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PRÉ-VESTIBULAR

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Sociologia CIÊNCIAS HUMANAS


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DOM BOSCO - SISTEMA DE ENSINO
PRÉ-VESTIBULAR 4
Ciências humanas e suas tecnologias.
© 2019 – Pearson Education do Brasil Ltda.

Vice-presidência de Educação Juliano Melo Costa


Gerência editorial nacional Alexandre Mattioli
Gerência de produto Silvana Afonso
Autoria Stefano Schiavetto Amancio

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Coordenação editorial Luiz Molina Luz

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Edição de conteúdo Raíssa Cardoso

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Preparação Adriana Cristina Cardoso

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Revisão Luisa Tieppo, Renata Coppola
Gerência de Design Cleber Figueira Carvalho

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Coordenação de Design Diogo Mecabo
Edição de arte Débora Lima, Ariane Lima

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Coordenação de pesquisa e
licenciamento Maiti Salla
Pesquisa e licenciamento Cristiane Gameiro, Heraldo Colon, Andrea Bolanho, Maricy Queiroz

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Ilustrações Carla Viana
Projeto Gráfico Apis design integrado
N X Diagramação Editorial 5
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Capa Apis design integrado
Imagem de capa inoby/istock
Produtor multimídia Cristian Neil Zaramella
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PCP George Baldim, Paulo Campos


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Todos os direitos desta publicação reservados à


Pearson Education do Brasil Ltda.
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Av. Santa Marina, 1193 - Água Branca


São Paulo, SP – CEP 05036-001
Tel. (11) 4210-4450
www.pearson.com.br

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APRESENTAÇÃO

Um bom material didático voltado ao vestibular deve ser maior que um grupo de
conteúdos a ser memorizado pelos alunos. A sociedade atual exige que nossos jo-
vens, além de dominar conteúdos aprendidos ao longo da Educação Básica, conheçam
a diversidade de contextos sociais, tecnológicos, ambientais e políticos. Desenvolver
as habilidades a fim de obterem autonomia e entenderem criticamente a realida-
de e os acontecimentos que os cercam são critérios básicos para se ter sucesso no
Ensino Superior.
O Enem e os principais vestibulares do país esperam que o aluno, ao final do Ensino

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Médio, seja capaz de dominar linguagens e seus códigos; construir argumentações

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consistentes; selecionar, organizar e interpretar dados para enfrentar situações-proble-

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ma em diferentes áreas do conhecimento; e compreender fenômenos naturais, proces-
sos histórico-geográficos e de produção tecnológica.

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O Pré-Vestibular do Sistema de Ensino Dom Bosco sempre se destacou no mer-
cado editorial brasileiro como um material didático completo dentro de seu segmento

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educacional. A nova edição traz novidades, a fim de atender às sugestões apresentadas
pelas escolas parceiras que participaram do Construindo Juntos – que é o programa rea-
lizado pela área de Educação da Pearson Brasil, para promover a troca de experiências,

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o compartilhamento de conhecimento e a participação dos parceiros no desenvolvi-
mento dos materiais didáticos de suas marcas.
N X Assim, o Pré-Vestibular Extensivo Dom Bosco by Pearson foi elaborado por uma
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equipe de excelência, respaldada na qualidade acadêmica dos conhecimentos e na prá-
tica de sala de aula, abrangendo as quatro áreas de conhecimento com projeto editorial
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exclusivo e adequado às recentes mudanças educacionais do país.


O novo material envolve temáticas diversas, por meio do diálogo entre os conteú-
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dos dos diferentes componentes curriculares de uma ou mais áreas do conhecimento,


com propostas curriculares que contemplem as dimensões do trabalho, da ciência, da
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tecnologia e da cultura como eixos integradores entre os conhecimentos de distintas


naturezas; o trabalho como princípio educativo; a pesquisa como princípio pedagógi-
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co; os direitos humanos como princípio norteador; e a sustentabilidade socioambiental


como meta universal.
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A coleção contempla todos os conteúdos exigidos no Enem e nos vestibulares de


todo o país, organizados e estruturados em módulos, com desenvolvimento teórico
associado a exemplos e exercícios resolvidos que facilitam a aprendizagem. Soma-se a
isso, uma seleção refinada de questões selecionadas, quadro de respostas e roteiro de
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aula integrado a cada módulo.


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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS


JAYESH/ISTOCK
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O TRABALHO NAS
SOCIOLOGIA

SOCIEDADES DE CLASSES

Se observarmos a nossa sociedade, perceberemos que várias atividades podem

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ser entendidas como trabalho, sendo elas remuneradas ou não. As pessoas, e em

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maior parte as mulheres, que realizam as atividades domésticas diariamente, man-

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• A diversidade do trabalho e

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seu conceito sociológico tendo o lar em ordem, exercem um trabalho, ainda que não recebam remuneração
• Trabalho e identidade por isso. Já uma empregada doméstica cumpre as mesmas tarefas e é remunerada.
Um agricultor que planta para subsistência o faz para si e sua família, enquanto

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social
• Trabalho: história e cultura aquele que trabalha numa grande propriedade rural e recebe um salário para isso

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• Capitalismo e sustenta a produção voltada ao consumo de outras pessoas, e não somente o dele.
racionalização do trabalho Uma palestrante, uma professora, uma escritora e uma artista também trabalham
• Transformações sociais
realizando atividades intelectuais, sejam elas remuneradas ou não.

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e desenvolvimento Veremos, neste módulo, como a sociologia entende o trabalho e qual sua impor-
tecnológico tância e suas consequências sociais.
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• Trabalho e desigualdade
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entre homens e mulheres
A diversidade do trabalho e seu conceito
sociológico
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HABILIDADES
• Identificar registros sobre
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o papel das técnicas e Sociologicamente, o trabalho, em sua função nas sociedades, pode ser enten-
tecnologias na organização dido como a execução de tarefas que exigem esforço intelectual e/ou físico, com o
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do trabalho e da vida social. propósito de produzir bens e serviços que supram as necessidades da sociedade.
• Analisar fatores que Trata-se da base de toda a economia, que distribui, por meio das instituições, a
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explicam o impacto produção de serviços e mercadorias. Ao mesmo tempo, trabalho é uma atividade
das novas tecnologias que transforma quem a realiza, a sociedade e a natureza. Trabalho é, portanto, uma
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no processo de forma de intervenção no mundo.


territorialização da No capitalismo, existem diversos tipos de trabalhos geradores de remuneração.
produção. O predominante, do qual a maior parte da população mundial vive, é o emprego – a
• Avaliar argumentos venda de força e de tempo de trabalho em troca de um salário. Há também o trabalho
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favoráveis e contrários às executado pelo empregador, cujas características principais são a vigilância dos empre-
modificações impostas gados e a administração do negócio. Além do empregado e do empregador, existem
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pelas novas tecnologias à ainda os prestadores de serviços, formais e informais, que incluem desde professores
vida social e ao mundo do e advogados até artistas e vendedores ambulantes. Por fim, há os funcionários públicos
trabalho. e, cada vez mais, os investidores, que colhem ganhos no mercado de investimentos.
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Entretanto, é possível definir trabalho para além da atividade remunerada. No


Brasil, em geral, é bastante comum considerar que as escolas devem preparar os
alunos para ingressarem nas melhores universidades e, assim, conseguirem ocupar
os melhores cargos, seja no setor público, seja no privado. A partir dessa percep-
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ção sobre a função da escola, os estudantes são educados a associá-la à inserção


no mercado de trabalho. O impacto direto disso para o conceito de trabalho é que
ele passa a ser compreendido apenas enquanto remuneração econômica, sendo
esvaziado de sua concepção enquanto atividade transformadora da natureza, do
indivíduo e da sociedade a partir da ação criativa do ser humano.
Caso esta última concepção, que faz parte do conceito sociológico de trabalho,
não seja evidenciada, corremos o risco de esvaziar o sentido político e ontológico
dessa atividade, limitando os cidadãos e as cidadãs a serem meros reprodutores
das formas de geração de renda existentes. Em outras palavras, ainda que seja im-
portante que a educação permita a obtenção de um trabalho com uma remuneração
econômica adequada, também é fundamental que ela seja voltada para a liberdade e

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para a compreensão de que a completude da existência individual e social depende


também do dispêndio de energia criativa em atividades que gerem prazer pessoal

SOCIOLOGIA
e bem-estar social, como a produção artística e a atuação política.

Trabalho e identidade social


Vale ressaltar que o trabalho acaba definindo cada indivíduo que o realiza em socie-
dade, favorecendo articulações sociais e fornecendo elementos para a construção de
identidades sociais ou para o desenvolvimento de noções de pertencimento a determi-
nados grupos. O trabalho, portanto, faz parte da ontologia do ser, ou seja, ele interfere
na transformação e na definição dos indivíduos.
A partir da nossa intervenção no mundo, definimos nossa subjetividade e identida-
de. Por isso, trabalhos altamente exploratórios, como o escravo, desgastam não apenas

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o corpo físico, mas também a autoestima, a esperança, a vitalidade e a formação da

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consciência crítica, já que, geralmente, à pessoa explorada ou escravizada é negado o

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direito à educação. Tudo isso colabora para que este trabalhador se convença de sua

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falsa inferioridade social e até passe a acreditar no merecimento da violência que sofre.
Se as consequências de trabalhos degradantes já são devastadoras para a subjetivi-

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dade de adultos, é de se imaginar os problemas causados às crianças que são obrigadas
a trabalhar. O trabalho infantil, ainda maciçamente presente no Brasil – segundo dados

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do “World Report on Child Labour 2015”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) –,
está amplamente associado ao abandono escolar. Nessas situações, a criança deixa de
receber uma educação que desenvolva seus potenciais, interesses e autoconhecimento

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e que a prepare para uma vida cidadã e autônoma. Além disso, a identidade dela passa
a ser influenciada pelo trabalho exploratório que ela executa diariamente.
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EVERETT HISTORICAL/SHUTTERSTOCK
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Com a Revolução Industrial e a demanda por mão de obra barata, muitas crianças passaram a trabalhar
nas fábricas, realizando atividades repetitivas e exaustivas.
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SJORS737/DREAMSTIME.COM
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Mais de 100 anos depois da Revolução Industrial, o trabalho infantil ainda persiste, principalmente nos países
menos desenvolvidos, como o Brasil.

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A seguir, veremos como o conceito de trabalho variou historicamente conforme


a organização cultural e econômica de cada sociedade.
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Trabalho: história e cultura


O trabalho é uma atividade essencial às sociedades, uma vez que é respon-
sável por produzir, entre outras coisas, tudo aquilo que garante a sobrevivência
e o sustento dos seres humanos. Mais do que isso, como já foi mencionado, ele
implica algum tipo de transformação no mundo. Por isso, tende-se a afirmar que
trabalho é qualquer atividade cujo resultado é a modificação da natureza a partir
da intervenção humana. Pode-se afirmar, portanto, que o trabalho insere-se no
universo de criação, pelo homem, de uma segunda natureza, ou seja, a do espaço

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do artifício, da cultura.

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Na chamada Antiguidade Clássica ocidental, o modo de produção no qual flo-

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resceu a civilização greco-romana era o escravista, estabelecido com base na

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propriedade da terra e do trabalhador escravizado. Na Grécia e em Roma, o trabalho
físico (braçal) era visto como uma atividade de bárbaros, ou seja, própria dos “não

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gregos” ou “não romanos”, que eram passíveis de serem escravizados em razão
de sua pretensa inferioridade. Já o trabalho intelectual, tanto o de pensadores em

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diversas áreas do conhecimento, como os voltados para a política, era consagrado
como superior. Essa concepção clássica criou condições para que filósofos, políticos
e demais pensadores que compunham a elite se dedicassem à criação de conhe-

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cimento, enquanto os demais realizavam as tarefas mais pesadas e degradantes.
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PHOENIX ART MUSEUM, PHOENIX, ARIZONA

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Pollice Verso (1872), de Jean-Léon Gérôme. Óleo sobre tela, 97,4 cm × 146,6 cm. O quadro retrata um gladiador da Roma Antiga. Em sua ampla maioria, os
gladiadores eram não romanos que, tendo sido derrotados em guerras, eram escravizados e treinados para travarem batalhas em arenas públicas, como
o Coliseu. Essas lutas faziam parte de jogos públicos para deleite da população. Além disso, escravizados e romanos encenavam batalhas épicas em que,
no final, os últimos venciam e matavam seus opositores. Com isso, é possível perceber como o sentimento de que os povos não romanos eram inferiores
levou a uma extrema banalização de suas vidas.

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As invasões bárbaras iniciadas a partir do século III, no Ocidente, e as limitações


internas do escravismo levaram ao colapso desse modelo e à sua gradativa substi-

SOCIOLOGIA
tuição pelo trabalho servil no manso senhorial. Nesse modo de produção, chamado
feudal ou servil, um camponês permanecia preso à terra e às obrigações que
tinha de cumprir para com o proprietário dessa terra, o senhor feudal. A produção
era ínfima, voltada à subsistência da sociedade. Nesse modelo, a nobreza também
não executava trabalhos físicos: seus membros eram cultos, educados em várias
modalidades artísticas, versados em economia e política e, muitos deles, também
recebiam educação militar. Viviam do recolhimento de impostos e do trabalho dos
servos, que recebiam em troca segurança e uma terra para morar. A burguesia
emergente durante o feudalismo trabalhava com o comércio e enriqueceu-se a ponto
de comprar títulos de nobreza. Em determinado momento, ela também financiou

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o Absolutismo e, mais tarde, a Revolução Francesa. Os burgueses eram tratados

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pela nobreza como “novos ricos” impuros e inferiores pelo fato de suas riquezas

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derivarem do trabalho, e não das tradicionais linhagens nobres.

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O modelo econômico de subsistência da Europa feudal começou a decair a partir
do século XI com as Cruzadas e, mais fortemente, no século XIII com os renascimen-

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tos comercial e urbano. Este modo de produção sofreu um colapso e exigiu novas
formas de organização e técnicas de produção. Aos poucos, as relações de trabalho

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foram recebendo conteúdo monetário e contribuindo para o processo de acumula-
ção de capitais, um dos aspectos que, mais tarde, marcaram a época moderna. O
artesão tornou-se um obstáculo ao crescimento da atividade comercial, uma vez que

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restringia a produção de mercadorias e, consequentemente, o lucro dos burgueses.
Isso levou-os a buscar o controle dos meios de produção, processo que se arrastou
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até o século XVIII com a Revolução Industrial. A partir dela, a divisão manufatureira
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do trabalho foi superada e substituída pela fabril.
A Revolução Industrial, juntamente com a Revolução Francesa, também des-
tituiu a nobreza de seus privilégios. Na Inglaterra, por exemplo, ela passou a
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dedicar-se ao trabalho e à geração de sua própria renda, em modelos capitalistas.


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THE HISTORY COLLECTION / ALAMY STOCK PHOTO


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Vista da planta da BASF em Ludwigshafen (1881), de Robert Friedrich Stieler.

Entre as diferentes variações do conceito de trabalho, o que faz parte do capita-


lismo é marcado por estabelecer uma relação íntima entre trabalho e remuneração
monetária, seja por salário ou por mais-valia e lucro – conceitos que serão explorados

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no próximo módulo. De modo geral, com o estabeleci-


mento do capitalismo, a escravização de outros povos
Capitalismo e
SOCIOLOGIA

e o direito de receber impostos simplesmente por ser racionalização do trabalho


da nobreza não foram mais aceitos. O trabalho passou a
ser realizado por todos que desejavam adquirir dinheiro, A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, foi
o meio necessário para obter bens que geram qualidade um processo contínuo que passou por transformações
de vida. Os indivíduos que o tivessem poderiam adquirir significativas ao longo do século XIX em razão dos
avanços tecnológicos. Tais transformações promove-
meios de produção e investir numa empresa. Os que não
ram também alterações nas formas de relação entre
o possuíssem deveriam vender seu tempo em troca de
capitalistas (os donos dos meios de produção) e traba-
salário. Com isso, o trabalho passou a ser necessário
lhadores, além de terem modificado o espaço interno
para o desenvolvimento do ser humano e sua evolução
do local de trabalho e a organização da fábrica.
individual, ainda que pudesse ser desagradável.

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Como reflexo do estado de espírito da sociedade eu-
Com o advento do capitalismo, desenvolveu-se ainda

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ropeia do século XIX, maravilhada com os avanços cien-
a concepção meritocrática, ou seja, de merecimento

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tíficos, até mesmo o operariado passou a ser submetido

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pelo esforço individual. Ela fundamenta nossa sociedade a um conjunto de regras científicas com o objetivo de
e resulta da união das noções de pena e engrandecimen- elevar a produtividade das indústrias. A incorporação de

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to contidas na ideia de trabalho. Ela está presente, inclu- tais regras na linha de produção deveu-se à participação
sive, em expressões populares utilizadas no cotidiano, do engenheiro Frederick Taylor (1856-1915), criador do

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como “deus ajuda a quem cedo madruga” e “o trabalho sistema conhecido como taylorismo. Esse sistema con-
dignifica o homem”, nas quais percebemos a associação trolava os movimentos dos trabalhadores utilizando, por
entre esforço/dedicação e engrandecimento de quem exemplo, um relógio para medir o tempo que cada um

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trabalha. Além disso, há nessa concepção a ideia de que levava para realizar determinada tarefa. Taylor procurou
N X a quantidade de dinheiro recebida indica o sucesso ou também observar como eram executados os movimen-
o fracasso de alguém. Na nova sociedade capitalista, o tos dos operários na fábrica, de modo a corrigi-los e
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trabalho é reconhecido culturalmente como um meio poder promover maior eficiência na linha de produção.
Para controlá-los, alguns trabalhadores mais produtivos
para conseguir o dinheiro que possibilitará a aquisição de
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eram alçados à condição de gerentes, posição em que


bens materiais necessários a uma boa qualidade de vida.
verificavam se os demais se adequavam aos princípios
Por essa razão, é extremamente valorizado e carregado
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do gerenciamento científico.
de significados positivos.
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SOTK2011 / ALAMY STOCK PHOTO
SIRA ANAMWONG/SHUTTERSTOCK

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Pirâmide de classe social


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Na imagem, é possível observar uma organização metódica do espaço,


das tarefas e dos trabalhadores para obter mais eficiência na produção.

É importante ressaltar que, no capitalismo atual, Em nome dessa eficiência, o modelo taylorista foi
diferentemente da Revolução Industrial dos séculos ampliado para outros segmentos fabris pelo industrial
XVIII e XIX, e especialmente após a Segunda Guerra Henry Ford (1863-1947), responsável pela implantação
Mundial (1939-1945) e a acentuada urbanização, há o do fordismo. Esse sistema, ainda que não tenha in-
advento da classe média. Formada pelos prestadores troduzido à produção na fábrica uma novidade propria-
de serviços que cresceram quantitativamente, ela não mente dita, trouxe algumas modificações significativas.
recebe salário nem mais-valia, ainda que esteja inse- Sua mais importante característica, o uso da esteira,
rida numa sociedade capitalista. Vamos estudar esse é uma adaptação do sistema que já existia no setor
fenômeno com mais profundidade no próximo módulo. têxtil, mas que, com Ford, passou a ser aplicado na

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linha de produção automotiva. Até o começo do século XX, a produção de veículos


ainda apresentava características tipicamente artesanais, com o uso de técnicas

SOCIOLOGIA
que remontavam às concepções da indústria manufatureira. O fordismo foi revolu-
cionário nesse sentido, pois permitiu a fabricação em larga escala dos automóveis,
ocasionando redução dos preços e maior popularização desse produto.
HENRY FORD MUSEUM OF AMERICAN INNOVATION, DEARBORN, MICHIGAN

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Henry Ford, em 1896, dirigindo o que chamou de “Quadriciclo”, o primeiro


automóvel criado por ele.
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Em sua origem, o capitalismo introduziu a extrema divisão do trabalho em tarefas


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simples e especializadas:

O mais antigo princípio inovador do modo capitalista de produção foi a divisão


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manufatureira do trabalho, e de uma forma ou de outra, a divisão do trabalho per-


maneceu o princípio fundamental da organização industrial. A divisão do trabalho
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na indústria capitalista não é de modo algum idêntica ao fenômeno da distribuição


de tarefas, ofícios ou especialidades da produção através da sociedade, porquanto,
embora todas as sociedades conhecidas tenham dividido seu trabalho em especia-
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lidades produtivas, nenhuma sociedade antes do capitalismo subdividiu sistemati-


camente o trabalho de cada especialidade produtiva em operações limitadas. Esta
forma de divisão do trabalho torna-se generalizada apenas para o capitalismo.
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BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital monopolista. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. p. 70.

Além disso, a racionalidade pretendida por Taylor e Ford acompanhava as per-


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cepções do sociólogo Max Weber:


As medidas típicas da gestão econômica racional são as seguintes:
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1) distribuição planejada, entre o presente e o futuro (poupança), das utilidades com


cuja disponibilidade creem poder contar os agentes econômicos, por razões quaisquer;
2) distribuição planejada das utilidades disponíveis entre várias possibilidades de
aplicação, estabelecendo-se uma ordem segundo a importância estimada delas: se-
gundo a utilidade marginal [...];
3) abastecimento planejado – produção e obtenção – com aquelas utilidades das
quais todos os meios para produzi-las ou obtê-las se encontram dentro do âmbito
dos poderes de disposição dos agentes econômicos [...];
4) aquisição planejada de um poder garantido de disposição – ou da participação
nesse poder – sobre aquelas utilidades [...].
WEBER, Max. Economia e sociedade. Brasília: Editora UnB, 2009. v. 1. p. 42-43.

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CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS DO TAYLORISMO-FORDISMO


SOCIOLOGIA

Com o capitalismo monopolista em ascensão e a associação entre os grandes


capitalistas industriais e financeiros, houve um favorecimento às multinacionais e à
sua expansão global. A indústria automobilística, por exemplo, uma das mais fiéis ao
modelo taylorista-fordista, concentrava sua produção em um pequeno número de
empresas que, até os dias atuais, estão presentes na maioria dos países do mundo.
Poucos deles possuem empresas automobilísticas nacionais capazes de competir
com as multinacionais.
Entretanto, as consequências internacionais não se limitaram às conquistas de
novos mercados consumidores: houve também transformações radicais e globais
na vida cotidiana do operariado. A cultura do trabalho modificou-se amplamente,
com consequências sociais, políticas e econômicas.

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O fordismo aperfeiçoou o controle sobre o trabalhador, que deveria permanecer

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em seu posto de trabalho e atento à linha de produção para realizar sua tarefa de

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acordo com o ritmo da esteira, preso a determinados movimentos repetitivos e
dependente do tempo cronometrado da produção.

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TCD/PROD.DB / ALAMY STOCK PHOTO

TCD/PROD.DB / ALAMY STOCK PHOTO


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Cenas do filme Tempos Modernos (1936), de Charles Chaplin, que retrata características do modelo de produção taylorista-fordista, principalmente ao
longo da sequência inicial, que se passa em uma fábrica. Na foto à esquerda, é possível observar o controle do tempo e da produtividade por meio de
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novas tecnologias – no filme, isso é ironizado com a apresentação de uma máquina (inoperante) que promete fazer com que o operário almoce sem
precisar parar sua atividade. A foto à direita ilustra a figura do gerente ou do patrão, que constantemente observa e controla os trabalhadores.
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O controle sobre os trabalhadores dificultava a organização e a resistência de


sindicatos e partidos, já que os operários não podiam movimentar-se na fábrica e
eram impedidos de conversar entre si. Diante dessa situação, muitos estudiosos
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classificaram o modelo taylorista-fordista como mecanicista e repetitivo. Além disso,


ele impedia o desenvolvimento dos potenciais criativos e intelectuais dos trabalha-
dores, sendo, portanto, responsável pela alienação deles. Tanto no taylorismo como
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no fordismo, havia ainda o incentivo à competitividade e a anulação do proletariado.


Se você é um operário classificado, deve fazer exatamente o que este homem lhe
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mandar, de manhã à noite. Quando ele disser para levantar a barra e andar, você se
levanta e anda, e quando ele mandar sentar, você senta e descansa. Você procederá
assim durante o dia todo. E, mais ainda, sem reclamações. Um operário classificado
faz justamente o que se lhe manda e não reclama.
TAYLOR, Frederick. Princípios de administração científica. São Paulo: Atlas, 1990. p. 46.

A racionalização não se restringiu apenas à fábrica, mas dominou, no começo do


século XX, toda a sociedade ocidental, que se apegou ao controle do tempo por meio
do uso do relógio. Somando-se a isso, a evolução tecnológica da maquinaria exigiu mão
de obra mais qualificada, de modo que o operariado foi sendo lentamente absorvido
por um sistema educacional voltado ao tecnicismo.

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Transformações sociais e desenvolvimento

SOCIOLOGIA
tecnológico
O início da segunda metade do século XX marcou o apogeu do modelo taylorista-
-fordista nas fábricas. A ampliação dos mercados consumidores nos países indus-
trializados foi resultado do período de expansão capitalista ocorrido entre 1945 e
1975, que levou esses países à situação de pleno emprego, ou seja, a taxas de
desempregos inferiores a 5% da população economicamente ativa. Além disso,
houve grande crescimento econômico em várias partes do mundo. Esses fatos têm
relação com o sucesso do modelo fordista, que passou a fornecer em ritmo acelerado
os produtos necessários para o consumo da população e, em espiral econômica,

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reforçou o pleno emprego ao manter os trabalhadores ocupados de forma produtiva

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para atender à crescente demanda.

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Entretanto, esse crescimento encontrou barreiras no início da década de 1970.
Abateu-se sobre o mundo uma recessão profunda em razão da criação da Orga-

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nização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e do aumento do preço do

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barril do petróleo em cerca de 600%. Além disso, a Guerra Fria, iniciada no fim
da década de 1940, estava em seu auge, com as duas superpotências mundiais
da época, Estados Unidos e a então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

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(URSS), que desenvolveram novas armas de destruição em massa e tecnologias
para conquistar o espaço.
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Nesse contexto, ainda no início dos anos 1970, outra revolução era iniciada com
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a superação do modelo fordista e o surgimento de outro modelo de organização
fabril, mais flexível e enxuto: o toyotismo. Aplicado para minimizar o desperdício e
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superar o modelo de produção em massa, o toyotismo marcou o início da Terceira


Revolução Industrial, assentada no advento de novas tecnologias, como a robótica
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e a microeletrônica.
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As novas tecnologias possibilitaram a reorganização do processo de produção


na fábrica e a introdução de novos elementos, como:
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• a automação, que consistia na utilização de mecanismos que permitiam às


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máquinas pararem de funcionar caso houvesse alguma falha na produção,


evitando o desperdício de recursos, muito frequente nos modelos taylorista
e fordista.
EM IA

• o just in time (ou “bem na hora” ou “na hora exata”), que permitia a redu-
ção de estoques devido à produção rápida. Com isso, atendia-se, em tempo
real, à diversidade do mercado e diminuíam-se os custos com energia e
ST ER

matérias-primas.
• a terceirização, que permitia a redução de custos com mão de obra e
serviços básicos de manutenção ou infraestrutura.
SI AT

Com o just in time, o processo produtivo passou a pautar-se na seguinte ideia:


M

produzir o necessário, na quantidade necessária, no momento necessário. Assim,


diversificação e flexibilidade tornaram-se palavras de ordem desse processo. A
partir disso, também criou-se uma nova forma da divisão do trabalho internacional.
Havia uma desconcentração das atividades industriais entre os países, a qual era
guiada pensando-se em custos menores e no aproveitamento do potencial do mer-
cado consumidor de cada região. Isso estava vinculado à exploração de nichos de
mercado, pois o modelo toyotista era capaz de personalizar produtos para variados
consumidores, numa estratégia produtiva de larga escala. Dessa forma, o toyotismo
incorporou a personalização de produtos, típica da produção artesanal, mas com uma
modalidade de produção altamente tecnológica.

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492

IBRAHIM YOZOGLU / ANADOLU AGENCY / AFP


SOCIOLOGIA

O
BO O
SC
M IV
O S
D LU
O C
N X
SI E
O

Com o toyotismo e a Terceira Revolução Industrial, as máquinas passam a produzir máquinas e muitos trabalhadores foram terceirizados.
Como consequências, houve o aumento do desemprego estrutural e a perda de direitos trabalhistas.
EN S

A adoção e expansão do modelo toyotista resultou na incorporação da robotiza-


E U

ção e da informatização no universo produtivo. Dessa forma, certas modalidades de


trabalho típicas do fordismo foram desaparecendo e muitos operários foram sendo
substituídos por máquinas. Conforme algumas funções tornavam-se obsoletas em ra-
D E

zão das novas formas de trabalho, o fenômeno do desemprego estrutural reforçou-se,


A LD

o que é considerado um dos resultados negativos da Terceira Revolução Industrial.


Outras consequências do toyotismo, conforme veremos a seguir, foram a dimi-
nuição da qualidade do emprego em certos lugares, da capacidade de articulação
dos trabalhadores e do nível de remuneração.
EM IA

TOYOTISMO E ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL


ST ER

O deslocamento de atividades industriais para outras áreas do globo, facilitado


pela engenharia de produção toyotista, contribuiu, de um lado, para o aumento do
desemprego em países desenvolvidos e, de outro lado, para a exploração de mão
de obra em países periféricos.
SI AT

Analisando a questão do desemprego e suas abordagens sociológicas ao longo


do período de desenvolvimento do capitalismo moderno, o sociólogo John E. Owens
deu ênfase a esse desemprego estrutural ocorrido nas sociedades e, especialmente,
M

nos setores avançados da economia mundial.


À medida que o trabalho remunerado vem sendo cada vez mais substituído por siste-
mas microeletrônicos e de telecomunicações, na “revolução da robótica”, bens e serviços
podem ser produzidos com menos investimento, menos matérias-primas e menos mão
de obra. É provável, portanto, que essas sociedades venham a passar por um “cresci-
mento sem emprego”, isto é, o crescimento econômico pode ocorrer, mas não estará as-
sociado a expansões equivalentes do emprego. Esse desenrolar dos acontecimentos não
só virá a gerar desemprego em massa, conclui o pensador André Gorz, como também
alterará a estrutura das classes socioeconômicas das sociedades de emprego.
OWENS, John. Desemprego. In: BOTTOMORE, Tom; OUTHWAITE, William. Dicionário do pensamento social
do século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1996. p. 196-197.

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493

Além disso, a terceirização promoveu a migração estudo genético que produz alimentos resistentes
de fábricas dos países desenvolvidos para os periféri- a pestes, ajudando no aumento da produtividade no

SOCIOLOGIA
cos, onde a mão de obra é menos organizada e as leis campo. São significativos também os progressos na
trabalhistas são mais flexíveis. chamada nanotecnologia, utilizada em meios ópticos,
A acumulação flexível envolve rápidas mudanças na transmissão de dados, em tratamentos de saúde
de padrões do desenvolvimento desigual, tanto en- etc. A necessidade de investimentos em centros de
tre setores como entre regiões geográficas, criando, pesquisa de ponta passou a ser um desafio para os
por exemplo, um vasto movimento no emprego no países diante da globalização.
chamado “setor de serviços”, bem como conjun- Os efeitos dessas transformações nas sociedades
tos industriais completamente novos em regiões ainda são pouco mensuráveis, embora existam várias
até então subdesenvolvidas [...]. Foi acompanhada análises a respeito disso – algumas alarmistas, outras
na ponta do consumo, portanto, por uma atenção otimistas. Só é possível afirmar que representam uma

O
muito maior às modas fugazes e pela mobilidade nova revolução da condição humana.

BO O
de todos os artifícios de indução de necessidades e A flexibilidade trazida pelo toyotismo não se restrin-

SC
de transformação cultural que isso implica. A esté- giu apenas à linha de produção, mas abarcou todo o

M IV
tica relativamente estável do modernismo fordista setor produtivo das empresas. As novas tecnologias
cedeu lugar a todo o fermento, instabilidade e qua- não levaram apenas ao quase desaparecimento do típico

O S
lidade fugidias de uma estética pós-moderna que trabalhador fordista, especializado em uma única função,
celebre a diferença, a efemeridade, o espetáculo, a mas ao surgimento de novas modalidades de trabalho

D LU
moda e a mercadificação de formas culturais. em que o ambiente da fábrica tornou-se desnecessário.
HARVEY, David. Condição pós-moderna. 3. ed. De fato, a personalização da produção alterou o perfil
São Paulo: Loyola, 1993. p. 140-148.
do trabalhador, que não se encaixava mais à nova rea-

O C
Esse aumento do desemprego nos países desenvol- lidade organizacional. Com isso, aqueles que estavam
N X
vidos gerou o fantasma da inutilidade, termo criado inseridos no topo do modelo produtivo foram de alguma
pelo sociólogo Richard Sennett, que faz referência à forma beneficiados, pois se tornaram mais qualificados
SI E
sensação de inutilidade e incapacidade que se apossa para poderem desempenhar várias funções. Tornaram-se
dos trabalhadores diante das mudanças tecnológicas solucionadores de problemas e integradores dos fluxos
O

em todas as áreas da produção econômica e no setor entre captação de recursos, produção e distribuição de
de serviços, colocando em xeque a continuidade do mercadorias. Viram-se obrigados a incorporar novas tare-
EN S

trabalho humano na sociedade. Assim, as novas tec- fas e a tomar decisões para solucionar problemas, pas-
nologias, associadas a razões econômicas e sociais, sando, então, a gerenciar os sistemas de produção. Entre-
E U

poderiam levar ao desaparecimento de uma sociedade tanto, apesar de terem responsabilidades muito maiores,
organizada com base no trabalho humano. a remuneração não aumentou proporcionalmente. Em
D E

outras palavras, o acúmulo de tarefas cresceu em escala


A máquina, da qual parte a Revolução Industrial, significativamente maior que a remuneração.
A LD

substitui o trabalhador, que maneja uma única fer-


O trabalhador qualificado no modelo toyotista teve
ramenta, por um mecanismo, que opera com uma
também de aprender a trabalhar em equipe. Verifica-
massa de ferramentas iguais ou semelhantes de
ram-se, neste modelo, várias células de trabalhadores
uma só vez, e que é movimentada por uma única
EM IA

que colaboravam coletivamente para que a produção


força motriz, qualquer que seja sua força. Aí temos
pudesse manter determinada qualidade. Esse traba-
a máquina, mas apenas como elemento simples da
lho em equipe assumiu também a forma de círculos
ST ER

produção mecanizada. O aumento do tamanho da


máquina de trabalho e do número de suas ferra- de qualidade, em que os profissionais reuniam-se em
mentas operantes simultaneamente exige um me- grupos com o objetivo de discutir os problemas que
canismo motor mais volumoso, e esse mecanismo, prejudicavam o ritmo de produção.
SI AT

para superar sua própria resistência, precisa de uma O surgimento de novas tecnologias e instrumentos
força motriz mais possante do que a força humana; de produção e comunicação, principalmente o compu-
isso sem considerar que o homem é um instrumen- tador e a internet, possibilitou que muitos empregados
M

to muito imperfeito de produção de movimento trabalhassem remotamente, seja em casa, seja em


uniforme e contínuo. Pressupondo-se que ele atue outro lugar, sem a necessidade de estarem presentes
ainda como simples força motriz, que, portanto, fisicamente no ambiente de trabalho.
no lugar de sua ferramenta haja uma máquina- Outro aspecto trazido por essa nova modalidade de
-ferramenta, forças naturais podem agora também trabalho está relacionado ao maior tempo ocioso do
substituí-lo como força motriz. trabalhador, que não necessariamente tinha de cumprir
MARX, Karl. O capital. São Paulo: Nova cultural, 1996. carga horária específica por dia, mas atingir a produtivi-
v. II. p. 11 (Coleção Os economistas). dade esperada pela empresa. Tal situação permitiu que
Por outro lado, cada vez mais os avanços da ciência ele organizasse seu tempo de modo mais eficaz, deci-
vinculam-se às esferas produtivas, o que ocorre com dindo os melhores horários para cumprir suas funções,
extrema rapidez. Exemplo disso é a biotecnologia, desde que dentro das metas produtivas da empresa.

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494

Trabalho e desigualdade entre homens e


SOCIOLOGIA

mulheres
Na Europa, as duas Grandes Guerras da primeira metade do sécu-
LIBRARY OF CONGRESS, WASHINGTON DC

lo XX foram responsáveis por um primeiro deslocamento da mulher


da esfera familiar e privada em direção ao mundo do trabalho. Com
um elevado número de homens atuando nas guerras, foi necessário
que o governo incentivasse a entrada de mulheres no mercado de
trabalho para suprir a falta de homens em praticamente todos os
setores de produção – alimentício, vestuário, bélico, entre outros.
A entrada das mulheres no mercado de trabalho não sofreu re-
tração após o término da Primeira Guerra Mundial e, no início da

O
Segunda Guerra Mundial, as mulheres já estavam se lançando no

BO O
mercado de trabalho, competindo com os homens, rompendo com

SC
M IV
a tradicional ideia do homem como chefe de família e único respon-
sável pelo sustento familiar. Ao final da Segunda Guerra, a sociedade
já se encontrava em um processo de reconfiguração.

O S
Entretanto, é importante ressaltar como essa emancipação fe-

D LU
minina não ocorreu sem sacrifícios, em razão dos maciços precon-
ceitos, nem se consolidou plenamente, porque atualmente ainda
existem desigualdades entre homens e mulheres. Como aponta o

O C
sociólogo Anthony Giddens:

N X Chamada pública do governo norte-americano para


alistamento militar masculino, na Primeira Guerra
O fato de as mulheres terem ou não filhos dependentes produz um
grande impacto sobre sua participação na força de trabalho assala-
SI E
Mundial. riada. Em todos os grupos socioeconômicos, a probabilidade de as
mulheres trabalharem em tempo integral é maior se elas não tive-
O

rem filhos para cuidar em casa. Entretanto, hoje em dia, é bem mais
LIBRARY OF CONGRESS, WASHINGTON DC

provável que as mães retornem ao trabalho em regime integral, ao


EN S

mesmo tipo de emprego e ao mesmo empregador, do que há duas


décadas. Atualmente, para ter filhos, as mulheres fazem interva-
E U

los menores em suas carreiras do que ocorria antigamente, o que


se verifica particularmente nas ocupações de maior remuneração –
D E

um fator que contribui para a força financeira das famílias “ricas


em trabalhos”, nas quais marido e mulher possuem rendimentos.
A LD

[No entanto] [...] para as mulheres, o acesso aos grupos de poder


revela-se bem mais difícil do que o encaminhamento para os cargos
profissionais de nível médio. Menos de 5% dos cargos de diretor nas
EM IA

companhias britânicas são ocupados por mulheres; quatro em cada


cinco empresas não possuem nenhuma diretora.
ST ER

GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 323.

Ainda que indiretamente, a flexibilidade do toyotismo também


favoreceu uma maior participação das mulheres no mercado de
SI AT

trabalho, pois o trabalho braçal, que exigia força física e era ocupado
principalmente por homens, passou a ser realizado pelas máquinas,
aumentando as tarefas que exigiam um nível maior de escolaridade
M

Chamada pública do governo norte-americano para e de conhecimento técnico. Com isso, abriu-se mais espaço para
as mulheres ingressarem no mercado de trabalho e
substituírem os homens que haviam ido lutar na Segunda
que mulheres fossem empregadas nas fábricas.
Guerra Mundial. A imagem Rosie the Riveter tornou-se Entretanto, mesmo essa nova condição de trabalho não foi sufi-
amplamente popular nos Estados Unidos e no mundo. ciente para trazer igualdade entre homens e mulheres nas relações
de trabalho. Além disso, em países como o Brasil, que possuem
desigualdades raciais estruturais, a população negra permaneceu
excluída dos postos de trabalho mais qualificados. Como já vimos
em outros módulos, essa população, por ser marginalizada na
sociedade, tem menos acesso à educação de qualidade, o que
influencia seu ingresso no mercado de trabalho. Assim, ainda que
mais mulheres tenham tido a possibilidade de ter empregos mais

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495

qualificados, as que conseguiram se integrar foram, em geral, as brancas e com


melhores condições financeiras.

SOCIOLOGIA
Dados da população ativa no Brasil em 2009, segundo sexo e raça

Média de anos de estudo Renda média

9,7
8,8

7,8

O
6,8

BO O
SC
M IV
O S
R$ 1 491,00 R$ 957,00 R$ 833,50 R$ 544,40

D LU
IPEA et al. Retrato das desigualdades de gênero e raça. 4. ed. Brasília: Ipea; ONU Mulheres; SPM; SEPPIR, 2011.
Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/retrato/infograficos.html>. Acesso em: maio 2019. Adaptado.

O C
Como é possível observar no infográfico, que traz dados recentes do Brasil,
N X
as mulheres brancas, mesmo estudando mais tempo do que os homens brancos,
SI E
possuem uma renda média menor, o que indica uma desigualdade entre eles. A
mesma relação pode ser observada entre as mulheres negras e os homens negros.
Entretanto, também é preciso notar o quanto a raça influencia no acesso à educação
O

e, consequentemente, ao mercado de trabalho: as pessoas negras, tanto homens


EN S

como mulheres, estudam menos do que as pessoas brancas e possuem rendas


médias menores – em geral, justamente por ocuparem cargos menos qualificados.
E U

Isso mostra o quanto, no Brasil, ainda existem desigualdades relacionadas ao sexo


e, também, à raça.
D E

Há muitas décadas movimentos sociais buscam combater a desigualdade en-


tre homens e mulheres no mercado de trabalho. Determinados países europeus
A LD

já estão mais avançados na resolução desse problema, alterando, inclusive, suas


leis, para que o tempo da licença-paternidade e da licença-maternidade sejam
iguais. Essa iniciativa é importante porque determina que pais e mães possuem
o mesmo grau de responsabilidade com o cuidado dos filhos, permitindo que as
EM IA

mulheres não sejam desfavorecidas, por exemplo, no momento da contratação


ou promoção.
ST ER LIGHTSPRING/SHUTTERSTOCK
SI AT
M

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496

ROTEIRO DE AULA
SOCIOLOGIA

TRABALHO NAS SOCIEDADES DE CLASSES

Conceito sociológico de trabalho Trabalho e identidade social

O
Para além do pagamento de salário, ou rendimento por lucro, ou Nossa atividade no mundo abrange a maior parte de nossas

BO O
SC
prestação de serviços, o conceito sociológico de trabalho abran- vidas, de modo que nossa ocupação nos influencie diariamente

M IV
ge também a ideia de atividade transformadora da natureza, do sobre nossa visão de mundo e sobre nós mesmos. A educação

O S
indivíduo e da sociedade, a partir da ação criativa do ser humano. que recebemos para compreender, criticar e intervir no mundo

D LU
também nos oferece insumos para definirmos nossas prefe-

O C
rências e nossa identidade, da mesma forma que a ausência da

N X educação e os trabalhos infantis exploratórios também marcam


SI E
negativamente a identidade dos indivíduos. Enfim, o trabalho,
O

como intervenção criativa no mundo, é fator fundamental para


EN S

a formação de nossa identidade.


E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

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497

ROTEIRO DE AULA

SOCIOLOGIA
Taylorismo, fordismo e toyotismo Trabalho e desigualdade entre
homens e mulheres

O
Teorias e metodologias de organização racional do trabalho Apesar das melhorias de condições de trabalho, ainda persis-

BO O
SC
que procuram otimizar a produção e gerar maiores rendimen- tem os problemas de desemprego, perda de direitos trabalhis-

M IV
tos com menores custos. tas e desigualdades entre homens e mulheres. Elas sofrem,

O S
Pontos positivos por exemplo, com diferenças salariais, com preconceitos em

D LU
De modo geral, as três metodologias, cada uma em seu contex-
relação às suas habilidades e, também, com a percepção pre-
to, introduziram nas fábricas novas tecnologias, proporcionando

O C
conceituosa de que a gravidez é um empecilho para que sejam
a produção em larga escala de diversos produtos, reduzindo
N X contratadas ou promovidas. No Brasil, como em outros países
SI E
seus preços e popularizando-os. Por sua vez, o toyotismo ainda
que foram colonizados, as desigualdades aprofundam-se ainda
abriu espaço para a ação criativa dos trabalhadores, além de
O

mais em relação às pessoas negras, que até os dias de hoje


conter a produção desenfreada e o desperdício exacerbado em
EN S

sofrem com as consequências da escravização.


E U

razão do just in time.


D E
A LD

Pontos negativos
O taylorismo e o fordismo foram amplamente criticados por
EM IA

inibirem a criatividade dos trabalhadores e os colocarem em


ST ER

situações de obediência ao ritmo das máquinas, favorecendo

a alienação. Já o toyotismo foi amplamente criticado por ter


SI AT

causado desemprego estrutural e porque seu vínculo com a


M

terceirização tem minimizado a associação entre trabalhadores

e causado a perda de direitos trabalhistas.

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498

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
SOCIOLOGIA

1. UEM-PR – Sobre as relações entre trabalho e socieda- “É só jogar no lixo o que não precisa.”
de, é correto afirmar que “Meu bem não vejo a hora de fazer economia de escala.”
01) o avanço do capitalismo gerou, principalmente nos
“Vai ser legal ser moderno aqui no meio do inferno.”
países sul-americanos, africanos e asiáticos, rela-
ções de trabalho caracterizadas pela estabilidade Essa fase da sociedade moderna apresenta as seguin-
profissional, pela proteção dos direitos trabalhistas tes características:
e pela redução do desemprego.
a) fordismo, produção em massa, sistema de crédito,
02) as relações de trabalho, por serem atividades hu- consumismo, intervencionismo estatal.
manas, não podem ser organizadas por meio de
princípios científicos. b) taylorismo, cientificismo, democracia liberal, ideolo-
gia do trabalho, economia de escala.
04) o que permite a produção industrial em massa é sua
produção direcionada a um consumidor que não se c) capitalismo fi nanceiro, competição desenfreada,

O
distingue por faixas etárias, sexo ou estilo de vida. imoralismo, intervencionismo estatal.

BO O
08) o sistema produtivo baseado em princípios de d) estado mínimo e forte, redução de gastos, moder-

SC
flexibilidade e de multifuncionalidade substituiu, nismo, niilismo, modelo chinês.

M IV
nas primeiras décadas do século XXI, as formas e) globalização, neoliberalismo e redução de gastos,
de trabalho rural e industrial caracterizadas pelas terceirização, pragmatismo.
atividades pré-estruturadas e repetitivas.

O S
16) as relações de trabalho são reguladas por um con- A acumulação flexível consiste numa fase pós-fordista e pós-taylorista,
com as seguintes características:

D LU
junto de leis e de normas sociais que estabelece os
princípios de compra e venda da força de trabalho. • redução de estoques com o sistema just in time;
• Estado mínimo (neoliberal), que favorece a privatização de empresas
Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s). públicas, cortando gastos públicos;

O C
20 (04 + 16) • flexibilização das leis trabalhistas, incentivando a terceirização;
O conceito de trabalho e suas relações dependem de cada sociedade, • globalização, com multinacionais que descentralizam a produção e a
suas criações simbólicas, suas normas para organização da força de
N X
trabalho e das posses dos meios de produção. A sociedade industrial
é caracterizada, entre outros fatores, por não diferenciar seus consu-
administração e conseguem baixos custos e vendagem a vários países.
SI E
midores, mas vender a todos que possuírem dinheiro para comprar.
4. Unicentro-PR – Considere as afirmativas abaixo:
2. Unicentro-PR – O Fordismo teve a sua origem nos I. O Fordismo pode ser considerado como um princí-
O

Estados Unidos, criado por Henry Ford, que implantou pio regulador na acumulação de capital, baseado na
a linha de produção para a fabricação do modelo de racionalização do processo produtivo e cuja principal
EN S

automóvel T. Esse modelo de organização do trabalho característica foi a fabricação em massa de modelos
limitava o trabalhador a realizar atividades repetitivas automobilísticos de baixo custo.
E U

em toda sua jornada de trabalho. Sobre o Fordismo, é II. Recebe o nome de cartismo o primeiro movimento
correto afirmar: de massa das classes operárias da Inglaterra, ocor-
rido entre as décadas de 1930 e 1940 do século XIX,
D E

a) O seu principal objetivo é a redução do custo de pro- e que, basicamente, exigia melhores condições para
dução e a consequente redução do valor monetário os trabalhadores na indústria. Durante vários anos,
A LD

do produto, e uma maior comercialização. os cartistas realizaram comícios e manifestações


b) O trabalhador tem conhecimento de todo o processo por todo o país, nos quais participaram milhões de
da linha de produção. operários e artesãos.
c) A saúde do trabalhador é observada com atenção, III. Ludismo é o nome dado a um movimento ocorrido
EM IA

com uso de ginástica laboral, visando reduzir as le- na Inglaterra em meados do século XIX, que reuniu
sões por esforços repetitivos. trabalhadores das indústrias contrários aos avanços
d) Esse processo trouxe benefícios para a classe em- tecnológicos em curso, proporcionadas pelo advento
ST ER

presarial e para a classe trabalhadora. da Primeira Revolução Industrial. Os ludistas protes-


tavam contra a substituição da mão de obra humana
e) Atualmente, o modelo de linha de produção foi su- por máquinas.
plantado e as indústrias de automóveis passaram a
considerar obsoleta a linha de montagem. Está correto o contido em:
SI AT

O fordismo é caracterizado pela organização metódica, por parte do a) I apenas


empregador, dos trabalhadores e das tecnologias, com o objetivo de re-
duzir custos e tempo de produção e, consequentemente, comercializar b) II apenas
produtos com preços menores e em maior quantidade. O trabalhador
M

c) III apenas
é especializado em tarefas simples e repetitivas, seguindo o ritmo das
máquinas, o que repercutiu no desconhecimento do objeto final pro- d) I e II apenas
duzido e na significação do trabalho como algo externo ao trabalhador
e) I, II e III
e como mero meio de recebimento de salário.

Os ludistas foram um dos primeiros contestadores do capitalismo,


logo após a substituição da mão de obra humana por máquinas. Ao
creditarem às máquinas o desemprego, lutavam pelo fim das tecnolo-
3. UEG-GO (adaptado) – A letra da música “Reengenharia”, gias na produção. O cartismo, numa concepção diferente do ludismo,
de Itamar Assumpção, aponta para um determinado exigia melhores condições de trabalho e a instauração de direitos tra-
período da sociedade moderna, o qual é denomina- balhistas. O fordismo foi uma racionalização do processo de trabalho,
uma organização sistemática das tecnologias e dos trabalhadores, que
do como regime de acumulação “flexível”, regime de objetivava uma maior produção em menor tempo e com menor custo.
acumulação “integral”, globalização, hipermodernidade,
entre outros nomes. Veja alguns versos:

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499

5. Unicentro-PR – Marque V nas afirmativas verdadeiras composição dos órgãos da Justiça do Trabalho é também

SOCIOLOGIA
e F, nas falsas. resultante da montagem dessa regulação. O poder nor-
São características da produção, no Toyotismo, mativo também reflete essa característica. Instituída pela
Constituição de 1934, a Justiça do Trabalho só vicejou no
( ) automatização e just in time. ambiente político do Estado Novo instaurado em 1937.
( ) redução de trabalhadores e redução de trabalho. (ROMITA, A. Justiça do Trabalho: produto do Estado Novo.
( ) trabalho em equipe e controle de qualidade. In: PANDOLFI, D. (Org.). Repensando o Estado Novo.
Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999.)
A alternativa que indica a sequência correta, de cima
para baixo, é a A criação da referida instituição estatal na conjuntura
a) V F V histórica abordada teve por objetivo
b) F V F a) legitimar os protestos fabris.
c) F V V b) ordenar os conflitos laborais.

O
d) V F F c) oficializar os sindicatos plurais.

BO O
e) V V V d) assegurar os princípios liberais.

SC
O toyotismo não é marcado pela redução de trabalho, mas pela dimi- e) unificar os salários profissionais.

M IV
nuição do número de trabalhadores e pela intensificação da atividade No capitalismo, desde a Revolução Industrial, o trabalho tem sido or-
por aqueles que vigiam, assistem máquinas ou têm trabalho criativo. ganizado com base na legislação elaborada pelo Estado. No Brasil, a
Justiça do Trabalho foi criada por Getúlio Vargas, durante a industria-

O S
lização nacional.
Competência: Compreender a produção e o papel histórico das insti-

D LU
6. Enem C3-H12 tuições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes
grupos, conflitos e movimentos sociais.
A regulação das relações de trabalho compõe uma estrutu-
Habilidade: Analisar o papel da justiça como instituição na organização
ra complexa, em que cada elemento se ajusta aos demais. das sociedades.

O C
A Justiça do Trabalho é apenas uma das peças dessa vasta
engrenagem. A presença de representantes classistas na
N X EXERCÍCIOS PROPOSTOS
SI E
7. Unicentro-PR – Com base nos conhecimentos da so- Com base no texto, assinale a alternativa que apresen-
ciologia de Karl Marx sobre a relação entre existência ta, corretamente, o processo que transforma postos de
O

e consciência, assinale a alternativa correta. trabalho de empregos formais em ocupações, deixando


a) A existência e a consciência compõem um amplo de oferecer as garantias e os direitos habituais.
EN S

e complexo sistema de ações sociais orientado por a) Aculturação d) Segregação


valores relacionados afins.
E U

b) Burocratização e) Terceirização
b) A finalidade da consciência de uma época é possi-
c) Corporação
bilitar a existência de consenso e harmonia entre
D E

indivíduos e grupos.
9. Enem C3-H15
c) A produção da consciência é determinada por mo- Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete
A LD

tivos puramente políticos em razão dos confrontos


aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e
ideológicos.
transformação das coisas em redor – mas ao mesmo tem-
d) As condições materiais de existência constituem ao po ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos,
mesmo tempo a história da sociedade e os funda-
tudo o que somos. A experiência ambiental da modernida-
EM IA

mentos da consciência social.


de anula todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe
e) O processo de estruturação da consciência é deter- e nacionalidade: nesse sentido, pode-se dizer que a mo-
minado pelas motivações individuais que compõem
ST ER

dernidade une a espécie humana. Porém, é uma unidade


as representações sociais.
paradoxal, uma unidade de desunidade.
8. Unicentro-PR – Leia o texto a seguir. (BERMAN. M. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da
modernidade. São Paulo: Cia. das Letras, 1986. Adaptado.)
As mudanças que ocorreram no modo de produção capi-
SI AT

talista, a partir do final do século XX e início do XXI, trou- O texto apresenta uma interpretação da modernidade
xeram acelerado aumento da produtividade do trabalho que a caracteriza como um(a)
industrial e também dos serviços, em especial dos que re- a) dinâmica social contraditória.
M

colhem, processam, transmitem e arquivam informações.


b) interação coletiva harmônica.
Apresentando maior flexibilidade do parque produtivo, as
empresas, até então com produção verticalmente integra- c) fenômeno econômico estável.
da, deixam de executar atividades complementares para d) sistema internacional decadente.
comprá-las no mercado concorrencial ao menor preço. Do e) processo histórico homogeneizador.
ponto de vista do desemprego e da exclusão social, obser-
vam-se muitas atividades que passam a ser exercidas por 10. Unicentro-PR – Leia o texto a seguir.
pequenos empresários, trabalhadores autônomos, coope- Marx, ao analisar as origens da acumulação capitalista e a
rativas de produção etc., transformando empregos formais emergência do Estado moderno, considerou fundamen-
em ocupações. tal o que chamou de acumulação primitiva quando a“bur-
(SINGER, P. Globalização e desemprego. Diagnóstico e alternativas. guesia nascente precisava e empregava a força do Estado
São Paulo: Contexto, 2000. Adaptado.) para ‘regular’ o salário, isto é, comprimi-lo dentro dos limi-

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500

tes convenientes de mais-valia, para prolongar a jornada (A) Ocorreram a expansão imperialista, que consolidou
SOCIOLOGIA

de trabalho e para manter o próprio trabalhador num grau a Divisão Internacional do Trabalho, e a criação dos
adequado de dependência”. Ainda sobre a atuação da bur- primeiros laboratórios de pesquisa das atuais gran-
guesia na passagem do sistema de manufatura ao fabril, des corporações industriais.
ressaltou a soberania política por ela conquistada junto ao (B) Os avanços tecnológicos permitiram que os fluxos
Estado representativo moderno, transformando-o numa de capitais ocorressem sem a necessidade física
junta administrativa dos seus negócios e interesses. do dinheiro, possibilitando um enorme crescimento
desse setor globalizado.
(MARX, K. O capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
L. 1. v. 2. p. 854-855; MARX, K. et al. O manifesto comunista 150 (C) Aceleração da circulação de pessoas e mercadorias,
anos depois. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1998. p. 29-39. graças à expansão das redes de transporte terrestre
Adaptados.) e marítimo, com o trem e o barco a vapor. O lucro
provinha da produção de mercadorias realizada por
Com base no texto, assinale a alternativa que apresen- trabalhadores assalariados.
ta, corretamente, a concepção de Estado moderno,
(D) Surgiu no período das grandes navegações e dos

O
em Marx. descobrimentos, das conquistas territoriais e tam-

BO O
a) Um poder político que corresponde ao poder de uma bém da escravização e do genocídio de milhões de

SC
determinada classe, cujos interesses, por vezes, nativos da América e da África.

M IV
confundem-se com seus próprios interesses.
Assinale a alternativa que contém a associação correta.
b) Um poder político que expressa os próprios inte-
a) I-A, II-C, III-B, IV-D. d) I-D, II-A, III-B, IV-C.

O S
resses, sem qualquer submissão aos interesses de
classe e às disputas existentes na sociedade civil. b) I-A, II-D, III-C, IV-B. e) I-D, II-C, III-A, IV-B.

D LU
c) Um poder político que expressa o direito positivo de- c) I-B, II-D, III-A, IV-C.
corrente de um contrato justificado pela lei da nature-
za e acima dos conflitos e interesses particularistas. 13. Unicentro-PR – Na atualidade, existe um processo am-
d) Um poder político, expressão de oposição ao estado plo de mudanças que está deslocando as estruturas

O C
de natureza, que se torna a garantia da igualdade e e os processos centrais das sociedades e abalando
da liberdade reguladas. os quadros de referência que davam aos indivíduos
N X
e) Um poder político, um agrupamento de dominação
institucional que procura monopolizar, nos limites
uma ancoragem estável no mundo social. As nações
modernas são, todas, híbridos culturais. Com base
SI E
de um território, o uso legítimo da violência física. nos conhecimentos socioantropológicos sobre cultu-
ra e identidade na contemporaneidade, considere as
O

11. UEL-PR – A ópera-balé Os sete pecados capitais da afirmativas a seguir.


pequena burguesia, de Kurt Weill e Bertold Brecht, com- I. A permanente construção de identidades individuais
EN S

posta em 1933, retrata as condições dessa classe social e sociais decorre da dinamicidade das estruturas
na derrocada da ordem democrática com a ascensão do culturais de referência.
E U

nazismo na Alemanha, por meio da personagem Anna, II. As motivações pessoais são responsáveis pela per-
que em sete anos vê todos os seus sonhos de ascen- manência e integração dos sistemas coletivos de
são social ruírem. A obra expressa a visão marxista na referências culturais.
D E

chamada doutrina das classes. Em relação à doutrina III. Os diferentes grupos sociais apresentam identida-
social marxista, assinale a alternativa correta. des culturais unificadas, completas e coerentes.
A LD

a) A alta burguesia é uma classe considerada revolucio- IV. Os sistemas de identificação, significação e represen-
nária, pois foi capaz de resistir à ideologia totalitária tação cultural são múltiplos, provisórios e transitórios.
através do controle dos meios de comunicação.
b) A classe média, integrante da camada burguesa, foi Assinale a alternativa correta.
EM IA

identificada com os ideais do nacional-socialismo a) Somente as afirmativas I e II são corretas.


por defender a socialização dos meios de produção.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) A pequena burguesia ou camada lúmpen é revolucio-
ST ER

c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.


nária, identificando a alta burguesia como sua inimiga
natural a ser destruída pela revolução. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
d) A pequena burguesia ou classe média é uma classe e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
SI AT

antirrevolucionária, pois, embora esteja mais próxima


das condições materiais do proletariado, apoia a alta 14. UEL-PR – A imagem de um edifício alude à existência
burguesia. de uma estrutura ordenada. De modo análogo, a com-
e) O proletariado e a classe média formam as classes preensão e a explicação sobre a organização de uma
M

revolucionárias, cuja missão é a derrubada da aristo- sociedade também podem invocar o tema da ordem e
cracia e a instauração do comunismo. sua antítese, o caos, como, por exemplo, as questões
relativas à harmonização social e às revoluções. No
12. UEL-PR (adaptado) – Embora o sistema capitalista caso da teoria de Karl Marx, a metáfora espacial de um
tenha passado por diversas fases desde sua origem, edifício é utilizada para exemplificar seu entendimento
alguns de seus princípios permanecem, como a divisão sobre a dinâmica dialética da sociedade.
social por classes econômicas, que assegura o poder Com base nos conhecimentos sobre Karl Marx a res-
econômico e político de uma classe sobre outra. Sobre peito das relações entre infraestrutura e superestrutura,
o capitalismo, relacione suas fases (itens I a IV) com assinale a alternativa correta.
seus contextos (itens A a D).
a) Os conflitos entre grupos sindicais mais politizados
I. Comercial III. Financeiro e de status mais elevado, na produção, geram a eli-
II. Industrial IV. Informacional minação das desigualdades sociais.

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501

b) O controle das ideias e das instituições de uma época é insuficiente para estabelecer

SOCIOLOGIA
o valor do trabalho e a igualdade de oportunidades no mercado.
c) O aparato político e estatal é a base sobre a qual se articulam as disputas pelo
controle e pela apropriação dos meios de produção.
d) A ordem partidária e jurídica que compõe o estado burguês determina a emergência
das forças revolucionárias dos trabalhadores.
e) A consciência social e o sistema jurídico contradizem a existência material na medida
em que pretendem anular o antagonismo das relações de produção.

15. Unesp-SP
A divisão capitalista do trabalho – caracterizada pelo célebre exemplo da manufatura de alfi-
netes, analisada por Adam Smith – foi adotada não pela sua superioridade tecnológica, mas
porque garantia ao empresário um papel essencial no processo de produção: o de coordena-

O
dor que, combinando os esforços separados dos seus operários, obtém um produto mercante.

BO O
(MARGLIN, S. In: GORZ, A. (org.). Crítica da divisão do trabalho, 1980.)

SC
M IV
Ao analisar o surgimento do sistema de fábrica, o texto destaca
a) o maior equilíbrio social provocado pelas melhorias nos salários e nas condições
de trabalho.

O S
b) o melhor aproveitamento do tempo de trabalho e a autogestão da empresa pelos

D LU
trabalhadores.
c) o desenvolvimento tecnológico como fator determinante para o aumento da ca-
pacidade produtiva.
d) a ampliação da capacidade produtiva como justificativa para a supressão de cargos

O C
diretivos na organização do trabalho.
N X
e) a importância do parcelamento de tarefas e o estabelecimento de uma hierarquia
no processo produtivo.
SI E
16. Enem C4-H18
O

FRANK & ERNEST, BOB THAVES


© 1996 THAVES / DIST. BY AN-
DREWS MCMEEL SYNDICATION
EN S
E U
D E
A LD

(THAVES, Jornal do Brasil, 1997. Adaptado.)

A forma de organização interna da indústria citada gera a seguinte consequência para


a mão de obra nela inserida:
EM IA

a) Ampliação da jornada diária. d) Eficiência na prevenção de acidentes.


b) Melhoria da qualidade do trabalho. e) Desconhecimento das etapas produtivas.
c) Instabilidade nos cargos ocupados.
ST ER

17. Unesp-SP
Sob o ponto de vista individual, a corrupção pode ser vista como uma escolha racional,
SI AT

baseada em uma ponderação dos custos e dos benefícios dos comportamentos honesto e
corrupto. No tocante às empresas, punir apenas as pessoas, ignorando as entidades, implica
adotar, nesse âmbito, a teoria da maçã podre, como se a corrupção fosse um vício dos indi-
M

víduos que as praticaram no seio empresarial. O que constatamos é bem diferente disso. A
corrupção era, para as empresas envolvidas na operação Lava Jato, um modelo de negócio
que majorava o lucro em benefício de todos.
(Entrevista com Deltan Martinazzo Dallagnol, procurador público. O Estado de S.Paulo, mar. 2015. Adaptado.)
A corrupção é abordada no texto como um problema que pode ser explicado sob um
ponto de vista
a) ético, devido ao comportamento irracionalista que é assumido pelos indivíduos.
b) moral, pois o fenômeno é abordado como resultado de comportamentos desregrados.
c) pragmático, pois é considerada sobretudo a avaliação dos efeitos práticos das ações.
d) jurídico, pois é necessária uma legislação mais rigorosa para coibir o fenômeno.
e) materialista, pois suas causas relacionam-se com a estrutura do sistema capitalista.

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502

ESTUDO PARA O ENEM


SOCIOLOGIA

18. Enem C4-H18 20. Enem C4-H18


A característica fundamental é que ele não é mais somen- TEXTO I
te um agricultor ou um pecuarista: ele combina atividades
agropecuárias com outras atividades não agrícolas dentro Cidadão
ou fora de seu estabelecimento, tanto nos ramos tradicio- Tá vendo aquele edifício, moço?
nais urbano-industriais como nas novas atividades que
Ajudei a levantar
vêm se desenvolvendo no meio rural, como lazer, turismo,
conservação da natureza, moradia e prestação de serviços Foi um tempo de aflição
pessoais. Eram quatro condução
(SILVA, J. G. O novo rural brasileiro. Revista Nova Economia, Duas pra ir, duas pra voltar
nº 1, maio 1997. Adaptado.)

O
Essa nova forma de organização social do trabalho é

BO O
Hoje depois dele pronto
denominada

SC
Olho pra cima e fico tonto
a) terceirização.

M IV
Mas me vem um cidadão
b) pluriatividade.
c) agronegócio. E me diz desconfiado

O S
d) cooperativismo. “Tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?”

D LU
e) associativismo.
(BARBOSA, Lúcio. Cidadão. Intérprete: Zé Ramalho.
19. Enem C3-H11 In: Zé Ramalho – 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro:
A imagem da relação patrão-empregado geralmente vei- Sony Music, 1999. Fragmento.)

O C
culada pelas classes dominantes brasileiras na República
TEXTO II
Velha era de que esta relação se assemelhava em muitos
N X
aspectos à relação entre pais e filhos. O patrão era uma es-
pécie de “juiz doméstico” que procurava guiar e aconselhar
O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais
riqueza e sua produção cresce em força e extensão. O tra-
SI E
o trabalhador, que, em troca, devia realizar suas tarefas balhador torna-se uma mercadoria ainda mais barata à
com dedicação e respeitar o seu patrão. medida que cria mais bens. Esse fato simplesmente suben-
O

(CHALHOUB, S. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano tende que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto,
dos trabalhadores do Rio de Janeiro da Belle Époque. agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força
independente do produtor.
EN S

Campinas: Unicamp, 2001.)


(MARX, K. Manuscritos econômico-filosóficos.
No contexto da transição do trabalho escravo para o
E U

São Paulo: Boitempo Editorial, 2004. Adaptado.)


trabalho livre, a construção da imagem descrita no texto
tinha por objetivo Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo
de produção capitalista é
D E

a) esvaziar o conflito de uma relação baseada na desi-


gualdade entre os indivíduos que dela participavam. a) baseada na desvalorização do trabalho especializado
A LD

b) driblar a lentidão da nascente Justiça do Trabalho, e no aumento da demanda social por novos postos
que não conseguia conter os conflitos cotidianos. de emprego.
c) separar os âmbitos público e privado na organização b) fundada no crescimento proporcional entre o número
do trabalho para aumentar a eficiência dos funcio- de trabalhadores e o aumento da produção de bens
EM IA

nários. e serviços.
d) burlar a aplicação das leis trabalhistas conquistadas c) estruturada na distribuição equânime de renda e no
pelos operários nos primeiros governos civis do pe- declínio do capitalismo industrial e tecnocrata.
ST ER

ríodo republicano. d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de clas-


e) compensar os prejuízos econômicos sofridos pelas ses e da criação da economia solidária.
elites em função da ausência de indenização pela e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação da
libertação dos escravos. exploração do trabalhador.
SI AT
M

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12
503

O TRABALHO NA SOCIEDADE

SOCIOLOGIA
DE CLASSES CAPITALISTA

Conforme estudamos nos módulos anteriores, especialmente nos que trataram

O
de socialização, cada sociedade desenvolve suas características únicas, condicionan-

BO O
do os indivíduos que as compõem. Entre essas características, podemos citar uma

SC
• A sociedade capitalista

M IV
comum à ampla maioria das sociedades existentes: a estratificação social – divisão segundo Karl Marx
dos indivíduos em estratos, grupos, camadas ou classes sociais. Neste módulo, • A sociedade capitalista
estudaremos como a divisão social do trabalho gera classes sociais no capitalismo

O S
segundo Max Weber
e quais são as consequências disso para a vida em coletividade.

D LU
HABILIDADES
• Identificar registros sobre
A sociedade capitalista segundo Karl Marx o papel das técnicas e

O C
tecnologias na organização
Como podemos perceber no texto a seguir, as sociedades pré-capitalistas asse- do trabalho e da vida
N X
melhavam-se por serem compostas, predominantemente, de áreas rurais.
Marx e as organizações econômicas pré-capitalistas
social.
• Analisar diferentes
SI E
processos de produção
A história antiga é a história das cidades, mas das cidades baseadas na agri- ou circulação de riquezas
O

cultura e na propriedade rural; a história asiática é uma espécie de unidade in- e suas implicações
diferenciada entre cidade e campo (a grande cidade, propriamente dita, deve socioespaciais.
EN S

ser considerada simplesmente como um acampamento principesco superposto • Analisar as consequências


à real estrutura econômica); a Idade Média (período germânico) começa com a
E U

do trabalho capitalista para


área rural sendo o cenário da história, cujo posterior desenvolvimento, então, a vida social, cidadã e no
verifica-se na forma de oposição entre a cidade e o campo; a história moderna mundo do trabalho.
D E

consiste na urbanização da área rural e não, como entre os antigos, na ruralização


da cidade.
A LD

MARX, Karl. Formações econômicas pré-capitalistas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. p. 35.

O capitalismo desenvolveu-se efetivamente com a Revolução Industrial, a partir


EM IA

do século XVIII, quando a base da economia deixou de ser agrícola e passou a ser
industrial. Com isso, passou-se a usar predominantemente maquinários que acele-
ST ER

ravam a produção e disponibilizavam maior número de mercadorias, vendidas em


troca de pagamento em dinheiro. O valor embutido nessas mercadorias continha
o custo exato dos investimentos feitos para produzi-las mais o percentual de lucro
obtido pelo proprietário dos meios de produção.
SI AT

Karl Marx, um dos estudiosos do capitalismo mais importantes, viveu no período


em que a Revolução Industrial estava no seu auge. Ele explicou minuciosamente
o sistema capitalista, abordando a perspectiva dos capitalistas ou burgueses –
M

donos das indústrias e das máquinas, ou seja, dos meios de produção – e dos
operários ou proletários – os que trocam sua força de trabalho por um salário. Em
seus estudos, Marx também escreveu sobre outros temas, como: os trabalhadores
que eram artesãos ou pequenos agricultores; o contexto social das cidades e áreas
rurais; a constituição política do Estado; o papel da religião na vida dos indivíduos,
entre outros aspectos da realidade capitalista.
Marx enfatizou a relação entre burgueses e proletários. Para ele, a burgue-
sia caracteriza-se pela posse de propriedades e pelo domínio sobre instâncias
políticas superiores, como o Judiciário e a administração pública. Já o prole-
tariado é desprovido de bens materiais e não tem participação política direta
nas instâncias superiores, restringindo-se à organização política de base, ou

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504

seja, aos movimentos de trabalhadores, com o intuito Além de ampliar a lucratividade do capitalista, a mais-
de promover a conscientização dos demais operá- -valia, para Marx, não se refere simplesmente ao lucro,
SOCIOLOGIA

rios para ampliarem seus direitos. Entre essas duas que já é computado no valor das mercadorias, mas ao
classes antagônicas, predomina a relação dominador- trabalho excedente dos operários, que não é pago.
-dominado, com o burguês explorando a mão de obra
A condição essencial da existência e da supremacia
do operário a fim de obter lucro. Nesse contexto, a
da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas
força de trabalho é entendida como mercadoria com- mãos dos particulares, a formação e o crescimento
prada a preço baixo, possibilitando ganhos maiores do capital, e a condição de existência do capital é o
aos burgueses. trabalho assalariado. Este baseia-se exclusivamen-
Os capitalistas também se utilizam da mais-valia te na concorrência dos operários entre si. O pro-
que, segundo a teoria marxista, é o valor excedente, gresso da indústria, de que a burguesia é agente
resultante da diferença entre o que o industrial paga passivo e inconsciente, substitui o isolamento dos

O
pela mão de obra e o valor que ele cobra pela mercado- operários, resultante de sua competição, por sua

BO O
ria produzida por essa força de trabalho. Com isso, nas união revolucionária mediante a associação. As-

SC
horas dedicadas a determinada jornada de trabalho, a sim, o desenvolvimento da grande indústria so-

M IV
cava o terreno em que a burguesia assentou o seu
produção reverte-se em lucro para o capitalista.
regime de produção e de apropriação dos produ-
A mais-valia pode ser absoluta (quando há um
tos. A burguesia produz, sobretudo, seus próprios

O S
aumento das horas e do ritmo de trabalho) ou rela- coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado são
tiva (ligada ao aumento do processo produtivo, mas igualmente inevitáveis.

D LU
por meio de avanços científicos e tecnológicos). Em MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do partido comunista. São Paulo:
ambos os casos, há um aumento da produção, mas Boitempo, 2005. p. 51.
sem haver um aumento de salário proporcional.

O C
Segundo Marx, a mais-valia é ainda uma invenção
N X jurídica e ideológica criada para justificar a exploração,
que acaba se normalizando na sociedade como se fosse
SI E
algo natural e não imposto.
WILL LEITE

DIVISÃO DO TRABALHO: CAMINHO


PARA A ALIENAÇÃO
EN S

A especialização, segundo Marx, apesar de aumen-


E U

tar a produtividade e a qualidade do produto, condena


o trabalhador a conhecer apenas parte do que produz,
D E

e não a totalidade do processo. Além disso, a subser-


viência às tecnologias impede que ele confira indivi-
A LD

dualidade ao que produz, já que os produtos passam a


ser cada vez mais idênticos uns aos outros e oriundos
de trabalhos extremamente parecidos. Como conse-
EM IA

quência, o operário não se reconhece como produtor


de algo pelo qual tem afeto e no qual reconhece parte
ST ER

de si, de sua originalidade. Isso opõe-se ao trabalho ar-


tesanal, em que o trabalhador conhece a totalidade da
produção e confere singularidade a cada novo produto
que faz, tendo afeição tanto por seu ofício como pelo o
SI AT

que produz. Portanto, segundo Marx, no capitalismo, o


trabalho torna-se predominantemente penoso, desgas-
tante e sem sentido, realizado apenas com a finalidade
M

de se sustentar e ter alguma qualidade de vida.


O trabalho realizado pelo operariado garante-lhe re-
muneração – o salário –, que possibilita a satisfação
de suas necessidades materiais por certo período de
tempo. Isso exige que ele continue a trabalhar para
existir. Quando o salário é suficiente para sustentar
sua existência, o operário tem a impressão de que foi
corretamente remunerado pelo burguês. Isso, de acor-
do com Marx, é um equívoco: a remuneração paga
corresponde apenas a uma pequena parte do valor do
trabalho. A maior parte, a mais-valia, fica com o burguês.

DB_PV_2019_SOC4_P5.indd 504 18/06/2019 15:29


505

Com isso, a relação entre capital e trabalho, entre mais-valia e

IKON IMAGES / ALAMY STOCK PHOTO


salário, é uma forma de exploração entre classes. A mais-valia

SOCIOLOGIA
será sempre superior ao salário, o que impede que haja uma igual-
dade de capacidade de aquisição de bens necessários para uma
ótima qualidade de vida. Para Marx, a aceitação dessa condição, por
parte dos trabalhadores, como algo normal e até natural significa
o sucesso de uma ideologia criada pelo próprio capitalismo para
legitimar sua existência.
Em parte, operários e demais trabalhadores da sociedade não se
dão conta da exploração em razão do predomínio da ideologia bur-
guesa liberal, que afirma que as diferenças entre os indivíduos são
naturais. Tal naturalização esconde a relação de subordinação de uma

O
classe à outra, permitindo aos burgueses manterem o controle sobre

BO O
a sociedade, ainda que de forma indireta, por meio do domínio sobre

SC
a esfera econômica.

M IV
A efetivação do trabalho tanto aparece como desefetivação que o trabalhador é de-
sefetivado até morrer de fome. A objetivação tanto aparece como perda do objeto

O S
que o trabalhador é despojado dos objetos mais necessários não somente à vida, mas

D LU
também dos objetos do trabalho. [...] A apropriação do objeto tanto aparece como
estranhamento (Entfremdung) que, quanto mais objetos o trabalhador produz, tanto
menos pode possuir e tanto mais fica sob o domínio do seu produto, do capital.

O C
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2004. p. 80-81.

N X

SCOTT GOODNO / ALAMY STOCK PHOTO


SI E
O
EN S
E U
D E
A LD
EM IA
ST ER
SI AT
M

Para Marx, a única forma de superar a desigualdade social seria a atuação re-
volucionária do proletariado, classe que sofre diretamente a exploração burguesa.

A TEORIA MARXISTA NOS SÉCULOS XX E XXI


A teoria marxista é original do século XIX e procura explicar as sociedades eu-
ropeias que estavam em processo de Revolução Industrial e eram essencialmente
organizadas em economias fabris. Marx teorizou que, nessas sociedades, o capita-

DB_PV_2019_SOC4_P5.indd 505 18/06/2019 15:29


506

lismo provocaria uma desigualdade social tão radical duais (MEIs). Nessa diversificação do trabalho, houve o
que seria capaz de criar condições para o proletariado escape da relação tradicional entre capital e trabalho,
SOCIOLOGIA

se conscientizar e liderar uma revolução semelhante à ancorada na relação mais-valia/salário. Em geral, por
realizada pela classe burguesa nos séculos anteriores. terem conseguido aproveitar-se de benefícios do ca-
A burguesia liderou a revolução política e econômica pitalismo, as camadas médias não foram despertadas
que findou o feudalismo e iniciou o capitalismo, a partir pelos anseios revolucionários e, em vez disso, lutaram
da Revolução Francesa (quando decapitaram nobres por ascensão na vida empreendedora, ainda que não
e reis) e da Revolução Industrial (que a estabeleceu fossem de fato parte da burguesia detentora dos meios
como classe dominante). Entretanto, segundo Marx, de produção.
a revolução do proletariado seria diferente das confla- Concomitantemente a esse fenômeno, observamos
grações burguesas porque criaria uma sociedade sem ainda a ascensão de movimentos sociais pautados em
classes. Para lutar por esse tipo de nova sociedade, outras questões, como a igualdade entre homens e

O
Marx e Engels, além de outros revolucionários socia- mulheres, o racismo e a discriminação de pessoas do

BO O
listas, comunistas e anarquistas, organizaram reuniões grupo LGBT. Muitos desses movimentos se associam

SC
de trabalhadores por toda a Europa.

M IV
às questões da ordem capital/trabalho, mas também
possuem algumas vertentes que não se vinculam ne-
BRITISH LIBRARY, LONDON

cessariamente à revolução do proletariado e à supera-

O S
ção do capitalismo, como é o caso do feminismo liberal.

D LU
LEITURA COMPLEMENTAR
Feminismo e marxismo: noção de um sistema

O C
patriarcal, racista e capitalista
N X As diversas opressões e explorações que se expres-
sam na vida dos indivíduos são determinadas estru-
SI E
turalmente pelas relações sociais de sexo – incluindo
sexualidade –, raça e classe, que de forma imbricada e
O

dialética configuram as múltiplas expressões da ques-


tão social, tanto na sua dimensão de desigualdade,
EN S

como na de resistência política. [...] De forma mais


E U

precisa, entendemos que as relações sociais de sexo,


raça e classe são antagônicas e estruturantes porque
determinam materialmente a exploração do trabalho,
D E

por meio da divisão de classe e da divisão sexual e


A LD

racial do trabalho. [...]


Cada uma das particularidades estruturantes da
classe – sexo-“raça”/etnia, imprime determinações
e implicações diferenciadas para as mais variadas
EM IA

desigualdades e opressões. Assim é que as mulheres


brancas ganham salários inferiores aos dos homens
ST ER

brancos e superiores aos das mulheres negras e aos


dos homens negros; ao mesmo tempo, mulheres bran-
cas podem sofrer violência de um homem negro [...].
SI AT

CISNE, Mirla. Feminismo e marxismo: apontamentos teórico-


-políticos para o enfrentamento das desigualdades sociais. Serviço
Social & Sociedade, n. 132, São Paulo, maio/ago. 2018. Disponível em:
Capa da primeira edição do Manifesto comunista, de Marx e Engels,
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
M

publicada em 1848, em Londres. À época, a obra popularizou-se entre


66282018000200211&lng=pt&tlng=pt>. Acesso em: maio 2019.
trabalhadores e intelectuais e influenciou os levantes populares socialistas,
comunistas e anarquistas do período e, também, os do século XX. Essa obra
e O capital, também de Marx, estão entre as mais influentes do mundo.

Entretanto, desde o século XX até os dias de hoje,


A sociedade capitalista
ocorreu uma diversificação da mão de obra e, com isso, segundo Max Weber
surgiram novas carreiras e setores de empregabilidade. Max Weber adota, em suas análises sociológicas,
Por exemplo, ao longo do tempo, parte dos trabalha- uma metodologia e uma epistemologia compreensi-
dores foi alçada para as chamadas “camadas médias”, vas e que partem da ação social dos indivíduos – di-
compostas de profissionais liberais e do terceiro setor. ferentemente de Karl Marx, que analisa as sociedades
Atualmente, há ainda os microempreendedores indivi- a partir de teorias gerais e explicativas.

DB_PV_2019_SOC4_P5.indd 506 18/06/2019 15:29


507

Marx caracteriza a economia como a estrutura cen- popular, em que o prestígio social é atribuído àqueles
tral na determinação das sociedades: no capitalismo, a que trabalham bastante, acordam cedo e conseguem

SOCIOLOGIA
relação capital/trabalho e a diferenciação de classes são progredir em suas carreiras.
elementos fundamentais para a construção das cons-

BIBLIOTECA NACIONAL DA FRANÇA, PARIS


ciências sociais, das identidades, da cultura e da política.
Isso não significa que cultura e política estejam submeti-
das à infraestrutura econômica, afinal são determinantes
para as transformações dela; significa, apenas, que o
elemento fundante e preponderante é o econômico.
Max Weber, em suas análises sobre estratificação
social e trabalho, também compreendia o elemento
econômico e a relação capital/trabalho como funda-

O
mentais na determinação da realidade social. Entretan-

BO O
to, ele considerou que outros dois elementos também

SC
eram essenciais: o social e o político. Assim, para ele,

M IV
as classes sociais existem, mas sua estratificação de-
pende desses três elementos.

O S
De modo esquemático, podemos afirmar que, se-
gundo Weber, as classes dependem da posição do

D LU
indivíduo frente a três fatores:

a) Econômico, referindo-se à quantidade de

O C
riqueza que ele possui. No capitalismo, depende,
N X
essencialmente, da divisão entre os que possuem
os meios de produção e aqueles que, por não serem
SI E
proprietários, submetem-se ao assalariamento.
b) Social, referindo-se ao status, ou ao prestígio
O

atribuído ao indivíduo, que depende dos símbolos


culturais que determinam esse prestígio. No capi-
EN S

talismo, relaciona-se, frequentemente, ao enrique-


cimento e ao poder aquisitivo de bens.
E U

c) Político, referindo-se ao poder de influência que A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 26 de agosto
o indivíduo tem perante os demais. No capitalismo, de 1789, foi decretada pela Assembleia Nacional francesa durante a
D E

Revolução Francesa, que é um marco do fim dos privilégios para a


em geral, relaciona-se com a vinculação a partidos nobreza e do início da dominação burguesa. O simples nascimento em
políticos e com o alcance de espaços de poder.
A LD

uma família nobre deixou de ser um fator determinante para ter uma
elevada qualidade de vida.

Na Antiguidade Clássica, era comum anciões assi- Weber mostrou como o status, a renda e a influência
milarem esses três elementos, acumulando riquezas, compõem as ações sociais dos indivíduos, que tendem a
EM IA

prestígio e poder sobre a política social. Na socieda- buscar uma posição e um reconhecimento legítimo por
de feudal, o status era definido pelo nascimento, ou parte dos demais membros dessa sociedade. O status
ST ER

seja, ligava-se ao fato de a família ser tradicional, ter pode interferir na ocupação profissional de alguém e no
posses ou ser reconhecida pelos demais membros da modo como os indivíduos observam uns aos outros. Mui-
sociedade. Essa, portanto, era uma sociedade rígida tos podem, por exemplo, adquirir bens para sentirem-se
na definição do status e de ínfima mobilidade entre os prestigiados, e não porque este bem é necessário ou útil.
SI AT

estratos sociais. Por exemplo, no fim da Idade Média, Com isso, chegam até a endividar-se para sustentar esse
quando burgueses que haviam enriquecido compra- prestígio. Por exemplo, numa sociedade que reconhece
vam títulos de nobreza, dificilmente obtinham prestígio, o automóvel como item gerador de prestígio, comprar
M

sendo categorizados como emergentes, por não terem um novo carro todos os anos pode demonstrar a busca
linhagens nobres. por status.
Na sociedade europeia capitalista, após a Revolu- Atualmente, existem profissões que são mais tra-
ção Francesa e a destituição da nobreza e do clero dicionais e mais seguras para a obtenção dos três ele-
das camadas privilegiadas na economia e na política, mentos – status, renda e influência. Não é à toa que
a classe social deixa de ser determinada pelo nasci- parlamentares do mundo todo são, em sua maioria,
mento e passa a ser definida, ao menos teoricamente, advogados, médicos e empresários, carreiras entre
pelo mérito. Assim, a ascensão social dependeria do as mais prestigiadas em diversas sociedades. Pessoas
esforço pessoal para atingi-lo. Geralmente, o mérito famosas, como atletas, artistas de televisão e, mais
é estabelecido pela dedicação ao trabalho e ao acú- atualmente, YouTubers, também são bastante presti-
mulo de riquezas. Isso pode ser notado no imaginário giados na sociedade brasileira – e a fama vem sempre

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508

acompanhada da aquisição de riquezas e de influência. Nas eleições de 2018, por


exemplo, pôde-se notar um maior número de artistas e YouTubers nos espaços da
SOCIOLOGIA

política nacional.

OBENCEM/ISTOCKPHOTO.COM

O
BO O
SC
M IV
O S
D LU
O C
N X Cada sociedade, conforme sua cultura e seu momento histórico, atribuiu caracte-
SI E
rísticas definidoras do que é ter riqueza, prestígio e poder. No capitalismo, a riqueza
depende da aquisição de meios de produção, já que vivemos a era da propriedade
O

privada. O prestígio não decorre do nascimento, mas do mérito e da ascensão so-


cial. E o poder está atrelado à capacidade de influência e à conquista de espaço na
EN S

política, por meio de partidos e de eleições para cargos públicos.


Enquanto o século XVIII foi marcado pela igualdade jurídica estabelecida pela
E U

Revolução Francesa, os séculos XIX e XX foram marcados por lutas pela igualdade
social. Em termos weberianos, poderíamos dizer que se trata de uma luta pela ga-
D E

rantia de que a riqueza, o status e o poder de influência não favoreçam determinados


A LD

indivíduos em detrimento de outros. Por essa razão, muitos intelectuais e ativistas,


desde os defensores do capitalismo até os apoiadores do comunismo, teorizam que
o Estado deve fornecer educação pública, criminalizar preconceitos e implementar
políticas públicas afirmativas para grupos sociais historicamente explorados, como
EM IA

as cotas em universidades e em concursos públicos. Trata-se do uso do Estado para


garantir que todos possam competir em condição de igualdade, sem privilégios para
ST ER

determinados grupos de indivíduos.


SI AT
M

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509

ROTEIRO DE AULA

SOCIOLOGIA
O TRABALHO NA SOCIEDADE DE CLASSES CAPITALISTA

Classes sociais no capitalismo


Essa forma de organização social está pautada na exploração entre classes: os burgueses ou capitalistas (pro-

O
prietários dos meios de produção) exploram o proletariado ou assalariados (vendedores de força e de tempo

BO O
SC
de trabalho). A produção da riqueza no capitalismo depende da contratação de trabalhadores por determinado

M IV
período de tempo, os quais recebem salários pela sua produção. Essa organização, segundo Marx, por estar no

O S
coração da produção na sociedade, é geradora de desigualdade social.

D LU
O C
Mais-valia
Segundo Marx, o capitalismo inventou a legalidade jurídica de expropriação, pelo contratante (burguês), de
N X
Karl Marx e maior parte do resultado do trabalho daquele que realmente fez a transformação da matéria-prima em produto
SI E
o capitalismo
(proletário). Este valor expropriado é denominado mais-valia e, segundo Marx, é, na verdade, uma invenção
O

jurídica e ideológica que justifica a exploração e a torna algo normal e natural.


EN S
E U

Especialização do trabalho no capitalismo


D E

A especialização, no capitalismo, teve como principal consequência tornar o trabalhador um apêndice das maqui-
A LD

narias. Ele não controla o próprio tempo de trabalho, não interfere diretamente na decisão sobre o objeto que irá

produzir e desconhece a totalidade do processo de produção. O trabalho capitalista especializado torna o produto
EM IA

estranho ao operário, uma vez que não há relação de afeto dele para com o objeto produzido.
ST ER
SI AT

Segundo Weber, a divisão da sociedade em grupos sociais depende de três fatores essenciais: a
M

riqueza, o prestígio e o poder. No capitalismo, o primeiro relaciona-se, sobretudo, à posse de meios

de produção necessários para a elevação da renda. O segundo, à adesão a características tidas como
Max Weber e
a estratificação de prestígio, que podem ser a família de nascimento, o mérito, a propriedade de determinados bens,
social
o exercício de determinadas profissões etc. O terceiro envolve a influência sobre outras pessoas,

como ocupar cargos políticos e associar-se a partidos políticos.

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510

EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO
SOCIOLOGIA

1. Unioeste-PR – Max Weber (1864-1920), que tinha for- Com a obra intitulada A sobrevivência dos mais gordos,
mação historiográfica, jurídica e também econômica, Jens Galschiot (2002) aborda o tema da injustiça, uma
é considerado um dos mais importantes autores que questão constitutiva da vida social de difícil solução,
contribuíram para a consolidação da Sociologia como como indica o texto que acompanha a obra. O enten-
campo de conhecimento com métodos e objetivos pró- dimento que uma sociedade produz sobre o que se
prios. Sobre Max Weber, é correto afirmar: considera justo e injusto está fundado em padrões de
a) Para Weber, o proletariado é o único grupo social que valoração a respeito da conduta dos indivíduos e dos
estava em condições na Alemanha, na época em que objetivos comuns da coletividade, bem como em sua
viveu, para dirigir uma sociedade rumo à constituição estrutura social. Pode-se considerar que uma das ex-
de um Estado soberano. pressões da justiça ou injustiça é a estratificação social,
b) Max Weber não se importava com a política, mas objeto de estudo de Max Weber. Segundo o autor, na
priorizava em seus estudos a predominância da bu- sociedade moderna ocidental, a estratificação social é

O
rocracia, que permitiria funcionar qualquer sociedade a) estruturada fundamentalmente na base econômica

BO O
no mundo moderno. da sociedade, que subordina as esferas política, jurí-

SC
c) Na teoria da ação de Max Weber, uma atividade é dica e ideológica de modo a perpetuar a exploração

M IV
orientada para um objetivo, cuja compreensão por da classe dominante sobre a dominada.
parte do sujeito dá sentido à sua ação. b) formada pelas dimensões econômica, política e ideo-

O S
d) Para Max Weber, o exercício do poder se restringe lógica, as quais estabelecem entre si relações neces-
à dominação como ato isolado e pressupõe sempre sárias que devem ser desvendadas com a descoberta

D LU
o uso da violência física e coercitiva. de suas leis gerais invariáveis.
e) Max Weber era um sociólogo fundamentalmente c) constituída em três dimensões, a econômica, a polí-
preocupado em formular argumentos como contra- tica e a social, sendo que suas possíveis afinidades
partida ao materialismo histórico de Karl Marx. eletivas devem ser analisadas à luz de cada especi-

O C
ficidade histórica em questão.
Segundo Marx, as classes exploradas seriam as responsáveis por com- d) composta por múltiplas dimensões, sendo a cultura
N X
preender a impossibilidade de igualdade no sistema capitalista e, com
isso, direcionariam a sociedade para mudanças revolucionárias. Ele
também definiu que a sociedade se configura por uma infraestrutura
a determinante para a compreensão totalizante dos
processos históricos de desenvolvimento econômico
SI E
econômica e superestruturas jurídica e política. Já Weber, embora não no Ocidente.
negasse o fundamento econômico como um dos mais importantes,
nem seu papel preponderante na determinação da sociedade capita-
e) estabelecida pela moral social, a qual situa o posi-
O

lista, privilegiou uma sociologia compreensiva, pautada na observação cionamento dos indivíduos de acordo com os papéis
das ações sociais e nos sentidos que os indivíduos atribuem a elas. sociais por eles cumpridos, tendo em vista o melhor
desempenho das funções necessárias à sociedade.
EN S
E U

2. UEL-PR – Analise a figura e leia o texto a seguir. Segundo Max Weber, não há uma infraestrutura que de antemão deter-
mine superestruturas sociais, nem a preponderância da esfera econômi-
THOMAS LUKASSEK / DREAMSTIME.COM

ca sobre a cultura e a política, como afirma a teoria marxiana. Também


não há “leis sociais gerais” a serem descobertas, como defende o
D E

Positivismo. Há, em contrapartida, segundo a sociologia compreensiva


weberiana, três dimensões mutuamente determinantes: a econômica,
A LD

a política e a social. Esses fatores têm o mesmo grau de importância na


determinação da estratificação social, mas, geralmente, em cada época
histórica, alguma delas assume maior papel de relevância. Portanto, é
necessário fazer uma análise específica de cada sociedade.
EM IA

3. Unicentro-PR – Sobre o pensamento de Karl Marx,


ST ER

considere as afirmativas abaixo e assinale a alternativa


correta.
I. O materialismo histórico é uma teoria marxista, na
SI AT

qual se atribui a explicação de toda a história das


relações humanas por meio de fatos materiais.
II. Para Marx, a classe trabalhadora é alienada, pois
não percebe os mecanismos de sua exploração, é
M

acrítica e passiva. Marx foi um grande defensor da


formação da consciência da classe trabalhadora.
III. Para Marx, a evolução histórica, independentemente
de em qual época se estivesse, ocorria por causa de
confrontos entre classes sociais, geralmente, cujo
motivo era o que Marx chamava de “exploração do
homem pelo homem”. Indivíduos esqueciam-se de
Estou sentada nos ombros de um homem
que eram todos seres humanos com direitos e de-
Ele está afundando sob o fardo (peso) veres, para explorarem ao máximo aqueles que lhes
Eu faria qualquer coisa para ajudá-lo fossem “inferiores” de seu ponto de vista.
Exceto descer de suas costas
a) Apenas I está correta.
(Disponível em: <http://www.aidoh.dk/new-struct/About-
JensGalschiot/CV-GB-PT.pdf>. Acesso em: set. 2017.) b) Apenas II está correta.

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511

c) Apenas I e II estão corretas. que definem a vida em sociedade. No capitalismo, a relação capital/

SOCIOLOGIA
trabalho e a exploração entre classes são elementos fundamentais para
d) Apenas I e III estão corretas. a determinação das consciências sociais, da cultura e da política. Nesse
e) Todas as afirmativas estão corretas. elo indissociável entre infraestrutura e superestruturas, estas passam
também a influenciar aquela, que ocupa papel fundante e essencial.
O materialismo histórico marxiano apenas admite explicações materiais
(históricas) e não idealistas (como religiões, espiritualismos ou supostas
naturezas humanas). Ao observar a história das sociedades europeias
e sua constante exploração entre classes, e deter-se especialmente
5. Unicentro-PR – Sobre a corrente filosófica idealista,
no capitalismo, concluiu que o sistema de exploração tem o poder é correto afirmar:
de alienar a classe explorada, que acaba não tendo consciência da a) O mundo é o conjunto de coisas prontas.
exploração que sofre.
b) A vida espiritual determina a vida material.
c) O homem é um produto da matéria.
4. UEL-PR d) A matéria é eterna, infinita.
Assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da

O
e) A existência material é autônoma.
natureza orgânica, Marx descobriu a lei do desenvolvimen-

BO O
to da história humana. A produção dos meios imediatos de Karl Marx é um teórico materialista e um dos principais críticos do

SC
idealismo. Enquanto para os idealistas existe uma abstração que de-
vida, materiais e, por conseguinte, a correspondente fase de

M IV
termina a vida humana e social (ideia de progresso, ideia de espírito
desenvolvimento econômico de um povo ou de uma época humano, ideia de universo e, em casos idealistas-religiosos, de Deus),
é a base a partir da qual tem se desenvolvido as instituições para os materialistas existe, apenas, uma comunhão de humanos cuja
vida material determina a organização econômica, cultural e política.

O S
políticas, as concepções jurídicas, as ideias artísticas. A des-
coberta da mais-valia clareou estes problemas.

D LU
(ENGELS, F. Discurso diante do túmulo de Marx (1883). Disponível
em: <http://www.marxists.org/espanol/m-e/1880s/83-tumba. 6. UEM-PR – A moda não vende apenas roupas, acessó-
htm>. Acesso em: mar. 2019. Adaptado.) rios ou cortes de cabelo. Ela vende um estilo de vida,
revela posições sociais e participa da construção de

O C
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a con- identidades sociais. Acerca dos estudos sociológicos
cepção materialista da história, assinale a alternativa sobre o consumo, assinale o que for correto.
N X
correta.
a) Existem leis gerais e invariáveis na história, que fa-
01) A moda enfatiza, sobretudo, o valor de uso dos
produtos.
SI E
zem a vida social retornar continuamente ao ponto 02) Quando um produto típico das elites se torna aces-
de partida, isto é, a uma forma idêntica de exploração sível a um número maior de pessoas, ele perde sua
do homem sobre o homem.
O

capacidade de distinção social.


b) A mais-valia, ou seja, uma maneira mais eficaz de os 04) A moda expressa a necessidade de constante re-
proprietários lucrarem por meio da venda dos pro-
EN S

novação da indústria.
dutos acima de seus preços, é uma manifestação
típica da sociedade capitalista e do mundo moderno. 08) A criação de valores simbólicos para os produtos é
E U

uma característica da moda.


c) O darwinismo social é a base da concepção ma-
terialista da história na medida em que esta teoria 16) A sociedade de consumo cria identidades, diferen-
ciando as pessoas em um cenário mercadológico
D E

demonstra cientificamente que somente os mais


aptos podem sobreviver e dominar, sendo os capi- cada vez mais homogeneizado pela oferta similar
de produtos.
A LD

talistas um exemplo.
d) A partir de intercâmbios na infraestrutura da vida Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s).
social, desenvolve-se um conjunto de relações que
passam a integrar o campo da superestrutura, com 30 (02 + 04 + 08 + 16)
uma interdependência necessária entre elas. Com base nas teorias de Karl Marx, podemos compreender a indústria
EM IA

da moda como uma associação entre qualidade e beleza do produto,


e) A sociedade burguesa, por intensificar a explora- de um lado, e criação do desejo do consumo, de outro, já que essa
ção dos homens através do trabalho assalariado, indústria precisa da circulação de mercadorias. Com base nas teorias
ST ER

constitui-se em forma de organização social menos de Max Weber, podemos compreender como a moda influencia na
desenvolvida que as anteriores. formação das classes sociais, estabelecendo uma hierarquia entre as
pessoas, diferenciando as que têm poder econômico para ter acesso a
Karl Marx caracteriza a economia como a estrutura central na determi- determinadas roupas das que não têm essa condição, e influenciando
nação das sociedades. O modo como nos relacionamos para produzir suas posições de prestígio e de poder.
SI AT

os bens necessários para nossa existência influencia o modo como cria-


mos ideias, culturas, religiões, sistemas jurídicos e as demais formas

EXERCÍCIOS PROPOSTOS
M

7. UEM-PR Acerca dos temas modos de vida, classes sociais e


“Tanto o tema das classes sociais quanto o da estratifica- estratificação, assinale o que for correto.
ção social são muito discutidos na literatura sociológica, 01) Segundo a teoria marxista, a sociedade capitalista
por comportarem diferentes concepções de divisão da é estratificada em duas principais classes sociais:
sociedade na civilização ocidental. As diferentes socieda- a dos proprietários dos meios de produção (terra,
des ocidentais e algumas não ocidentais foram apresen- fábricas, equipamentos etc.) e a dos trabalhadores
tadas divididas em estratos e/ou camadas, ou seja, indi- (aqueles que detêm apenas sua força de trabalho).
víduos e grupos estão dispostos de modo hierárquico na 02) Várias teorias sociológicas destacam que as divi-
estrutura social.” sões de classes podem comportar, além da ques-
tão econômica, hierarquias relacionadas ao gênero
(ARAÚJO, S. M. et al. Sociologia. São Paulo: Scipione, 2013. p. 18). e à etnia.

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512

04) Pessoas de diferentes classes sociais e de diferen- Assinale a alternativa correta: para Karl Marx (1818-1883),
SOCIOLOGIA

tes posições de poder compartilham concepções como se originam as classes sociais?


opostas sobre valores diversos. Por exemplo, pes-
a) As classes sociais se originam da divisão entre go-
soas ricas e pobres divergem sobre valores reli-
vernantes e governados.
giosos, ainda que frequentem a mesma igreja e
professem a mesma fé. b) As classes sociais se originam da divisão entre os
sexos.
08) O acesso a bens culturais e simbólicos não influen-
cia a percepção das pessoas sobre sua posição so- c) As classes sociais se originam da divisão entre as
cial e sobre as expectativas que elas constroem gerações.
sobre suas vidas. d) As classes sociais se originam da divisão do trabalho.
16) Pessoas que pertencem a um mesmo grupo social, e) As classes sociais se originam da divisão das riquezas.
seja ele um grupo religioso, familiar ou de trabalho,
raramente se distinguem entre si em termos de 10. UEM-PR – Sobre os temas poder, política e dominação,
valores defendidos. assinale o que for correto.

O
BO O
Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s). 01) Para Weber, a política existe para eliminar as rela-
ções de dominação e de obediência entre os grupos

SC
8. UEG-GO sociais.

M IV
Para as “boas” escolas vão sempre os professores mais 02) Para Durkheim, o fim das estruturas políticas é a
competentes e experientes. Nelas, as condições de traba- melhor maneira de controlar os impulsos individuais

O S
lho são melhores. Há um número menor de alunos por e de evitar os processos de corrupção.
turma e o tempo de aula é maior. O material didático é 04) A análise histórica e sociológica dos movimentos

D LU
abundante e de boa qualidade. sociais indica que as conquistas não decorrem da
luta política. As relações de conflito são expressões
Nas escolas “carentes”dá-se o contrário. Os professores estão
de guerra, portanto, opostas aos avanços sociais.
sobrecarregados e insatisfeitos. Por causa disso, ficam pouco

O C
tempo na escola. O material didático (cartilhas, livros etc.) é 08) Para Weber, a política pode ser definida como a
luta por participar do poder ou por influenciar sua
inadequado e insuficiente. As turmas estão superlotadas e as
N X
crianças têm menos tempo de aula. Nessas escolas, os profes-
sores faltam com mais frequência às aulas, os alunos são re-
repartição, seja entre Estados; seja na relação entre
indivíduos.
SI E
16) Para Rousseau, a noção de contrato social é o fun-
beldes ou desinteressados e há mais problemas de disciplina. damento do Estado moderno.
(CECCON, C.; OLIVEIRA, M.; OLIVEIRA, R. A vida na escola e a
O

escola da vida. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1983. p. 52-53.) Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s).
As afirmações acima, em nível geral, apresentam uma
EN S

11. UFU-MG – Conforme Marx e Engels:


descrição do sistema escolar brasileiro em seu nível
fundamental. Essa situação do sistema escolar pode “O modo pelo qual os homens produzem seus meios de
E U

ser melhor explicada a partir de qual teoria sociológica? vida depende, antes de tudo, da própria constituição dos
meios de vida já encontrados e que eles têm de reprodu-
a) A teoria das classes sociais, que apresenta a divisão zir. Esse modo de produção não deve ser considerado me-
D E

social e seu processo de reprodução no âmbito es- ramente sob o aspecto de ser a reprodução da existência
colar, tal como apresentado por várias pesquisas da física dos indivíduos. Ele é, muito mais, uma forma deter-
A LD

sociologia da educação. minada de sua atividade, uma forma determinada de ex-


b) A teoria da ação social, que diz que o sujeito atribui teriorizar sua vida, um determinado modo de vida desses
um sentido à sua ação voltado para a ação dos de- indivíduos”.
mais e, nesse sentido, a escola é produto da ação
(MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã.
social de professores e alunos e suas diferenças são
EM IA

São Paulo: Hucitec, 1999. p. 27.)


o resultado delas.
c) A teoria da modernização, segundo a qual os mais Da leitura do trecho, conclui-se que:
ST ER

pobres vão sendo paulatinamente inseridos na mo- a) As ideologias políticas possuem autonomia em rela-
dernidade, passando de condições precárias, inclu- ção ao desenvolvimento das forças produtivas.
sive escolares, para melhores condições de vida. b) A base da estrutura social reside no seu modo de
d) A teoria da urbanização, que afi rma que existem produção material.
SI AT

diferenças espaciais nos grandes centros urbanos c) O modo de produção é determinado pela ideologia
que tendem a ser superadas com o processo de dominante.
desenvolvimento urbano, explicando as diferenças d) Toda atividade produtiva é uma forma de desuma-
no sistema escolar e sua superação.
M

nização.
9. Unioeste-PR 12. Unicentro-PR – Max Weber (1864-1920) foi um im-
“I. Burgueses e proletários. A história de todas as sociedades portante sociólogo, historiador e economista alemão.
até hoje existente é a história das lutas de classes. Homem Suas ideias, juntamente com as de Durkheim e Marx,
livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mes- compõem a chamada Sociologia Clássica. Desenvolveu
tre de corporação e companheiro, em resumo, opressores e um método de análise que ficou conhecido como
oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra a) sociologia compreensiva.
ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que ter- b) materialismo dialético.
minou sempre ou por uma transformação revolucionária da
c) regras do método sociológico.
sociedade inteira, ou pela destruição das classes em conflito.”
d) sistema social.
(MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista.
São Paulo: Boitempo, 2010. p. 40.) e) método comparativo.

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513

13. Unicentro-PR – Assinale a alternativa que apresenta, d) depreciação do livre-arbítrio, em favor de uma con-

SOCIOLOGIA
corretamente, os agrupamentos definidos pela sua si- cepção totalitária de mundo.
tuação comum frente aos meios de produção e pelas e) defesa intransigente de restrições para o exercício
relações antagônicas e complementares que estabe- da autonomia de pensamento.
lecem entre si.
a) Castas. 16. Unicentro-PR – São considerados representantes do
b) Camadas sociais. estudo da cultura de massa e da indústria cultural, ex-
ceto:
c) Classes sociais.
a) Adorno
d) Grupos de status.
b) Horkheimer
e) Partidos.
c) Durkheim
14. Unicentro-PR – Leia o texto a seguir. d) Hobbes
e) Gramsci

O
Uma conduta plural – de várias pessoas – que, pelo sentido

BO O
que encerra, se apresenta como reciprocamente referida,
orientando-se por essa reciprocidade. 17. UEM-PR – Uma das principais contribuições de Karl

SC
Marx para o pensamento sociológico está relacionada

M IV
(CASTRO, A.; DIAS, E. Introdução ao pensamento sociológico.
Rio de Janeiro: Eldorado, 1975. p.119.) com a análise do papel que o trabalho assalariado de-
sempenhou na organização das sociedades modernas.
Com base nos conhecimentos sobre a teoria socioló-

O S
Considerando a perspectiva marxista a respeito das
gica de Max Weber, assinale a alternativa que nomeia,
relações de produção e da divisão social em classes no
corretamente, o conceito explicitado pelo texto.

D LU
sistema capitalista, assinale o que for correto.
a) Consciência coletiva. 01) Segundo Marx, o trabalho assalariado é a manifes-
b) Consciência individual. tação histórica do modo como o sistema capitalista
c) Classe social. de produção organizou-se socialmente com base na

O C
exploração das classes trabalhadoras por parte das
d) Estrutura social.
classes detentoras dos meios de produção.
N X
e) Relação social.
02) Para Marx, as relações de trabalho nas sociedades
capitalistas geram solidariedade entre trabalhado-
SI E
15. Unesp-SP res e empregadores, pois elas se caracterizam pela
Defendo a liberdade de expressão irrestrita, mesmo depois troca igualitária do tempo trabalhado por um salário
O

desse trágico evento em que os cartunistas do jornal satí- justo.


rico Charlie Hebdo foram mortos, além de outras pessoas 04) De acordo com Marx, as desigualdades sociais ge-
em um mercado kosher, em Paris. [...] Sou intransigente no
EN S

radas pelo capitalismo não têm efeitos unicamen-


que diz respeito à liberdade de expressão de cada um: e te econômicos, pois a divisão das sociedades em
E U

sou ainda mais intransigente quando matam em nome de classes sociais impõe formas de vida específicas
Alá, de Maomé, de Cristo, de comunismo, de nazismo, de e desiguais.
fascismo etc. Caricaturar nunca é crime. Caneta e lápis não 08) Como afirma Marx, o capitalismo impõe às classes
D E

matam. Exageram, humilham, fazem rir, mas não matam. trabalhadoras um processo de alienação ao retirar
(THOMAS, Gerald. Quem ri por último ri melhor.
das pessoas o controle sobre os produtos obtidos
A LD

Folha de S.Paulo, jan. 2015.) através do seu próprio trabalho e ao possibilitar que
as classes dominantes se apropriem desses mes-
O argumento defendido no texto está baseado na mos produtos na forma de propriedade privada.
a) valorização do caráter absoluto de todo tipo de sim- 16) Conforme Marx, o papel desempenhado pelos sindi-
EM IA

bologia teológica e religiosa. catos e pelos partidos de esquerda na ideologização


b) primazia de princípios originalmente burgueses e das classes trabalhadoras produz instabilidade e
liberais no campo da cultura. insegurança nas economias modernas, comprome-
ST ER

tendo a harmonia e o bem-estar social.


c) utopia comunista da igualdade econômica e da liber-
dade de expressão. Dê a soma da(s) alternativa(s) correta(s).

ESTUDO PARA O ENEM


SI AT

18. Enem C4-H18 19. Enem C3-H11


O mercado tende a gerir e regulamentar todas as atividades
M

TEXTO I
humanas. Até há pouco, certos campos – cultura, esporte,
religião – ficavam fora do seu alcance. Agora, são absorvidos Dezenas de milhares de pessoas compareceram à maior
pela esfera do mercado. Os governos confiam cada vez mais manifestação anti-troika (Comissão Europeia, Banco Central
nele (abandono dos setores de Estado, privatizações). Europeu e FMI), em Atenas, contra a austeridade e os cor-
(RAMONET, I. Guerras do século XXI: novos temores e novas
tes de gastos públicos aprovados neste domingo no parla-
ameaças. Petrópolis: Vozes, 2003.) mento grego.
No texto, é apresentada uma lógica que constitui uma ca- (Disponível em: <www.cartamaior.com.br>. Acesso em: 8 nov. 2013.)
racterística central do seguinte sistema socioeconômico:
TEXTO II
a) Socialismo d) Anarquismo
As políticas de austeridade transferem o ônus econômico
b) Feudalismo e) Comunitarismo para as classes trabalhadoras. Para diminuir os prejuízos
c) Capitalismo do capital financeiro, socializam as perdas entre as classes

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trabalhadoras. O capitalismo não foi capaz de integrar particulares, a formação e o crescimento do capital; a con-
SOCIOLOGIA

os trabalhadores e ao mesmo tempo protegê-los. dição de existência do capital é o trabalho assalariado. […]
(Entrevista com Ruy Braga. Revista IHU online. Disponível em: O desenvolvimento da grande indústria socava o terreno
www.ihu.unisinos.br. Acesso em: nov. 2013. Adaptado.) em que a burguesia assentou o seu regime de produção
e de apropriação dos produtos. A burguesia produz, so-
Diante dos fatos e da análise apresentados, a política
bretudo, seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória do
econômica e a demanda popular correlacionada encon-
tram-se, respectivamente, em proletariado são igualmente inevitáveis.
(MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista.
a) controle da dívida interna e implementação das re- Obras escolhidas, vol. 1, s/d.)
gras patronais.
b) afrouxamento da economia de mercado e superação Entre as características do pensamento marxista, é
da lógica individualista. correto citar
c) aplicação de plano desenvolvimentista e afirmação a) o temor perante a ascensão da burguesia e o apoio
à internacionalização do modelo soviético.

O
das conquistas neoliberais.

BO O
d) defesa dos interesses corporativos do capital e ma- b) o princípio de que a história é movida pela luta de
classes e a defesa da revolução proletária.

SC
nutenção de direitos sociais.

M IV
e) mudança na estrutura do sistema produtivo e demo- c) a caracterização da sociedade capitalista como jurí-
cratização do acesso ao trabalho. dica e socialmente igualitária.
d) o reconhecimento da importância do trabalho da bur-

O S
20. Unesp-SP C4-H18 guesia na construção de uma ordem socialmente justa.
A condição essencial da existência e da supremacia da e) a celebração do triunfo da revolução proletária euro-

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classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos dos peia e o desconsolo perante o avanço imperialista.

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RESPOSTAS E COMENTÁRIOS

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MATERIAL DO PROFESSOR

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Material do Professor

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II

APRESENTAÇÃO
SOCIOLOGIA

Como disciplina escolar, a sociologia marca-se por idas e vindas ao currículo, abrindo reflexão acerca de como
ela se situa nas relações de poder. No Brasil, a discussão sobre o ensino de sociologia começou no século XIX,
quando Rui Barbosa propôs sua inserção na educação básica, ideia que se concretizou somente em 1931, por
meio da reforma educacional Francisco Campos. Com o advento do Estado Novo, a sociologia perdeu espaço,
mantendo-se apenas no processo de formação do magistério. No currículo escolar do regime militar, fragilizou-
Material do Professor

-se a situação da sociologia e da filosofia, substituídas por organização social e política do Brasil e moral e cívica,
considerando a opção de profissionalizar o ensino. A redemocratização reintroduziu as disciplinas de sociologia
e filosofia, conforme Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), e a Lei 11.684 de 2008 tornou-as disciplinas
permanentes em todo o Ensino Médio.

O
Compreender o contexto do nascimento da sociologia e seu papel na educação brasileira é fundamental para

BO O
entender suas características gerais e específicas na escola. Consolidar a sociologia no Ensino Médio significa

SC
favorecer a ampliação do conhecimento, considerando ser ela uma forma de saber científico, como qualquer outra

M IV
ciência, além de responder às necessidades do seu tempo. Uma das formas de instigar esse tipo de pensamento
consiste em propiciar informações sistematizadas, com base em teorias e pesquisas que esclarecem questões

O S
sócio-históricas. Seus objetos são o conhecimento e a explicação da sociedade pelas diversas formas como os
seres humanos a construíram, além das consequências dessa construção e seu impacto nas relações sociais,

D LU
com apoio principalmente dos conhecimentos sociológicos, antropológicos e políticos.
Diante do exposto, o material de pré-vestibular 2019 contempla assuntos fundamentais das teorias sociológi-
cas, vinculados, obviamente, às discussões comuns à realidade dos jovens, a fim de envolvê-los na participação

O C
social. Em grande medida, abordamos temas relevantes nas três grandes áreas das ciências sociais: sociologia,
antropologia e ciência política. Assim possibilitamos ampla visão das relações entre indivíduo e sociedade, cultura
N X
e política. O projeto compõe-se de sistematização teórica (concepções clássicas e contemporâneas), exercícios
SI E
de aplicação de diversos níveis envolvendo conteúdos exigidos nos vestibulares e no Enem, além de facilitadores
para aprofundamento do tema, como indicações bibliográficas e audiovisuais.
O

A forma interdisciplinar das provas de vestibular em diversas regiões do Brasil e do Enem pressupõe prévio
conhecimento de sociologia, pois a elaboração das redações propostas exige, em grande medida, interpretação de
EN S

texto e determinado entendimento sociológico, principalmente da estrutura brasileira. O material que elaboramos
desenvolve reflexão e conhecimento conceitual a respeito de temas e teorias sociológicas clássicas e contem-
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porâneas. O papel da sociologia, principalmente no Ensino Médio, está essencialmente ligado ao pensamento
crítico e à formação humana, implicando a desconstrução de preconceitos e determinismos.
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CONTEÚDO

SOCIOLOGIA 4
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Volume Módulo Conteúdo


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11 O trabalho nas sociedades de classes


4
12 O trabalho na sociedade de classes capitalista
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III

11 O TRABALHO NAS SOCIEDADES DE CLASSES

SOCIOLOGIA
Comentários sobre o módulo É marcado pela desregulamentação trabalhista e
O que é trabalho? Seu conceito mudou ao longo do pela elevada rotatividade de trabalhadores, o que
tempo? Neste módulo, abordaremos como a sociologia enfraquece os laços entre eles próprios e entre
tem compreendido o trabalho, que é um de seus prin- eles e as organizações sindicais.
cipais objetos. Estudaremos suas variações ao longo

Material do Professor
da história da sociedade ocidental e, também, como a 9. A
sociologia, em associação com a filosofia, tem buscado Na modernidade predominantemente capitalista
propor significados para esse conceito. e liberal, no plano do discurso defende-se ampla-
mente a liberdade dos indivíduos para escolherem
Para ir além seus empregos e trabalharem com aquilo que de-

O
sejam, o que faz com que pessoas diversas entre

BO O
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio so-
si compartilhem os mesmos espaços. Porém, ao

SC
bre as metamorfoses e a centralidade do mundo do
mesmo tempo que existe o discurso de unidade, é

M IV
trabalho. São Paulo: Cortez, 1997.
possível perceber uma ampla desigualdade social,
• Obra clássica do sociólogo brasileiro Ricardo
ainda operante e crescente nas últimas décadas,

O S
Antunes que apresenta uma interpretação do
ou seja, uma “desunidade” da sociedade.
mundo do trabalho após a industrialização e du-

D LU
rante a pós-industrialização. 10. A
BOTTOMORE, Tom (org.). Dicionário do pensamen- Segundo Marx, o Estado é apropriado pela classe

O C
to marxista. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. dominante, que tem mais poder para fazer com
• Dicionário de referência dos conceitos marxis- que ele atenda aos seus interesses. Isso gera
N X
tas, que baseiam as análises sobre o mundo desigualdade social, afinal, os interesses da bur-
guesia são antagônicos aos da classe dominada.
SI E
do trabalho.

WEINSTEIN, B. (Re)Formação da classe trabalha- 11. D


O

dora no Brasil (1920-1964). São Paulo: Cortez/CDAPH- Segundo a teoria marxista, a única classe revo-
-IFAN/Universidade São Francisco, 2000. lucionária possível no capitalismo é a do prole-
EN S

• Obra de referência sobre o processo de industriali- tariado, já que é a classe explorada, vítima da
E U

zação brasileiro nas perspectivas do empresariado desigualdade social e que, por estar nessa con-
e dos trabalhadores. dição, poderá organizar-se para fundar uma nova
sociedade. A burguesia, pequena ou não, é a clas-
D E

ZANETTI, A.; VARGAS, J. Taylorismo e fordismo na se que está no poder ou que é beneficiada pelo
sistema e, portanto, é antirrevolucionária.
A LD

indústria paulista: o empresariado e os projetos de or-


ganização racional do trabalho (1920-1940). São Paulo:
Humanitas, 2007. 12. E
• Obra clássica sobre o fordismo e o taylorismo O capitalismo comercial é anterior à divisão de
EM IA

no Brasil, tratando especialmente da indústria classes (burguesia e proletariado), inaugurada


de São Paulo e suas influências no território pelo capitalismo industrial e, até hoje, a base da
ST ER

brasileiro. Enfoca a formação do espírito do tra- nossa sociedade. Atualmente, o capitalismo fi-
balhador brasileiro. nanceiro opera favorecendo elites corporativas
multinacionais, sendo a globalização financeira
amplamente favorecida pelos avanços tecnoló-
SI AT

Exercícios propostos
gicos de virtualização do dinheiro.
7. D
Segundo Marx, a consciência depende da vida 13. B
M

material, sendo o trabalho parte dela. Para ele, A identidade social depende das normas sociais
não é o individualismo, a vida idealizada (como e culturais de cada sociedade. Elas não são fixas,
a religiosa) ou determinado aspecto da natureza mas reinventáveis conforme a dinâmica histórica
humana que podem conduzir o pensamento e as das próprias sociedades. Como podemos perce-
sociedades como um todo. ber na nossa sociedade, os diferentes grupos so-
ciais podem apresentar identidades antagônicas,
o que pode gerar violência entre eles.
8. E
A terceirização é um fenômeno recente, pós- 14. B
-toyotismo, bastante comum no neoliberalismo, O valor do trabalho e a igualdade de oportunida-
que vem se globalizando desde a década de 1970. des no mercado dependem da organização das

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IV

relações sociais de produção, das quais derivam turismo, hospedagem, restaurante e demais ser-
as ideias culturais e políticas. Essas ideias até viços, o que caracteriza uma pluriatividade.
SOCIOLOGIA

influenciam as organizações sociais, mas não


são capazes de transformá-las, já que a cultura Competência: Entender as transformações técni-
e a política são superestruturas da sociedade, e cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
a organização das relações sociais de produção de produção, no desenvolvimento do conheci-
constitui a infraestrutura. mento e na vida social.
Material do Professor

15. E Habilidade: Analisar diferentes processos de


O texto refere-se ao empresário, burguês, como produção ou circulação de riquezas e suas impli-
um coordenador ou administrador. Especialmente cações sócio-espaciais.
a partir do taylorismo-fordismo, ocorreu uma es-
19. A

O
pecialização das funções dos trabalhadores para

BO O
que produzissem mais em menos tempo e com No trecho, que relata as relações de trabalho após

SC
menor custo. O burguês, hierarquicamente supe- o período de escravização, com a introdução da

M IV
rior aos operários, tinha a função de coordenar mão de obra assalariada no Brasil, podemos per-
essa divisão das tarefas, controlando-os. ceber uma espécie de afeto e de zelo do patrão

O S
para com o empregado, numa relação paterna-
16. E lista que mascara o antagonismo entre ambos.

D LU
A imagem representa o sistema taylorista-fordis- Um problema típico decorrente dessa relação é
ta e sua característica de especialização exces- a minimização do conflito de classes e, como
siva do trabalho, que tem como consequência consequência, a ausência de reivindicações e

O C
a alienação do trabalhador, que acaba fazendo protestos por parte da classe trabalhadora, que
N X
apenas a sua tarefa, sem a mínima noção das
outras etapas da produção ou do produto final.
marcaram o século XX.
SI E
Competência: Compreender a produção e o papel
Competência: Entender as transformações técni- histórico das instituições sociais, políticas e eco-
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cas e tecnológicas e seu impacto nos processos nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
de produção, no desenvolvimento do conheci- conflitos e movimentos sociais.
EN S

mento e na vida social.
Habilidade: Identificar registros de práticas de
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Habilidade: Analisar diferentes processos de grupos sociais no tempo e no espaço.


produção ou circulação de riquezas e suas impli-
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cações sócio-espaciais. 20. E


Os textos mostram o aumento da exploração da
A LD

17. C classe trabalhadora e o aumento da riqueza con-


A corrupção é tida, no texto, como decorrente da centrada pela classe exploradora. Segundo Marx,
avaliação racional sobre seus custos e benefícios a o capitalismo tem como fundamento a divisão
EM IA

indivíduos unidos por relações institucionais, a fim entre burguesia (proprietários dos meios de pro-
de atingir bens pessoais. Trata-se de uma lógica de dução) e proletariado (assalariados que vendem
força e tempo de trabalho), sendo a geração de
ST ER

ação social racional pragmática tipicamente webe-


riana, pois considera os efeitos práticos dessa ação. riqueza dependente da relação de exploração.

Estudo para o Enem Competência: Entender as transformações técni-


SI AT

cas e tecnológicas e seu impacto nos processos


18. B de produção, no desenvolvimento do conheci-
O texto refere-se ao trabalhador rural contempo- mento e na vida social.
M

râneo que, diferentemente de décadas atrás, não


se limita apenas a uma atividade econômica em Habilidade: Analisar diferentes processos de
seu espaço. Além de se dedicar a atividades agro- produção ou circulação de riquezas e suas impli-
pecuárias, atua também em outras áreas, como cações sócio-espaciais.

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V

12 O TRABALHO NA SOCIEDADE DE CLASSES CAPITALISTA

SOCIOLOGIA
Comentários sobre o módulo 8. A
O que é trabalho no capitalismo? Como o trabalho A sociologia demonstra, a partir da teoria das
pode afetar nossa vida? Neste módulo, estudaremos classes sociais, como os recursos naturais, so-
essas e outras questões relacionadas ao trabalho ciais, políticos e culturais necessários para uma
segundo as ideias de Karl Marx e Max Weber. Serão boa qualidade de vida acabam por estar dispo-

Material do Professor
abordadas, portanto, as noções de riqueza, status e níveis apenas para a parcela da sociedade que
poder, a relação entre burgueses e proletariado e as faz parte da classe social mais favorecida. Este
desigualdades sociais geradas pelo sistema capitalista. é um fator relevante para a compreensão da de-
sigualdade social.

O
Para ir além

BO O
9. D
ARON, Raymond. As etapas do pensamento socio-

SC
lógico. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Segundo Marx, as classes sociais derivam da

M IV
forma com a qual se organiza a divisão do traba-
• Obra de apresentação dos principais teóricos fun-
lho na sociedade: os proprietários dos meios de
dadores da sociologia. Explicativa, concisa e pre-

O S
produção, os executores da força de trabalho, a
cisa, é uma referência para estudar e comparar os repartição dos produtos e a dedicação de tempo

D LU
dois sociólogos principais deste módulo, Marx e para trabalho intelectual e braçal etc. A partir da
Weber. divisão do trabalho e das classes sociais, gera-se
a igualdade ou a desigualdade social.

O C
COHN, Gabriel. (Org.). Weber : Sociologia. São Paulo:
Ática, 2003.
10. 24 (08 + 16)
N X
• Coletânea de textos de Max Weber. Contém uma Segundo Weber, a política é um dos fatores que
SI E
introdução escrita pelo organizador da obra, profes- criam distinções entre as pessoas, ajudando a
sor Gabriel Cohn, na qual se explicam os principais formar estratificações sociais, estamentos ou
conceitos weberianos.
O

classes sociais. Portanto, a política, enquanto


luta pela conquista de poder e participação na
MARX, Karl. O capital: Livro 1. São Paulo: Boitempo
EN S

determinação da vida em sociedade, não elimina


Editorial, 2011.
as relações de dominação e de obediência entre
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• Obra clássica de Karl Marx que apresenta de forma os grupos sociais. Sobre os movimentos sociais, a
clara e precisa os principais conceitos estudados análise histórica e sociológica mostra, na verdade,
D E

neste módulo. que é graças à luta política que muitos direitos


foram conquistados: a abolição da escravização,
A LD

WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Rio de Janei-


a igualdade jurídica para mulheres, o sufrágio uni-
ro: Zahar, 1979.
versal etc. As relações de conflito são necessárias
• Coleção de textos do sociólogo Max Weber. Ape- para que haja avanços sociais, evitando-se que
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sar de extensa, é uma obra sintética e explicativa injustiças já normalizadas continuem a existir. Em
porque apresenta uma série de textos referentes à relação a Durkheim, o sociólogo defendeu que as
heterogeneidade do pensamento weberiano.
ST ER

paixões e os instintos humanos são regulados jus-


tamente pelas normas sociais, que indicam como
Exercícios propostos o sujeito deve se comportar em determinadas cir-
cunstâncias – e a estrutura política faz parte desse
SI AT

7. 03 (01 + 02)
sistema que controla os impulsos individuais.
Enquanto Marx demonstra que a sociedade capi-
talista é composta de duas classes sociais prin- 11. B
M

cipais, burguesia e proletariado, outras teorias Segundo Marx e Engels, a economia, ou o modo
sociológicas defendem que as classes sociais de- como os indivíduos organizam a divisão social do
pendem de outros fatores. Segundo Max Weber, trabalho e a produção material, é a base da vida
as classes sociais derivam da associação entre social e do desenvolvimento da cultura e da política.
poder econômico, prestígio e poder político. En- Por outro lado, cultura e política também influen-
tretanto, ele e outros sociólogos não necessaria- ciam o desenvolvimento da base material, embora
mente negam a teoria marxista sobre a divisão de não constituam a base fundante da vida social.
classes ou a preponderância do poder econômico,
mas dialogam com ela com base na observação 12. A
de outros fatores e no uso de diferentes percep- Weber chamou sua sociologia de compreensiva
ções sobre a ciência e a filosofia. por conceituá-la como uma ciência que objetiva

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VI

compreender fenômenos sociais a partir da obser- a revolução e, consequentemente, o fim da explo-


vação de regularidades advindas de ações sociais, ração, de modo que a instabilidade seja necessária
SOCIOLOGIA

sem a intenção de transformar esses fenômenos para alcançar uma sociedade mais justa.
ou guiar a sociedade, como pretendeu o positi-
vismo. Estudo para o Enem
13. C 18. C
Material do Professor

Marx estabeleceu, na definição das classes so- O texto refere-se ao capitalismo, que defende o
ciais, o critério da posição dos indivíduos na divi-
mercado como regulador das atividades humanas,
são social do trabalho. Já Weber observou as re-
sendo o Estado reduzido a um mínimo (saúde,
lações perante as riquezas, o prestígio e o poder.
educação e segurança, no liberalismo; funções
burocráticas de administração, no neoliberalismo

O
14. E

BO O
mais radical).
A relação social é a interação entre ações so-

SC
ciais de pessoas com objetivos que orientam tais Competência: Entender as transformações técni-

M IV
ações. Ao mesmo tempo que há interação, há cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
reorientação de ações e pensamentos mediante de produção, no desenvolvimento do conheci-

O S
tal interação. mento e na vida social.

D LU
Competência: Compreender a produção e o papel Habilidade: Analisar diferentes processos de
histórico das instituições sociais, políticas e eco- produção ou circulação de riquezas e suas impli-
nômicas, associando-as aos diferentes grupos, cações sócio-espaciais.

O C
conflitos e movimentos sociais.
Habilidade: Identificar registros de práticas de 19. D
N X
grupos sociais no tempo e no espaço. Podemos perceber, em ambos os textos, como o
SI E
Estado é objeto da luta de classes. De um lado,
15. B
a elite capitalista o utiliza para atender aos seus
O

Uma das características do capitalismo é sua interesses. Por outro lado, a classe trabalhadora
defesa da liberdade de expressão na democra- recorre ao Estado para conquistar direitos tra-
EN S

cia. Desde a Revolução Francesa e a Revolução balhistas e sociais. No caso dos textos citados,
Industrial, que originaram o liberalismo e o capi-
E U

houve favorecimento das grandes empresas e


talismo, sistemas dominantes até a atualidade, transferências de custos aos trabalhadores.
defenderam-se as liberdades individuais.
D E

Competência: Compreender a produção e o papel


16. D histórico das instituições sociais, políticas e eco-
A LD

Hobbes é um filósofo contratualista, que estudou nômicas, associando-as aos diferentes grupos,
o poder absolutista como forma de governo. Além conflitos e movimentos sociais.
disso, viveu entre os séculos XVI e XVII, quando
Habilidade: Identificar registros de práticas de
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ainda não existia Indústria Cultural, fenômeno que


grupos sociais no tempo e no espaço.
surge a partir do capitalismo.
ST ER

20. B
17. 13 (01 + 04 + 08)
Segundo Marx e Engels, as sociedades e suas
Segundo Marx, o trabalho oriundo de socieda-
mudanças são determinadas pela história material
des organizadas a partir de classes sociais ocorre
SI AT

sempre por meio da exploração entre a classe dos seres humanos. Em outras palavras, as rela-
dominante e a classe dominada. No capitalismo, ções humanas determinam a vida social. Diferem,
a burguesia é a proprietária dos meios de pro- portanto, dos idealistas, que defendem a ideia de
M

dução e explora os trabalhadores, que vendem um Espírito orientador, como o filósofo Hegel, ou
seu tempo e sua força de trabalho em troca de de correntes religiosas, que defendem a existência
salário. Os efeitos são extra-econômicos, já que a de divindades reguladoras da vida humana.
cultura legitima tal exploração e o próprio Estado Competência: Entender as transformações técni-
tende a favorecer a classe dominante, que, por sua cas e tecnológicas e seu impacto nos processos
vez, tem melhores condições de apropriar-se dele. de produção, no desenvolvimento do conheci-
Os sindicatos e partidos de esquerda são formas
mento e na vida social.
pelas quais os trabalhadores se organizam para
promover a consciência de classe e buscar resistir Habilidade: Analisar diferentes processos de
às imposições da classe dominante. Para Marx, produção ou circulação de riquezas e suas impli-
essa organização do operariado poderia ocasionar cações sócio-espaciais.

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