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Apresentação
Em nossa última aula, analisaremos como a perspectiva dos Estudos Culturais se expandiu pelo mundo, in uenciando
fortemente a América Latina, a partir do m dos anos 1970.
Veremos que vários autores se destacaram nos debates sobre comunicação na América Latina, entretanto, três obras são
responsáveis em grande medida pela circulação do debate: De los médios a las mediaciones (MARTÍN-BARBERO, 1987);
Culturas Híbridas (CANCLINI, 1997) e Más(+) Cultura (s): ensayos sobre realidades plurales (GONZÁLES, 1994).
As pesquisas desse período pautam-se na problemática da cultura e da recepção esclarecidas pela noção de mediação. A
lógica do poder absoluto dos meios de comunicação é rompida a partir da discussão sobre cultura como base do
desenvolvimento.
Objetivos
Descrever os Estudos de Recepção e como surgiram;
enfoque no cultural local e regional, que da cultura latino-americana. Os
já foi alvo de aula anterior. principais autores dos Estudos Culturais
na América Latina são Jesús Martín-
Barbero, Néstor García Canclini e
Guillermo Orozco.
Pode-se dizer que as contribuições dos Estudos Culturais, tanto inglesas quanto na América Latina, estão voltadas para o
conteúdo que o receptor entende. Isso porque é na recepção que efetivamente a comunicação acontece.
Tal fato é importante de se perceber, já que a leitura que o produtor de comunicação tem não necessariamente condiz com a
leitura promovida pelo receptor.
Na América Latina, os Estudos Culturais encontram na comunicação um solo fértil para se desenvolver, levando em
conta preocupações como:
As condições de possibilidades históricas que a política vivencia na década de 1980, com a instauração dos processos
de redemocratização em vários países latino-americanos, também favoreceu o desenvolvimento dos Estudos Culturais
em vários países do continente.
Mas foi um processo para que nosso país e alguns de nossos vizinhos deixassem apenas de importar teorias vindas
dos EUA e Europa para iniciar um arcabouço intelectual propriamente latino-americano.
Para entender melhor essa jornada, vale uma rápida retrospectiva histórica dos debates comunicacionais ao Sul do
Equador.
A in uência norte-americana ingressa na América Latina, trazendo junto temas e métodos. Surge, então, em 1959, o Centro
Internacional de Estudios Superiores de Periodismo para a América Latina (Ciespal), em Quito, Equador.
O Centro é fundado no contexto da Aliança para o Progresso, uma resposta do governo Kennedy ao novo cenário latino-
americano. Era uma resposta à revolução cubana, que obrigou os Estados Unidos a revisarem sua política exterior, numa
tentativa de impedir a expansão do movimento cubano.
Wilbur Schramm, Raymond Nixon, John McNelly, Jacques Kayser e Joffre Dumazedier são alguns dos pesquisadores que
atuaram no Centro, através de seminários e pesquisas, posicionando temas como: comunicação e modernização, rádio e tele-
educação e liderança de opinião.
A indústria petroleira e o desabrochar da democracia na Venezuela, a partir da década de 1960, fez o país se sobressair
na América Latina, passando a ser um dos primeiros a ter televisão com investimentos comerciais signi cativos.
E é justamente com a televisão que o capital norte-americano se fazia presente na indústria cultural, primeiro na
Venezuela e depois, com o mesmo modelo, em toda a América Latina.
Vale ressaltar que este Centro foi a origem do Instituto de Investigaciones de la Comunicación (ININCO), fundado em
1973, cujo objetivo eram as pesquisas da comunicação social ou de massas, que compreenderam tanto o estudo
teórico e metodológico dos problemas da comunicação como a análise permanente dos diferentes meios e de sua
incidência no âmbito nacional. Antonio Pasquali foi o nome mais importante do Instituto.
Venezuela e Equador, portanto, são as primeiras sedes da pesquisa em comunicação na América Latina.
Em 1970, surge o Centro de Estudos da Realidade Nacional (CEREN), vinculado à Universidade Católica do Chile. O
Centro foi coordenado por Armand Mattelart e integrado por Héctor Schmucler, Hugo Assmann, Michele Mattelart,
Mabel Piccini e Ariel Dorfman.
Esse Centro se destacou na pesquisa sobre o domínio das multinacionais na comunicação latino-americana, desde
uma perspectiva marxista, introduzindo conceitos como ideologia, relações de poder, con itos de classe.
O núcleo do ILET era formado por pesquisadores chilenos, argentinos e peruanos. A orientação do Instituto era de
informação internacional e estrutura transnacional, com livre uxo de informação e democratização da comunicação.
A re exão latino-americana sobre a comunicação se instaurou entre os anos 1960 e 1970. As condições
estruturais do chamado “subdesenvolvimento” passaram a incorporar a análise dos meios. O panorama político da
região é o que caracterizou a re exão do momento, que, na América Latina, era de oposição ao American Way of
Life.
Portanto, são nessas condições históricas, com possibilidades de luta pelo socialismo, de intervenção militar e
convivência com o capital norte-americano, que a comunicação de massa é introduzida e sedimentada na América
Latina.
Essa comunicação é identi cada com a televisão e com o nanciamento norte-americano, formando o pano de fundo
e a motivação para a produção de uma pesquisa crítica sobre a comunicação massiva eminente.
Autores centrais
Os principais autores dos Estudos Culturais na América Latina são:
Jesús Martín- Barbero. Néstor Garcia Canclini Guilhermo Orozco
No Brasil, os Estudos Culturais ganharam força com os Estudos de Recepção, destacando-se nessa abordagem, o colombiano
Jesús Martín-Barbero, que questionou o olhar supervalorizado para as mídias em detrimento das práticas, situações,
contextos, usos e modos de apropriação, destacando, assim, os sujeitos no processo comunicativo.
Barbero, Canclini e Orozco são, inclusive, autores consagrados pelas teses e dissertações que adotaram, no Brasil, a
perspectiva sociocultural da recepção, embora já tenhamos um cabedal de conhecimento produzido por pesquisadores
brasileiros.
A “pesquisa-denúncia” dos anos 1970 foi substituída pela “pesquisa ação”, nos anos 1080, o que Berger (2010) ressalta como
uma observação não só comprometida como também militante para o trabalho acadêmico.
Con ra como a Teoria das Mediações é vista, de acordo com os teóricos:
Sá Miranda
A Teoria das Mediações é vista como resultado de um deslocamento teórico e geográ co. Um dos principais expoentes
desse olhar sobre o Hemisfério Sul é Jésus Martin-Barbero, com a obra, de 1987, Dos meios às Mediações.
O foco de sua investigação centra-se na existência de uma necessidade de se identi car, a partir da cultura, quais
produtos materiais e simbólicos podem ajudar a melhorar as condições da população da América Latina.
Para ele, os países mais desenvolvidos poderiam auxiliar os menos favorecidos em prol da inclusão social e da qualidade
de vida. Só há e cácia na comunicação quando há um entendimento das relações de colaboração e transação entre
emissores e receptores, uma vez que não existe um sentido xo e sim uma colaboração e interação entre ambos nesse
processo.
Orozco
Seus estudos têm como objetivo promover uma leitura estruturada e consciente do discurso televisivo. Lança o conceito
de “televidência”, onde se busca “telever” o que está por trás, ou seja, colocar em evidência aquilo que não está sendo dito
na televisão.
Para ele, o processo comunicativo não se limita à questão da emissão, mas também da recepção, na audiência, quando é
realizada a experiência com aquilo que foi vivenciado no momento da comunicação.
Segundo Escosteguy (2014, p.255), hoje, no contexto acadêmico brasileiro, as contribuições dos Estudos Culturais estão para
além dos Estudos de Recepção, voltando-se a estudos de culturas juvenis, de gêneros e formatos midiáticos, de questões
estéticas, entre outras pesquisas com in uência teórico-metodológica às mais distintas áreas disciplinares, assim como para
diferentes objetos de estudo.
Jésus Martin-Barbero
A gura de Jésus Martin-Barbero é um ponto de referência para a área. Pode-se dizer que a construção do trabalho intelectual
de Martín-Barbero está identi cada em dois momentos particulares que demarcam pontos de partida:
Pelo pensamento crítico da cultura há uma atenção às teorias do discurso e da linguagem, com aprofundamento em questões
que emergem dos con itos, movimentos sociais e da problemática da cultura popular e da comunicação de massa.
Exemplo
Estudos sobre a televisão, com especial foco nas telenovelas, são os exemplos dos objetos mais signi cativos enquanto
expressões do popular massivo.
A partir da obra Dos meios às mediações, Barbero (1987) propõe um deslocamento dos estudos de comunicação, ou
seja, no lugar de se preocupar com os meios e suas condições especí cas de produção ou mensagem, era preciso
pensar nas mediações, nos processos culturais, sociais e econômicos que enquadravam tanto a produção quanto a
recepção das mensagens da mídia.
Entende-se, portanto, que se trata de um deslocamento da análise do meio de comunicação propriamente dito, para onde o
sentido é produzido, para o âmbito dos usos sociais, as mediações culturais da comunicação.
A cotidianidade familiar
A família é uma situação primordial de conhecimento e o bairro pode ser visto como “lugar” de reconhecimento. Trata-se
dos processos de reconhecimento com “lugares” de constituição de identidades, o que permitiu o melhor entendimento
das mediações que recon guram os processos de recepção ao longo dos tempos.
A temporalidade social
A temporalidade social tem relação com o tempo do capital, a partir do qual o programa foi criado, e o tempo da
cotidianidade, no qual o conteúdo é consumido.
A competência cultural
Já a competência cultural representa a bagagem que o indivíduo carrega, fruto de sua existência, e que aciona na
decodi cação.
O lugar privilegiado para a análise do processo de recepção é o cotidiano, dentro da lógica de Barbero, pois está na relação com
o próprio corpo até o uso do tempo, o habitar e a consciência do que é possível ser alcançado por cada um.
Estudar os con itos, o hegemônico e o subalterno, o moderno e o tradicional, as mutações e as fragmentações dos públicos,
sem que se deixe cair em dualismo é a implicação do fenômeno coletivo, ao qual chamamos recepção.
Isso signi ca que esse espaço de interação se dá não somente com as mensagens, mas com a sociedade e com os outros
sujeitos. É pela circulação do discurso que se constrói o sentido dos produtos midiáticos.
Atividade
1. (TRT- 2015)
Do ângulo da rua, vê-se uma gigantesca mobilização de quatro milhões de pessoas ─ na qual há jovens, velhos, crianças,
pobres, ricos, classe média ─ que se encontraram nas ruas de São Paulo, unidos por uma solidariedade na esperança que nada
tem a ver com uma montagem: para mobilizar essa multidão, foi preciso algo mais, algo muito diferente da vontade
manipulatória de alguns meios massivos. Foi preciso justamente aquilo que os gritos da multidão testemunham nesses dias:
“Tancredo não Morreu, Tancredo está no povo", “Tancredo, um dia haverá pão para todos, como você queria".
Não foi um “país medieval" o que saiu às ruas, não foi um país de fanáticos e curandeiros, mas aquele mesmo povo que poucos
meses antes enchia as mesmas ruas exigindo as “Diretas Já", um povo em redescoberta de sua cidadania, reinventando a sua
identidade, num espetáculo que fundia festa e política, fazendo política a partir da festa. E ganhava voz na presença corporal e
no movimento de uma multidão. Mas isso foi totalmente ignorado por uma imprensa que, erigindo-se em crítica da massa, não
pode ver que continha e formava, que dava forma à massa.
(BARBERO, Jesús-Martín. Dos meios às mediações – Comunicação, Cultura e Hegemonia. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,
2013. p. 322)
Na perspectiva das mediações culturais, eventos como a morte de Tancredo Neves são recebidos pela imprensa com uma
pretensa racionalidade cientí ca, mas são ressigni cados pelo popular e sua forma particular de construção de conhecimento,
sendo, então, reapropriados na comunicação massiva. No caso descrito, como um exemplo latino-americano, o resultado é
uma narrativa:
a) racional.
b) moralista.
c) melodramática.
d) ilustrada.
e) factual.
Assimetrias e negociações
Nesse sentido, a história pessoal, a cultura de um grupo, as relações sociais e as capacidades cognitivas são
mediações, mas também interferem no processo dos sujeitos e na maneira pela qual assistem à televisão, na sua
relação com os meios e com as mensagens veiculadas.
Pela Teoria das Mediações é possível compreender ou perceber como as condições de possibilidades históricas
latino-americanas interferem no processo de recepção. Pela teoria, o receptor não existe como massa ou público,
mas como indivíduos que vivem em sociedade.
A questão está em pensar mecanismos de uma cultura híbrida, como propõe Garcia-Canclini, outro importante nome
das pesquisas latino-americanas.
O pesquisador argentino examina os modos de negociação do popular no processo cultural e político hegemônico para
avançar a discussão sobre as hibridizações culturais, no sentido de a rmar uma autonomia relativa das culturas populares.
Pode-se dizer que as mediações são complexas negociações de sentido entre a hegemonia de uma indústria cultural protegida,
que representa interesses econômicos, e um público mais ou menos preparado para enfrentá-la. A negociação se con gura em
um confronto entre hegemonia e resistência na de nição do sentido de uma mensagem.
Ato consumista e “des-colecionamento”
Néstor Garcia-Canclini, explica, em Consumidores e Cidadão (1999), como o consumo é o código de uma das
principais mediações. O consumo, de natureza simbólica ou material ganha importância por ser a referência ao
principal elemento: a mercadoria.
Para Canclini, a transformação do ato consumista no centro do modelo capitalista, fez com que todas as outras
práticas sociais se estruturassem pelo consumo de bens materiais e simbólicos. Uma das principais mediações é o
efeito da posse de uma mercadoria nas outras pessoas.
A centralidade de Canclini na área da comunicação reside na introdução do debate sobre a importância da articulação
entre comunicação e cultura, tanto em termos conceituais quanto empíricos.
O impacto de suas teorizações está nas análises e estudos sobre as relações entre comunicação e identidade
cultural e de ambas vinculadas ao consumo cultural.
Duas décadas de pesquisas culminaram com uma de suas obras mais importantes: Culturas Híbridas: estratégias para
entrar y salir de la modernidade (1990), que fora traduzida para vários idiomas.
Para Canclini, é no processo de “des-colecionamento” (quando não mais se apartam rigidamente as coleções de artes
tidas como cultas e os objetos populares, em diversos locais, como museus, repertórios públicos etc.) que se trava um
diálogo intenso entre a cultura erudita, a popular, a de massa, possibilitando focalizar suas intersecções.
Atividade
2.Leia a notícia “Atraídos pelo embalo do funk, jovens de classe alta frequentam bailes em morros e vilas de Porto Alegre”,
publicada em 2013. Articule a matéria ao conceito de culturas híbridas, de Canclini.
Saiba mais
Essa negociação entre o legítimo e o ordinário, proposto no âmbito das convenções sociais e principalmente, no que tange, a
reconsideração das identidades e dos produtos culturais, abriu para os estudos de Canclini uma nova proposta de análise das
realidades e dos processos culturais que se distancia da noção de pureza, antes imposta, para um olhar com interferência e
relação com os meios de comunicação.
O livro culmina em uma fragmentação e na multiplicidade de combinações que originam as tais culturas híbridas que defende.
Tanto no Brasil como em outros países da América Latina, as proposições de Canclini seguem dando norte a gerações de
pesquisadores. Suas teorizações constroem as bases para um pensamento de pesquisa latino-americano e, também, por se
voltarem, mais recentemente, para a problemática da cultura virtual.
Guillermo Orozco
Outro autor importante dentro da teoria das mediações é Guillermo Orozco Gómes. Mexicano de Guadalajara e especialista em
televisão, rmou-se no campo da comunicação como um dos maiores pesquisadores dos processos de recepção.
Comentário
Televisión y producción de signi cados (três ensayos) (1994) é considerada um ponto de in exão na trajetória acadêmica de
Orozco, colocando-o na vanguarda dos estudos qualitativos de recepção, uma vez que conjuga o pensamento comunicacional
latino-americano com a visão anglo-americana sobre os processos pedagógicos e os estudos sobre as audiências.
Para ele, os Estudos de Recepção sobre a televisão devem abarcar uma compreensão mais integral da interação entre a
audiência, televisão e educação. Na genealogia de sua obra, tem-se, como uma das bases, a noção de mediação proposta por
Jésus Martín-Barbero.
A obra de Orozco apresenta a multiplicidade de representações e recon gurações sociais, políticas e culturais que emergem de
um ecossistema comunicativo, cada vez mais amplo.
Polissemia da programação
Orozco acredita que é possível alargar as fronteiras do conhecimento fomentando uma alfabetização televisiva que
permita aos sujeitos-audiência esgarçar seus horizontes referenciais, mas esse processo só ocorrerá se articulado a
um segundo âmbito, que ele de ne como a “mediacidade” televisiva.
Ou seja, as audiências só constroem vínculos ou interatuam com a linguagem televisiva a partir dos uxos próprios
desse meio. Portanto, por meio dos formatos, gêneros, grades e ofertas de programas, a audiência de nirá o tempo
empregado e as condições deste para o consumo da televisão.
Vale ressaltar que a base para a construção das audiências ou processo de “televidência”, segundo Orozco, é formado
por um quadrilátero, constituído da:
1. Linguagem televisiva.
2. Mediacidade da televisão.
3. Tecnicidade.
4. Institucionalização.
Tem-se então, a partir disso, uma proposta teórico-metodológica que se propõe a explicar com clareza a complexidade
das audiências e a oferecer ampla gama de possibilidades instrumentais para a pesquisa em comunicação, sem
esquecer dos aspectos críticos essenciais.
É importante entender que não é o simples ato de receber a mensagem, mas reconstituí-la a partir das mediações. Os valores,
as ideias, os gostos acompanham o receptor.
A partir da interconexão desses quatros pontos, o pesquisador mexicano a rma que os sujeitos-audiências estão constituídos
por um processo de inter-relações baseadas no quadrilátero, a partir de um consumo muito além da materialidade do ver, do
ato de assistir à televisão.
Atividade
3. Assista a um trecho do lme O show de Truman e analise as sentenças abaixo:
I – O trecho nos permite pensar sobre a linguagem ─ um dos elementos do quadrilátero de Orozco ─ sendo similar a um reality
show exibido 24h por dia, em uma cidade inteiramente construída para esse m.
II – A personagem Silvia poderia ser encarada como um sujeito-audiência que constrói um vínculo/interação com a linguagem
televisiva em questão, indo na contramão da maior parte dos receptores.
III – Não é possível relacionar o fato de Truman não ter ciência de que ele era um personagem em um show à dimensão da
institucionalização, proposta no quadrilátero de Orozco, pois isso não envolveria uma questão política.
O pesquisador mexicano apresenta a televisão como um meio aliado dos educadores e, em suma, reivindica a importância da
construção de uma educação para o consumo da televisão, razão pela qual defende a necessidade de situar os receptores na
transitoriedade dos sujeitos-audiências, cujo processo de atribuição de sentido ao televisivo vai além do mero ato de assistir à
televisão.
Resumo
Vimos, nesta aula, o início institucional da pesquisa na América Latina, com os Centros de Pesquisa organizados, a
partir do nal da década de 1950 até os anos 1980, e as diferentes orientações propostas por eles.
Destacam-se, portanto:
Ciespal em Quito.
Instituto Venezuelno de Investigaciones de Prensa (ININCO), na Venezuela.
CEREN, no Chile.
ILET, no México.
De modo pouco mais especí co, entendemos que três aspectos se destacam nas pesquisas em comunicação, a partir
dos Estudos Culturais:
2) A crítica a uma compreensão da comunicação como um fenômeno centrado nas próprias tecnologias de
comunicação.
Pensadores e pesquisadores das disciplinas de Ciências Humanas, como Filoso a, Sociologia, Psicologia e Linguística, têm
dado contribuições em hipóteses e análises para o que se denomina “Teoria da Comunicação”, um apanhado geral de ideias
que pensam a comunicação entre indivíduos ─ especialmente a comunicação mediada ─ como fenômeno social.
Entre as teorias, destacam-se o funcionalismo, primeira corrente teórica, a Escola de Frankfurt e a Escola de Palo Alto. O
trabalho teórico na América Latina ganhou impulso na década de 1970, quando se passou a retrabalhar e transformar as
teorias anteriores. Assim, surgiu a Teoria das Mediações, de Jesús Martin-Barbero, que apresenta uma percepção
diferenciada para a relação existente entre emissor e receptor de determinada mensagem.
5. COMPERVE 2018
No campo da pesquisa e dos estudos da comunicação, a perspectiva teórica conhecida como “Estudos Culturais” tem por
abordagem central a questão:
BERGER, Christa. A pesquisa em comunicação na América Latina. In: HOLFELDT, Antonio e outros (Orgs.). Teoria da
Comunicação: Conceitos, Escolas e Tendências. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
CITELLI, Adilson e outros (Org.). Dicionário de Comunicação – escolas, teorias e outros. São Paulo: Contexto, 2014
ECOSTESGUY, Ana Carolina. Os Estudos Culturais. In: HOLFELDT, Antonio e outros (Orgs.). Teoria da Comunicação: Conceitos,
Escolas e Tendências. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria da Comunicação – Ideias, conceitos e métodos. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
Próxima aula
As características do conhecimento cientí co;
O objeto da comunicação;
O conceito de paradigma.
Explore mais
Con ra a entrevista que o programa Roda Viva fez com Jésus Matin-Barbero.