Evangelista é um ministério específico para o qual nem todos são chamados, mas todos são enviados
para serem testemunhas. Tudo o que é preciso para isso é ter uma experiência real e verdadeira com
Cristo e a disposição de contar sua história a outros. Nós não iremos pregar, iremos contar a
outros/as aquilo que Deus tem feito em nossas vidas e deixar que o Espírito Santo nos use para tocar
vidas. Isso é testemunhar.
De um ano a um ano e meio depois de terem decidido por Cristo, as pessoas são enviadas a
liderar uma célula (grupo pequeno). Pode-se demorar um pouco mais, mas o que é decisivo para
isso é o caráter, e não a habilidade ou o conhecimento. Veremos mais a frente, quando tratarmos da
seleção, quais as características de caráter que devemos avaliar para enviar as pessoas a liderarem as
células (grupos pequenos).
Uma igreja ministerial discipuladora não é caracterizada apenas pelas reuniões menores nos
lares; ela segue valores espirituais que definem a forma como enxergamos e vivemos a Igreja.
Apresentaremos os quatro valores fundamentais de uma igreja que realiza o discipulado baseado em
células, numa perspectiva metodista.
João Wesley, em seus grupos pequenos, capacitou líderes leigos, que exerceram o
discipulado visitando, acompanhando, aconselhando, repreendendo e orientando, sendo cristãos
frutíferos no Reino de Deus.
Não queremos apenas ter uma multidão de convertidos/as, mas almejamos transformá-los/as
em discípulos/as comprometido/as. Somente um discípulo/a realmente pode ser um/a ministro/a.
Um discípulo é demonstrado por sua disposição de liderar um célula ou discipular pessoas.
Por que há tantos consumidores nas igrejas hoje? Primeiramente, porque em muitas delas
não há nenhum senso de Corpo de Cristo, no qual os membros possam estar envolvidos de maneira
funcional. Segundo, porque muitos, por decisão pessoal, escolhem sentar-se nos bancos de nossos
templos, dispostos a não se envolverem.
Quando um crente compreende que ele deve produzir e frutificar e não simplesmente
consumir, há uma verdadeira revolução em sua postura na igreja local. Ele não se preocupa mais em
saber o que aquela igreja pode lhe oferecer; antes, preocupa-se em saber como ele pode ser útil ali.
Se tiver que mudar para outra cidade, ele sabe que a igreja vai junto com ele. Ele sabe que,
mesmo distante do prédio onde a igreja se reúne, a igreja acontece onde ele está.
Trazer a igreja de volta às casas é um passo importante para entender a verdade do que Jesus
deve ser permanentemente: o centro da nossa vida. Jesus se importa com cada aspecto de nossa
vida e nós não podemos nos esconder Dele. Ele é o Senhor de nossa vida o tempo todo, e não por
apenas algumas horas aos domingos.
Há pessoas que restringem a sua vida cristã aos contornos do prédio da Igreja. Quando saem
dali, vivem outra vida, com outras regras. Esta é uma visão maligna. A vida da Igreja não é algo que
acontece aos domingos nos templos. Em uma Igreja de discípulos, ser cristão é um estilo de vida,
que praticamos em nosso dia a dia, o que inclui a nossa casa ou qualquer outro lugar onde
estejamos. A Igreja não pode se restringir a seus prédios, pois, onde estivermos, a Igreja pode estar
acontecendo.
2.2. Não esperamos que pessoas venham ao prédio, mas vamos onde as pessoas
estão.
O mover de Deus diz: "Ide", mas nossos prédios nos dizem: "Fiquem". O mover de Deus diz
para "buscarmos os perdidos", mas os prédios nos dizem: "Deixemos que eles venham até nós".
Membros de igreja não podem alcançar muito para Deus; discípulos, porém, vão e podem
conquistar nações. Se somos ministros, onde estivermos a Igreja irá junto. Se somos ministros, não
vamos à Igreja, somos a Igreja.
João Wesley não esperava que as pessoas fossem aos templos; ele ia onde as pessoas
estavam, pregava ao ar livre, de cidade em cidade e, depois, formava as células/pequenos grupos
para confirmar as conversões.
O fator determinante para o máximo impacto de uma igreja não é seu ministério pastoral ou
um determinado modelo ministerial, mas o desenvolvimento de liderança. Isso foi demonstrado e
comprovado por Jesus, pelos apóstolos, por Paulo, por Wesley e é válido até os dias de hoje.
A última ordem de Jesus aos seus discípulos foi a de fazer discípulos de todas as nações. A
essência da visão do discipulado baseado em células é fazer discípulos que fazem discípulos. As
células são geradoras de líderes, que é o melhor lugar para preparar discipuladores. A multiplicação
está no centro do ministério das células porque novas células provêm o ambiente para fazer novos
discípulos.
O trabalho de célula é um ciclo que se auto alimenta. Cada discípulo/a torna-se um líder de
célula. Cada célula que é aberta significa mais pessoas alcançadas com o evangelho. Com mais
pessoas alcançadas, há maior possibilidade de conversões. Com mais discípulos, há mais células. E,
assim, o ciclo continua alimentando-se automaticamente e por tempo indefinido.
Numa igreja com células que alcançou a maturidade, com frequência a história de uma
pessoa que se converte é esta: a pessoa é convidada a participar de uma célula; a mensagem do
evangelho é apresentada a ela e se torna cristã, em duas ou três semanas. Uma vez que ele ou ela
fez sua profissão de fé, participa do trilho de treinamento de liderança, uma vez por semana.
Enquanto isso, continua a se reunir na célula e no culto de celebração. A pessoa é cercada pela
atmosfera de evangelismo que ali existe, pois participa com outros que já compartilham sua fé como
parte de sua vida cristã.
Para essa pessoa, apresentar o evangelho a outros se torna algo muito natural. Ela logo falará
a seus familiares, amigos e vizinhos a respeito de Jesus. Ela ganhará experiência em evangelizar.
Aprenderá fazendo, mesmo que não tenha recebido muito treinamento na área teológica. Por quê?
Por que o evangelismo tem sido o ambiente em que ela nasceu de novo e começou a crescer na fé.
É o que ela viu outros cristãos fazerem.
DISCIPULADO E CÉLULAS E AS
TRADIÇÕES BÍBLICA E WESLEYANA
1. NA BÍBLIA
Desde o Antigo Testamento, a Bíblia nos fornece informações concretas sobre o discipulado. A
proposta de Jetro (Êxodo 18.13-27) para o seu genro Moisés é muito interessante e nos ensina várias
lições. Jetro dá sua contribuição para a missão de Deus se envolvendo efetivamente, ensinando,
instruindo Moisés.
Claramente, a grande lição que podemos absorver, entre muitas, é o fato de que nós não
podemos ficar alheios, à margem do desafio do Senhor, na perspectiva de expectadores: Nosso Deus
chama a todos para participar da construção de seu Reino sobre a face da terra.Mesmo Moisés tendo
experimentado um grande mover de Deus durante toda a ação da saída do Egito, ainda assim
manifestou humildade ao receber e praticar o conselho dado por seu sogro.
Com isso, podemos afirmar que o crescimento quantitativo e qualitativo de nosso povo passa
efetivamente pela organização em grupos de liderança e formação líderes no padrão de Deus, e não
dos homens. (Êxodo 18.21)
O discipulado é um chamado para caminhar junto e servir (2 Reis 2.1-18, 3.11). A missão não
é realizada de forma individualista, ou seja, um líder isoladamente não pode “carregar” a obra de
Deus, pois esta atitude não condiz com o padrão bíblico. Eliseu é um outro exemplo de um
autêntico discípulo de Elias. Ele segue, caminha e serve aquele que o ensinou o amor de Deus.
O Senhor Jesus formou um grupo de discipulado, conforme nos relatam os evangelhos. Mas o
incontestável embasamento do discipulado na Bíblia está na Grande Comissão. Jesus, antes de ir
para junto do Pai, deixou uma ordem bem para clara para os seus discípulos:
Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou
convosco todos os dias até á consumação do século. (Mateus 28.18-20)
“Vivemos numa sociedade pós-moderna, onde o sentido humano tem sido focalizado
demasiadamente nas realizações e não nos relacionamentos (no ter, no consumismo, na fama, nas
obras faraônicas, nos aplausos e no dinheiro). O cristianismo é uma proposta divina de comunhão,
de alegria, de vida, de cura, de fé e de relacionamentos. Você decide o que fazer com a ordem de
Jesus que está na Bíblia”.4
2. NO MOVIMENTO METODISTA
Ao iniciar uma análise histórica sobre o discipulado no Metodismo, vamos perceber que,
atualmente, existe uma grande distância entre o movimento de Wesley e a Igreja organizada tanto
na América do Norte e na Inglaterra como na América do Sul.
O Prof. Duncan Alexander Reily, nesta mesma direção, afirma que a herança missionária
eclesiológica do movimento metodista em Wesley se deve à interdependência de quatro elementos:
“a missão, o lugar para onde a missão se desenvolve, os instrumentos e métodos usados para tanto,
e o/as agentes da missão”6. Reily defende a tese do fortalecimento do movimento metodista após a
experiência de Aldersgate (24 de maio de 1738), consolidada a partir da Primeira Conferência
realizada entre os dias 25 a 30 de junho de 1744, na Fundação em Londres, para tratar das questões
da doutrina e ministério. Wesley tinha em mente o fato de que o metodismo surgira não apenas
com um simples e arbitrário empreendimento humano, e, nesta Conferência, ao lado de outros
nove participantes, discutiram de maneira muito intensa o movimento e a obra confiada a estes pelo
próprio Deus:
Motivado por George Whitefield, em 02 de abril de 1739 Wesley pregou pela primeira vez
ao ar livre, na região Kingswood, dando início a uma revolução espiritual que transformou a
sociedade britânica durante as décadas seguintes:
“Whiefield tinha iniciado e popularizado o evangelismo de massa para o povo sem igreja,
mas Wesley organizou o movimento e pôs sob administração sistemática. Whitefield
esperava que o povo “ávido” se firmasse por iniciativa própria, mas Wesley não deixou
nada ao acaso. Ele se empenhou e se certificou de que os que estavam levando a sério
essa vida nova fossem canalizados para pequenos grupos, para crescimento no
discipulado. Esses pequenos encontros eram chamados de “classes”, e formaram a base da
reforma metodista durante o século seguinte. A “reunião de classe” acabou se tornando o
meio principal de levar milhões dentre as pessoas mais desalentadas da Inglaterra à
disciplina libertadora da fé cristã” 8.
John Wesley adotou a prática de organizar as sociedades metodistas da mesma forma que a
Igreja da Inglaterra havia desenvolvido a partir da experiência pietista alemã de grupos pequenos.
Os contatos de Wesley com os morávios, durante seu tempo como missionário na América e, mais
tarde, na Inglaterra, por meio de sua forte amizade com o líder morávio Peter Böhler, além de sua
visita à comunidade Moravia de Herrnhurt, serviram de inspiração para a adoção desse modelo de
grupos no movimento metodista. John Wesley e Peter Böhler fundaram a Sociedade de Fetter Lane,
em Londres, em 1º de maio de 1738. 9
Em 15 de fevereiro de 1742, ele se reuniu com líderes da Sociedade de Bristol para estudar
como pagar as dívidas do Salão Novo. Um dos líderes, o Capitão Foy, propôs dividir a sociedade em
grupos de doze, com um líder cada, o qual seria responsável pela arrecadação. Toda a sociedade foi
então dividida em “classes”, subdivisões por vizinhança de cerca de doze pessoas, cada classe tendo
um líder determinado pelo próprio Wesley: “aqueles em quem posso confiar”. A importância desses
grupos logo ultrapassou seu plano original. Assim que os líderes começaram suas visitas semanais,
logo descobriram problemas entre os membros: brigas domésticas, bebedeiras e outros tipos de
comportamento fora da santidade. Wesley viu a oportunidade pastoral pela estrutura prática das
classes: os líderes das classes se tornaram guias espirituais de seu grupo. Wesley se reunia com os
líderes semanalmente. A Sociedade de Londres tinha nessa época mais de mil membros, mas esse
“Uma sociedade representava o total dos/as membros metodistas num certo local. O
equivalente, hoje, seria uma igreja local, comunidade, ou um ponto de pregação. Todas as
pessoas que mostrassem interesse em filiar-se a uma sociedade metodista tinham que
entrar numa classe. A dinâmica desses grupos era marcada pela troca de experiências a
partir de perguntas frequentemente repetidas, desde 1744, inclusive nas Regras Gerais.
Assim, falavam todos/as das suas derrotas como das suas vitórias, na busca de crescimento
pessoal. A organização das classes seguiu uma lógica geográfica para atender aos
problemas de locomoção.
Os bands foram constituídas meramente por pessoas que tinham a certeza da fé.
Importante, porém, é que a dinâmica nos grupos não mudou. Houve novamente uma lista
de perguntas que serviu para o auto-exame e o exame mútuo. A participação era
voluntária, mas, de um integrante se esperava uma radical abertura para a avaliação
mútua. No tempo de Wesley havia mais uma especificidade, por meio dos bands seletos
(selectedbands). Nelas se encontravam pessoas em busca da perfeição cristã. 12
Assim também é com a igreja: a célula é o que chamamos de comunidade cristã de base, um
grupo de pessoas que se reúnem semanalmente com o objetivo de ser Igreja, ser Corpo de Cristo.
É importante que a célula tenha no mínimo quatro pessoas e não ultrapasse um número de
cerca de doze pessoas. Uma célula com no mínimo quatro pessoas vai ajudar a ter uma boa de
dinâmica. Porém, essa célula não pode ser muito grande, pois, a partir de doze pessoas, começa a
dificultar as linhas de comunicação dentro da célula, perdendo o sentido de ser um grupo pequeno.
Outro ponto é que nem todas as casas (como por exemplo, uma sala, alpendre, apartamento, etc.)
têm tamanho ou estrutura para acolher muitas pessoas.
Uma das características principais das células é sua homogeneidade. Quanto mais
homogêneas, melhor. Por exemplo: células de homens, células de mulheres, células de casais,
células de jovens, de juvenis, de crianças, etc...
A célula é muito mais que a sua reunião; se a célula só existe no dia da reunião,
então não é uma célula, mas apenas um culto caseiro.
A célula acontece a semana TODA, no supermercado, no shopping, na caminhada,
no lazer, nas casas, na escola; sempre que os irmãos se encontram, a célula acontece.
A reunião da célula é somente 30 a 40% da atividade da célula em uma semana. Os
outros 60% são os irmãos se reunindo para uma refeição ou lanche um na casa do
outro, evangelizando juntos, fazendo vigília, uma célula jogando vôlei com a outra
célula, levando seus amigos não crentes, uma feijoada, um churrasco, etc. O que
define uma célula saudável são os RELACIONAMENTOS.
• Grupo de Estudo Bíblico: O problema desse grupo é que ele não estimula o
compartilhar de necessidades nem a verdadeira comunhão. Normalmente, é
restrito e fechado.
• Grupo de Cura Interior: É um tipo de grupo que usa técnicas de psicologia para
cura de traumas emocionais.
a) Evangelismo
O evangelismo tem base na ordem que Jesus deu aos seus discípulos dizendo: “Ide, portanto,
fazei discípulos de todas as nações”. (Mateus 28: 19).
A célula é a ferramenta primária para o evangelismo. Muitas pessoas jamais entrarão numa
igreja evangélica por causa do preconceito, da tradição familiar ou pela própria generalização da
mídia para com os evangélicos. O ambiente da célula é pouco ameaçador para uma pessoa que está
buscando respostas para suas questões pessoais. Ali ela poderá abrir-se à vontade e assim ser
ajudada. Aos poucos, ela vai se integrando até sentir-se totalmente parte dela.
b) Comunhão (Relacionamentos)
c) Edificação
Cada célula precisa ter um nível forte de compartilhando da Palavra. Quando falamos de
nível, não nos referimos à erudição nem à cultura dos irmãos/as, mas ao fogo que queima quando a
palavra é ministrada. Quando temos o coração incendiado pela palavra, contagiamos todo o grupo.
O ensino ministrado deve ser fruto de revelação. O líder não precisa saber muito, mas aquilo
que ele falar, por mais simples que seja, deve ser de coração, fruto da luz de Deus no seu coração,
uma palavra forte, não necessariamente profunda ou erudita. Talvez o grupo não tenha aprendido
algo profundo, mas foram ministrados de forma correta.
d) Serviço
Cada crente é um ministro e cada um recebeu um dom. Na célula, os dons são exercitados
para o serviço mútuo. Podemos servir a Deus servindo aos nossos irmãos/as exercitando nossos dons
e conhecimentos para ajudar a edificar as pessoas e isso pode ser feito por meio de inúmeras
possibilidades. Jesus disse que seríamos conhecidos com seus discípulos se nos amassemos uns aos
outros. Não existe melhor forma de expressar esse amor do que servindo aos nossos irmãos/as.
Além disso, podemos identificar os dons das pessoas da célula e encaminhá-las para servirem
nos ministérios da igreja local.
Cada líder deve constituir pelo menos três líderes em treinamento em sua célula que serão
seus discípulos, e cada discípulo/a deve ser treinado para liderar uma e ajudar a pastorear os/as
demais participantes da célula. O número pequeno de pessoas possibilita esse pastoreio.
O pastoreio leva ao discipulado e o alvo da célula é gerar discípulos (líderes). O/a líder de
célula (grupo pequeno) também recebe cuidado pastoral e é discipulado num ambiente diferente,
chamado de Grupo de Discipulado. Sendo bem cuidado, terá prazer em pastorear e discipular
outros/as da sua célula.
O objetivo principal do/a líder não é simplesmente cuidar e sustentar a célula, porém seu
trabalho principal é encontrar, treinar e enviar novos líderes.
A palavra Treinamento está relacionada com o aspecto de “preparar o povo de Deus para o
serviço cristão” (Efésios 4.11-12). Essa palavra também pode ser traduzida por “reparar” ou
“consertar”.
b) Multiplicação
No modelo de discipulado baseado na célula, podemos dizer que um dos alvos mais
importantes de uma célula é a multiplicação. Isso se dá por meio de uma cadeia arrojada de
crescimento e multiplicação, em que todos os membros reconhecem seu lugar no corpo.
Crescimento e multiplicação precisam andar juntos. Uma célula com muitas pessoas, mas
que não tem líderes sendo treinados para uma multiplicação é considerada fraca. A tendência é a
de estagnar ou até morrer.
Novamente queremos reforçar células nunca se multiplicarão se novos líderes não forem
bem treinados. Por isso, antes de se multiplicar uma célula, nós multiplicamos primeiro líderes. O
alvo do líder de célula deve ser o de treinar novos líderes. O segredo de uma boa multiplicação é
um líder bem formado.
O objetivo do ministério de Jesus por meio do discipulado foi gerar quantidade com
qualidade. Ele criou uma equipe de discípulos, inicialmente com doze pessoas (Mateus 10: 1-5);
esse número se multiplicou e chegou a 70 discípulos (Lucas 10.1-3), atingiu 120 (Atos 1.13-15) e,
no retorno de Jesus ao Pai, havia mais de 500 discípulos (1 Cor 15.1-6). Jesus nos chama para a
multiplicação.
A primeira condição para a multiplicação de uma célula é que o próprio líder tenha gerado
outro líder. Logo, a prioridade máxima de um líder é identificar líderes em potencial e iniciar um
processo de discipulado.
Cada líder deve constituir de um a três líderes em sua célula para ser seu líder em
treinamento e iniciar um discipulado.
Não é bom que uma célula demore mais do que um ano para se multiplicar. Se uma célula,
após um ano ou mais ainda não multiplicou, é necessário reavaliar seu funcionamento. Caso
contrário, jamais romperá. Esse é o caso em que todos os crentes estão maduros e estão aptos a
iniciarem uma nova célula.
Normalmente, em igrejas que estão iniciando no processo da visão celular, suas células
podem levar mais de um ano para multiplicação.
Esta situação acontece quando a célula cresce de maneira explosiva, muito rapidamente.
Essa célula pode ser multiplicada assim que os novos convertidos forem consolidados e há líderes em
treinamento. Então se multiplica em duas ou mais outras novas células.
São células plantadas do zero. Não são frutos de nenhuma multiplicação. Existem muitos
irmãos e irmãs com o dom de evangelista dentro da igreja. Tais irmãos/ãs possuem habilidade para
começar do zero. Eles ganham uma família,vão para a casa dela e, a partir dali, começam uma
célula.
6. A REUNIÃO DA CÉLULA
Propomos um modelo de reunião, uma diretriz a ser seguida, mas com muito espaço para a
liberdade no Espírito Santo, pois Ele pode nos conduzir de diferentes formas e podemos ter diversos
tipos de atuação e ênfase em cada reunião. Por exemplo, podemos em uma reunião enfatizar a
oração; em outra, a palavra pode gerar maior compartilhamento; num momento festivo, o louvor
pode ser explorado melhor. O importante é ter equilíbrio nos momentos da reunião, sem que com
isso, se prejudique o todo. Um aspecto importante é que a reunião deve ser informal, sem
preocupação com a formalidade.
Quebra-gelo
Louvor e Adoração
Compartilhamento da palavra
Desafios práticos e avisos
Oração e intercessão
Lanche e Comunhão
1°) Quebra-gelo (de cinco a dez minutos): ;e o início da reunião. O assunto é introduzido
aqui, por meio de um bate papo informal ou de uma pergunta direcionada aos participantes.
2o) Louvor e Adoração (cinco a dez minutos): na maioria das vezes, usa-se um toca CD por
nem sempre haver disponibilidade de ter músicos em todas as células. Outra vantagem de se usar o
CD é a praticidade e a facilidade na hora de uma multiplicação. O louvor deve ser simples e é
importante disponibilizar cópias de músicas para os participantes.
3°) Compartilhamento da palavra (dez a trinta minutos): os líderes recebem uma folha com
o esboço do estudo que devem ministrar. Recebem esse estudo de seus líderes no Grupo de
Discipulado (estrutura que veremos à frente). A estrutura do estudo é simples e deve ser ministrada
numa linguagem simples, acessível a qualquer pessoa, principalmente ao novo que chegou hoje na
célula. Devemos ter cuidado com palavras e expressões que só têm sentido para quem é crente. O
líder da célula deve ao máximo facilitar o estudo de modo que ele seja compartilhado.
5°)Tempo de oração e intercessão (cinco a quinze minutos): nesse período, ora-se pelos
pedidos colocados pelos participantes, compartilha-se problemas que estejam enfrentando,
testemunha-se sobre as respostas recebidas e ora-se pela cadeira vazia (estratégia para motivar os
participantes a convidarem outros).
7. A ESTRUTURA DA CÉLULA
Célula
Líder
Líder em
Treinamento
Anfitrião Membros
VISITANTES
7.1. LÍDER
É a pessoa mais importante de uma igreja dinamizada pelas células, pois é quem está
verdadeiramente na linha de frente. É ele quem dá atenção personalizada aos membros de sua
célula e dirige as reuniões . É o líder também que exerce na célula os princípios bíblicos de um
pastor.
O líder de célula é a figura-chave na da estrutura de células. Ele não precisa ter um alto nível
cultural ou intelectual, nem tão pouco ser um grande conhecedor das Escrituras. Não precisa saber
responder a todas as perguntas sobre a Bíblia, nem ser um grande pregador. Sua principal
responsabilidade é gerar novos líderes: perceber a potencialidade das pessoas, envolvendo-as no
dia–a-dia da célula, acompanhando-as e treinando-as para transformá-las em novos líderes.
Para ser um/a líder de célula, os requisitos são mínimos e todo/a cristão pode alcançá-los
com facilidade: ser nascido/a de novo, ser batizado/a, ter bom testemunho, ser membro da Igreja,
estar comprometido/a com ela, participar do curso de treinamento de líderes, ser dizimista e
ofertante.
Todavia, o que qualifica esse/a líder de célula é ter o caráter de Cristo, apresentando as
seguintes características:
• ensinável;
• tratável;
• submisso;
• fiel;
• servo;
• transparente;
• disponível;
• frutífero;
• ter vida de oração.
Ainda que a pessoa pareça inadequada no momento, deve ser designada e preparada para
liderar um nova célula futuramente.
7.3. ANFITRIÃO
É a pessoa que abre as portas da sua casa para as reuniões, além de ser um fiel colaborador
do líder, no sentido de ganhar seus familiares e amigos para trazê-los à célula.
Deverá ter um bom relacionamento com os membros da célula e é responsável por receber
e dar-lhes as boas-vindas, sempre preocupando em criar um ambiente agradável e acolhedor. O
anfitrião pode ser o próprio líder da célula.
7.4. VISITANTES
São as pessoas convidadas pelos membros da célula. Os membros são os braços extensivos
da célula para atrair novos convidados. Uma célula cujos membros estão ativamente sendo
testemunhas onde estão sempre tem visitantes, e quando houver, devem receber tratamento
especial.
“Como os convidados se sentirão?”; “ Quem irá recebê-los à porta?”; “ Quem irá acolhê-los?”
Precisamos planejar nosso trabalho e trabalhar nosso plano depois. Depois de planejar,
precisamos, então, distribuir responsabilidades.
• As atividades
É preciso definir se na festa haverá algum tipo de brincadeira, como jogos ou dinâmicas. Se
houver, devem ser atividades que não exijam experiência. Quanto mais a atividade tirar o
• Criação de afinidades
O alvo do evento-ponte é que as pessoas se sintam tão à vontade que desejem vir a fazer
parte do grupo. Para isso, elas têm de sentir que possuem algo em comum com o grupo. As pessoas
gostam de estar com outras com as quais elas sentem afinidade. Depois de algum tempo
conversando, as pessoas perceberão que não somos tão diferentes como muitas imaginavam.
Normalmente, serão os membros da célula que terão de iniciar a conversa com o convidado.
Use perguntas comuns, tais como: “Há quanto tempo você vive aqui?”; “De onde você é?”; “Você
trabalha em quê?”; “Você tem filhos?”; “É casado?”; etc. Se o convidado tocar num assunto que
você conhece, vá fundo nele; se ele tocar em algo que você desconhece completamente, faça disso
sua arma para prolongar a conversa. Nada melhor do que fazer uma investigação a respeito de uma
profissão ou assunto do qual você não sabe nada a respeito. O melhor assunto para se conversar é
aquele a respeito do qual não sabemos nada. É bom porque não temos de fazer nada, apenas ouvir
o outro. As pessoas, geralmente, adoram falar de si mesmas. Conversação é uma habilidade. Uma
habilidade de ser curioso, de fazer perguntas e, acima de tudo, ouvir. Por outro lado, envolve
também uma habilidade de contar histórias e uma habilidade de bom humor (quem sabe uma boa e
santa piada?).
• A hora da comida
Tudo o que for feito deve ser permeado de oração e jejum. Toda a célula deve se envolver,
orando pelas pessoas que serão convidadas. Teremos momentos de descontração e conversa, mas
Podemos fazer apelo ou não em um evento-ponte, tudo depende do ambiente. Mas, uma
vez que façamos o apelo, algumas pessoas poderão se decidir. Nesse caso, precisamos consolidá-la
na vida da célula.
Devemos entender o Encontro com Deus como um encontro evangelístico com o foco no
não crente ou novo convertido. Cada célula deve se empenhar para enviar, pelo menos, três pessoas
para o Encontro com Deus, cada vez que ele for marcado.
Cada novo convertido deve receber um membro da célula para acompanhá-lo, que se
responsabilizará para consolidá-lo na vida da célula. Essa consolidação pode ser realizada em média
12 semanas numa reunião planejada de uma hora semanal através do discipulado um a um. Essas
reuniões podem ser auxiliadas com um material sobre os primeiros passos da vida cristã. Após essas
semanas, o novo discípulo deverá receber a continuidade do acompanhamento através da célula.
As células que têm encontros sociais todo mês se multiplicam duas vezes mais do que
aquelas que não têm nenhum. No mínimo, uma vez ao mês deve haver um encontro social, um
encontro semanal da célula e um encontro de discipulado individual com cada discípulo da célula.
TRILHO DE FORMAÇÃO DE
DISCÍPULOS/AS
Como já dissemos, o discipulado é um processo em que levamos alguém a passar por quatro
estágios da escada de crescimento: ganhar, consolidar, discipular e enviar. Existem algumas
estruturas que são fundamentais na execução desse processo, o qual chamamos de trilho de
formação do/a discípulo/a. O/a discípulo/a tem um caminho, degraus que, se galgados, ajudarão a
crescer como discípulo/a e a cumprir o chamado da Grande Comissão. São estes:
1. A CÉLULA
A célula é uma excelente estratégia para se desenvolver os valores e processos do
discipulado, pois nela ganhamos, consolidados, treinamos e se enviamos.
O retiro acontece em três dias, tendo início na sexta-feira e terminando no domingo à tarde.
Para o Encontro, as pessoas precisam ser preparadas com quatro palestras, denominadas Pré-
Encontro, e, após o Encontro, mais quatro, palestras denominadas Pós-Encontro, que têm como
3. A CONSOLIDAÇÃO
Como já dito, cada novo convertido deve receber um membro da célula para acompanhá-
lo, que se responsabilizará por consolidá-lo em sua decisão por Jesus e também ajudá-lo a se
integrar na vida da Igreja. É um discipulado inicial realizado por meio de reuniões individuais.
Essa consolidação pode ser realizada em 12 semanas através de uma reunião planejada de uma
hora semanal para compartilhar temas pertinentes aos primeiros passos da vida cristã19. Após essas
semanas, o novo discípulo deverá receber a continuidade do acompanhamento através de um
discipulado individual, em frequência quinzenal ou mensal, ajudando-oa continuar crescendo no
processo de discipulado.Também é neste momento de sua caminhada que lhe é ministrado o
batismo.
Nada de ajustar ou negociar para agradar as pessoas. Devem existir critérios para que, no
futuro, não haja problemas no desenvolvimento do discipulado. Uma má formação dos discípulos
compromete toda a visão de termos discípulos/as saudáveis espiritualmente, com o caráter tratado.
• treinar, num curto espaço de tempo, cada discípulo dentro da visão do Reino de
Deus e da Igreja;
• fornecer o ensino necessário a cada discípulo para seu bom desenvolvimento na vida
cristã e liderança;
• envolver toda a igreja em um treinamento sistemático da fé cristã;
• habilitar discipuladores para que, uma vez capacitados, possam capacitar outros;
• descobrir líderes potenciais para envolvimento nas diferentes áreas da igreja;
• gerar segurança na igreja, como um todo, de que os seus discipuladores
possuem qualificação necessária para acompanhamento individual e nas células.
Abaixo, segue o modelo para ser aplicado nos módulo do Curso de Treinamento de Lideres.
Os módulos 1 e 2 são baseados na série sobre discipulado, publicado pela Igreja Metodista em
2003, pela editora Cedro. O módulo 3 foi produzido pelo Ministério Regional de Discipulado da 6ª
Região. Recomendamos esse material até que a Câmara Regional de Discipulado da 5ª Região
disponibilize outros recursos.
Esse contato do/a discipulador/a com os/a discípulos que já multiplicaram pressupõe três
momentos. São eles:
O primeiro momento é quando passamos para os/as discípulos/as o esboço do estudo que
eles repassarão na sua célula, explicando-o. Também passamos um estudo para os/as discípulos/as;
ou seja, neste momento passamos o alimento que eles darão aos outros e também os/as
alimentamos.
No segundo momento, tratamos dos problemas que os/as discípulos/as têm enfrentado em
suas células; divulgam-se os avisos de eventos e outros que precisam ser dados, recebem-se
relatórios e outras tarefas que têm a ver com o funcionamento estrutural do discipulado.
Além desses dois momentos que acontecem durante a reunião de discipulado, a célula de
discipulado também possui um momento de oração e ministração sobre a vida dos/as discípulos/as
e, algumas vezes, um momento social como um café, almoço, jantar para motivar o entrosamento
entre os participantes dessa célula. A célula de discipulado não é aberta a visitantes, como a
evangelística, e é restrita a um número de dez a quinze pessoas, por isso há a necessidade de
entrosamento, para que se tornem uma equipe de excelência no desenvolvimento de discípulos/as e
líderes de célula.
O terceiro momento que o discipulador/a deve ter com seus/suas discípulos/as é o momento
pessoal, que não acontece em grupo, é individual. Nessa hora, o/a discípulo/a tem a oportunidade
de abrir assuntos pessoais que ainda não se sente a vontade para abrir no grupo e é a oportunidade
REALIZANDO A IMPLANTAÇÃO DO
DISCIPULADO BASEADO EM CÉLULAS
NUMA IGREJA MINISTERIAL
Os Dons e Ministérios é o modo de ser da Igreja Metodista, que se organiza numa ação de
amor fora do templo, o que significa dizer fora dos limites dos crentes. As células são espaço de
evangelização fora do templo, com estratégias de ganhar pessoas e firmá-las a sua fé em Cristo.
Também no discipulado a pessoa é acompanhada, cuidada, treinada para ser um/a discípulo/a
metodista frutífero e é auxiliado/a a identificar seus dons para servir em sua comunidade e ajudando
a fortalecer os ministérios da Igreja Local.
O programa de discipulado baseado nas células, como já afirmamos, vem para fortalecer a
caminhada do povo para o cumprimento da missão, especialmente nas ênfases de estimular o zelo
evangelizador na vida de cada metodista e promover o discipulado na perspectiva da salvação,
santidade e serviço. Diferentemente de outros movimentos evangelísticos, o discipulado passa a
O resultado disso é que, ao invés de enfraquecer os ministérios locais da igreja como alguns
acham, o discipulado fortalece a igreja, sem mudar em nada sua estrutura.
Muitas igrejas locais possuem seus ministérios e seus membros dedicam de forma
praticamente exclusiva ao uso de seus dons, enquanto o evangelismo é praticamente tarefa do
Ministério Pastoral e do Ministério de Missões, sendo que, muitas vezes, essa tarefa é deixada
somente nas mãos dos Evangelistas.
Com a prática do programa de discipulado baseado nas células, a dinâmica dos ministérios
estruturalmente não muda em nada, contudo o evangelismo passa a ser praticado por todos como
um estilo de vida, tornando-se presente em todas as atividades da igreja. Ou seja, o Discipulado
passa a ser a base da Igreja, como ilustra a figura (3) a seguir.
A idéia é ser uma Igreja em que todos/as evangelizam pelo testemunho pessoal e, por meio
dos relacionamentos, cresçam em santidade e serviço, onde todos/as são e fazem discípulos/as.
Nosso objetivo é ser uma igreja que não se limita ao prédio, mas uma igreja que saia para cumprir
sua missão, que é participar no propósito de Deus de salvar o mundo. A transição que buscamos é
deixar de ser uma igreja baseada em programas e atividades em que a preocupação maior está em
"fazer coisas para Deus", para ser uma igreja baseada em "gerar filhos para Deus", ou seja, não é fazer
apenas convertidos ou membros, mas gerar discípulos.
Para que isso ocorra, é necessário iniciar um processo de transição nas comunidades locais,
visando à implantação de grupos de células que, além de viabilizar o discipulado, se tornarão uma
base para a igreja.
Este processo pode gerar em seu início alguns conflitos internos, tendo em vista o fato de que
ele propõe a quebra de alguns paradigmas na vida da igreja. Por isso, sempre é necessário que
ocorra uma boa reforma na visão missionária do Pastor e da Igreja Local. Podem surgir, durante o
processo, tensões, desconfianças ou até membros da igreja contrários à visão do discipulado. Nessas
circunstâncias, é necessário ter paciência e, principalmente, dependência de Deus e da sua palavra,
pois o discipulado é bíblico e, de forma geral, este processo de transição pode levar algum tempo.
Especificamente falando sobre a Escola Dominical, esta deve merecer especial atenção dos
pastores e pastoras, para que esta seja uma importante agência de treinamento e formação seja
preservada e reformulada no que for necessário, sem perder as seguintes características. A Escola
Dominical é um espaço de treinamento e formação de liderança e, também, de discípulas e
discípulos. Durante a semana, o povo metodista deve estar em missão com ênfase em ganhar almas,
Antes de qualquer iniciativa, a melhor coisa a fazer é ver, em primeira mão, os grupos e o
discipulado funcionando. Isso produz entusiasmo e alarga a visão. Se a igreja dispõe de recursos,
seria muito interessante se o pastor e alguns líderes passassem algumas semanas em uma igreja que
já trabalha com discipulado para observar os grupos e toda a estrutura em funcionamento. Na
transição, temos que estar seguros do nosso propósito. Para isso, recomendamos a leitura de livros
chaves, e organização de seminários de discipulado e célula, para estudo e domínio do assunto.
Caso contrário poderá fracassar, e assim dificilmente haverá ânimo para tentar novamente. Além
disso, sua igreja poderá ser vacinada contra esse tipo de trabalho e resistirá a uma segunda tentativa.
É importante destacar que precisamos ter clareza daquilo que é princípio e daquilo que é
método. Por exemplo, treinamento de líderes é um princípio, mas fazê-lo usando seminário
especiais de final de semana é método ou estilo. Se não temos essa clareza, estaremos meramente
copiando algo e não aprendendo de forma criativa.
O/a Pastor/a precisa também ter um mentor/discipulador/a, que lhe passe a visão com
clareza e objetividade e seja um apaixonado pelo discipulado. Durante a transição, é fundamental
ser mentoreado, para dar segurança em cada passo do processo, por alguém que já vivenciou antes
ajudará a errar menos. Discipulado é princípio, por isso, viver o discipulado como experiência
pessoal ajudará a reproduzi-lo em sua comunidade. Os primeiros passos para transição são do/a
pastor/a local. Dificilmente a visão da igreja vai além da visão do/a seu/sua Pastor/a; uma igreja não
será aquilo que seu pastor/a não é. É preciso ser discípulo/a.
Para a implantação acontecer de forma segura, o/a Pastor precisa ensinar sobre a visão do
discipulado, muitas vezes repetindo todo processo até que se torne compreendido por todos. Pode-
se fazer seminários ou pregações intencionais e sistemáticas por um tempo suficiente para quebrar
paradigmas e formar uma nova expectativa na Igreja. Isso requer determinação do/a líder. Pode
acontecer que alguns membros da igreja local se cansem de ouvir falar do processo da implantação,
por isso é preciso estar esclarecido e seguro. É fundamental passar a visão na igreja local com
tranquilidade, para não haver divisão no corpo de Cristo.
Passo 2: Mobilizar toda Igreja num projeto de oração pela implantação do discipulado
Muita oração é a chave para todo o processo de discipulado dar certo em qualquer igreja.
Por isso, começar com um grande projeto de oração irá facilitar todo o processo. Pode fazer um
projeto com 30 dias de Oração e Jejum, vigílias, oração todos dos dias no prédio da Igreja, etc..
Após a liderança ter tomado junto com o/a pastor/a responsável a decisão de implantar o
discipulado, eles deverão participar do Encontro com Deus, pois assim terão condições de orientar e
esclarecer os demais membros da igreja que serão desafiados a participarem posteriormente do
retiro. Depois que passamos para a liderança, começamos a enviar os demais membros da igreja ao
retiro espiritual de impacto.
• submissos;
• ensináveis;
• transparentes;
• fiéis;
• devem ouvir a voz do Pastor local;
• devem ter vida consagrada;
• disponíveis (estão dispostos a mexer em sua agenda pela visão);
• devem ser frutíferos ou terem disposição no coração para frutificar.
Se não houver ninguém que preencha todos os critérios, os três indispensáveis são: ser
ensinável, disponível e ouvir a sua voz. Se a pessoa tiver isso, será possível, com a ajuda de Deus,
desenvolver as demais características.
A célula-matriz pode ser mista, mas, na primeira multiplicação, queremos incentivar a que se
tornem homogêneas (homens e mulheres separados). Isso facilita o desenvolvimento de
relacionamentos pessoais e comprometidos, o que é um dos objetivos da célula, pois com pessoas
do sexo oposto as pessoas podem ter mais resistência a se abrirem.
Passo 6: Motivar a chamar outros membros da Igreja que estão fazendo o CTL e ensinar
na prática como funciona uma célula e como cuidar de discípulos/as
Quando o/a pastora/ perceber que as pessoas que eles chamaram num primeiro momento já
aprenderam a cuidar dos/as que eles têm chamado (entram em contato fora do dia da reunião para
saber como têm passado, visitam, marcam almoços e passeios para ter tempo de convivência,
assistem na hora da crise, ajudam a procurar ajuda se eles/as mesmos/as não sabem o que fazer), ou
No momento em que o/a pastor/a avaliar que os discípulos da célula-matriz estão preparados
para serem enviados, é hora de motivá-los para participarem do Reencontro, uma ferramenta de
apoio na motivação para liderar e passar a visão adiante.
Passo 8: Liberar os que aprenderam e são fiéis para iniciarem suas células
A primeira reunião da célula deve ser aquela em que o grupo sonha e compartilha alvos de
crescimento, estratégias de evangelismo, estabelecem-se líderes em treinamento e obrigatóriamente
uma data de multiplicação. Sugerimos que o grupo compartilhe sobre seus alvos, orem e jejuem por
30 dias pelas pessoas que investirão para ganhar, e então marquem um evento ponte para convidar
essas pessoas que são seus alvos.
A medida que discípulos/as são enviados para liderarem suas próprias células, eles passam a
participar de um outro grupo (que não é a célula-protótipo) chamado Grupo de Discipulado ou
Célula de Líderes, um grupo fechado do qual que participam somente líderes que multiplicaram ou
lideram células. A partir desse grupo, o pastor fará a supervisão.
2º Passo Mobilizar toda a Igreja para um projeto de oração pela implantação do discipulado
3º Passo Motivar toda a liderança e depois os membros da Igreja local a passarem pelo Encontro com Deus
4º Passo Organizar o curso de líderes e motivar os que passaram pelo Encontro a participarem
Motivar a chamar outros membros da igreja e ensinar na prática como funciona uma célula e como
6º Passo
cuidar de discípulos/as
8º Passo Liberar os que aprenderam e são fiéis para iniciarem suas células
Antes de Começar
Passos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1º - Ensino Intencional
2º - Projeto de Oração
3º - Encontro com Deus
4º - Curso de Formação de
Lideres
5º - Abertura de Célula-Matriz
6º - Inserção de alunos do
Curso de Lideres
7º - Reecontro
8º - Abertura das primeiras
células
9º - Planejamento da
Multiplicação
10º - Abertura do GD
O melhor momento para inserimos os/as novos/as discípulos/as) nos Ministérios é quando
estão manifestando frutos de um caráter tratado e gerando outros/as novos/as discípulos/as. Dessa
forma, seremos uma Igreja onde, somos e fazemos discípulos/as, servindo com nossos dons e
ministérios.
Este Manual contém orientações para o conhecimento das práticas do discipulado, porém
nada acontecerá efetivamente se a unção prometida por Jesus Cristo e o revestimento do Espírito
Santo não estiverem sobre a vida do/a pastor/a e da Igreja.
Tudo que foi apresentado objetiva ajudar as igrejas locais da Quinta Região a alcançarem o
crescimento segundo os padrões do reino de Deus. Nenhuma igreja tem vocação à esterilidade.
Jesus, quando comparou o reino de Deus à semente que frutificou a trinta, a sessenta e a
cem por um, deixa implícito que a vocação da igreja é crescer e se multiplicar. Semear e desejar ver
os frutos deve ser a motivação de todas as igrejas. A frutificação necessita de boa terra e o
discipulado é a ferramenta que prepara a boa terra.
Porém, amado/a, não seja tentado a adotar o discipulado como um programa meramente de
crescimento em si mesmo: jejue, ore e busque em Deus a capacitação para implementar em sua
igreja local todas essas coisas, pois, disse Jesus: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5b).
Desejamos que esse manual organizado pela Câmara Regional do Discipulado seja apenas o
início de uma produção permanente de materiais que busquem aperfeiçoar informações, instruções
e práticas inerentes ao discipulado, ajudando a Quinta Região a crescer no discipulado segundo os
padrões bíblicos.
João Wesley disse: "A igreja não transforma o mundo fazendo novos convertidos. Ela
transforma o mundo fazendo discípulos”. Que o Senhor da Seara nos conceda vigor, graça e unção
nos caminhos da missão!
COMISKEY, Joel. Crescimento Explosivo da Igreja em Células: levando seu grupo a crescer e
multiplicar. Curitiba: Ministério Igreja em Células, 3ed. 2008
EARLEY, DAVE. Transformando membros em líderes: como ajudar os membros de seu grupo.
Curitiba, PR: Ministério Igreja em Células, 2009. 132p.
EARLEY, DAVE. 8 Hábitos de líder de Célula Eficaz. Curitiba, PR: Ministério Igreja em Células,
2005.
HUBER, Abe; GOMES Ivanildo. Ide e Fazei Discípulos. Fundamentos práticos para Ser e Fazer
Discípulos de Jesus – Fortaleza: Ed. Premius, 2012, 2Ed.
HUBER, Abe e GOMES Ivanildo. Treinamento de Líderes de Célula. Fundamentos– Fortaleza: Ed.
Premius, 2010, 2Ed.
IGREJA METODISTA. Carta Pastoral do Colégio Episcopal para o Biênio 2012-2013: Discípulos e
discípulas nos caminhos da missão cumprem o mandato missionário de Jesus.
IGREJA METODISTA. Carta Pastoral do Colégio Episcopal para o Biênio 2008-2009: Testemunhar
a Graça e Fazer Discípulos/as. São Paulo: Ed. Cedro: 2007.
IGREJA METODISTA. Plano Nacional Missionário / aprovado pelo 19º Concílio Geral da Igreja
Metodista.
IGREJA METODISTA. Manual do Discipulado. Biblioteca Vida e Missão, Série Discipulado nº4. São
Paulo: Ed. Cedro. 2003.
IGREJA METODISTA. Cânones da Igreja Metodista. Editora Cedro: São Paulo, 2007
HEITZENRATER, Richard P. Wesley e o povo chamado metodista. Trad. CleideZerloti Wolf. 2ª.
Ed. São Bernardo do Campo: Editeo, 2006.
RUNYON, Theodore. A Nova Criação. A Teologia de João Wesley Hoje. Trad. Cristina Paixão
Lopes. São Bernardo do Campo: Editeo, 2002.
1
SILVA, Aluízio A. 21 dias na vida de um discípulo – Edificando relacionamentos para o reino. Goiânia:
VINHA Editora, 2009. P.11
2
Este tópico foi construído a partir de recortes de textos sobre Discipulado cedidos gentilmente pelo Rev.
Emanuel Adriano SIQUEIRA, e todas as transcrições foram feitas com a autorização do autor. O Rev.
Emanuel é pastor metodista e possui uma larga experiência em discipulado. A comunidade onde pastoreia
(Igreja Metodista em Mandaguari-PR) tem sido um referencial na prática do discipulado dentro do ambiente
metodista no Brasil.
3
KORNFIELD, David E. As bases na formação de discipuladores. Editora Sepal.
4
Resumo do Caráter Cristão – Série Discipulado, Biblioteca Vida e Missão – São Paulo :Editora Cedro, 2003
5
RIBEIRO, Claudio de Oliveira (org.). Teologia e Prática na Tradição Wesleyana: Uma Leitura a Partir da
América Latina e Caribe. São Bernardo do Campo. Editeo, 2008 p. 219 à 231.
6
REILY, Duncan Alexander. Missão, Organização e Agentes do Metodismo. Biblioteca Vida e Missão /
Metodismo – nº. 02, 1996 p. 5.
7
REILY, Duncan Alexander. Missão, Organização e Agentes do Metodismo. Biblioteca Vida e Missão /
Metodismo – nº. 02, p. 10.
8
HENDERSON, D. Michael. Um Modelo para Fazer Discípulos: A reunião de Classes de John Wesley.
Curitiba: Ministério Igreja em Células, 2012. P. 29.
9
RUNYON, Theodore. A Nova Criação. São Bernando do Campo: Editeo, 2002 P. 151.
10
HEITZENRATER, Richard. Wesley e o Povo Chamado Metodista. São Bernardo do Campo. Editeo, 1996
Págs. 117-119.
11
HENDERSON, D. Michael. Um Modelo para Fazer Discípulos: A reunião de Classes de John Wesley.
Curitiba: Ministério Igreja em Células, 2012. P. 32.
12
RENDERS, Helmut, A Evolução de Pequenos Grupos na História da Igreja Metodista, Revista
Caminhando, Ano 7, no. 10, p. 71.
13
RUNYON. Theodore. A Nova Criação. P. 158. IDEM
14
REILY, Duncan Alexander. Missão, Organização e Agentes do Metodismo. Biblioteca Vida e Missão /
Metodismo – nº. 02, p. 16-17.
15
SILVA, Aluízio A. Manual da visão de células. Goiânia: VINHA Editora, 2008. p.42
16
HUBER, Abe e GOMES Ivanildo. Treinamento de Líderes de Célula. Fundamentos– Fortaleza: Ed.
Premius, 2010, 2Ed. p.24
17
HUBER, Abe e GOMES Ivanildo. Treinamento de Líderes de Célula. Fundamentos– Fortaleza: Ed.
Premius, 2010, 2Ed. p.25
18
Entende-se por pastoreio na célula a ação de “cuidar”, provendo alimento espiritual, oração, proteção e
amor aos novos irmãos que chegam à célula. Difere das funções do ministério ordenado na igreja.
19
Nessas reuniões de consolidação, pode ser compartilhado qualquer material que ensine os primeiros
passos da vida cristã.
20
CARTA PASTORAL: Testemunhar a Graça e Fazer Discípulos/as. Editora Cedro, 2007p. 38.
21
CARTA PASTORAL: Testemunhar a Graça e Fazer Discípulos/as. Editora Cedro, 2007 P. 38.