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24, 2024)
ARTIGO ORIGINAL
Abstract: The 1962 manual La sociedad y la educación en América Latina, by Robert Havighurst, of the
University of Chicago, is the object and main source of analysis of this article, that aims to analyze and
reflect on the discourses built about education and society projects engendered for Latin America,
thought within Unesco (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization). Therefore,
this source is understood as a didactic manual built to be used in teacher training courses in Latin
America, taking into account the purposes of disseminating and standardizing a certain interpretive
discourse about the Latin American reality.
Keywords: education; development; Latin America; Unesco; networks of sociability.
https://doi.org/10.4025/rbhe.v24.2024.e298
e-ISSN: 2238-0094
O manual da Unesco La sociedade y la educación en América Latina (1962): idealização de escola e de sociedade
I NTRODUÇÃO
1
Luiz Aguiar da Costa Pinto foi um sociólogo brasileiro que dirigiu o Centro Latino Americano de Pesquisas
Educacionais (CLAPCS), de 1958 a 1961, produzindo o Boletim do Centro Latino Americano de Pesquisas
em Ciências Sociais (depois chamada de revista América Latina), articulando a interlocução com os mais
diversos sociólogos latino-americanos (Daniel, 2019).
2
Gino Germani era italiano, mas viveu grande parte de sua vida na Argentina, onde se formou em Filosofia
pela Universidade de Buenos Aires, na década de 1950. Desenvolveu, ao longo de sua trajetória, a Teoria
de Transição para a Modernidade (Domingues & Maneiro, 2004; Cortés, 2012).
3
O sociólogo mexicano José Medica Echevarría (1903-1977) se destaca como um dos mais importantes
intelectuais responsáveis pela institucionalização das ciências sociais na América Latina, desenvolvendo
uma reflexão sobre os efeitos do projeto desenvolvimentista e as razões de seu fracasso (López, 2016).
das perspectivas parciais. Assim, “[…] em todas as esferas da vida cultural, a função
das minorías é expresar as forças culturais e psíquicas em uma forma primária e
orientar a extroversão e a intraversão coletivas. Eles são responsáveis pela iniciativa e
tradição cultural” (p. 87, tradução nossa)4.
Em especial, a Unesco, órgão que compunha a Organização das Nações Unidas
(ONU), tornou-se instância fundamental para o fomento de pesquisas que integravam
estudos entre a educação e as ciências sociais, especialmente. Nesse caso, a
institucionalização da Sociologia passou a ganhar maiores contornos com a ampliação dos
espaços de socialização intelectual latino-americana, construindo uma ‘sociologia
científica’, a partir, por exemplo, da criação de associações, reuniões etc. Vale destacar a
criação da Associación Latinoamerica de Sociología (ALAS). Desde os anos 40 do século XX,
a Sociologia na América Latina vinha passando por um processo crescente de
institucionalização, rompendo as fronteiras do ensino nas universidades, no qual
predominava a chamada ‘sociologia de cátedra’ ou ‘sociologia dos advogados’ (Vila, 2016)5.
O debate educacional na América Latina, nesse sentido, foi sendo crivado por
questões em torno de uma determinada organização dos sistemas de ensino, a partir
de questões particulares em torno da relação educação e desenvolvimento,
procurando explorar os fatores favoráveis ou desfavoráveis ao desenvolvimento
econômico, bem como temáticas como a estratificação social e a mobilidade social, a
urbanização, dentre outras. Dentre as teses sobre a educação, estava a de que esta era
um instrumento básico do desenvolvimento, o qual, por sua vez, era condição
essencial para gerar mais e melhor educação, assim como a de que os problemas
educacionais deviam ser pensados como parte integrante de um processo e de uma
política geral de desenvolvimento.
Entende-se, assim, que as ideias e políticas educacionais transcendiam, no
período analisado, o limite dos países envolvidos, pensadas junto aos organismos
internacionais, mostrando, por exemplo, que “[...] houve um esforço para estabelecer
uma racionalidade científica que permitisse formular ‘leis gerais’ capazes de guiar, em
cada país, a acção reformadora” (Teodoro, 2001, p. 127, grifo do autor).
Encontra-se, no interior desta discussão, a justificativa da proposta deste
trabalho, que busca justamente refletir, tendo como fonte principal a obra La sociedad
y la educación en América Latina, publicada em 1962, sobre: como essa obra foi
produzida no interior do projeto da Unesco para pensar a educação e a sociedade,
4
“[...] en todas las esferas de la vida cultural, la función de las minorías selectas es expresar las fuerzas
culturales y psíquicas en una forma primaria y orientar la extraversión y la intraversión colectivas. Son
los responsables de la iniciativa y de la tradición culturales”.
5
O período entre 1950-1973 é considerado o período da ‘sociologia científica’ e da configuração da Sociologia
Crítica. Nesse período destacam-se duas iniciativas da Unesco: a criação do Centro Latino Americano de
Pesquisas em Ciências Sociais (CLAPCS) e a fundação da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais
(FLACSO), em 1957. Nesse momento, vários intelectuais, como o sociólogo Luiz Aguiar da Costa Pinto,
constroem uma crítica a essa ‘sociologia da modernização’ (Tavares-dos-Santos & Baumgarten, 2005).
6
O Projeto Principal nº 1 foi apresentado em 1956, na Conferência Regional Latino-Americana sobre
Educação Primária Gratuita e Obrigatória, com plano de execução de 10 anos. Dentre as iniciativas do
governo brasileiro para colaborar com o projeto, está a organização de cursos de formação de especialistas
em organização, com convênio firmado entre o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), o
Centro Regional de Pesquisas Educacionais de São Paulo (CRPE/SP) e a Universidade de São Paulo (USP)
(Maluhy, 2010).
Harvard e Berkeley, “[...] se converteram nos novos centros das ciências sociais e no
lugar de assimilação do seu métier” (Blanco, 2007, p. 95, grifo do autor).
Em diversos momentos, ainda na década de 1950, o professor Havighusrt
participou de pesquisas e projetos, por exemplo, no interior do Centro Brasileiro de
Pesquisas Educacionais (CBPE) ao lado de João Roberto Moreira. Havighusrt traduziu
para o inglês o livro Educação e desenvolvimento no Brasil, de autoria de Moreira e
publicado pelo Centro Latino-Americano de Pesquisas Educacionais (CLAPCS). O livro
em inglês foi intitulado Society and education in Brazil e publicado em 1965 pela
Universidade de Pittsburgh, fazendo parte da coleção Comparative Education Series.
Moreira e Havighurst estiveram intimamente relacionados em projetos pela Unesco,
estando também interligados pelo desenvolvimento de estudos de educação
comparada em diversos países latino-americanos (Daniel, 2009). Entende-se, para
tanto, que Havighust atuou como intelectual mediador, na medida em que
7
A preocupação com a formação de professores primários nos países latino-americanos era latente no
interior do Projeto Principal. Era propósito aumentar o número de professores, bem como a qualidade da
sua formação, que deveria passar por ‘uma renovação na doutrina formativa’, com formação cultural
sólida, formação em novas orientações pedagógicas, como a sociologia, psicologia social, dentre outras
(Boletín do Proyecto Principal de Educación Unesco-América Latina, 1959).
8
Em 1940 Havighusrt assumiu o cargo de professor de Educação e de Secretário Executivo do Comitê de
Desenvolvimento Infantil na Universidade de Chicago, desenvolvendo pesquisas na área da educação,
psicologia e sociologia, abordando temas como educação juvenil, processos de envelhecimento, educação
urbana, dentre outros (Daniel, 2009).
9
A Universidade de Chicago foi criada em 1895, mediante doação de um milionário americano chamado
John D. Rockefeler. No interior da universidade, a sociologia passou a ser tomada como ciência capaz de
direcionar uma reforma social na sociedade americana, voltando-se para o “[...] equacionamento dos
problemas sociais que afligiam as grandes cidades americanas” (Becker, 1996, p. 178).
Em sua introdução, deixa-se claro que o livro serviria como um manual para os
educadores latino-americanos e para ser usado em Escolas Normais e Universidades
da América Latina, no qual aponta que “[...] Este Manual pretende apenas servir de
complemento aos grandes tratados de sociologia da educação escritos por autoridades
10
Além dessa obra, havia a intenção de publicação de um Manual sobre Fundamentos de Educação,
encomendado ao professor Larroyo, da Universidade do México, além de um volume sobre o estado da
educação na América Latina, a ser preparado pelo Departamento de Educação da Unesco e Centro
Regional de Havana. O Manual de Fundamentos da Educação teria como colaboradores Antonio
Ballesteros, Robert Dottrens, Lourenço Filho, Juan Mantovani e Domingo Tirado Beneti (Boletín do
Proyecto Principal de Educación Unesco-América Latina, 1959).
11
“[...] un Manual sobre Sociología y Educación destinado a los maestros será publicado a mediados del año
1959. Dirigido por el Dr. Havighurt, de la Universidad de Chicago, han colaborado en él distinguidos
sociólogos y colaboradores latinoamericanos”.
12
Ao final da obra, encontra-se um glossário, contendo palavras próprias do campo da pesquisa em ciências
sociais. São elas: aculturação, associação, cultura, ecologia, função, instituição, personalidade, classe
social, papel social, estratificação social e socialização.
13
“[...] el presente Manual sólo aspira a servir de complemento a los grandes tratados de sociología de la
educación escritos por autoridades latino-americanas, tales como la Sociología de la Educación, de
Fernando de Azevedo”.
Referências do autor
Capítulo Tema Autor14
utilizadas no manual15
Orlando Fals-Borda Peasant e Society in the
Socialização em
(pesquisador colombiano Colombian Andes: A
comunidade rural
Capítulo I – Sociedad que estudou Antropologia e Sociological Study Of
– aldeia de
y socialización Sociologia nas Universidades Saucio. (1955). Gainrsville,
Saucio, andes
de Minessota e Florida, nos Florida. University of
colombianos
EUA). Florida Press. (Livro).
Culture and Education
Robert Redfield
Capítulo II – in the Midwestern
A cultura e a (professor de Antropologia
Socialización y Highlands of
educação na da Universidade de Chicago
aprendizaje de las Guatemala. (1943).
Guatemala e especializado em estudos
lealtades socializes American Journal of
da América Central).
Sociology. (Artigo).
Capítulo III – Grupos Processo de
Antonio Goubaud-Carrera Indian Adjustment to
étnicos y culturas aculturação dos
(embaixador da Guatelamala Modern Nation Culture.
indígenas en la indígenas da
nos EUA). (Livro).
América Latina Guatemala
Ethnic and Cultural
Pluralism in the
Capítulo III – Grupos Léon Portilla
Grupos de Mexican Republic.
étnicos y culturas (vice-diretor do Instituto
aculturação (1957). Instituto
indígenas en la Indigenista Interamericano
espontânea Internacional de
América Latina da Cidade do México).
Civilizações diferentes,
Lisboa. (Conferência).
Charles Wagley & Marvin
Capítulo IV – Uma tipologia das Harris A Tipology of Latin
Caracteres Nacionales subculturas (membros do departamento America Sub-culture.
y subculturas em latino- de Antropologia da (1955). American
América Latina americanas Universidade de Columbia, Anthropologist. (Artigo).
Nova York).
Capítulo V – Los Rápido T. Lynn Smith Las tendencias sociales
câmbios demográficos crescimento da (professor de sociologia da de actualidad em
y sus consecuencias população na Universidade da Florida, América Latina. (1956).
educativas América Latina Estados Unidos). (Artigo).
Tomás Vila
Capítulo VI – Educación. (1950).
Educação (integrante da Corporação de
Desarrollo económico Geografia Económica do
secundária Fomento da Produção do
y educación Chile. (Artigo).
Chile).
La educación ante la
Juan Comas
Capítulo VIII Las discriminación racial.
(mexicano, é antropólogo e
clases sociales em la Raça e educação (1958). Suplemento del
professor da Escola Normal
America Latina Seminário de Problemas
Superior do México).
Científicos y filosóficos.
14
As informações sobre os autores foram coletadas na própria obra.
15
As informações acerca dos livros e artigos utilizados foram coligidas na própria obra. Algumas
referências não indicam nome do artigo, local ou ano de publicação.
Referências do autor
Capítulo Tema Autor14
utilizadas no manual15
Aníbal Buitrón
Situación económica,
O lugar da (antropólogo equatoriano que
Capítulo IX – La social y cultural de la
mulher na estuda na Universidade de
família y la mujer en muyer en los países
sociedade latino- Chicago. Membro do Centro
América Latina andinos. (1956). América
americana de Educação Fundamental de
Indígena.
Pátzcuaro, México).
Gonzalo Rubio Orbe
Capítulo XI –
(professor equatoriano da
Política social y Situação indígena
escola normal e secundária. El índio en Equador.
educativa em relación na América
Integrou a Missão (1949). América Indígena.
com la población Latina
Indigenista a cargo da ONU e
indígena
outros organismos).
Julio de la Fuente
(antropólogo mexicano, foi
Capítulo XI –
Adaptação da colaborador do
Política social y
escola às Departamento de Assuntos Notas sobre educación
educativa em relación
necessidades Indígenas. Foi Chefe da indígena. (Manuscrito).
com la población
indígenas Comissão Técnica do
indígena
Instituto Indigenista do
México).
Juan Montavani La educación gratuita y
Capítulo XII – Las
Educação gratuita (Instituto de Didática da obrigatória en América
grandes asociaciones
e obrigatória na Faculdade de Filosofia e Latina. (1956). Revista de
y sus funciones
América Latina Letras da universidade la Universidad de Buenos
educativas
Nacional de Buenos Aires). Aires.
Juan Pastor Benitez
Capítulo XII – Las
(diplomata, educador e
grandes asociaciones Educação Paginas libres. (1956).
periodista paraguaio.
y sus funciones secundária Ensayos. El Arte.
Secretaria de Educação do
educativas
Governo do Paraguai).
Roberto Munizaga Aguirre
Capítulo XII – Las
(professor de Educação na
grandes asociaciones Estado e El estado y la educación.
Faculdade de Filosofia e
y sus funciones educação (1953). (Livro).
Educação na Universidade
educativas
do Chile).
Gerardo Reichel-
Dolmatoff
Actitudes hacia el
(colombiano, antropólogo,
trabajo en una
Capítulo XIII – Disfunção da antigo diretor do Instituto
población mestiza de
Escuela y comunidade escola rural Etnológico de Magdalena,
Colombia. (1953).
chefe da Seção de Etnografia
América Indígena.
do Instituto Colombiano de
Antropologia).
Capítulo XIV – La Francisco del Río & Manuel
escuela, fator de A escola e a Alers-Montalvo El maestro em el trabajo
integración social y extensão agrícola (especialistas em extensão de extensión. (Texto).
cultural que trabalham na Costa Rica).
Referências do autor
Capítulo Tema Autor14
utilizadas no manual15
Capítulo XIV – La
escuela, fator de Núcleo Escolar Miguel Soler Anales de Instrucción
integración social y Experimental (professor rural uruguaio). Primária. (1956). Uruguay.
cultural
João Roberto Moreira
(educador brasileiro,
coordenador da Campanha A escola primária
Capítulo XV – La
Escola e grupo Nacional de Erradicação do brasileira. (1957).
escuela como grupo
social Analfabetismo do Ministério Educação e Ciências
social
da Educação do Brasil. Foi Sociais.
Diretor de Planejamento do
CBPE).
Porcia Alvez
(professora de Psicologia da
Estudo Faculdade de Filosofia da
Capítulo XV – La
sociométrico em Universidade do Paraná e
escuela como grupo Manuscrito.
curso de ensino diretora do Centro
social
superior Educacional Guairá – Centro
de Demonstração de Ensino
Primário, Curitiba).
Josildeth da Silva Gomes Escola do Magistério
(pesquisadora do CBPE. Público Primário como
Capítulo XVI – El Estudo de grupo
Estudou Antropologia nas profissão no Distrito
maestro de crianças
Universidades da Bahia, São Federal. Educação e
Paulo e Columbia). Ciências Sociais.
Aparecida J. Gouveia Professores do Estado
Características de
Capítulo XVI – El (investigadora do CBPE. do Rio. (1957). Revista
um bom
maestro Estudou Sociologia na USP e Brasileira de Estudos
professor
em Chicago). Pedagógicos.
Quadro 1 - Autores e obras presentes no Manual16.
Fonte: A autora.
16
A organização desse quadro tem como objetivo principal dar visibilidade a esses autores, em grande parte,
latino-americanos, que realizaram estudos em universidades americanas e que colaboraram para os
trabalhos da Unesco no continente. Como já destacado, um dos objetivos deste texto foi procurar tratar
aspectos do objeto, o Manual, de forma transnacional, a partir de perspectivas supranacionais. Contudo,
até o momento, não se localizaram outros estudos que tenham se debruçado sobre esse material ou sobre
muitos dos autores mencionados. Vislumbra-se, assim, em futuras pesquisas, realizar intercâmbio com
outros pesquisadores e avançar nessas análises mais abrangentes.
O Manual fora escrito em meio aos desafios que se colocavam naquele momento
para o continente, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial. No campo da
17
“Después de leer las descripciones del proceso de socialización en la clase media superior del Brasil y en
una familia campesina perteneciente a la clase inferior, que vive en un barrio bajo de la ciudad, escriba
una composición indicando las diferencias principales que se advierten entre esos dos grupos culturales”.
18
“[...] estudie los grupos de aculturación espontánea que pueden darse en su país, comparando el proceso
a que obedezcan con el que menciona para México, el Dr. León Portilla”.
Sociologia, a partir da década de 1950, surgia uma nova categoria para pensar os países
latino-americanos, na qual o termo ‘atraso’ foi substituído pelo ‘subdesenvolvimento’
em análises realizadas, em especial, pela Comissão Econômica para América Latina
(Cepal), órgão das Nações Unidas. No interior da sociologia:
19
“[...] muy estrecha entre la educación y el desarrollo económico de un país”.
20
“Una tendencia general en favor de un tipo ‘funcional’ de educación destinada a la preparación de numerosos
individuos que pueden encargarse de los asuntos prácticos de la sociedad, en contraste con una educación
dirigida a mantener el status social de la clase superior y de una pequeña clase media superior”.
21
Theodor Schultz é citado ao longo do Manual, destacando os artigos: This New Word: The Civilization
of Latin America, de 1956; The economic test in Latin America, de 1956; dentre outros.
22
“[…] la educación es, simultáneamente, un ‘espejo’ que refleja el status que existe en una determinada
sociedad y una fuerza aplicada a cambiar esa misma sociedad”.
23
“[…] no existe un solo tipo familiar latinoamericano”.
tem papel central ao promover integração social e cultural da região de forma pacífica,
já que “[…] no cerne de uma sociedade complexa, a educação é chamada a desempeñar
um grande papel. É necessário tanto para reducir prejuízos entre os grupos, como para
promover as práticas integradoras positivas dentro da sociedade” (Havighurst, 1962,
p. 177, tradução nossa)24.
A aculturación, nesse sentido, é entendida, conforme indicado no seu glossário,
como
24
“[…] en el seno de una sociedad compleja, la educación está llamada a desempeñar un gran papel. Es
necesaria tanto para reducir prejuicios entre los grupos, como para promover las prácticas integradoras
positivas dentro de la sociedad”.
25
[…] el proceso por medio del cual un individuo adquiere una cultura hasta entonces nueva y extraña para él.
El término se aplica generalmente al proceso mediante el cual un miembro de una cultura popular aprende
una cultura más compleja o ‘moderna’, pero podría ser también aplicado al proceso mediante el cual el niño
se hace miembro de un grupo cultural. En este sentido el término es sinónimo de ‘socialización’.
além da escola e não conseguir ser ‘profissional’ o bastante para se envolver nas
questões da escola e da comunidade. Assim, “[…] a professora primaria tende a ser
menos ‘profissional’ em suas atividades que o profesor secundário e não pertenece tão
próxima como este à organização dos profesores, não lê revistas educativas, etc”
(Havighurst, 1962, p. 326, tradução nossa, grifo do autor)26.
Assim, mostra-se o intuito principal com o Manual, que é o de fornecer ao
professor normalista os instrumentos necessários para sua intervenção social e, desse
modo, conseguir lograr a construção de uma determinada sociedade.
Ao professor é atribuída uma série de papéis sociais, assim como na comunidade
e na escola, entendendo que “[...] o trabalho do professor pode ser concebido como
um complexo de papéis sociais” (Havighurst, 1962, p. 325, tradução nossa) 27. Na
comunidade, ele assume uma série de subpapéis, como: o participante dos assuntos
da comunidade, a pessoa erudita, a pessoa de cultura, o representante da moralidade
da classe média e o ‘forasteiro sociológico’. Este último papel entendido como:
26
“[…] la maestra primaria tiende a ser menos ‘profesional’ em sus actividades que el profesor secundario y
no pertenece tan a menudo como éste a las organizaciones de maestros, no le revistas educativas, etc”.
27
“[...] el trabajo del profesor pude ser concebido como un complejo de papeles sociales”.
28
“Al mismo tiempo que se desea que el profesor participe en la comunidad, se confía que sea ‘forastero’
en ella y no se entere de los chismes corrientes en la comunidad ni participe en las rivalidades locales.
Por lo general, se piensa que los profesores jóvenes sólo serán residentes temporales y que luego se irán
a vivir en otras comunidades. La imagen de la maestra rural que viene en bicicleta desde la ciudad con
el objectivo de enseñar a leer y escribir a los niños y que luego vuelve a su hogar, es la imagen de un
forastero sociológico”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
29
“[…] estos papeles entran a veces em conflicto, de modo que el profesor hábil combina los sub-papeles
que resultan más apropiados a la situación presente, o sea aquellos que son más satisfactorios para la
comunidad, y que, al mismo tiempo, se adaptan mejor a suja personalidad traducir”.
REFERÊNCIAS
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Sirinelli, J.-F. (2003) Os intelectuais. In R. Rémond (Org.), Por uma histórica política (2a
ed.). Rio de Janeiro, RJ: Editora FGV.
LEZIANY SILVEIRA DANIEL: Professora Associada II, do COMO CITAR ESTE ARTIGO:
Departamento de Teoria e Prática de ensino (DTPEN), Daniel, L. S. (2024). O manual da Unesco “La
do Setor de Educação (SE), da Universidade Federal do sociedade y la educación en América Latina”
Paraná (UFPR). PhD em História da Educação pela (1962): idealização de escola e de sociedade.
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutora Revista Brasileira de História da Educação, 24.
em Educação pela Universidade Federal do Paraná DOI: https://doi.org/10.4025/rbhe.v24.2024.e298
(UFPR). Professora colaboradora do Programa de Pós-
Graduação em Educação da UFPR do Programa Pós- FINANCIAMENTO:
Graduação: Teoria e Prática de Ensino. A RBHE conta com apoio da Sociedade Brasileira de
E-mail: leziany.daniel@ufpr.br História da Educação (SBHE) e do Programa
https://orcid.org/0000-0001-7707-3580 Editorial (Chamada Nº 12/2022) do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e
Recebido em: 24.08.2022 Tecnológico (CNPq).
Aprovado em: 30.05.2023
Publicado em: 15.09.2023 LICENCIAMENTO:
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José Gonçalves Gondra (UERJ) 4.0 (CC-BY 4).
E-mail: gondra.uerj@gmail.com
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