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RESENHA CRÍTICA
O PODER DA INFANTARIA
1. Referência Bibliográfica
MARSHALL, S. L. A. Homens ou Fogo? Tradução de Gen Moziul Moreira Lima. 2ª. ed. Rio
de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2003. 215 p.
2.Credenciais do Autor
Samuel Lyman Atwood Marshall, historiador militar, foi Sargento na 1ª Guerra
Mundial e, posteriormente, foi comissionado a 2º Tenente do Exército dos Estados Unidos.
Após sua dispensa, no final da guerra, o mesmo permaneceu na reserva e frequentou o Texas
College of Mines (agora Universidade do Texas em El Paso).
No início da década de 1920, tornou-se repórter e editor de jornal, fez cobertura de
assuntos de militares latino-americanos e europeus, inclusive acompanhou a Guerra Civil
Espanhola. Já em 1940, ocupou-se na carreira de autor freelancer, com publicações como:
“Blitzkrieg: Armies on Wheels”, que analisou as táticas do Exército Alemão nos anos
antecedentes à Segunda Guerra Mundial.
Durante a Segunda Guerra Mundial, tornou-se historiador oficial do Exército dos
Estados Unidos, sendo membro da recém-criada Divisão de História dos Estados-maiores.
Considerado um dos primeiros defensores da história oral e pesquisador do comportamento
humano, investigou os fatores que provocava o efeito paralisante do soldado no combate
moderno. Marshall também inovou no registro histórico das estratégias militares, colhendo
histórias e análises de batalhas de oficiais alemães que davam suas respectivas versões sobre
os combates vivenciadas durante tal período.
Após o término da Segunda Guerra, especializou-se na atuação como conferencista.
No entanto, no ano de 1950, Marshall foi novamente chamado pelo Exército dos Estados
Unidos para acompanhar como Historiador e Analista de Operações o Oitavo Exército, por
três meses, na Guerra da Coréia. Durante sua atividade de historiador militar, escreveu mais
de trinta livros. Faleceu em 17 de dezembro de 1977.
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Nunca haverá a mais leve possibilidade de que as questões entre as grandes nações
possam ser acertadas por forças limitadas em uma ação relâmpago, nas fronteiras. O
General Charles de Gaulle sonhou com isto, mas não sonhou muito claramente. O
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Marechal Hans von Seeckt também advogou essas ideias em sua teoria sobre a
Guerra Relâmpago, mas o conjunto do que escreveu deixa claro que acreditava
nestes fatos apenas como precursores da guerra total entre as nações.
(MARSHALL, 2003, p. 20)
Intitulado "Volume de fogo", o quinto capítulo passa a ser responsável por abordar a
importância do volume de fogos durante o ataque da tropa, isso serve tanto para o avanço não
tão exposto das tropas, quanto para impedir a intensidade e o tiro preciso do inimigo.
Entretanto, segundo pesquisas realizadas por meio de diversas entrevistas, foi constatado que
poucos atiravam, e com isso, a intensidade dos fogos era menor. Neste sentido, mesmo após
os combates, a principal preocupação do comando era de focar nas próximas tarefas.
Foi somente com base nos estudos sobre o combate da Ilha Makin no Pacífico, que a
resposta da redução do volume dos fogos pôde ser investigada com mais detalhe. Informa-se
que no combate, o inimigo assaltou a posição com espadas e baionetas e na investigação mais
rigorosa, constatou que apenas 36 combatentes atiraram com suas armas. Conclui-se que, ao
abranger não somente esse fato, mas tanto outros casos investigados, era a importância e o
papel das lideranças das frações durante a ação que provocavam o ânimo para reagir.
No sexto capítulo, o autor propõe um treinamento de tiro, que venha estimular os
volumes de fogos, com intuito de adaptar os homens aos ruídos e ao emprego das armas, sem
um excessivo controle do tiro, o que pode causar uma espécie de compulsão em atirar
somente sob ordens.
Neste sentido, nas palavras do autor, são feitas as seguintes afirmativas:
Embora seja duro para os nervos, na ocasião, no tocante ao resultado final, é muito
melhor ter uma companhia de soldados inexperientes, ligeiros no gatilho, do que um
sem vontade de empregar suas armas. Aquela se recuperará do seu nervosismo à
proporção que os soldados forem se acostumando aos aspectos e aos sons do
combate e ao silêncio tenso das pausas entre as lutas; esta jamais terá tal
oportunidade. (MARSHALL, 2003, p. 85)
o exagero e a mentira como uma estratégia para lidar com essa coerção. A melhor resolução
para esse problema é a análise pessoal feita pelo próprio comando ou o envio de alguém do
seu Estado-Maior para aferir a situação.
Recebendo o título “Enigma do Comando”, o oitavo capítulo discorre sobre alguns
conselhos práticos de gerenciamento militar da unidade durante as operações. É ressaltada a
relevância em evitar comandar a distância, sendo existente o risco de induzimento a uma falsa
ideia sobre uma determinada situação, cuja consequência é ter uma conclusão ilusória do que
está acontecendo. Dessa maneira, considera-se importante que o comandante concilie sua
gestão na retaguarda com sua presença na linha de frente, que além verificar o que está
ocorrendo, eleva a moral da tropa com sua presença. Dessa forma, Marshall relata a
importância das visitas dos comandantes na linha de frente, citando:
de ação. Sendo a fala durante a ação de suma relevância, pois é por ela que se pede, também,
apoio de fogo ou algum reforço. Marshall, enfatiza a prática do exercício de comando durante
o treinamento de fogo e movimento.
No capítulo seguinte, desenvolve-se a seguinte questão: “Por que os homens
lutam?”. Neste capítulo, Marshall enfatiza algumas recomendações para que os líderes de
diversos escalões não percam a confiança de seus comandados ditando-lhes ordens e não os
deixando agir com liberdade, tomando decisões com riscos desnecessários e sem
compartilhamento das informações do que está acontecendo.
Neste mesmo capítulo, Marshall relata uma investigação feita por ele, a qual
retratava os sentimentos de medo e acovardamento que existiam entre os extraviados que
haviam retornado para o combate a fim de serem reintegrados em outra unidade. O estudo
verificou que não era a falta de líderança, visto que, segundo o autor, havia “os belos
exemplos dados por muitos verdadeiros líderes, que foram abandonados por essas forças
misturadas...”. (MARSHALL, 2003, p. 156).
A causa, segundo a conclusão dos estudos, era a própria falta de identidade para com
o grupo, por parte desses extraviados. Por isso, tem-se que ter atenção ao recompletamento e
as designações que não devem ser baseados somente num raciocínio de números de lotação, e
sim, mediante o conhecimento da natureza humana.
O capítulo onze é encarregado por abordar “O espírito ofensivo”. Ressaltando a
indicação de uma moral no combate, a importância do condicionamento físico que constituí
uma das melhores formas de preparo do soldado para suportar as vicissitudes da fadiga e
temperar os nervos. Embora esses fatores auxiliem na criação de um espírito ofensivo,
Marshall diz: “nenhum pesa tanto como a maneira pela qual é tratado pelos seus superiores”
(MARSHALL, 2003, p. 149).
Denominado “Homens sob fogo”, o décimo segundo capítulo é onde o autor narra
como a desordem e caos do combate são capazes de interferir na mente humana, esquecendo
inclusive, todo o aprendizado recebido durante a instrução. Diante de tal fato, é dado que o
preparo do combatente deve ser baseado num treinamento realístico com vista a
procedimentos padronizados.
Diante de uma realidade de caos numa guerra, define-se que o critério de liderança
no combate depende da capacidade de raciocinar com clareza a situação, prever a maior parte
do seu trabalho e trabalhar com esforço. O autor ainda enfatiza neste capítulo, que a moral
deteriora quando líder evita marchar junto com suas tropas, contrariando a verdade não
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cumprindo o que prometeu, procurando aparentar uma certa superioridade e deixando de lado
as ideias dos outros.
No último capítulo, o autor justifica algumas falhas ocorridas no trabalho da Divisão
de História do Exército Americano, seja pelo pioneirismo de um caminho novo de investigar
acontecimentos vivenciados por militares de escalões inferiores no combate, seja por falta de
pessoal que fez perder muitas oportunidades em acompanhar outras batalhas.
4.Conclusão do Autor
Conclui-se que, é preciso mudar a compreensão de apropriação das lições aprendidas
no combate. A lealdade é considerada um ponto crucial, visto que, pela concepção de
Marshall, é uma das principais virtudes existentes.
Dessa forma, o autor conclui que mesmo que não houvesse tido condições de tirar
nenhuma lição dos combates investigados, o fato de mostrar que as tecnologias de guerras, o
poder industrial e acesso às matérias primas, não serem considerados definidores de um
sucesso de um país na guerra, já seria de grande valia. A sorte da batalha e a segurança da
nação, para Marshall, está na coragem dos combatentes avançarem de forma sincrônica.
Completa-se ainda, que os verdadeiros guardiões da defesa nacional repousam na formação
das novas gerações que forjarão os combatentes do amanhã.
5 .Apreciação
Foram encontrados na internet várias críticas tanto do autor, quanto do livro. Não
tendo acesso às respectivas referências citadas nos sites, foi preferido o julgamento crítico da
obra com base somente na leitura do conteúdo e em algumas obras que compartilha os
mesmos assuntos.
Uma das críticas, que vejo na obra, é a repetição de argumentos não aprofundados de
um mesmo tema abordado constantemente em vários capítulos. Dado como um exemplo, o
capítulo dez, o qual dedicava-se à seguinte questão “Por que os homens Lutam?”.
Responsável por citar alguns procedimentos de liderança direta num ataque, foram repetidos
tais aspectos no capítulo onze, o qual aborda as mesmas condutas táticas. Tendo em vista
disso, abordei no tópico "resumo da obra” temáticas próprias de cada capítulo não abordadas
e repetidas em capítulos anteriores.
Destaca-se a recém-criada Divisão de História dos Estados-Maiores do Exército dos
Estados Unidos, que foi pioneira em registrar e investigar estudos de casos de cada batalha,
por meio de entrevistas de sobreviventes, cujo propósito seria tirar lições táticas dos eventos
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e entender a natureza humana na guerra. Com tais lições aprendidas, torna-se permissível
padronizar procedimentos operativos, tendo em vista futuros adestramentos de pessoal para
guerra. Salienta-se que essa Divisão, pioneira no assunto, não era uma organização
permanente dedicada à doutrina e sim, uma estrutura provisória, que tinha como finalidade
registros históricos. O Exército dos Estados Unidos só adotou uma organização permanente
de estudo e formulação de doutrina em 1973.
Inicia-se os capítulos relatando “A ilusão do poder”, que criava um mito de
superioridade da força aérea e dos blindados e desconsiderava a importância da infantaria na
guerra. Entretanto, percebe-se que a própria realidade fez com que, em pleno conflito, o
Exército Americano voltasse atrás com o equívoco de desprezar a infantaria. Tal fato induz a
raciocinar que as máquinas de guerra, mesmo possuindo uma preponderância inicial nos
conflitos, sejam apenas uma superioridade relativa, que dependerá do tempo dessa
supremacia, dos recursos limitados de cada nação e do poder bélico do inimigo. Tendo ainda
um fator não comentado pelo autor que é de suma importância, mas que, geralmente, limita o
uso das tecnologias bélicas, que são as condições meteorológicas e o próprio terreno
operacional.
Mesmo alegando que não esmiuçaria questões mais teóricas de emprego relativas aos
escalões superiores, o livro, já no seu início, vem expondo temas estratégicos como as
previsões da guerra no futuro. Isso é importante, pois muitos dos procedimentos táticos
aprendidos da Segunda Guerra visavam o emprego de táticas operacionais de uma guerra total
entre nações. Diferente, por exemplo, dos dias atuais em que a constância dos conflitos de
baixa intensidade, exige um tipo de militar profissional que lida com as novas tecnologias de
ponta e um preparo mais refinado, regulado e constante de um ambiente de conflito híbrido e
urbano, cujas respostas e regras de engajamento são diversas. Mesmo com essa diferença de
conjunturas, a obra é atual não só por prever o ambiente urbano como de importância cada
vez mais estratégica nas operações militares, como de enfatizar a característica principal do
combate moderno que se mantém no volume de fogos e na dispersão tática das frações.
Com isso, o autor, ao destacar a importância da instrução, orienta que a formação do
combatente deve ser realística, de forma a ambientá-lo no que vai encontrar no campo de
batalha. Faltou aprofundar sobre a metodologia desse adestramento que deve ser progressiva e
prática. Pois não adianta adestramentos simularem o desconforto, a fadiga, o stress, a fome, a
falta de sono sem antes o soldado estar habilitado a executar de forma eficiente
procedimentos táticos e individuais.
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por abrir questões relativas à verdadeira natureza da guerra que outros esmiuçarão em
detalhes os assuntos abordados sobre a natureza humana na guerra.
6. Outras Referências
GOULART, Fernando Rodrigues. Ação sob fogo: fundamentos da motivação para o combate.
1ª. ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, v. 486, 2012. 336 p.