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Informações sobre lutas de origem europeia e africana

 Esgrima: Hoje a esgrima é um esporte, mas evoluiu de uma série de


técnicas de combate armado. ...
 Savate. O Savate é uma luta desenvolvida na França na qual os pés e
as mãos são utilizados para percutir os adversários e combina elementos de
boxe com técnicas de pontapé. ...
 Kampfringen. ...
 Pancrácio. ...
 Gouren. ...
 Glima. ...
 Liu-bo.

Esgrima: Hoje a esgrima é um esporte, mas evoluiu de uma série de


técnicas de combate armado. A partir do início da Idade Média,
começam a surgir compilações e manuais de combate.
A escola Alemã
A figura central das artes marciais medievais na Alemanha é
Johannes Liechtenauer. Pai da esgrima alemã, Liechtenauer que
nasceu provavelmente no começo do século XIV, possivelmente em
Lichtenau, Mittelfranken (Franconia). O que se sabe sobre ele, junto
com seus ensinamentos, está preservado no Manuscrito 3227a e nos
vários manuais dos seus alunos e sucessores. De acordo com esse
manuscrito, Liechtenauer era um grande mestre que viajou por muitas
terras para aprender sua arte. Nos manuscritos do século posterior, a
sociedade do Liechtenauer (Gesellschaft Liechtenauers) é conhecida
como um grupo de mestres de esgrima que se consideravam
discípulos de Liechtenauer, que detinham seus ensinamentos. Este
termo é confirmado por Paulus Kal em 1460, e provavelmente caiu em
desuso no final do século XV com o surgimento da Irmandade de São
Marcos (Marxbrüder). A escola Italiana
O primeiro manuscrito em língua italiana que se tem notícia é o
manuscrito Flos Duellatorum de Fiore dei Liberi, encomendado pelo
Marquês de Ferrara por volta de 1410. Neste manual ele documentou
técnicas que envolvem combate corpo-a-corpo, adaga, espada de
uma mão, espada longa, lanças e alabardas, combate com e sem
armadura. A esgrima italiana com armas medievais ainda é
representada por Filippo Vadi (1482–1487). Savate
O Savate é uma luta desenvolvida na França na qual os pés e as
mãos são utilizados para percutir os adversários e combina elementos
de boxe com técnicas de pontapé.
As técnicas do Savate são distintas das de outros estilos de luta como
o kickboxing ou o karatê. Apenas pontapés com o pé são permitidos,
ao contrário de artes marciais como o Muai Thai, que permitem a
utilização dos joelhos ou das canelas.
Kampfringen
Originado das formas de combate romanas, o “agarro de combate” foi
usado durante a Idade Média e Renascença. Ele emprega todas as
formas de luta, do soco à luta de solo e incluía arremessos, chaves
dolorosas e várias técnicas de golpes. Os praticantes também
aprendiam técnicas de faca.
Um dos primeiros mestres dessa arte era austríaco e chamava-se Ott
Jud.
As técnicas de luta eram pensadas para serem usadas no campo de
batalha, e contra oponentes armadurados. Muitas técnicas visavam
pontos fracos e juntas das armaduras.
Kampfringen desapareceu por volta do século XVIII, já que os duelos
com arma-de-fogo começaram a se tornar comuns. Nessa época,
agarrar e chutar alguém era considerado “deselegante”. Pancrácio
foi uma antiga forma de luta desarmada que, segundo a mitologia
grega teve início com os heróis Hércules e Teseu, que usavam uma
mistura de técnicas de agarrar e socar contra seus oponentes, que
seria muito semelhante ao nosso Vale-Tudo atual.
O pancrácio era a base de treinamento dos soldados gregos e existem
feitos lendários atrelados à história da luta. O próprio Teseu teria
usado a forma de luta contra o minotauro e Hércules teria derrotado o
leão de Neméia.
Mais tarde, o pancrácio entrou nas Olimpíadas como uma das suas
competições. No entanto, no período moderno, o pancrácio não entrou
dentro da lista de esportes reconhecidos.
Gouren
Gouren é um tipo de luta-livre que se estabeleceu na França por
muitos séculos, aparecendo lá no século IV, e ainda sendo praticada
no século XX. Inicialmente praticada apenas pela nobreza, a arte se
espalhou pelo povo, mas ainda mantém o cavalheirismo por meio de
um juramento que as praticantes fazem antes da luta: “Eu juro lutar
com plena lealdade
Sem trapaça ou brutalidade
Pela minha honra
E do meu país
Como prova da minha sinceridade, E para seguir os costumes dos
meus ancestrais
Eu apresento ao meu amigo
Minha mão e rosto. ”
Glima
O glima é um estilo de luta-livre amadora criada na Islândia. Ele se
diferencia de outros tipos de luta, basicamente, por quatro princípios:
Os oponentes devem ficar sempre eretos; os oponentes devem se
movimentar em torno um do outro, no sentido horário; não é permitido
cair sobre o oponente ou empurrá-lo de maneira forçosa; cada lutador
deve manter seu olhar por cima dos ombros do oponente. A luta deve
ser realizada através do tato, e não da visão.
Ele se utiliza basicamente de oito técnicas principais, cujas
combinações criam mais de 50 formas para se derrubar o oponente
(importante frisar que o sistema prima pela técnica sobre a força, e
que é proibido derrubar um oponente de forma bruta, isto é, usando
força excessiva). Existem evidências de que o sistema de luta existe
desde o século XII, mas existem contos antigos que sugerem sua
existência desde antes disso.
Liu-bo
O Liu-Bo deriva do “baton” (bastão) com origem na Sicília e se utiliza
de um bastão como arma.
Antigamente, a técnica era ensinada de pai para filho e apenas nos
últimos séculos começaram a surgir as primeiras escolas clandestinas
da arte.
Os bastões utilizados tem cerca de 4 palmos e meio. Originalmente os
bastões eram feitos a partir de galhos das mais diversas árvores
(laranjeira, oliveira, etc), depois de algum tempo foram substituídos
pelas bengalas.
Durante uma luta de liu-bo, os lutadores tentam tocar com o bastão no
adversário, no entanto, sem machucá-lo

Luta livre de nuba


Pelos estudos de egiptólogas como Cheikh Anta Diop que
passou sua vida estudando a matriz e provando que os
mesmos povoados que tornaram se a Kush-Nubia (Atual
Sudão) foram os mesmo que formaram Kemet (Egito
Antigo), então desde sua origem essas civilizações do Vale
Nilo tiveram grande envolvimento uma na outra. Embora a
Civilização Nubia-Kush tenha fechada sua fronteira por
longos períodos para a manutenção de certa pureza étnica.

Há uma variedade de documentos de Kemet datados de


3000 a. C. retratando as artes marciais surgidas em Kush.
Estas documentações mostram uma arte bem desenvolvida
vinda da Núbia que teve sua ascensão em Kemet. Essa luta
livre tinha envolvimento com técnicas de respiração e
filosofias próprias da própria Núbia. Foi achada várias
pinturas retratando diversos movimentos de chute, socos,
estrangulamentos e outros golpes. Nessa arte marcial
também se tinha o uso de bastões e outras armas brancas.

Com este vestígio de uma luta livre nascente no Vale Nilo


muito antes da já reconhecida luta Greco romana no viés
eurocêntrico. Faz uma abertura a discussão sobre qual a real
origem das artes marciais. Pois uma vez que sabemos que as
casas de mistério kemeticas foram de grande influência ao
pensamento helênico, podemos deduzir que as técnicas
consagradas podem ser naturais de Nubia-Kush.

Na atualidade as únicas remanescentes diretas dessa arte


marcial extremamente antiga são o povoado Nuba que
vivem nas Montanhas Nuba ao sul de Kordofan de Sudão.
Outra provável arte marcial relacionada é a Kupigana
Ngumi popular em Somalia.

Laamb — Njom

Do outro lado do continente, na área que aproximadamente


hoje é Senegal, tem-se uma forma de luta livre cujas
tradições remontam o século XIV, conhecida mundialmente
como “Lutte sénégalaise”, também chamada de “Laamb” em
Wolof.

Essa Luta tradicional, vinda do povoado etno-religioso


Seereer. Esse povoado é originário no vale do Rio Senegal,
na divisa de Mauritania com Senegal. Com passar dos
séculos tiveram que se mudar várias vezes entre Senegal e
Gâmbia por ser o grupo de reinos que mais resistiram as
pressões religiosas da invasão islâmica dessa época na África
Oriental. Hoje em dia os povos Seereers são a minoria étnica
de Senegal.

A palavra Laamb em Wolof foi emprestada do título real em


seereer “Fara-Lamb Siin” (“Fara” de origem Mandinka, e
“Lamb” de origem seereer) que era a chefe griô que
costumava bater o Tam-Tam de Siin (instrumento próprio
para as cerimonias de combate vindo do Reino de Siin)
chamado de lamb ou laamb em seereer.
Njom é o nome da luta livre em seereer, a palavra njom
deriva da palavra em seereer “jom” que que significa
“coração” ou “honra”. A palavra vem do Princípio Jom
envolvido na religião seereer. O Princípio de Jom abrange
uma enorme gama de valores e crenças, incluindo valores
econômicos, ecológicos, pessoais e sociais. A luta livre deriva
do ramo de valores pessoais do Princípio de Jom. Um dos
lutadores mais antigos e conhecidos em Senegambia foi
Boukar Djilak Faye (um Seereer) que viveu no século XIV no
Reino de Sine. Ele foi o ancestral da dinastia paterna Faye
de Sine e Saloum (ambos os reinos no atual Senegal).

Historicamente, A Njom era uma forma de exercício


preparatório para a classe guerreira Seereer. Isso testa seu
valor na arena de luta antes de embarcar no campo de
batalha. Njom competições foram organizadas no final da
estação chuvosa, geralmente após o período de colheita de
setembro a novembro em festivais de fertilidade. Em Siin,
competições também são realizadas anualmente em janeiro
e fevereiro, o período após a colheita e antes do primeiro
plantio do ano novo.

Como a maioria dos aspectos da cultura Seereer, a tradição


njom está intrinsecamente ligada à religião Seereer. Não
somente os rituais são vistos como religiosos na natureza,
mas a própria Njom foi organizada após a estação chuvosa
como forma de agradecer a Roog Seen ou Kooh Seen (a
divindade suprema na religião Seereer) por conceder-lhes
boa colheita e abundância de alimentos. Para o ano inteiro.
Como alguém faminto não pode ser um praticante de njom,
a campeã era considerada a pessoa mais forte e mais
poderosa. Nos tempos antigos, as campeãs de Njom eram
recompensadas com um touro, que tem significado agrícola
e mítico na visão de mundo do seereer. Apesar da natureza
comercializada de Njom, especialmente no atual Senegal,
algumas lutadoras também são recompensadas com um
touro e dinheiro em homenagem às suas raízes históricas.

Njom é físico, educacional e místico. As lutadoras


geralmente entram na arena de luta livre com amuletos de
couro em seus pescoços, braços, pernas e cinturas. Mulheres
seereer cantam. Durante competições de Njom, as pessoas
faziam muita Ngallah (uma bebida Seereer feita de painço)
para as lutadoras e seus partidários. Antes do torneio, as
lutadoras visitavam seus maraboutos (eremitas e santos da
religião seereer) a procura de talismãs e adivinhações.

Em Njom a música sempre foi muito importante, é toda


cerimonial é geralmente acompanhada pelo Kim Njom, um
canto musical feito pelas jovens seereer onde exploram seu
ciid. O Lamb descrito acima era musical para o Njom. Ele
também costumava a ser acompanhada pela Njuup, um
repertório conservador de música seereer e progenitor da
música Mbalax.

Lamb é usado tanto nas tradições Njom, Njuup e Woong. O


Woong é uma dança de Seereer executada por garotos
Seereer que ainda serão circuncidados. O woong também é
conhecido como Xaat no Seereer. Na tradição xaat, Lamb
compõe o segundo conjunto de tambores musicais. Os
tambores do Seereer tocados incluem: Perngel, Lamb, Qiin e
Tama.

O objetivo principal do jogo é lançar sua oponente ao chão


sem bater com as mãos. Njom é pura técnica. Havia regras
rígidas quanto ao que era e o que não era permitido durante
o torneio. Usar golpes com as mãos, como algumas
lutadoras senegalesas tendem a fazer agora, não eram
permitidos em certas modalidades segurar a tanga da sua
oponente também o desqualifica.

Existem duas formas de Laamb, a primeira permitia que as


lutadoras poderiam atacar umas às outras com as próprias
mãos. A segunda era mais acrobática, e bater como os
punhos não era permitido. Quando uma lutadora tocava o
chão, a pessoa perdia. A Vencedora de ambas modalidades
era aquela que faz com que a adversária a caísse no chão
primeiro.

Essa antiga luta tradicional se rejuvenesceu com passar do


tempo se tornado o esporte mais popular em Senegal, na
frente do futebol. Movendo todo uma indústria. A
comercialização do njom tem sido um tema de discussão
entre os tradicionalistas de Seereer, que o veem como uma
mercantilização de sua herança cultural, que tem um
significado religioso e histórico. Nos últimos tempos,
algumas figuras seereers ultraconservadoras, especialmente
as mais antigas, criticaram a atual comercialização do njom
no Senegal, a falta de disciplina entre a geração mais nova
de lutadores, ganância, doping e falta de respeito pelo
passado histórico da arte. Lamentam que as grandes
empresas agora tenham assumido, e hoje em dia as pessoas
só estão interessadas no dinheiro, não no amor pela arte e
na honra que o acompanha. Dizem que passou em sua
época, lutadoras lutavam pela bravura e amor à terra.

Njom em termos de forma, é muito semelhante ao estilo


greco-romano da luta, no entanto, é muito típico de luta
extremamente tradicional desses povos chegando a ser
chamada em francês por “Lutte Traditionnelle avec frappe”.
Durante a colonização francesa de Senegal, Njom continuou
a ser praticado, mesmo com os colonizadores abolindo as
lutas. Após a independência, este esporte finalmente pode se
desenvolver em paz.

N’GOLO

A luta ritualística N’golo ou Engolo, uma das mais violentas


do continente, foi originada dos povos do Rio Cunene no Sul
de Angola e Norte de Namibia. Embora N’golo seja uma
palavra na língua Kikongo, A gente preferiu não ligar a arte
marcial há nenhum grupo étnico por não temos dados o
bastante que especifiquem sua origem exata. Porem
acreditamos por teoria que os povos que primeiramente
lutavam N’golo sejam ou tenha muito relação com os povos
Bantos por causa da história que viria aconteceria em solo
diaspórico.

A luta foi aprendida observando a lutas de zebras, e era


praticada em povoados remotos por membros jovens que
em rituais pré-matrimoniais entravam na luta pela a escolha
de um cônjuge. Esses rituais sempre evolviam o uso da
música como controladora do ambiente. N’golo também era
usado como diversão e também tinha sentidos religiosos em
seus movimentos, até mesmo todo o ato de dançar N’golo
poderia ter um sentindo totalmente ato religioso, com
algumas técnicas feitas somente em âmbito privado. E que
possuía várias formas relacionadas a Cosmologia Kalunga,
essa que possuía o princípio de mundo ancestral inverso ao
mundo mortal, nessa cosmogonia o N’golo seria um ato
religioso de que visava cultuar as guerreiras ancestrais.

Muitas Sugeriram que a palavra N’golo possa significar


Dança da Zebra. Embora outras pesquisadoras com viés
mais religioso dizem que a palavra em Kikingo signifique
força ou poder.

Engolo consiste em chutes, esquivas e varreduras nas


pernas, com ênfase particular nas posições invertidas, ou
seja, com uma ou mais mãos enraizadas no solo.

A história de N’golo se prolonga na Diáspora brasileira. Com


várias africanas sendo sequestradas e escravizadas de seu
continente de origem, levadas as Américas, e passando por
múltiplas violências sejam físicas ou indenitárias. O que era
o N’golo passou a ter um peso maior como arma contra os
colonizadores. Já em terras brasileiras vemos a
disseminação do N’golo se misturando com outras técnicas
de luta vindas de África e com a arte Maraná de povos Tupi
gerando a conhecida luta afro-brasileira chamada de
Capoeira que hoje em dia é um grande esporte praticado por
muitas em todo o globo, e que seus movimentos leves de
dança trazem séculos de luta. N’golo também serviu de base
para outras artes marciais diaspóricas como, a Kalinda, luta
caribenha envolvendo bastões, a Esgrima Haitiana que teve
seu maior uso na Revolução do Haiti e suas raízes em
N’golo, e a Damye ladja de Martinica que muito se
assemelha com N’golo e Njom ao mesmo tempo. Todas elas
surgidas de uma longa história de resistência dos povos em
solo diaspórico.

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