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E este combate é o combate de todo

O COMBATE o homem necessariamente, quer se


queira ou não, é a oposição entre o
CATÓLICO homem carnal e terrestre e o homem
espiritual. É o combate que todos
Publicado em 10/04/2021
nós experimentamos.
É o homem egoísta ou o homem
caritativo.
É o amor próprio, o amor de si ou,
pelo contrário, verdadeiramente, o
amor de Deus, o amor do próximo.
É o individualismo ou é o cuidado
pelo bem comum, quer seja no seio
da Igreja, da família, da sociedade.
É esta luta que se desenrola ao longo
de toda a história e isso mostra-nos,
pois, em primeiro lugar, a
importância da caridade.
A caridade é o motor da nossa vida
cristã, é verdadeiramente o desafio
dessa vida.
A nossa vida é finalmente uma
questão de caridade: o que se ama, e
de que maneira se ama.
Pois o cristão deve antes de tudo
exercitar-se na verdadeira caridade
Dom Alfonso de Galarreta, Bispo e, por aí, é preciso chegar ao
da FSSPX desprezo de si.
Hoje mais do que nunca trata-se de Chamou-se a Santo Agostinho o
um combate, um combate sem doutor da graça, porque pôs em
trégua, sem piedade, mas é também destaque a importância da graça.
ao mesmo tempo o único combate É verdade finalmente que todo o
que vale a pena, que nos dá o desafio é o sobrenatural, a graça, e o
entusiasmo e a paz. sacerdote não faz senão dar,
Penso que foi Santo Agostinho espalhar a graça de Deus, é
quem definiu, melhor que ninguém, essencialmente a sua função.
quais são as regras desse combate, É isso que foi deixado de lado hoje
da história da Igreja, da história da pela igreja conciliar.
humanidade. O sacerdote está ali para levar, dar,
E a primeira regra que ele dá é que espalhar o sobrenatural.
há dois amores opostos: o amor de si E na medida em que o sobrenatural,
mesmo até ao desprezo de Deus, o portanto, a graça de Deus, fica bem
amor de Deus até ao desprezo de si estabelecido nas nossas almas, na
mesmo. Nós somos o que amamos. medida em que a graça cresce, se
desenvolve, pois bem, nessa medida E o sacerdote deve deixar-se
é-se invencível! apaixonar por este ideal!
Por quê? Porque pela graça tem-se É preciso dar Cristo às almas, é
Deus em si. Pela graça Deus está em preciso trabalhar no reinado de
nós! Ora, Deus não pode ser Nosso Senhor Jesus Cristo por toda
vencido. a parte.
Portanto fareis triunfar O quarto princípio para Santo
profundamente esta graça de Deus Agostinho e para nós é o de que não
nas vossas almas e ter sempre um há fatalismo na vida, na história, não
olhar sobrenatural; se não sossobra- há determinismo, tão pouco há
se no desencorajamento, sossobra- acaso. Tudo é Providência divina,
se no ativismo naturalista, que é tudo, absolutamente tudo!
muito perigoso. É preciso convencermo-nos disto!
O terceiro princípio que coloca Das maiores às mais pequenas
Santo Agostinho para explicar as coisas, tudo é querido por Deus.
leis que regem necessariamente a Não há nada que Lhe escape, nem na
história da Igreja e a história da ordem natural nem menos ainda na
humanidade é o primado de Cristo. ordem moral sobrenatural.
Não há outra fonte da graça senão Finalmente, a história não é outra
Nosso Senhor Jesus Cristo. coisa senão o desenrolar dos
Ele é o centro e o fim da história. desígnios eternos de Deus.
É por isso que Santo Agostinho Bem entendido, inclui-se a nossa
chama a toda a história antes da liberdade, Deus criou-nos livres.
vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo Uma coisa impede a outra, mas os
a “história profética “. desígnios de Deus cumprem-se ao
Era para preparar e anunciar a vinda longo da história infalivelmente,
de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Sua necessariamente, se não Ele não
encarnação, a Sua redenção. seria Deus!
E depois de Nosso Senhor Jesus E isso deve dar-nos uma grande
Cristo o fim é o Seu triunfo e o Seu confiança, porque todos os males, de
triunfo vai-se realizar quando da Sua ordem natural e mesmo de ordem
segunda vinda, a Parusia. moral, estão previstos e permitidos
É então que terá lugar o triunfo de por Deus.
Nosso Senhor Jesus Cristo e, Não somente contribuem para o bem
enquanto se espera, edifica-se, do universo, mas têm um fim; são
constrói-se a Jerusalém celeste, a ordenados ao bem e ao cumprimento
Igreja definitiva, a Igreja para da Sua vontade, que é finalmente a
sempre. salvação das almas e o triunfo de
Fora de Nosso Senhor Jesus Cristo Nosso Senhor Jesus Cristo.
não há salvação, fora de Nosso “Tudo foi criado para o homem para
Senhor Jesus Cristo não há paz; Cristo, Cristo para Deus”.
portanto não há felicidade, não há E hoje poderíamos juntar ainda uma
vida feliz fora de Nosso Senhor outra lei que rege a história, porque
Jesus Cristo. isso nos foi progressivamente
desvelado no decurso dos tempos,
no decurso dos séculos, e sobretudo graça; estava verdadeiramente
no nosso tempo: é o papel e o lugar votado ao triunfo de Nosso Senhor
da Santíssima Virgem Maria no Jesus Cristo pela Cruz, pelo Santo
triunfo de Nosso Senhor Jesus Sacrifício, pelo Seu Reinado, pois
Cristo e na salvação das almas, um que Ele é rei; seguia sempre a
lugar, um papel de eleição: tudo Providência e não se tomava pela
estava confiado ao Coração de nossa Providência.
Mãe. Tinha uma verdadeira piedade por
O bom Deus teria podido fazer Nossa Senhora, sem deslocar o Seu
doutro modo, mas por que quis fazê- lugar e o Seu papel para o centro do
lo assim? Para nos amparar nas dogma católico e do combate, é de
nossas fraquezas, nas nossas resto o que Ela deseja, mas dando-
misérias, nos nossos medos! Lhe plenamente o lugar que deve ter
Que há de mais terno e de mais neles.
atraente do que uma mãe, Ele apresenta-nos assim um
compassiva, misericordiosa? exemplo extraordinário: como
E é evidente que estas perfeições, simplesmente, humildemente pode
que estão na Santa Virgem Maria, uma pessoa pôr-se verdadeiramente
são perfeições divinas, participadas ao serviço de Deus, ser dócil, nas
por uma criatura. mãos de Deus para defender o que é
Se a Santa Virgem é como é, foi preciso defender.
simplesmente porque o Bom Deus É preciso ter esta vontade de se
quis manifestar nela duma maneira converter profundamente e de se pôr
mais brilhante e mais adequada a ao serviço de Deus como Deus o
nós algumas das Suas perfeições. quer.
Era uma vantagem em relação a nós, Neste domínio e hoje mais do que
porque eu diria: Nosso Senhor, nunca, não convém ficar dentro do
mesmo tão bom, tão doce, tão labirinto das misérias e das
misericordioso no Seu Sagrado mesquinharias humanas.
Coração, é sempre Deus e isso faz- É preciso estar por cima, ter um
nos sempre um pouco de medo. olhar sobrenatural.
Ele quis dar-nos a Santíssima Não convém tomar o lugar de Deus,
Virgem Maria e confiar à sua Mãe a não convém querer resolver por nós
consumação dos desígnios que Deus próprios os problemas que o Bom
tem na história da Igreja, na história Deus permite e que tem permitido,
da humanidade. porquanto Ele tem outros fins.
E quando nós olhamos para a obra Quais são os Seus fins? Nós não
de Monsenhor Lefebvre, é sabemos nada disso.
precisamente isso: compreendeu as Permitindo os males presentes hoje
intenções da Providência. na Igreja, por um lado isso pode
Tinha uma poderosa caridade; penso servir de mérito e de acréscimo da
que todos nós o podemos virtude daqueles que são fiéis, para
testemunhar. se exercerem em certas virtudes,
Era muito sobrenatural, pregava a como a humildade, a paciência, para
tempo e a contratempo os temas da obter méritos para a eternidade, a
menos que Deus não nos prepare
para outras provas e que seria em
definitiva simplesmente um pouco
de treino de nossa parte – nós não o
sabemos!
Quanto aos maus, por outro lado, o
Bom Deus sabe também o que faz
para a emenda deles, como um
castigo, como uma punição.
Em todo o caso, é sempre Ele quem
governa isso, quem o permite, e não
somos nós multiplicando-nos por
uma atividade natural e vistas
humanas que vamos resolver seja o
que for.
E quando Ele quiser, sem mais
esforços que isso, então tudo entrará
na normalidade, dentro da Igreja e
no mundo.
Mas para nós este combate pessoal
continua, para fazer triunfar a
caridade, a graça de Deus, o Reino
de Nosso Senhor Jesus Cristo e isso
deve em seguida traduzir-se num
espírito, num ardor apostólico em
fazê-lo.
E uma vez que se fez o seu dever,
que se fez tudo o que se pode, pois
bem, demos graças a Deus.
Agradeçamos ao bom Deus termos
o que temos e façamo-lo frutificar.
Então peçamos neste dia à
Santíssima Virgem Maria que nos
dê aquela visão tão sobrenatural e
tão alta que Santo Agostinho teve e
que teve também o nosso querido e
venerado fundador Monsenhor
Lefebvre.

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