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Na definição strictu sensu os colírios são formas farmacêuticas líquidas estéreis (são
ausentes de pirogênios) para uso tópico no globo ocular. Por isso as formulações deste tipo são
de uso primariamente oftálmico, apresentado um caráter isotônico afim de não provocar irritação.
Esta forma farmacêutica pode se constituir de uma solução ou uma emulsão.
Embora não sejam incomuns, há ocorrências de prescrições de colírios para uso em unhas
e mesmo no canal auditivo (ouvido). Importante salientar que este tipo de indicação não garante
plena eficácia desta forma farmacêutica e que apenas soluções designadas como otológico-
oftálmicas se prestam eficazmente para uso ocular e/ou auditivo. O uso de soluções otológicas no
globo ocular é desaconselhado veementemente, uma vez que provoca irritação, podendo ainda
causar cegueira irreversível! Atenção quanto a isto na orientação farmacêutica!
Há no mercado uma gama de colírios, com indicações muito variadas que vão de
tratamento de ceratoconjuntivite a usos mais específicos, que demandam prescrição retida na
farmácia. O enquadramento dos colírios se baseia na ação específica (ou não) deles, mas aqui
estão agrupados de acordo com a finalidade a que são designados em suas bulas. Na
organização deste material foram relevados os aspectos legais que tangem a: isenção de
prescrição, venda sob prescrição médica e a obrigatoriedade de retenção de receita.
ATENÇÃO
-É importante orientar o paciente que, uma vez aberto, a validade do colírio decai para pouco mais
de 1 mês! Os colírios guardados há mais de 1 mês devem ser descartados!
-Os colírios que demandam refrigeração devem ser mantidos na geladeira ou em ambiente que
não exceda 10ºC.
-No caso de pacientes que usem lentes de contato, é necessária a retirada das mesmas antes do
uso do colírio, a menos que haja compatibilidade expressa na bulas!
-Em caso de uso de mais de um colírio é preciso ter um intervalo de pelo menos 15 minutos entre
a aplicação de um e de outro!
-Oriente o cliente que na aplicação deve ser feita a abertura das pálpebras com uma das mãos e
que, no gotejamento (instilação), o bico não pode ter contato com o olho ou com as pálpebras!
1)Hidratantes Oculares
São formulações muito variadas que se prestam para amenizar o desconforto gerado pela
chamada “vista seca” (ceratoconjuntivite seca). Este problema é muito comum em ambientes com
fumaça, refrigerados ou muito ensolarados, em indivíduos que trabalham muito tempo em frente a
telas de computadores, no uso de lentes de contato e até em indivíduos que não produzem
lágrima suficientemente.
Existem numerosos compostos que ajudam na hidratação do globo ocular, alguns inclusive
protegem-no em situações pós-operatórias. A eficácia destes colírios depende muito de cada
pessoa, de forma que o uso é uma questão muito pessoal do paciente e do oftalmologista que
acompanha o caso clinico deste.
Carmelose sódica 0,5%: Ecofilm® (21 gotas = 1mL), Fresh Tears® (19 gotas = 1mL),
Lacrifilm® (19 gotas = 1mL)
Hipromelose 0,5%: Artelac® (25 gotas = 1mL), Filmcel® (22 gotas = 1mL), Genteal®
São colírios não tarjados que se prestam para amenizar irritações oculares comuns, que
geram vermelhidão, lacrimejo abundante e/ou sensação de coceira. Normalmente tais sintomas
são provocados por sujeira no ar, no contato de dedos sujos ou quando algo cai no globo ocular.
Seu uso em conjuntivites se restringe aquelas que são irritativas leves e que não sejam de causas
microbianas (embora alguns componentes tenham ação antimicrobiana). Comumente os
pacientes dizem que estes colírios servem para “clarear os olhos”.
Cloreto de Benzalcônio 0,01% + Ácido Bórico 1,7%: Dinil® (25 gotas = 1mL), Higicler®
Cloridrato de Nafazolina 0,05% + Fenolsulfonato de zinco 0,1%: Lerin® (27 gotas = 1mL),
Colírio Moura Brasil® (28 gotas = 1mL)
Cloridrato de Tetrizolina 0,05% + Sulfato de zinco 0,1%: Mirabel® (27 gotas = 1mL)
São colírios tarjados (venda sob prescrição médica) para tratamento de inflamações
oculares de causas variadas. Por sua ação antiinflamatória também atuam reduzindo a sensação
de ardor e dor, gerando conforto momentâneo mesmo em casos pós-cirúrgicos. Na sintomatologia
da expressão popular amenizam a: “sensação de areia nos olhos”.
Embora sejam mais seguros que os colírios antiinflamatórios à base de corticóides, seu
uso deve ser feito com cautela uma vez que podem exercer efeitos aditivos no uso conjunto com
antiinflamatórios orais. Isso ocorre devido à absorção sistêmica a que estão sujeitos no globo
ocular.
4)Antiinflamatórios Esteroidais
Acetato de Prednisolona 1%: Oftpred®, PredFort® (23 gotas = 1mL), Ster® (23 gotas =
1mL)
5)Anti Histamínicos
Os fármacos desta classe são utilizados especificamente para o tratamento dos sintomas
de alergias. Por isso os colírios deste grupo se prestam para amenizar as irritações provocadas
por elementos alergênicos como: pólen, pêlos, cloro entre outrem.
A ação dos anti histamínicos, embora similar a dos antiinflamatórios, difere por ser
específica nos receptores H1 e com isso reduzem o desconforto das alergias oculares
(caracterizadas por coceira, lacrimejamento, prurido, inchaço). Devido à ação neste tipo de
receptor e ao fato de haver absorção sistêmica, a sonolência é um evento adverso previsível. É
importante frisar que estes colírios não devem ser utilizados para tratar irritação decorrente do uso
de lentes de contato!
Existem as seguintes formulações no mercado:
Este grupo de colírios são todos tarjados (venda sob prescrição médica) e exige cuidado
na seleção da parte do prescritor. Isso decorre que mesmo os colírios deste grupo exercem
efeitos sistêmicos relevantes, que limita o uso de cada um em decorrência de patologias
preexistentes e/ou mesmo em função da faixa etária mais tenra ou tardia do paciente.
Importante orientar o paciente de que nunca faça uso por indicação de outrem que não
sejam prescritores e muito menos por mera leitura de bulas ou material consultado na Internet. No
caso de pacientes que já fazem uso de determinado colírio, orientá-los no uso cotidiano e as
ressalvas usuais de colírios em geral.
De acordo com o local de ação os anti hipertensivos oftálmicos podem ser enquadrados da
seguinte forma:
Maleato de Timolol 0,5% + Tartarato de Brimonidina 0,2%: Combigan® (24 gotas = 1mL)
Tartarato de Brimonidina 0,2% + Maleato de Timolol 0,5%: Combigan® (24 gotas = 1mL)
Nota: Embora não seja um colírio, vale ressaltar aqui o uso da Acetazolamida 250mg em
comprimidos, que também é utilizada no controle do glaucoma (entre outros usos que são
característicos desta substância).
Bimatoprosta 0,03%: Latisse® (36 gotas = 1mL), Lumigan® (36 gotas = 1mL)
Travoprosta 0,004% + Maleato de Timolol 0,5%: Duo Travatan® (30 gotas = 1mL)
Os colírios deste grupo são utilizados inicialmente para fins diagnósticos, uma vez que
promovem a midríase (dilatação pupilar), que permite o exame de fundo de retina, refração, etc.
Contudo, também se prestam para a prevenção da aderência da íris ao cristalino (ciclopegia) em
casos de irites, ceratites e outros distúrbios relacionados.
8)Anestésicos oftálmicos
Os colírios de ação anestésica são utilizados não apenas para amenizar sintomas
dolorosos de corpos estranhos (conjuntivais e corneanos) no globo ocular, mas também para fins
diagnósticos (em exames gonioscópios, de pressão ocular, raspagem) e para procedimentos
cirúrgicos como: suturas córneas, de catarata, etc.
Pelo fato de exigirem retenção de receita enfatiza a aquisição apenas por profissionais
prescritores (e pacientes sob rigoroso tratamento) e o cuidado com este tipo de medicamento uma
vez que seus componentes possuem importantes efeitos adversos.
9)Antibióticos oftálmicos
Os colírios compostos por antibióticos só devem ser utilizados quando houver constatação
de infecção bacteriana ou fúngica por um profissional especializado. Seu uso demanda
acompanhamento para avaliar a progressão ou remissão do quadro de conjuntivite microbiana,
por isso a necessidade de retenção do receituário (conforme as RDC nº44/11 e RDC nº20/12).