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Um início difícil
Quando olhamos, hoje, para a XP Investimentos, e vemos uma das maiores
empresas de investimentos do país, oferecendo diversos produtos e serviços
financeiros, talvez não passe pela nossa cabeça que essa empresa quase faliu
diversas vezes, e que começou muito, mas muito pequena.
O nascimento da empresa e os percalços pelos quais passou até chegar aqui são
detalhados pela jornalista Maria Luíza Filgueiras em um livro muito bem escrito, de
leitura simples e cativante.
O livro conta a história da XP, mas também narra muitos momentos importantes da
vida de um dos seus sócios-fundadores, Guilherme Benchimol. Conforme fica claro
na leitura, em muitos momentos a empresa reflete o espírito do seu principal sócio,
sua personalidade, suas características. XP e Guilherme parecem, em muitos
momentos, um só.
Essa conjunção de fatores fez com que o início da XP fosse trágico, e nem uma nem
duas vezes a empresa estivesse perto de fechar as portas por dificuldades de
manter suas operações.
Ora, como ganhar dinheiro com investimento se as pessoas não sabem investir?
Era necessário educar financeiramente as pessoas, e foi isso que Guilherme e
Marcelo Maisonnave (o outro sócio fundador da XP) fizeram, no início da empresa,
para manter suas atividades em pé.
Eles criaram cursos sobre investimentos em bolsa de valores e iam panfletar na
frente das faculdades de Porto Alegre divulgando-os. A grana desses cursos
contribuiu para que, no início, a XP não fosse à falência.
E assim foi o início da empresa, que até intermediou a venda de vale-refeição para
auferir uma comissãozinha em cima dele, com objetivo de não fechar as portas.
Após muitos percalços, detalhados no livro, a empresa se consolidou no Sul do país,
conseguindo, ao menos, obter uma operação consistente, que garantisse sua
sobrevivência, ainda que a conta-gotas.
Porém, a verdadeira virada de chave da XP, conforme narra o livro, foi a decisão de
transformar a empresa em um shopping financeiro, copiando, literalmente, a
atuação da Schwab, uma corretora norte-americana.
Até então, investir era visto como “coisa de gente rica”. Produtos financeiros hoje
comuns e acessíveis a qualquer pessoa eram um monopólio dos grandes bancos,
com um grau de concentração muito grande. Investimento em ações e produtos de
renda variável era algo inimaginável para o cliente comum. O assunto era tratado
pelos bancões como produtos especializados e para um público muito seleto.
A XP (e outras empresas também) contribuiu (e contribui até hoje) para uma virada
completa nesse cenário, com oferecimento de uma gama de produtos financeiros a
qualquer interessado, o que aumenta o leque de alternativas de investimentos. Essa
maior facilidade no acesso a produtos fez com que mais pessoas se interessassem
pelo assunto, o que proporcionou mais gente produzindo conteúdos sobre
investimentos. Mais pessoas estudando, mais gente se qualificando. Enfim, é um
verdadeiro ciclo virtuoso.
Conclusão
O livro ainda trata de diversas questões legais, como a infância e adolescência de
Guilherme Benchimol, os motivos que o levaram a querer estudar economia, a vida
com os pais separados e alguns conflitos com a figura paterna, os diversos conflitos
com sócios da XP e o “desfazimento do clube dos amigos” com a saída da maioria
deles, a forma como a empresa enfrentou todas as crises desde sua criação, os
aportes financeiros que recebeu, a venda para o Itaú (esta parte é narrada com
riqueza de detalhes!) enfim, não quero dar muitos spoilers, e para o texto não ficar
muito grande vou deixar que tudo isso seja esclarecido por vocês na leitura.
É um ótimo livro, nota 10. Leitura fácil e rápida. Biografias são um dos gêneros
literários que mais gosto, pois sempre aprendemos muito com pessoas que
chegaram lá, que realizaram e que fizeram coisas grandiosas. O livro com a história
da XP e do Benchimol tem muito a nos ensinar. Leitura mais que recomendada. Vale
muito a pena. Boa leitura a todos!