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REVISTA
Revista de I n d k , 1 995, vol LI/ núm 204
-'
ALBERTO VIEERA
Centro de Estudios de Historia do Atlántico
Funchal-Madeira
(1) Alberto VIEIRA, "O comércio de cereais dos Açores ara a Madeira no
seculo XVU1', in Os A ~ o r e se o Ati&i~rico(sécrilos XW-XVY, Angra do Heroismo,
1984: "O comércio de cereais das Canarias para a Madelra nos séculos XVI e
XVII", in VI ColQuio de Hisrória Cat?urioAnzericanq Las Palmas, 1984; "Madeira
e Lanzarote. Comércio de escravos e cereais no século XVII", in W Jornadas de
Hissória de L a n ~ r o t e Ftlei-tevei?ttli-a,Arrecife de Lanzarote, 1989.
ALBERTO m R A
mrmios, livr
& b s o nso e
r escravos, serem ladrões. Todavia para Mendo
assim que se castigava tais atropelos, pois existia
'"dução. Se consideramos, por hipótese, que cada
s pretendia defender os seus interesses, podemos
Wt,oxze dos presentes eram proprietários de escravos
,1503(12) o problema ainda persistia, ordenando o
pw eles fossem expulsos num prazo de dez meses. De
i retrocedeu abrindo uma excepção para aqueles que
de açúcar e dois escravos do capitão -Bastiam
Catarina-, por nunca terem sido pastores (13).
i o isto podemos concluir que as Canárias afirmaram-se
h
xv como o principal fornecedor de escravos, comple-
jorn as presas dos assaltos i costa mamquina e viagens
8.Os canários foram na ilha pastores e mestres de engen-
~onistasdo século xv e xvx relevam o activo protagonismo
aeirenses na manutensão e defesa das praças de Marrocos.
:I al aristocracia da ilha fez delas o meio para o reforço
~
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& õ e sda cavalaria medieval, uma forma de serviqo ao
e fonte grangeadora de títulos e honras. Esta acção foi
,,e, e imprescindível a presença portuguesa, na primeira
$de do século XVI, destacando-se diversas armadas de socorro
p&, Azamor, Mazagão, Santa Cruz de Cabo Gué, Safirn. Aí
FmZncipais ptotagonistas foram os capitães do Funchal e Ma-
%r, bem como a aristocracia da Ribeira Brava e Funchal.
%tadupla intervenção dos madeirenses na conquista e ma-
:n@o das praças marroquinas e portos da costa além do
dor contribuíu para a abertura das rotas de comércio de
avos, daí oriundos. No caso de Marrocos a assídua presença
es na defesa trouxe-lhes algumas contrapartidas favoráveis
termos das presas de guerra. Dai terão resultado os escravos
uriscos que encontrámos. Gaspar Frutuoso refere, quanto a
de S. Miguel (Açores), que em 1522, quando do sismo e
cada de terras que soterraram Vila Franca do Campo, era
w e r o s o o gmpo de escravos mouros que o capitão Rui Gon-
GaIves da Câmara e acompanhantes detinham, quando anos antes
haviam ido a socorrer a Tanger e Arzila (14) IdEntico foi o com-
portamento dos madeirenses que participaram com assiduidade
(12) Ibídem vol. XVII, pags. 440-441.
(13) Ibidem vol. XViI, pags. 450-451.
I'
(14 Francisco de Athayde M. de Faria e M m , Capifãa das DoimfáriaE
(1439- 7661, Lkboa, 1972, 60.
ALBERTO VIEIRA
R L, 1995, nQ 104
ALBERTO VIEIRA
Diogo Garcia
Fenião Gomes criado de B. Esteves
Gaspar Soares
Juiz dos orfaos
Lopo Fernandes
Manuel Lopes Madeira
Martirn Albernaz
Pero Vaz corretor
Rui Dias almoxarife
Simão de Oliveira
Salvador Alvarez
TOTAL 135$650
cunhado 85$000
Madeira 1O$rxn>
22$250
Terceira
AGRACIADOS OBSERVAÇÕES VALOR
TOTAL 2332$000
I APÉNDICEDOCUMENTAL
(JSCO D ~ ZNATURAL
, DE MADEIRA QUE FALECE0 NO CABO
r noso Senhor Ihe deu mãodou chamar ha mim Duarte Roiz e me dise e
mgou que fie firese este testamento pera nele declarar sua derradeira
vtítade de comas de sua consiencia o qual testamento he o seguinte.
Dise que se Noso Senhor por servido de o levar desta vyda presemte
desta doença de que hora estava enfermo ele encomendava a sua alma
a noso Senhor Deos que a fez deixa huma cousa (?)e a nosa Senhora a
virgem Santa Maria que ka tenha por bem de rogar hao seu bemto pelo
Noso Senhor Jeshú Christo que a queria levar ha sua sarnta gloria pera
honde foi levada amem.
ALBERTO VIE.iRA
Dise que sendo caso que hele faleça desta enfermidade que era por
bem que seu corpo seja sepultado em Nosa Senhora da Concepção
dentro na igreja ha rnao direita detras da porta e haa por bem que o dia
de seu enterrarnento se ouver tempo e se não ha houtro dia ihe digão hum
oficio de nove iliçõcs ofertado com hum saquo de farinha e hurn quarto
de vinho e ao dito oficio estarao todos os padres que nesta sydade
ouver e os mais que a ele quyserom estar e ser%pagos ha custa de lhe
darem esmolas.
Dise mais que pedia aos senhores do cabido que todos acompanhas-
sem seo corpo ate ser enterrado e lhes mande dar esmolla pello dito
acompanhamento dez cruzados.
M%da que por sua alma se digão cem misas rezadas ha omrra das
cinquo chagas que Noso Senhor recebe0 na arvore da Vera Cruz pellos
pecadores e outras cinquo lia omrra de Nosa Senhora de ComcepçãIo
que queira ser sua a avogada diante de seu fiho por sua allma.
Mãoda que de sua fazenda ha casa de nosa Senhora de Concepção
desta cydade dez cruzados pera ajuda de sua cera.
Mãoda que de ha confraria do Santissimo Sacramento outros dez
cruzados pera ajuda da cera da dita confraria.
Mãroda que se de ha casa da Santa Misericordia desta sydade trinta
d reis e que sejão pagos logo.
Dise hele testador que hele nao he casado nem nunca ho foi e que
a o tem pai nem mai nem filho nem filha nem houtro nenhum herdeiro
pra sy que sua fezemda aja de herdar e por asy ser hele hordena e
despemde sua fazenda desta maneira seguinte.
Dise que hele tem em poder de Jorge Fernandez Alrnoxarife de sisa
dos pannos dallfandega da sydade novecentos mil reais os quoaes ele
testador lhe remeteo por hua letra pasada por Duarte Roiz sobre Pero
Pardo.
Dise mais que erh poder do dito Jorge Fernandez esta mais cinqoenta
e hurn d que hele Ihe remeteo por hua letra pasada por Jacome
Fernandez sobre Jeronimo Cajado.
Dise que Lopo Fernandez irmão do dito Jorge Fernandez lhe deve
por hum asinado seu trinta e tantos mill reais.
Dise que hele tem em poder do Mariscall Diogo Cavalhero vizinho de
desa villa setecentos pezos os quoais ihe trouxe Rodrigo de Sallinas de
Humduras e estes ihe escreve0 dito Maryscall que estão na Casa da
Contratação.
Dise que em p d e r do dito Mariscd estão duzentos e vinte e s e i d
maravedis que lhe remeteo Luis de Mercado de seis peças que daquy
ihe rnaodou na mão de Gramilho.
Dise que tem mays em poder do Maryscall de resto de huum escravo
cruzados se gastem porque ho que hele ordenar destas duas cousas hele
testador ha asy por bem.
Dise que hurn rnãocebo por nome Garcia ~ernãodezcriado de Diogo
de Crasto lhe deve trinta cruzados que lhe emprestou mãoda que se
cobrem dele.
Dise que Pero Vaz corretor Ihe devia trinta e nove mill e cento e
cinquo reais como se veraa por seu livro do dito Pero Vaaz mãoda que
se cobrem dele.
Dise que hele não he ilembrado que deva a nenhua possoa cousa
allguma e porem se allgurna pessoa mostrar ailgum certo llyqydo per
que ele deve allgurna çousa mãoda que os pagase.
Dise mais que hele deixa nesta testamento trinta mill reais ha Misen-
cordia desta sydade mãoda que se sejão cem cruzados que são mais dez
miü reais que dhodo vinte rniil reais por sy que seja forra e asy ha
porbem de lhe forrar dous pellos que a dita negra tem que em casa Lhe
nacerão ha macho e ouka fernea.
Dise que devia a Sailvador Alvarez mais dous mill e quoatrocentos
reis mãoda que hos dem.
Dtçe que o Juiz dos orfãos Ihe deve ha cabre que ihe vendeo por
quinze mil1 reais e allem disso lhe deve mays oito mil reais, digo oito
mil1 e qynhentos reais e ele ihe deve ao dito juiz dos orfãos o que
parece por ha mãodado do senhor corretor de frete e quoartos e vinte
nas que pegou a Diogo Nunez que terão de seu sobrinho que deos aja a
nesta parte mgoda que se lhe page.
Dise que hele he encargo ao genro dolirn Pedro e dom miü he tantos
reais e que Diogo Barrosa sabe quem he a mãoda que de sua fazenda
ihe sejão pagos.
Dise que devia ha capitoa da ilha da Madeira vinte e dous mil1 e
duzentos e cinquoenta reais de resto doque lhe devia mãoda que lhos
pagem.
Dise que Ihe devia Ruy Dias dmaxarife dous mil reais Pedro Mon-
teiro da ilha do Fogo.
Dise que lhe devia Gaçpar Soares seis mil e tantos reais manda que
de ha molher de Simão doliveira catorze miil reais silicet seis que ihe
arrecadou dez e João Fdeyro e oyto que lhe hele daa mais.
Mãoda que sua fazenda se partão cem mill reais opor cinqo orfãos
pera ajuda de seus casamentos a vinte mil1 reais cada hum e serzo a
contente de sua irmãa Beatriz Alvarez tomão direito e parecendo seos
Antonio Gonçalvez que por servyço de Noso Senhor lhe dara dos orf%os
e não naturaes da dha da Madeira.
Mãoda que se diga hurn oficio comprido de nove liições na ilha da
Dise que ha outra sua sobrinha filha daiivaro Fernãodez mzoda que
aliem do que ihe deixa ihe deixe mays duzentos e mai ou com eles o
qyserem partyr.
Dise mays que do dito remanecente da dita sua fazenda pella mesma
maneira maoda que na dita iiha da Madeira se casa mais dez orfãas
ornrradas e naturaes da t e m que o ajão mister e ihes darão duzentos
mili reais, vinte mill reais ha cada huua e sera c6 a propria declaração
que das cinqo o r f sejm
~ de fazer.
Dise que depois de caprydos seus liegados nesta iIha rnaoda que se
fação todo ko remrtnwnte que lhe ficar perde a seu testamenteiro que
abaixa declara que Iha faça ir ha ilha da Madeira a mar0 de Antonio
Gonçalves a quem h& d&a vinte mili reais por seu trabalho.
1
!
Dhe que h l e deixava a huum Andre Ferreira da Madeira doze mili
reis p - aajuda de suas- necesydades.
Dise que todo ho rnays que rernanecer de sua fazenda mãoda que
depois de tudo coprido o que asy doclara e mãoda que se faça querer
haa por bem que pouco ou meryto se dee ha Misericordia da ilha da
Madeira da sydade do FunchaU.
Dise que toda a fazenda que tem em Portogall como tem declarado
neste testamento mãoda que se pase ha ilha da Madeira ha mão do dito
Antonio Gonçalvez pera compryr seu Ilegados e asy tera cuidado de
cobrar tudo aqyllo que neste testamento decliara que ele deve em
Castelia pera se comprir seus Uegados.
Diçe que todo ho movell de seu scilicet, leito e cortinas e cama e
roupa de linho e caixas e toda Uouça e mesas he cadeiras que em sua
casa ouver que se de a Johana Wopez por serviço que ihe tem feito.
&e mays que em poder de Manueii Llopos que ora estaa nesta ilha
tinha huua encomenda que lhe deo de oito mili reais mão da que se
arrecade a dita encomenda.
Dise que Johã Gdzo tem seu escravo que hele deixou forro tem em
sua casa ha menino macho seu filho msoda que seja forro que asy ho
haa por bem.
Dise que Fernaão Gomes criado de Bernddim Estevez lhe deve
d o u mil1 reais que ihe emprestou m o d a que se cobrem deile.
E feito asy o dito testamento como acima e a t m parece todo respeito
por Duarte Roíz em estas cinqo folhas que s%o dez laudas como estas
ele dito Francisco Diaz testador estando em todo em siso e entendimento
comprydo que a Senhor Deos ihe deu adoentado corpo deytado em haa
cama suas pousadas nesta dita cydade de São Tyago por hele testador
foy dito a mim escripvam ao diamte nomeado em presença das teste-
munhas hão diãote escritas que hele fazia seu testamenteiro ao dito
Duarte Roiz em esta ilha porqoanto hele testador não tem herdeiro
DA MADEIXA E O T M C O NEGREIRO 355
The paper reveab the imprtant exteiqr to ivhich the isiand of Madeira sustained
frade relarions in grains and bhck slaves ivirh both neighboring archipelagos and
farther uiva? ones since the 15th century. The evdence to this effect undermines
the received, ivell-knaivn tkesiç thar Madeira had only trade relaíwns with the
Oid World until rhe 17th centta?, and ivith the Netv WorU from thar time
opiwards.