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GRUPO DE ESTUDO SEMEANDO O EVANGELHO – ANO I - 2020

TEMA ESPECIAL: João Batista

Objetivo: Missão de João Batista à luz do Espiritismo.

Bibliografia dos textos apresentados:

∘ Boa Nova. Cap. 2. Chico Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos. FEB.

∘ O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. 13 Item 12, Cap.17 Item 4, Cap. 21 Item 9. Allan
Kardec. FEB.

∘ Entre a Terra e o Céu. Cap. 22. Chico Xavier, pelo Espírito André Luiz. FEB.

∘ O Céu e o Inferno. Segunda parte. Cap.1 Item 14. Allan Kardec. FEB.

∘ O Consolador. Questões 182, 216, 225 e 298. Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel. FEB.

∘ Pão Nosso. Cap. 86. Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel. FEB.

SUBSÍDIOS PARA REFLEXÃO

1. Texto evangélico
E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizendo: Arrependei-vos,
porque é chegado o reino dos Céus. Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do
que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas (Mt 3:1-3).
E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais
poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e
com fogo. (Mt 3:11).
2. Interpretação do texto evangélico
João Batista é conhecido como o precursor, aquele que viria antes de Jesus a fim de lhe preparar o
caminho. Foi ele quem batizou o Mestre e o designou como Messias.
Vestido de peles e alimentando-se de mel selvagem, esclarecendo com energia e deixando-se
degolar em testemunho à Verdade, ele precedeu a lição da misericórdia e da bondade. O
Mestre dos mestres quis colocar a figura franca e áspera do seu profeta no limiar de seus
gloriosos ensinos e, por isso, encontramos em João Batista um dos mais belos de todos os
símbolos imortais do Cristianismo. [...] João era a verdade, e a verdade, na sua tarefa de
aperfeiçoamento, dilacera e magoa, deixando-se levar aos sacrifícios extremos. (Boa Nova.
Cap. 2. Chico Xavier, pelo Espírito Humberto de Campos. FEB).
João Batista foi o grande missionário de Jesus, porque o “[...] verdadeiro missionário de Deus tem de
justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência
moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador.” (O Evangelho segundo o Espiritismo.
Cap. 21. Item 9. Allan Kardec. FEB).
Historicamente, ele é conhecido como primo de Jesus, filho de Zacarias e Isabel, nascido em
circunstâncias extraordinárias, em decorrência da gravidez de sua mãe em idade avançada.
João Batista foi a voz clamante do deserto. Operário da primeira hora, é ele o símbolo da
verdade que arranca as mais fortes raízes do mundo, para que o reino de Deus prevaleça nos
corações. Exprimindo a austera disciplina que antecede a espontaneidade do amor, a luta para

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que se desfaçam as sombras do caminho, João é o primeiro sinal do cristão ativo, em guerra
com as próprias imperfeições do seu mundo interior, a fim de estabelecer em si mesmo o
santuário de sua realização com o Cristo. Foi por essa razão que dele disse Jesus: “Dos
nascidos de mulher, João Batista é o maior de todos”. (Boa Nova. Cap. 2. Chico Xavier, pelo
Espírito Humberto de Campos. FEB).
Ele representa aqueles que estão empenhados na luta pela reeducação espiritual, sob o império da lei
de causa e efeito. São conhecidos como legalistas da Lei de Deus que, se adotam posturas extremadas,
transformam-se em fanáticos e exageradamente ortodoxos.
O primeiro texto evangélico (Mt 3:1-3) nos informa que durante a pregação, João Batista estimulava a
multidão a arrepender-se, “porque é chegado o reino dos Céus.” O arrependimento é, pois, a base da
melhoria espiritual.
Para que cada qual trabalhe na sua purificação, reprima as más tendências e domine as
paixões, preciso se faz que abdique das vantagens imediatas em prol do futuro, visto como,
para identificar-se com a vida espiritual, encaminhando para ela todas as aspirações e
preferindo-a à vida terrena, não basta crer, mas compreender. Devemos considerar essa vida
debaixo de um ponto de vista que satisfaça ao mesmo tempo à razão, à lógica, ao bom senso e
ao conceito que temos da grandeza, da bondade e da justiça de Deus. (O Céu e o Inferno.
Segunda parte. Cap. 1. Item 14. Allan Kardec. FEB).
Sabemos que sem o arrependimento não ocorre a regeneração do Espírito. É necessário reconhecer as
faltas cometidas e se preparar para repará-las. Neste sentido esclarece Emmanuel:
O remorso é a força que prepara o arrependimento, como este é a energia que precede o
esforço regenerador. Choque espiritual nas suas características profundas, o remorso é o
interstício para a luz, através do qual recebe o homem a cooperação indireta de seus amigos do
Invisível, a fim de retificar seus desvios e renovar seus valores morais, na jornada para Deus.
(O Consolador. Questão 182. Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel. FEB).
Até João Batista, a tentativa de se obter paz interior estava relacionada às obrigações religiosas ou às
manifestações de culto externo: sacrifícios, holocaustos, oferendas, santificação do sábado etc.
Com Jesus, verificamos que Deus não está assentado no altar dos templos religiosos. Mas que se
encontra em todo o universo e no âmago do ser humano.
O “Reino”, de que o versículo 2 de Mateus faz alusão, tem significado bem diverso daquele que era
apregoado pelo Judaísmo, como bem nos esclarece o evangelista Lucas: “O reino de Deus não vem
com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o reino de Deus está entre
vós” (Lc 17:20-21).
João preparava o caminho para que Jesus pudesse nos fornecer a chave do reino dos Céus, e nos
ensinasse as diretrizes para o alcance da harmonia pessoal, estabelecendo o reino de Deus no coração.
João Batista pregava o advento do reino dos Céus com ardor, usando de todo o poder de
convencimento que possuía.
A mente, como não ignoramos, é o incessante gerador de força, através dos fios positivos e
negativos do sentimento e do pensamento, produzindo o verbo que é sempre uma descarga
eletromagnética, regulada pela voz. Por isso mesmo, em todos os nossos campos de atividade,
a voz tonaliza a exteriorização, reclamando apuro de vida interior uma vez que a palavra,
depois do impulso mental, vive na base da criação; é por ela que os homens se aproximam e se
ajustam para o serviço que lhes compete e, pela voz, o trabalho pode ser favorecido ou
retardado, no espaço e no tempo. (Entre a Terra e o céu. Cap. 22. Chico Xavier, pelo Espírito
André Luiz. FEB).
Preparar o caminho do Senhor, endireitando as suas veredas, conforme assinala o registro do
evangelista (Mt 3:3), tem significado especial.
O homem bem-intencionado refletirá intensamente em melhores caminhos, alimentando de
ideais superiores e inclinando-se à bondade e à justiça. [...] É necessário meditar no bem;

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todavia é imprescindível executá-lo. A Providência divina cerca a estrada das criaturas com o
material de edificação eterna, possibilitando-lhes a construção das “veredas direitas” [...].
Semelhante realização por parte do discípulo é indispensável, porquanto, em torno dos seus
caminhos, seguem os que manquejam. Os prisioneiros da ignorância e da má-fé arrastam-se,
como podem, nas margens do serviço de ordem superior [...]. Somente aqueles que constroem
estradas retas escapam-lhes aos assaltos sutis, defendendo-se e oferecendo-lhes também novas
bases a fim de que se não desviem inteiramente dos divinos desígnios. (Pão Nosso. Cap. 86.
Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel. FEB).
No segundo texto de Mateus (3:11), lemos que João Batista batiza com água as pessoas que desejam
ser convertidas, atendendo ao rito judaico. Sabemos, hoje, que tal simbolismo é dispensável, uma vez
que a verdadeira conversão ocorre no íntimo do ser. Esclarece Emmanuel que os “[...] espiritistas
sinceros, na sagrada missão de paternidade, devem compreender que o batismo, aludido no Evangelho,
é o da invocação das bênçãos divinas [...]”. (O Consolador. Questão 298. Chico Xavier, pelo Espírito
Emmanuel. FEB).
No Espiritismo não há batismo ou outro ritual de qualquer espécie. Jesus veio em seguida à pregação
de João Batista, oferecendo-nos o seu Evangelho de luz e amor.
A [...] Providência divina movimentou todos os recursos indispensáveis ao progresso material
do homem físico na Terra, o Evangelho de Jesus é a dádiva suprema do Céu para a redenção
do homem espiritual, em marcha para o amor e sabedoria universais. [...] O Evangelho é o
roteiro para a ascensão de todos os Espíritos em luta, o aprendizado na Terra para os planos
superiores do ilimitado. De sua aplicação decorre a luz do Espírito. No turbilhão das tarefas de
cada dia, lembrai a afirmativa do Senhor: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Se vos
cercam as tentações de autoridade e poder, de fortuna e inteligência, recordai ainda as suas
palavras: “Ninguém pode ir ao Pai senão por mim.” E se vos sentis tocados pelo sopro frio da
adversidade e da dor, se estais sobrecarregados de trabalhos no mundo, buscai ouvi-lo sempre
no imo da alma: “Quem deseje encontrar o reino de Deus tome a sua cruz e siga os meus
passos”. (O Consolador. Questão 225. Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel. FEB).
À medida em que o ser avança sob a inspiração do Alto, vai alcançando novos aprendizados,
propiciados pela fieira das reencarnações. Aprende a santificar as suas experiências cotidianas sob o
“batismo” transformador da mensagem do Cristo.
Neste sentido, nos esclarece a Doutrina Espírita: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua
transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”. (O Consolador.
Cap. 17. Item 4. Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel. FEB).
O espírita, inspirado pelas orientações do evangelho, explicadas pelos postulados do Espiritismo
compreende, então, que é pela caridade que o ser se transforma, ascendendo a planos evolutivos
superiores.
A caridade é a virtude fundamental sobre que há de repousar todo o edifício das virtudes
terrenas. Sem ela não existem as outras. Sem a caridade não há esperar melhor sorte, não há
interesse moral que nos guie [...]. A caridade é, em todos os mundos, a eterna âncora de
salvação; é a mais pura emanação do próprio Criador; é a sua própria virtude, dada por Ele à
criatura. (O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. 13. Item 12. Allan Kardec. FEB).
O precursor nos oferece exemplo de transformação moral, obtido sob os ditames da vontade
disciplinada, corretamente administrada.
O amor-próprio, o brio, o caráter e a honra deveriam ser traços do aperfeiçoamento espiritual e
nunca demonstrações de egoísmo, de vaidade e orgulho, quais se manifestam, comumente, na
Terra. Quando o homem se cristianizar, compreendendo essas posições morais no seu
verdadeiro prisma, não mais se verificará qualquer colisão entre os acontecimentos da
existência comum e os seus conhecimentos do Evangelho, porquanto o seu esforço será

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sempre o da cooperação sincera a favor do reerguimento e da elevação espiritual dos


semelhantes. (O Consolador. Questão 216. Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel. FEB).
  

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