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CLAUSEWITZ, Carl Von. O povo em armas, Cp.26. in. ___. Da Guerra.

- “Nas partes civilizadas da Europa, a guerra por meio de revoltas populares é um


fenômeno do século XIX” (568)

- “A primeira objeção não nos diz respeito de maneira alguma: consideramos aqui uma
insurreição generalizada como sendo simplesmente um outro meio de guerra – em sua
relação, portanto, com o inimigo” (568)

- “Ela é de fato uma ampliação e uma intensificação do processo de fermentação


conhecido como guerra” (568)

- “Isto também será verdadeiro na guerra da população. Qualquer nação que a utilizar de
uma maneira inteligente obterá, de uma maneira geral, alguma superioridade sobre
aqueles que desprezaram a sua utilização. Sendo assim, só permanece a questão de
saber se a humanidade em geral terá algum beneficio com mais esta expansão do
elemento da guerra. Uma questão cuja resposta deve ser a mesma que a dada para a
questão da própria guerra” (568)

- “Mas pode ser argumentado que os recursos gastos numa insurreição poderiam ser
melhor utilizados em outros tipos de guerra. Não é necessária uma longa investigação,
entretanto, para revelar o fato de que esses recursos, pelo menos a maior parte deles, de
outro modo não estariam disponíveis e não poderiam ser gastos à vontade. Na realidade
uma parte significativa deles, o elemento psicológico, só é gerado por este tipo de
governo” (568)

- “O seu efeito é como o do processo de evaporação: depende do tamanho da superfície


exposta. Quanto maior for a superfície e a área de contato entre ela e as forças inimigas,
mais espaçadamente estas últimas terão que ser distribuídas e maior será o efeito de uma
revolta geral. Como brasas ardendo lentamente sem chamas, ela consome bases
essenciais das forças inimigas” (569)

- “Para que uma revolta provoque por si só uma crise destas, pressupõe-se uma área
ocupada de um tamanho que não existe na Europa, a não ser a Rússia, ou uma
desproporção que nunca haveria na prática entre o tamanho do exército invasor e o
tamanho do país” (569)
- “As condições abaixo são as únicas nas quais uma revolta geral pode ser eficaz: I. A
guerra deve ser travada no interior do país; II. Não deve ser decidida através de um
único golpe; III. O teatro de operações deve ser razoavelmente grande; IV. O caráter
nacional deve condizer com este tipo de guerra; V. O terreno deve ser acidentado e
inacessível, devido a existência de montanhas, florestas, pântanos ou aos métodos locais
de plantio” (569)

- “A densidade relativa da população não exerce um papel decisivo [...] Nem faz muito
diferença se a população é rica ou pobre [...]” (569)

- “As milícias e os bandos de civis armados não podem e não devem ser empregados
contra a principal força inimiga – ou, na realidade, contra qualquer força inimiga de
tamanho razoável” (570)

- “Não espera-se que elas pulverizem o caroço, mas que mordiquem a casca e em torno
das bordas. Elas são destinadas a operar em áreas próximas ao teatro de guerra, mas fora
dele [...]” (570)

- “Elas [pessoas não conquistada pelo inimigo] darão um exemplo que gradualmente
será seguido pelos seus vizinhos. As chamas se espalharão como um incêndio num
matagal, até atingirem a área em que o inimigo está baseado, ameaçando as suas linhas
de comunicação e sua própria existência” (570)

- “A única resposta do inimigo às ações da milícia é o envio de frequentes escoltas para


dar proteção aos seus comboios e para atuar como vigias em todos os seus locais de
parada, pontes, desfiladeiros e outras coisas. Os primeiros esforços da milícia podem ser
bastante frágeis, bem como os destes primeiros destacamentos, devido aos perigos da
debandada” (571)

- “A coragem e o desejo de lutar aumentarão, bem como a tensão, até atingir o clímax
que determina o resultado afinal” (571)

- “Uma revolta geral, como vemos, deve ser nebulosa e evasiva. A sua resistência nunca
deve materializar-se como um organismo concreto, se não o inimigo pode dirigir uma
força suficiente contra o seu núcleo, esmagá-lo e fazer muito prisioneiros” (571)

- “Estes pontos de concentração estarão situados, como já dissemos, principalmente nos


flancos do teatro de operações do inimigo. É aí que os rebeldes devem estabelecer
grandes unidades, melhor organizadas, com grupos de soldados regulares que farão com
que pareçam um verdadeiro exercito e permitirão eles realizarem operações maiores”
(571)

- “Eles gerarão também apreensão e medo, e intensificarão o efeito psicológico da


revolta como um todo” (571)

- “Um outro motivo é que a experiência tende a demonstrar que um excesso de soldados
regulares numa área á capaz de dizimar o vigor e a eficácia de uma revolta popular,
atraindo uma quantidade excessiva de tropas inimigas” (572)

- “Além do mais, perde-se grande coisa se um grupo de rebeldes for derrotado e


dispersado – é para isto que ele serve. Mas não devemos deixar que ele seja
despedaçado devido ao fato de um número excessivo de homens ter sido morto, ferido
ou feito prisioneiro: estas derrotas logo reduziram o ser fervor” (572)

- “Não importa o quanto um povo seja valente, o quanto as suas tradições sejam
guerreiras, o quanto seja grande o ódio pelo inimigo, o quanto seja favorável o terreno
em que ele luta, o fato continua sendo que uma revolta nacional não pode manter-se
onde a atmosfera estiver excessivamente cheia de perigos. Portanto, se o seu
combustível tiver que ser utilizado para atiçar uma grande conflagração, isto deve ser
feito a uma certa distância, onde exista ar suficiente e onde a revolta possa ser abafada
através de um único golpe” (572)

- “O motivo é que este tipo de guerra ainda não é muito comum” (572)

- “Um governo nunca deve partir do principio de que o destino do seu país, toda a sua
existência, depende do resultado de uma única batalha, não importa o quanto ela possa
ser decisiva. Mesmo após uma derrota sempre existe a possibilidade de que possa ser
provocada uma mudança de sorte, desenvolvendo novas fontes de força interior, ou
através da atenuação natural que todas as ofensivas sofrem com o decorrer do tempo, ou
por meio de auxilio vindo do exterior. Sempre haverá tempo suficiente para morrer”
(573)

- “A possibilidade de evitar uma ruina completa pagando um alto preço pela paz não
deve ser descartado” (573)

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