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Padrão de Desempenho 5 – V2a

Aquisição de Terra e Reassentamento Involuntário


1º de dezembro de 2010

Introdução
1. O Padrão de Desempenho 5 reconhece que o processo de aquisição de terra vinculado a um
projeto e as restrições ao uso da terra relacionadas a projetos específicos podem ter impactos
adversos sobre as pessoas e as comunidades que usam essa terra. Reassentamento involuntário
refere-se ao deslocamento tanto físico (relocação ou perda de abrigo) como econômico (perda de
1
bens ou de acesso a bens ocasionando perda de fontes de renda ou de outros meios de sustento )
2
em consequência da aquisição de terra vinculada a um projeto e/ou de restrições ao uso da terra. O
reassentamento é considerado involuntário quando as pessoas ou comunidades afetadas não têm o
direito de recusar uma aquisição de terra, ou seu uso, que resulte em deslocamento físico ou
econômico. Isso ocorre em casos de (i) desapropriação legal ou temporária ou restrições
permanentes ao uso da terra; e de (ii) assentamentos negociados em que o comprador pode
recorrer à desapropriação ou impor restrições legais ao uso da terra caso falhem as negociações
com o vendedor.

2. Caso não seja administrado a contento, o reassentamento involuntário pode resultar, com o
passar do tempo, em sofrimento e empobrecimento de longo prazo para as pessoas e comunidades
afetadas, bem como em danos ao meio ambiente e impactos socioeconômicos adversos em áreas
para onde aquelas pessoas e comunidades tenham sido deslocadas. Por essas razões, o
reassentamento involuntário deve ser evitado. Porém, quando o reassentamento involuntário for
inevitável, ele deve ser minimizado e medidas apropriadas devem ser cuidadosamente planejadas e
executadas para mitigar impactos adversos sobre as pessoas deslocadas e as comunidades
3
hospedeiras . Muitas vezes, o governo desempenha papel central no processo de aquisição de terra
e de reassentamento, inclusive na determinação de indenizações, sendo, por essa razão, um
terceiro importante em muitas situações. A experiência já mostrou que o envolvimento direto do
cliente nas atividades de reassentamento pode resultar na implantação mais econômica, eficiente e
oportuna dessas atividades, assim como na introdução de abordagens inovadoras à melhoria dos
meios de sustento daqueles diretamente afetados pelo reassentamento.

3. Os reassentamentos onde há negociação contribuem para evitar desapropriações e eliminam a


necessidade de recorrer ao uso da autoridade local para forçar o deslocamento. Geralmente é
possível negociar um reassentamento oferecendo indenização e outros incentivos justos e
apropriados e/ou outros benefícios às pessoas ou comunidades afetadas, bem como atenuando os
riscos de assimetrias relacionadas com o acesso à informação e o poder de barganha. Os clientes
são orientados a, sempre que possível, adquirir terra ou obter acesso à terra mediante acordos
negociados, ainda que disponham de meios legais para adquirir a terra sem o consentimento do
vendedor.

Objetivos

 Evitar ou pelo menos minimizar o deslocamento, sempre que possível, explorando


planos de projeto alternativos
 Evitar o despejo forçado

1
Entende-se pelo termo "sustento" toda a gama de meios dos quais indivíduos, famílias e comunidades se
utilizam para ganhar a vida, tais como renda salarial, agricultura, pesca, forragem, meios de sustento baseados
em outros recursos naturais, pequeno comércio e escambo.
2
Aquisição de terra compreende tanto compras diretas de propriedades como aquisição de direitos de acesso,
tais como servidões ou direitos de passagem.
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São comunidades hospedeiras aquelas que estão recebendo em sua terra ou em sua área geográfica de
influência pessoas reassentadas em virtude do projeto.

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Padrão de Desempenho 5 – V2a
Aquisição de Terra e Reassentamento Involuntário
1º de dezembro de 2010

 Mitigar os impactos socioeconômicos adversos decorrentes da aquisição de terra


ou de restrições ao seu uso (i) por meio de indenização por perda de bens pelo
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custo de reposição e (ii) certificando-se de que as atividades de reassentamento
sejam levadas a cabo após uma divulgação apropriada das informações,
consultas e a participação informada das partes interessadas afetadas
 Melhorar ou restaurar os meios de sustento e os padrões de vida das pessoas
deslocadas
 Melhorar as condições de vida das pessoas deslocadas mediante o fornecimento
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de habitação adequada, com garantia de segurança de propriedade nos locais de
reassentamento

Escopo de Aplicação

4. A aplicabilidade deste Padrão de Desempenho é definida durante o processo de avaliação dos


riscos e impactos socioambientais, ao passo que a implementação das ações necessárias ao
cumprimento dos requisitos deste Padrão de Desempenho é administrada pelo sistema de gestão
socioambiental do cliente. Esses requisitos são descritos no Padrão de Desempenho 1.

5. Este Padrão de Desempenho aplica-se ao deslocamento físico e/ou econômico resultante dos
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seguintes tipos de transações fundiárias em projetos do setor privado:

 Direitos sobre a terra ou sobre o uso da terra adquiridos por desapropriação ou


outros procedimentos compulsórios de acordo com o sistema jurídico do país
anfitrião
 Direitos sobre a terra ou sobre o uso da terra adquiridos por acordos negociados
com proprietários de terra ou com aqueles que a ela tenham direito legal se a
desapropriação ou outros procedimentos compulsórios aplicados forem resultado
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de negociações fracassadas
 Certas situações de um dado projeto onde restrições involuntárias ao uso da terra
e ao acesso a recursos naturais fazem com que uma comunidade ou grupos
dentro dela percam o acesso ao uso de recursos onde possuam direitos de uso
8
tradicionais ou reconhecíveis

4
Define-se como custo de reposição o valor de mercado dos bens acrescido dos custos de transação. Ao se
aplicar este método de determinação de valor não deve ser levada em consideração a depreciação de estruturas
e bens. Define-se como valor de mercado o valor necessário para que as pessoas e comunidades afetadas
substituam bens perdidos por novos bens de valor semelhante. O método de avaliação para determinar o custo
de substituição deve ser documentado e incluído nos planos de Reassentamento e/ou Restauração do Modo de
Vida aplicáveis (ver parágrafos 18 e 25).
5
Segurança de propriedade significa que as pessoas ou comunidades deslocadas sejam reassentadas em local
que possam ocupar legalmente e onde estejam protegidas contra o risco de despejo.
6
Este Padrão de Desempenho aplica-se a situações que afetem a terra e outros recursos incluindo propriedade
comunal e recursos naturais, tais como recursos marinhos e aquáticos, produtos florestais madeireiros e não
madeireiros, água doce, plantas medicinais terrenos para caça e coleta, além de áreas de pastoreio e lavoura.
Os bens de recursos naturais a que se refere este Padrão de Desempenho são equivalentes aos serviços de
abastecimento dos ecossistemas descritos no Padrão de Desempenho 6.
7
Inclusive direitos costumeiros ou reconhecidos tradicionalmente segundo as leis do país hospedeiro e se a
desapropriação ou outro processo compulsório tiver resultado de uma negociação malograda. Tais negociações
podem ser levadas a cabo pela empresa do setor privado que está adquirindo a terra ou por um agente desta.
Em caso de projetos do setor privado em que os direitos de uso da terra são adquiridos pelo governo, as
negociações podem ser levadas a cabo pelo governo ou pela empresa privada como agente do governo.
8
Nesses casos, as pessoas afetadas geralmente não possuem propriedade formal. Isso pode incluir ambientes
de água doce e marinhos. Este Padrão de Desempenho pode também aplicar-se quando áreas de

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1º de dezembro de 2010

 Certas situações de um dado projeto que exijam o despejo de pessoas que


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ocupam a terra sem direitos de uso formais, tradicionais ou reconhecíveis

6. Este Padrão de Desempenho não se aplica ao reassentamento resultante de transações de


terra voluntárias (p. ex., transações de mercado em que o vendedor não é obrigado a vender e o
comprador não pode recorrer à desapropriação ou a outros procedimentos compulsórios
sancionados pelo sistema jurídico do país hospedeiro caso as negociações fracassem). Também
não se aplica a situações nas quais os impactos sejam indiretos e não possam ser atribuídos a uma
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alteração no projeto em decorrência da terra utilizada pelos grupos ou comunidades afetados.

7. Quando os impactos diretos do projeto afetam a terra, os bens ou o acesso a eles de forma tão
adversa, em qualquer etapa do projeto, que o deslocamento físico e/ou econômico seja inevitável, o
cliente aplicará os requisitos do Padrão de Desempenho 5, mesmo onde não houver aquisição de
terra ou restrição ao seu uso.

Requisitos

Gerais
Formulação de Projetos
8. O cliente considerará planos alternativos de projeto viáveis para evitar ou reduzir o
deslocamento físico e/ou econômico, ponderando os custos e benefícios ambientais, sociais e
financeiros.

Indenização e Benefícios para Pessoas Deslocadas


9. Quando não for possível evitar um deslocamento, o cliente oferecerá às comunidades e
pessoas deslocadas indenização por perda de bens ao custo total de reposição, bem como outras
11
formas de assistência que as ajudem a melhorar ou restabelecer seus padrões de vida ou meios
de sustento, conforme disposto neste Padrão de Desempenho. Os padrões para indenização serão
transparentes e aplicados de maneira uniforme a todas as comunidades e pessoas afetadas pelo
deslocamento. Nos casos em que os meios de sustento das pessoas deslocadas forem baseados
12 13
na terra, ou em que a terra for de propriedade coletiva, o cliente, quando tal for viável, oferecerá
aos deslocados indenização baseada na terra. O cliente somente tomará posse das terras
14
adquiridas e dos ativos correlatos depois que a indenização estiver disponível e, onde for
pertinente, tenham sido fornecidos às pessoas deslocadas locais para reassentamento e auxílio

biodiversidade vinculadas a um projeto ou zonas tampão legalmente definidas são criadas mas não são
adquiridas pelo cliente.
9
Isso geralmente se aplica a ocupantes ilegais e invasores. Na maioria dos casos eles não têm direitos sobre a
terra que ocupam, mas o Padrão de Desempenho confere-lhes o direito de manter bens que não se baseiam na
terra, mudarem-se com segurança de propriedade e de recuperarem seus meios de subsistência.
10
Impactos mais generalizados sobre as comunidades ou grupos de pessoas são abordados no Padrão de
Desempenho 1. Por exemplo, o Padrão de Desempenho 1 trata dos casos em que garimpeiros dificultam o
acesso a depósitos minerais.
11
Descritas nos parágrafos 19 e 26.
12
O termo “baseados na terra” inclui atividades de sustento tais como lavouras de subsistência e pastoreio de
gado, bem como a colheita de recursos naturais.
13
Consulte outros requisitos no parágrafo 26 deste Padrão de Desempenho.
14
Em certos casos talvez não seja viável pagar indenização a todos os afetados antes de eles tomarem posse da
terra, como por exemplo, quando a propriedade da terra em questão está em conflito. Tais circunstâncias serão
identificadas e acordadas caso a caso e os recursos da remuneração serão disponibilizados, por exemplo,
mediante depósito em uma conta de garantia bloqueada antes do deslocamento.

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para a mudança, além de indenização, quando pertinente. O cliente também propiciará às pessoas
e comunidades deslocadas oportunidades para se beneficiarem do desenvolvimento proporcionado
pelo projeto.

Consultas
10. O cliente participará, junto com as comunidades afetadas, de um processo de consulta
informada e participação. Sempre que possível, as opiniões das pessoas e comunidades afetadas,
inclusive comunidades anfitriãs, serão levadas em conta nos processos de tomada de decisão
relacionados ao reassentamento e à restauração do modo de vida, inclusive opções e alternativas,
onde for pertinente. A divulgação de todas as informações relevantes e a participação das
comunidades e pessoas afetadas terão prosseguimento durante o planejamento, execução,
monitoramento e avaliação de pagamentos indenizatórios, atividades de restauração do modo de
vida e de reassentamento, na busca de resultados que estejam em conformidade com os objetivos
16,17
deste Padrão de Desempenho. Outras disposições aplicam-se a consultas aos Povos Indígenas,
de acordo com o Padrão de Desempenho 7.

Mecanismo de Reclamação
11. Tão logo quanto possível durante a fase de elaboração do projeto, o cliente estabelecerá um
mecanismo de reclamação em conformidade com o Padrão de Desempenho 1. Isso permitirá ao
cliente receber e lidar, de maneira oportuna, com preocupações específicas acerca da indenização e
do reassentamento manifestadas por pessoas deslocadas ou membros de comunidades
hospedeiras, contando inclusive com um mecanismo de apelação projetado para resolver disputas
de forma imparcial.

Planejamento e Implementação de Reassentamentos e Indenizações


12. Quando o reassentamento involuntário for inevitável, o cliente realizará um censo para coletar
informações de cunho socioeconômico visando a identificar as pessoas que serão deslocadas pelo
18
projeto, determinar quem será elegível para fins de indenização e assistência e evitar que pessoas
inelegíveis, tais como colonos oportunistas, possam pleitear benefícios. Na falta de procedimentos
do governo hospedeiro, o cliente estabelecerá um prazo final para elegibilidade. Informações
concernentes ao prazo final serão bem documentadas e disseminadas em toda a área do projeto.

15
A menos que o reassentamento seja controlado pelo governo e o cliente não tenha influência direta no
cronograma de pagamentos das indenizações. Tais casos devem ser resolvidos de acordo com os parágrafos
27–29 deste Padrão de Desempenho. Os pagamentos indenizatórios podem ser parcelados em situações em
que um pagamento único em espécie comprovadamente prejudique os objetivos sociais e/ou o reassentamento
ou em que estejam ocorrendo impactos sobre as atividades de sustento.
16
Geralmente são necessárias medidas específicas para assegurar uma perspectiva de gênero e para que os
interesses da mulher sejam levados em conta em todos os aspectos do planejamento e execução do
reassentamento. O levantamento de impactos sobre os meios de sustento pode requerer uma análise por
domicílio em casos em que os meios de sustento de homens e mulheres sejam afetados diferentemente. Devem
ser consideradas as preferências masculinas e femininas em relação aos mecanismos de indenização, tais como
indenização em espécie ou em mercadorias e serviços. São exemplos de medidas apropriadas de consulta o uso
de recenseadoras em pesquisas sociais, a promoção de reuniões exclusivamente de mulheres e a formação de
grupos focais de mulheres durante o processo de consulta.
17
Serão aplicados dispositivos adicionais em consultas que envolvam indivíduos pertencentes a grupos
vulneráveis (consultar a nota de rodapé 27 do Padrão de Desempenho 1).
18
A documentação de propriedade ou ocupação e do acerto indenizatório deverá ser feita em nome de ambos os
cônjuges ou chefes de família; outras formas de assistência ao reassentamento tais como programas de
capacitação, acesso a crédito e oportunidades de emprego devem ser igualmente disponibilizadas para as
mulheres e adaptadas às suas necessidades. Em países onde a legislação nacional e os sistemas de posse da
terra não reconheçam os direitos da mulher de possuir ou firmar contratos de propriedade, deverão ser
consideradas medidas para proporcionar à mulher a máxima proteção possível, com o objetivo de garantir sua
igualdade em relação ao homem.

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13. Nos casos em que as pessoas afetadas rejeitem ofertas de indenização que preencham os
requisitos deste Padrão de Desempenho e em que, devido a isso, sejam instaurados procedimentos
de desapropriação ou outros procedimentos legais, o cliente aproveitará quaisquer oportunidades
para colaborar com o órgão governamental competente e, se obtiver permissão desse órgão,
desempenhar um papel ativo no planejamento, implementação e monitoramento do
reassentamento.

14. O cliente adotará procedimentos para monitorar e avaliar a implementação de um Plano de


Ação de Reassentamento ou Plano de Restauração do Modo de Vida (ver parágrafos 19 e 25) e
tomará as medidas corretivas que forem necessárias. A abrangência das atividades de
monitoramento será proporcional aos riscos e impactos dos projetos. Para projetos com riscos
significativos de reassentamento involuntário, o cliente manterá um perito especializado em
reassentamentos para prestar serviços de consultoria em planejamento e projeto e para verificar as
informações sobre monitoramento do cliente, além de prestar consultoria na conformidade com o
padrão de desempenho. As pessoas afetadas e seus representantes serão consultadas durante o
processo de monitoramento.

15. Considerar-se-á executado um Plano de Ação de Reassentamento ou um Plano de


Restauração do Modo de Vida quando os impactos adversos provocados pelo reassentamento
tiverem sido tratados em conformidade com o Plano, bem como com os objetivos deste Padrão de
Desempenho. Dependendo da envergadura e/ou da complexidade do deslocamento físico ou
19
econômico provocado pelo projeto, pode ser necessário que o cliente faça realizar uma auditoria
externa do Plano de Ação de Reassentamento ou Plano de Restauração do Modo de Vida para
verificar se as normas foram observadas. Essa auditoria pós-implementação do reassentamento
deverá ser feita assim que as medidas de mitigação tenham sido substancialmente completadas e
uma vez que se considere que as pessoas deslocadas tenham tido oportunidade e assistência
adequadas para restaurar meios de vida sustentáveis.

16. Quando a exata natureza ou magnitude da aquisição de terra ou das restrições ao seu uso
vinculadas a um projeto com potencial para causar deslocamento físico e/ou econômico for
desconhecida em função da etapa de desenvolvimento do projeto, o cliente deverá desenvolver um
Marco de Reassentamento e/ou Restauração do Modo de Vida elencando princípios gerais
alinhados com este Padrão de Desempenho. Tão logo os componentes individuais do projeto
tenham sido definidos e as informações necessárias disponibilizadas, esse Marco deverá ser
expandido em um Plano de Ação de Reassentamento específico e/ou Plano de Restauração do
Modo de Vida e procedimentos de acordo com os parágrafos 19 e 25 abaixo.

Deslocamento
17. Podem ser classificadas como pessoas deslocadas as que (i) tenham direitos formais à terra ou
bens que ocupam ou usam; (ii) não tenham direitos formais sobre à terra ou bens, mas tenham uma
20
pretensão a esta terra que é reconhecida ou reconhecível pelas leis do país; ou que (iii) não
tenham direitos ou pretensões legais reconhecíveis à terra que ocupam ou usam. O censo
estabelecerá o status das pessoas deslocadas.

18. A aquisição de terra e/ou as restrições ao uso da terra relacionada a um projeto podem resultar
no deslocamento físico de pessoas, bem como no seu deslocamento econômico.

19
Isso será determinado em consulta com o(s) financiador(es) do projeto e outros interessados-chave.
20
Tais pretensões podem ser derivadas do direito de domínio ou de posse tradicional.

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Consequentemente, os requisitos deste Padrão de Desempenho no tocante ao deslocamento físico


e ao deslocamento econômico podem ser aplicados simultaneamente.

Deslocamento Físico
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19. No caso de deslocamento físico o cliente formulará um Plano de Ação de Reassentamento
que, no mínimo, inclua os requisitos aplicáveis deste Padrão de Desempenho, seja qual for o
número de pessoas afetadas. Isso incluirá a indenização pelo custo total de reposição da terra e de
outros bens perdidos. O Plano será formulado com o propósito de mitigar os impactos negativos do
deslocamento; identificar oportunidades de desenvolvimento; definir o orçamento e o cronograma do
reassentamento e estabelecer os direitos de todas as categorias de pessoas afetadas (inclusive
comunidades hospedeiras). Será dedicada atenção especial às necessidades dos pobres e
vulneráveis. O cliente documentará todas as transações envolvendo a aquisição de direitos sobre a
terra, bem como as medidas indenizatórias e as atividades de relocação.

20. Se pessoas que moram na área do projeto tiverem de mudar para outro local, o cliente
(i) oferecerá às pessoas deslocadas opões viáveis de reassentamento, inclusive a substituição
adequada da moradia ou indenizações pecuniárias, se apropriado; e (ii) proporcionará assistência
para o reassentamento de acordo com as necessidades de cada grupo de pessoas deslocadas,
dando particular atenção às necessidades dos mais pobres e vulneráveis. Os novos locais de
reassentamento para pessoas deslocadas devem oferecer condições de vida melhoradas. Serão
levadas em consideração as preferências das pessoas deslocadas com relação ao reassentamento
em comunidades e grupos preexistentes. Serão respeitadas as instituições socioculturais existentes
das pessoas deslocadas e de quaisquer comunidades hospedeiras.

21. No caso de pessoas fisicamente deslocadas conforme o parágrafo 17 (i) ou (ii), o cliente
oferecerá como opções propriedade substituta de igual ou maior valor, segurança de posse,
características equivalentes ou melhores e vantagens de localização, ou indenização em dinheiro
pelo valor total de reposição conforme apropriado. 22

22. No caso de pessoas deslocadas fisicamente conforme o parágrafo 17 (iii), o cliente lhes
oferecerá um conjunto de opções de moradia adequada com segurança de posse, para que essas
pessoas possam ser reassentadas legalmente sem ter de enfrentar o risco de despejo forçado. Nos
casos em que as pessoas deslocadas possuam e ocupem estruturas, o cliente as indenizará pela
perda de outros bens além da terra, tais como habitações e outras benfeitorias da terra, ao custo
total de reposição, desde que tais pessoas estivessem ocupando a área do projeto antes do prazo
final de elegibilidade. Quando viável, será oferecida indenização em mercadorias e serviços em vez
de dinheiro, particularmente para as pessoas pobres e vulneráveis. Com base em consulta às
pessoas deslocadas, o cliente prestará assistência ao reassentamento que seja suficiente para
23
restaurar seu padrão de vida em local alternativo adequado.

21
Nos casos em que o projeto resulte em deslocamento físico e econômico, os requisitos dos parágrafos 25 e 26
(Deslocamento Econômico) devem ser incorporados ao Marco ou Plano de Ação de Reassentamento (isto é, não
há necessidade de um Plano de Ação de Reassentamento e de Restauração do Modo de Vida em separado).
22
Pagamentos em dinheiro por bens perdidos podem ser adequados quando (i) os meios de sustento não são
baseados na terra; (ii) os meios de sustento são baseados na terra mas a terra ocupada pelo projeto constitui
apenas uma fração do bem afetado e a terra residual é economicamente viável; ou (iii) quando existem
mercados fundiários, imobiliários e de trabalho ativos, as pessoas deslocadas se utilizam desses mercados e
existe suficiente disponibilidade de terra e moradia. Os níveis de indenização em dinheiro devem ser suficientes
para substituir a terra e outros bens perdidos pelo custo total do seu valor de reposição nos mercados locais.
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O reassentamento de colonos informais em áreas urbanas pode envolver soluções de compromisso. Por
exemplo, famílias reassentadas podem obter segurança de posse, mas perder vantagens de localização. As

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23. O cliente não é obrigado a indenizar ou prestar assistência àqueles que tenham invadido a área
do projeto depois do prazo final de elegibilidade, desde que este prazo final tenha sido claramente
definido e divulgado.

24. O cliente não realizará despejos forçados (a remoção permanente ou temporária, contra a
vontade, de indivíduos, famílias e/ou comunidades das casas e/ou terras que eles ocupem, sem o
fornecimento e o acesso a formas apropriadas de proteção legal e outros tipos de proteção). Os
despejos forçados são legais quando realizados dentro da lei e em conformidade com as
disposições deste Padrão de Desempenho.

Deslocamento Econômico
25. No caso de projetos que envolvam apenas deslocamento econômico, o cliente formulará um
Plano de Restauração do Modo de Vida para indenizar as pessoas e/ou comunidades afetadas,
além de prestar outras formas de assistência para atender aos objetivos deste Padrão de
Desempenho. O Plano de Restauração do Modo de Vida estabelecerá os direitos das pessoas e/ou
comunidades afetadas de forma transparente, coerente e equitativa. A mitigação do deslocamento
econômico será considerada completa quando as pessoas ou comunidades afetadas tiverem
recebido a indenização e a assistência necessária em conformidade com o Plano de Restauração
do Modo de Vida e com este Padrão de Desempenho e se considere que lhes tenha sido dada
oportunidade adequada para restabelecer seu modo de vida.

26. Caso a aquisição de terra ou as restrições ao seu uso resultem em perda de renda ou de outros
meios de sustento, independentemente de as pessoas afetadas terem sido fisicamente deslocadas
ou não, o cliente cumprirá um ou mais dos seguintes requisitos, conforme sejam aplicáveis:

 Prontamente indenizar as pessoas deslocadas economicamente por perda de


bens ou de acesso a estes pelo custo total de reposição
 Nos casos em que a aquisição da terra ou as restrições ao seu uso afetem
estruturas comerciais, indenizar diretamente os negociantes afetados pelo custo
de restabelecimento da atividade comercial em outro local, pela receita líquida
perdida durante o período de transição e pelos custos da transferência e
reinstalação da fábrica, das máquinas ou de outros equipamentos
 Proporcionar propriedade substituta (p. ex., locais de lavoura ou comerciais) de
valor igual ou maior, ou indenização em dinheiro pelo custo total de reposição,
quando apropriado, a pessoas que tenham direitos sobre a terra ou pretensões
legais a ela que sejam reconhecidos ou reconhecíveis perante a legislação
nacional (ver parágrafo 17 (i) e (iii))
 Para pessoas cujo meio de sustento seja baseado na terra, proporcionar
indenização baseada na terra como fator prioritário tal que a terra substituta
apresente uma combinação de potencial produtivo, vantagens de localização e
outros fatores pelo menos equivalentes à terra que está sendo perdida. Para as
pessoas cujo meio de sustento seja baseado em recursos naturais e onde as
restrições ao acesso vinculadas ao projeto previstas no parágrafo 5 se apliquem,
implementação de medidas para permitir o acesso contínuo aos recursos afetados
ou o fornecimento de acesso a recursos alternativos com potencial de ganho de
sustento e acessibilidade. Quando apropriado, os benefícios e a indenização

mudanças de local que possam afetar as oportunidades de sustento devem ser tratadas em conformidade com
os princípios deste Padrão de Desempenho (consulte particularmente o parágrafo 25).

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associados ao uso de recursos naturais podem ter caráter coletivo em vez de


serem diretamente canalizados para indivíduos ou domicílios
 Ao fornecer indenização baseada na terra ou acesso aos recursos naturais
24
afetados, o cliente levará em conta o contexto ecológico necessário para manter
o sustento baseado na terra e nos recursos naturais. Caso as circunstâncias
impeçam o cliente de oferecer a tais pessoas terra substituta ou acesso a recursos
naturais apropriados, o cliente confirmará esse fato e oferecerá oportunidades
25
alternativas de ganho de subsistência além da indenização em dinheiro para
permitir que as pessoas afetadas restabeleçam seus meios de sustento e padrões
de vida a níveis equivalentes ou melhores dos que tinham na época do
deslocamento
 Indenizar pessoas economicamente deslocadas que não tenham pretensões
legalmente reconhecíveis sobre a terra (ver parágrafo 17 (iii)) por perda de bens
que não a terra (tais como safras, infraestrutura de irrigação e outras benfeitorias
feitas na terra) ao custo total de reposição. Não se exigirá do cliente que este
indenize ou preste assistência a colonos oportunistas que invadam a área do
projeto após o prazo final de elegibilidade
 Proporcionar assistência dirigida adicional (p. ex., facilidades de crédito,
treinamento ou oportunidades de emprego) e oportunidades para melhorar ou pelo
menos restabelecer meios de auferir renda, níveis de produtividade e padrões de
vida a pessoas economicamente deslocadas cujos meios de sustento ou níveis de
renda sejam afetados adversamente
 Proporcionar apoio temporário a pessoas economicamente deslocadas, conforme
necessário, com base em uma estimativa razoável do tempo necessário para
restabelecer sua capacidade de auferir renda, seus níveis de produção e seus
padrões de vida

Responsabilidades do Setor Privado em Reassentamento Gerido pelo Governo


27. Quando a aquisição de terra e o reassentamento forem de responsabilidade do governo, o
cliente colaborará com o órgão governamental competente, na medida permitida, para atingir
resultados que sejam coerentes com este Padrão de Desempenho. Ademais, onde a capacidade do
governo for limitada, o cliente desempenhará um papel ativo durante o planejamento, a execução e
o monitoramento do reassentamento, conforme descrito adiante.

28. Nos casos de aquisição de direitos sobre terra ou de direitos de acesso a esta por meio de
medida compulsória ou de reassentamento negociado que envolva deslocamento físico, o cliente
26
identificará e descreverá as medidas governamentais de reassentamento. Caso tais medidas não
preencham os requisitos exigidos por este Padrão de Desempenho, o cliente preparará um Plano
Suplementar de Reassentamento que, juntamente com os documentos preparados pela repartição

24
Tais como manutenção da fertilidade do solo ou do regime hidrológico, fatores necessários para manter a
produtividade da pesca e a presença de cobertura apropriada de vegetação.
25
Pagamentos de indenização em dinheiro só podem ser adequados quando (i) os meios de sustento são
baseados na terra mas a terra ocupada pelo projeto constitui apenas uma fração do bem afetado e a terra
residual é economicamente viável; ou (ii) existem mercados fundiários, imobiliários e de trabalho ativos, as
pessoas deslocadas se utilizam desses mercados e existe disponibilidade suficiente de terra e moradia ou (iii) os
meios de sustento não são baseados na terra. Os níveis de indenização em dinheiro devem ser suficientes para
substituir a terra e outros bens perdidos pelo custo total do seu valor de reposição nos mercados locais. Consulte
também a nota de rodapé 22.
26
Quando disponíveis, poderão ser usados documentos do governo para identificar tais medidas.

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Padrão de Desempenho 5 – V2a
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governamental competente, atenderá aos requisitos pertinentes deste Padrão de Desempenho (pelo
menos, os Requisitos Gerais e os requisitos para Deslocamento Físico e Deslocamento Econômico
supracitados). Será necessário que o cliente inclua em seu Plano Suplementar de Reassentamento
pelo menos (i) identificação das pessoas afetadas e impactos; (ii) uma descrição das atividades
regulamentadas, inclusive direitos das pessoas afetadas determinados com base em leis e
regulamentos nacionais aplicáveis; (iii) as medidas suplementares para preencher os requisitos
deste Padrão de Desempenho descritos nos parágrafos 19 a 26, desde que permitidas pelo órgão
responsável e pelo cronograma de implementação; e (iv) as responsabilidades financeiras e de
implementação do cliente na execução do Plano Suplementar de Reassentamento.

29. Nos casos de projetos envolvendo apenas deslocamento econômico, o cliente identificará e
descreverá as medidas que o órgão governamental responsável planeja adotar para indenizar as
comunidades e as pessoas afetadas. Se tais medidas não atenderem aos requisitos relevantes
deste Padrão de Desempenho, o cliente formulará um Plano de Ação Suplementar para
complementar a ação governamental. Isso poderá incluir indenização adicional por bens perdidos e
esforços adicionais para recuperar meios de sustento perdidos, onde for pertinente.

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