A GERAÇÃO DE 70

«Não pode viver e desenvolver-se um povo, isolado das

grandes preocupações intelectuais do seu tempo; o que
todos os dias a humanidade vai trabalhando deve
também ser o assunto das nossas constantes
meditações».
MANIFESTO DAS «CONFERÊNCIAS DO CASINO»

Eça de Queirós, Oliveira Martins, Antero de Quental, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro.
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À Geração de 70 pertenceram muitos
intelectuais que, nas últimas décadas de
século XIX, empreenderam uma
verdadeira revolução no modo de
pensar o país, a sociedade, a política e a
literatura.
Entre os seus membros destacaram-se:
– Antero de Quental;
– Eça de Queirós;
– Ramalho Ortigão;
– Oliveira Martins;
– Guerra Junqueiro;
– Teófilo Braga.
Caricatura de João Abel Manta.
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INFLUÊNCIAS
 Apostados em modernizar o país, os
membros da «Geração de 70» foram
influenciados pelos novos modelos
europeus, mais precisamente:
– o Socialismo de Proudhon;
– o Positivismo de Comte;
– o Idealismo de Hegel;
– o Realismo de Flaubert e Zola.
 Sob estas influências, procuraram
agitar as consciências e o poder.
 Nos diversos domínios em que
intervieram, deixaram às gerações
seguintes um legado notável.
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1.º MOMENTO – COIMBRA

 O primeiro passo para o

nascimento da consciência da
«Geração de 70» foi a chamada
«Questão Coimbrã».
A «Questão Coimbrã» é o nome
António Feliciano de pelo qual ficou conhecida a
Castilho (1800-1875) , polémica literária ocorrida em
que pertencera à geração
romântica, era um poeta
1865, que opôs o jovem Antero de
cego, então muito Quental ao decano António
respeitado como o Feliciano de Castilho.
representante das letras
oficiais.
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1.º MOMENTO – A QUESTÃO COIMBRÃ
 No posfácio ao livro Poema da Mocidade do
romântico Pinheiro Chagas, Castilho
criticou o jovem Antero de Quental, que
publicara Odes Modernas, obra em que
afirmava «A poesia é a voz da Revolução».
 Antero respondeu com o folheto Bom
Senso e Bom Gosto e depois com A
Dignidade das Letras e as Literaturas
Oficiais.
 Instalou-se a polémica, com apoiantes de
ambos os lados. Assim começava a luta
entre o Romantismo envelhecido e o
Realismo nascente, como uma chama
nova.
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CONFERÊNCIAS DEMOCRÁTICAS DO CASINO
As «Conferências Democráticas do
Casino» foram o segundo passo no
percurso da «Geração de 70».

O grupo de estudantes que, na década

anterior, se envolveu na «Questão
Coimbrã», alargou-se e reúne-se em
Lisboa, no autodenominado Cenáculo.

Em 1871, organizaram as Conferências,

sessões públicas destinadas a divulgar as
«novas ideias» que agitavam a Europa, na
política, religião, filosofia, educação,
Casino Lisbonense, onde se
realizaram as Conferências.
literatura, arte.
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CONFERÊNCIAS DEMOCRÁTICAS DO CASINO
OBJETIVOS DAS CONFERÊNCIAS
 Abrir uma tribuna, onde tenham voz as ideias e os trabalhos que
caracterizam este momento do século, preocupando-se sobretudo
com a transformação social, moral e política dos povos.
 Ligar Portugal com o movimento moderno, fazendo-o assim nutrir-se
dos elementos vitais de que vive a humanidade civilizada.
 Procurar adquirir consciência dos factos que nos rodeiam, na Europa.
 Agitar na opinião pública as grandes questões da Filosofia e da
Ciência moderna.
 Estudar as condições da transformação política, económica e religiosa
da sociedade portuguesa.
Tal é o fim das Conferências Democráticas.
MANIFESTO DAS «CONFERÊNCIAS DO CASINO», 16 de Maio de 1871

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CONFERÊNCIAS DEMOCRÁTICAS DO CASINO

PROGRAMA REALIZADO (1871)

22 de maio – «O Espírito das Conferências»,

por Antero de Quental;
27 de maio – «Causas da Decadência dos Povos
Peninsulares», por Antero de Quental;
5 de junho – «Literatura Portuguesa», por Augusto
Soromenho;
12 de junho – «A Literatura Nova» ou
«O Realismo como nova expressão da arte»,
por Eça de Queirós;
19 de junho – «A Questão do Ensino», por Adolfo
Coelho.
Caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro.
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CONFERÊNCIAS DEMOCRÁTICAS DO CASINO
A atividade pública do grupo foi
interrompida pelo governo, que proibiu a
realização das Conferências.
Na portaria de 26 de junho de 1871, em
que era ordenado o encerramento, o
grupo era acusado de atacar a Religião e
o Estado e de ofender as leis da
monarquia.
No mesmo dia, «em nome da liberdade
de pensamento, da liberdade da palavra,
da liberdade de reunião», Antero
entregou um violento protesto nos
jornais, assinado pelos diversos
Caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro.
membros. Novo Plural | 11.º ano
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OS PRINCIPAIS PROTAGONISTAS

ANTERO DE QUENTAL
(1842-1890)
Líder da «Geração de 70»,
protagonizou a «Questão Coimbrã»
e foi ele quem conferiu ao grupo a
dimensão interventiva que
culminou nas «Conferências do
Casino».
É um dos maiores poetas
portugueses do século XIX.

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OS PRINCIPAIS PROTAGONISTAS

EÇA DE QUEIRÓS
(1845-1900)
Conheceu Antero na Universidade
de Coimbra e com ele participou,
em Lisboa, do grupo do Cenáculo.
A sua ação em defesa do Realismo
foi uma das marcas da «Geração de
70».
É o maior romancista português do
século XIX e um dos nossos
maiores escritores.

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OS PRINCIPAIS PROTAGONISTAS

RAMALHO ORTIGÃO
(1836-1915)
Inicialmente contra Antero, na
«Questão Coimbrã», tornou-se um
dos mais ativos membros da
Geração.
Crítico sarcástico, publicou As
Farpas (inicialmente com Eça) e
interessou-se pela defesa do
património.

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OS PRINCIPAIS PROTAGONISTAS

OLIVEIRA MARTINS
(1845-1894)
Foi deputado, ministro,
economista, jornalista e
historiador.
Escreveu obras fundamentais para
a compreensão da História de
Portugal: História de Portugal,
Portugal Contemporâneo e
Portugal nos Mares.
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OS PRINCIPAIS PROTAGONISTAS

GUERRA JUNQUEIRO
(1850-1923)
Poeta e deputado progressista,
relacionou-se com o grupo do
Cenáculo e, mais tarde, fez parte
dos «Vencidos da Vida».
Intransigente defensor da causa
republicana, foi ministro após a
implantação da República.

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OS PRINCIPAIS PROTAGONISTAS

TEÓFILO BRAGA
(1843-1924)
Companheiro de Antero desde a
Universidade de Coimbra e açoriano
como ele, dedicou-se à recolha da
tradição oral. Publicou Contos
tradicionais do povo português,
História da poesia popular portuguesa
e O povo português nos seus
costumes, crenças e tradições.
Foi Presidente da República em 1910 e
em 1915.
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OS VENCIDOS DA VIDA
Com a ironia que sempre foi uma das suas armas, na maturidade,
o grupo autodenominou-se «Vencidos da Vida». Na verdade, esta
foi, provavelmente, a geração de intelectuais que mais
contribuiu para a modernização do país.

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