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4 Filtros Eléctricos
Um filtro tem como função seleccionar, rejeitar ou igualizar uma ou várias gamas de frequência de um sinal
eléctrico. Os filtros constituem uma das aplicações mais comuns da electrónica, sendo amplamente utilizados
na aquisição e processamento de sinais audio, vídeo e de dados, em sistemas de alimentação, de
telecomunicações, de controlo, etc.
Nesta disciplina introduzem-se duas das principais técnicas de realização de filtros eléctricos: a técnica passiva,
que utiliza essencialmente resistências, condensadores, bobinas e transformadores; e a técnica activa. Esta
última técnica faz referência a dispositivos electrónicos como o amplificador operacional de tensão e o
transferidor de corrente, e será abordada nos Capítulos 15 e 16. Convém desde já salientar que existem diversas
técnicas alternativas às duas referidas, como sejam a digital e as técnicas amostradas dos condensadores e das
correntes comutadas.
Os filtros eléctricos podem ser de cinco tipos básicos (ver Figura 12.20): passa-baixo (a), passa-alto (b), passa-
banda (c), rejeita-banda (d) e passa-tudo. É comum distinguirem-se os seguintes parâmetros e gamas de
frequência na característica de selectividade de um filtro:
É com base nestes cinco parâmetros que geralmente se especifica a característica de selectividade de um filtro
eléctrico.
Figura 12.20 Filtros eléctricos
(12.101)
no caso do circuito RL. As bandas de passagem e de transição-atenuação estão compreendidas entre zero e ω p
Na Figura 12.22 representam-se dois filtros passa-baixo com atenuação limitada na banda de rejeição.
(12.102)
no circuito RC, e
(12.103)
no circuito RL. Como se verifica no diagrama de Bode de amplitude assintótico, estes dois filtros definem
explicitamente uma banda de transição e uma banda de rejeição na qual a atenuação máxima obtida é
aproximadamente constante. A banda de transição é uma função da separação entre o pólo e o zero, enquanto a
atenuação na banda de rejeição é uma função do cociente entre ambos.
A Figura 12.23 mostra um filtro passa-baixo de 2.ª ordem constituído por uma malha RLC-série.
(12.104)
os quais imprimem uma atenuação crescente com a frequência, ao ritmo de 40 dB por década, e introduzem
uma variação máxima na banda de passagem que é uma função do factor de qualidade dos pólos (Figura
12.23).
Os circuitos RC e RL representados na Figura 12.24 implementam ambos uma função de transferência de tipo
passa-alto de 1.ª ordem
Figura 12.24 Filtros RC e RL passa-alto de 1.ª ordem
(12.105)
em que ω z=ω p=1/RC no circuito RC e ω z=ω p=R/L no circuito RL. Neste caso, as bandas de passagem e de
atenuação-transição encontram-se compreendidas entre ω =ω p e infinito e ω =0 e ω =ω p, respectivamente,
sendo a atenuação crescente para frequências decrescentes. Por outro lado, a variação máxima da amplitude na
banda de passagem é de -3 dB.
Os dois filtros passa-alto representados na Fig.12.25 impõem um limite à atenuação máxima na banda de
rejeição.
Figura 12.25 Filtro passa-alto de 1.ª ordem com atenuação limitada
(12.106)
(12.107)
(12.108)
Na Figura 12.27 consideram-se dois filtros passa-banda constituídos pela cascata de um passa-alto e de um
passa-baixo de 1ª ordem.
(12.109)
O zero na origem e o pólo ω p1 definem o limite inferior da banda de passagem do filtro, enquanto o segundo
pólo, ω p2, define o limite superior respectivo (Figura 12.27.c). Pode facilmente demonstrar-se que o circuito
RL-LR da Figura 12.27.b apresenta uma função de transferência
(12.111)
Na Figura 12.28 consideram-se dois filtros passa-banda de 1ª ordem alternativos às topologias em cascata
anteriores. Em ambos os filtros, a amplitude da resposta em frequência é unitária em ω =1/√ LC, frequência à
qual a bobina e o condensador se anulam mutuamente. Por outro lado, para frequências angulares superiores ou
inferiores à frequência de ressonância, o divisor de impedâncias constituído pela resistência e pela malha LC
apresenta valores sempre inferiores à unidade, sendo mesmo nulos para ω =0 e para ω =∞ . Este
comportamento em frequência permite associar o circuito a um filtro passa-banda centrado na frequência de
ressonância.
Figura 12.28 Filtros RLC passa-banda de 1.ª ordem
(12.112)
em (a), e
(12.113)
em (b).
A função de um filtro rejeita-banda é atenuar uma ou várias gamas de frequências limitadas, seja superior seja
inferiormente. Nas Figuras 12.29 e 12.30 ilustram-se os dois princípios com base nos quais se podem realizar
filtros do tipo rejeita-banda. No primeiro caso, Figura 12.29, trata-se de estabelecer dois caminhos alternativos
entre o terminal de entrada e o terminal de saída do filtro, um deles de tipo passa-alto e o outro de tipo passa-
baixo. Os sinais localizados entre as frequências de corte do filtro passa-baixo e do filtro passa-alto são
rejeitados por ambos os caminhos.
Figura 12.29 Filtro rejeita-banda (por associação em paralelo de filtros passa-alto e passa-baixo)
No segundo caso, Figura 12.30, explora-se o facto de o somatório das funções de transferência da entrada para
os terminais dos diversos componentes do circuito ser obrigatoriamente unitário.
(12.114)
(12.115)
deve necessariamente ser de tipo rejeita-banda, uma vez que ambas devem verificar a igualdade
(12.116)
Na Figura 12.31 considera-se um filtro rejeita-banda constituído pelo paralelo de um filtro passa-baixo (L e
Rpb) e um filtro passa-alto (C e Rpa). Este circuito particular pode ser redesenhado como na Figura 12.31.b,
esquema no qual se identifica uma das malhas RLC ressonantes estudadas anteriormente.
(12.117)
com R=Rpb// Rpa. A função de transferência (12.117) apresenta dois zeros imaginários puros no numerador, os
quais para ω = ω ο anulam a amplitude da resposta em frequência (Figura 12.31.c).