Você está na página 1de 2

Resenha critica do filme ''Desmundo''

"Desmundo", um filme dirigido por Alain Fresnot, conta a história de Oribela, personagem
interpretada pela atriz Simone Spoladore. O roteiro é uma adaptação do livro "Desmundo", de
Ana Miranda e se inspira na carta de Padre Manoel da Nóbrega enviada ao rei, na qual pedia
jovens órfãs para serem enviadas ao Brasil, a fim de constituírem famílias e evitar o pecado da
miscigenação com as índias:

"Já que escrevia a Vossa Alteza a falta que nesta terra há de mulheres, com quem os homens
casem e vivam em serviço de Nosso Senhor, apartados dos pecados, em que agora vivem,
mande Vossa Alteza muitas orphãs, e si não houver muitas, venham de mistura dellas de
quaesquer, porque são tão desejadas as mulheres brancas cá, que quaesquer farão cá muito
bem à terra, e ellas ganharão, e os homens de cá apartar-se-hão do pecado." (Padre Manoel
da Nóbrega)

Diretor com o elenco principal do filme

No período colonial brasileiro, mais precisamente em 1576, Oribela faz parte do grupo de órfãs
enviada de Portugal para o Brasil, com intuito de se casar com os colonos. Sendo assim, após
"desrespeitar" seu primeiro pretendente, ela é obrigada a se casar com Francisco Albuquerque
(Osmar Prado), dono de um engenho de açúcar onde os índios eram escravos. Após se casar,
Oribela pede a Francisco que lhe dê um tempo para que ela possa ''cumprir com seu papel de
esposa''; a primeiro momento, Francisco concede esse tempo, mas, após o "aborrecer", ele
desconsidera o pedido de Oribela e a estupra. Com o ocorrido, Oribela sente a enorme
necessidade de fugir. Na primeira oportunidade deixa o engenho no meio da noite e corre
desesperada até chegar em uma praia, onde encontra navios e alimenta suas esperanças que
poderia retornar a Portugal. Mas os homens da tripulação tentam estuprá-la até que seu
marido a encontra, mata os homens e leva Oribela de volta ao engenho, punindo-a por sua
fuga. Ainda que sobre a constante opressão e em um cárcere vivo no engenho, Oribela
consegue fugir e encontra Ximeno (Caco Ciocler), um comerciante da vila próxima que lhe
oferece abrigo, passando a viver um secreto romance.

A crítica é predominante no longa. Podemos ver que as mulheres eram tidas como inferiores e
“escravas” dos homens, assim como índios, que quase sempre aparecem trabalhando. A
finalidade do filme é o realismo, mostrando a imundície das embarcações, a falta de caráter
dos jesuítas, cenas melancólicas e revoltantes. Devido a esse aspecto e pela qualidade técnica,
foi aclamado como o melhor filme do Festival de Cinema Brasileiro de Paris, porém não foi
muito bem aceito pela grande maioria do público.

O que mais chama atenção no filme é a linguagem arcaica da época, de onde surge a
necessidade de vê-lo legendado para melhor compreensão da trama. Por ser um filme que
retrata costumes, linguagens e a cultura de época. É um filme recomendado para aqueles que
têm interesse e curiosidade sobre os primórdios da colonização brasileira por Portugal.

Você também pode gostar