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Resumo
O objetivo desta revisão de literatura foi realizar um levantamento bibliográfico a respeito dos sistemas adesivos
existentes atualmente no mercado, buscando compreender seu mecanismo de ação nos diferentes substratos dentários e
a correta forma de aplicação clínica. O surgimento de novos sistemas adesivos que buscam a simplificação de passos,
nem sempre vem acompanhado de qualidade adesiva e longevidade clínica, constituindo-se ainda um grande desafio a
ser superado. Contudo, novas técnicas de adesão têm sido estudadas e sugeridas para melhorar a durabilidade da
interface adesiva. Esta revisão teve o intuito de ajudar o cirurgião-dentista a atuar em clínica com maior conhecimento
quanto à forma de utilização correta dos agentes de união, utilizando subsídios para que o procedimento adesivo
apresente durabilidade e sucesso clínico em longo prazo.
Abstract
The aim of this paper is to review the literature regarding the current dental adhesives present on the market, their
mechanism of adhesion on dental tissues and their clinical application. The development of new adhesive systems with
simplified clinical steps represents a great challenge for researchers since these materials have not prove dental
adhesion and longevity over time. However, new bonding techniques have been proposed to improve the durability of
adhesive interface. This review had also the purpose of improve the clinician’s knowledge about the correct use of
dental adhesives to make the adhesion durable and successful.
Adesão aos substratos dentários dentinários, preenchidos pelo fluido dentinário, dispostos
Adesão é a propriedade pela qual átomos ou muito próximos e que se estendem desde a junção
moléculas de duas superfícies semelhantes ou diferentes amelodentinária até a polpa, tornando-a um substrato
se unem, mantendo-se em íntimo contato devido às forças naturalmente úmido (HALLER, 2000). Diante disso, a
intermoleculares existentes (FONSECA, 2008 ). O dentina requer uma técnica úmida de adesão, o que
mecanismo básico de união dos materiais restauradores favoreceu o desenvolvimento de sistemas adesivos com
estéticos ao esmalte e à dentina ocorre essencialmente por formulações cada vez mais hidrofílicas possibilitando a
um processo de troca, o qual envolve a substituição dos retenção dos compósitos de resina à dentina e garantindo
minerais removidos dos tecidos dentais duros por o sucesso imediato do procedimento adesivo neste
monômeros resinosos, que se infiltram e são substrato, o que até então não havia sido alcançado
polimerizados nas porosidades criadas, promovendo uma (CARVALHO, 2004; KANCA, 1992). Porém, em médio
adesão micromecânica (NAGEM FILHO, et al., 2000; e longo prazo muitas das restaurações perdem a
NAKABAYASHI, et al., 1982). No entanto, o sucesso capacidade de selar e proteger os tecidos dentários
clínico das restaurações depende da efetividade e íntegros, levando à microinfiltração marginal e à
durabilidade dessa interface de união, o que torna recorrência de cárie, o que caracteriza o insucesso das
necessário o conhecimento sobre os substratos dentários restaurações adesivas (CHERSONI, et al., 2004).
nos quais os sistemas adesivos serão aplicados Apesar da constante evolução dos sistemas
(MARTINS et al., 2008) e o mecanismo pelo qual ocorre adesivos, a heterogeneidade da estrutura dentinária e a
esta união. presença natural de umidade neste substrato dificultam o
procedimento adesivo, constituindo-se ainda um desafio
Adesão ao esmalte clínico a ser superado.
O esmalte é um substrato altamente
mineralizado, constituído por 96% de mineral e 4% de Adesão à dentina afetada por cárie
substância orgânica e água. O conteúdo inorgânico do A dentina acometida por cárie apresenta
esmalte é composto principalmente de cristais de alterações em sua estrutura morfológica e histológica
hidroxiapatita e a matéria orgânica forma uma fina rede decorrentes do processo de desmineralização (FONSECA,
que aparece entre os cristais (TEN CATE, R. 2001b). 2008). Os componentes minerais de fosfato e carbonato
A adesão ao esmalte é conseguida através do de cálcio diminuem na região da dentina afetada por cárie
condicionamento deste substrato com ácido fosfórico em quando comparada à dentina normal devido ao ciclo de
concentrações que variam entre 30 a 37%, durante um des-remineralização. Estas diferenças de estrutura e
tempo de aplicação de 15 a 30 segundos. Este composição encontradas não interferem apenas no
procedimento aumenta as porosidades da superfície procedimento de condicionamento ácido, mas também na
exposta mediante a desmineralização seletiva dos prismas penetração dos monômeros resinosos na dentina
de esmalte, criando microporosidades onde o sistema desmineralizada, o que induz a grandes diferenças na
adesivo se infiltrará e será fotopolimerizado (TEN CATE, interface adesiva quando comparada à encontrada em
2001b; NAGEM FILHO, et al., 2000; CARVALHO, dentina sadia (WANG et al.; 2007).
1998). O aumento da concentração e do tempo de Alguns estudos mostraram que a força de união
aplicação do agente condicionador promove a formação dos sistemas adesivos à dentina cariada é menor quando
de microporosidades mais evidentes, no entanto isso não comparada à dentina normal (SAY, 2005; PASHLEY,
influencia de forma significante com a adesão dos 1997). A dentina afetada por cárie apresenta maior
compósitos à superfície do esmalte (NEVES, et al, 1999). permeabilidade na dentina intertubular e baixa
Uma vez que o esmalte é um substrato permeabilidade na dentina intratubular. A melhor
homogêneo, a adesão fundamenta-se no preparo mecânico permeabilidade da dentina intertubular está associada ao
e químico da superfície, o que a torna duradoura e fato de que o condicionamento ácido ataca mais
confiável (FRANKENBERGER, KRAMER, profundamente este substrato, o qual já está parcialmente
PETSCHELT, 2000). desmineralizado (devido à ação do processo carioso de
des - remineralização) e é mais poroso que a dentina
Adesão à dentina: normal (PASHLEY, 1997), levando a uma maior
A dentina é um tecido duro, elástico e infiltração do sistema de união. Já a infiltração do adesivo
avascular que envolve a câmara pulpar. É composta por na dentina intratubular é dificultada pela presença de
aproximadamente 70% de material inorgânico, 20% de depósitos de minerais nos túbulos dentinários, que são
material orgânico e 10% de água, o que a caracteriza resistentes ao ataque ácido (WANG, et al; 2007; SAY,
como um substrato heterogêneo (CECCHIN, et al.2008; 2005), atuando como uma barreira que diminui a
HALLER, 2000; CARVALHO, 1998; PASHLEY, 1997), infiltração do ácido e do sistema adesivo (OMAR,et al.
com alterações fisiológicas e patológicas que tornam o 2007).
mecanismo de adesão mais complexo. Seu componente O uso do ácido fosfórico é muito agressivo
inorgânico consiste, principalmente, de cristais de para a dentina afetada por cárie, a qual já se encontra
hidroxiapatita e a fase orgânica é constituída pelas fibrilas parcialmente desmineralizada. Entretanto, ácidos fortes
de colágeno (TEN CATE, 2001a). Além disso, a dentina ou longos períodos de condicionamento foram sugeridos
caracteriza-se pela presença de múltiplos túbulos
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para solubilizar os depósitos de minerais presentes na luz opção seria a utilização do cimento de ionômero de vidro
dos túbulos dentinários, permitindo assim a formação dos sobre esta camada hipermineralizada, o qual propicia
tags de resina, o que aumentaria a força de união dentina- maiores forças de união à dentina esclerótica por
resina. Mas, mesmo após longos períodos de exposição, apresentar adesão química e mecânica à estrutura dentária
observou-se que os cristais ainda são resistentes à (DE MUNCK, et al, 2005).
dissolução. O longo período de condicionamento apenas
produz uma camada desmineralizada mais profunda na Sistemas adesivos
dentina intertubular. Assim, alguns autores relataram que
a união à dentina afetada por cárie requer tratamentos Os sistemas adesivos são os materiais
específicos de condicionamento ácido que não foram responsáveis por produzir a adesão do material
ainda bem definidos (WANG, et al.; 2007). restaurador às estruturas dentais. São a combinação de
monômeros resinosos de diferentes pesos moleculares e
Adesão à dentina esclerótica viscosidades, diluentes resinosos e solventes orgânicos
A dentina esclerótica é um substrato alterado (acetona, etanol ou água) (CARVALHO, 2004). Os
fisiologicamente e patologicamente por estímulos do monômeros resinosos podem ser hidrofílicos, os quais
próprio organismo, por mecanismos naturais de defesa e, permitem que o adesivo seja compatível com a umidade
em parte, como conseqüência da colonização da natural do substrato dentinário, ou hidrofóbicos, que
microflora bucal, tornando-se cristalina e translúcida apresentam maior peso molecular, são mais viscosos e
(TAY e PASHLEY, 2004), geralmente encontrada nas conferem maior resistência mecânica e estabilidade ao
lesões cervicais não cariosas. É caracterizada pela material (CARVALHO, 2004).
obliteração parcial ou completa dos túbulos dentinários O surgimento dos sistemas de união na
(TAY e PASHLEY, 2004), a qual ocorre pela produção Odontologia possibilitou o desenvolvimento de inúmeras
de dentina peritubular ou pela presença de uma camada técnicas clínicas objetivando a maior conservação da
hipermineralizada (dentina esclerótica), o que estrutura dental hígida, sem necessidades de se
compromete a formação dos tags de resina. confeccionar preparos cavitários com grande desgaste dos
Conseqüentemente, estes obstáculos de superfície tecidos mineralizados (LAXE et al., 2007). Atualmente,
impedem a infiltração do sistema adesivo na dentina os sistemas adesivos são indicados para restaurações
subjacente (KWONG, et al., 2002), tornando a força de estéticas de lesões cariosas, alteração de forma, cor e
união dos adesivos a este substrato cerca de 30% inferior tamanho dos dentes, colagem de fragmentos, adesão de
à dentina normal (PASHLEY, 1997). restaurações indiretas, selantes de fóssulas e fissuras,
KWONG, et al (2002) sugeriram que a união à fixação de braquetes ortodônticos, reparo de restaurações,
dentina esclerótica pode ser melhorada removendo-se a reconstrução de núcleo para coroas, cimentação de pinos
camada de superfície hipermineralizada com pequenas intra-radiculares e para dessensibilização de raízes
brocas esféricas que irão promover uma retenção expostas (REIS et al., 2006).
mecânica, ou pelo uso de ácidos fortes. A remoção desta De acordo com a classificação, os sistemas
camada de superfície hipermineralizada pode ser benéfica adesivos podem ser divididos em convencionais e
para a obtenção de um condicionamento mais uniforme e autocondicionantes.
para a infiltração da resina na dentina intratubular. Outra
Tabela 1- Sistemas adesivos existentes no mercado (amostragem)
Adesivos convencionais de três passos Nomes comerciais/ fabricante
Scothbond Multi uso (3M ESPE)
All Bond 3 (Bisco)
All Bond 2 (Bisco)
Adesivos convencionais de dois passos
Single Bond 2 (3M ESPE)
Prime &Bond 2.1 (Dentsply)
XP Bond (3M ESPE)
Clearfil New Bond (Kuraray)
Magic Bond DE (Vigodent)
One Coat Bond SL (Coltene)
Tetric N Bond (Ivoclar/ Vivadent)
One Step (Bisco)
One Step Plus (Bisco)
Multi Bond Uno (DFL)
Adesivos autocondicionantes de dois passos
Adpter SE Plus (3M ESPE)
Clearfil Liner Bond 2V (Kuraray)
Clearfil SE Bond (Kuraray)
AdheSE DC (Ivoclar/Vivadent)
Adesivos autocondicionantes de passo único
Clearfil S3 Bond (Kuraray)
Clearfil DC Bond (Kuraray)
Adesivo GO! (SDI)
Ace All Bond SE (Bisco)
All Bond SE (Bisco)
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ativa, de modo a favorecer a evaporação da água já no PASHLEY, 1997). No entanto, quando a profundidade de
momento da aplicação, realizando movimentos suaves de desmineralização da dentina é maior que a infiltração dos
espalhamento do adesivo sobre as paredes cavitárias. monômeros resinosos, as fibrilas de colágeno
Estes apresentam menor sensibilidade em relação à desmineralizadas e não envoltas por resina, ou seja,
umidade de superfície e modo de aplicação expostas, tenderão a sofrer uma lenta hidrólise pela
(CARVALHO, 2004). Já os adesivos que não contém penetração de fluidos externos ou dentinários,
água e que, normalmente, contém solventes altamente comprometendo a durabilidade da união (PASHLEY,
voláteis como a acetona ou o etanol, não devem ser 1994). Alguns autores têm mostrado que a extensão do
aplicados de forma ativa. Se esses adesivos forem tempo de aplicação do ácido fosfórico na dentina (acima
aplicados de forma ativa, corre-se o risco de que os de 15 s) também pode resultar em fibrilas de colágeno
solventes se evaporem precocemente e não exerçam sua mais expostas e desmineralizadas, o que leva a uma
função de deslocar a água residual presente entre as reduzida impregnação da resina adesiva, aumentando as
fibrilas, comprometendo a infiltração dos monômeros chances de degradação da interface adesiva (BRESCHI et
resinosos. Esses adesivos devem ser simplesmente al.,2008). Clinicamente, a degradação desta interface pode
dispensados sobre a superfície, sem espalhamento enfraquecer a adesão e conduzir à formação de fendas
(HILGERT, et al., 2008; CARVALHO, 2004). entre o dente e o material restaurador (AMARAL et al.,
Com aplicação do adesivo, tem-se o 2007).
procedimento conhecido como hibridização, ou seja, Outro fato a ser considerado é que os solventes
formação de uma “camada híbrida” (DE MUNCK, 2005), orgânicos (etanol ou acetona) têm a função de promover a
a qual pode ser definida como a impregnação de um desidratação química (evaporação da água) da dentina
monômero à superfície dentinária desmineralizada, desmineralizada para que os monômeros resinosos
formando uma camada ácido-resistente de dentina possam ocupar os espaços entre as fibrilas de colágeno,
reforçada por resina (NAKABAYASHI, et al. 1982). previamente preenchidos pela água (CARVALHO, 1998).
Atualmente, os sistemas de união de 3 passos à Portanto, outra preocupação relacionada aos atuais
base de água e etanol são considerados os melhores adesivos hidrófilos é que, à medida que a mistura de
padrões em termos de durabilidade de união, solvente e água evapora, ocorre um aumento proporcional
especialmente em preparos cavitários que apresentam da concentração de monômeros resinosos na mistura,
margens em dentina (DE MUNCK, et al., 2005.) reduzindo a capacidade de evaporação tanto dos solventes
como da água, em função da gradativa redução na pressão
Considerações clínicas de vapor desses fluidos (PASHLEY, et al., 1998 e 2007).
Quando o adesivo é aplicado no preparo Conseqüentemente, resíduos de água e do solvente podem
cavitário em excesso e tenta-se espalhá-lo com a permanecer no interior da dentina desmineralizada,
aplicação de jatos de ar para diminuir a espessura da sua comprometendo a conversão dos monômeros e
camada, tal procedimento resulta na incorporação de contribuindo com a formação de polímeros frágeis e
oxigênio, o que pode comprometer a sua polimerização e, permeáveis (YIU et al. 2005; ITO et al., 2005; TAY et al.,
conseqüentemente, a adesão. Adicionalmente, a espessura 2002,), com restrita capacidade de selar e proteger a
de adesivo não será uniforme, havendo acúmulo de dentina sadia remanescente (CARRILHO et al., 2007;
material nos ângulos internos do preparo e CHERESONI et al., 2004; BOUILLAGUET et al., 2000).
extravasamento de adesivo para além dos limites A retenção de água na matriz da dentina desmineralizada
cavitários (CARVALHO, 2004). pode, ainda, impedir a completa infiltração dos
Se o sistema adesivo for aplicado e monômeros resinosos nos espaços interfibrilares
prontamente fotoativado, sem aguardar um tempo localizados nas regiões mais profundas da matriz
suficiente para sua correta evaporação, o mesmo não irá desmineralizada (SPENCER e SWAFFORD, 1999).
polimerizar adequadamente, podendo trazer Como visto, a água desempenha papel fundamental na
conseqüências negativas que comprometam a união, com obtenção da adesão, mas também estabelece as situações
efeitos na resistência adesiva e selamento, sensibilidade que determinam os mecanismos de degradação da
pós-operatória e degradação precoce da interface adesiva interface adesiva (CARVALHO, 2004).
(HILGERT, et al., 2008; CARVALHO, 2004;
PASHLEY, 1997). Sistemas Adesivos Autocondicionantes
Problemas associados aos sistemas adesivos Uma das principais causas de falhas no
convencionais processo de adesão ao substrato dentinário é a
A finalidade do procedimento adesivo é a discrepância entre a área desmineralizada e a área
completa infiltração e recobrimento das fibrilas de infiltrada pelo agente de união (PASHLEY, 1994). Na
colágeno pela resina de união, protegendo-as da tentativa de se eliminar este inconveniente foi proposta
degradação (BRESCHI, et al., 2008). Idealmente, o uma técnica adesiva com sistemas de união denominados
adesivo deveria penetrar toda a extensão da dentina de autocondicionantes, os quais não requerem a aplicação
desmineralizada pelo condicionamento ácido, formando isolada de um ácido para produzir porosidades no
uma zona de interdifusão entre dentina e resina, substrato. Embora os sistemas autocondicionantes
conhecida como camada híbrida (HILGERT, 2008; apresentem como vantagem a ausência do passo
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operatório de condicionamento ácido, tal fato não é e dentina) de forma ativa por 20 a 30 segundos, seguida
totalmente verdadeiro quando se trata de adesão ao de leves jatos de ar.
esmalte (especialmente do esmalte não instrumentado). 2°passo- aplicação do adesivo (resina de baixa
Diversos trabalhos (HILGERT, et al, 2008; viscosidade, com características hidrofóbicas e que não
WATANABE, et al, 2008) mostraram que o contém solventes ou água, garantindo resistência e
condicionamento ácido somente do esmalte, previamente estabilidade). Aplica-se uma camada uniforme do
à aplicação destes tipos de adesivos, está indicado para adesivo, seguida de leves jatos de ar e fotoativação por 20
melhorar seu desempenho clínico neste substrato. Desta segundos.
forma, recomenda-se o condicionamento do esmalte com
ácido fosfórico por 15 segundos, lavagem, secagem com Adesivos autocondicionantes de passo único (adesivo
jatos de ar e aplicação do sistema autocondicionante. autocondicionante)
A incorporação de monômeros resinosos Uma única solução contém monômeros ácidos,
ácidos na sua formulação permite a dissolução da camada solventes, diluentes e água, que são aplicados diretamente
de detritos, a desmineralização da porção mais superficial sobre o substrato dental não condicionado e desempenha a
da dentina subjacente (SWIFT, 2002) e, simultaneamente, função de desmineralização, infiltração e posterior ligação
a infiltração da resina adesiva nos tecidos dentais, ou seja, com o material restaurador. A simplificação dos passos
a smear layer é incorporada na interface de união operatórios determinou maior complexidade da
(CARVALHO, 1998). TAY et al. (2000) verificaram que formulação e o comprometimento da eficiência desses
os primers autocondicionantes utilizados (Clearfil SE adesivos.
Bond e Clearfil Liner Bond 2V) penetravam de 3 a 4 µm Este sistema adesivo é aplicado de forma ativa
pela smear layer e foram capazes de desmineralizar a por, no mínimo, 15 segundos em todo o preparo cavitário,
dentina intertubular a uma profundidade de 0,4 a 0,5 µm. seguido de leves jatos de ar. Uma nova camada é
Nesses sistemas ocorreu a difusão do agente resinoso por aplicada, seguida de novos jatos de ar, e a
entre as fibrilas de colágeno na porção mais superficial da fotopolimerização realizada por 40 segundos (o tempo
dentina (0,1 a 0,2 µm), formando uma camada híbrida precisa ser longo devido ao caráter hidrofílico do sistema
pouco espessa. No entanto, apesar da pequena espessura adesivo). Para seu melhor desempenho, alguns trabalhos
desta camada, geralmente abaixo de 2 µm, alta resistência (HILGERT et al., 2008; BRESCHI et al., 2008)
adesiva inicial foi obtida. recomendam a aplicação de uma camada de resina
Os sistemas adesivos autocondicionantes adesiva hidrofóbica sobre os sistemas autocondicionantes
podem ser de dois passos, onde o agente condicionador e de passo único, o que os transformaria em
o primer estão combinados em um mesmo frasco e o autocondicionantes de dois passos.
adesivo é aplicado separadamente; ou de passo único, que
combina ácido, primer e adesivo em uma mesma Implicações clínicas dos Sistemas Adesivos
aplicação. Alguns autores relataram que esses materiais
são menos sensíveis às questões de umidade superficial da Adesivos simplificados funcionam como membranas
dentina, evitando a sensibilidade pós-operatória quando permeáveis
comparados aos sistemas convencionais (LAXE et al., Estudos realizados in vitro e in vivo mostraram
2007). Isto ocorre porque o primer é acidificado, ou seja, que os adesivos convencionais de dois passos e os
ao mesmo tempo em que condiciona a estrutura dentária, autocondicionantes de passo único, tornam-se membranas
promove junto com o adesivo, um embricamento semi-permeáveis após a polimerização, pois são
micromecânico, o que elimina uma etapa, o susceptíveis à sorção de água e se degradam mais
condicionamento com ácido fosfórico e sua posterior rapidamente que os adesivos que apresentam o passo de
lavagem e secagem, resultando em uma área de menor aplicação da resina hidrofóbica (convencional 3 passos e
desmineralização da estrutura dentária (AHID, et al.; autocondicionantes de 2 passos). Com a aplicação de uma
2009) e significativa redução da sensibilidade pós- camada de resina hidrofóbica, esta membrana semi-
operatória (CUNHA, et al., 2007). Estes primers ácidos permeável é neutralizada (BRESCHI, et al., 2008; DE
apresentam capacidade tampão, com um pH entre 1.5 e MUNCK 2005).
4.5 na superfície dentinária um minuto após a aplicação, o A capacidade da água em permear tais sistemas
que preserva o ataque da dentina mineralizada sadia adesivos após a polimerização está diretamente
subjacente (PASHLEY, 1997). relacionada à sua característica hidrofílica, permitindo o
rápido fluxo de água da dentina hidratada através da
Procedimento adesivo: camada de adesivo polimerizada. Na presença de
monômeros hidrofílicos, solvente e água residual
Adesivos autocondicionantes de dois passos (primer presentes após a polimerização, a água do meio externo é
autocondicionante) absorvida com facilidade e migra para áreas de
1°passo- aplicação do primer ácido (caráter porosidade interna e sítios do polímero onde se localizam
ácido e fluido, responsável pela formação da camada as moléculas hidrofílicas. Imediatamente após a
híbrida com os tecidos dentais). O primer polimerização, a exposição dos adesivos ao meio aquoso
autocondicionante é aplicado em todo o preparo (esmalte inicia o processo de absorção de água. A água exerce de
imediato um efeito plastificador das moléculas,
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solventes avaliados (acetona, metanol, etanol, butanol, p.150-155, jan. 2008.
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adesiva mais confiável e duradoura. No entanto, os 25. ITO, S., et al. Effects of resin hydrophilicity on water sorption and
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1
Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP 13
2
Cirurgiã Dentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP- Bauru/SP
3
Profª. Drª em Dentística Restauradora do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP – Bauru/SP
4
Prof. Dr. em Dentística Restauradora da Universidade Bandeirante de São Paulo UNIBAN – São Paulo/SP
5
Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP
Revista Dentística on line - ano 9, número 19, 2010.
ISSN 1518-4889 www.ufsm.br/dentisticaonline Oliveira, NA Adesivos Dentinários
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Especialista em Dentística Restauradora pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais - HRAC/USP – Bauru/SP
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Cirurgiã Dentista do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP- Bauru/SP
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Profª. Drª em Dentística Restauradora do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais HRAC/USP – Bauru/SP 14
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Prof. Dr. em Dentística Restauradora da Universidade Bandeirante de São Paulo UNIBAN – São Paulo/SP
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