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Conferências do casino

- O que são?

Série de conferências democráticas - também conhecidas


simplesmente por Conferências do Casino - levadas a público em
1871, em Lisboa, por iniciativa do chamado grupo do Cenáculo.
Deste grupo, faziam parte nomes como: Antero de Quental,
Augusto Soromenho, Francisco Adolfo Coelho, Germano Vieira de
Meireles, José Maria Eça de Queirós, Jaime Batalha Reis, Joaquim
Pedro de Oliveira Martins, Manuel de Arriaga, entre outros…

- Objetivos destas conferências

 Aproximar Portugal da Europa;

 Ligar o nosso país com o movimento moderno;

 Agitar na opinião pública as grandes questões da Filosofia e


da Ciência Moderna;

 Estudar as condições da transformação política, económica e


religiosa da sociedade portuguesa.

- História destas Conferências

No dia 22 de maio de 1871, quem se deslocasse ao edifício do


Casino Lisbonense, no n.º 10 do Largo da Abegoaria (hoje Largo
Rafael Bordalo Pinheiro), em Lisboa, por volta das nove horas da
noite, poderia assistir a um discurso do jovem poeta Antero de
Quental inaugurando as Conferências Democráticas, que
passariam à história como as Conferências do Casino.
Esta conferência inaugural, intitulada “O espírito das conferências"
teve como objetivo afirmar a necessidade de
regenerar Portugal "pela educação da inteligência e pelo
fortalecimento da consciência dos indivíduos”.
À conferência inaugural, seguir-se-iam, até 19 de junho, mais
quatro: novamente Antero de Quental, com “Causas da Decadência
dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos”, um dos textos
mais influentes na cultura em Portugal durante as cinco ou seis
décadas seguintes; Augusto Soromenho, versando sobre a «A
Literatura Portuguesa»; Eça de Queirós, que falou acerca d’”A
Literatura Nova”, ou seja, sobre o Realismo; e Adolfo Coelho,
debruçando-se sobre “O Ensino”.
Todas elas, cada uma à sua maneira, criticaram o status
quo político, social e cultural português da época, as suas
instituições, os seus valores, a sua visão do mundo: a Monarquia, a
Igreja Católica, a Universidade de Coimbra, o sistema de ensino, o
meio literário, a imprensa e o liberalismo económico.
Com efeito, no serão de 19 de junho (5ª Conferência), entre a
centena de pessoas que assistia à conferência de Adolfo Coelho,
encontrava-se um comissário da Polícia, que logo enviou um
relatório apreensivo ao Governador Civil interino de Lisboa.
Depois de examinado o relatório, que relatavam as ideias
divulgadas nas Conferências à luz do Direito em vigor, chegaram à
seguinte conclusão: “entendo que são erróneas e ofensivas das
leis, da Constituição e dos corpos do Estado as doutrinas expostas
nas preleções a que me referi: que são assim um perigo para a
sociedade. É por isso que o Governo não pode consentir que
continue semelhante ensino, e deve proibi-lo”.
A 26 de junho, perante este veredicto - e provavelmente
confrontado com o tema da próxima conferência, «Os Historiadores
Críticos de Jesus», de Salomão Sáragga, que prometia o continuar
da subversão - o marquês de Ávila e Bolama, chefe do Governo e
ministro do Reino, agindo em conformidade com o parecer,
assinava a portaria que proibia as Conferências do Casino.
 - Reação dos conferencistas a esta decisão

A suspensão das Conferências do Casino causou uma reação


violenta por parte dos organizadores e simpatizantes da iniciativa,
desencadeando uma polémica na imprensa entre os que defendiam
a liberdade de expressão e de reunião e os que apoiavam a medida
do Governo.

Ficou claro, por esta altura, que existia uma clara rutura entre uma
nova geração de escritores e intelectuais – que viria a ser chamada
de “Geração de 70” – e os setores mais conservadores da política e
da sociedade portuguesa.

- Conclusão

As Conferências do Casino marcaram, portanto, a afirmação pública


de um grupo de jovens críticos do sistema, que defendiam uma
nova estética, uma nova literatura e uma nova ciência social e
política, e constitui um momento fundamental da renovação cultural
do Portugal do século XIX.

Francisco José Soares Nº8 11ºA

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