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CENTRO DE ESTUDOS DE HIPNOTERAPIA

REGIONAL MINAS

Problemas
Sexuais
+
Textos Complementares

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"i
índice
I - O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração 01
2-Pérola 03
3 - Fabula da Convivência 04
4 - Escleroso 05
5 - Luz em Resistência 06
6 - Uma História de Amor 07
7 - AAfinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois 09
8 - Mudança de Atitude 11
9 - Encantamento S 12
10-Plenitude 13
I I - Unidade , 14
12-Amor maduro 15
13 - As razões do amor 16
14 - Até que a morte 18
15 - A c e n a : 20
16 - Tênis x Frescobol 2 2

1 7 - 0 Tratamento dos Problemas Sexuais 24


1 8 - 0 Uso de Hipnose em Disfunções Sexuais 29
1 9 - 0 Desenvolvimento Infantil • 30
20-Anorgasmia 3 2

21 - Infecções Femininas Recorrentes • 33


22 - Ejaculação Precoce • 34
23-Impotência 3 5

24 - O Uso da Hipnose em Distúrbios Sexuais (resumo do livro de DANI EL ARAOZ 36


25-Técnicas Hipnoterapêuticas para Tratamento de Disfunção Sexual Feminina 41
26 - Técnicas Hipnoterapêuticas para Tratamento de Disfunção Sexual Masculina 45
27 - Técnicas Hipnoterapêuticas para Tratamento de Disfunção do Desejo e Processamento Sexual 48
28 - Psicoterapia acionada para uma mudança nos processos neuróticos 52
29 - Casos de Problemas Sexuais Tratados por Erickson 57
30 - Sugestões Hipnóticas em Série e Escrita Automática 59
31 - Esterilidade: Uma reorientação terapêutica para satisfação sexual 62
32 - Indução de Transe Indireto com Rede Associativa Absorvente 63
3 3 - A Questão do Aborto: Facilitando a Dinâmica Inconscienterapia 64
34 - Três casos de Milton Erickson de dificuldades sexuais 67
35 - Exploração da Identidade num Caso de Homossexualidade Latente 70
36 - Reorientação Terapêutica de Casal após Efeitos Inconscientes de Vasectomia 72
37 - Modéstia: Uma Abordagem Autoritária Permitindo Recondicionar Via Fantasia 75
38 - O tratamento bem sucedido de um caso de depressão histérica aguda 80
Roteiro de Aula

1. Aspectos Gerais

Indução - » parque / paz i n t e r i o r

2. Recalcamento pegadas m e m o r i a s mnêmieas

3. Abreãção
4. Porque o uso da hipnose

5. i ) uso da psicoterapia •+• uso do s i n t o m a

<V Relacionamentos
Amor > *, -
T r a t a m e n t o / casai / e separados
v

7. Doenças Femininas

8. Doenças Masculinas

*•). Técnicas Gerais

10. Técnicas para o f e m i n i n o

11. Técnicas para o m a s c u l i n o

12. Técnicas dos desejos

13. Casos do Erickson


Essencial

invisível

aos olhos,

só se vê

bem com

o coração...
Rainha Malika, esposa do rei de kosala, era uma das primeiras damas
convertidas (para o Budismo). O rei não era um budista, mas ele a amava muito. Um
dia em uma noite de lua cheia eles estavam muito românticos - você sabe, Budismo é
muito romântico - e o rei perguntou a ela "Minha querida, quem você ama mais"
esperando que ela dissesse "é claro, sua majestade, eu amo você mais."
Mas sendo Budista, ela disse, "você sabe,querido, eu amo mais a mim
mesma". E o rei disse, "pensando melhor, eu também me amo mais."
No dia seguinte eles foram ver o Buda, e o Buda disse "todo ser ama mais a si
mesmo". Se você ama mais a si mesmo, entenda, os outros também amam mais a si
próprios. E o melhor jeito de você amar mais a si mesmo é não se explorar. Se você
cultiva avidez, ódio e desilusão, você explora mais a si mesmo.
Eu acho que talvez no ocidente eles possam aprender um pouco disto. Eu sinto
que as pessoas tem muito ódio por si próprias. Amar a si mesmo é o primeiro passo
para a liberdade.
Próximo passo, Buda disse para o rei*e a rainha. "Não se sintam superiores
aos outros. Para mim isso é parte da liberdade. Se vocês praticam o sentimento de não
se sentirem superiores aos outros, então vocês tem que praticar não se sentirem
inferiores aos outros. E afinal de contas vocês são instruídos a não se sentirem igual
aos outros". Então vocês podem ir além do dualismo, e uma vez que vocês estejam
além do dualismo, o ser inferior ficam possível. E esta é a verdadeira liberdade:
Liberdade acima do dualismo, acima de você e de mim, acima de mim e de você.

Sulak Sivaraska, em Sivaraska & Harding, 1995, pag.61


PÉROLA

"Lembre-se de que a pérola é o resultado da crise interna de uma ostra."

Comparada aos demais moluscos, a ostra não tem lá muitos motivos para ser
otimista, pois é considerada o mais degradado dos moluscos por não possuir cabeça,
olhos, órgãos mastigadores, nem glândulas salivares.
Mas produz pérolas. Sim, já seria uma lição de otimismo. Um corpo estranho,
um grão de areia, por exemplo, penetram no interior da ostra. Ela reage. Está
instaurada a crise.
Para defender-se, a ostra secreta finas camadas concêntricas de nácar que
envolvem o corpo estranho e formam a pérola. Se o corpo estranho não tivesse
provocado a crise no interior da ostra, a pérola não teria sido produzida.

( Professor Francisco de Filippo )


FÁBULA DA CONVIVÊNCIA

Durante uma era glacial muito remota, quando parte do globo terrestre esteve
coberta por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e
morreram, indefesos por não se adaptarem às condições do clima hostil.
Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se
proteger e sobreviver, começaram a se unir, ajuntar-se mais e mais. Assim cada um
podia sentir o calar do corpo do outro. E todos juntos bem unidos agasalhavam-se
mutuamente, aqueciam-se enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebrosa.
Porém, vida ingrata, os espinhas de cada um começaram a ferir os
companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhe forneciam mais calor, aquele
calor vital, questão de vida ou de morte.
E, afastaram-se, feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se por não
suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doía muito mas, essa não
foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados.
Os que não morreram, voltaram a se aproximar pouco a pouco, com jeito, com
precaução, de tal forma que unidos cada qual conservava uma certa distância do outro,
mínima, mas o "suficiente para conviver èem feri, sem magoar, sem causar danos
recíprocos.
Assim suportaram-se, resistindo à longa era glacial

SOBREVIVERAM

-
Esclerose

Outrora, no coração morava - ou não morava (que sei dele?) - o amor. Batia o
coração quando amava. Murchava de tristeza. Adormecia de indiferença. Abrigava em
seu seio a amada. A casa. Os filhos. Até a pátria. E a Deus amava-se sobre todas as
coisas - ou, pelo menos, esforçava-se muito para tanto.
Mas, com os tempos, vieram os médicos. E o aparelho cardíaco passou a ser
fonte de preocupações várias.E de infartos. E de operações. Morria-se, antes, como
hoje. Mas era uma morte qualquer. "Seu coração está fraco", dizia-se. E pouco após -
ou, as vezes, bem depois - chamava-se o doutor da família e um padre distraído. E o
dono da víscera. Pensando em outra coisa, ia daqui para melhor.
Foram-se os padres. Chegaram os doutores. E os prazeres da vida passaram a
ser proibidos e horrorosos.
Mas se fosse só o coração!
Passaram os clínicos a perscrutar a veias e as artérias. Atentaram à circulação.
Cuidaram das gorduras, com carinho. E a esclerose passou a ser um dos fantasmas da
humanidade.
Pobre mundo de hoje! Não tem mais-vontade de viver e ficar rico. E a morte,
que era o fim natural de toda vida que se prezava, passou a ser uma demonstração.
Foi quando aconteceu uma coisa grave. A esclerose, que era doença das
artérias, delas pulou para alma das gentes. Hoje se morre menos. Em compensação,
se vive pouco e com tanto cuidado se cuidam as pessoas que viraram uns tipos de
zumbis, vampiros, de múmias. Transformaram-se em coisas que só existem porque
cuidam-se para delas próprias com se fossem móveis, bibelôs ou outras coisas das
quais me esqueço o nome, que só tem aparências, mas que não conseguem respirar.
Ora, digo eu, senhoras e senhores-, mais cuidem em viver que em não morrer.
Prefiram a esclerose das artérias à das almas. Aprendam a amar, a perdoar e a ter
generosidade. (É difícil, bem sei). Desprezem as riquezas e as pompas. Que é muito
triste viver sem amor e sem todas as dores que o acompanham. Nem pensem só em
si. Que os colibris e os outros pássaros fúteis valem muito mais que uma avestruz.

Coração partido: sofrimento efetivo de um coração partido traz uma profunda abertura com carinho e
centramento.
Luz em Resistência

Adélia Prado

Estou sentada em minha cama em semi-obscuridade e me percebo com a


cabeça entre as mãos, tenho a compulsão de me ajoelhar e prostar-me, é dramático o
que faço. Me sento de novo e de novo ponho a cabeça entre as mãos. Será possível
que eu estou representando pra Deus? Quero ficar natural, estou sozinha, não dá pra
enganar ninguém, mas tenho um corpo e de algum modo ele se coloca no espaço,
impossível não perceber a importância essencial do corpo, preciso da língua pra falar.
Mas não é porque estou sozinha, que vou dizer olha eu aqui. Deus baratear o texto.
Falo assim: meu Deus, eis me aqui, dá um jeito do Franz aparecer em nossa casa,
enquanto o Miguel estiver viajando. Percebo - ai que nojo, percebo demais - que disse
"eis-me" e depois "dá" no lugar de daí, mas não é desrespeito, é {luxo de sentimento
que não tolera preocupação com a gramática e - percebo de novo - faço isso desde o
primário, se corrigir tiro a seiva da coisa. Gosto de pérola barroca e cerâmica torta, só
não gosto de ter tomado consciência de meus lapsos gramaticais. "A língua fala dos
tesouros do coração? Então este é o meu tesouro desejo. Vou falar com força e
pausadamente: Deus faz eu ficar com o Franz sozinha, por uma hora inteira - uma hora
só, não, passa muito depressa - duas horas, sã conversando, só isso que eu quero, me
dá está graça, meu pai. v

Acho que hoje escandalizei a Ester, não acontecerá mais. Não sei o que fazer
com a Sabina que nos interroga como se fôssemos culpadas das estranhezas da
bíblia. Ninguém sabe que o Franz está em Riachinho e desta vez não é pra fazer ponte
nenhuma, veio só por minha causa, o bacana. Quando as duas chegaram na
segunda-feira, informa assim bem casual: amigo nosso passou por aqui, etc. e etc. não
saberão ao que se trata. Ao fim do rosário faço o agradecimento pela enormíssima
graça recebida que é esta - sei que falo como se o Senhor fosse se esquecer, mas sou
humana demais - a graça, dada pelo Senhor de ter tido duas horas inteiras para ficar
com o Franz. Mãe de Deus, pede por mim. Perhaps Love, gravar uma fita só com esta
música começando e acabando e começando de novo e acabando e começando.
Julinha me surpreendeu decorando e falou: tadinha. E eu sei que não foi por causa do
meu inglês deficitário, ficou com pena é da minha menopausa em fiar. Em qual do dois
espelhos acredito, no que me põe melhor ou no que me dá vontade de nunca mais sair
de casa? Mãe de Deus, estou com saudade do Franz é no corpo, mas é ilocalizável.
Ah, estou com saudade dele é na alma. Franz Bota, até o apelido dele é precioso,
quero o precioso, meu Deus me ajuda a ver aquele homem.
Se isto fosse umà cena de teatro a cortina se fecharia ao som de Perhaps
Love, quanto a isto tenho certeza.
Uma História de Amor
(Autor desconhecido)

Era uma vez uma ilha, onde moravam os seguintes sentimentos. A alegria, a
tristeza, a vaidade, a sabedoria, o amor e outros.
Um dia avisaram para os moradores desta ilha que ela ia ser inundada.
Apavorado, o Amor cuidou para que todos os sentimentos se salvassem; ele então
falou:
Fujam todos, a ilha vai ser inundada.
Todos correram e pegaram seu barquinho, para irem a um morro bem alto. Só
o Amor não se apressou, pois queria ficar um pouco mais com sua ilha.
Quando já estava se afogando, correu para pedir ajuda. Estava passando a
riqueza e ele disse:- Riqueza leve-me com você. Ela respondeu: -Não posso, meu
barco está cheio de ouro e prata e você não vai caber.
Passou então a vaidade e ele pediu:
OhI Vaidade leva-me com você... *
Nâo posso, vai sujar meu barco.
Logo atrás vinha a tristeza.
- Tristeza, posso ir com você?
Ah! Amor, estou tão triste que prefiro ir sozinha.
Passou a Alegria, mas estava tão alegre que nem ouviu o Amor chamar por
ela.
Já desesperado, achando que iajicar só, o Amor começou a chorar. Então
passou um barquinho, onde estava um velhinho e ele então falou:
Sobe, Amor, que eu te levo. O Amor ficou radiante de felicidade que até
esqueceu de perguntar o nome do velhinho. Chegando ao morro alto onde estavam os
sentimentos, ele perguntou a Sabedoria:- Sabedoria, quem era o velhinho que me
trouxe aqui? Ela respondeu: O Tempo. O tempo? Mas, por que só o tempo me trouxe
aqui?- porque só o tempo é capaz de entender um grande Amor.
Melhor é pois estarem dois juntos do que estar um só,

Porque tem a conveniência da sua sociedade

Se um cair, o outro sustentará.

Ai do que está só, porque quando cair,

Nâo tem quem o levante.

E se dormirem dois juntos, eles se aquentarão mutuamente,

Mas um só, com se há de se aquentar?

E se alguém prevalecer contra um, dois lhe resistem.

"«V,
Eclesiastes 4 9 12
A AFINIDADE E DOS POUCOS SENTIMENTOS QUE
RESISTEM A O TEMPO E A O S DEPOIS

(Artur da Távora)

A afinidade não é o mais brilhante, mas, o mais sutil, delicado e penetrante dos
sentimentos. O mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as
impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o
diálogo, a conversa, o afeto, no ponto em que foi interrompido
Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado
sobre o real. Do subjetivo sobre o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do
básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais
para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a
um não afim, sai simples e claro diante de algulm que você tem afinidade.
Afinidade é ficar de longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que
impressionam, comovem e mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavra. É
receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem
sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos
amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.
Sentir oom é não ter necessidade dé explicar o que está sentindo. É olhar e
perceber. É mais calar do que falar. Ou quando falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade jamais é sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com
masoquismo. Mas quem sente com avalia sem se contaminar. Quem não tem afinidade
questiona por não aceitar.
Só entra em relação rica e saudável com o outro, quem aceita para poder
questionar. Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar, não nega ao
outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é. E, aceitando-o, aí sim,
pode questionar, até duramente, se for o caso. Isso é afinidade. Mas o habitual é
vermos alguém questionar porque não aceita o outro como ele é. E, aceitando-o, aí
sim, pode questionar, até durante se for o caso. Isso é afinidade. Mas o habitual é
vermos alguém questionar, porque não aceita o outro como ele é. Por isso, aliás,
questiona. Questionamento de afins, eis a (in)fluência. Questionamento de não afins,
eis a guerra.
Afinidade não precisa de amor. Pode existir com ou sem ele. Independente
dele. A quilômetros de distância. Na maneira de falar, de escrever, de andar, de
respirar. Há afinidades por pessoas a quem apenas vemos passar, por vizinhos com
quem nunca falamos e de quem nada sabemos. Há afinidade com pessoas de outros
continentes a quem nunca vemos, veremos ou falaremos.
Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem para buscar
sintonias com pessoas distantes, com amigos a quem não vemos, com amores
latentes, com irmãos do não vivido.
A afinidade é singular, discreta e independente, porque não precisa do tempo
para existir.

Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu o vínculo de
afinidade! No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação exatamente do
ponto em que você parou. Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas nem
pelas pessoa que as têm. Por prescindir do tempo e ser a ele superior, a afinidade
vence a morte porque cada um de nós traz a afinidade ancestrais com a experiência da
espécie no inconsciente. Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós, para
encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.
Sensível é a afinidade. E exigente, apenas de que as pessoas evoluam
parecido. Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,
porque o que define a afinidade é a existência também depois.
Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois
encontra com saudade ou alegria, ma percebe que não vai conseguir restituir o clima
afetivo de antes, é alguém com quem a afinidade foi temporária. É supratemporal.
Nada mais doloroso que contemplar a afinidade morta, ou a Ilusão de que as vivências
daquela época eram afinidade. A pessoa mudou, transformou-se por outros meios. A
vida passou por ela e fez tempestades, chuvas e plantios de resultado diverso.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no
silêncio, tanto das possibilidades exercidas, quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou, sem lamentar o tempo
da separação. Porque tempo e separação* nunca existiram. Foram apenas a
oportunidade dada (tirada) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar. E
para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais, a expressão do outro sob
a forma ampliada e refletida do eu individual aprimorado.

Mudança de Atitude
A desatenção é a maior inimiga d o amor.
50 lições de Amor
(Suleyman Raphael)

Atenção é abertura, brilho, expansão. Dar atenção à pessoa amada é


focalizá-la com interesse, é estar ligado a ponto de adivinhá-la, pressenti-la e
compreendê-la. Porém, estamos sempre desatentos e perdidos nos meandros de
nossas próprias angústias, desejos insatisfeitos e indisposições físicas.
Enclausurados nesse interior caótico, aproximamo-nos do outro com a visão
embaciada por nossas preocupações. Estamos ligados a nosso labirinto pessoal e não
a ele. Essa situação provoca a morte do amor. Aprenda a sair dela.

Q u a n d o s u r g e m as d i f i c u l d a d e s , é n e c e s s á r i o parar,
r e e x a m i n a r - s e e e v e n t u a l m e n t e m u d a r de atitude.
Encantamento

50 Lições de Amor
(Suleyman Raphael)

A s flechas de Eros dão-nos n o v o alento e v i s a m i n t e n s i f i c a r n o s s a s impressões,


o f e r e c e n d o - n o s novas visões s o b r e o m u n d o , e abrir n o s s o peito para
s e n t i m e n t o s p u n g e n t e s q u e n o s afastem de n o s s o egoísmo.

Quando um pólo elétrico positivo encontra um negativo através de uma lâmpada,


faz-se a luz. O que era escuridão/cegueira, confusão Ilumina -se e tudo ganha nitidez.
O mesmo ocorre quando os dois pólos chamados Homem e Mulher aproximam-se
através da relação amorosa: suas impressões vivificam-se. Objetos e cenários
medíocres em si ganham charme e significado. A vida, antes um filme em preto e
branco, ganha novo colorido. Esse milagre de encantamento é acompanhado por
momentos de uma sutil leveza no peito, como se o"coração se desligasse de seus
medos e insatisfações, respirasse fundo e experimentasse a paz.

Evite discutir. Prefira unir


Plenitude
50 lições de Amor
(Suleyman Raphael)

Como o sono, o orgasmo é um mergulho na amplidão do desconhecido e


aproxima- nos do sagrado. Quando regressar às mesquinharias da relação
amorosa, lembre-se de que a vocação essencial do amor é conduzir- nos à
plenitude.

Orgasmo é esquecimento e lembrança ao mesmo tempo. Esquecimento de tudo aquilo


que é mesquinho, que causa conflito, que é egoísta. Lembrança de uma vastidão
estranha e familiar, de uma escuridão que assusta mas protege, de uma satisfação em
que as carências desaparecem. Após o orgasmo, sobrevêm a queda é inevitável, mas
devemos guardar na memória esses momentos de qualidade inefável e lembrar
sempre que nosso ser pode atingir cumes de finura infinitamente distantes dos atritos
tolos e pueris aos quais nos prendemos em nosso quotidiano.

O Objetivo do Amor é conduzir-nos à plenitude do ser.


Unidade

50 Lições de Amor
(Suleyman Raphael)

A m o r pertence ao u n i v e r s o d o s e n t i m e n t o . O m e n t a l deve c o l a b o r a r c o m este


u n i v e r s o c o m p r e e n d e n d o - o . Q u a n d o não o c o m p r e e n d e , t o r n a - s e s e u c a r r a s c o .

Cabeça e coração, pensar e sentir. Dois mundos diferentes, estranhos, quase


irreconciliáveis. Em geral, um é frio demais, o outro excessivamente quente. O alvo de
Eros é o sentimento e é através deste que nos, comovemos e emocionamos. Quando
nos apaixonamos, o intelecto tende a reagir de várias maneiras: entrar em pânico,
racionalizar, apegar-se a conceitos aprendidos que nada têm a ver com a realidade
amorosa, desorientar-se, negar as emoções experimentadas. Quando isso ocorre,
devemos intervir, pois se o mental não acompanhar a^ experiência amorosa aliando-se
ao sentimento, esta será sofrida e conflituosa.

Só você fazer cabeça e coração formarem uma


unidade.
Amor maduro

(Autor desconhecido)

Amor maduro é aquele amor onde há uma gostosa conotação sexual, aliada a
uma profunda amizade, onde as coisas acontecem com tranqüilidade, agradavelmente
e tem reciprocidade.

Neste amor se tem a preocupação com o desenvolvimento e o bem estar do


ser amado e dele recebe a total abertura para ser você mesmo.
»
i
Há um engate emocional e um lugar para o engate físico, como algo
perfeitamente natural e necessário a satisfação de ambos.

Pôr isso quando se está livre para o amqr maduro ele está diretamente

relacionado ao desejo de fazer sexo ou melhor Fazer Amor.


A s razões do amor

Os místicos e os apaixonados concordam em que o amor não tem razões.


Angelus Silésius, místico medieval, disse que ele é como a rosa: "A rosa não tem
'porquês'. Ela floresce porque floresce."
Drummond repetiu a mesma coisa no seu poema "As sem-razões do amor". É
possível que ele tenha se inspirado nestes versos mesmo sem nunca os ter lido, pois
as coisas do amor circulam com o vento. "Eu te amo porque te amo..." -sem razões...
"Não precisas ser amante, e nem sempre saber sê-lo."
Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fossem
assim ele flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia
teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra.
"Amor é estado de graça e com amor não se paga." Nada mais falso do que o
ditado popular que afirma que "amor com amor se paga". O amor não é regido pela
lógica das trocas comerciais. Nada te devo. Nada me deves. Como a rosa que floresce
porque floresce, eu te amo porque te amo.
"Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira no eclipse. Amor
foge a dicionários e a regulamentos vários.. Amor não se troca... Porque amor é amor a
nada, feliz e forte em si mesmo ..."
Drummond tinha de estar apaixonado ao "escrever estes versos. Só os
apaixonados acreditam que o amor seja assim, tão sem razões. Mas eu, talvez por não
estar apaixonado (o que é uma pena . . . ) , suspeito que o coração tenha regulamentos e
dicionários, e Pascal me apoiaria, pois fohele'quem disse que "o coração tem razões
que a própria razão desconhece". Não é gué faltem razões ao coração, mas que suas
razões estão escritas numa língua que desconhecemos. Destas razões escritas em
língua estranha o próprio Drummond tinha conhecimento e se perguntava: "Como
decifrar pictogramas de há 10 mil anos se nem sei decifrar minha escrita interior? A
verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um
soco." O amor será isto: um soco que o desconhecido me dá?
Ao apaixonado a decifração desta língua está proibida, pois se ele a entender,
o amor se irá. Como na história de Barba Azul: se a porta proibida for aberta, a
felicidade estará perdida. Foi assim que o paraíso se perdeu: quando o amor - frágil
bolha de sabão -, não contente com sua felicidade inconsciente, se deixou morder pelo
desejo de saber. O amor não sabia que sua felicidade só pode existir na ignorância das
suas razões. Kierkegaard comentava o absurdo de se pedir dos amantes explicações
para o seu amor. A esta pergunta eles só possuem uma resposta: o silêncio. Mas que
se lhes; peça simplesmente falar sobre o seu amor - sem explicar. E eles falarão por
dias, sem parar...
Mas - eu já disse - não estou apaixonado. Olho para o amor com olhos de
suspeita, curiosos. Quero decifrar sua língua desconhecida. Procuro, ao contrário do
Drummond, as cem razões do amor...
Vou a Santo Agostinho, em busca de sua sabedoria. Releio as Confissões,
texto de um velho que meditava sobre o amor sem estar apaixonado. Possivelmente aí
se encontre a análise mais penetrante das razões do amor jamais escrita. E me
defronto com a pergunta que nenhum apaixonado poderia jamais fazer: "Que é que eu
amo quando amo o meu Deus?" Imaginem que um apaixonado fizesse essa pergunta à
sua amada: "Que é que eu amo quando te amo?" Seria, talvez, o fim de uma estória de
amor.
Pois esta pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar
a amada o amante está amando uma outra é ela. Nas palavras de Hermann Hesse, "o
que amamos e sempre um símbolo". Daí, conclui ele, a impossibilidade de fixar o seu
amor em qualquer coisa sobre a terra.
Variações sobre a impossível pergunta: Te amo, sim, mas não é bem a ti que
eu amo. Amo uma outra coisa misteriosa, que não conheço, mas que me parece ver
aflorar no teu rosto. Eu te amo porque no teu corpo um outro objeto se revela. Teu
corpo é lagoa encantada onde reflexos nadam como peixes fugidios... Como Narciso,
fico diante dele... 'No fundo de tua luz marinha nadam meus olhos, à procura...' (Cecília
Meireles). Por isto te amo, pelos peixes encantados,..
Mas eles são escorregadios, os peixes. Fogem. Escapam. Escondem-se.
Zombam de mim. Deslizam entre meus dedos. Eu te abraço para abraçar o que me
foge. Ao te possuir alegro-me na ilusão de os possuir. Tu és o lugar onde me encontro
com esta outra coisa que, por pura graça, sem razões, desceu sobre ti, como o Vento
desceu sobre a Virgem Bendita. Mas, por ser graça, sem razões, da mesma forma
como desceu poderá de novo partir. Se isto acontecer deixarei de te amar. E minha
busca recomeçará de novo... „
Esta é a dor que nenhum apaixonado suporta. A paixão se recusa a saber que
o rosto da pessoa amada (presente) apenas sugere o obscuro objeto do desejo
(ausente). A pessoa amada é metáfora de uma outra coisa. "O amor começa por uma
metáfora", diz Milan Kundera. "Ou melhor: o amor começa no momento em que uma
mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética."
Temos agora a chave para compreender as razões do amor: o amor nasce,
vive e morre pelo poder - delicado - da imagem poética que o amante pensou ver no
rosto- da amada'...
" ... Até que a morte..."

De vez em quando o diabo me aparece e temos longas conversas. Em nada se


parece com o que dizem dele: rabo, chifres, patas de bode e cheiro de enxofre.
Cavalheiro de voz mansa e racional, bem vestido, apreciador de desodorantes finos,
me surpreende sempre pela lógica dos seus argumentos. Nada de futilidades. Só fala
sobre o essencial, estilo que aprendeu com Deus, nos anos em que foi seu discípulo.
Percebi que era ele quando notei que trazia na sua mão direita o martelo e, na
esquerda, a bigorna. Pois esta é a sua missão: martelar as certezas, ferro contra ferro,
para ver se sobrevivem ao teste.
Já se preparava para dar a primeira martelada quando o interrompi:
- Que é isto que você vai bater? Acho que vai se partir em mil pedaços...
A coisa que estava sobre a bigorna ' m e parecia feita de louça, um bibelô
delicado e frágil, e lamentei que o diabo fosse esmigalhá-la.
- Não tenho outra alternativa - ele me respondeu. t

- É parte de uma aposta que fiz com Deus. Este bibelô delica, é o casamento.
E você pode estar certo: não resistirá ao ferro meu martelo!
Fiquei indignado que ele estivesse maquinando coisa tão perversa sobre coisa
tão sublime, e passei ao ataque.
- Não é à toa que os religiosos dizem que você é anti-Deus. Deus junta. Você
t

separa! A sua bigorna já destruiu muitos lares!


Ele não tinha pressa. Descansou o seu martelo e falou com voz imperturbada:
- Já estou acostumado às calúnias. Mas não existe coisa alguma mais distante
da verdade. Se há uma coisa que eu desejo é um casamento duradouro, até que a
morte os separe. Se ponho o casamento na bigorna é justamente para provar que a
receita do Criador não funciona. A minha é muito mais eficaz. O que digo pode parecer
estranho, mas você me dará razão se ouvir a minha história.
Como o meu silêncio indicasse minha disposição em ouvi-lo, ele continuou a
falar:
- Todo mundo sabe que, no início, eu era a mão direita de Deus. Estávamos de
acordo em tudo. Ele mandava, eu fazia. Foi por causa do casamento que nos
separamos. Até então trabalhávamos juntos. Quando Deus disse que não era bom que
o homem estivesse só, e melhor seria que ele tivesse uma mulher, eu concordei.
Quando Deus disse que esta união teria de ser sem fim, até a morte, eu aplaudi. Mas
aí apareceu o pomo da discórdia. Para colar o homem na mulher, Deus fá buscar uma
bisnaguinha de amor. Protestei. Argumentei:
- Senhor! Amor é coisa muito fraca, de duração efêmera!
Quem é colado com o amor logo se separa!
Citei o poeta: "Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito
enquanto dure!" Amor é chama tênue, fogo de palha. Não pode ser imortal. No começo,
aquele entusiasmo. Mas logo se apaga. Chama de vela, fraquinha, que se vai com
qualquer ventinho... Amor é bibelô de louça. Todos os amantes sabem disso, mesmo
os mais apaixonados. E não é por isto que sentem ciúmes? Ciúme é a consciência
dolorosa de que o objeto amado não é posse: ele pode voar a qualquer momento. Por
isto à amor é doloroso, está cheio de incertezas. Discreto tocar de dedos, suave
encontro de olhares: coisa deliciosa, sem dúvida.
E é por isso mesmo, por ser tão suave, que o amor se recusa a segurar. Amar é ter
união pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a
qualquer momento, ele pode voar.
Como construir uma união duradoura com cola tão fraquinha? Por isto os casais se
separam, por causa do amor, pela ilusão de um outro amor. Qualquer tolo sabe que o
pássaro só fica se estiver na gaiola. O amor é cola fraca para produzir um casamento
duradouro porque no amor vive o maior inimigo da estabilidade: a liberdade. É preciso
que o pássaro aprenda que é inútil bater as asas. Um casamento duradouro é aquele
em que o homem e a mulher perderam as ilusões do amor.
- Foi aí que nos separamos - ele continuou. - Não porque discordássemos que
o casamento deveria ser eterno. É isto que eu quero. Nos separamos porque não
estávamos de acordo sobre o que é que junta um homem e uma mulher, eternamente.
Deus é um romântico. Eu sou um realista.
Perplexo, lhe perguntei então:
- Qual foi então a sua proposta? Que cola deveria ser usada?
Ele sorriu, confiante, e respondeu:
- O ódio. Enganam-se aqueles que dizem que o ódio separa. A verdade é que
o ódio junta as pessoas. Como disse um jagunço do Guimarães Rosa, quem odeia o
outro, leva o outro para a cama. Diferente do fogo da vela, o fogo do ódio é como tini
vulcão. Não se apaga nunca. Por fora pode parecer adormecido. No fundo, as chamas
crepitam. A diferença entre os dois? O amor, por causa da liberdade, abre a mão e
deixa o outro ir. No amor existe a permanente possibilidade de separação. Mas o ódio
segura. Não tenha dúvidas. Os casamentos mais sólidos são baseados no ódio. E sabe
por que o ódio oão deixa ir? Porque ele não suporta a fantasia do outro, voando livre,
feliz. O ódio constrói gaiolas, e ali dentro ficam os dois, moendo-se mutuamente numa
máquina de moer carne que gira sem parar, cada um se nutrindo da infelicidade que
pode causar no outro. As pessoas ficam juntas para se torturarem. Não menospreze o
poder do sadismo. Ah! A suprema felicidade de fazer o outro infeliz!
Com estas palavras ele tomou do seu martelo e voltou ao seu trabalho:
- Tenho de provar que eu, e não Deus, sou quem sabe a receita do casamento
que só a morte pode separar.
Eu me persignei três vezes e compreendi que o inferno está mais perto do que
eu pensava.
A cena

Rubem Alves

Entre os poucos livros que tenho ao alcance da mão, na minha estante, está a
estória do amor de Tomas e Tereza, que Milan Kundera conta em A insustentável
leveza do ser. Tomas tinha tido muitas amantes. De todas as suas aventuras amorosas
"sua memória só registrava o estreito e íngreme caminho da conquista sexual. Todo o
resto (com um cuidado quase pedante) eliminara da memória." "Aventuras amorosas":
Tomas, na realidade, nunca estivera apaixonado. O seu horror ao amor era tal que
nunca permitia que uma mulher dormisse no seu apartamento. A idéia de acordar pela
manhã ao lado de qualquer mulher o incomodava tanto que, terminada a orgia sexual,
Tomas encontrava sempre uma forma de l e v l r a parceira de volta à casa. Ele se
parecia com o sultão d'As mil e unia noites: depois de uma noite de prazeres carnais, a
amante era decapitada... Era assim que Tomas se via, como animal caçador que
abandona a caça tão logo sua fome tivesse sido satisfeita.
Mas com Tereza tudo tinha sido diferente. N ã d que Tereza tivesse algum traço
especial, que a distinguisse das outras. Por mais que a examinasse, nada encontrava
nela que pudesse ser apontado como a razão para o seu amor. E, no entanto, sem
razões, o fato era que ele estava apaixonado por ela.
Sua aventura com Tereza tinha começado exatamente onde terminavam suas
aventuras com as outras mulheres. Ela se desenrolara do outro lado do imperativo que
o levava à conquista. Conhecera Tereza acidentalmente num bar de cidadezinha do
interior. Dissera-lhe, quase como uma brincadeira, que se fosse à capital que o
procurasse. E lhe dera o seu endereço. Tereza foi e o procurou. Chegara à capital
doente e não sabia para onde ir. Foi aí que a história de amor começou. Ela estava
ardendo em febre, adormecera no sofá da sala, e*ele não pudera levá-la de volta como
fazia com as outras. Para onde a levaria? Ajoelhado à sua cabeceira "ocorrera-lhe a
idéia de que ela viera para ele numa cesta sobre as águas".
Agora, à distância, pensava sobre as razões do seu amor e fazia, sem que
disso se desse conta, a insólita pergunta de Santo Agostinho: "Que é que amo quando
amo Tereza?" Tudo se tomava claro de repente. Foi pela beleza desta cena que ele se
apaixonara: Tereza, criança amedrontada, chegando aos seus braços com um pedido
de socorro. "A mulher não resiste à voz do que chama sua alma amedrontada; o
homem não resiste à mulher cuja alma se torna atenta à sua voz."
"Parece que existe no cérebro uma zona específica, que poderíamos chamar
de memória poética, que registra o que nos encantou, o que nos comoveu, o que dá
beleza à nossa vida. Desde que Tomas conhecera Tereza, nenhuma outra mulher tinha
o direito de deixar a marca, por efêmera que fosse, nessa zona do seu cérebro."
Agora, na sua memória poética, aquela cena permanecia imóvel,
imperturbável, fora do tempo. Era uma parte da sua alma. Não morreria jamais.
Vinícius de Moraes percebeu que o amor pela mulher não é eterno, posto que
é chama. Mas ele não percebeu que o amor pela bela cena permanece para sempre,
pois "o que a memória amou fica eterno".
"Que é que amo quando te amo?" Tomas amava Tereza porque amava antes
uma outra coisa: aquela cena bela e comovente que repentinamente brilhara em sua
imaginação. A mulher que ele amava era a Tereza daquela cena: a criança
amedrontada que lhe chegava numa cesta sobre as águas. Tereza poderia
abandoná-lo, deteriorar-se ou morrer. Mas a cena permaneceria inalterada, suspensa
na memória poética, como objeto de amor.
Amamos a bela cena antes de amar a pessoa. Por isto que Santo Agostinho
dizia, em suas Confissões: "Antes que te conhecesse eu já te amava. "Somos amantes
muito antes de nos encontrarmos com a mulher ou com o homem que será o objeto do
nosso amor. Somos como a criancinha que já ama o seio mesmo antes do primeiro
encontro. Sua memória poética sabe que ele existe.
A alma é uma coleção de belos quadros adormecidos, os seus rostos
envolvidos pela sombra. Sua beleza é triste e nostálgica porque, sendo moradores da
alma, sonhos, eles não existem do lado de fora. Vez por outra, entretanto,
defrontamo-nos com um rosto (ou será apenas uma voz, ou uma maneira de olhar, ou
um jeito da mão ...) que sem razões, faz a bela cena acordar. E somos possuídos pela
certeza de que este rosto que os olhos contemplam é o mesmo que, no quadro, está
escondido pela sombra. O corpo estremece. Está apaixonado.
Acontece, entretanto, que não existe coisa alguma que seja do tamanho do
nosso amor. A nossa fome de beleza é grande demais. Neruda dizia que ele seria
capaz de devorar o universo inteiro. Nas palavras da Adélia Prado, "para o desejo do
meu coração o mar é uma gota". E o amor se revela então como a coisa mais triste.
Cedo ou tarde descobrirá que o rosto não é aquele. E a bela cena retornará à sua
condição de sonho impossível da alma. E só restará a ela alimentar-se da nostalgia
que rosto algum poderá satisfazer...
Tênis x Frescobol

Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de


dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os
casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre
mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter
vida longa.
Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo
inteiramente. Dizia ele: "Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um
deveria se fazer a seguinte pergunta: 'Você crê que seria capaz de conversar com
prazer com esta pessoa até a sua velhice?' Tudo o mais no casamento é transitório,
mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de
conversar." *
Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da
cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres
do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos
sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se
podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava unia
longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se
calava e escutada as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da
palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre,
depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se
fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes Inexperientes,
fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: "Eu te amo, eu te
amo..." Barthes advertia: "Passada a primeira confissão, 'eu te amo' não quer dizer
mais nada." É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez
anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: "Erótica
é a alma."
O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota
se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o
outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu
adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito
sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O
prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode
mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a
alegria de uni e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma
bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola
veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo
para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe
adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou
ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que
ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é corno ejaculação precoce: um acidente
lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e
vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado.
Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém
marca pontos...
A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras.
Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá...
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à
espera cio momento certo para a cortada. Carnus anotava no seu diário pequenos
fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos
Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:
"Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A
segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos
do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro
domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um
sorriso: 'Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo'. A galeria torce e sorri pouco
à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: 'Tens razão, minha
querida'. A situação está salva e o ódio vai aumentando."
Tênis é assim: recebe-se o sonho do otitro para destruí-lo, arrebentá-lo, como
bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento.
Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol, é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser
preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte
é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres.
Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se
deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...
O Tratamento d o s Problemas Sexuais - Sofia Bauer

Todos sabemos que existem quatro sentimentos básicos: AMOR, RAIVA,


MEDO E TRISTEZA. Também sabemos que os afetos em desequilíbrio se derivam de
um trauma. E por trauma entendemos que houve alguma situação em que a
criança/indivíduo não suportou, ficando com um sentimento negativo bloqueado e
ligado à uma lembrança primária do evento. Assim, gerando a seguir um
encadenceamento, como uma espiral, de eventos futuros que passam pelo mesmo
sentimento negativo, reforçando-o seguidamente. Em psicanálise recalcamento e
retorno do recalcado são os nomes dados a este afeto vinculado a uma cena
traumatizante.
São marcas que ao pisarmos num ponto comum reforçamos. São marcas
mnêmicas.
Desta maneira, como em toda neurose, o corpo vem falar das emoções não
ditas e/ou evitadas. Os problemas sexuais sãd* exemplos de uma linguagem que vai
nos dizer sempre algo mais sobre as relações dos seres humanos.
Devemos observar, nos clientes que nos procuram sua história passada e seus
relacionamentos. Os ganhos secundários, as crenças limitantes, as relações
sistêmicas, são categorias importantes na avaliação destes pacientes.
Podemos observar que todos os seres humanos têm suas marcas afetivas.
Cenas infantis, as vezes, traumas que afetam nossas vidas, relacionamentos, sucesso,
trabalho e tudo mais. *
Teresa Robles chama de "pegadas", as marcas que fazemos ao respirarmos a
uma mesma emoção por diversas vezes. Pode .acontecer como por exemplo:
...Quando pequena a garotinha ficou chorando no berço enquanto a mãe
estava dando risadas com o pai no outro quarto... ela então pela 1 vez, ou uma das
a

primeiras vezes sentiu ... "minha mãe não gosta de mim / não sou amada o
suficiente"... aquilo marca uma "pegada"...
... Mais tarde por volta dos 4 anos, ela é-esquecida na escolinha... o pneu do
carro da mãe fura!... Não é culpa da mãe... que também está triste e desesperada...
mas a menina pensa e sente de novo: ...minha mãe não gosta de mim /não sou amada!
... Marca mais uma vez a pegada, reforçando e seqüestrando sentimentos,
seqüestrando toda a energia da criança...
... A história continua... a menina aos 7 anos não é escolhida pela professora
para alguma atividade importante... vem o mesmo sentimento...
... Depois aos 15 anos... o namorado atrasa para vir vê-la! Ela sente o mesmo!
Ele não me ama! E fica brava com ele. Perde o namorado...
... Mais tarde problemas com o chefe... ele não gosta de mim...
... Mais a frente ... aos 30 anos ... sem namorado e sentindo-se mal amada por
todos!!!
Este é um exemplo do que chamamos crença limitante, onde o recalcamento
faz a repetição do mesmo afeto em várias situações. É como se a pessoa atraísse para
si como ímã tudo de negativo que contribui para a afirmação da crença limitante
continue a mesma.
Vemos que em todas as psicopatologias isso acontece. Inclusive nas
psicopatologias sexuais. Portanto, devemos procurar lá atrás, na história, quais foram
as situações traumáticas que fizeram essa pessoa hoje sofrer de algum mal sexual.
Os exemplos que podemos citar:
• No caso da impotência quando este homem se sente impotente frente a
vida?
• No caso da ejaculação precoce a que ele está vetado de aproveitar, deleitar
sossegadamente?
• No caso do vaginismo da anorgasmia feminina o que também está proibido
de se sentir?
Com esta explicação já ficou claro que precisamos tratar do sintoma, mas
também precisamos regredir esta pessoa até as bases dos seus sentimentos
negativos.
Pela hipnose temos condições de fazermos regressão e também de mudar os
sintomas (mudando o padrão da sintomatologia). Devemos usar das duas
possibilidades.
Erickson era habilíssimo nestas abordagens. Por vezes, dava tarefas ou
sugestões pós-hipnóticas que mudavam o padrão do sintoma, ressignificavam a crença
limitante e em alguns casos utilizava a regressão como ajuda terapêutica.
No nosso caso, como psicoterapeutas devemos além de mexer no sintoma
como o Erickson fazia, devemos fazer regressão. As regressões levam aos primórdios
dos problemas que geraram as crenças limitantes.
O Erickson tinha um jeito especial, e assim ao dar a tarefa ou a sugestão pós-
hipnótica, ele já estava ressignificando o essencial. Não somos assim tão magníficos
como Erickson, por isso é mais cauteloso praticarmos a regressão via de regra!
Não devemos esquecer também das relações. Por isso as técnicas sistêmicas
de casal são necessárias. Algumas vezes, precisaremos de atender o casal em
v

conjunto. Em outras, perceberemos a necessidade do atendimento em separado.


Sabemos que muitos dos problemas sexuais com os casais, vem decorrente , de um
deles estar tendo uma relação extra-conjugal.
Um segredo destes não deve ser colocado abertamente para o casal. Deve-se
avaliar com cada parceiro, o que ele realmente deseja. O corpo dele já fala, não quer
sexo a não ser com seu amor verdadeiro de agora. Precisamos, então, lidar com estas
relações afetivas proibitivas. Ajudar os casais a resolverem suas verdades.
0 que importa é a verdade. O corpo fala das nossas sombras. Daquilo que
escondemos.
Tenha cuidado e paciência para ajudá-los a resolver da melhor maneira
possível!
Assim, em todos os casos, antes de tratar o problema como tal, tratar a
metáfora que o problema contém. Lembrando que cada caso é único.
Lembrar de observar: AMOR, AFETOS, CONFIANÇA, RELAÇÕES.
Os problemas sexuais são metáforas de outros problemas mais profundos dos
indivíduos que nos procuram.
Utilizamos da hipnose por vários motivos:
1 - Hipnose - leva a pessoa a aprender soltar-se, relaxar, abrir-se. Você pode
usar:
- Relaxar
- lugar agradável
- erguer / levantar
- penetrar fundo
- abrir
- demorar para comer um bom jantar
2 - Hipnose X regressão
Com técnicas hipnóticas podemos ir as origens dos traumas. Ressignificar
afetos, situações, atitudes, crenças limitantes.
Técnicas: Regressão Self - Relation do Gilligan
EMDR
Revisando passado para criar o futuro

3 - Dessensibilização - técnicas de imaginação visualizadas, contando


estórias, metamensagens. Você faz o sujeito experenciar mentalmente novas
aprendizagens, ressignificando novas possibilidades.

4 - Entrando pelo sintoma e saindo pela solução - no padrão do trabalho de


Milton Ehckson, a utilização de "vírus" que atrapalha o sintoma como é. Você verá
alguns casos do Erickson nesta apostila que ilustram bem está técnica. Sem
interpretar, ele utilizava o próprio sintoma do sujeito para cura-lo.
Vamos a seguir esquemas práticos de reflexão sobre cada problema
sexual e depois o resumo de um bom livro sobre Terapia Sexual.
Pense Disfunção Sexual

Problemas Afetivos

Amar
Sofrer
Ser Rejeitado
Não ser suficientemente competente
Não querer aquela pessoa
Não pode ser feliz
Ter que aproveitar depressa para não perder
Toda vez que se tem algo bom vem algo ruim

DISFUNÇÕES SEXUAIS
X
RELACIONAMENTOS
Devemos observar os relacionamentos das pessoas com disfunções sexuais.
Já vimos que existe material recalcado, afetos que podem se parecer com sofrimentos.
Precisamos ver como esta pessoa em questão se relaciona com o outro, o parceiro
amoroso.
O que verificamos é que sempre existe algo errado em comum entre o relacionamento e
a difunção sexual. > .
Uma pessoa feliz no seu relacionamento costuma querer fazer amor e o faz bem feito.

DISFUNÇÃO SEXUAL OU

AFETOS PERTUBADOS

TODO PROBLEMA SEXUAL ESTÁ LIGADORA UM DESAFETO ???

O que significa ter um desafeto?

O que significa estar bloqueado?

O que significa ter medo de amar?

O que significa ter falta de desejo?

O que significa ter dor ao ser penetrada?

O que significa sentir-se impotente para satisfazer uma mulher?

O que significa ter que comer depressa, por que o desejo vem e vai depressa?

PENSE NA IDÉIA DE ESTAR BLOQUEADO PARA SENTIR 0 AMOR.

PENSE NA IDÉIA DE SER APENAS SENSUAL MAS NÃO SEXUAL.

PENSE NA IDÉIA DE QUE HÁ COISAS INFANTIS NUM CORPO ADULTO.


Disfunções sexuais

Recalcamento

Quem não tem lá seus problemas infantis registrados num nível inconsciente?

O Recalque é uma forma protetora de sofrimentos já vividos na realidade


psíquica que nos impede de ir adiante naquilo que a mente tem como sofrimento.

O sintoma funciona como uma analogia do sofrimento.

O sintoma é o nosso sinal de alarme e o nosso aliado chamando


nossa atenção para algo que esta errado.

Preste atenção ao que o sintoma diz.

RECALCAMENTO

Operação pela qual o indivíduo procura repelir ou manter inconsciente representações


(pensamentos, palavras, imagens, recordações) ligadas a uma pulsão.
O Recalcamento acontece nos casos em que a satisfação de uma pulsão, suceptível de
por si mesma proporcionar prazer, ameaçaria provocar desprazer relativamente a outras
exigências.
Nos problemas sexuais há sempre algo que precisou ser recalcado a serviço do ego, para
salvar de uma suposta dor maior, que esta ligada a uma memória recalcada.
Por isso usamos da regressão como técnica de ataque.

O SINTOMA COMO SOLUÇÃO DO P R O B L E M A

O sintoma significa algo especial para cada pessoa.

Interprete-o como a saída.

Ele é uma aliado que mostra o que está errado.

Ele indica como a pessoa faz o seu próprio sofrimento.

Mas é o sintoma que mostra a esta mesma pessoa que ela precisa mudar
algumas coisas básicas em sua vida.

Pergunta básica - como você faz para tal coisa acontecer? Veja os passos, que
você então terá o caminho do que está errado. Este é apenas o sinal de alerta. Como
fica sua vida sem este problema?

O sintoma fala de um sofrimento. Os seres humanos são indivíduos que têm


suas diferenças básicas e portanto, cada caso deve ser considerado como uma
unidade. Sabemos que existem premissas básicas para cada tipo de problema.
Veremos o geral e você levará em conta o individual.
Hipnose no tratamento das disfunções sexuais

Hipnose é um meio regressivo.

I lipnose promove o relaxamento.

Hipnose abre a possibilidade às regressões.

I lipnose iilili/.ii de iéeniclís de vi/tuili/acão. sensações ITsieas. progressão.

Hipnose abre a possibilidade de experienciar e aprender aquilo que ainda não Ibi
aprendido.

Existe um tipo de hipnoterapia para focalizar a saída do problema para cada cliente.

A base será a mesma - Relaxar, soltar, regredir, sentir, ressignificar, aprender a amar
sem medo (primeiro de si mesmo)

Vamos aprender a fazer esta hipnose única para cada caso.


O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

É preciso verificar o desenvolvimento infantil da pessoa.

1. Origem familiar - Como são os pais qual a educação recebida as proibições,


palavras, atitudes.

2. Religiosidade

3. Atitudes atuais em relacionamentos afetivos é compatível com a idade ou podem


ser mais compatíveis com uma criança ou adolescente?

4. As leis que prevalecem.

5. O que considera normal para uma vida sexual?

6. Tabus e Mitos

7. É só sensual? E o lado sexual como anda?

São perguntas,entre outras.que você pode fazer para averiguar a idade sexual
em questão.

Devemos sempre ter em mente que existe material recalcado e que devemos
procurar pistas conscientes para nossa busca inconsciente.
Algumas perguntas sugestivas

Sobre a masturbação:

Se já se masturbou, freqüência, se tem algum preconceito, quando foi a primeira vez.

Quando foi a sua primeira experiência sexual?

Como se saiu nela?

Houve orgasmo?

Detalhes para uma possível regressão e ressigftificação deste momento.

O que pensa sobre virgindade? E sobre ter relações sexuais antes do


casamento?

Sua religiosidade permite o sexo?


Como?
• -v
Sua família de origem o que pensa sobre sexo?
O que eles te ensinaram?
Era proibido?
Se falava em sexo em casa?
Anorgasmia
( a mulher é controladora)

O que impede esta mulher de ter prazer?

Ela está proibida porque ainda está imatura?


Se há ganhos secundários?

Serão questões de recalcamento, aquilo que não pode fazer porque aprendeu
assim em casa com os pais? Ou porque viu algum sofrimento nas relações amorosas
de seus respectivos pais? Ou porque tem medo de se entregar e perder o controle?

Deixe vir suas próprias indagações e veja como este sintoma pode ser
particular a sua cliente.

Ao que ela não quer se abrir? Ao amor, aos relacionamentos, ao padrão de


pecado dos pais, a perder o controle?

E perder o controle, pode ter um significado errado para sua cliente. Perder o
controle pode ser algo bastante prazeroso, mas devemos reassegurar a pessoa em
questão que o caso aqui é ganhar prazer eisto"também pode ser um bom controle.

TÉCNICAS - Relaxamento - vem comigo


Regressão, Ressignificação
Controlar poder receber
Infecções Femininas Recorrentes

Cistites
Candidiase
Outras

Verificar algum sofrimento provável na relação amorosa.

Verificar a presença ou não de orgasmos

Verificar a culpa sexual

Verificar os pontos de estresse

Verificar a leitura pessoal de prazer sexual.

Transe de Relaxamento *• "


Abertura ao prazer
Soltar, abrir e gozaria vida.

A Regressão ajuda a identificar os mitos do prazer sexual, a desmitificar o


poder amar sem barreiras e a ressignificar.
A Ejaculação Precoce

Acontece em temperamentos agitados.

E freqüentemente em homens mais sensíveis e com uma parada no


desenvolvimento psicosexual. Procurando percebe-se um bloqueio no ser homem,
ainda com atitudes mais infantis.

Verifica-se também uma urgência em obter prazer.

No transe, desenvolve-se a capacidade de fazer as coisas mais lentamente.


Comer mais devagar faz apreciar melhor o prato que se come. Como este homem
normalmente come suas refeições? Como faz suas atividades do dja a dia?

Relaxamento
Curtir um lugar agradável
Dessensibilização
Regressão
Progressão
Impotência

O que tornaria uma pessoa impotente?

Um pensamento?

Uma atitude?

Auto estima baixa?

Falta de educação sexual?

Liberdade sexual?

Mito de ser infeliz?

O que, mais poderia tornar este homem que você atende, sentindo-se
impotente frente a vida? 1

Transe-

Relaxamento com levantamento de todas as possibilidades de bem estar.

Levitação das mãos com sugestões embutidas de outras possíveis levitações.

Aumentar o bem estar - Lugar agradável, tirando a conotação de obrigação.

Regressão mais progressão.


O Uso de Hipnose em Distúrbios Sexuais
R e s u m o d o livro de Daniel A r a o z

O uso da hipnose no tratamento de distúrbios sexuais é bastante eficiente.


Inicialmente relatarei as técnicas de uma forma geral , além de um breve resumo das
principais disfunções. Depois abordarei as técnicas de uma forma mais precisa.

Técnicas gerais -

1 - Terapia sistêmica do casal - Buscar o amor verdadeiro, ver se o distúrbio sexual


não deriva da problemática do c a s a l . Fazer um diagnóstico claro disto.
2 - Ganhos secundários - Trabalhar os ganhos Secundários, os sistemas de crenças
especialmente os sexuais. Usar o Estados de Ego de Watkhins .
3 - Técnicas diagnosticas - Usar: Sabedoria pessoal; Estados de ego; Revisão interna,
ver a pessoa sob o âmbito s e x u a l , sensual e amorosamente.
4 - Interrogatório Ideomotor - Você quer resolver o problema; Você está preparado; O
que deseja alcançar hoje.
5 - Deslocamentos - Técnicas de deslocamento:
• Lugar agradável associado ao deslocamento.
• Relaxamento e deslocamento.
• Levitação de mãos e deslocamento, acrescentar ensinamentos.
• Hipersenssibilidade associada a deslocamento, acrescentar ensinamentos.
• Anestesia associado a deslocamento, acrescentar ensinamentos.

6 - Uso do sintoma - injetar um vírus no padrão do sintoma através de sugestão pós


hipnótica. -v
7 - Regressão - pode ser usado a técnica dos sete passos do Gilligan, ou mesmo
outras técnicas para trabalhar questões sexuais infantis, mitos, o proibido e abusos
Tentando buscar as primeiras cenas sexuais.
8 - Ensinamentos sexuais
As principais disfunções sexuais -
Disfunções Masculinas -

Ejaculação precoce - A ejaculação precoce esta ligada a uma falta de consciência


sensorial do corpo. As principais técnicas hipnóticas a se usar:
• Relaxamento .
• Lugar agradável ( associar o lugar a comer apreciando, entre outros)
• Dessensibilização dó dedo.
• Regressão e progressão de idade.
• Ensinamentos sexuais.
Impotência - A impotência tem uma relação com a impotência frente a vida. As
principais técnicas, são:
• Relaxamento e lugar agradável.
• Levitação de braço.
• Regressão a momentos importantes.
• Regressão /progressão de idade.
Disfunções femininas -

Vaginismo e anorgasmia - O vaginismo é uma contração muscular grande da


vagina que gera muita dor. Esta ligado a uma proibição de ser sexualmente adulta. As
principais técnicas hipnóticas, são :
• Relaxamento e lugar agradável.
Regressão e progressão de idade ressignificando algumas situações, vendo a
importância de crescer.
Ensinamentos sexuais.

Disorgasmia e problemas com infecções recorrentes - Esta disfunção fala de


um choro interno. Esta ligado a um desagrado, culpa, medo e castigo com relação ao
ato sexual. As principais técnicas, são :
Ensinamentos sexuais. *
• Regressão e progressão de idade.
Ressignificação.
>

I- Hlpnotorapla Soxual : Técnicas Gorais

1- Sensualidade - v -

O movimento natural da sensualidade e da sexualidade não pode ser ignorado.


A sensualidade é prazerosa, infantil , divertida e recheada de jogos. Através da hipnose
a pessoa pode recuperar a sensualidade do passado e colocá-la a serviço de sua
personalidade.

2- Enfoque sistêmico - ^

Na hipnoterapia sexual deve-se pensar sistemicamente. Um sintoma sexual


sempre envolve um casal onde, o sintoma de um dos membros reflete no
funcionamento do sistema completo. As técnicas hipnóticas podem e devem ser
usadas no casal. Mulher anorgásmica x ejaculador precoce = dispareunia.

3- Técnicas diagnosticas -

Em qualquer técnica diagnostica deve se buscar um "descobrir" progressivo:


a)- Identificar claramente o problema;
b)- Chegar ao significado do problema;
cj- Verificar se a mente consciente esta pronta para trabalhar, e desfazer-se
do sintoma. Para a exploração da origem do sintoma, devemos utilizar as
seguintes técnicas:

• Exame sexual encoberto - Estando o cliente em transe, se solicita que se imagine


nu diante de um espelho triplo , pede-se então que descreva cada parte do seu
corpo. Observar: a)- onde o cliente inicia a sua descrição ; b)- que áreas este omite;
c)- que áreas ele descreve de uma forma excessiva;
d)- onde este finaliza a sua observação. Perguntar, levando em conta esses pontos, e
incentivar ao cliente a fazer associações com memórias passadas e as diferenças
com relação ao parceiro.

• Sabedoria inconsciente - Também em transe utiliza-se o método naturalista de


Milton Erickson, se induz a pessoa a confiar na sua sabedoria interna e
inconsciente para que esta revele ao consciente a natureza real do problema. Pode
se sugerir que visualize uma bola de cristal, ou uma tela de projeção como se fosse
um sonho. Pode se usar a mesma técnica com o casal.

• Interrogatório ideomotor - Coloca-se a pessoa em transe e utiliza-se dos dedos para


dar a reposta. Fazem-se perguntas do tipo: o sintoma é uma mensagem da mente
interior?; Sua mente consciente esta preparada para trocar as causas do sintoma?
Neste método um dedo deve representar a palavra sim, o outro a palavra não,
sendo que a ausência de movimentos representaria que a pessoa não deseja
responder. Ou usar cineslologia, técnica do dedo em anel.

• Supermemória - Pede-se que o paciente em transe observe com todos os detalhes


como se fosse um filme ou slides familiares, tudo*que aconteceu no meio familiar,
assim como as sentimentos e expectativas que possam esta relacionado com os
seus problemas sexuais. A compreensão histórica e relacional do sintoma é obtida
através desta técnica. É uma técnica-basicamente individual onde a presença do
parceiro serve como apoio .

• Tempo Futuro - Convida-se o casal a visualizar uma dupla tela de projeção na sua
mente. Pede-se que si vejam atualmente, com suas dificuldades sexuais ainda por
resolver. Na outra tela peça que eles imaginem-se no futuro, cercando e
solucionando o seu problema. Peça que coloquem os seus sentimentos positivos,
suas percepções da experiência do futuro. Muitas vezes está técnica redefine o
problema ou oferece informações sobre a sua solução.

4- Técnicas Exploratórias -
Muitas vezes em terapia sexual existem ramificações do sintoma sexual em
outras áreas da personalidade, que repercute em prejuízo para o processo terapêutico,
As principais técnicas, são :

• Expectativas - Com o casal em hipnose, um deles se imagina em um lugar


perfeitamente seguro e cômodo, porém complemente escuro. Faz-se referência ao
problema sexual, pede-se ao cliente que experimente uma ansiosa antecipação:
algo importante, algo enriquecedor irá ocorrer, uma surpresa significativa, algo novo
para aprender, conhecer, saber, lentamente e muito gradualmente, um lugar que
precisa ser iluminado. O cliente olha a seu redor, observa, sente, percebe coisas
novas, enquanto o terapeuta continua falando, sobre o fabuloso entusiasmo de
aprender sozinho, nesse momento une-se ao outro membro do casal.

• Visão Interna - Outra técnica para descobrir e explorar o material inconsciente, é


visualizar uma radiografia da mente, para se obter um novo discernimento do que
ocorre atualmente na vida do cliente, tornando possível o sintoma aparecer.
Pede-se ao cliente que visualize a sua mente como um computador muito avançado
^ nnrmiH m ia onarora n a t o l a t o d a a infnrmar.ân relar.innada com O Droblema
sexual. Shorr oferece uma larga lista de técnicas úteis para a exploração aos
processos inconscientes.

• O Corpo Fala - Outra técnica exploratória, é solicitar ao casal que pense em seu
problema sexual e ao mesmo tempo que se faça consciente qualquer sensação
física que surja em seus corpos. Estas são sensações cenestésicas, gustativas e de
olfato, também estão presentes sensações auditivas e visuais. Uma vez que estas
sensações são percebidas claramente, deve-se experimentar o afeto que
provocam. Finalmente, se inicia a busca da possível conexão destas sensações e
sentimentos com o problema sexual. Então pede-se o seguinte: "Permita que a sua
mente interior te ajude a compreender porque sentiste estas sensações e emoções,
quando pensas em teu problema sexual". Se não surgir uma resposta, sugere-se
que a mente interior, passe esta informação a mente consciente durante um sonho,
ou num momento inesperado durante as atividades do dia.

5 - O Uso do Sintoma - *

Trata-se de focalizar a atenção na sintomatologia ao invés das implicações e


razões inconscientes. Os terapeutas tradicionais tendem a preocupar-se com uma
substituição do sintoma. Na realidade, há evidências„que parecem confirmar o que os
terapeutas sexuais sabiam a muito tempo, que freqüentemente retirar um sintoma
beneficia a personalidade como um todo. Continuando descrevo três maneiras de usar
o sintoma com hipnose, sendo que nãq^há; indicações clínicas para não enfocar o
sintoma. , .
A combinação da imaginação e da sugestão são a raiz de todas as técnicas de
uso do sintoma. Como já foi mencionado, todas as sugestões devem estar
egosintônicas e idiossincráticas, baseadas em que o cliente revela no início do
tratamento . Antes de trabalhar diretamente com um sintoma, o terapeuta sexual deve
saber como pensa o cliente e como esta técnica afetará sua vida, que expectativas e
medos tem. Pergunte a pessoa a respeito da técnica , que vantagens e desvantagens
imagina que obterá ao ser liberado deste sintoma, e assim sucessivamente. Técnicas
do uso do sintoma :

• Estados de Ego - Com isto em mente, se pode utilizar com proveito a forma de
terapia de estados de ego, ao estilo de Watkins , visualizando uma auto negociação
ou uma briga da parte sintomática com a parte não sintomática, sendo esta última
mais poderosa que a primeira. Se a pessoa visualiza a parte não sintomática como
fraca, se deve dar tempo para fortalecer e fazer crescer essa parte da
personalidade, antes de começar uma negociação ou luta com a sintomática.
Convinda-se o casal a participar desta experiência.

• O Sintoma como Mensagem - Uma variação desta técnica é sugerir, uma vez que a
pessoa se encontre em hipnose, que o sintoma aparecerá em sua mente como algo
concreto: um ser vivo (um humano, um animal, um anjo, etc), uma cor, um som,
uma figura ou uma forma, ou uma combinação de todas estas coisas. É importante
sugerir ao casal para que imaginem também esta materialização do sintoma e
cooperem para sua mudança ou desaparecimento. Dependendo do que aparecerá
na mente da pessoa, o terapeuta fará as suas sugestões de forma apropriadas. Em
um caso de ejaculação precoce, o homem vê o seu problema como um roedor
pequeno comendo rapidamente o seu interior. Quando se perguntou o que ele
estava comendo, disse, "algo como um fio... um fio elétrico". Quando se pergunta -
acerca do fio, o homem informa que este se conecta com seu penis e se manterá
assim até ejacular. Então sugiro que ao pensar no fio, imagine que está protegido
por uma forte cobertura metálica. Quando não responde a esta sugestão, lhe sugiro
eletrocutar o roedor a fim de evitar que lhe cause mais danos. Isto sendo aceito o
sintoma desaparecerá, ele então conseguirá sustentar relações sexuais.

• Bem Estar - Outra técnica é ajudar a pessoa a concertar-se mentalmente nas forças
de seu corpo. C o m grandes detalhes, o terapeuta se refere simbolicamente a saúde
e aos processos de cura do seu corpo, como o sistema imunológico, e aos
diferentes órgãos como o baço, o fígado, os rins. Sugere que um riacho que corre
fluido, cálido, poderoso, como uma luz curativa e assim sucessivamente por esses
órgãos. Que as forças da saúde, sejam dirigidas aos órgãos sexuais e suas
conexões com o sistema nervoso e muscular. Dar ênfases ao fluxo da saúde, a
curar, ao fortalecimento, a rejuvenescer o aparato sexual completo desde o cérebro
até os órgãos genitais. É importante ressaltar a facilidade com que o corpo funciona
quando está saudável, e que o eixo sexual é uma função natural, normal do corpo.
Que a pessoa tem uma força interna para liberar as forças curativas que realizarão
o seu trabalho no corpo e que estas farão da vida da pessoa uma experiência mais
rica. Na prática clínica combino varias técnicas, quase nuqca utilizo uma só,
especialmente quando se trata de intervenções diretas usando o sintoma. Depois
de desaparecer o sintoma, convido o casal a descobrir seu significado.
• Técnicas de Ehckson - modificar o padrão do sintoma

6 - Técnicas de, D e s l o c a m e n t o s d o S i n t o m a -
Consiste em produzir hipnóticamente uma experiência em alguma parte do corpo que
vai ser deslocada para outra. Em medicina,, uma maneira de produzir analgesia
hipnótica é provocando o entumecimento de uma mão, e desloca-la depois a área
afetada. As principais técnicas, são:

• Ponte Afetiva - A ponte afetiva de Watkins, mencionado anteriormente ao falar de


técnicas exploratórias é um bom exemplo de deslocamento. Se orienta ao cliente a
experimentar os sentimentos desagradáveis conectados com o problema sexual,
pede-se intensificação destes até que se convertam em uma ponte de recordações
que o conduza a algum momento de sua vida, que produza o mesmo efeito ou
ocorreu o mesmo sentimento. Este sentimento, é comum a situação atual e a um
estado de ego anterior se converte em uma ponte para recuperar o controle dos
sintomas que vão se retirar.
• Relaxamento - Se pede ao cliente que relaxe, se necessário, o guie
progressivamente através de diferentes grupos musculares, usando o método de
tensão e relaxamento muscular. O induz a experimentar-se, relaxando-se a um
mais profundo lugar cômodo, belo e seguro, eleito por ele. De preferência no
exterior de onde possa gozar com todos seus sentidos ao mesmo tempo que se
relaxa profundamente! O terapeuta diz ao casal quando estão disponível, que
alentem sentimentos de bem estar, confiança, força interior e segurança. Depois,
deste relaxamento geral se desloca para a área sexual, regressando a cena
relaxante cada vez que surge algum tipo de tensão, e envolvendo a área sexual
quando se libera essa tensão. Este processo continua até que a pessoa tenha
deslocado complemente a rejeição geral a área s e x u a l .
II - Técnicas Hipnóticas para tratamento de disfunções sexuais femininas -

1 - Disfunção vasocongestiva - (DVC)

Kaplan foi quem diferenciou pela primeira vez entre problemas femininos de
excitação e disfunção orgásmica, denominando a ambos, como disfunção sexual geral
(DSG) ou falta de resposta sexual feminina. Jehu criou o termo que estou utilizando
(disfunção vasocongestiva), que é mais preciso e denomina os problemas de
excitação, sem considerar suas possíveis origens na abulia sexual, como os termos de
Kaplan. A DVC se refere a excitação fisiológica inadequada, e sua, vasocongestão
genital parcial, ou ausente ou com pouca lubrificação, que produz pouco ou nenhum
prazer erótico diante da estimulação sexual.
As técnica gerais e as específicas, que se podem combinar na prática clínica,
ou a serem utilizadas para tratar outras disfunções sexuais, são:
*
• Imaginação Sexual - O casal deve estar presente desde a primeira sessão, se a
cliente estiver de acordo. Trabalha-se primeiro com ela e depois, com os dois.
Pede-se que em hipnose revise mentalmente o desenvolvimento dos seus
pensamentos sexuais, desde e o inicio, os primeiros momentos de proximidade
física e desejos sexuais, permitindo todo o tempo necessário. A mulher pode
necessitar se ver desejada, amada, ver que seu parceiro se preocupa com ela, mas
deve estar complemente vestida. Deve-se ajuda-la a se envolver em uma cena
mental, em que concentre-se nos sentimentos positivos, por exemplo: "Se sinta
muito bem por estarem juntos, abraçando-se, se desejando muito, sentindo quando
ele está nos seus braços, com seus "abraços, com seus beijos", e assim
sucessivamente. Dependendo de sua comodidade e seu relaxamento, o terapeuta
!
pode ir mais longe: "Desejas ter mais contato com seu ser, sentir teu corpo cálido,
reconfortante. Sentir-se natural por estar parcialmente se desnudando, juntos,
sentindo também a calidez dos seus corpos, pé com pé, com carinho e prazer,
sentir a felicidade de estarem vivos, fazendo amor", ou com afirmações similares. É
necessário que eles mantenham-se comunicando o que acontece e que o terapeuta
observe com cuidado para detectar sinais físicos que possa indicar incômodo. Se o
terapeuta detecta um movimento ou uma expressão facial que indique tensão, deve
perguntar:" ... você está bem"; "podemos continuar?"," está prazeroso?" e outras
perguntas deste tipo. Finalmente, o terapeuta ajuda a pessoa a concentrar-se mais
concretamente em seu corpo e em seus genitais: "É tão agradável sentir-se tão
relaxada e ainda assim bastante excitada. Sim, seu corpo deseja o sexo tanto
quanto sua mente. E sente dentro de você, lubrificada, aberta e cálida. E se sente
tão bem. Seu corpo está cada vez mais pronto, com cada respiração, a cada
segundo que passa, aberta, cálida, úmida. É tão maravilhoso sentir esta paz
interior, este desejo físico; Seu corpo aberto, ansioso, pronto", etc. As sugestões
pós hipnóticas devem associar este exercício com situações onde ela se encontra
com seu parceiro sexual. Nesses momentos ela pode sugerir a si mesma, por
exemplo: "Mais e mais, o sexo se da entre todos e meu corpo relaciona-se da
mesma e maravilhosa maneira, me sinto relaxada, muito bem. Meu corpo está em
harmonia com desejo, contato físico, prazer e excitação". Todas estas afirmações,
são repetidas ou se prolongam, de acordo com o ritmo ou necessidade da cliente. A
estimula a praticar este exercício em casa, gravando-se o transe.
Se dão as instruções para que o objetivo é o exercício e não somente escutar a fita.
a gravação deve ser devolvida , na sessão seguinte, para que o terapeuta conserve
o controle do que se grava e como é utilizado. Esta é uma técnica geral, que com
as modificações adequadas, pode ser utilizada para tratar outras dificuldades
sexuais. Como disse anteriormente, o casal sexual deve ser convidado a participar
nas sessões hipnóticas quando estiverem prontos. Nesses momentos o terapeuta
adaptará as afirmações para os dois.

• Diminuição da Tensão - Esta técnica, é similar a técnica de Relaxamento do


capítulo anterior, porém concentrando-se na área pélvica, enfatiza-se forças
curativas do corpo, liberando-as, para que fluam natural e poderosamente por meio
de imagens mentais. Portanto, uma vez que a mulher se encontra sob hipnose, o
terapeuta pode usar a técnica de relaxamento combinada com o de bem estar do
mesmo. Se deve avançar gradualmente, no relaxamento geral, da área pélvica,
dirigindo-se a parte por parte, por exernplo: "As paredes de sua vagina, a
profundidade de sua vagina". Não é necessário utilizar expressões técnicas ou ser
anatomicamente exato, o objetivo desta técnica é liberar a mulher das tensões
mentais que a Inibem o funcionamento normal de seu corpo em uma situação
sexual. Uma vez mais, como na técnica de* imaginação sexual dinâmica, é
importante fazer sugestões pós hipnóticas relacionadas com situações eróticas com
o esposo ou parceiro sexual. Quando for possível, este último deve estar presente
durante as« sessões hipnóticas a fim dé ajudar no relaxamento e no retirar das
tensões, por que freqüentemente as'suas próprias tensões contribuem com as da
mulher. *

• Salivação - Esta técnica se baseia na fisiologia da excitação sexual feminina.


Normalmente a estimulação erótica produz uma lubrificação vaginal . Durante uma
estimulação sexual os vasos capilares se enchem de sangue na região dos órgãos
genitais. Como conseqüência os vasos capilares transpiram um liquido para a
parede vaginal. A salivação é uma experiência semelhante a umidade vaginal,
então se associa os dois fenômenos. Se ajuda a paciente em transe a associar a
salivação a lubrificação vaginal. Durante o transe se sugestiona a mulher a imaginar
um alimento saudável e saboroso que ela goste. Faça com que ela crie imagens
mentais que a tornem capaz de aumentar a salivação. Depois se associa a
salivação a lubrificação vaginal, desta forma: "Assim como sua boca aumenta o
fluxo de saliva, você fará sua vagina aumentar a lubrificação na próxima vez que se
sentir excitada."... "e cada vez que sentir-se assim, sua vagina incrementará a
umidade. Será uma experiência agradável, estar úmida, sentir-se cálida, aberta e
pronta; cada vez que sentir sexualmente excitada seu corpo respondera de maneira
maravilhosa".

2 - Vaginismo -

O vaginismo é um espasmo involuntário do esfíncter da vagina e dos músculos


elevadores do anus, localizados na terça parte externa da vagina e no perino, quando
um objeto, incluindo o pênis ereto, entra em contato com os pequenos lábios. A esta
disfunção denominamos vaginismo e pode ser tratada com hipnoterapia sexual.
Se pode tratar com as técnicas de imaginação sexual dinâmica e retirando a
tensão. O relaxamento é essencial para retirar o medo e a possível culpa relacionadas
com a experiência sexual. Pode-se propiciar a imagem mental dos músculos
controlando a área pélvica por completo, especialmente a vagina, como cintas que se
pode diminuir a tensão. Pede-se a mulher que descreva a tensão e utilize da imagem
para a sua diminuição.
Também para o vaginismo podem ser úteis as técnicas exploratórias
mencionadas no capítulo anterior. Muitas clientes comentam que não compreendem o
que acontece com seu corpo: "não tenho controle sobre ele", "não sei de onde provem
isto", são comentários típicos, chaves para que o hipnoterapeuta sexual as ajude a
explorar o que acontece.

3 - Preorgasmia (disorgamia, anorgasmia)

A mulher se interessa pelo sexo, deseja desfruta-lo, tem estímulos eróticos e


excitação, mas não alcança o clímax. A falta de orgasmo não significa
necessariamente falta de prazer sexual. As principais técnicas para este sintoma, são:

• Viagem Corporal - Esta técnica consiste em imaginar-se, em hipnose, uma viajem


ao longo das áreas genitais. Se pede a mulher hipnotizada ver-se dentro de sua
vagina, como se fosse por exemplo, um engenheiro verificando cada detalhe de
uma construção, começando pela sua entrada os quartos, o corredor. Deve ver-se,
sentindo sua entrada, teto, paredes, tocando suas bordas indo ao fundo, verificando
pontos especiais, deixando intencionalmente que o cliente eleja o significado da
frase: pontos especiais, quando pensar err\ seus órgãos genitais. Se pede à mulher
que verifique em áreas os pontos respondem a sensações agradáveis. Ha prazer
em algum ponto? Ver que áreas respondem com prazer com o contato, a pequenas
batidas, a esfregar, a pressão e a qualquer outra forma de contato. Entretanto o
hipnoterapeuta sexual deve obter comentários e retroalimentação do cliente, para
seguir seus passos, sem se apressar utilizando perguntas sensíveis como: "Está se
concentrando nisto?", "Está ainda no exercício?". As respostas oferecem
informações necessárias de como continuar. Quando ela descobre de onde se
origina o prazer, se estimula a visualizar o prazer como um som, uma sensação, um
perfume, uma cor, um sabor, ou uma combinação de todos, permanecendo com
ele, se introduz a ele um incremento ou diminuição uma ou quantas vezes se fizer
necessário. Quando esta sentir-se cômoda a esta experiência mental de prazer,
ainda relaxada, em hipnose, se inclui o seu amante ou seu esposo nesta
imaginação. Nesse momento se associa com o prazer. Esta cena em transe se
prolonga até que a cliente se relaxe, se sinta cômoda e contente com a experiência.
Se estimula que repita este exercício de auto hipnose, quantas vezes for possível,
se possível junto com o esposo ou amante. As sugestões pós hipnóticas deverão
estar relacionadas com a situação real de coito e prazer.

4 - Dispareunia -

A maioria dos casos em que algumas patologias orgânicas causam dor durante
ou depois do coito existem fatores psicológicos que freqüentemente contribuem com a
disfunção. As técnicas hipnóticas são de grande auxilio ao trabalho ginecológico, o
terapeuta tem que estar atento a respostas condicionadas e a auto-hipnose negativa.
5 - Prazer i n a d e q u a d o -

O prazer inadequado abarca, desde de formas menores de insatisfação com a


reposta sexual, até a anestesia real da área sexual, a ausência de sentimentos eróticos'
frente a estimulação sexual, apesar de existir resposta fisiológica normal, inclusive com
contrações orgasmicas. A característica comum, é a insatisfação subjetiva causada
pela ausência de prazer, ou porque o prazer é inadequado, como em mulheres que
alcançam o clímax depois de uma breve estimulação e experimentam seu orgasmo
como débil, com prazer erótico mínimo ou sua ausência.
• Manipulação dos sintomas - Sem esquecer a necessidade de combinar a hipnose
com manobras de condutas, os métodos de manipulação de sintomas de Kroger,
são muito úteis em alguns casos, por exemplo, uma mulher sem sensações eróticas
pode ser ajudada a manter o sintoma na área completa, "excetuando uma pequena
porção dela em que sentirá novas sensações prazerosas". Isto acontece melhor
depois que ela tenha aprendido a alterar mentalmente a percepção de sensações
como a temperatura, o tamanho das s u a i extremidades, etc. Se puder alterar
outras sensações hipnoticamente, se dará conta de que pode controlar seu
sintoma. Como podem existir razões psicodinâmicas para o prazer inadequado, se
recomenda uma aproximação progressiva.
*
• Distorção do tempo - Para aquelas mulheres que alcançam o clímax demasiado
porém com muito pouco prazer, assim como para os ejaculadores precoces, são
úteis diferentes formas de distorção - do tempo que, depois de serem
experimentadas, podem ser transferidas a situação sexual. Assim, a uma mulher
que diz que nunca tenha tido um orgasmo completo e sempre chega muito excitada
para a relação, ajudá-la a experimentar distorções do tempo sonhando um sonho
elaborado durante um minuto e revisando depois de todos os eventos agradáveis
de sua vida, em somente 60 segundos. Coloco em hipnose e lhe digo: "Durante os
próximos 60 segundos será capaz de desfrutar a história mais fantástica a maneira
de sonho. Será uma história complicada, porém clara, porque serás uma parte
dela". Se utilizarão palavras similares para a revisão de sua vida. Quando sair do
transe dar ênfase para se habituar com o exercício.

Comentários Finais -

Devemos desmistificar a idéia que uma pessoa feliz não tem fantasias e que só as
pessoas insatisfeitas as tem. Mulheres saudáveis também tem muitas fantasias mesmo
com amantes imaginários. Ao utilizar as técnicas hipnóticas evite a intelectualização e
argumentos racionais. Sempre integre a imaginação sexual com sugestões de prazer,
permitindo as mulheres terem atividade mental sem culpa. Estar atento ao mito pseudo
cultural de inveja do pênis. Estar atento a questões diagnosticas pois muitas vezes é
mais fácil culpar as mulheres pelas dificuldades sexuais do casal, não etiquetando a
mulher como paciente identificado.
Ill - Técnicas Hipnóticas para o Tratamento de Disfunções Sexuais Masculinas -

A maioria das dificuldades sexuais masculinas se derivam da suscetibilidade


masculina em relação a sua perícia ou potência sexual. Os homens devem ter
consciência de sua auto hipnose negativa, que reponde à expectativas sociais e
culturais de um comportamento chamado masculino, isto é : ser forte ; duro; enérgico;
decidido; e agressivo. Não é atoa que os homens se sentem abatidos diante das suas
dificuldades sexuais;

1 - Disfunção Vasocongestiva (DVC) -

As Disfunções Vasocongestiva ( DVC ) são relacionadas às disfunções


erécteis. Inicialmente, deve-se obter um diagnóstico diferencial clínico antes de supor
que possa ser psicogênico. Fisiologicamente as disfunções erécteis podem estar
associadas a sintomas de doenças, como: disfunções endócrinas, diabetes, entre
outras. As principais técnicas hipnóticas, são: *

Imaginação sexual - Similar a técnica utilizada com mulheres seguem-se os


mesmos passos. Obter informações sobre os estímulos sexuais que excitam ao
homem. Coloca-se em relaxamento, induzindo a imaginar uma cena tranqüila, em
um lugar prazeroso. Introduz na cena uma mulher real ou imaginária. Evoca-se,
uma vez que o paciente esteja em transe, situações excitantes. O homem
experimenta, esta cena, com todas as sensações, em sua mente desfrutando a
relação. Cria uma cena excitante com a mulher desejada dizendo que ele sentirá
uma agradável e forte ereção, em sua imaginação. A cena deve ser vivida da forma
mais realista possível, podendo utilizar-se várias sessões, até um termino
satisfatório. Como sugestões pós hipnóticas que o homem toque a sua esposa ou
parceira enfocando e dando ênfase as sensações de ereção, apenas "desfrutando".
A esposa pode participar da experiência sexual tanto quanto possível.

• Catalepsia de um dedo - Esta técnica consiste em associar um comportamento


hipnótico, a catalepsia induzida de um dedo, a uma ereção de pênis. Primeiro
pede-se ao cliente para eleger um dedo que represente seu pênis. Depois que ele
imagine realmente que este dedo se transforma em aço. Com isto, tem que se obter
uma catalepsia hipnótica. Após o cliente entrar em transe: "Assim como seu dedo
se colocou rígido e duro, você sentirá seu pênis rígido e duro quando este estiver
ereto. Ereto e duro como seu dedo, como aço, porém vivo, com sentimento e
desfrutando ... fazendo-o mais duro... mais rígido, e mais duro... será uma surpresa
prazerosa ... se sentirá admirado ao senti-lo como um mástil.... será magnífico ...
seu dedo, seu pênis, seu mástil. Prazer, felicidade e paz". As sugestões pós
hipnóticas devem estabelecer uma relação entre a presença da esposa, da amante
em uma situação sexual e a felicidade de uma ereção. Se podem aplicar muitas
outras técnicas aos problemas erécteis; entre elas, métodos para aumentar o ego
que são especialmente úteis pelo dano psicológico que estes problemas
normalmente produzem.

• Levitação de braço - A causa do duplo simbolismo de um braço subindo no ar é


produzido por uma atividade mental, este fenômeno hipnótico bem conhecido, pode
ser aplicado ao DVC nos homens.
A levitação do braço pode ser combinada com conceitos relativos ao estado de ego,
afirmando por exemplo que: "Tua mente interna, é urna parte real de ti que levanta seu
braço direito tão ligeiro com um avião e não tem que se preocupar em mantê-lo assim,
como se tivesse vida própria. É tão agradável senti-lo mais e mais. Sinta o que pode
obter de sua mente quando se permite. E pode permitir a sua mente fazer isto uma e
outra e quantas vezes quiser, não só com seu braço... elevar-se, e permanecerem em
cima ... é divertido, se sente bem... estar lá em cima e estar bem... e estar bem e estar
acima ... estará bem, estará acima, será bom estar acima e permanecer ali, pensar
com sua mente consciente... porque sua mente interna pode faze-lo... bem... agora".

2 - Disorgasmia -

O termo disorgasmia pode incluir todas as disfunções de ejaculação: precoce


tardia, ausente e retrograda. As disfunções médicas de alguns sintomas de ejaculação
do homem são reais, especialmente a ejaculação tardia ou a ausência, sendo que
estas podem ter vários fatores orgânicos. No caso de ser um disfunção psicogênical as
principais técnicas são:

• Enturmecimento de um Dedo - Para a ejaculação precoce temos que examinar sua


dinâmica sexual , sendo o entumecimento de u m dedo parte de uma técnica de
transferência. Consiste em ajudar o cliente a experimentar enturmecimento e
analgesia de um dedo, por meio de sugestões hipnóticas e imagens mentais. Como
na catalepsia concentramos em um dedo, sendo que este será a representação do
pênis. Por meio de sugestões e imagens mentais, se obtêm o enturmecimento.
Logo se estabelece um sinal para recuperar as sensações normais. Este sinal
poderá ser piscar duas vezes ou encostar o polegar no dedo indicador esquerdo.
Continuando, se transfere ao pênis através de sugestões pós hipnóticas, de que a
próxima vez que tiver relações sexuais seu pênis se sentirá como seu dedo se
sentem agora: enturmecidos e anestesiados, terá uma forte ereção e sentirá feliz
desfrutando. E esta ereção durará o tempo que desejar, e quando utilizar o sinal já
combinado voltarão as sensações eróticas do pênis, podendo então ejacular com
grande prazer. Você tem a chave do prazer na ponta dos dedos.

• Hipersenssibilidade de um Dedo - Para a ejaculação tardia ou a ausência de


ejaculação, se utiliza a técnica de transferência de forma oposta. Quando o cliente
está em transe se provoca uma hipersenssiblidade de um dedo eleito por ele que
irá representar o pênis. Do mesmo modo se estabelece um sinal, para restaurar as
sensações normais do dedo, efetua-se a transferência da hipersensibilidade ao
pênis, especialmente a glande, com sugestões pós hipnóticas similares a técnica
anterior.

3 - Dispareumia -

A etiologia da dispareumia masculina é em sua maior parte orgânica ainda que


existam fatores psicológicos. O homem em condições anatômicas anormais do pênis,
assim como infecções ou irritações podem sentir dor. O homem que apresenta dor ao
ejacular mais que na copulação, pode ser um indicador de problemas na próstata.
Descartada as possibilidades clinicas utiliza-se técnicas, como: Controles imaginários
de sensibilidade, deslocamento com anestesia.
4 - Prazer Inadequado -

Este é um fenômeno bastante generalizado nos homens. É comum o gozo sem


o prazer, ou não conseguir se concentrar na relação ( desligamento ). O homem não
apresenta dificuldades de ereção, ejaculação, tudo se dá de uma forma normal. Não
obstante os seus sentimentos subjetivos de prazer e satisfação estão ausentes, é bom
verificar se tal sintoma não esta ligado a dificuldades relacionais entre o casal. As
técnicas utilizadas com mulheres são efetivas, mas existem mais algumas, como :

Revivendo - Esta técnica é similar a do Bem Estar, onde se concentram as forças


vitais do indivíduo. Pede-se ao cliente estar alerta as suas sensações detalhando:
sua respiração, as batidas do coração, o peso de suas mãos e dos seus braços, a
pressão ao estar sentado na cadeira. Se pede para viver cada sensação de uma
forma intensa como se aumentássemos o volume de um rádio. Então se pede para
se concentrar em seus testículos e seu pênis sentido-os muito vivos. O terapeuta
pode continuar, dizendo: "Seu corpo esta vivo, porém a vida não é sempre
barulhenta e expressiva. Está escutando, nesse momento, o murmúrio da sua vida
dentro de ti. Entrando em maior contato com sua vida, pode experimenta-la nas sua
pernas ou em outras áreas do seu corpo. Desfrute a vida acontecendo dentro de
você, através de você. Desfrute a vida que é sua. Permita agora que a vida brote
em seus testículos e seu pênis, levando a eles até você, e você vai revitalizando-os
pôr completo". As sugestões pós hipnóticas, são : "A vida cria-se a si mesmo,
criando com isto o sentimento de prazer. Vida e prazer estão juntos, e você os
levará para o contato com sua esposa ou amante".

• Exageração Mental - Em hipnose o cliente se representa mentalmente, como se


estivesse num desenho animado, na experiência sexual mais prazerosa e divertida
que possa imaginar. Uma vez envolvido com ela, deve se introduzir todos os
sentidos internos a fim de representar mentalmente a experiência como real. 0
prazer que consegue na sua representação interna é tão exagerado que necessita
ser atenuado, para que seja comfortável. Repete-se a experiência várias vezes
dando como sugestões pós hipnóticas que o prazer em excesso pode ser
desconfortável e é necessário ajusta-lo para um nível baixo e confortável na sua
vida sexual.

Comentários Finais - Tanto as mulheres como os homens inseguros podem formar


formações reativas como defesa. É importante em hipnose fortalecer o ego antes de
enfocar diretamente a questão sexual. Os homens se sentem inseguros pôr três
realidades existenciais: a dependência materna; medo ou experiência desagradável na
primeira relação sexual; e finalmente a questão da reprodução.
IV - Técnicas Hipnóticas para o Tratamento de Disfunção de Desejos e
P r o c e s s a m e n t o Sexual

Estas técnicas são apresentadas juntas pôr não haver diferença nos homens e
nas mulheres, sendo que todas estão ligadas a algum distúrbio de pensamento.
Existem poucos estudos sobre os processos químicos e fisiológicos da abulia sexual
(falta de desejo sexual), portanto nos limitaremos aos componentes psicológicos do
distúrbio.
O primeiro passo é assegurar que o cliente realmente sofre de abulia, e que
não há algum outro componente associado, seja fisiológico ou não. Caso aja alguma
outra insatisfação relacional pesquisar se esses não são a verdadeira causa do
problema.
Nas desordens de desejo a autohipnose negativa deve ser considerada.
Primeiro deve se descobrir quais afirmações negativas e imagens mentais que a
pessoa aceita como verdade, inclusive as sexuais. O segundo passo é torna-las
positivas com elementos idiossincráticos e egosintônicos. O terceiro passo é a
aplicação destas auto-afirmações e imagens mentais positivas hipnoticamente, até se
extinguirem.
Para combater a auto-hipnose negativa é necessário usar as seguintes
técnicas dos estados de eu: ponte afetiva, interrogatório ideomotor e imaginação sexual
dinâmica. O autor usa as seguintes normas para definir a adequação do desejo sexual:

« •*•
- Devemos considerar sempre o casal como sistema. Se um dos parceiros está
insatisfeito com a freqüência e qualidade das relações (interesse sexual
inadequado, desejo sexual inibido ou desejo sexual hipo-ativo ).
- Há casais que relatam a ausência de sexo, como não sendo um dado
importante pois se sentem supridos em outras áreas.
- A maioria das pessoas passam pôr alguns períodos na vida em que o desejo
sexual se encontram diminuídos, mas quando tem relações sexuais, relatam
satisfação e qualidade.
- E há pessoas que o quadro de abulia sexual se associa com disfunções sexuais
de excitação e de clímax.
- O interesse sexual é um critério subjetivo e a percepção do terapeuta deve estar
livre de preconceitos. Quando uma pessoa relata uma mudança brusca no
padrão sexual sem um motivo real é necessário consultar um médico. O
tratamento de abulia sexual através de hipnose deve ser realizado aonde não
existe a questão orgânica.

1 - Os c o n t r o l e s i n t e r n o s -

Durante o uso da hipnose se sugere que a pessoa visualize em seu interior um


lugar com um computador altamente sofisticado. Pedir que ele escute o som das
máquinas funcionando, reconhecer o lugar, suas cores, observar suas luzes, centelhas
interruptores, sentir a temperatura do lugar e perceber qualquer outra sensação. Uma
vez que a pessoa esteja inserida nesse transe similar a realidade, o terapeuta sugere
que um dos seus controles ajuste o seu desejo sexual.
Pede-se ao paciente que crie uma tabela de controle com números de 0 a 10, e
um ponteiro que funcione como marcador.
Pede-se que imagine os números menores com uma cor azul de tom claro e a medida
que aumente os números estes vão ficando mais escuros até se tomarem roxos. A
pessoa observará atentamente os números até que descubra um forma de manejar o
ponteiro, automaticamente abaixo do controle. Então pede-se a pessoa que fixe sua
atenção no controle e comece a calibra-lo a um número adequado, se assegurando
que o ponteiro se fixe ali. Usar como sugestão pós-hipnótica a realidade interna, a fim
de que a pessoa tenha sentimentos agradáveis que correspondam ao nível de desejo
sexual que a situação requer. Pedir que pratique este exercício em casa.

2- Revivências -

A meta desta técnica consiste em a pessoa reviver um período de sua vida em


que o funcionamento sexual era satisfatório, onde havia desejo e excitação .
Para isto se seleciona uma boa experiência sexual vivida e a reconstroe com
detalhes, ajudando ao cliente a precisar todas as sensações positivas e prazerosas. As
sugestões pós hipnóticas enfatizam os. sentimentos agradáveis, as sensações de
orgasmo, a felicidade que reviverá numa próxima relação sexual.
Quando o cliente não traz uma experiência sexual agradável, pede-se então
que este crie uma fantasia sexual excitante, podendo.usar seu símbolo sexual favorito,
sendo que a pessoa poderá substitui-la pôr ela mesma lentamente em sua imagem
mental. Se o nível de ansiedade for grande peça que ele crie uma película protetora
que ira se desfazendo a medida que ele se sente mais seguro.

Disfunções do processamento sexual •

O processamento negativo é uma atividade mental, inconsciente, relacionada


com condutas de culpa, ansiedade e raiva. O processamento negativo pode ser
reconhecido pelos seus efeitos. Suas origens são variadas: mitos culturais, preceitos
religiosos, história pessoal e pelas próprias experiências de vida.
As conseqüências de um processamento sexual negativo são muitas, mas as
mais comuns são a culpa, a raiva e a ansiedade. Todas levam a pessoa a uma falta de
desejo sexual, sendo que estes três sentimentos poucas vezes aparecem separados.
Sendo que o processamento negativo pode ocorrer antes, durante ou depois do coito.
As técnicas hipnóticas para tal, são:

1 - Afirmações verdadeiras:

As pessoas que se envolvem no processamento negativo, sabe


intelectualmente o que e bom sobre sexo. Pede-se ao casal para listar afirmações
verdadeiras sobre sexo, depois que identifiquem uma ou mais pessoas que
representem para eles figuras de autoridade. Pergunta a eles se estão de acordo com
as afirmações verdadeiras a respeito de sexo.
Então com o cliente em hipnose, peça que ele imagine uma ou todas as figuras
de autoridade dando uma palestra usando como instrumento as afirmações
verdadeiras acerca de sexo. A cena deve ser vivida, com a figura de autoridade se
dirigindo especialmente ao cliente. Se for preciso, outras pessoas, como antigos
professores, padres e todas as pessoas que transmitiram conceitos sexuais errôneos
podem assistir a palestra.
A cena deve terminar com uma poderosa exortação, que atue de maneira que
ele acorde e saiba o que é correto sobre sexo. Deve imaginar a autoridade descendo
até o cliente, significando que os sentimentos negativos não podem arruinar uma
experiência sana, natural e necessária.
Algumas pessoas crêem que tudo que é ligado a sexo é pecaminoso, incorreto
e deve ser evitado. Nesta situação é necessário dar uma educação sexual mais
diretiva, com a cooperação de uma autoridade religiosa ou não. Alguns casos é
necessário o uso de psicoterapia, pois a relação com o sexo é o problema, e deve ser
tratado antes de examinar a interação sexual.
Existem alguns casos que em que o processo negativo está situado em algo
errôneo dentro de uma interação sexual aceitável. Como homens que sentem repulsão
pela vagina, ou pêlos lábios vaginais ou o clitóris, ou mulheres negativas que rechaçam
o pênis. Nestes casos o temor sexual chega perto de um quadro de fobia. Para tal é
necessário empregar as seguintes técnicas:
• O artista interior: Uma vez em hipnose sugestiona-se ao cliente trocar a imagem
negativa pôr uma poética. Pôr exemplo, trocar os lábios vaginais que podem
parecer com uma formosa flor, ou concha marinha, o pênis pôr um magnífico
ornamento de marfim. Onde se pode ter até um contato oral como uma forma única
de comunhão, como beijar uma imagem ou um símbolo religioso. Deve-se invocar
os sentidos internos, construindo uma imagem positiva e enriquecedora tanto
quanto possível. O que se deseja é criar uma nova habilidade que possa
desvincular as imagens mentais negativas" associadas com as áreas de atividade
sexuais específicas.
• Reeducando a criança interior: Quando o processamento mental negativo produz
culpa; devemos buscar as origens, recordar das cenas infantis em que se
associaram culpa e sexo. Pede-se ao cliente em transe que veja si mesmo como
menino, experimentando as cenas ou incidentes com todas as sensações e
emoções ai implicadas, Introduzi-se uma imagem dele adulto assim como é hoje, e
o estimule a utilizar toda a sua sabedoria, recursos e entendimento para fazer
crescer a criança interior, sem a culpa neurótica.
Para que a criança saiba distinguir o correto do incorreto e ter idéias claras sobre o
seu corpo, suas funções e seu prazer. Se pode repetir esse exercício em diferentes
idades do cliente, em todas que tenha recebido mensagens carregadas de culpa. O
adulto deve ajudar a criança a perdoar todos que lhe transmitiram mensagens
negativas e entender as razoes pelo que o fizeram.
• Desgastar o sentimento de raiva: Alguns clientes trazem que se sentem aborrecidos
quando pensam em ter relações sexuais, ou mesmo durante ou após a ela. Isto
freqüentemente é um indicador de problemas que se resultam de etapas iniciais do
desenvolvimento. Nestes casos é interessante que as técnicas hipnóticas estejam
associados a um processo terapêutico. Se pede a pessoa que experimente a raiva
como se fosse um vulcão, um rio caudaloso, um fogo, um terremoto ou algo similar.
Quando a imagem mental aparece, permitir que ela seja vivida com bastante
intensidade, para que se desgaste pôr si mesma. Então se estimula o aparecimento
de uma cena sexual sem raiva. Se não aparecer dizer ao cliente : "seria tão bom
que você pudesse desfrutar do sexo", "a causa da sua raiva está presa no
passado", "sua raiva deve consumir a si mesma e dar lugar a algo novo, fresco,
forte e saudável", "e um dia verá que sua raiva, vulcão, fogo, terremoto ou o que
seja pode se transformar em uma relação de sexo com prazer", "sexo e paz, sexo e
boas emoções", "portanto você desfrutará nesse momento, esse vulcão, um fogo
que não se apaga, te inserindo também em emoções de quietude, paz, harmonia
prazer e assim sucessivamente".
• Diretor de cinema: Estando o cliente em hipnose, o terapeuta o encoraja a ver-se
nas mesmas circunstâncias que lhe causam ansiedade. Se constróe uma cena
aonde haja ansiedade com todos os detalhes possíveis. Uma vez que o cliente se
insere nela, pede-se que ele se torne o diretor desta cena, como se fosse uma
filmagem, e pede que ele a modifique de todos os modos possíveis a fim de retirar a
ansiedade por completo. Isto se repete várias vezes com as seguintes sugestões:
"É você o diretor da cena, você controla a situação e no fundo está modificando a si
mesmo". As sugestões pós hipnóticas se referem a reviver a cena de uma forma
positiva quando aparecerem as oportunidades.
Conclusões - Qualquer técnica hipnótica, deve seguir a intuição do terapeuta com
relação ao seu cliente, reformulando se preciso para que se adeqüe as diferenças
pessoais.

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